30 de junho de 2007

Sensível mundo de Leila ganha registro ao vivo

Resenha de CD e DVD
Título: Nos Horizontes do Mundo - Ao Vivo
Artista: Leila Pinheiro
Gravadora: Biscoito Fino, Canal Brasil e Tacacá Music
Cotação: * * * (CD) e * * * * (DVD)

Depois de alguns discos nascidos mais da vontade de gravadoras e empresários do que dela própria, Leila Pinheiro se reencontrou no mercado fonográfico ao lançar o CD Nos Horizontes do Mundo (2005), de repertório marcado por salutar diversidade, da mesma forma que Outras Caras (1991) e Na Ponta da Língua (1998), outros dois belos discos da artista. Nos Horizontes do Mundo marcou o ingresso de Leila na Biscoito Fino, companhia por onde ela está lançando em CD (o 13º) e DVD (o 2º) o registro ao vivo do show baseado no disco. O projeto inaugura seu selo, Tacacá Music.

É show que busca intimidade - a começar pelo charmoso cenário, que reproduz com fidelidade a sala-de-estar do apartamento da artista. E a sintonia vem do canto de Leila, cantora de técnica tão apurada que consegue reeditar no palco o requinte dos registros de estúdio. Nos Horizontes do Mundo - Ao Vivo foi gravado em agosto de 2006, no Teatro do Sesc Pinheiros, em São Paulo (SP). Os arranjos econômicos perseguem a linha "menos é mais" - perceptível já na abordagem do samba Escravo da Alegria, hit da dupla Toquinho & Vinicius nos anos 70, inédito na voz da artista.

Sim, além de rebobinar nove músicas do CD que originou o show, o roteiro agrega músicas nunca gravadas por Leila. Essa Mulher aparece introduzida por terno depoimento em que Leila narra seu encontro com Elis Regina (1945 - 1982) no camarim do Theatro da Paz, em 1979. A Pimentinha apresentava justamente o show Essa Mulher em Belém (PA). Na época, Leila cursava medicina e tinha vontade de ser cantora, mas não se decidia pela profissão. E o fato é que, um ano depois daquele rápido encontro com Elis, a novata paraense já estreava profissionalmente com um show no mesmo Theatro da Paz. Daí o (afetivo) tributo prestado à saudosa colega...

Para quem emergiu no meio musical sob o efeito de comparações com Elis, a propósito, Leila Pinheiro - aos 27 anos de carreira - há muito provou ser ela mesma, continuando em cena com invejável técnica e, sim, emoção. Para quem insiste em negar a emoção que também brota em sua voz, o sensível bloco de voz-e-piano dissipa qualquer dúvida. É o momento mais intenso e belo do espetáculo. A cantora alinha duas músicas de Guilherme Arantes - Brincar de Viver (1983) e a comovente O Amor Nascer (1982), prova da boa influência erudita na obra do compositor - ao lado de Onde Deus Possa me Ouvir (a música de Vander Lee que Leila canta com dose exata de tristeza em interpretação muito superior à de Gal Costa) e do medley que une Serra do Luar e Coração Tranquilo, de Walter Franco. Este bloco entrou apenas no DVD e vale o vídeo por si só.

Após revisitar o samba Verde (marco inaugural de sua carreira em âmbito nacional), recitar texto da poeta Adélia Prado (Rodando, do livro Filandras) e reviver o repertório de Renato Russo (Mais uma Vez, parceria com Flávio Venturini), a cantora fecha o show com os sambas Isso Aqui o Que É e Brasil Pandeiro. Além dos 23 números do roteiro, o DVD ainda traz - nos protocolares extras - making of, o clipe de Hoje e galeria de fotos. Já o CD condensa 18 músicas em 14 faixas e tenta preservar o encadeamento original.

Por captar com sensibilidade o mundo musical e sensorial de Leila Pinheiro (capaz de tirar do baú uma pérola de Sueli Costa e Abel Silva do baú - caso de Amor É Outra Liberdade, belíssima canção lançada por Selma Reis e regravada por Alaíde Costa em registros obscuros), a gravação ao vivo de Nos Horizontes do Mundo é indicada para os que gostam de cantoras de técnica, voz e gosto apurado para captar e reapresentar o que há de eterno na tal MPB.

Bia assina com a Rob, grava DVD e reedita CD

Cantora e compositora dedicada ao público infantil, Bia Bedran (em foto de Paulo Rodrigues) assinou contrato com a gravadora Rob Digital, que até então apenas distribuía os CDs editados pela contadora de histórias pelo selo Angels. Com produção da Rob Digital, Bia vai gravar este ano seu primeiro DVD e - de quebra - relançar alguns títulos de sua obra, alguns já fora de catálogo. A primeira reedição será do CD Bia Canta e Conta, que traz Flor de Mamulengo e A Raposa e a Cegonha, entre outras músicas. 10!

