6 de janeiro de 2007

Dudu regrava 12 sambas-enredos via 'Faustão'

Dudu Nobre (foto) vai estrear na gravadora Universal Music com álbum de regravações. A idéia da companhia é que o cantor grave um CD com doze sambas-enredos antigos, escolhidos em votação popular no programa Domingão do Faustão, comandado pelo apresentador Fausto Silva aos domingos na Rede Globo. Dudu vai participar de três edições do Domingão. A cada programa, o público vai eleger quatro sambas-enredos para o disco, que tem lançamento agendado para março - ainda no embalo do Carnaval.

Luciana Souza canta com Taylor no sétimo CD

Em seu sétimo álbum, ainda sem título e com previsão de lançamento para abril, a cantora Luciana Souza (em foto de Bob Wolfenson) faz dueto com o compositor americano James Taylor em Never Die Young, música de autoria do próprio Taylor. A intenção da artista brasileira - radicada nos Estados Unidos, onde já é conhecida no meio jazzístico - é revestir no disco a moderna canção americana com um instrumental de bossa nova. O repertório inclui músicas de Steely Dan e Joni Mitchell. O álbum está sendo gravado no Avatar Studios, em Nova York (EUA), com produção de Larry Klein (marido de Luciana e parceiro da mulher em duas faixas) e o acompanhamento do quarteto The New Bossa Nova, formado pelos músicos Edward Simon, Romero Lubambo, Scott Colley e Antonio Sanchez. O CD deverá ser editado no Brasil.

Mais pop, grupo Magic Numbers perde a magia

Resenha de CD
Título: Those the Brokes
Artista:
The Magic

Numbers
Gravadora:
EMI Music
Cotação:
* * *

O ótimo quarteto The Magic Numbers causou sensação ao surgir na Inglaterra, em 2004, com dois integrantes ingleses e os outros dois de Trinidad. Em seu primeiro álbum, The Magic Numbers, editado em 2005 no Brasil, o grupo apresentou som retrô em estilo folk, com vocais melódicos que remetiam ao The Mamas & The Papas. Em seu segundo disco, Those the Brokes, o quarteto reaparece mais voltado para o universo do pop rock em faixas como You Never Had It e This Is a Song (com uma longa e delicada introdução que dá pista falsa sobre o tema de tom pop). O primeiro single é Take a Chance. Mas, para quem se encantou com os vocais harmoniosos do primeiro álbum da banda, as melhores dicas são as faixas Boy e, sobretudo, Carl's Song. No todo, Those the Brokes tem lá seus encantos, como Runnin' Out, só que não supera seu antecessor. Foi-se boa parte da magia do CD de estréia.

Faltou uma grande canção de amor e morte...

Resenha de CD
Título:
Canções de

Amor e Morte
Artista:
Uns e Outros
Gravadora:
Performance

Be Record
Cotação:
* *

Grupo carioca surgido nos anos 80 que não conseguiu sair da terceira divisão do rock brasileiro daquela década, muito por conta da (inegável) semelhança com a Legião Urbana, o Uns e Outros ficou sumido nos anos 90 até reaparecer em 2002 com o CD Tão Longe do Fim, cuja faixa-título é lançada - de fato - neste quinto álbum, Canções de Amor e Morte. Trata-se de CD quase conceitual, com letras depressivas que versam sobre amor e morte. Algumas escritas com inspiração, caso de No seu Lugar, parceria do bom vocalista Marcelo Hayena com o guitarrista Nilo Nunes. Outras patinam em clichês - como O Céu e o Inferno, sobre a dicotomia bem-mal que rege o universo das paixões. Tal tema já soa batido...

Do ponto de vista instrumental, o disco é muito bem tocado. O que faltou para Canções de Amor e Morte realmente decolar foi... uma grande canção de amor e morte. Um Dia de Cada Vez, com a influência de BritPop, chegou perto. Mas o quarteto não conseguiu inspiração para criar um tema do porte de Carta aos Missionários, seu hit de 1989, ainda presente na memória (pop)ular. Tanto que a grande canção do disco é Dia Branco, o antigo sucesso de Geraldo Azevedo e Renato Rocha - transposto com êxito para o universo roqueiro e melancólico deste CD tão desesperado quanto honesto.

5 de janeiro de 2007

Show de Chico reedita o refinamento do disco

Resenha de show
Título:
Carioca
Artista:
Chico Buarque
Local:
Canecão (RJ)
Data:
4 de janeiro

de 2007
Cotação:
* * * *

Moldado com o mesmo raro refinamento harmônico do disco que lhe inspirou e lhe deu nome, o show Carioca chegou, enfim, ao Rio. Claro que cercado de marketing e badalação pelo fato de Chico Buarque (à direita em foto de Patrícia Cecatti) não fazer temporada na sua cidade natal desde 1999. O show - a rigor, quase um recital de caráter contemplativo - se apóia na criatividade dos arranjos e na obra monumental do compositor. O roteiro encadeia com primor e poesia temas antigos com as músicas do (irregular) CD Carioca. A voz de Chico, embora afinada e sempre muito bem colocada, já perdeu parte do viço. Contudo, isso é detalhe ínfimo para um compositor que nunca pretendeu se impor como cantor.

