10 de fevereiro de 2007

'Laranja Mecânica' inspira título do Tianastácia

Gestado em temporada em sítio mineiro, o sétimo álbum do grupo Tianastácia, Orange 7, tem título inspirado no livro e no filme Laranja Mecânica. O quinteto (em foto de Kelsen Fernandes) agregou os teclados de Ruben de Souza ao inédito repertório de 10 músicas. Entre elas, baladas (Ao meu Lado, O Grito, Em Primeiro Lugar Amor), rocks (Tatuagem, 1 Segundo, Luz do Sol), pop de tom radiofônico (Minha Sorte) e até tema instrumental (Circus). Vale lembrar que o último hit do Jota Quest, O Sol, é canção da lavra do Tianastácia, regravada pelo grupo de Rogério Flausino.

Da Lua agrega Martinho, Donato, Bi e Barone

Produtora de Marcelinho Da Lua, Gilda Mendes registrou em foto, no estúdio da gravadora Deckdisc, o encontro do DJ e produtor com Martinho da Vila, João Donato e os paralamas Bi Ribeiro e João Barone. Da Lua agrega a turma em seu segundo disco solo, Social. O sambista pôs voz na releitura de Plim-Plim, música de seu segundo disco, Meu Laiáraiá, editado em 1970. Já Donato, Bi e Barone tocam na faixa Samba Dia. Outro convidado do álbum, B Negão participa de Fundamental. Social sai neste semestre. Ela Partiu, de Tim Maia, puxa o CD - com a adesão do grupo Ultramen.

Show em tributo a Mãe Menininha virará DVD

A produtora Bahia Cinema e Vídeo vai filmar o show que será realizado neste sábado, 10 de fevereiro de 2007, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), em tributo a Mãe Menininha do Gantois, a ialorixá mais famosa da Bahia (e do Brasil). A intenção é lançar em DVD o show Mãe Menininha - Mãe Oxum, que vai reunir nomes como Caetano Veloso, Daniela Mercury, Gal Costa, Gerônimo, Márcia Short, Maria Bethânia e Mariene de Castro. No repertório, músicas como Iansã, Olhos nos Olhos e Oração à Mãe Menininha. Se não tivesse morrido em agosto de 1986, aos 92 anos, a ialorixá Escolástica Maria da Conceição Nazaré completaria hoje 113 anos.

Hamilton toca Caymmi e Orestes na intimidade

Exímio bandolinista, Hamilton de Holanda regrava músicas de Dorival Caymmi (O Bem do Mar) e Orestes Barbosa (Chão de Estrelas, a célebre parceria com o cantor Silvio Caldas) em seu novo álbum, Íntimo, que tem lançamento previsto para abril pela Deckdisc. O músico (em foto de André Abraão) é o autor de temas como Gratitude e Amor Saudade Amor. O título do disco nasceu do fato de Hamilton ter idealizado o repertório (que inclui o Samba do Sono, de Paulo Jobim e Ronaldo Bastos) na intimidade dos quartos de hotéis, entre um show e outro ao redor do Brasil. O músico toca Noel Rosa (Feitiço da Vila), Tom Jobim (Luíza), Chico Buarque (Beatriz, com Edu Lobo) e Cartola (As Rosas Não Falam).

9 de fevereiro de 2007

'Songbook' tem a jovialidade do centenário frevo

Resenha de CD
Título:
100 Anos de Frevo

- É de Perder o Sapato...
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Formatado ainda no século XIX, com células rítmicas de polca e dobrado que se ajustaram às coreografias dos foliões da periferia pernambucana, o frevo teve sua certidão de nascimento lavrada oficialmente com a data de 9 de fevereiro de 1907, dia em que o nome frevo apareceu pela primeira vez na imprensa local. Já são, portanto, cem anos e cem carnavais que se festejam hoje e - entre discos de compositores conhecidos apenas no circuito de Recife e arredores (André Rios, Claudionor Germano, Getúlio Cavalcanti e J. Michiles) - um imponente álbum duplo, 100 Anos de Frevo - É de Perder o Sapato..., é lançado nesta festiva sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007, pela Biscoito Fino para festejar o centenário do ritmo. Somente a ousada abordagem sinfônica do maior clássico do gênero, Vassourinhas, em peça erudita intitulada Fantasia Carnavalesca, já justificaria o interesse pelo disco. Só que um segundo CD - o primeiro, instrumental, é tocado pela Spok Frevo Orquestra - vai angariar fãs além do circuito pernambucano por trazer gravações inéditas de artistas como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Maria Rita, Edu Lobo, Geraldo Azevedo e Luiz Melodia.