DVD traz Weather Report no Montreux de 1976

Dando continuidade à edição de DVDs com gravações de shows realizados no Festival de Montreux, na Suíça, a ST2 lança no Brasil Weather Report Live at Montreux 1976. O DVD perpetua a primeira das duas únicas apresentações realizadas pelo grupo de jazz fusion - no auge então - no tradicional festival. Em roteiro de 11 números (Elegant People, Black Market, Gibraltar, Cannon Ball), o quinteto - liderado pelo saxofonista Wayne Shorter - exibe a sua saborosa mistura de jazz, rock e funk.

The Four Tops evocam tempos áureos em DVD

Eles não foram tão famosos quanto The Temptations, só que o grupo vocal The Four Tops também tem lugar de honra na história da gravadora Motown. E foi para celebrar os 50 anos dessa história movida a soul e a r & b que o quarteto - com Theo Peoples no lugar de Lawrence Payton, morto em 1997 - subiu ao palco do Stardust, em Las Vegas (EUA), em 23 de setembro de 2006. O espetáculo foi gravado e gerou um DVD, Live at the Stardust 2006, ora editado no Brasil pela gravadora Coqueiro Verde. No roteiro de 16 números, há Baby I Need your Lovin' e - claro - Reach Out (I'll Be There), clássico nas vozes dos Four Tops. Desconsidere os figurinos brilhantes e entre neste túnel do tempo.

29 de junho de 2007

Solo de Paula é pontuado por baladas refinadas

Resenha de CD
Título: SóNós
Artista: Paula Toller
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Na letra de Oito Anos, canção de seu belo primeiro CD solo, editado em 1998, Paula Toller expôs a curiosidade infantil de seu filho, Gabriel. Nos versos sensíveis de Barcelona 16, faixa de seu segundo disco individual, lançado nove anos depois daquela estréia pautada por repertório diverso e afinação surpreendente, a compositora compara a um segundo parto o momento em que a mãe vê o filho adolescente, cheio de vida e independência, seguir sua própria viagem existencial. Destaque do repertório autoral e inédito do segundo CD solo da artista, a bela Barcelona 16 sinaliza a distância que separa SóNós do universo juvenil do Kid Abelha.

A música de trabalho que foi para as rádios, Meu Amor se Mudou pra Lua (de Nenung, do grupo gaúcho The Darma Lóvers), é pop tão redondo que um ouvinte mais desavisado pode pensar tratar-se do novo hit do Kid. Mas Paula Toller - gatíssima aos 44 anos - transita por outras colméias no álbum produzido em tom sempre cool pelo galês Paul Ralphes. Em SóNós, não há o exercício de intérprete feito em Paula Toller, o CD de 1998 cujo repertório incluía releituras de sucessos de Frank Sinatra e Beth Carvalho, entre algumas inéditas. Há a busca por coesão estilística. É ótimo disco pontuado por baladas refinadas e por salutares conexões internacionais, com direito a uma bela inédita de Erasmo Carlos, a canção ? (O Q É Q Eu Sou), que abre o CD. Foi composta para Paula.

Versão de Vicious World, tema do canadense Rufus Wainwright, a melancólica Tudo se Perdeu mostra densidade ímpar na obra de Paula. Aprovada pelo autor, a letra foi abrasileirada com citações de Maysa e de hit do Kid Abelha (Amanhã É 23). Autor de Don't Know Why, hit do primeiro CD solo de Norah Jones, Jesse Harris contribui com duas (expressivas) inéditas, If You Won't e Long Way from Home, que transitam naquele universo pop jazzy típico de Norah. Numa esfera mais banal, aparece All Over, parceria de Paula com o cantor-surfista californiano Donavon Frankenreiter, convidado da faixa entoada em inglês (Frankenreiter, a propósito, já gravou com o Kid Abelha - no DVD baseado no CD Pega Vida).

De todas as conexões internacionais, a mais proveitosa foi criada com Kevin Johansen, obscuro compositor do Alaska radicado na Argentina. Suas duas músicas são lindas. À Noite Sonhei Contigo (versão de Anoche Soñe Contigo) é pop melodioso e delicioso. Já Glass (I'm So Brazilian), gravada em dueto com o autor, em inglês, beira o sublime e é belo fecho de ouro para um disco elegante que apresenta diversas parcerias de Paula com Dado Villa-Lobos e os músicos da banda que toca em SóNós (Coringa, Caio Fonseca e o próprio Paul Ralphes). Algumas, como Pane de Maravilha, são de excelente nível. Outras, como Vc me Ganhou de Presente, soam medianas. Mas, no todo, o segundo solo de Paula Toller é sedutor.

