14 de abril de 2007

Erasmo também convida Djavan e Os Cariocas

Canção romântica de Roberto e Erasmo Carlos que fez sucesso em 1971 na gravação de Claudette Soares, De Tanto Amor é revivida por Djavan ao lado do Tremendão em dueto gravado para o disco Erasmo Carlos Convida - Volume II (veja capa acima), nas lojas no fim de abril pela gravadora Indie Records. O quarteto Os Cariocas também integra a lista de convidados e está presente em Pão de Açúcar (Sugar Loaf), tema de 1982. Já o grupo Kid Abelha participa de O Portão, sucesso do LP lançado por Roberto Carlos em 1974. Adriana Calcanhotto faz duo com o anfitrião em Ilegal, Imoral ou Engorda, 0utro hit do Rei, de seu álbum de 1976. Eis as doze músicas e convidados do CD Erasmo Carlos Convida - II:
1) Coqueiro Verde (1970) - com Lulu Santos
2) Olha (1975) - com Chico Buarque
3) A Banda dos Contentes (1976) - com Skank
4) Não Quero Ver Você Triste (1965) - com Marisa Monte
5) Cama e Mesa (1981) - com Zeca Pagodinho
6) Sábado Morto (1972) - com Los Hermanos
7) Ilegal, Imoral ou Engorda (1976) - com Adriana Calcanhotto
8) De Tanto Amor (1971) - com Djavan
9) Vou Ficar Nu pra Chamar sua Atenção (1970) - com Simone
10) O Portão (1974) - com Kid Abelha
11) Pão de Açúcar (1982) - com Os Cariocas
12) Emoções (1982) - com Milton Nascimento

Pedro grava Vercilo, Ana, Djavan e Carlomagno

Pedro Mariano - em foto de Washington Possato - grava música de Djavan, Além de Amar, em seu sexto CD. O repertório de inéditas inclui também nova parceria de Ana Carolina e Jorge Vercilo (a faixa se chama Personagem) e outra música criada somente por Vercilo (Poder). Ex-companheiros de Mariano na gravadora Trama, Daniel Carlomagno e Jair Oliveira assinam, respectivamente, Quarto Vazio e Ventania. O disco chega às lojas ainda em abril. Tá Tudo Bem e Só Deus É Quem Sabe são outras músicas.

Universal reforça seu elenco popular com Latino

Com seu passe (ainda) valorizado na indústria da música, Latino assinou contrato com a gravadora Universal Music no começo da noite de sexta-feira, 13 de abril. O cantor, revelado na primeira metade da década de 90 pela Sony Music com o hit Me Leva, tinha recentemente renascido das cinzas ao ser contratado pela EMI - na gestão do (demitido) presidente Marcos Maynard - para lançar o CD que trouxe o sucesso Festa no Apê. A contratação de Latino pela Universal Music indica reação da major para reforçar seu elenco popular e (tentar) recuperar a liderança do mercado fonográfico brasileiro - perdida para a Sony BMG nos últimos anos. E artistas como Latino, embora não dêem prestígio às gravadoras, podem significar lucro rápido quando se emplaca hit como Festa no Apê.

A propósito, Sem Noção é o novo sucesso de Latino. Trata-se de versão da música Chacarrón, de El Chombo, nome do Panamá. A faixa puxa o disco que vai marcar a estréia do cantor na Universal e que deverá chegar às lojas já em maio ou, no máximo, em junho.

Som Livre lança coletâneas de 15 vozes antigas

A Som Livre põe nas lojas em abril nova série de coletâneas. A coleção Grandes Vozes é formada por 15 CDs dedicados a cantores que - em sua grande maioria - são da era pré-Bossa Nova. Inclui compilações de Agostinho dos Santos, Alaíde Costa, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Cláudia, Dick Farney, Elizeth Cardoso, Helena de Lima, Elza Laranjeira, Jorge Goulart, Leny Eversong, Maysa, Tito Madi, Miltinho e Nora Ney. O disco de Nora (capa acima à direita) rebobina gravações de músicas como Ronda e Ninguém me Ama.

13 de abril de 2007

Zimbo Trio conserva molho mesmo sem Chaves

Resenha de CD
Título: Zimbo ao Vivo
Artista: Zimbo Trio
Gravadora: Eldorado
Cotação: * * * *

O baixista Luiz Chaves teve que deixar o Zimbo Trio, em 2001, para enfrentar os problemas de saúde que acabariam tirando o músico definitivamente de cena em fevereiro deste ano. Só que nem a saída de Chaves acabou com o ânimo e a trajetória do trio, que volta com um disco ao vivo que reafirma o suingue e o raro entrosamento reinantes entre Amilton Godoy (piano), Rubens Barsotti (bateria) e Itamar Collaço (baixo, em substituição a Chaves). O álbum foi gravado ao vivo em 2006.