Se Gil mostra vivacidade rítmica em Micróbio do Frevo (Genival Macedo), Bethânia dá a dose exata de melancolia para Frevo nº 1 (Antônio Maria), obra-prima do gênero pela estonteante beleza melódica. Com leveza, Maria Rita defende Valores do Passado (Edgard Moraes) enquanto Lenine revive Energia (Lula Queiroga), sucesso de Elba Ramalho em 1984. Intérprete vivaz talhada para o gênero, Elba - a propósito - reafirma a intimidade com o ritmo em Frevo Rasgado (Gilberto Gil e Bruno Ferreira). Da mesma forma que, claro, Alceu Valença fica em casa em Homem da Meia-Noite, boa parceria do elétrico Alceu com Carlos Fernando, produtor do álbum. Surpresa - de certa forma - é a fluência com que a voz de Ney Matogrosso se situa no andamento acelerado de Me Segura que Senão Eu Caio (J. Michiles). Outra estranha no festivo ninho pernambucano, Vanessa da Mata realça a modernidade de um frevo mais ousado de Capiba, De Chapéu de Sol Aberto, enquanto Luiz Melodia aveluda Último Regresso, jóia de Getúlio Cavalcanti.

Cria de Pernambuco, Silvério Pessoa nunca deixa o ritmo cair em Atrás do Trio Elétrico, o irresistível tema de Caetano Veloso que inseriu a Bahia no mapa do frevo. Intérpretes da terra natal do gênero, Antônio Nóbrega (Evocação nº 1, jóia do craque Nelson Ferreira), Nena Queiroga (Bom Danado), Geraldo Maia (Frevo nº 3) e Claudionor Germano (Madeira que Cupim Não Rói) conferem real legitimidade a este songbook jovial como o centenário ritmo.

Duas de Caetano valorizam a trilha de 'Ó Paí, Ó'

Resenha de CD
Título: Ó Paí, Ó

- Trilha sonora do filme
Artista: Caetano Veloso,

Jauperi e outros
Gravadora: Natasha
Cotação: * * *

Se a trilha de Antônia propaga o rap que domina as favelas, a seleção musical de Ó Paí, Ó - filme de Monique Gardenberg que estréia em março - está baseada na efervescência rítmica do batuque afro-pop-baiano (a trama é uma adaptação de várias histórias encenadas pelo grupo de teatro do Olodum). Duas inéditas de Caetano Veloso valorizam a trilha sonora, já lançada em disco. Sucesso na Bahia, Ó Paí, Ó é um frevo com energia de axé que junta as vozes de Jauperi (em primeiro plano) e do compositor. Canto do Mundo, a outra inédita, é uma delicada canção entoada apenas por Caetano. Entre fonogramas antigos de nomes baianos como Ilê Aiyê (Adeus Bye Bye, com a participação de Daúde) e Mariene de Castro (Ilha de Maré), o CD apresenta nova releitura de Protesto do Olodum (E Lá Vou Eu) nas vozes de Daniela Mercury, Margareth Menezes e Tatau. O trio opta por ralentar o ritmo deste sucesso do bloco afro. Já Lázaro Ramos se arrisca como cantor em Vem meu Amor (hit da Banda Eva na fase de Ivete Sangalo) sem brilho, mas também sem comprometer o álbum. Já Jauperi, além da faixa-título, revive a linda É d'Oxum, parceria de Gerônimo com Vevé Calazans, já gravada com mais requinte por Elba Ramalho e Gal Costa. No todo, o batuque é bom.

Antenada, Elba grava Brown, João e Pedro Luís

Samba de João Nogueira com Paulo César Pinheiro, hit de Clara Nunes em 1977, As Forças da Natureza ganha regravação de Elba Ramalho em seu 25º CD, intitulado Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? e pilotado por Lula, Tostão e Yuri Queiroga com base em conceito pré-formatado por Lenine com a própria Elba. Entre as 16 faixas, há inédita de Pedro Luís (Os Beijos, em parceria com Ivan Santos) e músicas de Geraldo Azevedo (Novena), Carlinhos Brown (Argila, do primeiro disco solo do artista), Lenine (Trânsito, com letra de Arnaldo Antunes), Jorge Ben Jor (Ave Anjos Angelis, do CD Homo Sapiens, lançado pelo compositor em 1995) e Alceu Valença (A Dança das Borboletas, parceria com Zé Ramalho). O produtor Lula Queiroga assina Conceição dos Coqueiros, Último Minuto e a inédita Dois pra Sempre. Na foto de Rogério Resende, flagrante de Elba em estúdio. O disco será lançado neste semestre.

