8 de abril de 2007

Produção padroniza o cancioneiro GLS de Leila

Resenha de CD
Título:
Canções do

Amor de Iguais
Artista: Leila Maria
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *
1/2

Previsto para início de março, o terceiro CD de Leila Maria - o bom Canções do Amor de Iguais - chega, enfim, às lojas esta semana, com o gancho mercadológico de ser um raro projeto brasileiro de repertório escolhido sob perspectiva gay. Para quem não liga o nome à obra, Leila Maria é grande cantora carioca que, na seara do pop jazz, nada fica a dever a estrelas como Diana Krall - como provou em seu CD anterior, Off Key, em que interpretou temas brasileiros em versões em inglês (celebrizadas no exterior).

Disco idealizado pelo jornalista Antonio Carlos Miguel, que reabre no Brasil o filão gay desatentamente inexplorado pelas gravadoras nacionais, Canções do Amor de Iguais inicia com um achado, Você Vai Ser o meu Escândalo, típica canção da lavra amorosa de Roberto e Erasmo Carlos, lançada por Wanderléa em 1968. Em um tom suave e refinado, que transita na contramão da alta voltagem emocional da gravação da Ternurinha, Leila canta os versos sob a ótica homossexual em belo registro. A propósito, sem evidenciar todas as qualidades de seu canto jazzístico, a intérprete mantém um padrão de suavidade pop na abordagem de 12 das 13 músicas.

Nada é tão explícito na seleção de Leila. Os amores de iguais são mais sugeridos nas letras do que propriamente alardeados - com exceção de uma ou outra música como Mar e Lua, tema de Chico Buarque que não teve sua letra poética degustada a contento pela cantora por conta do andamento acelerado. Aí, aliás, aparece o problema do CD. A produção do baixista Dunga criou atmosfera de pop eletrônico que padroniza tanto jóia de Cole Porter (All of You) quanto bela canção de Johnny Alf (Ilusão à Toa). Em disco gravado em torno de um conceito, era preciso valorizar mais os versos de músicas como Seu Tipo (recriada sem o dengo sensual impresso por Ney Matogrosso no registro original), Nature Boy e Kissing a Fool, balada de George Michael - um dos compositores selecionados pela opção sexual já explicitada. Assim como Ângela Ro Ro, representada pela bela e não tão conhecida Se Você Voltar.

Como grande cantora que é, Leila Maria até consegue se soltar das amarras da produção em alguns momentos. Sua grande extensão vocal salta aos ouvidos em Mapa-Múndi, música do repertório de Marina Lima. Em Gatas Extraordinárias, que ganha (bom) arranjo suingante, um dos mais acertados do CD, a cantora consegue pôr sua identidade em música definitivamente associada a Cássia Eller. Mas é em Lush Life (Billy Strayhorn) - faixa dona do arranjo mais ousado - que Leila Maria se liberta para valer do padrão eletropop do álbum e se mostra por inteiro como uma fantástica intérprete, de voz e de musicalidade raras. E os gays adoram cantoras assim...

42 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Aos interessados: em post de 4 de março, detalhei a origem do repertório do disco, relacionando autores, intérpretes e o ano da gravação original das 13 músicas. É só ir no arquivo.

8 de abril de 2007 às 09:08  
Anonymous Anônimo said...

"Os gays adoram cantoras assim"?

Isso foi um comentário preconceituoso? A meu ver, foi. Resta saber se foi intencional ou mero deslize.

8 de abril de 2007 às 13:33  
Anonymous Anônimo said...

Olá Mauro,

peço a voce a cortesia de corrigir o nome do produtor do Cd da Leila Maria. Este CD foi produzido por Dunga, baixista e produtor.
Agradeço desde já.

Dunga

8 de abril de 2007 às 17:01  
Anonymous Anônimo said...

Interessante (e uma pena!) que tenha ficado fora a bela canção de Sueli Costa e Abel Silva "Lábios Vermelhos", de bonito registro de Simone, em Cristal (1985). Essa sim uma canção explicitamente gay!

8 de abril de 2007 às 22:48  
Anonymous Anônimo said...

O disco não sei, mas uma vez assisti um show desta cantora e achei UÓÓÓÓÓ.

8 de abril de 2007 às 23:05  
Anonymous Anônimo said...

.