Diogo mistura inéditas com hits do pai em DVD

Samba pros Poetas, Trem do Tempo, Vi no seu Olhar e Fé em Deus estão entre as músicas inéditas selecionadas por Diogo Nogueira para o CD e DVD que o filho de João Nogueira (1941 - 2000) gravará ao vivo no Teatro João Caetano (RJ) - em shows agendados para 4 e 5 de julho. No roteiro, haverá os principais sucessos do pai do sambista. Entre eles, Espelho, Nó na Madeira e O Poder da Criação. Diogo vai regravar ainda sucessos de Almir Guineto (Lama nas Ruas) e de Roberto Ribeiro (Vazio - Está Faltando uma Coisa em mim). O lançamento já está programado para setembro.

Nação Zumbi começa a gravar 'Fome de Tudo'

Provavelmente intitulado Fome de Tudo, o CD de inéditas que vai marcar a estréia do grupo Nação Zumbi na gravadora carioca Deckdisc já começará a ser gravado neste domingo, 1º de julho, no Rio de Janeiro, com produção do cultuado Mario Caldato Jr. Esta primeira etapa do trabalho vai se estender até 4 de julho. Depois, a gravação terá continuidade em São Paulo. O lançamento de Fome de Tudo - o oitavo álbum da Nação - está previsto para outubro.

Roberto Ribeiro chega postumamente ao DVD

Um dos maiores cantores de samba, morto precocemente nos anos 90, Roberto Ribeiro (1940 - 1996) entra postumamente na era do DVD. Dando continuidade à sua série de registros do programa Ensaio, iniciada com vídeos de Nelson Gonçalves e Fundo de Quintal, a gravadora Performance Music vai lançar, em julho, DVD que perpetua a entrevista concedida por Ribeiro em 1991 ao programa dirigido por Fernando Faro. Entre os 19 números musicais, há temas não associados ao cantor (Bom Dia Tristeza e Canção de Amor, entre eles) - além, é claro, de seus principais hits (Vazio, Acreditar, Meu Drama e Todo Menino É um Rei) e de sambas do Império Serrano.

28 de junho de 2007

Compilação dupla historia os 30 anos do Police

De volta à cena, para turnê e gravação de Acústico MTV, o trio The Police tinha acabado oficialmente em 4 de março de 1984 - data de seu último show antes da reunião deste ano - mas, a rigor, o grupo de Andy Summers, Stewart Copeland e Sting nunca parou de ser referência para a música. Portanto, a coletânea dupla The Police - editada no Brasil pela Universal Music em parceria com o selo Arsenal - história os 30 anos da banda, tomando como ponto de partida a gravação, em fevereiro de 1977, de Fall Out, primeiro single do trio. A gravação original de Fall Out abre a compilação, obviamente idealizada para faturar com a volta do grupo à cena. Eis as 28 faixas - dispostas em ordem cronológica nos dois discos:

CD 1
1. Fall Out (1977)
2. Can't Stand Losing You (1978)
3. Next to You (1978)
4. Roxanne (1978)
5. Truth Hits Everybody (1978)
6. Hole in my Life (1978)
7. So Lonely (1978)
8. Message in a Bottle (1979)
9. Reggata de Blanc (1979)
10. Bring on the Night (1979)
11. Walking on the Moon (1979)
12. Don't Stand Close to me (1980)
13. Driven to Tears (1980)
14. Canary in a Coalmine (1980)

CD 2
1. De Do Do Do, De Da Da Da (1980)
2. Voices Inside my Head (1980)
3. Invisible Sun (1981)
4. Every Little Thing She Does Is Magic (1981)
5. Spirits in the Material World (1981)
6. Demolition Man (1981)
7. Every Breathe You Take (1983)
8. Synchronicity (1983)
9. Wrapped Around your Finger (1983)
10. Walking in your Footsteps (1983)
11. Synchronicity II (1983)
12. King of Pain (1983)
13. Murder by Numbers (1983)
14. Tea in the Sahara (1983)

Série de Xuxa chega ao sétimo volume em julho

Embora esteja muito longe de bisar os números fenomenais dos anos 80, época em que foi uma das maiores vendedoras de discos do Brasil, Xuxa ainda continua bem no ranking do mercado fonográfico nacional graças à bem-sucedida série Só Para Baixinhos, que vai chegar - em julho - ao sétimo volume em CD (capa à direita) e em DVD. O foco de XSPB 7 são as brincadeiras infantis. Salada Mista, Pula Corda, Bambolê, Dança da Cadeira, Cabo de Guerra, Amarelinha (Pulando Pulando) são temas apresentados por Xuxa no projeto, também editado pela Som Livre num kit de CD + DVD.

