3 de janeiro de 2009

Ithamara dá vibrante show de virtuosismo vocal

Resenha de Show
Título: Brazilian Butterfly Tour 2009
Artista: Ithamara Koorax (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Mistura Fina (RJ)
Data: 2 de janeiro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz no Mistura Fina (até sábado, 3 de janeiro de 2009, às
19h30m e 21h30m) e Bar do Tom (9, 10, 16 e 17 de janeiro de 2009)

Ithamara Koorax nunca foi de trilhar caminhos fáceis. Em 1990, quando começou sua carreira em shows no Rio de Janeiro (RJ), amadrinhada por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e ainda sem o h no nome artístico, a cantora se aventurou pelas músicas sinuosas de Guinga antes de o compositor ser incensado pela mídia. A partir da gravação do álbum Serenade in Blue (2000), a intérprete centrou sua carreira no exterior e começou a batalhar por um lugar ao sol na cena de pop jazz. É nesse universo jazzístico que está baseado o show que Ithamara está apresentando no Rio de Janeiro neste início de ano em temporada que começou no Mistura Fina na noite de sexta-feira, 2 de janeiro de 2009, e vai prosseguir no Bar do Tom (pelos dois próximos finais de semana).

Cantora de técnica privilegiada, Ithamara dá show de virtuosismo vocal em um roteiro que irmana clássicos norte-americanos (My Favourite Things e The Shadow of your Smile) e brasileiros (Desafinado, em andamento acelerado). Ela não é cantora de linha cool. Ao contrário, seu registro vocal é vibrante e, exceto no bis, quando Ithamara incentiva o coro do público em Can't Take my Eyes Off You e em Garota de Ipanema (remodelada nas passagens instrumentais pelo toque dos teclados de José Roberto Bertrami), a participação popular no show se restringe à apreciação de seus floreios vocais, alguns de tom exibicionista. Para admiradores do estilo, a satisfação é garantida. Inclusive pelo fato de a cantora contar com espetacular banda que mixa músicos veteranos (como o baterista Haroldo Jobim e o supra-citado Bertrami) com jovens virtuoses (casos do baixista Jorge Pescara e do guitarrista Rodrigo Lima). Em alguns números, como Going out of my Head (um dos maiores hits de Sérgio Mendes), o percussionista Paulo Marcondes Ferraz se junta ao time para acentuar o molho latino do pop jazz de Ithamara. A turma dá um banho de musicalidade na apoteótica versão de Mas que Nada (Jorge Ben Jor) que fecha o show. Entre o jazz e a Bossa Nova, a intérprete entoa I Get a Kick Out of You (da lavra sempre fina de Cole Porter), revisita Ho-Ba-La-Lá - tema do repertório de João Gilberto que ela canta desde os primeiros shows - e esbanja técnica em I Fall in Love Too Easily. Sem falar no número mais surpreendente da noite, Got to Be Real, o hit disco de Cheryl Lynn que vira classuda balada na voz farta e exuberante de Ithamara Koorax. A borboleta brasileira alçou vôo.

Coldplay relança álbum vice-campeão nos EUA

O vice-campeão de vendas (de CDs) nos Estados Unidos em 2008 - por conta dos 2,14 milhões de cópias que saíram das lojas até 31 de dezembro - é o quarto álbum do Coldplay, Viva la Vida, que ganhou edição especial dupla em 22 de novembro. É esta Viva la Vida - Prospekt's March Edition que a gravadora EMI Music está lançando no mercado nacional. Ao álbum original, foi agregado o EP Prospekt's March, que apresenta um remix de Lovers in Japan, nova versão de Lost (com intervenção do rapper Jay-Z) e seis músicas inéditas que não foram finalizadas a tempo de entrarem no CD editado em junho. As novidades são Life in Technicolor II, Postcards from Far Away, Glass of Water, Rainy Day, Prospekt's March / Poppyfields e Now my Feet Won't Touch the Ground. Viva la Vida - vale ressaltar - é o provável grande vencedor das categorias principais do 51º Grammy Awards, agendado para 8 de fevereiro de 2009 em Los Angeles (EUA). O único concorrente que pode lhe tirar o Grammy de Álbum do Ano é Tha Carter III, do rapper Lil Wayne. Tha Carter III, a propósito, foi o CD mais vendido nos Estados Unidos em 2008, com 2,87 milhões de cópias comercializadas - até 31 de dezembro.

Rodrigo Bittencourt dá mordida no pop banal

Resenha de CD
Título: Mordida
Artista: Rodrigo
Bittencourt
Gravadora: Nataxa Artes
Cotação: * * * *

Cantor e compositor que já milita há anos na cena indie carioca, Rodrigo Bittencourt já tinha lançado CD (Canção para Ninar Adulto, 2003) cultuado no meio musical. Mas foi somente em 2007 - quando Maria Rita batizou e conceituou seu terceiro disco, Samba Meu, com música de Bittencourt - que o nome do artista começou a ser mais notado fora do universo indie, abrindo caminho para a justa badalação em torno de seu segundo álbum, Mordida, produzido por Nilo Romero. O disco, ótimo, vem embebido em referências poéticas, embaralhadas em letras que denotam urgência pop. "A estrada dessa vida é muito curta e eu não posso deixar de amar", avisa Bittencourt em Ficar Aqui, tema sustentado por leve batida de reggae. E o fato é que se o cantor apenas dá conta do recado, o compositor se revela dos mais interessantes. Mordida não é disco que soa óbvio. A boa surpresa pode ser a batucada que se faz ouvir no meio de Aquele Canalha, parceria de Bittencourt com o poeta Tavinho Paes (de versos devastadores), ou o cover suave de In Bloom (Kurt Cobain) que até se ajusta à sonoridade do álbum. E o fato é que da primeira (o rock Coleção de Amores, cuja letra foi urdida com versos do livro Trilogia do Kaos, de Jorge Mautner) à última de suas 11 faixas (Esmalte, jóia de alto quilate pop), o CD transita longe da incensada estética cool e dá bela mordida no conformismo que enfraquece a nativa música pop desta década. Sim, há um ou outro instante mais trivial, como a canção Solitude e a fria As Pequenas Coisas, parceria de Ana Carolina com o produtor Nilo Romero. Em contrapartida, há delícias como Nego 10 (em que o autor traça o perfil do jogador-título do tema funkeado) e as canções Ipanema Inn e Cinema Americano (música que a cantora Thaís Gulin já apresentava em show e que Rodrigo Bittencourt grava em dueto com a poeta Maria Resende). Lançado ao apagar das luzes de 2008, Mordida tem munição para consolidar o nome de Rodrigo Bittencourt entre os melhores compositores dessa apática década.