" Sou feminista apenas pela emancipação da mulher, mas pelo amor de Deus, vamos manter a feminilidade."
CLARA NUNES (1943/1983)

" Não gosto de homem que não seja. E mulher, tem que ser fêmea. Não tem que tá coçando o que não tem " ANGELA RORO (57 anos)

9 de abril de 2007 às 05:37  
Anonymous Anônimo said...

Achei uma idéia infeliz.

9 de abril de 2007 às 08:22  
Anonymous Anônimo said...

Não há na maioria das músicas nada que justifique o título e a intenção (??) do CD. Portanto, puro e dispensável oportunismo.

Deve fazer sucesso na Gay Street de N.York que acha graça na segregação. De minha parte prefiro integrar.

9 de abril de 2007 às 09:56  
Anonymous Anônimo said...

Ilusão à-Tôa com batida pop?
Me poupe...

9 de abril de 2007 às 10:54  
Anonymous Anônimo said...

Leila é ótima, mas deve ter sido "obrigada" a fazer um projeto absurdo como este!! Nada se explica uma exposição assim. Ainda mais num roteiro como esse q nada de explicito tem, qq estoria de amor cabe aqui, hetero, homo, bi, multi etc etc...
Um dos projetos mais sem pé nem cabeça dos últimos anos.

9 de abril de 2007 às 11:05  
Anonymous Anônimo said...

O papel "produtor" não tem essa onipresença no resultado de qualquer trabalho.existe uma direção artística, no caso,do João Augusto (deckdisc), existe uma concepção definida junto ao próprio ACM.e a própria artista,por sua vez,embora não seja exatamente pertencente ao quadro de artistas ativos na definição dos detalhes, também tem responsabilidade na escolha da roupagem que o Mauro chama de "eletropop".Particularmente, acho essa idéia de temática gay, uma grande bobagem.cheiro de oportunismo barato e forçado.

9 de abril de 2007 às 15:33  
Anonymous Anônimo said...

Que implicância. Lançam disco de tudo que é jeito, com conceitos e públicos-alvo dos mais variados.

Quando chega a vez dos gays, o pessoal detona.

Qualé ?!

9 de abril de 2007 às 15:59  
Anonymous Anônimo said...

Isso é o que em minha terra se chama de uma grande papagaiada.
É bom nem perder tempo tentando encontrar o 'espírito da coisa'.
Não existe.

9 de abril de 2007 às 16:23  
Anonymous Anônimo said...

Que tal ela lançar ano q vem um cd só com canções hétero!??? É a mesma coisa!!! Não tem cabimento nenhum!!! Será q é de falta de comida q padece a cantora????

9 de abril de 2007 às 17:34  
Anonymous Anônimo said...

E$iste $im.

9 de abril de 2007 às 20:46  
Anonymous Anônimo said...

O que realmente importa é que a Leila Maria tem uma voz incrível e certamente cantará qualquer música lindamente.Até um "parabéns a você"deve virar um evento na voz dela.

9 de abril de 2007 às 22:40  
Anonymous Anônimo said...

"Projeto idealizado pelo jornalista Antonio Carlos Miguel, que abre no Brasil o filão gay desatentamente inexplorado pelas gravadoras nacionais?"????

Musica é musica, nao é destinado a hetero ou homo, que loucura...eu hein...

10 de abril de 2007 às 02:48  
Anonymous Anônimo said...

Agora que sei de quem foi a idéia desse disco, ficou tudo explicado....que mal gosto! Musica pra gay, que bobagem. Nem sabia que existia isso. Música é musica, independente do sexo de quem está ouvindo, basta ter sensibilidade, e pra isso, nao me consta que tem que ser gay...

10 de abril de 2007 às 02:53  
Anonymous Anônimo said...

Leila pisou feio na bola aceitando um projeto estúpido como esse. Ela pode cantar bem , as músicas podem ser boas, mas a idéia destrói por completo o cd. Melhor sorte na próxima!

10 de abril de 2007 às 08:51  
Anonymous Anônimo said...

gente, essa até o colunista esqueceu: o primeiro registro desse tipo no brasil é o "stonewall celebration", do renato russo, lançado em 94. nessa data, completava 25 anos que o bar stonewall, em ny, foi palco de represálias contra gays, e virou um símbolo de resistência!!!

10 de abril de 2007 às 14:36  
Blogger Mauro Ferreira said...

Bruno, obrigado pela oportuna lembrança do disco do Renato. Que, aliás, é muito bonito.

10 de abril de 2007 às 15:00  
Anonymous Anônimo said...

Canções hetero...