A despeito de trazer três inéditas no repertório (Choro, Notas que Falam e Teste de Som), é nas músicas antigas que reside o encanto do CD. Ao reavivar temas como Domingo no Parque (Gilberto Gil), Carolina (Chico Buarque), Ponteio (Edu Lobo) e Zazueira (Jorge Ben), o Zimbo Trio mostra o molho e a bossa que marcaram os 60.

Canto de Simone floresce diverso no sexto disco

Resenha de CD
Título: Flor de Pão
Artista: Simone Guimarães
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Cantora e compositora paulista revelada em 1996 com o CD Piracema, Simone Guimarães chega ao sexto álbum - Flor de Pão, o segundo trabalho pela Biscoito Fino - com leque mais amplo de parceiros. Impressa já no início de sua obra, a textura regional está mais suave, mas se faz presente em temas como o Baião de Câmara, entoado com Milton Nascimento, o fiel incentivador da artista. Simone suavizou também o seu canto no samba que intitula Flor de Pão, gravado com o luxuoso auxílio da guitarra e do vocal de Toninho Horta. Só que nem por isso soa menos densa em faixas como Confissão (tema arranjado por Dori Caymmi) e Novo Amigo, canção de Novelli e Ana de Hollanda em que brilha o piano virtuoso de Hélvius Vilela, craque das Geraes.

Floresce no disco também o entrosamento da artista com Guinga. Dois temas do recém-lançado CD do compositor, Casa de Villa, ganham registros quase simultâneos no álbum de Simone. Jongo de Compadre, parceria dos dois, comprova a emissão perfeita da cantora que se equilibra bem no ritmo sinuoso e acelerado da boa composição. Guinga assina o arranjo e o violão da faixa, repetindo a dose em Via-Crúcis (parceria sua com Edu Kneip). Nesta música, o também convidado Renato Braz reafirma sua categoria vocal em dueto harmonioso com a anfitriã. Braz precisa ser mais ouvido!!!!!

Flor de Pão desabrocha de maneira coesa ao longo das 13 faixas. Em Carta à Amiga Poeta, Simone apresenta parceria com Francis Hime, autor da bela melodia (aliás, é impressionante como Hime conserva a inspiração melódica que já escasseia na obra de vários colegas de geração). Leila Pinheiro surpreende como compositora ao assinar bom samba, Minha Mangueira, em reverência à escola verde-e-rosa. Leila canta com a amiga e também assina o arranjo.

Fechando o CD em grande estilo, há canção - Enquanto, de Isaac Cândido e Marcus Dias - de beleza arrebatadora. De caráter mais diverso pela pluralidade dos nomes envolvidos na ficha técnica, Flor de Pão mantém o nível da discografia de Simone Guimarães.

Baden toca Baden com grande apelo emocional

Resenha de CD
Título: Baden Plays
Vinicius
Artista: Baden Powell
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * * *

O título mais adequado para o álbum póstumo do violonista - que chega ao Brasil depois de ter saído na Europa e Japão no ano passado - seria Baden Plays Baden & Vinicius. Ou, mais justo ainda, Baden Plays Baden, pois se trata de um CD instrumental em que Baden Powell (1937 - 2000) esquece o canto - arte na qual nunca brilhou de fato, a bem da verdade - para rebobinar com técnica magistral oito sublimes parcerias feitas com Vinicius de Moraes a partir da década de 60. Algumas até menos conhecidas (Valsa sem Nome, Tempo Feliz e Só por Amor). A maioria, contudo, é formada por standards do porte de Apelo, Consolação, Samba em Prelúdio, Deixa e Samba da Benção. Clássicos que o grande músico toca com (não menos) grande apelo emocional - não por lançar mão de sentimentalismo, mas por valorizar o lirismo inerente às melodias. Gravado no Rio de Janeiro, em um único dia, 13 de abril de 2000, Baden Plays Vinicius é o testamento da genialidade do violonista. Uma volta ao começo já perto do fim, pois o disco foi feito cinco meses antes de sua morte com produção de Armando Pittigliani, que pilotou o primeiro LP gravado pelo artista, em 1959. Fechou ciclo marcado pelo talento (incomum) na arte de manusear as cordas do violão.

Universal vai reeditar de novo os discos de Elis

A Universal Music vai pôr nas lojas, até o fim do ano, novas reedições dos álbuns de Elis Regina que pertencem ao rico acervo da companhia. São os discos gravados entre 1965 e 1978. Desta vez, as reedições serão remasterizadas, cuidado que não houve quando os CDs foram encaixotados na caixa Elis - Transversal do Tempo, de 1998 (somente o projeto gráfico dos discos era novo na tal caixa).