Coleção de jazz reedita obra-prima de Deodato

Dentre os 61 títulos (re)postos em catálogo de forma avulsa pela Jazz Collection, recém-editada pela gravadora Sony BMG, merece menção especial Prelude, belo álbum gravado entre 12 e 14 de setembro de 1972 que projetou em escala mundial o nome do pianista e arranjador brasileiro Eumir Deodato. Produzido por Creed Taylor (fundador da CTI Records, a gravadora que pôs Prelude no mercado), o álbum é uma obra-prima da fusion que misturou jazz, rock e orquestrações de tom erudito. O grande hit do disco nos Estados Unidos foi a versão funkeada (de nove minutos) de Also Sprach Zarathustra que rendeu um Grammy a Deodato. O tema foi lançado em 1896 pelo compositor erudito Richard Strauss (1860 -1949), popularizado em 1968 na trilha sonora do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço e recriado por Deodato com (real) inventividade neste Prelude, item de discoteca básica.

Coletânea revive cancioneiro popular de Gilliard

Em 1979, um ano de explosão de mulheres na MPB, uma voz masculina se fez escutar na parada popular(esca). Naquele ano, o cantor potiguar Gilliard - um raro nome de Natal (RN) a ganhar projeção nacional - estourou com Aquela Nuvem, canção pueril que abriu porta para o sucesso comercial dos dois primeiros LPs do artista, Pensamento (1980) e Gilliard (1981). Trinta anos depois do estouro de Aquela Nuvem, a Som Livre compila o cancioneiro populista de Gilliard em coletânea editada na série Sempre. A seleção inclui hits como Timidez, Pouco a Pouco (tema da lavra de Martinha com César Augusto), Não Diga Nada e... Aquela Nuvem.

2 de janeiro de 2009

Elton abre a agenda 2009 de shows estrangeiros

A lista de shows estrangeiros agendados no Brasil para o primeiro semestre de 2009 ainda não reflete os efeitos da crise mundial. A subida na cotação do dólar vai naturalmente dificultar as futuras negociações para viabilizar as passagens das turnês internacionais pelo Brasil. Por ora, no entanto, a agenda de 2009 está cheia e inaugura com apresentações de Elton John em São Paulo (Arena Skol Anhembi, 17 de janeiro) e Rio de Janeiro (Praça da Apoteose, 19 de janeiro) - ambas abertas pelo cantor britânico James Blunt. Eis as (demais) atrações internacionais já confirmadas para 2009:

Alanis Morissette
- Onze shows em onze capitais brasileiras de 21 de janeiro a 10 de
fevereiro, começando por Manaus e terminando em Porto Alegre
James Blunt
- Shows em Porto Alegre (RS) em 27 de janeiro e em São Paulo em 29 de janeiro de 2009 (e ambos sem a participação de Elton John)
Orishas
- Show em São Paulo em 27 de janeiro de 2009 (na Via Funchal)
Damien Rice
- Show em São Paulo em 30 de janeiro de 2009 (no Citibank Hall)
Simply Red
- Shows em São Paulo em 3 e 4 de março de 2009 (Citibank Hall)
Iron Maiden
- Cinco shows em cinco capitais brasileiras de 12 a 20 de março
Keane
- Show no Rio de Janeiro em 13 de março de 2009 (Citibank Hall)
Radiohead
- Show no Rio de Janeiro em 20 de março (Praça da Apoteose) e
em São Paulo em 22 de março de 2009 (na Chácara do Jóquei)
Coldplay
- Show no Rio de Janeiro em 28 de março de 2009 (HSBC Arena)
Burt Bacharach

- Cinco shows em quatro capitais brasileiras, de 11 a 18 de abril
Motörhead
- Show em São Paulo (SP) em 18 de abril de 2009 (na Via Funchal)

Beth Carvalho grava álbum de inéditas em 2009

Após lançar sucessivos registros ao vivo de shows, que já estavam tornando sua discografia bem repetitiva, Beth Carvalho decidiu enfim gravar em 2009 um álbum de inéditas. Vai ser o primeiro desde o CD Brasileira da Gema, gravado em 1996, o ano em que a cantora amargava um (já superado) problema na voz. Com seu faro apurado para descobrir compositores, a artista já começa a selecionar repertório para o disco - há anos esperado pelos fãs. O último CD (ao vivo!!) de Beth foi dedicado aos sambas da Bahia.

Melodia revive clássico de Silvio César em filme

Obra-prima do raso repertório autoral de Silvio César, a canção Pra Você, lançada pelo autor em 1965, é revivida por Luiz Melodia (à esquerda) na trilha sonora do filme Se Eu Fosse Você 2 - em cartaz nos cinemas a partir desta sexta-feira, 2 de janeiro de 2009, após uma semana de pré-estréias. Assinada pelo DJ Memê, a trilha desse longa-metragem dirigido por Daniel Filho inclui também registro da valsa Pela Luz dos Olhos Teus - composta por Vinicius de Moraes (1913 - 1980) e lançada em 1963 por Elizeth Cardoso no LP Elizete Interpreta Vinicius - na voz de Toni Garrido. Já Danni Carlos interpreta duas músicas - entre elas, Enganos. A trilha sonora de Se Eu Fosse Você 2 vai sair em CD.