Ronnie Von: Meu amor é uma Baranga
que levou meu coração...

Maysa: O Edmundo caiu... e me fez ficar assim...

10 de abril de 2007 às 18:28  
Anonymous Anônimo said...

Alguém de São Paulo já conseguiu comprar o cd novo da Leila?Onde? Parece que nas lojas, ninguém sabe, ninguém viu.

10 de abril de 2007 às 20:20  
Anonymous Anônimo said...

isso aqui tá cheio de gente homofóbica! que horror! viva leila. o disco é lindo cambada de pitboy. ridiculo seria se ela escolhese as canções de tematica obviamente gay. e mesmo que fosse e dai???
bethania nao lançou um disco sobre agua doce e outro sobre agua salgada e na salgada botou uma musica que fala de rio e no disco de agua doce o batizou de nome PIRATA?????!!!!!. eu nao sabia que em rio tinha corsario... Bethania nao fez um show em homenagem ao vinicius e nao cantou pode vir quente que eu estou fervendo????!!!!!pq leila nao pode fazer esse songbook???
gente cheia de preconceito.

11 de abril de 2007 às 00:24  
Anonymous Anônimo said...

Homofobia e preconceito é o q a própria cantora está propondo com esse cd. Segmentar é separar. Idéia infeliz, pra chamar a atenção e vender um pouco mais. O cd não causaria tanto alarde se fosse um lançamento comum, sem temática alguma.
Por enquanto, por aqui, a estratégia deu certo, vamos ver nas vendagens...

11 de abril de 2007 às 09:55  
Anonymous Anônimo said...

Besteira. O fulano não sabe o que é homofobia. 9.55, tô com vc.

11 de abril de 2007 às 16:15  
Anonymous Anônimo said...

o anonimo ta certo. se fulaninha lança disco sobre agua doce porque sicrana nao pode lancar disco de tematica gay?
bethania tb segregou o ar, a terra, o fogo!!! coitados.
OH gente chata!

11 de abril de 2007 às 18:25  
Anonymous Anônimo said...

Anônimo das 6.25...Seu argumento não tem fundamento algum. Estamos falando em condiçoes humanas, opções de vida e não em forças da natureza! Pensa melhor antes de escrever bobagens!

11 de abril de 2007 às 22:53  
Anonymous Anônimo said...

anonimo das 10?53 qualquer tipo de recorte vale a pena. Porque rodrigo faour pode escrever um calhamaco sobre o sexo na mpb com direito a capitulo sobre a cancao gay na MPB e Leila maria nao pode fazer um disco com esse recorte??????
deixa a moca em paz e [e

11 de abril de 2007 às 23:36  
Anonymous Anônimo said...

Temática gay dá um cacófato violento.

12 de abril de 2007 às 01:56  
Anonymous Anônimo said...

Anonimo das 9.55, concordo plenamente com q vc escreveu. É a coisa mais sensata até agora por aqui.

12 de abril de 2007 às 11:24  
Anonymous Anônimo said...

O anônonimo das 9.55 (e todos os que concordam com ele, claro)adota o discurso simplista de que aquele que aponta um problema, se torna o autor do mesmo...Por causa dessa "maioria anônima" que por aí destila ignorância, é que preconceitos como o racial, o sexual e o religioso vão continuar grassando pelo mundo! Eles não podem mesmo entender ou gostar de um disco como esse. Devem estar mais prá "Maria Sapatão" ou aquela do Tim Maia que dizia que "só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher". Só não entendo então, porque é que se dão ao trabalho de entrar no blog, ler e comentar. Não se pode nem dizer que é prá aparecer, porque não têm coragem nem de assinar...

12 de abril de 2007 às 15:26  
Anonymous Anônimo said...

Juliana, acho q umas aulinhas de interpretação iam cair bem pra vc! Maria Sapatão, Joga Fora no Lixo, e alguma soutras entram justamente no q acabei de dizer 'as 9.55... são preconceituosas e infelizes! Aposto q se o nome do cd da Leila fosse , por ex, CERTAS COISAS e a mídia não falasse q era um cd de temática gay, duvido que esse blog tivesse tantas visitas. Afinal, a Leila nem é tão popular. E continuo afirmando, segmentar é separar, projeto preconceituoso. Vc vê por aí algum cantor ou cantora dizendo q seu cd é hétero? Ou uma passeata em favor dos héteros ou em favor dos brancos?? Faça-me o favor...

12 de abril de 2007 às 16:41  
Anonymous Anônimo said...

sugiro que leiam reportagem com Leila Maria, no Jornal Musical. Assim, ouvimos o que a cantora tem a dizer sobre o projeto. o link é: http://www.jornalmusical.com.br/textoDetalhe.asp?iidtexto=1159.

12 de abril de 2007 às 16:46  
Anonymous Anônimo said...

Alguém já conseguiu comprar esse cd novo da Leila Maria? Já cansei de procurá-lo nas lojas e quando pergunto por ele, o vendedor me olha como se eu falasse grego.Ass:Offélia Keyla

12 de abril de 2007 às 16:57  
Anonymous Anônimo said...

"Anônimo das 9.55" (e agora, também das 4:41...), não careço de qualquer aulinha de interpretação não!
Você é que deveria aprender sobre redundância antes de afirmar coisas como "segmentar é separar"...E mais: São os gays, os judeus e os negros que "se separam" ou eles "são separados"? Poderia ser pueril a imagem de passeatas de héteros brancos (que, obviamente, não têm porque fazê-las por não sofrerem qualquer preconceito por causa disso) se isso não me remetesse a uma certa época na Alemanha, onde passeatas desse tipo levaram a uma destruição sem paralelo na História Contemporânea. Quanto à interpretação, sugiro que você leia outra vez o que eu escrevi prá ver se consegue entender. Ou talvez seja melhor eu trocar em miúdos prá você:
1. Denunciar um preconceito não faz do denunciante um preconceituoso ou ainda, não se espera que o opressor defenda o oprimido e sim que este, de alguma forma, faça seu protesto. Mas parece que você pensa que OK, essas pessoas sofrem preconceito, mas se elas falarem sobre isso, preconceituosas são elas. É essa a sua idéia? Lamento. Isso posto, vamos ao item
2. As músicas por mim citadas o foram por reproduzir o discurso do "opressor" e por isso, que eu saiba, não provocaram nem provocam qualquer polêmica, sendo de fácil aceitação para a massa.
Deu prá entender agora? De qualquer maneira,depois de ler seu último comentário, sua opinião de "maioria anônima", definitivamente, não me interessa. Passar bem.

12 de abril de 2007 às 19:05  
Anonymous Anônimo said...

Cara, educada e culta Juliana...entendi seu ponto de vista. Apenas não concordo e é justamente o oposto do meu.
O caso em questão>
Resumindo>>>>
Leila ou alguém por trás do projeto, está usando o tema GAY para vender!!!! Se o cd fosse lançado normalmente , sem ter se dito nada sobre isso, ele venderia normalmente e passaria sem essa polêmica toda.
Qto ao q vc propria escreveu, por vezes e muitas , os proprios gays, negros ect é q , realmente fazem essa segmentação. Por isso , afirmo, q mais esse cd "anunciando" q é um cd de temática gay , não ajuda em nada essa questão.

13 de abril de 2007 às 10:14  
Anonymous Anônimo said...

se há cds com tematicas rurais, se há cds com temáticas aquaticas, se há cds com tematicas nacionalistas, outros amorosas, outros pornograficas, outros jazzisticas, outros acusticos e outros só de baladas, musicas de protesto, um só com as obras escritas para teatro do chico, outros só musicas com nomes de mulheres, outros só com as musicas desconhecidas do tom, pq nao poderia haver um cd com musicas de tematica Gay?????
gente, compra quem quer. quem nao quer que compre o ultimo do daniel.

13 de abril de 2007 às 18:24  
Anonymous Anônimo said...

Se a Leila depender da gravadora, tá bem arranjada, até agora nenhuma loja tem o cd dela.Se fosse o Daniel,em todas as lojas já estaria tocando bem alto p/todo mundo ouvir.Como é difícil pra quem não faz parte do grande "marquetingue"

13 de abril de 2007 às 19:19  
Anonymous Anônimo said...

Desisto...
Viva Leila e seu projeto gay!!! Viva o preconceito e a segmentação!

13 de abril de 2007 às 23:40  
Anonymous Anônimo said...

na modern sound de copacabana tem. preconceito é o seu anonimo das 11 40.
viva o gay power.
viva stonewall.
viva assis valente, o maior gay da MPB

14 de abril de 2007 às 20:02  
Blogger ADEMAR AMANCIO said...

Não conheço esta cantora,mas a proposta é boa.

13 de setembro de 2012 às 11:40  

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