Em tempo: a gravação do DVD em Trancoso (BA) - prevista para 2 de março - foi adiada por Elba para abril, por problemas técnicos.

'Antônia' tem cacife para sobreviver fora da tela

Resenha de CD
Título: Antônia - Trilha sonora do filme e da minissérie
Artista: Cindy, Leilah Moreno, Negra Li e Quelynah
Gravadora: Som Livre
Cotação:
* * *

Em latim, Antônia quer dizer, entre outros significados, guerreira famosa. É nome adequado para designar o fictício grupo musical que batiza o filme de Tata Amaral - em circuito nacional a partir desta sexta-feira, 9 de fevereiro, no embalo do sucesso da série de TV exibida pela Rede Globo em 2006 (já com segunda temporada garantida em 2007). Antônia, o grupo, é formado pelas cantoras-atrizes Negra Li, Leilah Moreno, Quelynah e Cindy - guerreiras da batalha da vida real e presenças dominantes nas 20 faixas do CD que traz a trilha de Antônia (já nas lojas desde o final de janeiro).

Antônia, o disco, traz o mix de rap, soul, funk e r & b que ecoa com força nos bailes da periferia. Se o molde da mistura vem da música americana, as letras retratam a realidade nacional e as lutas do cotidiano das comunidades - batalhas árduas dentro e fora da ficção. O álbum põe em evidência as vozes poderosas das quatro cantoras, que, com exceção de Negra Li, eram conhecidas apenas no universo do rap antes da exibição da série. E o quarteto soa vitorioso. Juntas, as intérpretes mostram rara interação como cantoras e compositoras de temas como Flow, Quanto Vc Quer e Antônia (que abre a trilha, numa versão remixada por Periférico).

Produzido por Beto Villares, com a colaboração de ícones do hip hop nacional como Parteum e Thaíde (também presente no elenco do filme), o CD fecha com sucesso do primeiro LP solo de Hyldon, Na Sombra de uma Árvore, canção ouvida na voz do compositor, curiosamente também presente em Cidade de Deus, outro filme que abordou a realidade de uma comunidade sob a perspectiva do crescimento da violência. A coincidência valoriza o (bom) cantor.

Sem ignorar a expansão da violência, Antônia, o filme, mostra com delicadeza o universo da periferia (no caso, a paulista) com a música sempre em primeiro plano. Há cenas encantadoras como a que mostra a interpretação de Cindy, Leilah, Negra e Quelynah para Killing me Softly with his Song. O sucesso de Roberta Flack em 1973 - rebobinado por Lauryn Hill, musa do hip hop norte-americano nos anos 90, a bordo do trio Fugees - está reproduzido no CD na versão quase a capella inserida com muita propriedade na trama. Sem as bases típicas do rap, a faixa é a prova definitiva de que o grupo Antônia tem força para sobreviver fora da tela e atesta o poderio vocal das quatro cantoras-atrizes, batalhadoras vitoriosas neste duro campo de guerra que é a indústria do disco...

8 de fevereiro de 2007

Banda de Albarn lança CD e grava com Massive

Paralelamente ao projeto Gorillaz, Damon Albarn (do grupo Blur) lançou em 22 de janeiro o primeiro álbum de estúdio de sua nova banda, The Good, the Bad & the Queen, cujo CD homônimo (foto) destaca faixas como Herculean e History Song. Nem bem surgiu na cena pop, o quarteto - formatado por Albarn com o guitarrista Simon Tong (The Verve), o baterista nigeriano Tony Allen e com o baixista Paul Simonon (The Clash) - já foi convidado a participar do próximo álbum do Massive Attack, Weather Underground.

Produzido por Danger Mouse, o CD The Good, the Bad & the Queen versa principalmente sobre Londres e traz no repertório temas melancólicos e (até) psicodélicos como Green Fields. Vale lembrar que a capital inglesa já inspirou a obra-prima do Clash, London Calling. Ao lado do baixista do Clash, Albarn fez disco climático pontuado por ótimas letras. Vai sair no Brasil em março.