Marcelo volta ao disco com a produção de Dadi

Cantor popular que esteve nas paradas nos anos 70 e 80 com sucessos como Abre Coração e Morena, Marcelo - agora com o seu sobrenome Costa Santos adicionado ao nome artístico - prepara para 2009 seu retorno ao disco após 14 anos. Sob a produção de Dadi, o cantor finaliza o álbum Ciclos, no qual regrava Morena e apresenta inéditas, a maioria composta com o irmão Ney. Na faixa From me to Jim to George, Marcelo reverencia Jim Capaldi - ex-baterista do Traffic - e o ex-beatle George Harrison (1943 - 2001). O disco - em que o cantor apresenta o samba Eu Vou à Luta - vai contar com a adesão da cantora Ana Zingoni na música Querubim.

Filme documenta filosofia da vida de Martinho

A vida de Martinho da Vila vai chegar ao cinema em 2009. Estréia no início do ano o documentário Filosofia de Vida, produzido pelo Canal Brasil em parceria com a gravadora MZA Music. A direção é de Edu Mansur. O filme foi batizado com o nome da única música inédita lançada pelo compositor no CD e no DVD O Pequeno Burguês, projeto de caráter revisionista recém-editado com registro ao vivo de show.

1 de janeiro de 2009

Gravadora Som Livre celebra 40 anos em 2009

Enquanto o selo norte-americano Blue Note festeja seus 70 anos, a gravadora Som Livre se prepara para celebrar em 2009 seus 40 anos de vida. Fundada em 1969 para lançar os LPs com as trilhas sonoras das novelas apresentadas pela Rede Globo, a companhia começou a formar seu elenco próprio já na década de 70. Pela Som Livre, estrearam em disco nomes como Djavan. O acervo da gravadora abrange o catálogo da extinta RGE.

Reedições festejam os 70 anos do selo Blue Note

Os 70 anos do selo Blue Note - aberto em 1939 em Manhattan (Nova York, EUA) por dois imigrantes alemães - vão ser festejados ao longo de 2009. Festivais, shows, livros e reedições de álbuns antológicos vão reviver a história do mais antigo e cultuado selo de jazz do mundo - atualmente associado à gravadora EMI Music, de origem inglesa.

Baú é reaberto por conta dos 20 anos sem Raul

A morte de Raul Seixas - ocorrida em 21 de agosto de 1989 - vai completar 20 anos em 2009. Por conta da efeméride, o Baú do Raul vai ser reaberto para reavivar a figura do Maluco Beleza. É provável que seus principais discos sejam reeditados ao longo do ano. Fãs do artista já trabalham em projetos para celebrar o rock de Raul Seixas e manter vivo o culto em torno do lendário artista.

2009 é o ano do centenário de Carmen Miranda

Foi-se 2008 - ano pontuado pelos festejos pelas cinco décadas da Bossa Nova - e já chegou 2009, o ano do centenário de nascimento de Carmen Miranda (1909 - 1955), a portuguesa que veio ao mundo em 9 de fevereiro de 1909 para se tornar a imagem-clichê do Brasil nesse mundo pré-globalizado. Um símbolo tropicalista da música produzida no Brasil antes do surgimento da Bossa Nova. A data vai motivar reedições e releituras de parte das 313 músicas gravadas pela Pequena Notável entre 1929 e 1950. Viva Carmen! E feliz 2009 aos leitores de Notas Musicais!

31 de dezembro de 2008

Retrô 2008: João, o mito, volta à cena brasileira

E João Gilberto voltou aos palcos brasileiros em 2008. Aos 77 anos, o criador da batida diferente que revolucionou a música brasileira em 1958 mostrou que seu canto continua tão grande quanto o mito em quatro shows promovidos dentro do ciclo de eventos ItaúBrasil, idealizado pelo Banco Itaú para celebrar os 50 anos da Bossa Nova. Foram dois shows em São Paulo (SP), um no Rio de Janeiro (RJ) e um em Salvador (BA) entre 14 de agosto e 5 de setembro. João Gilberto até acrescentou algumas músicas em seu repertório, como O Nosso Olhar (Sérgio Ricardo) e 13 de Ouro (Marino Pinto e Herivelto Martins). No entanto, a julgar pela apresentação carioca, o mito se agiganta sobretudo quando mexe e remexe nos temas (Desafinado e Chega de Saudade em especial) que canta há 50 anos. A nota dissonante foi a continuidade da briga do cantor com a gravadora EMI Music - pendenga judicial que tem se arrastado ao longo dos anos e tem impedido que os três primeiros essenciais álbuns de João Gilberto cheguem ao CD. A foto acima, de Marcos Hermes, flagra o mito num show paulista.

Retrô 2008: Zé Renato refina a Jovem Guarda

Como em anos anteriores, regravou-se muito em 2008. Mas quase ninguém conseguiu oferecer releituras realmente relevantes como as feitas por Zé Renato (em foto de Dani Dacorso) em seu disco É Tempo de Amar, lançado em novembro pelo selo MP,B em parceria com a Universal Music. Escorado na produção de Dé Palmeira, o cantor abordou com requinte o cancioneiro da Jovem Guarda, dando moderno tratamento harmônico a um repertório geralmente enfocado de forma rasteira. O artista conseguiu a proeza de fazer um disco irretocável sem regravar canções de autoria do principal ídolo do movimento, Roberto Carlos, que não liberou a tempo as músicas solicitadas por Zé Renato. É Tempo de Amar é o melhor disco de regravações de 2008. É atemporal!!