12 de abril de 2007

Coletânea historia Supremes com erro de edição

No embalo do sucesso do filme Dreamgirls, cujo roteiro foi claramente inspirado na ótima história do trio The Supremes, a major Universal Music está lançando no Brasil a coletânea The No. 1's (foto), produzida em 2004 nos Estados Unidos. Para quem é fã do grupo que revelou Diana Ross nos anos 60, a antiga compilação The Ultimate Collection, de 1997, historia com maiores detalhes a trajetória do trio. The No. 1's tem a vantagem de reproduzir no encarte as capas dos singles das Supremes e de avançar também pelos hits da carreira solo de Diana Ross, além de trazer remix de You Keep me Hangin' on como bônus. Contudo, há erro grave na edição nacional: a música I'm Still Waiting, da fase solo de Diana Ross, é creditada na capa e no encarte como sendo a faixa 16. Só que não aparece no disco. Em seu lugar, totalizando as 24 faixas, há gravação das Supremes, Automatically Sunshine, que ocupa a faixa 9 - mas não está relacionada na capa e tampouco no encarte.

ST2 lança no Brasil discos da série 'Beatle Jazz'

Criada na década de 90 pelo baterista Brian Melvin e pelo pianista David Kikoski, a série Beatle Jazz chega enfim ao mercado nacional em edição da gravadora (paulista) ST2. Aproveitando o lançamento do quarto CD da coleção, All You Need (capa à direita), a companhia lança no Brasil os álbuns anteriores A Bite of the Apple, Another Bite of the Apple e With a Little Help from my Friends. Como o curto nome da série Beatle Jazz já antecipa, a idéia é apresentar releituras jazzísticas do repertório dos Fab Four. No quarto disco, o duo conta com adesões de feras como o gaitista Toots Thielemans (em Fool on the Hill, Beautiful Boy e Waterfalls) e o baixista Richard Bona (em The Night Before, Cold Turkey e em All You Need Is Love, a faixa que gerou o título).

Nightwish documenta fim de era em DVD e CD

End of an Era é um título muito bem apropriado para o DVD e o CD (duplo) da banda Nightwish que estão sendo lançados no mercado brasileiro neste mês de abril pela gravadora Universal Music. Realizado em outubro de 2005, numa arena de Helsinki, o registro ao vivo marcou a saída da vocalista Tarja Turunen do grupo finlandês de metal sinfônico. Entre o cover do repertório do Pink Floyd (High Hopes, de 1994) e a presença de um índio em Creek Mary's Blood, a banda rebobina suas principais músicas com auxílio de projeções em vídeo. Pena que o bom documentário exibido nos extras com (fartas) cenas de bastidores, A Day Before Tomorrow, não tenha sido legendado em português (há somente legendas em inglês). A tribo vai relevar?!...

Teatral, Marlene documenta hits no palco áureo

Marlene subiu novamente ao célebre palco do auditório da Rádio Nacional - a emissora carioca que a contratou em 1948 e que deu impulso à sua carreira no ano seguinte com a vitória no concurso que a elegeu Rainha do Rádio de 1949. Na noite de quarta-feira, 11 de abril, a cantora reviveu com sua habitual teatralidade músicas que interpretou ao longo da carreira - entre elas, Lata d'Água, E Tome Polka, Zé Marmita, Galope, O Meu Guri, Geni e o Zeppelin, Qui Nem Jiló e Como uma Onda. Os oito números musicais foram gravados para serem inseridos no documentário que está sendo produzido sobre a vida e obra da artista. E que vai ser editado em DVD intitulado Marlene - A Rainha e os Artistas do Rádio. Filho de Paulo Gracindo, ator ligado à Nacional, o (também) ator Gracindo Jr. já gravou depoimento sobre a trajetória de Marlene na era de ouro do rádio brasileiro enquanto as cantoras Ademilde Fonseca, Carmélia Alves e Ellen de Lima também registraram no Auditório Radamés Gnattali músicas que vão ser incorporadas ao documentário sobre Marlene, entre as lembranças do palco áureo.