Trilha de 'Dreamgirls' projeta Jennifer Hudson

Resenha de CD
Título: Dreamgirls
Artista: Vários
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *


Era para o musical americano Dreamgirls - que vai estrear no Brasil em 16 de fevereiro - coroar a trajetória de Beyoncé Knowles na música e, claro, no cinema, mas quem vem roubando a cena, inclusive na ótima trilha sonora, é Jennifer Hudson, cria do programa American Idol. O material cantado em tom bem alto pelo elenco - Anika Noni Rose, Jamie Foxx e Eddie Murphy, além de Beyoncé e Hudson - respeita as tradições do soul e do rhythm and blues das décadas de 60 e 70 (o filme é baseado oficiosamente na ascensão e queda do trio The Supremes). Embora os números coletivos - Cadillac Car, Steppin' to the Bad Side e Dreamgirls, entre outros - sejam especialmente vibrantes, a supremacia vocal da novata Hudson fica evidente em solos como I Am Changing e One Night Only. Beyoncé tem lá seu momento na emocional Listen. E Jamie Foxx - que já interpretou brilhantemente Ray Charles no filme Ray - está muito à vontade na defesa de números como a balada When I First Saw You. Até Eddie Murphy, que encara no filme uma espécie de James Brown, deita e rola na trilha. No todo, o álbum é cativante, mas indicado (somente) para os fãs de soul e de r & b. Os tons são altos demais...

Sideral tenta de novo e grava quarto CD em BH

Compositor que ainda não obteve o sucesso a que faz jus por conta da pegada pop de suas músicas, Wilson Sideral - irmão de Rogério Flausino - está gravando seu quarto CD em Belo Horizonte (MG), no estúdio da banda Jota Quest. Sideral (em foto de Weber Pádua) apresenta doze inéditas entre dois covers de hits do pop brasileiro no álbum por ora intitulado Sideral 4. O artista mineiro divide a produção com Rubem de Souza. O lançamento acontece em 2007.

Sandra de Sá apronta disco que trará Seu Jorge

Quatro anos depois de ter gravado um disco ao vivo que não fez jus ao título Música Preta Brasileira, Sandra de Sá (em foto de Lívio Campos) prepara sua volta ao mercado fonográfico com CD que traz Seu Jorge entre os convidados. A cantora já gravou onze faixas e planeja arrematar o álbum neste semestre para lançá-lo ainda em 2007, no embalo de sua estréia nos cinemas, como atriz, no filme Antônia, no qual vive uma evangélica, mãe de Preta, a personagem vivida pela rapper Negra Li. Que venha então o disco!

7 de fevereiro de 2007

EMI relança de novo acervo de Carmen Miranda

Onze anos depois de embalar suas 129 gravações de Carmen Miranda em caixa com cinco CDs, a gravadora EMI reedita o acervo da Pequena Notável em curta série de quatro CDs apresentada por Ruy Castro, biógrafo da cantora. Desta vez, somente 64 gravações feitas pela artista para a já extinta Odeon voltam ao catálogo. O primeiro disco, Carmen Canta Sambas (foto), reúne hits como Adeus Batucada e Uva de Caminhão. Já o disco 2, Os Carnavais de Carmen, prioriza as marchinhas. O terceiro volume, Carmen no Cassino da Urca, traz 16 gravações -realizadas entre 1937 e 1940 - de músicas que a cantora interpretava em apresentações no célebre cassino carioca. Por fim, o CD 4, Carmen Canta Ary Barroso, reúne apenas músicas do compositor de No Tabuleiro da Baiana, Na Baixa do Sapateiro, Eu Dei... e Boneca de Pixe. E só.

Biografia detalhada do 'Rei' permanece à venda

Roberto Carlos perdeu a primeira batalha de uma guerra judicial que promete ser longa e árdua. O juiz Tércio Pires negou o pedido do Rei para retirar das livrarias a biografia Roberto Carlos em Detalhes (foto), escrita pelo historiador Paulo Cesar de Araújo e lançada em 1º de dezembro. A decisão é sensata. O direito de Roberto Carlos proibir a comercialização do livro termina onde começa o direito do autor de escrever com seriedade uma obra que, em essência, apenas desvenda o processo de criação e sedimentação de uma obra que é a alma do Brasil. O cantor alega invasão de privacidade, mas o fato é que o maior mérito de Araújo foi ter feito extensa e detalhada pesquisa sobre o que a imprensa já publicou sobre o artista. Houve um avanço em relação ao material pré-existente por conta do trabalho de reportagem iniciado já há mais de 15 anos pelo autor. Mas, a rigor, nada depõe contra o Rei nas páginas de Roberto Carlos em Detalhes. Araújo até peca em alguns capítulos por um excesso de devoção que nem o deixou perceber o quanto o repertório do compositor perdeu qualidade nos últimos anos. A batalha judicial está apenas começando. Mas é bom sinal o parecer inicial do juiz. Afinal, se há centenas de livros sobre Bob Dylan, por exemplo, por que não poder haver um sobre Roberto Carlos?! Seria um avanço se a Justiça compreender assim.

