16 de maio de 2009

Xuxa deixa Som Livre e ingressa na Sony Music

Xuxa é a mais nova contratada da Sony Music. A apresentadora do programa TV Xuxa - clicada por João Miguel Júnior na foto de divulgação da TV Globo - lança até o fim deste ano de 2009 seu primeiro projeto na sua nova gravadora. Desde 1986, Xuxa edita seus discos pela Som Livre e, mesmo sem repetir as vendagens astronômicas da década de 80, a apresentadora se mantém como um dos nomes (mais) rentáveis do mercado fonográfico brasileiro.

Solar, Leila ilumina 'elegância antiga' de Gudin

Resenha de Show
Título: Pra Iluminar
Artista: Eduardo Gudin e Leila Pinheiro
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 15 de maio de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz até sábado, 16 demaio de 2009

Sem se apresentar no Rio de Janeiro (RJ) desde 1976, ano em que levou aos palcos cariocas (com Márcia e com o fiel parceiro Paulo César Pinheiro) o show O Importante É que Nossa Emoção Sobreviva, Eduardo Gudin retornou à cidade na noite de ontem, 15 de maio de 2009, para dividir a cena do Teatro Rival com Leila Pinheiro. O pretexto foi badalar o recém-lançado CD homônimo do show, Pra Iluminar, em que a cantora joga luz sobre a obra do compositor. Somente a volta de Gudin ao Rio já seria suficiente para fazer o show - em cartaz somente até hoje, 16 de maio - se destacar na programação musical da cidade. Contudo, o show em si é muito bonito e supera o álbum, que não consegue transmitir toda a beleza desse encontro afinado entre Leila e Gudin. Em cena, a cantora passa uma vibração que a gravação ao vivo do CD não conseguiu captar por inteiro - até pela disposição linear das faixas.

O repertório do show extrapola o roteiro perpetuado no disco. Com Gudin ao violão, Leila apresenta até um inédito choro-canção do compositor, Elegância Antiga, pontuado pelo saxofone de Leo Gandelman, convidado especial das duas apresentações. O título deste tema, aliás, bem poderia caracterizar a obra de Gudin, autor de sambas que vão ficando antigos, associados a uma MPB mais tradicional, mas que se conservam majestosos em sua elegância atemporal. Obra que cai bem na voz sempre afinada e segura de Leila, que já entra solar em cena para cantar a música que dá nome ao disco e ao show, Pra Iluminar. A essa técnica invejável, a intérprete alia o prazer com que (re)apresenta um samba como Ainda Mais, levando o público a perceber a beleza melódica e poética desta parceria de Gudin com Paulinho da Viola, gravada por Leila em um de seus melhores álbuns, Na Ponta da Língua (EMI Music, 1998). Inicialmente tímido, Gudin se solta em cena ao contar a longa história da parceria, concluída ao longo de 12 anos.

Vale ressaltar que cantora e compositor contam a seu favor com banda irretocável, formada por feras como o baixista Jorge Helder. Samba lançado por Clara Nunes (1942 - 1983) em 1978, Mente, por exemplo, brilha com o toque virtuoso do bandolim de Afonso Machado. Da mesma forma que a flauta de Gandelman é a cereja do bolo em Luzes da Mesma Luz. Apesar de este tema ter certa densidade emocional, o show supera o disco por transcorrer mais leve, com roteiro que surpreende ao incluir Euforia, parceria de Gudin com Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Roberto Riberti, precedida no show por Juízo Final, a licença poética do repertório. Inédito na voz de Leila, o samba Euforia - em cuja primeira parte se identifica a grife melódica de Cavaquinho - é de 1982 e ganhou recente gravação de Dona Inah em CD, Olha Quem Chega, também dedicado inteiramente à obra de Gudin. A propósito, Olha Quem Chega - primeira parceria de Gudin com Paulo César Pinheiro, composta no fim dos anos 60 e lançada por Elizeth Cardoso em 1972 no primeiro volume do álbum duplo Preciso Aprender a Ser Só - é ouvida no show na voz opaca do próprio autor em registro de tom afetivo. É a criação pelo criador.

No bloco final, Leila transita pela Paulista, cai no samba à moda paulista em Praça 14 Bis e tinge Verde - samba que fez sua carreira deslanchar em 1985 - com as mesmas cores vivas do arranjo mais lento apresentado no Festival dos Festivais. Verde simboliza metaforicamente o momento em que o Brasil voltou a respirar os ventos da democracia. Contudo, Gudin soube também retratar em sua obra o período de asfixia e, dessa vertente, o roteiro revive Mordaça, número dos mais aplaudidos - certamente também por conta da imensa carga política já indissociada do tema - e estrategicamente posicionado antes de Verde. Na sequência, Boa Maré e Maior É Deus celebram a fé na vida e preparam o terreno para que Gudin encerre o show cantando Velho Ateu (a voz de Leila se faz ouvir somente do meio para o final do belo samba). Iluminado pela luz da obra do compositor, o público sai feliz do teatro. Como também feliz foi a volta de Eduardo Gudin aos palcos cariocas, guiado pela voz firme de Leila Pinheiro. Elegância antiga!

Ivete revive popsambalanço Brumário com Lulu

Música lançada pelo autor Lulu Santos em disco hoje hype, Popsambalanço e Outras Levadas (de 1989), Brumário ganhou outra abordagem de Lulu, em dueto feito com Ivete Sangalo, 20 anos após o registro original do tema. A (inusitada) regravação faz parte dos novos CD e DVD da cantora, Pode Entrar, nas lojas a partir de 5 de junho de 2009. Maria Bethânia participa da faixa Muito Obrigado, Axé. Já Marcelo Camelo figura em Teus Olhos. Eis as (17) músicas do DVD de Ivete Sangalo:
1. Balakbak
2. Eu Tô Vendo
3. Brumário - com Lulu Santos
4. Agora Eu Já Sei
5. Teus Olhos - com Marcelo Camelo
6. Meu Maior Presente
7. Completo - com Mônica Sangalo
8. Na Base do Beijo
9. Cadê Dalila?
10. Sintonia e Desejo - com Aviões Do Forró
11. Oba Oba
12. Viver Com Amor
13. Vale Mais - com Saulo Fernandes
14. Quanto ao Tempo - com Carlinhos Brown
15. Muito Obrigado, Axé - com Maria Bethânia
16. Fã
17. Não me Faça Esperar

Acústico de Rod volta com DVD e faixas-bônus

Em 1993, quando sua irregular carreira ainda não tinha sido reanimada com providenciais incursões pelo repertório da canção norte-americana, Rod Stewart sentou no banquinho da MTV para rebobinar seus hits. O registro voltou às lojas em março de 2009 em edição de colecionador que a Warner Music vai lançar no mercado brasileiro ainda neste mês de maio. Unplugged... and Seated chega ao Brasil em edição que junta CD + DVD. O especial nunca tinha sido lançado em DVD. Já o CD acrescenta duas faixas-bônus - Gasoline Alley e Forever Young - ao repertório do álbum original.

15 de maio de 2009

Ópera-rock que oscila entre baladas e pop punk

Resenha de CD
Título: 21st Century Breakdown
Artista: Green Day
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2
Em 2004, o trio norte-americano Green Day fez barulho com seu forte álbum American Idiot, editado quando a gestão do ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, atingia picos de impopularidade entre os povos que condenavam sua política antiguerra. Cinco anos depois, o grupo tenta reeditar aquele barulho com 21st Century Breakdown, seu oitavo álbum de estúdio, lançado nos EUA nesta sexta-feira, 15 de maio de 2009. Trata-se de disco ambicioso que, na concepção do Green Day, pode ser encarado como uma ópera-rock dividida em três atos (Heroes and Cons, Charlatans and Saints e Horseshoes and Handgrenades) e 18 músicas que giram em torno da saga de jovem casal punk, Christian e Gloria. É bom? Sim, o CD é bom na medida em que pode ser bom o mix de baladas com pop punk que caracteriza o som coeso do grupo. Nesse sentido, 21st Century Breakdown roça o êxito e até a virulência de American Idiot.
Como já sinalizara o primeiro ótimo single do álbum, Know your Enemy, o produtor Butch Vig conseguiu capturar no estúdio a energia do grupo. O CD tem pegada. E, no resumo da ópera, o álbum desce bem com seus temas de tom ora épico (a faixa-título, 21st Century Breakdown), ora baladeiro (21 Guns e Last Night on Earth, por exemplo). Sim, há muitas baladas no repertório. O que muda é o tempero. ¡Viva la Gloria! - para citar somente uma das mais bonitas - foi incrementada com piano à moda de Elton John. Contudo, para quem procurar pelo pop punk típico do Green Day, a dica é começar a ouvir o álbum por faixas como Christian's Inferno. Entre alfinetadas nas instituições religiosas (East Jesus Nowhere) e incursões bem rasteiras pelo universo musical latino-americano (Peacemaker, com levada de leve cento mexicano), o álbum (às vezes...) se perde na sua ambição. Mas tem urgência e conceito coerente com a obra do trio, pois Christian e Gloria (perfilada em Last of the American Girls) formam um casal de american idiots perdidos na América esfacelada da era pós-Bush, à espera de que Barack Obama reconstrua o tal sonho americano...

Faixa inédita na coletânea em que Zé canta Luiz

Música de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), feita com Beduíno e caracterizada como valsa na gravação realizada pelo Rei do Baião em 1951, Amanhã Eu Vou ganhou um registro de Zé Ramalho, captado em março deste ano especialmente para a compilação Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga. O CD foi produzido pelo pesquisador musical Marcelo Fróes para seu selo Discobertas e vai ser distribuído nas lojas pela Sony Music, gravadora dona de quase toda a obra fonográfica de Ramalho. A coletânea mapeia todos os fonogramas em que o cantor abordou a obra de Lua. A seleção inclui Asa Branca, No Meu Pé de Serra e Paraíba. O repertório (re)apresenta duetos de Zé Ramalho com Dominguinhos (em Pau de Arara e Não Vendo, Nem Troco), Xuxa (ABC do Sertão) e com o próprio Gonzagão (Fica Mal com Deus). O CD chegará às lojas neste mês de maio de 2009, lembrando os 20 anos de morte de Luiz Gonzaga, acontecida em agosto de 1989.

DVD exibe o especial feito com Nelson em 1981

Eternamente Nelson - o DVD póstumo que a gravadora Sony Music vai pôr nas lojas ainda neste mês de maio de 2009 - rebobina um especial com Nelson Gonçalves (1919 - 1998) exibido pela Rede Globo em 1981. No raro programa, levado ao ar na TV com o título Nelson Gonçalves - 40 Anos, o cantor reviveu seus hits em cenário inspirado num ringue de boxe e recebeu os compositores Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Evaldo Gouveia, que cantaram com Nelson suas respectivas músicas O Dono das Calçadas e A Despedida. Nos extras, o DVD apresenta duetos de Nelson Gonçalves com nomes como Fafá de Belém (O Negócio É Amar), Alcione (Louco - Ela É seu Mundo) e Martinho da Vila (Lembranças). A seleção rebobina também o encontro do artista com o cantor Orlando Silva (1915 - 1978) - que Nelson considerava seu mestre - nas músicas A Última Estrofe e Pedestal de Lágrimas. Os números com Orlando foram gravados para o programa semanal Fantástico, a exemplo de outros duos.

Sem critério, coletânea agrega 'divas populares'

Resenha de CD
Título: Divas Populares
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas
/ Coqueiro Verde
Cotação: * *

Para fãs da música dita cafona ou brega, a coletânea dupla Divas Populares vai ser alvo de natural interesse. O produtor Marcelo Fróes reuniu em dois CDs 30 gravações de 18 cantoras que lideraram as paradas mais populares entre 1971 e 1988. O CD 1 apresenta 15 fonogramas dos anos 70. O CD 2 foca a década de 80. Infelizmente, desta vez, Fróes não incrementou a coletânea com informações sobre a origem das faixas e das cantoras. O disco poderia informar, por exemplo, que Cláudia Telles estreou no mercado fonográfico com retumbante sucesso, em 1976, com o compacto que trazia a canção Fim de Tarde, de Mauro Motta e Robson Jorge. E que, no ano seguinte, bisou o sucesso com outro tema sentimental dos autores, Eu Preciso te Esquecer, propagado na trilha sonora nacional da novela Locomotivas (Rede Globo, 1977). Faltou também um foco mais definido na seleção do repertório. Vanusa, é certo, transitou pela cancioneiro popular, mas sua gravação de Paralelas (Belchior), feita em 1975, tangenciou o universo da MPB (a coletânea também apresenta outros dois hits dessa cantora, Manhãs de Setembro e Sonhos de um Palhaço, boas músicas lançadas em 1973 e 1974, respectivamente). Vanusa pode ter carregado nas tintas em alguns registros, mas sua obra nunca roçou o nível rasteiro de gravações de Lilian (Sou Rebelde, 1978), Elizângela (Pertinho de Você, 1979) e de Adriana (I Love You Baby, Pra Sempre Vou te Amar e Combinado Assim, hits da segunda metade dos anos 80). É difícil também entender qual o critério que levou o produtor a selecionar gravações de Amelinha (Foi Deus que Fez Você, 1980) e de Tetê Espíndola (Escrito nas Estrelas, 1985), cantoras não identificadas com o universo musical brega. Conceitos à parte, a compilação revive nomes como Kátia (Lembranças e Cedo pra mim, duas baladas de Roberto e Erasmo Carlos que pairam acima da média da produção atual da dupla), Marisinha (Mais uma Vez), Rosana (Nem um Toque e, claro, O Amor e o Poder) e Rosemary (Jóia), entre outras cantoras, deixando a certeza de que o brega das décadas de 70 e 80 é muito chique na comparação com o cancioneiro popularesco dos anos 2000. Ouça...sem preconceito!

Luiza encarna Chapeuzinho Vermelho em clipe

Luiza Possi encarna Chapeuzinho Vermelho no clipe da música Vou Adiante, incluída em seu quinto álbum, Bons Ventos Sempre Chegam, previsto para chegar às lojas ainda neste mês de maio de 2009. Entre regravações dos repertórios de Gilberto Gil (O Seu Amor, tema lançado em 1976 pelo grupo Os Doces Bárbaros), Lula Queiroga e Godofredo Guedes, a cantora se aventura como compositora em seis faixas. Uma é assinada somente por Luiza. As outras cinco foram compostas em parceria com Dudu Falcão. Entre elas, Paisagem - faixa na qual a artista toca piano. Produzido por Max Viana, o álbum Bons Ventos Sempre Chegam apresenta também inédita de Paulinho Moska e uma parceria de Samuel Rosa com Chico Amaral, Ao meu Redor.
No clipe de Vou Adiante, gravado em Los Angeles (EUA) com direção de Thiago Gadelha e Blake Barrie, a clássica história infantil de Chapeuzinho Vermelho é subvertida. É Chapeuzinho que corre atrás de um tímido Lobo Mau. A ficha técnica do vídeo aglutina profissionais da indústria cinematográfica de Hollywood.

Dionne quer Gal em CD e DVD gravados em SP

Dionne Warwick planeja incluir um dos números da recente turnê feita com Gal Costa - escolhido dentre os quatro duetos (Piano na Mangueira, Na Baixa do Sapateiro, Garota de Ipanema e That's What Friends are For) apresentados pelas cantoras - no CD e DVD Dionne Warwick & Amigos, gravados ao vivo pela intérprete norte-americana em São Paulo (SP), em 21 de agosto de 2007, em show na casa Via Funchal. O projeto inclui participações de Emílio Santiago (Aquarela do Brasil), Gilberto Gil (Sarará Miolo), Jorge Ben Jor (Mas que Nada), Simone (Começar de Novo, com adesão de Ivan Lins) e o grupo Batacotô (Virou Areia). Vai sair em 2010.

14 de maio de 2009

Saída de Rodgers torna incerto futuro do Queen

Paul Rodgers abandonou o Queen. A deserção foi confirmada pelo próprio cantor - convocado em 2005 pelo guitarrista Brian May e pelo baterista Roger Taylor para a ingrata missão de substituir Freddie Mercury (1946 - 1991) no posto de vocalista do reativado Queen - em entrevista a um canal de televisão dos Estados Unidos. Rodgers vai voltar a se dedicar ao seu grupo Bad Company, que interrompe hiato de sete anos com turnê nos Estados Unidos em junho e julho de 2009. A saída de Rodgers torna incerto o futuro do Queen. Sobretudo pelo fato de o último álbum de inéditas do grupo - The Cosmo Rocks, editado em 2008 - ter sido fracasso de público (e crítica). Foi o único CD de estúdio feito com Rodgers.

Roberto relaciona as 20 'divas' que vão cantá-lo

Roberto Carlos relacionou em seu site oficial as 20 cantoras que compõem o elenco do show Elas Cantam Roberto - Divas, agendado para 26 de maio de 2009 no Theatro Municipal de São Paulo (SP), dentro do ciclo ItaúBrasil, idealizado em tributo aos 50 anos de carreira do cantor. O time de intérpretes é formado por Ana Carolina, Alcione, Adriana Calcanhoto, Celine Imbert, Claudia Leitte, Daniela Mercury, Fafá de Belém, Fernanda Abreu, Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Luiza Possi, Marília Pêra, Marina Lima, Mart'nália, Nana Caymmi, Paula Toller, Rosemary, Sandy, Wanderléa e Zizi Possi. Roberto se juntará às divas somente no número coletivo que vai encerrar o espetáculo, que, além de ser gravado ao vivo para edição em DVD e CD, vai ser transmitido pela TV Globo em dia ainda incerto. Os ingressos estão esgotados.

Banda legitima combinação exótica de Marjorie

Resenha de Show
Título: Combinação Sobre Todas as Coisas
Artista: Marjorie Estiano (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Posto 8 (RJ)
Data: 13 de maio de 2009
Cotação: * * 1/2
Em cartaz dia 20 de maio, às 21h

Em 2005, Marjorie Estiano abriu o leque estético de seu até então limitado repertório para gravar DVD - em show cujo roteiro ia de Madonna (Cherish) a Chico Buarque (Até o Fim) - e mostrou que tinha voz e talento para ser bem mais do que a cantora juvenil fabricada pela gravadora Universal Music em 2004. Contudo, sua meteórica ascensão como atriz de novelas ofuscou sua carreira fonográfica e prejudicou a divulgação do segundo CD da artista, Flores, Amores e Blablablá (2007), esquecido pela própria Marjorie para se dedicar ao trabalho como protagonista da novela Duas Caras. O show que apresentou na noite de ontem, 13 de maio de 2009, na casa carioca Posto 8, é tentativa ainda tímida de retomar a carreira de cantora e burilar repertório para futuro CD.

Em cartaz somente na próxima quarta-feira, 20 de maio, o show já teve denunciado pelo seu título, Combinação Sobre Todas as Coisas, o ecletismo que caracteriza o roteiro. Tal combinação poderia soar meramente exótica, mas o fato é que o entrosado sexteto - arregimentado pela dupla de produtores André Aquino e Alexandre Castilho - legitima e dá unidade ao repertório. Já no primeiro número - Cajuína (Caetano Veloso), música arranjada com metais à moda de Kassin - salta aos ouvidos a originalidade dos arranjos. A presença de um acordeom, pilotado por João Bittencourt, faz com que a combinação sonora seja inusitada e valorize músicas como Pra Você Gostar de mim (Ta-Hí), o tema de Joubert de Carvalho que alavancou a carreira fonográfica de Carmen Miranda (1909-1955) em 1930 em registro carnavalesco.

O ponto negativo da estreia do show foi a própria Marjorie, nervosa em cena, sem demonstrar a segurança exibida no DVD de 2005. Ela é uma cantora de personalidade. A abordagem que dá às músicas - "as favoritas das favoritas", como conceituou em cena - não evoca o estilo de outras cantoras. Contudo, talvez por ser também atriz, Marjorie extrapolou nas caras e bocas quando apresentou músicas como Cupid (Sam Cooke). Seu excessivo gestual ficou evidente também em Ilegal, Imoral ou Engorda e ofuscou até o arranjo suingante que embalou o tema de Roberto e Erasmo Carlos, lançado pelo Rei em 1976. Menos, no caso, é mais.

O nervosismo - excessivo, já que a platéia era quase toda formada por amigos - também se fez perceber nos comentários feitos pela cantora em cena, quase todos bobos e dispensáveis. O ápice do blablablá foi um "Vamos lá, Salvador!" no meio da releitura em ritmo de reggae de Stand by me (Ben E. King, Jerry Leiber e Mike Stoller). "Não tenho muita habilidade para conversar", admitira a própria Marjorie em cena, momentos antes, após fazer sua versão pop, de clima bluesy, de Até o Fim (Chico Buarque). Teria sido melhor então que apenas cantasse, pois, se limpar seu gestual e se concentrar nas interpretações, Marjorie pode vir a se estabelecer como cantora. Mesmo sem maturidade para encarar um tema de Tom Waits (Chocolate Jesus) ou um standard de George e Ira Gershwin (They Can't Take That Away from me - em clima jazzy), a artista mostrou bom potencial do ponto de vista estritamente vocal. O que falta é se concentrar mais na música em si e domar o nervosismo. A combinação resultou bacana no Miss Celie's Blues - tema do filme A Cor Púrpura que Marjorie já havia cantado bem no DVD de 2005 - e na classuda interpretação de Ne me Quitte Pas (Jacques Brel) feita sob um foco de luz vermelha em exuberante arranjo. Talento e voz, Marjorie Estiano já tem. Falta é lapidá-los...

Sem patrocínio, o prêmio de MPB celebra Clara

Mesmo com o fim do patrocínio da empresa de telefonia Tim, José Maurício Machline vai cumprir a promessa de realizar a edição de 2009 do Prêmio de Música Brasileira. Clara Nunes (1942 - 1983) vai ser a homenageada da premiação, agendada para 1º de julho de 2009 na casa de shows Canecão, no Rio de Janeiro (RJ). Ao longo da entrega do prêmio, músicas do repertório da Guerreira serão ouvidas, com arranjos de Rildo Hora, nas vozes de nomes como Fabiana Cozza (Um Ser de Luz) e Mariana Aydar (Portela na Avenida). Fernanda Montenegro ficou de apresentar a cerimônia.

Takai põe duas músicas no show que vira DVD

Fernanda Takai grava seu primeiro DVD solo nesta quinta-feira, 14 de maio de 2009. A gravação ao vivo do show Onde Brilhem os Olhos seus vai ser feita em apresentação no Teatro Municipal de Nova Lima, cidade próxima de Belo Horizonte (MG). Takai - vista na foto de Alexandre Moreira em número do show - adicionou duas músicas ao roteiro centrado no repertório de Nara Leão (1942 - 1989). Entraram Você Já me Esqueceu (música de Fred Jorge gravada por Roberto Carlos em seu álbum de 1972) e Cinco Discos (parceria de Takai com John Ulhoa, gravada por Pedro Mariano em 2002 no álbum Intuição). O DVD solo da vocalista do grupo Pato Fu tem lançamento agendado pela Deckdisc para o segundo semestre de 2009. O CD Onde Brilhem os Olhos seus, editado em novembro de 2007, atingiu as 50 mil cópias vendidas.

13 de maio de 2009

Talk-show expõe alto valor histórico de Carmen


Resenha de Show
Evento: Alô... Alô? - 100 Anos de Carmen Miranda
Título: A Pequena Notável
Artista: Pedro Luís e Roberta Sá (em foto de Mauro Ferreira)
Apresentação: Ruy Castro
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (RJ) - Teatro II
Data: 12 de maio de 2009 - Sessão das 18h30m
Cotação: * * *
Como um (divertido) casal à moda antiga, Pedro Luís e Roberta Sá travaram o jocoso diálogo a dois proposto na letra de Quem É? (Custódio Mesquita e Joracy Camargo, 1937). Apresentado no bis de A Pequena Notável, primeiro dos quatro shows do ciclo Alô...Alô? - 100 Anos de Carmen Miranda, o dueto foi um dos destaques do espetáculo que uniu o casal Pedro e Roberta em torno do repertório da pioneira Carmen, em duas (concorridas) sessões apresentadas ontem, 12 de maio de 2009, no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (RJ). O ciclo é promovido pelo CCBB para lembrar o centenário de nascimento de Carmen Miranda (1909 - 1955), artista notável que, como bem lembrou Ruy Castro com a autoridade de ter escrito a melhor biografia da Brazilian Bombshell, teve ao longo dos anos 30 papel bem fundamental na consolidação da indústria do disco no Brasil, tendo sido também a primeira artista a unir o país - em especial, a capital do Rio de Janeiro - através dos microfones do rádio inicial.
Embora sempre precisos, e essenciais para que a maior parte do público compreendesse a origem e a importância do repertório apresentado por Roberta Sá e Pedro Luís, os comentários de Ruy Castro quebraram o ritmo do show. É como se A Pequena Notável fosse, a rigor, um talk-show. Pedro é o primeiro a ser chamado em cena por Castro. O líder da Parede não canta com a graça e a leveza de Roberta, mas caiu razoavelmente bem no suingue de Moleque Indigesto (Lamartine Babo, 1933), Paris (Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho, 1938), Chegou a Hora da Fogueira (Lamartine Babo, 1933), O Dengo que a Nega Tem (Dorival Caymmi, 1940) e Goodbye, Boy (Assis Valente, 1932). Mais talhada para encarar o repertório buliçoso de Carmen, Roberta já se mostrou logo animada em Pra Você Gostar de mim (Taí) - a toada de Joubert de Carvalho que Pixinguinha (1893 - 1973) transformou em marchinha em gravação de 1930 que fez deslanchar a carreira fonográfica de Carmen - e, na sequência, enfrentou o ritmo veloz do chorinho Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu e Aloysio de Oliveira, 1945). O choro foi o veículo para que brilhasse também a flauta de Eduardo Neves, integrante do grupo que evocava a sonoridade dos velhos conjuntos regionais da primeira metade do século 20 (o grupo foi liderado pelo diretor musical do show, o violonista Luís Filipe de Lima). Em seguida, com a habitual leveza, Roberta tentou fazer do pequeno palco do Teatro II um salão de Carnaval para reviver a marchinha Balancê (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1936), que, como foi ressaltado pela cantora, fez mais sucesso na voz de Gal Costa (em 1979, e não nos anos 80 como disse Roberta) do que na de Carmen Miranda. O público fez coro e até marcou, com palmas, o ritmo da marchinha.
Na volta de Roberta ao palco (seus números foram intercalados com os de Pedro Luís), a cantora brilhou em Disseram que Voltei Americanizada (Vicente Paiva e Luiz Peixoto, 1940) - entoada inicialmente a capella para expressar o sentimento de tristeza que envolveu Carmen na sua volta ao Brasil em 1940 por conta de uma recepção hostil que, como esclarece Ruy, foi obra de integrantes do Governo de Getúlio Vargas (à época mais simpatizado com a Alemanha nazista do que com os Estados Unidos) e não do povo brasileiro - e Na Batucada da Vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1934). Ao tema de Ary, Roberta deu tom mais emocional sem, no entanto, reeditar a força do imbatível registro impressionista feito por Elis Regina (1945 - 1982) em seu álbum Elis, de 1974. No fim, o casal une vozes em Alô, Alô (André Filho, 1941), a marchinha que já parece indissociada dos trejeitos e comics de Maria Alcina. Enfim, um bom show que cumpre sua função de ressaltar o valor e a importância histórica da voz e do repertório da notável Carmen.

O 'Ensaio' de Ivan Lins, de 1974, chega ao DVD

Na sequência da edição do disco ao vivo gravado por Ivan Lins com a big-band holandesa The Metropole Orchestra, a gravadora Biscoito Fino vai pôr nas lojas um DVD com o registro da entrevista concedida pelo compositor, em 1974, ao programa Ensaio, exibido pela TV Cultura. Naquele ano, o artista carioca começava a segunda (ótima) fase de sua carreira, iniciando parceria com Vítor Martins com a música sintomaticamente intitulada Abre Alas. O roteiro musical do programa está centrado no repertório do quarto álbum de Ivan, Modo Livre, editado em 1974, mas rebobina obviamente o samba Madalena, propagado em escala nacional - em 1970 - na voz de Elis Regina (1945-1982).

Alcione lança 'Acesa', CD de inéditas, em junho

Parceria da carioca Telma Tavares com o bom compositor baiano Roque Ferreira, Acesa é a faixa que dá nome ao CD de inéditas que Alcione vai lançar em junho de 2009. Em parceria com Paulo César Feital, Telma também é a autora de outra importante faixa do disco, Nair Grande, a Bambambã do Fuzuê. A letra perfila Nair, uma histórica foliã do Bloco dos Arengueiros, agremiação que deu origem à escola de samba carioca Mangueira. O repertório inclui Eu Vou pra Lapa, o samba de Serginho Meriti e Claudinho Guimarães que já está em rotação desde março na trilha da novela Caminho das Índias. O disco sairá via Indie Records.

Akon vai gravar o tema oficial da Copa de 2010

Por ser de origem senegalesa, o rapper norte-americano Akon foi convidado pela FIFA para gravar o tema oficial da Copa do Mundo de 2010 - que vai acontecer na África do Sul - e para ser o diretor musical da competição. Akon tem três álbuns lançados - o último foi editado em 2 de dezembro de 2008 - e vem obtendo muito sucesso além do universo do hip hop por conta de seu pop rap. Akon se disse honrado com o convite, já aceito. Na Copa de 2006, sediada pela Alemanha, quem gravou a música oficial do evento esportivo foi o quarteto Il Divo.

Reis regrava música de Harrison à moda caipira

Antes de migrar para a área sertaneja na década de 70, Sérgio Reis foi um ídolo efêmero da Jovem Guarda, movimento pop brasileiro ocorrido de 1965 a 1967 no rastro da explosão da Beatlemania. Revivendo sua militância na cena pop, o cantor regravou uma música de George Harrison (1943 - 2001), Behind That Looked Door, para o CD produzido por Marcelo Fróes com recriações da obra composta e gravada pelos Beatles em 1969. Fiel à opção sertaneja, Reis gravou o tema com uma viola caipira no arranjo. A gravação foi feita no estúdio particular do artista, em São Paulo, com produção do guitarrista Marco Bavini, filho de Reis. O álbum vai ser lançado por Fróes até o fim de 2009.

12 de maio de 2009

Moretti deixa Little Joy e se reúne com Strokes

Fabrizio Moretti saiu - temporariamente - do trio Little Joy para entrar em estúdio com o grupo The Strokes. Jack Dishel, da banda Only Son, já foi convocado para ocupar o posto do guitarrista na turnê que o grupo de Rodrigo Amarante vai fazer pelos Estados Unidos em junho de 2009. Moretti já está reunido com seus colegas do Strokes num estúdio de Nova York (EUA) para compor o repertório do próximo álbum de inéditas da banda norte-americana - sucessor de First Impressions of Earth, de 2006.

Ilustrações na capa do registro caseiro de Ivete

A gravadora Universal Music divulgou hoje, 12 de maio de 2009, a capa do CD e do DVD Pode Entrar, editado por Ivete Sangalo dentro da série Multishow Registro. Ilustrações feitas a mão - em alusão ao fato de a cantora ter gravado o projeto no seu estúdio caseiro - adornam a capa. CD e DVD estarão nas lojas a partir de 5 de junho. O time de convidados inclui Maria Bethânia, Marcelo Camelo, Lulu Santos, Carlinhos Brown e o grupo Aviões do Forró.