11 de abril de 2007

Caixa recupera discos da fase 'jóia' de Caetano

Resenha de caixa
Título: Quarentas Anos
Caetanos - 75-82
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Segunda das quatro caixas da ótima série Quarenta Anos Caetanos, que vai reeditar até o fim de 2007 toda a discografia de Caetano Veloso, festejando os 40 anos de fidelidade do artista à gravadora hoje denominada Universal Music, 75-82 reúne 10 álbuns que flagram o baiano em época de inspiração profícua. São discos menos sisudos - reflexos da alegria que voltou a motivar o compositor após tristonha fase de exílio forçado. Escaldado (mas nem tanto...) pelo retumbante fracasso comercial das experimentações de Araçá Azul (1973), último álbum de estúdio da caixa anterior, Caetano iniciou novo ciclo em 1975 com a concepção dos LPs Jóia e Qualquer Coisa, gêmeos bivitelinos, representantes dialéticos da dicotomia brega-chique que já imperava na MPB da época (embora não com esses termos que somente iriam aparecer nos anos 80). Se Jóia apostou em formalismo de eventual textura concretista, Qualquer Coisa representou o despojamento popular que desembocaria no duplo ao vivo coletivo Doces Bárbaros (1976), na exuberância festiva da coletânea Muitos Carnavais (1977) e - sobretudo - no baile dançante de Bicho (1977), LP alvo de patrulhas ideológicas das esquerdas radicais da época. A blitz ideológica implicaria até com Muito (1978) - lindo flerte com o aspecto mais formal da canção que rendeu ao autor hits atemporais como Sampa e Terra - e com Cinema Transcendental (1979), que sedimentou a aliança pop do compositor com A Outra Banda da Terra, presente também em Outras Palavras (1981). Cores, Nomes (1982) fechou o leque estético de um período jóia, preparando o terreno para o discurso político que permeou a obra de Caetano Veloso na década de 80.

Em tempo: tecnicamente, as reedições desta coleção Quarenta Anos Caetanos nada avançam em relação às apresentadas na luxuosa caixa Todo Caetano, de 2002. A atual série conserva a remasterização e remixagem (nos casos de sete dos dez álbuns da caixa 75-82) feitas em 2002. Mas a coleção é recomendável para quem comprou os CDs de Caetano editados nos anos 90. O ganho na qualidade sonora é muito grande e compensa o investimento...

As pipocas raras e ainda modernas de Caetano

Resenha de CD
Título: Pipoca Moderna - Raro & Inédito 2 - 75-82
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *

Em 1975, Caetano Veloso pôs suingue no rock Mamãe Natureza, lançado pela autora Rita Lee no ano anterior. Feito nas sessões de gravação dos álbuns Jóia e Qualquer Coisa, o inédito registro do compositor permaneceu no baú até ser encontrado em 2006 pelo pesquisador Charles Gavin. A leitura do velho baiano para Mamãe Natureza abre o ótimo CD Pipoca Moderna, produzido como isca infalível para fisgar compradores para a segunda caixa da coleção Quarenta Anos Caetanos, intitulada 75-82 e já nas lojas com tiragem inicial de mil cópias. Além de faixas avulsas da discografia do artista, o disco apresenta gravações inéditas como A Rã (em registro de voz-e-violão de 1978), Diamante Verdadeiro (provavelmente, a fita-demo que serviu de guia para a gravação feita por Maria Bethânia em 1978 para o LP Álibi), Encantado (a versão em português de Nature Boy, feita por Caetano e gravada por Ney Matogrosso - o registro de Caetano é de 1979), Escândalo (em provável demo de 1980 que serviu de base para Ângela RoRo registrar a canção bluesy que deu título ao seu álbum de 1981) e Pipoca Moderna. A faixa-título do álbum é sobra das sessões de gravação de Outras Palavras, LP pop que Caetano fez em 1981.

Menos raras - posto que já lançadas em CD na coletânea Singles, produzida em 1999 no Japão e, depois, editada no Brasil - são as gravações de compactos compiladas por Gavin. De um compacto lançado em maio de 1978, a coletânea rebobina Amante Amado (música de Jorge Ben, gravada por Caetano para a trilha do filme Na Boca do Mundo) e Pecado Original (tema criado e gravado por Caetano para a trilha do filme A Dama do Lotação). O Bater do Tambor e Samba da Cabeça são músicas que Caetano - em um tempo de produção profícua - lançou em compacto de novembro de 1978. Armandinho - desconhecida música feita por Caetano em tributo ao músico homônimo que integrava o grupo A Cor do Som naquele ano de 1981 – é outro destaque entre as pepitas coletadas por Gavin. Já Massa Real é uma pérola carnavalesca de compacto de 1979. E - fora da seara dos compactos - há ainda o frevo Bom É Batuta, gravação de 1979 extraída do álbum Asas da América.

Com som uniforme, produto da excelente masterização do técnico Ricardo Garcia, as 19 faixas do CD ajudam a preencher lacunas dos colecionadores da discografia de Caetano Veloso - com direito até a reproduções no encarte de capas de alguns raros compactos da época. Musicalmente, são pipocas ainda modernas que resistem e (ainda) pulam nestes quarenta anos de efervescência tropicalista.

