Ramalho viaja em órbita circular com parceiros
Resenha de CD
Título: Parceria
dos Viajantes
Artista: Zé Ramalho
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *
Invertendo a lógica conceitual de seu anterior CD de inéditas, O Gosto da Criação (2002), disco pautado pela concepção solitária do repertório, Zé Ramalho experimenta novas conexões com compositores, intérpretes e músicos em seu vigésimo álbum, Parceria dos Viajantes. Só que, ao buscar renovação, o artista paraibano reitera cânones e tradições de sua obra. O (surreal) tom apocalíptico que marca a música de Zé Ramalho há exatos 30 anos - descontado o inédito Paêbiru (1974), LP feito com Lula Cortes, mas nunca efetivamente editado, seu primeiro álbum foi gravado em 1977 - é recorrente no novo CD em faixas como Procurando a Estrela (gravado em dueto com uma luminosa Daniela Mercury) e em O Norte do Norte, linda música que traz a voz (estranhamente opaca) de Sandra de Sá – será que foi problema de mixagem ou a calorosa cantora não estava em forma no momento da gravação??
Nem todas as músicas estão à altura da obra áurea de Zé Ramalho. Destaque do (irregular) repertório, A Nave Interior - gravada em dueto com Pitty, roqueira estranha no ninho místico do cantador - é parceria com Chico César, o autor da boa letra que sinaliza que a grande viagem é a feita pela mente humana. Abrindo bem o leque estético dos convidados, Ramalho canta até com a Banda Calypso (Pássaros Noturnos), firma parceria com Robertinho de Recife em Farol dos Mundos (produtor do CD e dono da guitarra pirotécnica que valoriza a música), troca figurinha com Oswaldo Montenegro (Do Muito e do Pouco, introduzida por coro grandiloqüente) e se reencontra com o filósofo Jorge Mautner. O parceiro de Ramalho em Orquídea Negra - faixa-título do LP lançado pelo trovador em 1983 - é o co-autor da agalopada Montarias Sensuais. Soa trivial...
Na viagem do profeta, há escalas bem agradáveis - Porta de Luz, a boa parceria com Dominguinhos, interpretada por Ramalho com a onipresente Zélia Duncan - e dispensáveis (Chamando o Silêncio, parceria com o grupo Cidade Negra que poderia ter ficado restrita à versão funkeada exibida pelo quarteto em seu CD Enquanto o Mundo Gira, de 2000). Em órbita circular, Ramalho evoca seu começo roqueiro na biográfica O Rei do Rock, parceria com Zeca Baleiro que agrega o baixo de Paulo Ricardo e a bateria de João Barone - creditado desatentamente na ficha técnica como João Baroni!!! O arranjo da música concilia um instrumental roqueiro com citação de blues e da música nordestina. Elementos que, em maior ou menor escala, moldam a música mística deste trovador urbano que gira o mundo sem tirar seus pés do sertão nordestino.
Título: Parceria
dos Viajantes
Artista: Zé Ramalho
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *
Invertendo a lógica conceitual de seu anterior CD de inéditas, O Gosto da Criação (2002), disco pautado pela concepção solitária do repertório, Zé Ramalho experimenta novas conexões com compositores, intérpretes e músicos em seu vigésimo álbum, Parceria dos Viajantes. Só que, ao buscar renovação, o artista paraibano reitera cânones e tradições de sua obra. O (surreal) tom apocalíptico que marca a música de Zé Ramalho há exatos 30 anos - descontado o inédito Paêbiru (1974), LP feito com Lula Cortes, mas nunca efetivamente editado, seu primeiro álbum foi gravado em 1977 - é recorrente no novo CD em faixas como Procurando a Estrela (gravado em dueto com uma luminosa Daniela Mercury) e em O Norte do Norte, linda música que traz a voz (estranhamente opaca) de Sandra de Sá – será que foi problema de mixagem ou a calorosa cantora não estava em forma no momento da gravação??