Retrô 2008: Cida é dez no centenário de Cartola

Completado em 11 outubro de 2008, o centenário de nascimento de Cartola (1908 - 1980) não foi festejado com a devida e justa intensidade pelo mundo da música. A indústria do disco produziu somente três discos com gravações inéditas e duas coletâneas para celebrar o compositor (em ilustração de João Pinheiro). Dos tributos inéditos, o mais inspirado foi Angenor, CD editado em maio pela Lua Music em que Cida Moreira cantou Cartola no inverno do seu tempo, com interpretações tão delicadas quanto profundas. Também em maio a Deckdisc lançou Chora Cartola, trabalho em que o produtor Henrique Cazes trouxe a obra do mestre para o universo do choro. Em junho, a Som Livre lançou a coletânea Bate Outra Vez Vol. 2 - tentativa vã de pegar carona no prestígio do antológico álbum produzido em 1988 pela mesma Som Livre com gravações inéditas feitas por intérpretes do primeiro time da MPB. Em outubro, dias depois do aniversário do artista, a Sony BMG pôs nas lojas a irregular compilação dupla Cartola 100 Anos - O Autor e seus Intérpretes enquanto a MCD lançou o CD Cartola para Todos e a editora Gryphus reeditou a biografia Cartola - Os Tempos Idos. Foi também o mês de alguns shows que saudaram o mestre nos palcos. Elton Medeiros comandou as homenagens em São Paulo (SP). No Rio de Janeiro (RJ), Alcione comandou elenco estelar que cantou Cartola no Canecão em espetáculo que destacou Maria Rita em bissexta visita ao repertório de sua mãe Elis Regina (1945 - 1982). Enfim, parece muito, mas, a rigor, foi muito pouco para saudar os 100 anos de compositor do porte de Cartola. O mundo é um moinho...

Retrô 2008: Jota Quest e Skank em boa forma


Em 2008, os dois mais bem-sucedidos grupos projetados das Geraes para o Brasil nos anos 90, Jota Quest e Skank (em fotos de Weber Pádua), se mostraram em boa forma em álbuns de inéditas. Com o coeso La Plata, CD lançado em outubro, o Jota Quest deu grande salto qualitativo em sua discografia. A safra de novidades destacou Ladeira, primeira parceria da banda com Nelson Motta. Já o Skank recuperou com Estandarte - antenado disco editado em setembro que marcou o reencontro do grupo com o produtor Dudu Marote - a popularidade que havia perdido com o anterior Carrossel (2006). O primeiro single, Ainda Gosto Dela, se tornou um dos maiores sucessos radiofônicos do ano e do próprio Skank.

Retrô 2008: Tom Zé estuda a bossa com ironia

Em um ano pontuado por sucessivas homenagens à Bossa Nova cinqüentenária, Tom Zé foi a nota dissonante entre tantos tributos reverentes. Em Estudando a Bossa, CD lançado em outubro de 2008 pela Biscoito Fino, o tropicalista antropofágico deglutiu os elementos que sintetizam a estética da Bossa Nova num disco-manifesto pautado por fina ironia. O baiano tirou o manto sagrado que cobre o som do banquinho e do violão em seu álbum mais criativo desde que foi redescoberto por David Byrne nos anos 90.

30 de dezembro de 2008

Retrô 2008: MGMT une hedonismo e psicodelia

Difícil prever se The Manegement - o nome oficial do MGMT, a dupla formada pelos universitários norte-americanos Andrew Vanwyngarden e Ben Goldwasser - vai ter vida longa. Mas o fato é que é do MGMT o melhor disco internacional de 2008, Oracular Spectacular, lançado no Brasil em junho pela Sony BMG. Publicações musicais importantes como o jornal inglês New Musical Express também expressaram a mesma opinião sobre esse álbum pautado por saborosa mistura de pop, rock, psicodelia e eletrônica. O coquetel hedonista também inclui doses de sexo e drogas. Músicas como The Youth, Kids e Time to Pretend soam irresistíveis. Oracular Spectacular é realmente espetacular. Contudo, ao vivo, o duo nem sempre mantém o pique - como ficou comprovado na apresentação carioca do MGMT no Tim Festival...

Retrô 2008: Mart'nália lança seu CD mais feliz

Depois de pisar no terreiro baiano em Menino do Rio (2005), Mart'nália encarnou o espírito carioca num dos discos mais felizes de 2008, Madrugada, lançado em agosto pela gravadora Biscoito Fino. Com leveza, a cantora (em foto de Eny Miranda, da Cia. da Foto) apresentou CD pautado pela descontração e pela leveza. Uma saborosa safra de sambas inéditos - com destaque para Ela É a Minha Cara, Deu Ruim, Não Encontro Quem me Queira e Tava por Aí - traduziu o jeito desencanado de ser desta artista que não faz gênero nem pose. Na seqüência, um show bem sedutor confirmou que Mart'nália viveu 2008 em estado de graça. Sim, Madrugada é o melhor álbum nacional (de inéditas) do ano.

Retrô 2008: O duo sublime de Julieta e Marisa

Um dos momentos mais bonitos da música em 2008 aconteceu no México, em 6 de março, quando Julieta Venegas recebeu Marisa Monte para um dueto em Ilusión, a mais inspirada das quatro inéditas apresentadas pela autora de Me Voy em seu acústico gravado via MTV com a co-produção do Jaques Morelenbaum. Editados em junho, os belos CD e DVD Julieta Venegas MTV Unplugged sedimentaram o sucesso do álbum Limón y Sal (2006) e repercutiu até no Brasil, onde a cantora fez concorridos shows no Rio de Janeiro e em São Paulo. A foto que registra o duo de Julieta com Marisa é de Victor Chavez, da WireImage. Sublime!