Juliette põe agressividade punk no segundo CD

Resenha de CD
Título: Four on the Floor
Artista: Juliette

and the Licks
Gravadora: ST2
Cotação: * * * *

Parece que a imprensa musical brasileira descobriu a banda de rock da atriz Juliette Lewis - celebrizada por atuações em filmes como Kalifornia - a partir do lançamento nacional de Four on the Floor neste início de abril. Mas este já é o segundo álbum do grupo e, aura hype à parte pelo fato de o quarteto ser liderado pela intérprete, o CD é de fato muito bom. O sucessor de You're Speaking my Language (2005) tem atmosfera dark e oferece rock cantado e tocado com agressividade que não destoaria de um legítimo trabalho punk. Pelo título de algumas músicas (Purgatory Blues, Mind Full od Daggers, Killer, Death of a Whore), já para ter idéia do peso do álbum. Que registra a adesão provisória de Dave Grohl - o ex-Nirvana e atual Foo Fighters - a Juliette and the Licks, pois o baterista original da banda se mandou. Juliette tem sorte...

Springsteen registra ao vivo as 'Seeger Sessions'

A turnê promocional do último conceitual disco de Bruce Springsteen - intitulado We Shall Overcome: The Seeger Sessions e todo dedicado ao universo do cantor Pete Seeger - foi gravada ao vivo em três shows feitos em Dublin, na Irlanda, em novembro de 2006. O registro vai ser lançado em 5 de junho em DVD e em CD duplo já nomeados Bruce Springsteen with the Seeger Sessions Band Live in Dublin. Além do repertório do CD, o roteiro de 23 números inclui releituras de músicas do próprio Springsteen como Atlantic City, Open All Night e Highway Patrolman. Há duas faixas-bônus.

10 de abril de 2007

Duos revivem guitarra ainda inventiva de Lanny

Resenha de CD
Título: Lanny Duos
Artista: Lanny Gordin
Gravadora: Barravento

Artes / Universal Music
Cotação: * * * *

Ainda e para sempre associado ao Tropicalismo, Lanny Gordin é dos músicos mais inventivos já surgidos no Brasil, a despeito de sua origem chinesa. A sua guitarra libertária, ora até jazzística, sempre desconheceu fronteiras rítmicas e marcou época nos álbuns tropicalistas de Gal Costa, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Em Lanny Duos, anunciado em fins do ano passado, mas posto efetivamente nas lojas neste início de abril de 2007, 15 artistas se reúnem para celebrar a musicalidade de Gordin. Claro que Gal, Gil e Caetano marcam presença no disco. Ela com leitura melódica de Dindi - de Tom Jobim. Gil com abordagem bluesy de Abre o Olho. Caetano em registro de Enquanto seu Lobo Não Vem que procura evocar a efervescência do fim dos anos 60 e do início dos 70. Sem falar em Macalé, hábil numa revisão de sua música Let's Play That.

O charme maior do álbum, contudo, está na adesão de nomes que não viveram a Tropicália, mas se influenciaram por ela. Entre eles, três herdeiros do movimento: Adriana Calcanhotto, Chico César e Zeca Baleiro. Ela desossa Me Dê Motivo, baladão doído de Michael Sullivan & Paulo Massadas que Tim Maia abraçou em 1983 - com carga de dramaticidade que se dilui na interpretação mais contida de Calcanhotto, artista que sabe se apropriar com inteligência do cancioneiro popular (exatamente como faz Caetano). Zeca Baleiro suaviza Dê um Role, tema de Moraes Moreira e Galvão associado à época de desbunde. Já a gravação de Chico César - a (boa) canção Lanny, Qual?, criada em tributo ao guitarrista - é a que mais bem sintetiza o espírito de dueto proposto pelo disco. O vocal de Chico César dialoga harmoniosamente com a guitarra de Lanny Gordin.

Produzido por Péricles Cavalcanti, que defende o reggae Farol da Jamaica, o álbum agrega jovens talentos como Vanessa da Mata (Era Você, lançada no CD), Rodrigo Amarante (autor e intérprete da bela inédita Evaporar Você), Fernanda Takai (Mucuripe, num tom cool), Arnaldo Antunes (O Sol) e Junior Barreto (até visceral em Onde Eu Nasci Passa um Rio, de Caetano Veloso), entre outros nomes que tributam este Jimi Hendrix tropicalista. Livre e genial.

Nana registra raros sambas-canções de Caymmi

Obscuro samba-canção de Dorival Caymmi, de 1947, Saudade é a curiosidade do repertório do CD Quem Inventou o Amor, em que Nana Caymmi fecha a trilogia de tributos ao seu pai. Desta vez, o foco são os sambas-canções românticos que dominam a obra do compositor na década de 50. Entre standards do autor no gênero (Sábado em Copacabana, Você Não Sabe Amar, Só Louco, Horas, Não Tem Solução e Nem Eu, de cuja letra foi extraído o verso que dá título ao disco), a cantora rebobina músicas menos conhecidas como Nunca Mais (lançada por Lúcio Alves em 1949), Nesta Rua Tão Deserta (1950 - às vezes creditada como Rua Deserta) e Tão Só (1953). Desde Ontem (samba-canção que a própria Nana tirou do ineditismo no primeiro CD da trilogia, O Mar e o Tempo, de 2002) e E Eu sem Maria (1952) estão no álbum, que vai chegar às lojas pela Som Livre no fim de abril. A produção é de José Milton.

Endereço de gravadora batiza CD inédito de Ben

Recuerdos de Asunción 443 é o título (estranhamente em espanhol) do disco inédito de Jorge Ben Jor urdido com sobras achadas nos arquivos da Som Livre - a gravadora que abrigou o artista em seu elenco entre 1978 e 1986. O nome do álbum - já nas lojas entre o fim de abril e o início de maio - remete ao fato de a empresa estar sediada na Rua Assunção 443, em Botafogo (RJ), já na época (fim dos anos 70 e começo dos 80) em que o cantor fez e arquivou as gravações. Com as exceções de Falsa Magra e Heavy Samba (Um Poeta Amigo meu), já gravadas por Branca Di Neve e Leci Brandão, respectivamente, o repertório permaneceu inédito. Duas - O Astro e Marrom Glacê - foram compostas para as novelas homônimas da Rede Globo (de 1978 e 1979, respectivamente). Só que nunca foram aproveitadas nas trilhas sonoras. Miss Mexe Gal, Duas Mulheres, Gama Gush, Saint Leibowitz e Zenon Zenon estão entre as músicas achadas no baú de Ben na empresa. A atual Emo vai entrar como faixa-bônus. O álbum evocará arranjos de Lincoln Olivetti - o mago dos teclados que imperavam na música da época.

Só ao piano, Donato reafirma musicalidade livre

Resenha de CD
Título:
O Piano de

João Donato
Artista: João Donato
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

Com a obra (re)valorizada nos últimos tempos pela indústria fonográfica brasileira, João Donato tem tido uma presença freqüente nas prateleiras das lojas de discos. Mal lançou o jazzístico Uma Tarde com Bud Shank e João Donato, o músico apresenta O Piano de João Donato, CD em que toca - solitário - o instrumento que serve de base para seu suingue latino. Trata-se de disco instrumental, pautado menos pelo tal balanço pessoal de Donato do que por sua capacidade de reinventar melodias próprias (Brisa do Mar, A Paz, Joana, Fim de Sonho, Lalá-Lay-Ê e Me Deixa) e alheias (Speak Low, Outra Vez - de Tom Jobim - e Manhã de Carnaval, entre outras). Gravado em três dias de outubro de 2006, o disco não é o melhor do artista, só que apresenta bom recorte da musicalidade livre de João Donato.

9 de abril de 2007

DVD traz Marlene de volta ao palco da Nacional

Marlene vai voltar ao palco do auditório da Rádio Nacional - onde viveu o auge da carreira a partir de 1949 - para regravar sucessos para seu primeiro DVD. O documentário Marlene - A Rainha e os Artistas do Rádio terá alguns números musicais registrados em apresentação única agendada para quarta-feira, 11 de abril, a partir das 20h. Além da cantora, nomes da era de ouro do rádio - como Ademilde Fonseca, Bob Nelson, Carmélia Alves e Ellen de Lima - pisarão no palco do Auditório Radamés Gnattali. A idéia é aproveitar a gravação para editar também um CD. A fiel AMAR - Associação Marlenista do Rio de Janeiro - faz parte da produção.

Björk critica terrorismo em CD que sai em maio

Björk faz dura crítica ao terrorismo em Hope, uma das dez músicas inéditas de seu CD Volta, nas lojas de todo o mundo entre 7 e 8 de maio. A faixa tem o dedo de Timbaland na produção. Assim como Innocence e Earth Intruders - já lançada no iTunes nesta segunda-feira, 9 de abril. I See Who You Are exibe toque chinês no arranjo. Já My Juvenile e Dull Flame of Desire trazem os vocais do cantor Antony Hegarty. Pneumonia, Wanderlust, Declare Independence e Vertebrae by Vertebrae são as outras músicas do sexto álbum de estúdio da artista islandesa, que toca em temas como paranóia.

Tributo ao EWF celebra os 50 anos do selo Stax

Chega às lojas do Brasil, ainda em abril, Interpretations - Celebrating the Music of Earth, Wind & Fire. O CD é tributo ao grupo de Maurice White e celebra os 50 anos do selo Stax - revitalizado após ser incorporado à gravadora Concord Records. No disco, lançado em 27 de março nos EUA, nomes como Chaka Kan e Angie Stone recriam sucessos do grupo cujo som animou festas na década de 70 com seus grooves funkeados. O primeiro single é September, rebobinado com toques de spiritual na releitura feita por Kirk Franklin - artista ligado à música gospel norte-americana.

Estrelas da MPB regravam repertório de Maysa

Com título extraído de verso da canção Resposta, o CD Maysa - Essa Chama que Não Vai Passar... chegará às lojas em maio, pela gravadora Biscoito Fino. O tributo foi idealizado para lembrar os 30 anos de morte de Maysa (1936 - 1977) e vai vir se juntar às duas biografias editadas neste início de 2007 com histórias sobre a cantora. Entre os intérpretes que recriam músicas do repertório de Maysa, há Alcione (Ouça), Ney Matogrosso (Meu Mundo Caiu), Leny Andrade (Pra Não Mais Voltar), Zélia Duncan (Franqueza), Bibi Ferreira (Suas Mãos), Cida Moreira (Adeus), Maria Bethânia (Quando Chegares), Leila Pinheiro (Raízes), Cláudia (Morrer de Amor), Alaíde Costa (Demais) e Olivia Hime (Quando a Saudade Vem), entre outros cantores. O projeto é de Thiago Marques Luiz.

8 de abril de 2007

Ramalho viaja em órbita circular com parceiros

Resenha de CD
Título: Parceria

dos Viajantes
Artista: Zé Ramalho
Gravadora: Sony BMG
Cotação:
* * *

Invertendo a lógica conceitual de seu anterior CD de inéditas, O Gosto da Criação (2002), disco pautado pela concepção solitária do repertório, Zé Ramalho experimenta novas conexões com compositores, intérpretes e músicos em seu vigésimo álbum, Parceria dos Viajantes. Só que, ao buscar renovação, o artista paraibano reitera cânones e tradições de sua obra. O (surreal) tom apocalíptico que marca a música de Zé Ramalho há exatos 30 anos - descontado o inédito Paêbiru (1974), LP feito com Lula Cortes, mas nunca efetivamente editado, seu primeiro álbum foi gravado em 1977 - é recorrente no novo CD em faixas como Procurando a Estrela (gravado em dueto com uma luminosa Daniela Mercury) e em O Norte do Norte, linda música que traz a voz (estranhamente opaca) de Sandra de Sá – será que foi problema de mixagem ou a calorosa cantora não estava em forma no momento da gravação??

Nem todas as músicas estão à altura da obra áurea de Zé Ramalho. Destaque do (irregular) repertório, A Nave Interior - gravada em dueto com Pitty, roqueira estranha no ninho místico do cantador - é parceria com Chico César, o autor da boa letra que sinaliza que a grande viagem é a feita pela mente humana. Abrindo bem o leque estético dos convidados, Ramalho canta até com a Banda Calypso (Pássaros Noturnos), firma parceria com Robertinho de Recife em Farol dos Mundos (produtor do CD e dono da guitarra pirotécnica que valoriza a música), troca figurinha com Oswaldo Montenegro (Do Muito e do Pouco, introduzida por coro grandiloqüente) e se reencontra com o filósofo Jorge Mautner. O parceiro de Ramalho em Orquídea Negra - faixa-título do LP lançado pelo trovador em 1983 - é o co-autor da agalopada Montarias Sensuais. Soa trivial...

Na viagem do profeta, há escalas bem agradáveis - Porta de Luz, a boa parceria com Dominguinhos, interpretada por Ramalho com a onipresente Zélia Duncan - e dispensáveis (Chamando o Silêncio, parceria com o grupo Cidade Negra que poderia ter ficado restrita à versão funkeada exibida pelo quarteto em seu CD Enquanto o Mundo Gira, de 2000). Em órbita circular, Ramalho evoca seu começo roqueiro na biográfica O Rei do Rock, parceria com Zeca Baleiro que agrega o baixo de Paulo Ricardo e a bateria de João Barone - creditado desatentamente na ficha técnica como João Baroni!!! O arranjo da música concilia um instrumental roqueiro com citação de blues e da música nordestina. Elementos que, em maior ou menor escala, moldam a música mística deste trovador urbano que gira o mundo sem tirar seus pés do sertão nordestino.

Inédita gravação ao vivo de Tim gera CD e DVD

Em 1989, Tim Maia fez show no Teatro do Hotel Nacional (RJ) com orquestra de cordas regida pelo maestro Jaques Morelenbaum - além dos músicos da banda Vitória Régia. Com arranjos de Lincoln Olivetti, o Síndico enfileirou sucessos como Azul da Cor do Mar, Sossego, A Festa do Santo Reis, Vale Tudo, Você, Me Dê Motivo e Do Leme ao Pontal. Pois a inédita gravação do especial exibido pela Rede Globo foi recuperada e remasterizada para gerar o CD e DVD Tim Maia in Concert, nas lojas neste mês de abril pela Sony BMG. A pequena gravadora Paradoxx já pôs um DVD de Tim no mercado há alguns anos, só que a gravação e a edição não fizeram jus ao suingue e ao talento do gênio que pôs a soul music no mapa sonoro do Brasil.

Produção padroniza o cancioneiro GLS de Leila

Resenha de CD
Título:
Canções do

Amor de Iguais
Artista: Leila Maria
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *
1/2

Previsto para início de março, o terceiro CD de Leila Maria - o bom Canções do Amor de Iguais - chega, enfim, às lojas esta semana, com o gancho mercadológico de ser um raro projeto brasileiro de repertório escolhido sob perspectiva gay. Para quem não liga o nome à obra, Leila Maria é grande cantora carioca que, na seara do pop jazz, nada fica a dever a estrelas como Diana Krall - como provou em seu CD anterior, Off Key, em que interpretou temas brasileiros em versões em inglês (celebrizadas no exterior).

Disco idealizado pelo jornalista Antonio Carlos Miguel, que reabre no Brasil o filão gay desatentamente inexplorado pelas gravadoras nacionais, Canções do Amor de Iguais inicia com um achado, Você Vai Ser o meu Escândalo, típica canção da lavra amorosa de Roberto e Erasmo Carlos, lançada por Wanderléa em 1968. Em um tom suave e refinado, que transita na contramão da alta voltagem emocional da gravação da Ternurinha, Leila canta os versos sob a ótica homossexual em belo registro. A propósito, sem evidenciar todas as qualidades de seu canto jazzístico, a intérprete mantém um padrão de suavidade pop na abordagem de 12 das 13 músicas.

Nada é tão explícito na seleção de Leila. Os amores de iguais são mais sugeridos nas letras do que propriamente alardeados - com exceção de uma ou outra música como Mar e Lua, tema de Chico Buarque que não teve sua letra poética degustada a contento pela cantora por conta do andamento acelerado. Aí, aliás, aparece o problema do CD. A produção do baixista Dunga criou atmosfera de pop eletrônico que padroniza tanto jóia de Cole Porter (All of You) quanto bela canção de Johnny Alf (Ilusão à Toa). Em disco gravado em torno de um conceito, era preciso valorizar mais os versos de músicas como Seu Tipo (recriada sem o dengo sensual impresso por Ney Matogrosso no registro original), Nature Boy e Kissing a Fool, balada de George Michael - um dos compositores selecionados pela opção sexual já explicitada. Assim como Ângela Ro Ro, representada pela bela e não tão conhecida Se Você Voltar.

Como grande cantora que é, Leila Maria até consegue se soltar das amarras da produção em alguns momentos. Sua grande extensão vocal salta aos ouvidos em Mapa-Múndi, música do repertório de Marina Lima. Em Gatas Extraordinárias, que ganha (bom) arranjo suingante, um dos mais acertados do CD, a cantora consegue pôr sua identidade em música definitivamente associada a Cássia Eller. Mas é em Lush Life (Billy Strayhorn) - faixa dona do arranjo mais ousado - que Leila Maria se liberta para valer do padrão eletropop do álbum e se mostra por inteiro como uma fantástica intérprete, de voz e de musicalidade raras. E os gays adoram cantoras assim...

Bonfá reúne 11 inéditas em seu terceiro CD solo

Marcelo Bonfá grava no estúdio carioca AR seu terceiro CD solo. Em princípio, o repertório é formado por 11 músicas inéditas do baterista da extinta Legião Urbana. Algumas foram letradas pelo baixista Gian Fabra, que tocou com a Legião na turnê do álbum O Descobrimento do Brasil. A produção do disco ficou a cargo de André Rafael. Além de cantar, Bonfá assina os arranjos, toca bateria e pilota o teclado. O baixista Márcio Biaso e o guitarrista Alexandre Prol integram a banda que toca no CD - cuja gravação está sendo custeada pelo próprio Bonfá (em foto de site oficial).