Macy Gray junta Justin, Fergie e Cole em 'Big'

Em seu próximo CD de inéditas, Big, a cantora e compositora Macy Gray (foto) agrega nomes como Justin Timberlake, Natalie Cole e o rapper Nas - além de will.i.am e de Fergie, integrantes do quarteto Black Eyed Peas. O lançamento está programado para este semestre. O último disco de Gray foi uma coletânea que encerrou seu contrato com a major Sony BMG.

Selo Revivendo festeja os 100 anos de Braguinha

Se não tivesse saído de cena, em 24 de dezembro de 2006, o compositor João de Barro, o Braguinha, iria completar 100 anos em 29 de março. O antenado selo Revivendo festeja o centenário do autor de Pirata da Perna de Pau com a providencial coletânea 100 Anos de Alegria. A compilação (foto) traz 20 gravações de músicas do compositor nas vozes de Mário Reis (Uma Andorinha Não Faz Verão e Linda Mimi), Emilinha Borba (Corre Corre Lambretinha e o hit Chiquita Bacana), Carmen Miranda (Balancê), Dircinha Batista (Pirata) e Almirante (Moreninha da Praia, Touradas em Madrid e Deixa a Lua Sossegada), entre outros nomes da geração de João de Barro. Os registros, raros, foram feitos entre 1933 e 1957. Há marchas já esquecidas como Trenzinho do Amor - em gravação de 1937 feita por Aurora Miranda - e Maria, Acorda que É Dia (de 1936, com a dupla Joel e Gaúcho). Outra do baú é Dama das Camélias (1940).

6 de fevereiro de 2007

'Introducing Joss Stone' chega em 20 de março

O terceiro álbum de Joss Stone, Introducing Joss Stone (foto), tem lançamento mundial reagendado para 20 de março. No CD, a cantora inglesa de soul canta com Lauryn Hill em Music e com o rapper dos EUA Common em Tell me What We're Gonna Do Now. Produzido por Raphael Saadiq, que toca baixo em algumas faixas, o disco foi gravado nas Bahamas e mixado em Nova York (EUA). Entre as 14 faixas, Vinny Jones Intro, Girls You Won't Believe It, Head Turner, Put your Hands on me Baby, I Wish, Cash me, Not Real Love, What We Were Thinking e In the Arms of my Baby. 10!

Warner reedita coletânea seminal do Green Day

Com o upgrade do Green Day no mercado fonográfico, por conta do estouro do álbum The American Idiot, a Warner Music está relançando neste início de ano, em escala mundial, uma compilação que tem status e peso de primeiro álbum do trio americano. A coletânea 1,039 / Smoothed out Slappy Hours (foto) foi lançada originalmente em 1991 com reunião do repertório de EPs editados pela banda entre 1989 e 1990. Entre 19 faixas de pegada punk, há Dry Ace, At the Library, Don't Leave me e Only of You.

Arctic Monkeys lança segundo álbum em abril

O segundo álbum do quarteto britânico Arctic Monkeys (foto), Favourite Worst Nightmare, tem o seu lançamento mundial agendado para 23 de abril. O primeiro single, Brianstorm, vai ser lançado apenas uma semana antes, em 16 de abril. Pela ordem, as 12 faixas do CD são Brianstorm, Teddy Picker, D Is for Dangerous, Balaclava, Fluorescent Adolescent, Only Ones Who Know, Do me a Favour, This House Is a Circus, If You Were There, Beware, The Bad Thing, Old Yellow Bricks e 505. Eleita a sensação britânica em fins de 2005, o grupo mostrou o seu primeiro álbum - Whatever People Say I Am, That's What I'm Not - em janeiro de 2006.

Natalie dribla previsibilidade em CD de 'covers'

Resenha de CD
Título: Leavin'
Artista: Natalie Cole
Gravadora: Verve

/ Universal Music
Cotação: * * *


Vigésimo título da discografia da boa filha de Nat King Cole, Leavin' é - a rigor - um disco de covers. Natalie Cole recria músicas de Neil Young (Old Man) e dos Isley Brothers (Don't Say Goodnight - It's Time for Love), entre outros nomes. Entre erros (como tentar reproduzir a pegada rock de Fiona Apple, autora de Criminal) e acertos (como adicionar imponente coro gospel em The Man with the Child in his Eyes, de Kate Bush), a cantora quase sempre consegue driblar a previsibilidade de projetos do gênero. É fato que soa como mera crooner de hits alheios em You Gotta Be (hit de Des'ree nos anos 90), mas é certo também que exibe forma vocal exuberante na balada Lovin' Arms (Tom Jans) e que transita muito bem pelo universo do r & b em faixas como Day Dreaming (clássico do cancioneiro de Aretha Franklin) e The More You Do It (The More I Like It Done to me). Outros acertos do álbum são a faixa-título (um soul luminoso de Shelby Lynne) e a única inédita do repertório, 5 Minutes Away, de ótimo nível. Leavin' poderia ser corriqueiro disco de covers se Natalie Cole não tivesse posto sua forte assinatura vocal na maioria das 12 faixas. Ela convence!!!