Retrô 2008: Mallu salta da rede para as lojas...

Impossível fazer a retrospectiva musical de 2008 sem tocar no nome de Mallu Magalhães, a adolescente paulista que, então com 15 anos, despontou no início do ano por conta do expressivo número de acessos em sua página no portal MySpace. Fenômeno virtual com sua música calcada na sonoridade do folk dos anos 60, Mallu logo migrou para o mundo real e gravou seu primeiro CD - de forma independente, bancado por ela com o patrocínio obtido junto a uma operadora de telefonia - com a produção de Mario Caldato. Com tiragem inicial de 10 mil cópias, o álbum Mallu Magalhães chegou às lojas em outubro - mês em que a cantora gravou seu primeiro DVD em show em São Paulo (SP). O DVD foi lançado neste mês de dezembro. Com 16 anos completados em 29 de agosto de 2008, a jovem cantora se tornou um dos alvos preferidos da mídia no ano, inclusive por conta do controvertido romance com Marcelo Camelo. O mundo real pode ser bem cruel.

Retrô 2008: Bethânia divide a cena com Omara

Em mais um ano de intensa atividade nos palcos e nos estúdios, Maria Bethânia passou a primeira metade de 2008 ao lado de Omara Portuondo - a septuagenária cantora cubana que ganhou projeção mundial em fins dos anos 90 com o disco e filme Buena Vista Social Club. Em fevereiro, a gravadora Biscoito Fino pôs nas lojas Omara Portuondo Maria Bethânia, CD gravado em janeiro de 2007 no tempo da delicadeza, sem o tom caliente da música latino-americana e com instrumental tão econômico quanto a interação das cantoras. O repertório ressaltou afinidades entre as músicas do Brasil e de Cuba. Na seqüência, Bethânia e Omara (em foto de Leonardo Aversa) dividiram o palco em turnê que passou por onze capitais brasileiras de março a maio, se estendendo em junho por Argentina e Chile. Na parada mineira, em Belo Horizonte, foi gravado o DVD que a Biscoito Fino pôs nas lojas em outubro - atestando que o encontro iniciado em estúdio havia crescido no palco - ao mesmo tempo em que a editora Nova Fronteira abastaceu as livrarias com o livro Cuba & Bahia - Omara & Bethânia. Encerrado o projeto com Dona Omara, como se referia à colega cubana, Bethânia começou a selecionar músicas para o disco que já começou a gravar para lançar em 2009. O repertório inclui O Que Eu Não Conheço, parceria de seu sobrinho J. Velloso com Jorge Vercillo. Que venha o CD em 2009!

Retrô 2008: O mercado bota fé em padre Fábio

Padre Marcelo Rossi já não reina soberano na anêmica indústria fonográfica brasileira. Em 2008, o público botou fé em outro religioso que se aventura pela arte do canto: Fábio de Melo. Vida - já o 11º CD da discografia do padre, mas o primeiro a ganhar publicidade fora do vasto universo católico - termina o ano com retumbantes 540 mil cópias vendidas, de acordo com o último boletim da gravadora LGK Music. É no embalo desse sucesso que Fábio se prepara para gravar ao vivo seu primeiro DVD, Eu e o Tempo, em shows agendados para 6 e 7 de janeiro de 2009 no Canecão (RJ). A gravação ao vivo também vai ser lançada em CD.

Retrô 2008: Madonna puxa agenda estrangeira

Maior atração da intensa agenda de shows estrangeiros que passsaram pelo Brasil em 2008, Madonna (em foto de Marcelo Rossi) mostrou que ainda reina no mundo pop com sua Sticky & Sweet Tour, que chegou ao Brasil em dezembro 15 anos depois da primeira vinda da artista ao país. Foram dois shows no Rio de Janeiro (no estádio do Maracanã) e três em São Paulo (no estádio do Morumbi) que mobilizaram a turma GLS de vários Estados do Brasil. Uma galera descolada que pouco se importou com a confusão na venda de ingressos e com o fato de os organizadores terem anunciado oficialmente, em 18 de agosto, apenas um show no Rio e outro em São Paulo - quando, na realidade, já se sabia nas internas que seriam duas apresentações no Rio e três em Sampa. Erros à parte, os súditos da Rainha conferiram embevecidos um espetáculo hi-tech pontuado por projeções de vídeos, fazendo de Madonna o previsível maior destaque entre as variadas atrações internacionais (Bloc Party, Cyndi Lauper, Julieta Venegas, Muse, R.E.M. e Rufus Wainright, entre outros nomes) de um ano em que o Tim Festival esteve esvaziado com poucos nomes de peso na sua rala programação (Kanye West, MGMT e The Klaxons) deste 2008.

Retrô 2008: Roberto saúda Jobim com Caetano

O fato mais improvável do mundo da música em 2008 foi também um dos mais bonitos do ano. Contrariando todos os prognósticos pessimistas, Roberto Carlos saiu da inércia e aceitou o convite para dividir o palco com Caetano Veloso em show centrado na obra de Tom Jobim (1927 - 1994). Parte do ciclo de eventos idealizado pelo Banco Itaú para celebrar os 50 anos da Bossa Nova, o espetáculo foi feito em agosto de 2008 no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP) em três concorridas apresentações. Os dois shows de São Paulo foram gravados, gerando especial exibido pela TV Globo em setembro. Um CD e um DVD - editados em dezembro pela Sony BMG - perpetuaram o majestoso encontro, embora não tenham captado toda a atmosfera de encantamento testemunhada pela privilegiada platéia (a foto é de Beti Niemeyer).

