7 de abril de 2007

Clara acerta ao entortar samba em CD acústico

Resenha de CD
Titulo: Meu Samba Torto
Artista: Clara Moreno

(com Celso Fonseca)
Gravadora:
Atração
Cotação:
* * *

Filha de Joyce, Clara Moreno vem de disco, Morena Bossa Nova (2004), em que seguiu a receita da eletrobossa que deu aura hype a Bebel Gilberto no exterior. No seu quinto álbum, Meu Samba Torto, a cantora desvia acertadamente dessa rota já bem desgastada e pega o caminho de volta rumo à sonoridade acústica. Dividido com Celso Fonseca, hábil ao tocar violão e ao cantar em faixas como Litorânea e Moça Flor, o CD Meu Samba Torto foi gravado para o exterior em 2006 - exatos dez anos depois da fraca estréia fonográfica da artista com disco (Clara Moreno, de 1996) em que experimentou linguagem contemporânea para repertório que ia de Roberto e Erasmo Carlos (Detalhes) a Cartola com Elton Medeiros (O Sol Nascerá) - e chega ao Brasil neste início de 2007 licenciado pela gravadora Atração após sair na Europa e no Japão.

A propósito, o mesmo Elton é co-autor de um dos achados do fino repertório de Meu Samba Torto, produzido por Kazuo Yoshida e Rodolfo Stroeter. Trata-se de Rosa de Ouro, belo samba que deu título ao histórico musical criado por Hermínio Bello de Carvalho nos anos 60. Sim, o samba é o ritmo predominante em seleção que irmana o balanço esquema novo de Jorge Ben Jor (Vem Morena Vem, jóia do primeiro álbum de Ben, de 1963), samba-canção de Braguinha e Alberto Ribeiro (Copacabana, em registro de caráter minimalista que expõe os limites da voz pequena da cantora) e um sucesso de Edith Piaf (Mon Manege a Moi, delicioso com o maroto tom bossa-novista da interpretação de Clara). Tudo soa uniforme.

Sim, a miudeza da voz de Clara a impede de alçar vôos mais altos na área do canto. Mas o que conta mais no disco é a envolvente musicalidade. Não é à toa que - somente com o violão de Celso - Clara dá conta de reapresentar Bahia com H, samba que fez parte do repertório áureo de João Gilberto. Outro destaque é o balanço torto que redivide Se Acaso Você Chegasse, o samba de Lupicínio Rodrigues que deu fama a Cyro Monteiro (em 1938) e a Elza Soares (em 1959). No todo, a bossa acústica de Clara Moreno desce bem e - pelo acerto do repertório e da produção antenada - soa bem mais interessante do que o atual cancioneiro de tonalidade sentimental adotado por Bebel Gilberto em seu recém-lançado CD Momento.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

pra elogiar uma cantora, o mauro tem que falar mal de outra. ô cara, muda o tom!

7 de abril de 2007 às 11:58  
Anonymous Anônimo said...

O Brasil tem muitas cantoras de voz pequena, seja em volume, seja em extensão e tessitura. Elas procuram compensar no repertório, na afinação, na personalidade. São as filhas de Nara.

Agora, quando a gente ouve uma voz volumosa e educada, sai da frente. Mauro, ouvi ontem a Lenita Bruno cantando 'Estrada Branca' (Tom-Vinicius). Estou chapado até agora. Eu não conhecia a cantora (que você resenhou recentemente). Que força, que pureza!

7 de abril de 2007 às 13:08  
Anonymous Anônimo said...

ta certo, mauro. tem mais q bater forte nessa eletrobossa. formula manjadissima pra vender albuns no exterior. eh o tipo de som q so deve funcionar pra background de camarim do sao paulo fashion week. e olhe la...

8 de abril de 2007 às 02:14  

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