Titãs jogam arte e eletrônica em Sacos Plásticos

Vocalista e tecladista dos Titãs, Sérgio Britto assina a arte da bela capa de Sacos Plásticos, o álbum que o grupo vai lançar até o fim deste mês de maio de 2009. Produzido por Rick Bonadio para sua gravadora Arsenal Music, o CD de inéditas inclui músicas como Múmias (com a voz de Paulo Miklos e moldura eletrônica), Quanto Tempo (com levada de reggae - assim como a faixa-título, Sacos Plásticos) e Antes de Você, o single inicial que aproxima os Titãs do som plastificado de nomes como NX Zero, uma das bandas produzidas em escala industrial por Bonadio. O repertório inclui parcerias dos músicos dos Titãs (Branco Mello, Charles Gavin, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto) com Arnaldo Antunes, Liminha e Andreas Kisser (do grupo Sepultura).

Erasmo volta ao 'Rock'n'Roll' em CD de inéditas

Cover é o primeiro single de Rock'n'Roll, o álbum de inéditas que Erasmo Carlos vai lançar entre maio e junho de 2009 pela gravadora Coqueiro Verde Records, dirigida pelo filho do artista, Leonardo Esteves. Cover é uma das cinco músicas do CD assinadas somente pelo Tremendão no repertório autoral que contabiliza 12 inéditas. Com pegada roqueira, como explicita o título do disco produzido por Liminha, Erasmo (visto em foto de Gilda Midani) apresenta parcerias com Nando Reis (Um Beijo É um Tiro e Mar Vermelho), Nelson Motta (Chuva Ácida e Noturno Carioca), Chico Amaral (Noite Perfeita e A Guitarra É uma Mulher) e Liminha, parceiro do cantor e de Patrícia Travassos na música Celebridade.

Coletânea reafirma a genialidade de Ray Charles

Resenha de CD
Título: Genius - The
Ultimate Collection
Artista: Ray Charles
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * * *

Difícil mensurar a importância de Ray Charles (1930 - 2004) na música norte-americana. Não será uma simples coletânea que dará conta de resumir a obra de um artista que fez jus ao adjetivo de gênio. Esta compilação que a gravadora Universal Music está editando no Brasil - lançada no exterior para marcar os cinco anos da morte de Ray - reafirma a genialidade do cantor através da reunião de 21 gravações lançadas entre 1955 e 1972. Apesar de trazer texto sobre a trajetória do artista e comentários precisos e informativos sobre cada um dos 21 fonogramas, Genius - The Ultimate Collection nada tem a dizer para quem já conhece a obra do astro. Mas se impõe como essencial cartão-de-visitas para quem quer se iniciar no rico universo de Ray, artista envolvido na gênese da soul music e na remodelação da música country. Com a pureza de quem bebeu nas fontes límpidas do blues e do r & b, Ray Charles era genial até quando pisava em terreno pop. E, nessa seara, o cover de Yesterday (John Lennon e Paul McCartney), feito em 1967, é exemplar. Mas qualquer palavra é insuficiente para traduzir a força da música e da voz que tocava a alma. Resta saber, então, que a compilação rebobina gravações como Hit the Road Jack (1961), I Can't Stop Loving You (1962), Unchain my Heart (1961), You Don't Know me (1962) e Georgia on my Mind (1960), entre outros fonogramas capazes de convencer até um ouvinte menos informado de que Ray Charles foi gênio. Viva Ray!!

11 de maio de 2009

A capa de 'E.N.D.', o álbum do Black Eyed Peas

Esta é a capa do álbum que o grupo norte-americano Black Eyed Peas vai lançar em 9 de junho de 2009, com distribuição mundial orquestrada pela gravadora Universal Music. O primeiro single do CD The E.N.D. (The Energy Never Dies) - Boom, Boom, Pow - está, desde março, em rotação nas rádios, na internet e nas pistas.

Sony lança no Brasil o projeto de duetos de Fito

Lançado na Argentina em 1º de outubro de 2008, em três formatos (CD, DVD e kit com CD e DVD), o projeto de duetos do compositor Fito Paez, No Sé si es Baires o Madrid, vai ser editado no Brasil pela gravadora Sony Music neste mês de maio de 2009. Com título extraído de verso de Pétalo de Sal (música lançada no álbum mais bem-sucedido da carreira do artista argentino, El Amor Después del Amor), No Sé si es Baires o Madrid alude no nome ao fato de a gravação ao vivo ter sido feita na capital espanhola, em 24 de abril de 2008, em show no Palácio de los Congressos. O repertório enfileira duetos de Fito com nomes como Joaquín Sabina (em Contigo), Pablo Milanés (em Yo Vengo a Ofrecer mi Corazón), Ariel Rot (Giros), Gala Évora (Un Vestido y un Amor) e o grupo Marlango (na, já citada, música Pétalo de Sal).

Erasmo apresenta o 'Multishow ao Vivo' de Rita

Com delicioso texto de apresentação assinado por Erasmo Carlos, o CD e o DVD Rita Lee - Multishow ao Vivo já estão no forno da gravadora Biscoito Fino e vão chegar às lojas até o fim deste mês de maio de 2009. O DVD (capa à esquerda) condensa 23 músicas em 18 faixas. Com exceção de duas inéditas que entraram ao longo da turnê do show Pic Nic (Se Manca e Insônia, parcerias de Rita com o filho Beto Lee e o marido Roberto de Carvalho, respectivamente), o repertório da gravação ao vivo - feita em 31 de janeiro de 2009 na casa Vivo Rio (RJ) - reproduz em essência o roteiro da estreia nacional do show (clique aqui para ler a resenha), ocorrida em 18 de janeiro de 2008, no Canecão (RJ). As curiosidades são a gaiata versão de I Want to Hold your Hand (O Bode e a Cabra, na tradução nada literal de Renato Barros), a incursão pelo repertório do grupo As Frenéticas (Vingativa, música de Wagner Ribeiro) e o medley tropicalista que une Baby, Panis et Circensis, Bat Macumba, Domingo no Parque e Alegria Alegria. Eis as 18 faixas do DVD e - abaixo - o antenado texto escrito pelo Tremendão Erasmo Carlos:

1. Flagra
2. Saúde
3. Mutante
4. Cor de Rosa Choque / Todas as Mulheres do Mundo
5. Tão
6. Vingativa
7. O Bode e a Cabra (I Want to Hold your Hand)
8. Se Manca
9. Baby / Panis et Circensis / Bat Macumba / Domingo
no Parque / Alegria Alegria
10. Bwana
11. Vítima
12. Insônia
13. Roll Over Beethoven
14. Erva Venenosa

15. Doce Vampiro
16. Ovelha Negra
17. Agora Só Falta Você
18. Lança Perfume / Chiquita Bacana


Rita Lee Multishow ao Vivo na visão de Erasmo Carlos

"Da flauta doce dos anos 60 ao Theremim de hoje , a mutante Rita Lee tornou-se um mito . É claro que ela fez por onde quando chutou o pau na barraca da mesmice, criou asas e detonou seu próprio Big Bang na história. Íntima do tal de "Roque enrow" amplificou o dom da sua dimensão cósmica e descobriu-se uma fantástica criadora de amor, tatuando na alma de todas as galeras a marca ruiva e bem-humorada de suas instigantes canções ...Apoiada nos mínimos detalhes pela guitarra falante do maridão Roberto de Carvalho (um abuso de sensibilidade e bom gosto) e pelo filho Beto Lee (que além de tocar bem ... e muito mais, apresenta o making of), a ovelha iluminada fez o que quis nesse Multishow Ao Vivo Rita Lee. Contando ainda com o auxílio elegante de uma excelente e poderosa gangue de músicos e lindas vocalistas que respiram junto com ela ... coisas para Paul McCartney nenhum achar defeitos. A iluminação alegre brinca com os climas, alterando grafismos com imagens de cata ventos de punhos cerrados, silhuetas de H.Q, caveiras, bandeirolas juninas, espirais, motivos indígenas, morcegos, etc. Tudo muito colorido e moderno como condiz a um belo show de rock. A mão do diretor (Moogie) Canázio se faz sentir no refino da zorra e organização da massa.

Rita é Leenda : Desconstrói a arrogância masculina (SE MANCA), tira sarro das mulheres (TÃO), xinga Yoko Ono e se traveste de nordestina (O BODE E A CABRA), faz tipo "a La Humphrey Bogart" (VÍTIMA), reverencia os mestres Gil e Caetano recriando de forma emocionante no mesmo arranjo Panis et Circensis, Baby, Bat Macumba, Alegria Alegria e Domingo no parque, esbanja surrealismo ao tratar o novo sucesso INSÔNIA como se fosse sua namorada, vira uma portenha desbragada no tango VINGATIVA (com a ajuda das meninas do vocal e Roberto), com direito ao theremim evoca um terror de mentirinha (DOCE VAMPIRO), exalta o Rio de Janeiro sugerindo que a cidade volte a ser a capital federal e ensaia um samba levando o público carioca à loucura (OVELHA NEGRA) e produz seu próprio carnaval (LANÇA PERFUME e CHIQUITA BACANA) ... na hora de ROLLOVER BEETHOVEN imaginei Chuck Berry dizendo: - Pô , que bom ... até que enfim meu rock ganhou seios!!! Genial também é a troca de Bwana por Obama. No mais... toda mulher quer ser um pouco Rita Lee, uma rainha ciente do seu carisma e poder. Não é chata e ainda por cima faz um monte de gente feliz..." Erasmo Carlos, abril / 2009

Biscoito Fino entra no terreno popular com Elba

O recente lançamento pela Biscoito Fino do CD comemorativo dos 30 anos de carreira de Elba Ramalho, Balaio de Amor, impõe curioso desafio à mais importante gravadora indie do mercado fonográfico brasileiro: fazer o disco de Elba (em foto de Renato Filho) chegar ao seu principal público-alvo. Parece fácil, mas pode vir a ser difícil se não houver alteração na rota de distribuição. Até então, a Biscoito Fino sempre lançou CDs e DVDs dirigidos às chamadas elites. Até mesmo os recentes álbuns de Maria Bethânia e Chico Buarque - as duas maiores estrelas da companhia - foram trabalhos que não miravam o chamado povão. Não é o caso de Balaio de Amor, álbum em que Elba faz pulsar novamente sua veia popular com a gravação de canções e xotes românticos de pegada mais simples (nem por isso menos interessante). No seu nicho de mercado, centrado nas classes A e B, a Biscoito Fino sempre encontrou um público fiel, disposto a pagar mais por um produto de qualidade mais apurada. Inclusive na parte gráfica. Gente habituada a comprar discos pela internet. Mas o CD de Elba precisa chegar em outras classes e meios para encontrar o seu público. Se a gravadora vencer esse desafio, todos têm a ganhar...

10 de maio de 2009

Filme expõe a filosofia zen do 'monge sambista'

Resenha de filme
Título: Filosofia de
Vida Martinho da Vila
O Pequeno Burguês
Produção: MZA
Music e Canal Brasil
Direção: Edu
Mansur
Cotação: * * * *
Estreia prevista
para outubro ou
novembro de 2009

"Ele parece um monge sambista", observa com propriedade o produtor musical Marco Mazzola a respeito de Martinho da Vila. A definição é dada ao longo do documentário que expõe a filosofia zen que rege o compositor. Viabilizado por parceria do Canal Brasil com a MZA Music (a gravadora de Mazzola que desde 2003 edita os discos de Martinho), o filme foi exibido em primeira mão para o público de Duas Barras (RJ), cidade natal do artista, em cinco sessões realizadas na Sala de Cinema Cacá Diegues ao longo da tarde e da noite de sábado, 9 de maio de 2009. A estreia nos cinemas está prevista para outubro ou novembro depois que o filme percorrer o circuito de festivais, a começar pela 19ª edição do Cine Ceará, programada para o período de 28 de julho a 4 de agosto de 2009.

Através de depoimentos de familiares, amigos e profissionais que convivem com Martinho da Vila, o diretor Edu Mansur perfila o compositor que, como seu samba, tem cadência toda própria. "A maior coisa que meu pai me ensinou foi viver bem", resume Tunico Ferreira. "Só acordo cedo para pescar", admite Martinho, já no fim do filme. O roteiro não oferece detalhada cronologia da vida de seu personagem, mas salpica dados biográficos ao longo da narrativa e acaba revelando a importância do compositor para o samba e a cena cultural brasileira. "Meu pai firmou o partido alto e foi o primeiro a botar o samba em rádio de MPB", historia - com orgulho e conhecimento de causa - Mart'nália, a filha hoje famosa.

A relação afetuosa de Martinho com sua cidade natal domina a narrativa no início do filme. O artista conta que, em meados dos anos 90, pensou em sair de cena para se refugiar de vez na fazenda construída em Duas Barras, mas teve que alterar os planos e descer (a serra) por conta do sucesso estrondoso de Tá Delícia, Tá Gostoso (1995), o álbum que emplacou os hits Mulheres e Devagar Devagarinho. A propósito, takes ao vivo de Mulheres - extraídos de shows de Martinhos - são costurados em cena para ilustrar a história de amor que une o artista a Cleo Ferreira, a mulher que lhe deus os filhos Preto e Alegria. E que exerce papel fundamental na organização da vida cotidiana do marido. "Eu gosto de pôr mulher à frente", ressalta Martinho, em depoimento antimachista, acrescentado que incentivou Cleo a fazer faculdade.

Nem mesmo o filme devassa a vida particular do cantor. "Meu pai não gosta de falar coisas íntimas", pontua Mart'nália. Foi sem falar com ninguém, refugiado em seu mundo interior, que Martinho vivenciou e superou o luto pela morte da mãe, Teresa de Jesus (1907 - 2001), figura fundamental em sua vida como mostra o filme. Da mãe Tereza, ele herdou os valores religiosos que professa através da fé católica. "A vida dele é tentar abafar a morte", interpreta Analimar, uma das filhas de Martinho. De Martinho, Analimar herdou o gosto pelo samba. Mas outra filha, Maíra, fruto de relação extraconjugal de Martinho, seguiu a trilha da música erudita, levando a série o estudo do piano - para o orgulho do pai.

Fora do ambiente familiar, Filosofia de Vida recorda a firme militância de Martinho na Unidos de Vila Isabel e a sua atuação para estreitar os laços do Brasil com a mãe África. O samba nunca teve fronteiras e, do material de arquivo, um dos destaques são as imagens de viagem do artista a Moscou em caravana integrada por nomes como o político Aécio Neves. Em solo brasileiro, Dudu Nobre enfatiza em encontro com Martinho a importância que LPs como Tendinha (1978) e O Canto das Lavadeiras (1989) tiveram na sua formação musical. E, assim, entre um depoimento e outro, o filme apresenta terno perfil de Martinho José Ferreira, o monge sambista que leva a vida em ritmo zen, mas não devagar...

Voz de Ana abre e fecha o filme sobre Martinho

Duas Barras (RJ) - O ainda inédito documentário Filosofia de Vida é focado na trajetória artística de Martinho da Vila, mas é a voz de Ana Carolina que abre e fecha o filme de Edu Mansur. Produtor musical do documentário realizado pela gravadora MZA Music com o Canal Brasil, Marco Mazzola acertou ao escalar a cantora para regravar o samba Filosofia de Vida, composto por Martinho com Fred Camacho e Marcelinho Moreira. O samba foi lançado por Martinho no CD e DVD O Pequeno Burguês em registro mais suingado. A bela interpretação de Ana Carolina tem tom mais melódico e sinaliza que a cantora deveria investir mais no seu talento de intérprete em vez de fazer discos centrados na sua (cada vez mais irregular) produção autoral. A gravação foi feita em dueto, mas Martinho pôs a segunda voz, ouvida somente na metade final da gravação, que deu outro ritmo ao ótimo samba.

Popular, Mart'nália volta à cidade de Martinho


Duas Barras (RJ) - Na primeira vez em que fez show em Duas Barras (cidade natal de seu pai, Martinho da Vila), há cerca de dez anos, Mart'nália ainda não fazia sucesso como cantora. Já tinha até lançado dois álbuns, porém o mais recente na ocasião, Minha Cara (1997), não havia obtido a menor repercussão. Por isso, a apresentação que fez na noite de sábado, 9 de maio de 2009, teve gosto todo especial para Mart'nália. Já popularizada por conta dos discos Pé do meu Samba (2002), Menino do Rio (2005) e Madrugada (2007), a artista festejou com show azeitado e gratuito - apresentado na praça pública de Duas Barras - os 118 anos de emancipação política da cidade que viu seu pai nascer. A festa foi dupla porque, no mesmo dia, Martinho mostrou aos conterrâneos bibarrenses, em primeira mão, o documentário sobre sua trajetória, Filosofia de Vida - O Pequeno Burguês, produzido pela gravadora MZA Brasil em parceria com o Canal Brasil. Com indisfarçável orgulho, Martinho (em foto de Mauro Ferreira) subiu ao palco antes de Mart'nália para fazer as honras da casa, saudando a filha como "a estrela número 1 do Brasil". Em cena, Mart'nália misturou músicas de seu repertório autoral com sambas propagados e/ou compostos por seu pai - casos de Tudo Menos Amor (Monarco), Disritmia (com direito a caras e bocas), Ex-Amor e Madalena do Jucu. Uma das novidades foi a pegada roqueira com que a boa banda marcou números como Pé do meu Samba. Após apresentar o show, Martinho assistiu à apresentação da filha, estrela, na sacada da Prefeitura Municipal de Duas Barras.

Uma foto na fazenda que virou instituto cultural

Duas Barras (RJ) - Clicada em 9 de maio de 2009, dia em que Martinho da Vila apresentou em primeira mão o filme Filosofia de Vida - O Pequeno Burguês aos conterrâneos de sua cidade natal, Duas Barras, a foto acima flagra o compositor no quarto onde nasceu, em 12 de fevereiro de 1938. O quarto pertencia a uma fazenda dessa cidade situada na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. À esquerda do compositor, vê-se o retrato de seus pais, Teresa de Jesus Ferreira (1907 - 2001) e Josué Ferreira (1905 - 1948), empregados da fazenda. Comprada pelo artista anos mais tarde, a fazenda foi doada e virou o Instituto Cultural Martinho da Vila, fundado em 10 de abril de 2004. Em cinco anos de vida, a instituição já alfabetizou crianças e adultos que residem nessa cidade celebrizada pelo seu mais ilustre filho e sambas como Meu Off Rio. Perto dali, Martinho comprou outra fazenda e ergueu casa onde costuma se refugiar quando a agenda profissional lhe dá alguns dias de relax. Antes de ser da Vila, Martinho já era da roça.

Folia saúda Martinho, rei na Duas Barras natal

Duas Barras (RJ) - Um desfile de um grupo de Folia de Reis pelas ruas de Duas Barras não estava previsto na programação oficial que envolvia a pré-estréia do filme Filosofia de Vida - O Pequeno Burguês, mas aconteceu na tarde de sábado, 9 de maio de 2009, e veio bem a calhar no dia em que a cidade festejava seus 118 anos de emancipação política e assistia à première do documentário sobre a vida do mais ilustre filho dessa terra situada na região serrana do Estado do Rio de Janeiro. O palhaço - uma das figuras centrais da Folia - saudou Martinho com versos rimados que remeteram ao cordel nordestino. Na foto acima à esquerda, Martinho cumprimenta alguns integrantes do grupo enquanto habitantes de Duas Barras assistiam em sessões contínuas ao documentário produzido pela gravadora MZA Music e o Canal Brasil. O ótimo filme entra em circuito até o fim de 2009.