Retrô 2008: Baleiro dispara dois belos petardos

Em 2008, Zeca Baleiro voltou a ocupar lugar de destaque no mercado fonográfico com o lançamento de um duplo álbum de inéditas desmembrado em dois belos volumes editados e vendidos separadamente. Em agosto, ele disparou o primeiro volume de O Coração do Homem-Bomba, imbolando bem os conceitos de brega e chique em repertório de tom globalizado. Em novembro, ele arremessou o segundo volume, que roçou a inspiração do primeiro. Entre um e outro, o inquieto e incansável Baleiro ainda lançou em setembro, por seu selo Saravá Discos, SMD com os 17 temas que compôs para a trilha sonora de Cubo, um espetáculo de dança idealizado e dirigido pelo cineasta hype Fernando Meirelles.

Retrô 2008: D2 põe guitarras na batida perfeita

Ao lançar em novembro de 2008 seu quinto disco solo, A Arte do Barulho, Marcelo D2 acertou ao mexer numa batida perfeita que tinha chegado a um ponto de exaustão. O rapper adicionou guitarras roqueiras (bem à moda do grupo que o projetou, Planet Hemp) e um pouco de funk à fusão de samba e rap. O CD ainda não fez muito barulho, mas foi destaque em ano de fórmulas repetidas.

29 de dezembro de 2008

Retrô 2008: Parede marca novo ponto em disco

Em setembro de 2008, Pedro Luís e a Parede deram as caras com seu álbum mais uniforme, Ponto Enredo, escorado no suingue afro-brasileiro. O samba marcou presença em repertório inédito que fez o CD roçar o alto nível de Vagabundo, o disco dividido pelo grupo (em foto de Guito Moreto) com Ney Matogrosso em 2004. Contudo, a ambiência roqueira de faixas como Tem Juízo, mas Não Usa ergueu a Parede acima de rótulos. Com este álbum produzido por Lenine, Pedro Luís (autor da bela safra de inéditas do disco) e Cia. marcaram mais um ponto no mercado fonográfico.

Retrô 2008: Seu Jorge emplaca duas nas rádios

Seu Jorge lançou América Brasil - O Disco em dezembro de 2007, no embalo da propagação insistente da faixa Trabalhador na trilha sonora da novela Duas Caras, mas foi em 2008 que o quarto trabalho solo do artista estourou para valer. As músicas Burguesinha e Mina do Condomínio foram hits nas rádios durante boa parte do ano. Tanto que, entusiasmada, a EMI Music acaba de pôr nas lojas uma versão estendida do irregular álbum. É isso aí...

Retrô 2008: Zeca prova amor pelo bom samba

Em setembro de 2008, Zeca Pagodinho lançou álbum de inéditas, Uma Prova de Amor, em que reafirmou sua devoção ao melhor samba produzido nos quintais cariocas e fluminenses. Apesar de a gravadora Universal Music ter insistido (equivocadamente) em promover o disco com a faixa-título, tentativa vã de repetir a cadência e o êxito de hits como Samba pras Moças e Verdade, o CD apresentou ótimo repertório inédito e, de quebra, registrou o primeiro encontro de Zeca com Jorge Ben Jor na faixa Ogum. Dez!

Retrô 2008: Chico César cai no forró e no frevo

Pouca gente ouviu, mas Chico César caiu no forró e no frevo com modernidade em Francisco, Forró Y Frevo. O sétimo álbum do artista saiu em junho de 2008 com azeitada produção de BiD, que aditivou a saborosa safra de inéditas do compositor com recursos eletrônicos. O arraiá de Chico César soou contemporâneo sem, no entanto, renegar tradições das festas juninas do Nordeste. Chico fez grande CD que merecia ter obtido maior repercussão popular...

Retrô 2008: 'Maré' forte traz Calcanhotto à tona

Em mais um ano marcado por triviais CDs e DVDs de caráter retrospectivo, Adriana Calcanhotto (em foto de Gilda Midani) mereceu justos holofotes por ter voltado à tona, a partir de abril de 2008, com o disco e show Maré. Primeiro álbum de inéditas da artista desde 2002, Maré manteve a discografia de Calcanhotto em fino curso com um repertório cheio de referências poéticas e tropicalistas. A onda de modernidade também bateu no palco em um show charmoso que chegou ao Brasil em junho depois de passar por Argentina e Portugal. Na seqüência, em setembro, Calcanhotto se juntou a Jards Macalé para reverenciar o caos criativo de Waly Salomão (1944 - 2003) no show Olho de Lince. Fechando um ano de intensa atividade, a cantora e compositora se arriscou na literatura e lançou em outubro seu primeiro livro, Saga Lusa, um relato bem espirituoso da bad trip vivenciada em Portugal na turnê de Maré - show que, aliás, sai em DVD em 2009.

Álbum de Blunt ganha edição com DVD e bônus

No embalo da vinda de James Blunt ao Brasil em janeiro de 2009, para shows em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo, a Warner Music lança no mercado nacional a Deluxe Edition do segundo álbum do cantor britânico, All the Lost Souls, que aliás já havia sido reeditado no formato de MVI. A nova edição agrega um DVD e turbina o CD original com seis faixas-bônus (registros ao vivo, o dueto com Laura Pausini em Primavera in Anticipo - música gravada para o álbum homônimo lançado pela cantora em novembro - e a inédita Love Love Love, de autoria de Blunt). O DVD reúne making of, clipes e takes ao vivo de faixas como Carry You Home e Same Mistake - ambas estouradas no Brasil por terem sido propagadas nas trilhas sonoras das novelas A Favorita e Duas Caras, respectivamente. O DVD exibe também registro ao vivo do hit You're a Beautiful e o documentário Return to Kosovo.