5 de fevereiro de 2007

Oyens evoca o paraíso havaiano em CD autoral

Resenha de CD
Título: Adeus Paraíso
Artista: Christiaan Oyens
Gravadora: Audiosfera

/ Tratore
Cotação: * * *

Além de baterista e violonista, Christiaan Oyens é produtor talentoso e melodista quase sempre inspirado. Suas parcerias com Zélia Duncan ajudaram a sedimentar a carreira da cantora na fase folk da primeira metade dos anos 90. Adeus Paraíso é o primeiro CD autoral de Oyens. No disco, ele prioriza o violão havaiano weissenborn, tocado no colo com a técnica do slide (Ben Harper é um dos que exploram o tipo de som). Foi nessa praia que o músico e compositor gravou o álbum. Majoritariamente formado por temas instrumentais de sofisticada delicadeza e clima zen, o repertório destaca músicas como Guel Continua a Sonhar... e a faixa-título. Em outra onda, há também uma atmosfera bluesy em temas como Negrume. E, para arrematar, a única faixa cantada - Trem do Horizonte, gravada em dueto com Milton Nascimento - é de comovente beleza poética e melódica. É jóia que (rea)firma o alto quilate da música de Oyens!!!

DVD de Madonna traduz grandeza de sua turnê

Resenha de DVD
Título: The Confessions Tour
Artista:
Madonna
Gravadora:
Warner Music
Cotação:
* * * *

A capa cinzenta e feiosa do DVD é a mais imperfeita tradução do grande show de Madonna perpetuado no vídeo. Já nas lojas, The Confessions Tour registra um espetáculo hi-tech de luzes e cores filmado numa arena de Londres, sob a direção de Jonas Akerlund. Foi a turnê que quase veio ao Brasil, mas que, na última hora, teve sua rota desviada da América Latina. Já exibido na TV, no canal pago HBO, em dezembro, o show é um dos melhores da carreira da artista e faz jus ao ótimo disco que o originou, Confessions on a Dance Floor, álbum em que Madonna voltou a ser Madonna ao fazer dance music pop com ecos de disco music. Hung Up, uma das melhores músicas desse CD, fecha o roteiro de 21 números e atesta o acerto da mistura. Com surpreendente fôlego para seus 48 anos, a cantora idealizou show para as pistas - e é como se a arena inglesa se transformasse numa imensa boate, com direito ao globo brilhante que simboliza o CD e a turnê. São quase duas horas (a rigor, 1h e 57min) de um show realmente espetacular, captado em toda sua grandiosidade para o DVD. A propósito, poucos DVDs de fato proporcionam ao ouvinte a sensação de estar na platéia. The Confessions Tour, com seu exemplar áudio 5.1 DTS, é um deles. E, como Madonna não é Madonna sem marketing e sem polêmicas, o vídeo perpetua o controvertido número em que a artista simula sua própria crucificação - até com coroa na cabeça, em referência explícita a Jesus Cristo - ao cantar a balada Live to Tell. De grande beleza plástica e tom humanista, por conta da exibição no telão de manchetes alarmantes sobre a mortalidade infantil na África, o número irritou católicos do mundo todo e cumpriu seu objetivo de gerar outras manchetes - estas para a promoção do espetáculo. Enfim, The Confessions Tour é uma festa para olhos e ouvidos. Mas convém esperar até o fim de fevereiro para comprar a edição dupla (já editada no exterior) que vai agregar ao DVD um CD ao vivo, o segundo da artista. Music Inferno - tema que junta Music com a base de Disco Inferno, hit das discotecas - é o single que promove nas rádios o registro deste show irresistível que sinaliza a legítima vocação de madame Madonna para as pistas de dança.

Martin desacelera 'beats' no banquinho da MTV

Resenha de CD / DVD
Título: MTV Unplugged
Artista: Ricky Martin
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * *

Passada a explosão que arremessou o nome de Ricky Martin ao topo do rico mercado norte-americano, com dois álbuns gravados em inglês entre 1999 e 2000, o cantor baixou a bola e voltou a cantar em espanhol. É no seu belo idioma natal que o ex-Menudo sentou no banquinho da MTV, em 2006, para revisar sua carreira em acústico providencial por conta do fracasso de seu álbum Life (2005). No programa de 12 músicas, reproduzido no CD / DVD ora editados no Brasil sem números adicionais, Martin apresenta três inéditas protocolares (Tu Recuerdo, Pégate e Con Tu Nombre) e esquece acertadamente os hits Livin' la Vida Loca e She Bangs - mais difíceis de serem enquadrados no formato pela pulsação exuberante das imbatíveis gravações originais. É ponto para ele!!!

