9 de junho de 2007

'Discoteca MTV' lembra tom legionário de 'Dois'

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV - Dois (Legião Urbana, 1986)

Exibição: MTV
Data: 8 de junho de 2007
Cotação: * * *

"Dois é o disco que firmou a estética da Legião Urbana", resumiu Mayrton Bahia, o produtor do álbum enfocado no oitavo episódio da série Discoteca MTV. Com seu tom mais introspectivo, Dois ampliou a legião de fãs do grupo de Renato Russo (1960 - 1996), que apareceu falando deste trabalho em depoimentos extraídos de entrevista concedida à MTV em maio de 1994. "O segundo disco é onde vai ser ratificado se você está pronto para seguir em frente ou não...", ressaltou o guitarrista Dado Villa-Lobos no programa.

A Legião seguiu em frente. E entrou em estúdio para gravar Dois com poucas músicas novas já prontas para o que - inicialmente - seria um álbum duplo. "A gravadora (a EMI) queria que a gente repetisse o primeiro disco", confidenciaria Renato em 1994. Mal sabia a companhia que o LP Dois elevaria o patamar de vendas da Legião Urbana para perto da casa do milhão de cópias. "Este disco é carregado de energias indecifráveis", ponderou corajosamente o baterista do grupo, Marcelo Bonfá, sem medo de entrar no terreno do inexplicável para justificar o sucesso de um trabalho que deu início à religião urbana e ao culto à banda. "Ele é atemporal e fala direto para as pessoas", explicou Dado de forma mais direta. "É o melhor disco da Legião!!!", sentenciou Japinha, do grupo CPM 22.

Imagens de arquivo do baixista Renato Negretti foram mostradas a todo momento pelo programa, mas ninguém tocou no nome do músico que acabaria expulso da Legião por Renato Russo. O que foi lembrado foi a influência do grupo The Smiths no arranjo de Tempo Perdido. A dificuldade de gravar Andrea Doria, faixa cheia de ambiências. E também a estética Joy Division da capa do disco. Conterrâneo (e contemporâneo) dos músicos da Legião Urbana, Dinho Ouro Preto contou que, ao escutar o álbum, se deteve em Índios, faixa que calcula ter ouvido "umas 50 vezes". Enfim, um bom programa que, contudo, não conseguiu dimensionar toda a importância de Dois no culto ao mais importante grupo de rock do Brasil. Por tudo que ainda simboliza, Dois merece até um livro.

Travis destila melancolia BritPop em bom disco

Resenha de CD
Título: The Boy with
No Name
Artista: Travis
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Já faz dez anos que o Travis lançou seu primeiro álbum, Good Feeling. De lá para cá, a ascensão e rápido apogeu do Coldplay fizeram o grupo escocês ser freqüentemente comparado à banda de Chris Martin. Há, sim, sons que remetem ao Coldplay neste quinto álbum do Travis - o primeiro desde o fracassado 12 Memories (2003). O hiato fez bem ao quarteto. Fran Healy e Cia. destilam melancolia BritPop em repertório de bom nível, urdido com guitarras melódicas e eventuais cordas (em Battleships). O Travis não se renova, só que se mantém com dignidade. Músicas como Selfish Jean e 3 Times and You Lose soam interessantes e valorizam o repertório, influenciado pela recente paternidade de Healy em temas como My Eyes. The Boy with no Name não é o CD de um subColdplay, mas de uma banda que completa dez anos de carreira fonográfica com fôlego para permanecer na estrada...

Pato Fu mixa álbum em que grava onze inéditas

Enquanto divulga o DVD com os clipes do CD Toda Cura para Todo Mal, o grupo Pato Fu finaliza seu nono álbum. O disco já está em fase de mixagem. O repertório é formado por onze músicas inéditas e uma regravação ainda não revelada pelo quarteto. O lançamento está previsto para o segundo semestre. No momento, a banda mineira começa a trocar idéias sobre a capa do álbum.

Sai DVD com turnê anterior do Blue Man Group

Aproveitando a vinda do grupo Blue Man Group ao Brasil, para shows no Rio de Janeiro e em São Paulo, em temporada que vai de 22 de junho a 19 de julho, a major Warner Music está lançando no mercado nacional o DVD que registra a turnê (anterior) deste trio de homens carecas que se apresentam pintados de azul em espetáculos performáticos que misturam música, teatro e animação. É o vídeo The Complex Rock Tour Live (capa acima à direita) - gravado em 2003. Além de captar uma apresentação da primeira turnê solo mundial do grupo, o DVD traz os clipes das músicas The Current, Exbihit 13 e Sing Along - além de três faixas do disco The Complex (também já editado no Brasil) remixadas com áudio 5.1.

8 de junho de 2007

Biscoito Fino registra show de Simone e Zélia

O lindo show feito por Simone e Zélia Duncan (em foto de Mauro Ferreira) será registrado pela gravadora Biscoito Fino. DVD e CD deverão chegar às lojas até o fim do ano. Apresentado uma única vez em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, em 2006, o encontro foi concebido dentro do bom projeto Tom Acústico, da casa Tom Brasil. O roteiro é pontuado por músicas gravadas por Simone na década de 70 (Vento Nordeste, Petúnia Resedá, Jura Secreta, Tô Voltando), mas a Cigarra também visita o repertório pop de Zélia (Não Vá Ainda, Mãos Atadas) entre algumas músicas inéditas nas vozes das duas cantoras (Gatas Extraordinárias, Grávida, Quero que Vá Tudo pro Inferno, Ralador e Agito e Uso). Vale o registro!!

Céu e Nasi cantam na trilha de 'Não por Acaso'

Céu (em foto de Rafael Jacinto) canta Sonhando na trilha sonora do filme Não Por Acaso, que estreou esta semana nos cinemas brasileiros. O CD será lançado na próxima semana pela gravadora Lua Discos. Assinada por Ed Cortes, a trilha deste primeiro longa-metragem de Philippe Barcinski traz também Nasi. O vocalista do grup Ira! interpreta Laços. Outros temas são Luto e Bola de Ouro.

Poemas de Pessoa remixados com a voz de Jô

Doze poemas de Fernando Pessoa ganharam a voz do humorista e apresentador Jô Soares - com direito a sotaque português - no CD Remix em Pessoa, que chega às lojas no segundo semestre pela gravadora carioca Performance Music. Idealizado pelo tecladista Billy Forghieri, integrante da Blitz, o projeto embala os versos do poeta com músicas criadas por Forghieri. Eis os 12 poemas do CD:
1. Sou Eu
2. O Menino
3. Aniversário
4. Ao Volante
5. Dobra da Moda
6. Liberdade
7. Poema em Linha
8. Ah! Um Soneto
9. Autopsi
10. Adiamento
11. Começa a Haver
12. Cruzou por mim

Daniel Gonzaga regrava a obra de Gonzaguinha

Daniel Gonzaga (foto) finaliza - no estúdio carioca Corredor 5 - álbum em que regrava a obra de seu pai, Gonzaguinha (1945 - 1991). Em 2001, o cantor já gravara disco dedicado ao cancioneiro do avô, Luiz Gonzaga (1913 - 1989) na fraca série Um Banquinho, Um Violão. O último disco de Daniel foi Areia, editado em 2004 com repertório autoral e inédito de ótimo nível.

7 de junho de 2007

Sai no Brasil a edição turbinada do CD 'B'Day'

Apesar de ter vendido quatro milhões de cópias em todo o mundo, o segundo álbum solo de Beyoncé Knowles, B'Day (2006), esteve longe de ser o arrasa-quarteirão imaginado pela gravadora Sony BMG e pela própria artista. Para dar injeção de ânimo nas vendas, foi providenciada uma edição turbinada do álbum. Lançada nos Estados Unidos em 3 de abril, B'Day - Deluxe Edition está chegando neste mês de junho ao mercado nacional. Inclui faixas inéditas - destacando o novo carro-chefe do disco, Beautiful Liar, gravado por Beyoncé em duo com Shakira - e DVD com 12 clipes. Entre eles, há os vídeos de Listen, Suga Mama, Upgrade U (com o rapper Jay-Z) e, claro, de Beautiful Liar. Será que salvará a pátria?

Rush faz mais do mesmo com rara competência

Resenha de CD
Título: Snakes & Arrows
Artista: Rush
Gravadora: Atlantic / Warner Music
Cotação: * * * *

Cultuado por fiel tribo de fãs que se espalha ao redor do mundo, o trio canadense Rush se celebrizou ao misturar rock pesado com sons progressivos. Snakes & Arrows é seu primeiro álbum de repertório inédito em cinco anos. E o som ouvido em faixas como Far Cry e Workin' Them Angels tem tudo para satisfazer a tribo. Sem a aura quase punk do álbum anterior Vapor Trails (2002), Snakes & Arrows flagra o Rush fazendo mais do mesmo (com direito a uma faixa semi-acústica como The Larger Bowl), só que com grande competência. A que faltou em alguns álbuns dos anos 90. Claro que o tempo passa - e seria injusto cobrar o mesmo teor de novidade da década de 70, época em que o Rush se consolidou com discos como Fly by Night (1975) - mas Snakes & Arrows deixa o trio bem na foto. Especialmente o já lendário vocalista e baixista Geddy Lee. Parte do mérito talvez seja do produtor Nick Raskulinecz, que assinou bons CDs de grupos como Foo Fighters e Velvet Revolver, mas o fato é que o Rush gravou um disco que se sustenta. E isso não é pouca coisa em se tratando de banda que já está na estrada desde 1969. Que permaneça, pois, o culto ao trio...

Clarkson tenta bisar sucesso com disco autoral

Vencedora - em 2002 - da primeira edição do reality show American Idol, Kelly Clarkson vai tentar bisar o estrondoso êxito comercial de seu segundo trabalho - Breakaway (de 2004), que teve hits como Because of You e Since U Been Gone - com um repertório autoral. A artista assina as 14 músicas inéditas de seu terceiro álbum, intitulado My December e produzido por David Khane (Khane assina o CD lançado esta semana por Paul McCartney, Memory Almost Full). Never Again é a faixa eleita o primeiro single do disco, que já tem lançamento mundial agendado para 26 de junho.

Ludov lança 'Disco Paralelo' urdido com Neves

Disco Paralelo é o título do segundo CD do grupo Ludov. Produzido por Chico Neves, o álbum está sendo editado pelo selo indie Mondo 77. Ciência, Urbana, Sobrenatural, Rubi e Refúgio são algumas músicas do disco. O primeiro álbum do Ludov saiu pela Deckdisc, mas o grupo e a gravadora não se acertaram e desfizeram tal elo.

6 de junho de 2007

'Chuva Negra' marca volta de Ozzy ao mercado

Lenda do universo metaleiro, Ozzy Osbourne está de volta em 2007 com o disco Black Rain, que está sendo editado no Brasil neste mês de junho pela Sony BMG. Ozzy é o co-produtor do álbum, gravado em seu estúdio particular, na sua própria casa. Not Going Away, I Don’t Wanna Stop e 11 Silver são músicas do CD. Zakk Wylde (guitarra), Blasko (baixo) e Mike Bordin (bateria) são os músicos que formam o trio que toca com Ozzy no novo álbum.

Sai o CD em que Joyce e Horta voltam a Jobim

Editado de início no Japão, onde saiu em 1995, o CD Sem Você - em que Joyce e Toninho Horta rebobinam o cancioneiro de Tom Jobim - ganha edição nacional pela Biscoito Fino, doze anos depois de seu lançamento. Dez das 12 faixas foram gravadas em apenas uma noite em Nova York (EUA). As duas restantes - Estrada do Sol e Frevo de Orfeu - foram registradas posteriormente no Rio de Janeiro, a pedido do produtor japonês Kazuo Yoshida. E tanto Joyce quanto Horta já tinham dedicado discos ao maestro. O CD dela, Tom Jobim... Os Anos 60, é de 1987. O de Horta se chamou From Ton to Tom. Eis o repertório de Sem Você, que fecha com take alternativo de Ela É Carioca - parceria de Tom & Vinicius que também abre o CD:
1. Ela É Carioca (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
2. Correnteza (Tom Jobim e Luiz Bonfá)
3. Inútil Paisagem (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira)
4. Frevo de Orfeu (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
5. Lígia (Tom Jobim)
6. Vivo Sonhando (Tom Jobim)
7. Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira)
8. Só Danço Samba (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
9. Outra Vez (Tom Jobim)
10. Sem Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
11. Este seu Olhar / Só em teus Braços (Tom Jobim)
12. Estrada do Sol (Tom Jobim e Dolores Duran)
13. Ela É Carioca (take 2)

Young extrai de seu arquivo show solo de 1971

A Warner Music está lançando no Brasil Live at Massey Hall 1971, álbum de Neil Young que dá seqüência aos raros registros extraídos dos arquivos do compositor canadense (o primeiro CD da série, Live at the Fillmore East, também já foi editado no mercado nacional). Alternando-se entre o piano e o violão, Neil Young engata 18 músicas - em 17 números - neste acústico show solo. Muitos temas eram novidades em seu repertório na época da apresentação. Eis o repertório completo - e na ordem - do álbum:
1. On the Way Home
2. Tell me Why
3. Old Man
4. Journey Through the Past
5. Helpless
6. Love in Mind
7. A Man Needs a Maid / Heart of Gold Suite
8. Cowgirl in the Sand
9. Don't Let It Bring You Down
10. There's a World
11. Bad Fog of Loneliness
12. The Needle and the Damage Done
13. Ohio
14. See the Sky About to Rain
15. Down by the River
16. Dance Dance Dance
17. I Am a Child

Camelo na estação acústica de Sandy & Junior

Marcelo Camelo cantou a música As Quatro Estações com Sandy & Junior na primeira noite de gravação do CD/DVD Acústico MTV da dupla. Ivete Sangalo - a outra convidada da noite - interpretou Enrosca, sucesso de Fábio Jr. em 1981 que os irmãos (em foto de divulgação de NPL) já haviam regravado em disco ao vivo editado em 2000. A gravação do acústico terá continuidade na noite desta quarta-feira, 6 de junho, em Sampa, com a adesão de Lulu Santos, que vai tocar guitarra em Você pra Sempre. Este é o repertório do Acústico MTV que, em tese, é o último trabalho feito pela dupla:
1. Abri os Olhos (inédita)
2. Alguém Como Você (inédita de George Israel)
3. Cai a Chuva
4. Com Você
5. Desperdiçou
6. Enrosca (com Ivete Sangalo)
7. Estranho Jeito de Amar
8. Ilusão
9. Inesquecível
10. A Lenda
11. Love Never Fails
12. Maria Chiquinha
13. Nada Vai me Sufocar
14. Não Dá para Não Pensar
15. No Fundo do Coração
16. As Quatro Estações (com Marcelo Camelo)
17. Segue em Frente (inédita)
18. Super-Herói (Não É Fácil)
19. Tudo pra Você
20. Quando Você Passa (Turu Turu)
21. Você pra Sempre (com Lulu Santos na guitarra)

5 de junho de 2007

Coletânea exibe a grande voz perdida de Cláudia

Resenha de CD
Título: Grandes Vozes
- Cláudia
Artista: Cláudia
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * * *

Embora destoe dos demais 14 títulos da série de coletâneas Grandes Vozes, direcionada para cantores da chamada Era do Rádio, a compilação dedicada a Cláudia na coleção é especial e importante porque não havia no mercado coletânea desta cantora realmente grande. Apesar de alguns lapsos na informação, como creditar a 1970 as faixas Jesus Cristo e Com Mais de 30 (lançadas em 1971 no álbum Jesus Cristo, recém-editado pela EMI Music), a seleção de repertório feita por Rodrigo Faour oferece uma ótima amostra da qualidade vocal da intérprete (projetada nos anos 60).

Cláudia não teve uma carreira à altura de sua voz. Ela teria cacife para ainda figurar entre as grandes cantoras do Brasil. Só que seu último trabalho de real vulto foi a interpretação do papel-título da versão brasileira do musical Evita. Sua versão de Não Chores por mim, Argentina - de 1983, ano da encenação do espetáculo - fecha a coletânea, que rebobina fonogramas inéditos no formato digital.

Com sua voz extensa que, dizem, assustou até Elis Regina, Cláudia esbanja suingue em Mas que Nada (1968), põe um vibrante acento soul em Como 2 e 2 (1972, canção de Caetano Veloso lançada por Roberto Carlos no ano anterior), encara a amargura rancorosa de Gonzaguinha no samba Pois É, Seu Zé (1973) e aveluda seu canto no standard internacional The Shadow of your Smile (1968). Há, porém, faixas em que a cantora peca pela empostação - sobretudo Pranto, apresentada em gravação ao vivo registrada em 1966 com o violonista César Roldão de Oliveira, autor da triste composição.

Mesmo quando soa antiga, a voz de Cláudia brilha. A compilação abrange gravações feitas pela artista em suas passagens pela RGE (anos 60), Odeon (início dos anos 70) e CBS (fim da década de 70). Fica a sensação de que sua grande voz acabou perdida na poeira da estrada. Seja por caprichos do mercado ou mesmo do destino...

Enrique volta com 'Insomniac' após quatro anos

Quatro anos depois de lançar Seven, Enrique Iglesias volta ao mercado fonográfico com seu oitavo CD, Insomniac, nas lojas dos Estados Unidos a partir da próxima terça-feira, 12 de junho. O CD foi gravado basicamente em inglês (mas apresenta algumas faixas em espanhol). A música Do You Know? (The Ping Pong Song) foi eleita o primeiro single. Eis as 16 faixas do álbum Insomniac:

1. Ring my Bells
2. Push
3. Do You Know?
4. Somebody's me
5. On Top of You
6. Tired of Being Sorry
7. Miss You
8. Wish I Was your Lover
9. Little Girl
10. Stay Here Tonight
11. Sweet Isabel
12. Don't You Forget about me
13. Dímelo
14. Alguien Soy Yo
15. Amigo Vulnerable
16. Hero (Thunderpuss Edit)

Em setembro, Stones pelas lentes de Scorsese

O documentário dirigido por Martin Scorsese com foco na música dos Rolling Stones, Shine a Light, vai ser lançado nos cinemas americanos em 21 de setembro e, depois, será editado em DVD - a exemplo do que aconteceu com No Direction Home, excelente filme de Scorsese sobre Bob Dylan, editado em 2005. A narrativa de Shine a Light incorpora números da turnê A Bigger Bang, filmada em Nova York (EUA), em 2006, com intervenções de Jack White (em Loving Cup), Christina Aguilera (em Live with me) e do guitarrista Buddy Guy (em Champagne & Reefer). Não há, por ora, previsão de lançamento do documentário nos cinemas brasileiros.

Mais Stones: além do filme de Scorsese, o grupo vai lançar DVD com o registro da turnê A Bigger Bang - incluindo a histórica apresentação do show na Praia de Copacabana no início de 2006.

Duofel experimenta a eletrônica e o (free) jazz

Concebido dentro do projeto comemorativo dos 25 anos de existência do Duofel, o álbum - duplo - que inaugura o selo Duofel Experimenta flagra os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno transitando por inexploradas searas de jazz e eletrônica. O CD 1, Playing at Home, foi gravado em típica jam session na residência do co-produtor Badal Ray em New Jersey (EUA) - sem a elaboração prévia de nenhum conceito e tampouco dos sete temas inéditos e autorais que acabaram formatando o repertório do disco. Entre eles, Pretty Heart e Modern Light. Já o CD 2, Lounge Eletrônico, foi desenvolvido com os produtores Franco Jr. e Manoel Vanni, que formam o duo Lunatics. Entre os dez temas, há experiências com drum'n'bass (O Vôo da Harpia), house (Sambanela) e lounge (Cápsula do Amor) - temperadas com as sonoridades brasileiras.

4 de junho de 2007

Trio Dughettu grava o primeiro álbum em julho

Trio carioca de hip hop que vai abrir os shows feitos pela cantora americana Lauryn Hill no Rio e em São Paulo, Dughettu entra em estúdio em julho para gravar seu primeiro álbum. Descendente do movimento Black Rio, o grupo é formado por DJ Nino, pelo rapper Marcello Silva e pelo guitarrista (e cantor) Marquinho O Sócio. No repertório do CD, Questão de Quê e De Repente. Além de Te Levar, já um hit nos shows do trio que milita há anos na cena hip hop do Rio com influências de soul e de música brasileira. É a bola da vez.

Canções rock'n'roll da velha esquina de Minas

Resenha de CD / DVD
Título: 14 Bis ao Vivo
Artista: 14 Bis
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Antes da abertura do mercado nacional para o rock brasileiro, a partir do verão de 1982 (o da Blitz), houve o vôo do 14 Bis. Formado em 1979, no embalo da abertura do Clube da Esquina, ocorrida sete anos antes, o grupo misturou referências de Beatles e de rock progressivo para fazer um som pop. O DVD 14 Bis ao Vivo dá um rasante na trajetória do grupo, que atravessou a década de 80 a bordo do sucesso - até ser jogado à margem do mercado do disco.

14 Bis ao Vivo é do tipo de registro de show que reitera valores em roteiro pontuado por hits. São as velhas canções que trazem embutido nelas o espírito do rock'n'roll (Linda Juventude, Planeta Sonho, Todo Azul do Mar, Natural, Bola de Meia, Bola de Gude). Como se ainda estivesse naquele momento onírico, o grupo pega a rota do passado e faz um vôo (nostálgico) que agrega à tripulação Beto Guedes (tímido como sempre em Caçador de mim) e Marcus Viana (em Mesmo de Brincadeira e nos temas 14 Bis Instrumental I e II). Cordas orquestradas por maestros como Eduardo Souto Neto e Ringo de Moraes valorizam músicas como Nave de Prata.

Integrante da tripulação original, Flávio Venturini foi ao estúdio gravar com os colegas de seu ex-grupo (entre eles, o seu irmão Cláudio Venturini) as músicas Uma Velha Canção Rock'n'Roll e Planeta Sonho. Esta conta também com a adesão (igualmente de estúdio) do conterrâneo Rogério Flausino, que, a rigor, pouco ou nada acrescenta ao tema - ainda que sua participação simbolize a interação entre diferentes esquinas mineiras. Enfim, é um DVD convencional que se justifica por ser o primeiro do grupo em 28 anos. Já o CD ao vivo editado simultaneamente é dispensável por patinar na triavilidade de produtos do gênero. E aí, vai embarcar?

Maroon 5 se afasta do tom 'teen' no segundo CD

Resenha de CD
Título: It Won't Be Soon
Before Long
Artista: Maroon 5
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Em 2002, ao aparecer com o álbum Songs About Jane, o quinteto Maroon 5 seduziu um séquito adolescente - digno de boyband - enquanto emplacou hits como Sunday Morning e This Love. Cinco anos e dois CDs ao vivo depois, o grupo apresenta, enfim, seu segundo álbum de estúdio. E o longo hiato - raro na sempre urgente indústria do pop rock - fez muito bem a Adam Levine, o guitarrista, bom vocalista e principal compositor do grupo. É nítido o crescimento do Maroon 5 em It Won't Be Soon Before Long. Em vez do rock quase juvenil do primeiro CD, o segundo álbum traz um som mais pop e dançante - com influência de soul music e ecos de Prince (em faixas como If I Never See your Face Again e Wake up Call) e do grupo The Police (em Won't Go Home without You). A guinada não foi radical, mas a mudança é perceptível ao longo do ótimo repertório que, apesar da coesão, destaca Makes me Wonder, belo single que roça o pop perfeito, e a balada Better That We Break. Provas de que o Maroon 5 já está distante do tom teen que teimava em macular sua música.

Dudu e Cláudia regravam Caymmi para novela

Um improvável dueto de Dudu Nobre com Cláudia Leitte é a surpresa da trilha nacional da nova novela Eterna Magia. O sambista e a cantora de axé uniram vozes em belo samba de Dorival Caymmi, Acontece que Eu Sou Baiano. Como a trama é de época, a seleção prioriza músicas das décadas de 40 e 50. Eis a relação de músicas e intérpretes do disco, nas lojas este mês pela Som Livre:

1. Acontece que Eu Sou Baiano - Cláudia Leitte e Dudu Nobre
2. O Samba da Minha Terra - Gustavo Lins
3. Pra Machucar meu Coração - Gal Costa
4. Nada Além - Sidney Magal
5. Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda - Pedro Mariano
6. O Tempo me Guardou Você - Ivan Lins
7. Boa Noite, Amor - Elis Regina
8. Velho Realejo - Jair Rodrigues
9. Cabelos Brancos - Sílvio Caldas
10. Segredo - Dalva de Oliveira
11. Se Tu Soubesses - Zé Renato
12. Somos Dois - Dick Farney
13. Lábios que Beijei - Orlando Silva
14. Eterna Magia - Alberto Rozemblit
15. Concerto nº 2 in C Minor for Piano and Orchestra, Op. 18 - Claudio Abbado

3 de junho de 2007

Sim, Vanessa da Mata faz pop com inteligência

Resenha de CD
Título: Sim
Artista: Vanessa da Mata
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Terceiro álbum de Vanessa da Mata, primeiro depois do estouro de Essa Boneca Tem Manual (de 2004), Sim desloca a música da compositora de Mato Grosso para outro eixo pop. Se no disco anterior houve a clara tentativa de clonar o som de Marisa Monte (na canção Ainda Bem) e de cortejar as FMs - flerte bem-sucedido a partir da inclusão do remix de Ai, Ai, Ai... na trilha da novela Belíssima - no terceiro disco a artista sinaliza uma intenção de soar pop sem fazer o jogo banal das paradas. Para quem ouviu somente a canção Boa Sorte / Good Luck, composta e gravada com Ben Harper, pode até parecer que Vanessa aderiu à trivialidade do mercado. Mas Sim desmente essa sensação. É um álbum muito bacana, de corajoso repertório inteiramente autoral.

Não, Sim não chega a ser obra-prima como Vanessa da Mata (2002), o primeiro e ainda melhor álbum da cantora, de beleza regionalista. A beleza que Vanessa diluiu com o sotaque pop do produtor Liminha no irregular Essa Boneca Tem Manual. No novo manual da boneca, sai Liminha e entra a (hypada) dupla de produtores Kassin e Mario Caldato, que confere modernidade ao repertório sem apelar para clichês. Sim é CD de surpreendentes referências, urdidas nos criativos arranjos de inspiração coletiva.

Escorada na criatividade desses arranjos, Vanessa da Mata - que chegou a ser breve vocalista da banda de reggae Black Uhuru - se aproxima do ritmo jamaicano nas faixas Vermelho (a melhor das três no gênero), Ilegais e Absurdo. Detalhe importante: o disco foi parcialmente gravado em Kingston, a capital da Jamaica, e traz em cinco faixas a participação realmente especialíssima do duo Sly & Robbie. Autoridades no ritmo, o baterista Sly Dunbar e o baixista Robbie Shakespeare valorizam com sua luxuosa cozinha as boas investidas de Vanessa da Mata no reggae - feitas sob ótica pessoal.

Sim, no entanto, extrapola o universo jamaicano e comprova em caráter definitivo o talento de Vanessa da Mata como compositora que bebeu intuitivamente em múltiplas fontes. De certa forma, há ecos da Gal Costa dos anos 70 - a referência nem sempre assumida para muitas cantoras nativas - em Fugiu com a Novela e no samba Quando um Homem Tem uma Mangueira no Quintal. Já Pirraça utiliza elementos da guitarrada que impera no Norte do Brasil. Baú tem envolvente beat afro que faz da faixa candidata em potencial a um remix. Pode virar hit na noite. Mas o provável grande sucesso do disco será Você Vai me Destruir, parceria da compositora com o bom guitarrista Fernando Catatau. A faixa une um instrumental dance (com referências de disco music) à letra construída dentro do universo da canção popular romântica (brega, para uns). Dez!!!

Depois de apresentar bela balada (Amado) e pop abolerado (Meu Deus, com o piano de João Donato, muso inspirador da música), a artista fecha o disco com linda e singela canção, Minha Herança: Uma Flor, em que se acompanha solitária ao violão - mesmo sem ter prática de tocar o instrumento. É a prova de que a bela música de Vanessa da Mata não precisa de manuais de modernidade para soar envolvente e, sim, intuitiva, como a cantora vem enfatizando no discurso adotado para promover seu (bem-vindo) álbum Sim.

P.S.: Sim já está nas lojas no formato de CD Zero (com cinco faixas e preço fixado em R$ 9, 99) e de álbum convencional. Em breve, chegará a edição que, além do CD, traz DVD com o documentário Minha Intuição, filmado por Bruno Natal durante as gravações.

Voz de Zé Renato valoriza DVD que traz Milton

Resenha de DVD
Título: Zé Renato ao Vivo
Artista: Zé Renato
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 26 de junho de 2006, quando gravou seu primeiro DVD na casa carioca Estrela da Lapa, Zé Renato já contabilizava 50 anos de idade e 30 anos de carreira, iniciada em 1976 no grupo Cantares. Um ano depois, Zé Renato ao Vivo está nas lojas com o registro de show cujo roteiro revive músicas de várias fases do artista sem preocupações cronológicas e sem a obrigação de enfileirar hits. Não tem Toada no repertório, por exemplo. Para marcar sua passagem pelo grupo Boca Livre, Zé convidou o quarteto para andar de Bicicleta (1980) com os vocais harmoniosos que fizeram a fama do Boca. Outro ilustre convidado, o parceiro Milton Nascimento subiu ao palco para fazer dueto em Anima, a faixa-título de álbum de 1982. Foi um momento afetivo.

Na melhor das formas, a voz de Zé Renato dispensa convidados. A interpretação a capella de Cantoria - que abre o show em medley com Papo de Passarim - já basta para lembrar aos ouvintes que o artista em cena ainda continua sendo um dos maiores cantores do Brasil. Qualidade atestada no canto em inglês de Roxane - sucesso do trio The Police, rebobinado por Zé com o sax de Zé Nogueira num registro que até rivaliza com o vocal de Sting na gravação original - e na sublime releitura do fado Foi Deus, pontuada pelo acordeom de Marcos Nimritcher (também a cargo dos pianos). 10!

Dentre músicas como o fox Mulher e a canção A Hora e a Vez (hit da trilha da novela Roque Santeiro), o único número destoante do tom romântico, lírico e intimista do roteiro é Eu Quero Botar meu Bloco na Rua. Inclusive porque a formação piano-baixo-bateria da banda é insuficiente para reeditar a pulsação deste clássico de Sérgio Sampaio nos anos 70. O bloco do futuro entra em cena mais harmônico com inéditas como o samba Delicada (parceria de Zé com Teresa Cristina) e a linda folia Luz da Nobreza (Zé com Pedro Luis) - fecho de ouro para um DVD valorizado pela voz nobre de Zé Renato. E nos extras ainda tem clipe de 1990 com Tom Jobim!!!

Lessa realça afinidades entre Rio, Cuba e África

Resenha de CD
Título: Das Ilhas Mestiças
Artista:
Rodrigo Lessa
Gravadora: Independente
Cotação: * * *


Bandolinista carioca, Rodrigo Lessa comemora dez anos de boa carreira fonográfica – seu primeiro CD solo, Solbambá, é de 1997 – com um trabalho instrumental em que evidencia as afinidades musicais entre Rio de Janeiro, Cuba, Caribe e Cabo Verde. O músico embaralha os sons percussivos, calientes e sincopados das ilhas mestiças. A semente do projeto foi a música Rala Coxa, gravada em 2003 e rebobinada em versão remixada no atual álbum para fechar o disco e amarrar o conceito. A mistura foi bem feita. A interação entre os sons das ilhas parece natural. Temas autorais de Lessa - entre eles, Calango Mindelo, Suave Dengo, Equador, Sonhos e Ponto de Bala - soam como híbridos nascidos da efervescência rítmica que caracteriza a música das ilhas e a do Rio de Janeiro. Burrito, arranjado pelo co-autor Eduardo Neves, é especialmente belo e interessante. Um dos pioneiros na valorização dos sons afro-cubanos, João Donato toca piano em Porque que Tem que Ser Assim? – com direito à citação de seu standard A Rã. Enfim, um bom disco que reafirma o talento e a musicalidade de Lessa como bandolinista e compositor. Ouça!!

Coletânea exibe afiada língua plural de Caetano

No amplo idioma tropicalista, Caetano Veloso tem transitado por sotaques diversos. A boa compilação Língua - lançada esta semana pela Universal Music dentro das homenagens pelos 40 anos do compositor na gravadora multinacional - reapresenta 12 gravações do artista em outros idiomas (em inglês, espanhol, italiano e francês) - além de dois fonogramas em português que mostram que a pátria de Caetano Veloso sempre foi mesmo sua língua. Plural e afiada. Trata-se do belo fado Estranha Forma de Vida (gravado com acento lusitano) e da faixa-título - espécie de manifesto em que o artista explicita sua vocação para expandir os limites da fonética. Eis o fino repertório (selecionado por Rodrigo Faour) da coletânea concebida por Ricardo Moreira:
1. London, London (1971)
2. Nine Out of Ten (1984)
3. Cambalache (1969)
4. Let It Bleed (1968)
5. Help (1975)
6. Maria Bethânia (1971)
7. Fina Estampa (1994)
8. Cheek to Cheek (1995) - Com Cauby Peixoto
9. Dans Mon Île (1981)
10. Michelangelo Antonioni (2000)
11. Vete de Mí (1994)
12. Come as You Are (2004)
13. Estranha Forma de Vida (1986)
14. Língua (1984)