Alzira lança 'single' com a participação de Zélia

Parceria de Alzira E e Arruda, lançada por Zélia Duncan em 2007 em um registro ao vivo incluído somente no seu DVD Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band, a música Chega Disso ganha a voz de Alzira E em single (veja capa à direita) lançado nestes últimos dias de 2008. A nova gravação conta com produção musical de Guilherme Kastrup e tem participação da própria Zélia Duncan (em intervenção bem discreta). O single está sendo editado no prático formato de SMD e tem caráter exclusivamente promocional, isto é, não está à venda.

'Valsas Brasileiras' ao som de piano e bandolim

De um lado, um virtuoso piano de formação clássica, educado na escola de Radamés Gnattali (1906 - 1988). De outro, um extraordinário bandolim mais associado ao choro. Juntos, o piano de Fernanda Canaud e o bandolim de Joel Nascimento sublinham a beleza das valsas brasileiras em CD editado pela Biscoito Fino. O fino repertório do álbum obviamente intitulado Valsas Brasileiras agrega doze temas do gênero criados por compositores do naipe de Heitor Villa-Lobos (Valsa da Dor), Pixinguinha (Sentimento Oculto), Maurício Carrilho (Sinuosa), Ernesto Nazareth (Coração que Sente), Freire Júnior (Revendo o Passado) e Francis Hime (Pássara, com letra de Chico Buarque), entre outros. Canaud e Nascimento se revezam em solos e duetos.

28 de dezembro de 2008

'Indie Version' encerra tributo ao Álbum Branco

Último título da trilogia criada para celebrar os 40 anos do disco The Beatles, lançado em 22 de novembro de 1968, o CD Álbum Branco - Indie Version enfileira registros feitos entre setembro de 2007 e novembro de 2008 por 43 cantores e bandas da vasta cena indie brasileira (a maioria egressa de Rio de Janeiro, São Paulo e Pernambuco). A turma dá sua versão não somente para as 30 músicas do álbum original como também para composições feitas pelos integrantes dos Beatles naquele fértil ano de 1968. As regravações são todas inéditas, produzidas para o álbum-tributo. Lançado pelo produtor Marcelo Fróes por seu selo Discobertas, em parceria com a gravadora Coqueiro Verde, o CD duplo Álbum Branco - Indie Version encerra um tributo que, entre altos e baixos, pecou pelo excesso. Eis a relação de 43 músicas e artistas:

CD 1
1. Back In The U.S.S.R > Mordida (PR)
2. Dear Prudence > Parafusa (PE)
3. Glass Onion > Tangerines (RS)
4. Ob-la-di, Ob-la-da > Mutirão Pelo Fim da Insanidade (RJ)
5. Wild Honey Pie > Comodoro Truffaut (SP)
6. TheContinuing Story Of Bungalow Bill > han(S)olo (MG)
7. While My Guitar Gently Weeps > Acidogroove (MG)
8. Hapiness Is A Warm Gun > Somgaguá + marlomello (SP)
9. Martha My Dear > Operação Tequila (MG)
10. I’m So Tired > Frank Jorge (RS)
11. Blackbird > Thiago Ramires (SP)
12. Piggies > Caracóis Psicodélicos (SP)
13. Rocky Raccoon > Reverse (RJ)
14. Don’t Pass Me By > Eletro
15. Why Don’t We Do It In The Road > Noisecraft (RJ)
16. I Will > Pochete Set (SP)
17. Julia > Missionário José (SP)
Extras:
18. Look At Me > A Comuna (PE)

19. Child Of Nature > Daca (SC)
20. Junk > Paula Marchesini (RJ)
21. Step Inside Love > TraTores (RS)
22. Glass Onion > André Bighinzoli (RJ)
23. Badge > Band Of Brothes (SP)

CD 2
1. Birthday > Kid Vinil Xperience (SP)
2. Yer Blues > Casmurro (RJ)
3. Mother’s Nature Son > Nuda (PE)
4. Everybody’s Got Something To Hide Except Me and my Monkey > Apoena (RJ)
5. Sexy Sadie > Granola (PE)
6. Helter Skelter > Guizira (RJ)
7. Long Long Long > Profiterolis (PE)
8. Revolution 1 > Continental Combo (SP)
9. Honey Pie > Eduardo XuXu (SC)
10. Savoy Truffle > Comodoro Truffaut (SP)
11. Cry Baby Cry > Sãomer Zwadomit (PE)
12. Revolution 9 > Madame Mim & Chelpa Ferro (SP)
13. Good Night > Amps & Lina (PE)
Extras:
14. Hey Jude > Reino Fungi (SC)

15. Revolution > Blefe (RJ)
16. What’s The New Mary Jane? > Força Paralela (PA)
17. Not Guilty > Alecrins (RJ)
18. Sour Milk Sea > Pé-Preto (PE)
19. Circles > Novanguarda (PE)
20. Long Long Long > Mellotrons (PE)

Badu defende nova 'Amerykah' em CD explosivo

Resenha de CD
Título: New Amerykah
Part One - 4th World War
Artista: Erykah Badu
Gravadora: Motown /
Universal Music
Cotação: * * * *

O mundo está em guerra e Erykah Badu - a cantora que encantou esse mundo com o neo-soul de seu álbum de estréia, Baduizm (1997) - parte para o ataque em defesa de uma amerykah mais justa e igualitária. Primeiro CD de Badu desde World Wide Underground (2003), este álbum duplo conceitual exibe o conteúdo mais explosivo da coesa discografia da artista. As 10 faixas oficiais - além de Honey, oferecida como bônus e não creditada na contracapa - têm tom altamente politizado. Musicalmente, Badu investe pesado no rap, fundido (como de hábito em se tratando de Badu) com o soul e o r & b. Contudo, a balança em New Amerykah (Part One - 4th World War) pende para o universo do hip hop. Só que sem os clichês do gênero. A turma de produtores convocados por Badu para formatar o álbum - Mike Chav Chavaria, Sa-Ra, 9th Wonder, Madlib e Taz Arnold, entre outros - é da pesada e lança mão com propriedade da munição eletrônica. "O hip hop é maior do que a religião e do que o governo", prega Badu em The Healer. É fato que o discurso da artista, por mais que esteja calcado em ideais de justiça e igualdade social, por vezes soa arrastado demais. Assim como o disco em alguns momentos. Vale descartar, entre tanto falatório, o arranjo vocal de The Cell e o conjunto das batidas. A artilharia de Erykah Badu pode não mudar o mundo e tampouco vencer a guerra, mas reafirma a ideologia firme e forte da cantora.

Ithamara prepara o 'songbook' de Dave Brubeck

A foto acima - clicada por George Brubeck em Los Angeles (EUA) neste mês de dezembro de 2008 - flagra Ithamara Koorax ao lado de Dave Brubeck, compositor pianista de formação clássica que fez seu nome no circuito do jazz a partir da segunda metade dos anos 40. A cantora brasileira prepara CD centrado no repertório do artista, autor de temas como Duke e In your Own Sweet Way. Em fase inicial de produção, Ithamara Koorax Sings The Dave Brubeck Songbook tem lançamento previsto para 2009.

Toquinho e MPB-4 cantam com rara interação

Resenha de CD
Título: 40 Anos de Música
Artista: Toquinho MPB-4
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Surgidos na mesma geração musical projetada nos anos 60, auge dos festivais da canção, Toquinho e MPB-4 têm afinidades de estilo e repertório. A junção do cantor com o grupo numa turnê soa até natural. Pena que neste CD 40 Anos de Música - captado em 25 e 26 de setembro de 2008 em dois shows realizados no Teatro Fecap, em São Paulo (SP) - a interação seja pequena e aconteça somente em seis das 17 faixas. Destas, a mais inventiva é o pot-pourri de temas infantis em que Miltinho, simulando a voz do pato, entoa Ninguém me Ama, o magoado samba-canção de Antonio Maria e Fernando Lobo. Juntos, Toquinho e o MPB-4 também fazem harmoniosas incursões pelos repertórios de Chico Buarque - o samba Quem te Viu, Quem te Vê sucede o medley infantil enquanto a emblemática Roda-Viva, associada ao MPB-4 desde a gravação original de 1968, fecha o roteiro - e, sobretudo, pelas parcerias de Toquinho com Vinicius de Moraes (1913 - 1980), celebrado no Samba pra Vinicius, destaque do bloco final nas cinco vozes. Vale ressaltar a título de curiosidade que O Bem-Amado - tema composto por Toquinho & Vinicius para a trilha sonora da novela O Bem-Amado (1973) e revivido neste CD em trecho que une Toquinho e o grupo - foi gravado no disco da novela pelo MPB-4, mas, por questões contratuais, o registro foi assinado pelo fictício Coral Som Livre. Outro clássico feito pela dupla Toquinho & Vinicius em clima baiano, Tarde em Itapoã abre o show - também em cinco vozes - e prepara o terreno para Toquinho reverenciar Dorival Caymmi (1914 - 2008) com pot-pourri que emenda Das Rosas (em versão instrumental), Marina, Samba da Minha Terra e Saudade da Bahia. Merece menção, ainda, o arranjo a capella criado por Miltinho para o MPB-4 entoar o Canto Triste, de Edu Lobo e Vinicius. No mais, Toquinho e MPB-4 repisam - juntos e/ou a sós - caminhos já exaustivamente trilhados em 40 anos de boa música.

CD de remixes prolonga 'última' noite de Moby

Resenha de CD
Título: Last Night
Remixed
Artista: Vários
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Em seu sexto bom álbum de estúdio, Last Night, lançado em março de 2008 pela EMI Music, o DJ Moby abandonou as experiências roqueiras de seu álbum anterior, Hotel (2005), e mirou as pistas com um trabalho mais dançante e eletrônico que, por sua própria essência, pedia um disco de remixes. Last Night Remixed - o CD recém-lançado no Brasil pela mesma EMI - prolonga a noite em que Moby celebrou a influência da disco music em seu som. Nomes incensados na atual cena eletrônica - AC Slater, Freemasons, Holy Ghost! e Kris Menace, entre outros - reprocessam temas como Alice, I Love to Move in Here (este apresentado em três remixes no CD), Ooh Yeah, Disco Lies e I'm in Love. As músicas se repetem ao longo do disco em 14 faixas emendadas uma na outra. Por mais que as versões originais sejam melhores, no geral, Last Night Remixed cumpre bem a sua função, oferecendo a trilha sonora apropriada para uma noite de atmosfera clubber. Que, claro, não será a última ao som de Moby.

Elymar reúne Elba e Claudia em registro ao vivo

Em mais um registro ao vivo de show, Guerreiro Sonhador, recém-lançado em CD e DVD pela gravadora Som Livre, Elymar Santos recebe Claudia e Elba Ramalho. Com Claudia, o cantor faz um dueto em Apelo - tema de Baden Powell e Vinicius de Moraes - e abre espaço para que a cantora reviva Don't Cry for me, Argentina, o tema mais conhecido do musical Evita, protagonizado por Claudia no Brasil (Elymar encarnava Che Guevara na montagem que marcou época nos anos 80). Já com Elba o cantor entoa De Volta pro Aconchego - a bela toada de Dominguinhos e Nando Cordel lançada por Elba em 1985 - e cai no forró em O Forró É Bom em Qualquer Lugar, tema de autoria do próprio Elymar em parceria com Ana Fernandez. O repertório traz duas inéditas populistas, Amor sem Censura e Paixão Voraz, que seguem o estilo erótico-brega adotado por Elymar Santos desde os anos 80 e revivido no roteiro em números como Escancarando de Vez. Guerreiro Sonhador foi captado ao vivo no Canecão (RJ).