Com beats mais desacelerados, Ricky Martin oscila entre baladas sentimentais urdidas com um piano e intervenções de violoncelo (Asinagtura Pendiente e Fugeo de Noche, Nieve de Día) e temas que preservam a efervescência rítmica da música latina como a rumba La Bomba (de seu álbum Vuelve, de 1998) e Lola, Lola (também de Vuelve). Embora haja aura brega que ronde canções como Volverás e Perdido sin ti, o astro porto-riquenho parece confortável e mantém intacto seu carisma no banco da MTV. A surpresa do roteiro é Gracias por Pensar em mí, versão de A Via Láctea (tema menos conhecido da Legião Urbana) que Martin já gravara em CD de 1998. Apenas para fãs, o DVD vem com galeria de fotos, biografia, discografia e o correto making of da gravação.

Compilação dupla revive 28 gravações da folia

No embalo da folia de Momo, a EMI põe nas lojas compilação dupla que reúne 28 gravações carnavalescas, algumas até já raras e (hoje) desconhecidas. São os casos de Quero Morrer de Catapora (na voz de Ângela Maria) e Menino Gay (com o apresentador Chacrinha). O CD (capa) O Melhor Carnaval do Mundo - Marchas e Sambas Imortais revive fonogramas registrados entre os anos 30 e 80 por nomes como Carmen Costa (Tem Nego Bebo Aí e Cachaça), Castro Barbosa (O Teu Cabelo Não Nega, a faixa mais antiga), Jorge Veiga (Sassaricando) e Blecaute (Marcha do Gago, Mamãe Eu Quero e Maria Escandalosa). É dez!!

4 de fevereiro de 2007

Mutantes desafiam as impossibilidades no Rio

Resenha de show
Título: Os Mutantes
Artista: Os Mutantes
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 3 de fevereiro de 2007
Cotação: * * * *

"Isso tudo que acontecendo é só mesmo pra provar que nada é impossível", filosofou o guitarrista Sérgio Dias Baptista, depois de apresentar a banda ao fim do show que marcou a estréia da nova formação dos Mutantes em palcos cariocas (descontado o especial gravado para o programa Fantástico em novembro de 2006, em apresentação restrita a convidados). Desafiando impossibilidades, o grupo fez retorno apoteótico ao Rio, depois de 30 anos, com o belo show filmado na estréia em Londres, em maio, e editado em DVD e em CD duplo. "Arnaldo! Arnaldo!...", gritou a platéia jovem em determinado momento do espetáculo, talvez ciente da teórica impossibilidade que se concretizava no palco da casa Vivo Rio: ver o lendário Arnaldo Baptista, o cérebro criativo dos Mutantes, de volta à cena - lúcido, feliz, saudável e carismático. O círculo de improbabilidades se fechou com a boa presença de Zélia Duncan, artista de já consolidada carreira solo, no posto não exatamente de cantora, mas de vocalista tão integrada ao grupo que, não raro, atuou mais como backing-vocal, sustentando com seus graves (e insuspeitos agudos) as vozes frágeis de Arnaldo e Sérgio Baptista.

Poderia ter sido um revival morno de tempos idos, mas não foi. Os Mutantes voltaram em grande forma, azeitados e cúmplices. Como cúmplice também esteve Duncan com Arnaldo no diálogo musical travado pelos dois em Baby - um dos poucos números em que a cantora assume a frente da banda. Parece também impossível que ninguém sinta falta de Rita Lee (e ninguém sente...) na Balada do Louco, em Ando Meio Desligado (com longo solo exibicionista de Sérgio, orgulhoso da técnica exemplar), em Top Top (com refrão de efeito quase catártico sobre o público), no tom caipira espacial de 2001 e na saudável anarquia sonora que reina em temas como Dom Quixote, Panis et Circensis e Caminhante Noturno. Talvez até seja o caso de Rita Lee, em fase bem apática, marcar consulta com o geriatra dos impossíveis irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista...

Marquinhos desfia memórias de Oswaldo Cruz

Resenha de CD
Título:
Memórias

de Minh'Alma
Artista:
Marquinhos de

Oswaldo Cruz
Gravadora: Indie Records
Cotação: * * * 1/2

Militante atuante nos quintais cariocas, criador do Pagode do Trem e agitador cultural que ajudou a revitalizar o circuito de samba na boêmio bairro da Lapa (RJ), Marquinhos de Oswaldo Cruz é legítimo descendente da linhagem nobre de bambas como Candeia e Manacéa - não por acaso, tributados no segundo CD do artista no pot-pourri que une Zé Tambozeiro, Carro de Boi e Samba da Antiga. É a única faixa não assinada pelo sambista em repertório autoral de ótimo nível. E aí reside o mérito deste Memórias de Minh'alma. Autor de Geografia Popular, um dos trunfos do disco Pérolas do Pagode, gravado por Beth Carvalho em 1998, Cruz se reapresenta como um inspirado compositor que bebeu na fonte límpida de Candeia.

As memórias do sambista brotam de Oswaldo Cruz, o bairro do subúrbio carioca onde reside, de fato, a escola de samba Portela, de origem creditada no imaginário popular a Madureira, bairro vizinho e mais famoso. Por conta da origem portelense, o artista conviveu desde criança com bambas como Argemiro, Monarco, Casquinha e Tia Doca. A vivência justifica o samba de terreiro Portela Canta e o partido de alto quilate 16º Estação, que, no mapa ferroviário, está situada em Oswaldo Cruz - onde mais? - o bairro que inspirou a criação do disco. Que traz a voz da pastora Tia Doca em Pra que Havemos de Mentir? - samba de Paulo da Portela posto incidentalmente ao fim do tema instrumental de gafieira Naval na Sedofeita, tributo ao trombonista Naval. E que traz também alguns sambas lançados pelo autor em seu primeiro CD, Uma Geografia Popular (2000). É o caso de Os Olhos Não Podem Ver, o tema de rara beleza que abre o novo álbum de Cruz.

Com voz de firmeza acima da média típica dos compositores de samba, Marquinhos desfia suas lembranças de Oswaldo Cruz ora com animação (o partido Vai, Ó Nega), ora em tom mais dolente (A Mais Bela Canção). E fecha seu disco de memórias com sublime saudação à raiz africana em Éramos Reis, tema gravado em dueto com a cantora baiana Virgínia Rodrigues. Oxalá o talentoso artista consiga merecido reconhecimento além dos domínios do bairro a que devota tamanha inspiração, fiel à tradição do (melhor) samba.

Lasciva Lula estréia com originalidade e poesia

Resenha de CD
Título: Sublime

Mundo Crânio
Artista: Lasciva Lula
Gravadora: Independente
Cotação: * * * 1/2

Guitarrista de Os Titãs, Tony Bellotto saúda a Lasciva Lula como a banda mais original do rock brasileiro nestes últimos tempos. A sentença enfática - feita por Bellotto no sucinto texto de divulgação do primeiro CD da banda - poderia até soar exagerada, mas o fato é que o grupo deixa excelente impressão em Sublime Mundo Crânio, produzido depois de muita batalha e três EPs de repercussão restrita à cena indie carioca. Há, sim, altas doses de originalidade, poesia, rock e criatividade nas 12 músicas inéditas reunidas no disco por Felipe Schuery (voz e guitarra), Guga Bruno (guitarra), Jamil Li Causi (baixo) e Marcello Cals (bateria, vocal e percussão). Lembra do Pato Fu meio anárquico de seus primeiros discos? Pois é... Há uma atmosfera lúdica e quase circense no som da Lula. Réquiem da Garota - tema sobre bailarina que dança para satisfazer os pais - e Pra Matar a Fome são destaques deste álbum bem tocado (com riffs de guitarra precisos) e bem produzido com arranjos da própria banda. As letras são tão boas que sobrevivem até a uma leitura sem música - faça o teste com Miolos e A Última Sessão de Cinema. Enfim, uma estréia promissora que tem tudo para sedimentar a trajetória da Lasciva Lula na cena pop nacional.

Daniela participa de disco que saúda Morricone

Daniela Mercury vem ampliando sua área de atuação no exterior. No momento em que lança na internet tema gravado com o DJ Fatboy Slim (Just a Brazilian Groove), a cantora se junta a nomes como Bruce Springsteen e Celine Dion em disco que saúda a obra cinematográfica do maestro italiano Ennio Morricone, autor de trilhas de filmes como Cinema Paradiso e Era uma Vez no Oeste. Coube à brasileira - em foto de Mário Cravo Neto - gravar Hurry to me, tema do filme O Gênio da Tesoura, de 2000 - no disco idealizado pelo pianista e maestro brasileiro Eumir Deodato.