Mesmo com alguns números mais cansativos (especialmente Leve e Bolero Blues), o linear show é sedutor. Emoldurado por um belo cenário de Hélio Eichbauer que retrata pontos do Rio em móbiles funcionais, Chico pouco se movimenta em cena. Só que conquista seu público. Em Morena de Angola, o charme está no fato de ele tocar kalimba, instrumento percussivo de madeira, de som similar ao de um chocalho. Em Grande Hotel, quem seduz é o baterista Wilson das Neves, desenvolto ao cantar sua parceria com Chico, que toca tamborim antes de fazer dueto com o músico. Já a valsa Imagina, entoada com o reforço vocal de Bia Paes Leme, não faz jus à beleza da melodia de Tom Jobim, letrada por Chico em 1983. Da mesma forma que o choro-canção Subúrbio passa batido pelo roteiro. Em contrapartida, Outros Sonhos cresce muito no palco.

Sempre que Chico tira da manga ases de seu belo repertório antigo (Mil Perdões, Eu te Amo, Palavra de Mulher, As Vitrines, Futuros Amantes), Carioca atinge os picos de encantamento. E aí já não importa nem a insegurança do artista com uma letra quilométrica como a de Bye Bye Brasil. Chico Buarque é Chico Buarque. Ou seja, um dos maiores compositores do mundo. Mesmo que seu pálido repertório recente não reedite o brilho do passado, não há quem já não tenha se rendido ao artista quando ele ataca no bis com sambas como Deixe a Menina e Quem te Viu, Quem te Vê. E vale ressaltar que o fim lúdico - com a valsa João e Maria - é perfeito anticlímax para um show pautado por intimismo lírico e poético.

Timbalada contagia com a alegria carnavalesca

Resenha de CD
Título: Alegria Original
Artista: Timbalada
Gravadora: EMI Music

/ Candyall Music
Cotação: * * *


Grupo da lavra de Carlinhos Brown, a Timbalada apareceu com força nos anos 90, só que não vinha fazendo jus ao nome e ao histórico de seu talentoso mentor em seus últimos discos. Em Alegria Original, os sons timbaleiros - agora ouvidos nas vozes de Amanda Santiago e de Denny - voltam a conquistar com pique carnavalesco. Cachaça, com sua batida eletrônica, já é um hit em Salvador, a capital baiana do fervo. Beijo Descarado - com adição da voz de Margareth Menezes em simulação de ligação telefônica - é outro petardo explosivo que contagia mesmo quem resiste aos apelos rítmicos da axé music. E o mérito é de Carlinhos Brown - o produtor do CD e autor de Beijo Descarado e de outras jóias como Shaulin Nagô (em parceria com Vevé Calazans) e Casa Branda. Entre reggae (Sorriso Livro), samba (Maria Gosta, boa parceria de Brown com Arnaldo Antunes e Marisa Monte, turbinada com coro feminino que remete às cantadoras nordestinas) e frevo (a faixa-título, com letra criada sobre melodia do clássico Vassourinhas), os timbaus se unem à percussão eletrônica e ao metais em álbum acima da média do axé. Ouça sem preconceito, pois a alegria da Timbalada é contagiante, mesmo sem ser exatamente original...

Salmaso finaliza disco com raras e hits de Chico

Mônica Salmaso (foto) já está finalizando a gravação do CD em que canta apenas músicas de Chico Buarque. A cantora selecionou um repertório que mistura alguns standards do compositor com músicas bem menos conhecidas. Entre estas pérolas raras, estão Logo Eu? (1967), Bom Tempo (1968) e O Velho Francisco (1987). Dentre os sucessos, a intérprete escolheu Quem te Viu, Quem te Vê (1966), Construção (1971), Ciranda da Bailarina (1982) e A Volta do Malandro (1985). O CD sai em abril.

Calcanhotto já reúne algumas inéditas para CD

Adriana Calcanhotto (foto) já está alinhavando o repertório do disco de inéditas que deverá gravar em 2007. Na safra, ainda em criação, há Maré (parceria da artista com Moreno Veloso), Seu Pensamento (em parceria com Dé Palmeira), O Surfista (apenas de Calcanhotto), As Ordens do Amor (inédita de Marina Lima) e Belíssima (música feito pela compositora para a novela homônima, gravada por Ney Matogrosso). Em shows, a artista já vem cantando essas músicas...