Lúcio Maia usa (bem) a máquina em álbum solo

Resenha de CD
Título: Homem Binário
Artista: Maquinado
(Lúcio Maia)
Gravadora: Trama
Cotação: * * *

Guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia foge da armadilha de se exibir como virtuose em seu primeiro CD solo. A rigor, há até pouca guitarra em Homem Binário, cujo título se refere à linguagem dos computadores. Apaixonado por máquinas, chips e inovações tecnológicas, o músico concebeu um álbum cibernético (e algo hermético) que se distancia da Nação Zumbi pelo uso mais comedido da percussão ao mesmo tempo em que remete à banda pelo bem urdido mix de eletrônica, ritmos regionais e psicodelia (em especial, na ciranda Alados e em O Som) sem ser a cópia dela.

Homem Binário é disco mais de produtor do que de guitarrista. A ponto de Maia assinar o trabalho sob a alcunha de Maquinado. Contudo, há raro equilíbrio entre timbres orgânicos e eletrônicos (estes estão sobretudo nas programações de bateria). O caráter de disco de produtor é reforçado pela presença do time de peso que escreveu algumas letras, assumiu vários vocais e pilotou diversos instrumentos. Neste time, há colegas da Nação Zumbi (Jorge Du Peixe, Toca Ogam, Dengue) e nomes da cena mais hype como Rica Amabis, Siba, Buia e Rodrigo Brandão (do Mamelo Sound System).

"O showbiz não me seduz", diz um verso de Eletrocutado, repetido à exaustão por Rodrigo Brandão, parceiro do guitarrista no tema e vocalista convidado da faixa. Sim, Lúcio Maia apresenta um álbum pautado pelo experimentalismo. O ligeiro flerte com o rap em Tá Tranqüilo é um dos momentos mais digestivos de um CD em que o uso da parafernália eletrônica jamais ofusca seu caráter humano. Lúcio Maia não se deixou dominar pela máquina. Ele a usou bem!!

Santana prega a paz em DVD com feras do jazz

Em 15 de julho de 2004, o guitarrista Carlos Santana subiu de novo ao palco do Festival de Montreux. Daquela vez, foi para fazer um show pela paz ao lado de feras do jazz do naipe do saxofonista Wayne Shorter e dos pianistas Chick Corea e Herbie Hancock. O registro do espetáculo está sendo lançado em DVD duplo no Brasil pela gravadora St2. No roteiro de Hymns for Peace, houve espaço para intervenções de estrelas convidadas, como Angélique Kidjo e Steve Winwood, e para temas de John Lennon (Imagine e Give Peace a Chance), de Marvin Gaye (What's Going on), de Bob Marley (Redemption Song, Exodus, Get Up Stand Up) e de Bob Dylan (Blowin' in the Wind) - entre outros compositores politizados que pregaram a paz e a igualdade social.

27 de junho de 2007

Buchecha lança inédita em compilação de funk

Mais uma compilação de funk chega às lojas com os sucessos ouvidos nos bailes da pesada. Produzida por Dennis DJ com o nome do programa de rádio que ele apresenta no Rio e em Belo Horizonte, a coletânea O Som do Galerão - 2007 (foto) lança gravação inédita de MC Buchecha, Quero Amar Você, entre fonogramas de MC Marcinho (Tudo É Festa) e MC Sapão (Periferia). O disco reúne 25 faixas. Detalhe: Dennis DJ é o autor do hit Um Tapinha Não Dói.
Eis o repertório, já familiar a quem freqüenta os bailes:
1. O Som do Galerão - Sérgio Luis e Luciano Oliveira
2. Tudo É Festa - MC Marcinho
3. Blá Blá Blá - Babí
4. Não Pára de Rebolar - MC Leozinho
5. O Tamborzão Tá Rolando - MC Koringa
6. Quero Amar Você - MC Buchecha
7. Periferia - MC Sapão
8. Muleque Piranha - MC Buiú e os Magrinhos
9. Passinho do Prostituto - MC Buiú
10. Mão na Chandoca - MC's Quebra Tudo
11. Tá Doida pra Rebolar - MC Pé de Pano & MC Rael
12. Vai Ter Caô - MC Didô
13. Nunca Falha na Missão - MC Tan
14. Grito do Oi - MC Alexandre
15. Tira o seu da Reta - Tatiana e as Gulosas
16. Então no Chão - Os Magrinhos
17. Cachorrão - MC Max
18. Posição da Aranha - Bonde da Oskley
19. Senta na Cuíca - MC Rose Morena
20. Senta, Senta e Rebola - Dennis DJ e Byano DJ
21. Rainha da Favela - MC JC
22. Fiz pra Você - MC Kinho
23. Posição do Canguru - Wagninho & Cia
24. Bundão - MC Torrada
25. Novinha Chapadona - