'Discoteca MTV' lembra tom legionário de 'Dois'
Título: Discoteca MTV - Dois (Legião Urbana, 1986)
Exibição: MTV
Data: 8 de junho de 2007
Cotação: * * *
"Dois é o disco que firmou a estética da Legião Urbana", resumiu Mayrton Bahia, o produtor do álbum enfocado no oitavo episódio da série Discoteca MTV. Com seu tom mais introspectivo, Dois ampliou a legião de fãs do grupo de Renato Russo (1960 - 1996), que apareceu falando deste trabalho em depoimentos extraídos de entrevista concedida à MTV em maio de 1994. "O segundo disco é onde vai ser ratificado se você está pronto para seguir em frente ou não...", ressaltou o guitarrista Dado Villa-Lobos no programa.
A Legião seguiu em frente. E entrou em estúdio para gravar Dois com poucas músicas novas já prontas para o que - inicialmente - seria um álbum duplo. "A gravadora (a EMI) queria que a gente repetisse o primeiro disco", confidenciaria Renato em 1994. Mal sabia a companhia que o LP Dois elevaria o patamar de vendas da Legião Urbana para perto da casa do milhão de cópias. "Este disco é carregado de energias indecifráveis", ponderou corajosamente o baterista do grupo, Marcelo Bonfá, sem medo de entrar no terreno do inexplicável para justificar o sucesso de um trabalho que deu início à religião urbana e ao culto à banda. "Ele é atemporal e fala direto para as pessoas", explicou Dado de forma mais direta. "É o melhor disco da Legião!!!", sentenciou Japinha, do grupo CPM 22.
Imagens de arquivo do baixista Renato Negretti foram mostradas a todo momento pelo programa, mas ninguém tocou no nome do músico que acabaria expulso da Legião por Renato Russo. O que foi lembrado foi a influência do grupo The Smiths no arranjo de Tempo Perdido. A dificuldade de gravar Andrea Doria, faixa cheia de ambiências. E também a estética Joy Division da capa do disco. Conterrâneo (e contemporâneo) dos músicos da Legião Urbana, Dinho Ouro Preto contou que, ao escutar o álbum, se deteve em Índios, faixa que calcula ter ouvido "umas 50 vezes". Enfim, um bom programa que, contudo, não conseguiu dimensionar toda a importância de Dois no culto ao mais importante grupo de rock do Brasil. Por tudo que ainda simboliza, Dois merece até um livro.