4 de janeiro de 2007

Armandinho prepara terceiro disco de inéditas

Um dos sucessos radiofônicos de 2006, por conta do estouro da música Desenho de Deus em âmbito nacional, Armandinho (foto) vai começar a gravar em breve o seu terceiro álbum de inéditas, o primeiro pela major Universal Music. Semente e Morena Nativa são duas faixas do disco que vai suceder o CD e o DVD Armadinho ao Vivo. Os dois anteriores álbuns de estúdio do compositor de (pop) reggae - Armandinho e Casinha - foram editados pelo selo indie Orbeat Music, do Sul. São nestes CDs que estão as gravações originais de Ursinho de Dormir e Desenho de Deus (hits rebobinados no DVD).

Tiso viaja por Rio e Minas em gravação afetiva

Resenha de CD / DVD
Título: Wagner Tiso 60 Anos

- Um Som Imaginário
Artista:
Wagner Tiso
Gravadora:
Dubas Música
Cotação:
* * * *

Presença fundamental para a expansão e a popularização da música de Milton Nascimento nos anos 70, e ainda não valorizado na medida de sua (grande) importância, o pianista e maestro mineiro Wagner Tiso celebra a sua relação com os sons cariocas em evento gravado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em dezembro de 2005, e ora editado nos formatos de DVD, CD duplo e em embalagem que agrupa DVD e os CDs que registram na íntegra o show que teve intervenções de Gal Costa, Cauby Peixoto e Milton Nascimento - com a ressalva de que Gal e Milton parecem estar batendo ponto na festa de Tiso...

Concebido em cinco movimentos, o show sinfônico simboliza a viagem afetiva de Tiso entre Rio e Minas Gerais, celebrando os 40 anos do músico na cidade (dita) maravilhosa. Foi em 1965 que o então jovem mineiro desembarcou no Rio cheio de sons e música na cabeça. O espetáculo sintetiza os caminhos musicais do artista em terras cariocas. Com arranjos orquestrais que costumam unir elementos de rock, jazz, canção e da congada mineira, Tiso criou identidade sonora que reverberou em discos como o Acústico MTV de Gal Costa. Daí a participação da cantora em números (Sua Estupidez e Camisa Amarela) que remetem a esse álbum de 1997.

Em Solar, Gal faz dueto com Milton Nascimento - o convidado de honra do show por ter sua trajetória associada à de Tiso desde os tempos em que, adolescentes, ambos integraram conjuntos como Luar de Prata e W'Boys. A época juvenil é evocada em números como Castigo (Dolores Duran) e o bolero Aqueles Olhos Verdes. Antes de Milton e Tiso reviveram Coração de Estudante, parceria que virou lindo hino na luta por eleições diretas, na década de 80.

Participação bem mais inusitada - mas igualmente afetiva - é a de Cauby Peixoto. O astro apresenta os versos inéditos de A Flor e o Cais, canção valseada de Tiso letrada pelo poeta Geraldo Carneiro. Explica-se: Cauby empregou Tiso na boate Drink - da qual o cantor era dono - quando o mineiro chegou ao Rio em busca de um lugar na noite da (movimentada) cena musical carioca da década de 60.

A reunião dos músicos do grupo Som Imaginário - para tocar em números como Armina e A Matança do Porco - fecha o mapa de referências de Wagner Tiso. Foi na liderança do Som Imaginário que o maestro enriqueceu a obra áurea de Milton Nascimento e que radicalizou na mistura orquestral de jazz e rock. Mas ainda há as presenças do grupos Uakti e Guarda de Moçambique do Divino Espírito Santo - convidados dessa viagem musical pautada pela riqueza dos sons idealizados pelo multifacetado Wagner Tiso. Dez!!

Zé de Riba lança seu primeiro CD, 'Reprocesso'

Compositor e violonista maranhense, projetado em 2001 quando Simone gravou o coco www.sem e o xote Fuga Nº 1 no bom CD Seda Pura, Zé de Riba (foto) está lançando seu primeiro álbum, Reprocesso, que inclui músicas como Moça da Rua, Valente Tupi, Juvenal, Banto, Samba pro Bocato, Desempregado e 1,99 - além dos dois temas lançados por Simone. A faixa-título puxa o disco. Riba aproveita vinda ao Rio de Janeiro - para apresentação na edição 2007 do festival Humaitá pra Peixe, agendada para 13 de janeiro, no Espaço Cultural Sérgio Porto - para promover o CD.