Nem todas as músicas estão à altura da obra áurea de Zé Ramalho. Destaque do (irregular) repertório, A Nave Interior - gravada em dueto com Pitty, roqueira estranha no ninho místico do cantador - é parceria com Chico César, o autor da boa letra que sinaliza que a grande viagem é a feita pela mente humana. Abrindo bem o leque estético dos convidados, Ramalho canta até com a Banda Calypso (Pássaros Noturnos), firma parceria com Robertinho de Recife em Farol dos Mundos (produtor do CD e dono da guitarra pirotécnica que valoriza a música), troca figurinha com Oswaldo Montenegro (Do Muito e do Pouco, introduzida por coro grandiloqüente) e se reencontra com o filósofo Jorge Mautner. O parceiro de Ramalho em Orquídea Negra - faixa-título do LP lançado pelo trovador em 1983 - é o co-autor da agalopada Montarias Sensuais. Soa trivial...
Na viagem do profeta, há escalas bem agradáveis - Porta de Luz, a boa parceria com Dominguinhos, interpretada por Ramalho com a onipresente Zélia Duncan - e dispensáveis (Chamando o Silêncio, parceria com o grupo Cidade Negra que poderia ter ficado restrita à versão funkeada exibida pelo quarteto em seu CD Enquanto o Mundo Gira, de 2000). Em órbita circular, Ramalho evoca seu começo roqueiro na biográfica O Rei do Rock, parceria com Zeca Baleiro que agrega o baixo de Paulo Ricardo e a bateria de João Barone - creditado desatentamente na ficha técnica como João Baroni!!! O arranjo da música concilia um instrumental roqueiro com citação de blues e da música nordestina. Elementos que, em maior ou menor escala, moldam a música mística deste trovador urbano que gira o mundo sem tirar seus pés do sertão nordestino.
11 Comments:
é legal ver um artista com 30 anos de estrada querendo se renovar, fazendo novos parceiros... é isso aí
Luminosa Daniela Mercury????? Ô Mauro, pra quem gosta de Bethânia, idolatrar a Daniela é um contra senso, não é?????
Galera do Blog,
Como todos nós gostmaos de cantoras e a grande maioria de compará-las, segue uma reportagem da Revista Veja sobre a evolução das nossas cantoras.
veja.abril.com.br/cronologia/cantoras/index.html
Ainda bem que a minha predileta figura entre as MAIORES SIM! Um abraço e não sabia que tinha um xará no Blog. Xará, antiguidade é posto! Bem vindo. Um abraço galera,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Imperdível a gravação magistral da Rainha do Samba cantando A Chuva Cai, nesta reportagem. Abraços,
Marcelo Barbosa - Brasília (DF)
Faltou Dona Ivone nesta reportagem da Veja. Mauro, tô apaixonado pela interpretação da Roberta Sá no cd Samba Novo, música do grande Roque Ferreira, chamada Afefé com o excelente Trio Madeira Brasil (que fez um cd com o saudoso poeta Guilherme de Brito).
A reportagem da VEJA diz que Maria Bethania e principalmente Gal Costa estão sem moral com as novas cantoras.
E que Marisa Monte manda e desmanda.
Jose Henrique
CONVIDOU DANIELA MERCURY?. EM NAÇÃO NORDESTINA(2000) ELE DEIXOU MUITOS SURPRESOS QUANDO CONVIDOU IVETE SANGALO PRA FAZER UM DUETO COM ELE EM 'AMAR QUEM EU JÁ AMEI'
HOUVE UM PROGRESSO .
MAS E ELBA RAMALHO ?
Cadê os fãs da Bethânia, Gal e Ana Carolina?
gostmaos. Aprenda a escrever!
Zé Ramalho com Banda Calypso. É brincadeira...
Aê, sinceramente? Zé Ramalho é um pé no saco.
Até hoje eu dou gargalhadas daquela versão dele para a obra-prima do Dylan..."bate bate bate na porta do céu". Hilário.
O cara já está morto. Só faltou o filho dele o cheirar.
PResidente.
Esse teu comentário foi um lixo...
Você é que deve ser um pé no saco...
Ah,Lembranças àquela senhora...
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