Eminem avaliza seus colegas da Shady Records

Geralmente disposto a dar boa projeção aos seus colegas, a maioria da cena gangsta, o rapper americano Eminem está lançando disco em que avaliza nomes da gravadora Shady Records. Em 22 faixas, Eminem Presents the Re-Up (foto) dá voz a estreantes como Stat Quo e Cashis. Além de pôr o seu nome no álbum, Eminem canta com a galera temas como We're Back e You Don't Know. A faixa-título, The Re-Up, traz duo do rapper com 50 Cent.

3 de janeiro de 2007

Registro de show mostra Mart'nália leve e solta

Resenha de DVD / CD
Título: Mart'nália em Berlim ao Vivo

Artista: Mart'nália
Gravadora: Quitanda / Biscoito Fino
Cotação:
* * * *


Em seu primeiro registro de show, lançado em 2004, a filha de Martinho da Vila se cercou de convidados como Djavan e Zélia Duncan. Neste Mart'nália em Berlim ao Vivo, editado em kit de DVD + CD, a cantora encarou o palco sozinha em terra estrangeira, em ótima apresentação feita durante a Copa da Cultura, na Alemanha, em 16 de junho de 2006. Mart'nália sempre se portou no palco com informalidade. Mas é bem nítida sua evolução em cena. A ponto de, nos extras, ela fazer com Chico Buarque dueto cheio de ginga e (leve) teatralidade nos sambas Sem Compromisso e Deixa a Menina (o número fez parte de show feito pelo compositor no evento, com a intervenção de Mart'nália). Outro dueto, este filmado em estúdio (mas com direito a algumas belas tomadas na praia), junta a cantora a Luiz Melodia em afetiva gravação de Estácio, Holly Estácio, o sucesso de 1972.

Com desenvoltura, Mart'nália desfia roteiro pautado pelas músicas do excelente CD Menino do Rio, editado em fevereiro de 2006. No palco, a assinatura do maestro Jaime Alem - evidente no disco, produzido para o selo Quitanda, de Maria Bethânia - não se faz tão presente. Livre, leve e muito solta, Mart'nália junta Tiro ao Álvaro (Adoniran Barbosa e Oswaldo Molles) e Formosa (Baden Powell e Vinicius de Moraes) com Casa 1 da Vila (Monsueto e Flora Matos), uma das melhores sacadas do bom repertório de Menino do Rio.

Sim, há resquícios do show anterior da artistas em números como Benditas (a bela parceria da artista com Zélia Duncan), Celeuma (bom samba dado por Djavan), Pé do meu Samba (obra-prima de Caetano Veloso que intitulou o disco de 2002 que revelou de fato Mart'nália), Chega (parceria com Mombaça) e o medley que une Alguém me Avisou e Sonho Meu, duas jóias de Dona Ivone Lara. Tudo bem filmado pelo diretor Roberto de Oliveira, que conseguiu captar o jeito simples de ser da artista - uma moleca, até no palco.

Bethânia ganha biografia oficial feita por amigo

Idealizada desde 2001, a biografia - oficial - de Maria Bethânia (em foto de Leonardo Aversa) estaria sendo escrita por Júlio Diniz. Amigo da intérprete, Júlio Diniz é professor e pesquisador musical. Ainda não há data de lançamento - só que, pela proximidade do autor com a artista, é certo que o livro vai aportar no mercado em algum momento, com o devido aval da (arisca) biografada.

DVD reconta verdades óbvias sobre os Stones

Resenha de DVD
Título:
The Rolling Stones

- Truth and Lies
Artista: Rolling Stones
Gravadora: ST2
Cotação: * *

Pelo título de tom meio sensacionalista (em português, Verdades e Mentiras dos Rolling Stones), este DVD da série Rock Files acaba prometendo bem mais do que efetivamente cumpre. O documentário nada elucida de fato sobre o grupo inglês. Ao contrário, apenas reconta verdades (óbvias) ao reconstituir os passos profissionais dos Stones desde 1961, ano da formação da banda, até os dias de hoje. O grande mérito do DVD reside no farto material de arquivo que ilustra a narrativa linear e superficial. São mostradas imagens de tumultos em shows de 1964 e cenas de histeria de fãs. É possível ver também Mick Taylor na entrevista coletiva em que ele foi anunciado oficialmente como o substituto de Brian Jones, cuja morte é abordada de forma muito sucinta. Mas a narrativa segue trivial, passando pela volta de Keith Richards aos tribunais sob acusação de porte de drogas nos anos 70 (problemas enfrentados ainda na década anterior), por cenas de coletivas recentes e culmina com Sir Mick Jagger recebendo um título nobre da realeza britânica. "Os rebeldes de ontem são o sistema de hoje", diz alguém sem importância neste filme feito sem depoimentos dos Stones. A verdade é que o DVD Truth and Lies nada acrescenta aos fãs do grupo, mesmo que não conte mentiras.

14 Bis voa por 'velhos planos' no primeiro DVD

O grupo 14 Bis - foto - vai lançar em 2007 seu primeiro DVD. Gravado em show gratuito no Palácio das Artes (BH), em 23 de dezembro de 2006, o DVD contou com a adesão do multi-instrumentista (mineiro) Marcus Viana nos temas Mesmo de Brincadeira e 14 Bis Instrumental I e II. O roteiro, claro, reuniu todos os hits do quarteto. Entre eles, Planeta Sonho, Todo Azul do Mar e Perdido em Abbey Road. O CD mais recente do 14 Bis, Outros Planos, foi editado em 2004. Músicas deste álbum também entraram no DVD.

2 de janeiro de 2007

Knopfler e Harris estendem parceria para DVD

Sempre associado ao grupo Dire Straits, com o qual viveu fase de auge artístico e comercial nos anos 80, Mark Knopfler se juntou à cantora americana de country Emmylou Harris para gravar o CD All the Roadrunning (2006). A aplaudida parceria em disco rendeu show, captado para o DVD Real Live Roadrunning (foto). Ao repertório do álbum da dupla, Knopfler e Harris acrescentaram no bom roteiro hits dos Dire Straits como So Far Away e Why Worry, do magistral LP Brothers in Arms (1985).

Caixa de DVDs saúda os 80 anos de Tom Jobim

Através do selo Jobim Biscoito Fino, a gravadora Biscoito Fino vai lançar neste mês de janeiro caixa de DVDs para saudar os 80 anos que Tom Jobim (em foto de Ana Lontra Jobim) completaria em 25 de janeiro - se não tivesse morrido em 8 de dezembro de 1994. A caixa inclui três DVDs dirigidos por Roberto de Oliveira em forma de documentário. Águas de Março, narrado por Chico Buarque, recorda a relação carinhosa de Jobim com os temas ecológicos. Ele É Carioca tem narração de Edu Lobo e enfoca a intensa paixão do compositor pelo Rio de Janeiro. Chega de Saudade aborda o nascimento e crescimento da Bossa Nova na voz de Nelson Motta.

Stefani reforça laço com o rap no segundo solo

Resenha de CD
Título:
The Sweet Escape
Artista:
Gwen Stefani
Gravadora:
Interscope

Records
Cotação:
* *

Em 2004, quando debutou na carreira solo com o álbum Love.Angel.Music.Baby., que vendeu 3,8 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, Gwen Stefani começou a deixar para trás seu passado de vocalista do grupo No Doubt. Graças ao êxito de Hollaback Girl, faixa gravada com a colaboração da dupla de produtores The Neptunes, Stefani mostrou que poderia brilhar sozinha. Tanto que é na linha daquele single que a cantora volta à cena com seu segundo disco solo, The Sweet Escape. Em vez do electropop que dominava o álbum anterior (apesar do flerte com o hip hop), Stefani reforça a parceria com The Neptunes e estreita laços com o rap. Mas nem o recrutamento de Tony Kanal - velho companheiro do No Doubt - consegue salvar o disco. Além de não se impor no mundo do rap, Stefani ainda soa como xerox apagada de Madonna em músicas como 4 in the Morning e Wonderful Life.

Ao se aproximar mais do hip hop, Stefani perde sua identidade e passa a se parecer com dezenas de outras cantoras americanas que transitam pelo mesmo universo de rap e r & b. Em ascensão nos EUA. o rapper senegalês Akon dá uma força na faixa-título. Uma das quatro músicas produzidas pelos Neptunes, Wind It Up tenta ser original ao mixar rap com música do filme A Noviça Rebelde. Mas temas como Fluorescent bem poderiam estar num disco de Mariah Carey ou ainda de Beyoncé Knowles. Gwen Stefani precisa voltar a ser Gwen Stefani. Ainda que isso signifique pouco.

CD solo de Dadi sai com Caetano, Rita e Marisa

Gravado desde 2002, o primeiro disco solo de Dadi será - enfim - lançado no mercado brasileiro, em março, pelo selo carioca Ping-Pong. Já editado no Japão em 2005, o disco conta com as participações de Rita Lee (na faixa Na Linha e na Lei, parceria de Rita com Caetano Veloso, veiculada na trilha sonora da novela Prova de Amor), Marisa Monte (em Da Aurora até o Luar) e do admirador Caetano Veloso (em No Coração da Escuridão, parceria de Dadi com Jorge Mautner). O baixista de grupos como Novos Baianos e A Cor do Som arrisca soltar a voz miúda em temas compostos com Arnaldo Antunes. Entre eles, 2 Perdidos, Se Assim Quiser, Bandeira Clara e Imaginado (com a adição de Domenico). Já Alvo Certo apresenta André Carvalho na co-autoria. Outra faixa do solo de Dadi é 70's.

1 de janeiro de 2007

Em harmonia, Cale e Clapton celebram o blues

Resenha de CD
Título: The Road to

Escondido
Artista: JJ Cale

& Eric Clapton
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Autor de Cocaine e de After Midnight, dois clássicos do repertório de Eric Clapton, JJ Cale se une ao colega guitarrista neste disco embebido em blues e temperado com pitadas de country em músicas como Dead End Road e Ride the River. A combinação das vozes resulta natural e harmoniosa - ainda que o álbum pareça mais de Cale do que de Clapton. Talvez pelo fato de JJ Cale assinar 11 das 14 músicas. As exceções são Sporting Life Blues (Brownie McGhee), Three Little Girls (Eric Clapton) e Hard to Thrill, parceria de Clapton com John Mayer, convidado da faixa. Cada vez mais íntimo do blues, Mayer marca presença no ótimo disco, mas The Road to Escondido, a despeito dos numerosos músicos que fazem participação especial, parece talhado para realçar as afinidades entre Cale e Clapton. E eles celebram o universo do blues, e do rock, em duetos refinados.

Os álbuns psicodélicos de Ronnie são reeditados

A gravadora Universal Music vai reeditar em 2007 discos raros de Ronnie Von que vão surpreender quem associa o cantor à imagem de príncipe da Jovem Guarda. Pois, entre 1969 e 1970, o príncipe fugiu de seu castelo e pegou a onda psicodélica da época em três discos que viraram peças de colecionador. Dois dos três - Ronnie Von (1969, capa à esquerda) e A Máquina Voadora (1970) - voltarão ao catálogo em pacote completado por Ronnie Von, disco mais convencional de 1966 que fez sucesso com Meu Bem, versão de Girl. As reedições já estão programadas para abril.

Gravados sob a efervescência tropicalista, Ronnie Von - o álbum de 1969 que destacou a incrível faixa Silvia: 20 Horas, Domingo - e A Máquina Voadora mereciam mesmo reedições para jogar luz sobre essa fase lisérgica de Ronnie e motivar uma reavaliação da (subestimada) discografia do artista. Pena que o pacote exclua A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre contra o Império do Nuncamais - título de 1969 que completa a trilogia psicodélica do ousado príncipe. Ainda assim, vale a pena esperar pelas reedições.

Jitsu faz quinto CD com o irmão de Calcanhotto

Irmão de Adriana Calcanhotto, o baterista Cláudio Calcanhotto é o novo integrante da banda gaúcha Comunidade Nin-Jitsu (foto) e já grava o quinto disco do grupo. O lançamento está previsto para o primeiro semestre. Uma das faixas do álbum, Mais Pressão, já foi disponibilizada pela banda - para download gratuito - em seu site oficial (http://www.cnj.com.br). Vale dar uma conferida na faixa!!

Que venha 2007 com Vanessa, Maria, Djavan...

Já é 2007! E que o ano novo venha com muitos discos de inéditas! Maria Rita (foto) vai lançar seu terceiro, muito provavelmente em setembro, mês em que completará 30 anos. A propósito, Vanessa da Mata também vai apresentar seu terceiro CD. E Djavan já grava repertório inédito em seu estúdio no Rio. Já Adriana Calcanhotto também deverá lançar álbum com sua atual safra de composições. Sem falar em Fagner, Capital Inicial, Ira!, Nana Caymmi etc. Enfim, 2007 promete! E que seja regido por música da melhor qualidade!

31 de dezembro de 2006

Retrô 2006 - Discos que se destacaram no ano

Ano marcado por bons discos de inéditas, apesar do regular fluxo de DVDs e CDs ao vivo, 2006 viu nascer trabalhos antológicos. A relação que se segue não é a de melhores do ano - algo bastante subjetivo e passível de contestação por qualquer ouvinte que pense diferente - mas de discos que, na opinião deste blogueiro, se destacaram no ano e se impuseram entre os melhores da obra de seus respectivos intérpretes. Com a ressalva de ser uma lista curta e objetiva. Fosse mais completa, bem poderiam estar nela CDs de Mart'nália, Mariana Aydar, Mariana Baltar etc. E que venha 2007!

CDs nacionais
1) Infinito Particular / Universo ao meu Redor - Marisa Monte
2) Mar de Sophia / Pirata - Maria Bethânia
3) Acariocando - Ivan Lins
4) Forró pr'as Crianças - Zé Renato e vários artistas
5) Duos II - Luciana Souza

CDs internacionais
1) FutureSex / LoveSounds - Justin Timberlake
2) Modern Times - Bob Dylan
3) The Captain and the Kid - Elton John
4) St. Elsewhere - Gnarls Barkley
5) Back to Basics - Christina Aguilera

Retrô 2006 - Historiador invadiu palácio do Rei

Chegou às livrarias - em 1º de dezembro - uma das melhores (e mais polêmicas) biografias de um astro brasileiro. Em 504 páginas, Roberto Carlos em Detalhes (foto) esmiúçou a vida e a obra do cantor mais popular do país. Coube ao historiador baiano Paulo Cesar de Araújo invadir o palácio do Rei para desvendar pontos nebulosos de sua bela e, sim, heróica trajetória.

Avesso a exposições de sua vida privada, inclusive para manter irretocada a imagem criada de bom moço, Roberto Carlos chiou e protestou publicamente contra a biografia na entrevista coletiva concedida para divulgar o lançamento do CD e DVD Duetos. Na ocasião, o cantor revelou ter acionado seu advogados para agir "dentro da lei" contra o livro escrito por Araújo após 16 anos de entrevistas e pesquisas. Por ora, nenhuma ação judicial retirou o livro do mercado, para a alegria de curiosos súditos e não-súditos.

Em narrativa (muito) reverente à obra de Roberto Carlos, Araújo reconstituiu os primeiros passos profissionais do cantor na cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) sem esquecer de detalhar o acidente de trem que provocou a perda da parte inferior da perna direita de Roberto, em 29 de junho de 1947 - triste episódio a que o artista se referiu de forma cifrada em músicas dos anos 70 como Traumas e O Divã. Os tempos difíceis no Rio de Janeiro, quando o cantor batalhava por um lugar em rádios e gravadoras, também são revividos. Araújo revela que Roberto foi visto (e aprovado) por João Gilberto quando dava expediente na Boate Plaza. Mas o aval do papa da Bossa Nova não impediu o artista iniciante de ser recusado por quase todas as gravadoras. E de ter enfrentado forte resistência da elite universitária quando estourou e foi acusado (mesmo por colegas famosos!!!) de ser contra a música brasileira.

Com o argumento de que a obra de Roberto Carlos é o espelho de sua vida, o historiador fez entrar em cena namoradas como Magda Fonseca, musa de Quero que Vá Tudo pro Inferno, música de 1965 que sedimentou a carreira do cantor. Araújo desvendou as farras sexuais da turma da Jovem Guarda e mostrou como o Rei soube se desvincular do movimento na hora certa para iniciar a transição para o estilo romântico que o entronizaria (definitivamente) na preferência popular, a partir dos anos 70. Foi uma brasa, mora??

Além de esmiuçar a gênese e a repercussão de canções famosas (Jesus Cristo, de 1970, traria problemas ao cantor até dentro da Igreja católica) e de detalhar o rico processo de composição de Roberto com Erasmo Carlos, seu fiel parceiro e irmão camarada, Araújo entra em terreno bem pessoal no capítulo Amante à Moda Antiga. É quando dominaram a narrativa namoradas como Silvia Amélia e, novamente, Magda Fonseca, provável musa inspiradora de Detalhes, outra canção emblemática do Rei. Detalhe de alcova.

O biógrafo mostrou que a separação de Nice, a primeira mulher de Roberto, em março de 1978, não foi tão amigável como retratada pela imprensa da época. O artista teria saído de casa após briga e, dias depois, comunicado a Nice (morta de câncer em 1990) sua decisão de dissolver o casamento por um oficial de Justiça. Em contrapartida, foi a atriz Myrian Rios, segunda esposa do cantor, que pediu a separação em decisão que - avalia ela em entrevista ao historiador - foi precipitada. A atriz revelou que se sentia tolhida.

Acima de tudo, Araújo mostra como a história de Roberto Carlos foi sendo marcada por dores e superações. A luta para manter a visão do filho Roberto Carlos Braga II, o Dudu, foi marcada pela perseverança que se repetiria no enfrentamento do câncer de Maria Rita, última mulher de Roberto, derrotada pela doença em 1999. Enfim, Roberto Carlos em Detalhes é leitura essencial para quem quer entender o homem que sempre se escondeu sob os olhos tristes do mito. Corra às livrarias enquanto é tempo...

Retrô 2006 - A obra de Bethânia voltou às lojas

Por conta da festa dos 60 anos de Maria Bethânia (foto), feitos em 18 de junho, admiradores da cantora puderam - enfim - completar a ótima discografia da Abelha Rainha em CD com reedições decentes. Por uma bela iniciativa do pesquisador Rodrigo Faour, as gravadoras Universal Music, EMI e Sony BMG reeditaram 33 discos da artista.

Em julho, a EMI relançou - em embalagens digipack - quatro dos cinco títulos de Bethânia que pertencem ao seu acervo (o duplo Imitação da Vida foi prometido, mas não ganhou efetivamente uma reedição). Em agosto, chegaram às lojas em valiosa coleção intitulada Viva Bethânia! os 22 títulos da artista gravados na companhia hoje denominada Universal Music. Eram os discos mais esperados. Todos já tinham sido relançados em CD com as capas originais, na primeira metade dos anos 90, mas acabaram desaparecendo das lojas e a maioria nunca mais foi reeditada. Fãs da artista puderam, enfim, comprar reedições remasterizadas de álbuns fundamentais como A Tua Presença... (1971), Rosa dos Ventos (1971), Drama (1972), Drama 3º Ato (1973), A Cena Muda (1974), Pássaro Proibido (1976), Pássaro da Manhã (1977), Talismã (1980), Alteza (1981), Ciclo (1983), A Beira e o Mar (1984) e Olho d'Água (1992). Cada disco trouxe um texto sobre sua gênese. Pena que nenhum tenha vindo com faixas-bônus extraídas de compactos e de LPs que contaram com a participação de Bethânia na época. Faltou mais empenho de Faour nessa parte.

Por fim, a Sony BMG repôs em catálogo os sete títulos de Bethânia que pertencem ao seu acervo, sem o cuidado de remasterizá-los. Em compensação, veio no lote da Sony a maior preciosidade dos relançamentos: Maria Bethânia Canta Noel Rosa e Outras Raridades, disco que reuniu fonogramas de compactos e discos avulsos da artista, com a devida reprodução das capas. Essencial!!

Em novembro, Bethânia fechou majestosamente com chave de ouro este ano especial ao lançar dois de seus melhores discos, Mar de Sophia e Pirata, ambos entre os destaques deste 2006.

Retrô 2006 - CDs novos e antigos dos Mutantes

Na música, 2006 entrou para a história como o ano em que os Mutantes voltaram à cena. No embalo de rumores sobre a reunião do grupo, a gravadora Universal relançou já no fim de janeiro os sete álbuns feitos pela banda entre 1968 e 1973. Os discos já haviam sido reeditados em CD em 1992, só que sem a devida remasterização. Se as fichas técnicas tivessem sido revisadas, as atuais reedições teriam sido impecáveis, à altura da biografia histórica desse conjunto paulista.

Em 11 de abril, quando a notícia da volta do grupo já havia sido (oficialmente) confirmada, Zélia Duncan foi anunciada como a vocalista que substituiria Rita Lee, depois de Fernanda Takai ter sido descartada por Sérgio Dias Baptista e de Rebeca Matta ter sido recusada nos ensaios iniciais, dos quais chegou a participar Liminha, que acabaria deixando o grupo antes do show feito em Londres, em maio, dentro de evento em tributo a Tropicália. O registro integral do espetáculo foi editado em novembro em DVD e em CD duplo, com som fiel à época áurea dos Mutantes com Rita Lee. Um disco de inéditas já está prometido para 2007 ou 2008...

Retrô 2006 - Achado de Ceumar e Dante Ozzetti

Cantora mineira, radicada em São Paulo desde 1995, Ceumar já tinha mostrado muito talento e personalidade vocal em seus dois primeiros discos, Dindinha (2000) e SempreViva! (2003). Com Achou!, CD editado em julho, ela confirmou suas qualidades em trabalho dividido com o compositor, arranjador e violonista Dante Ozzetti, autor das 12 músicas do álbum, em parceria com colegas como Chico César (Saia Azul), Zeca Baleiro (Partidão), Zélia Duncan (Parei Querer) e Luiz Tatit (seis das 12 composições, com destaques para a sedutora faixa-título e para o xote Pra Lá).

Defendida por Ceumar e Dante em Festival da TV Cultura, a faixa-título foi o ponto de partida para a gravação de Achou! - um dos melhores álbuns de 2006 pelo repertório gracioso (quase todo composto para o projeto), pela sonoridade acústica dos arranjos de Dante e pela voz límpida de Ceumar. Cheio de referências (A Tardinha cita um verso de O Barquinho) e de achados poéticos e melódicos, o CD foi feito com o luxuoso auxílio do trombone de Bocato e dos violões de Swami Jr. e Tuco Marcondes. Foi luxo só!!

Com vivacidade, Ceumar passeou tanto por samba (Praga) quanto por frevo (Lenha na Quentura), sem sair do tom nas dissonâncias de temas como Parte B, parceria de Dante com Alzira Espíndola. Dante fez dueto com a cantora em Visões, parceria com Tatit. E o fato é que Achou! teve tudo para consolidar a carreira de Ceumar e para atestar que o talento de Dante Ozzetti como compositor e arranjador também transparece fora do trabalho feito por ele com sua irmã, Ná Ozzetti. Vale repetir: foi um dos grandes CDs do ano!!!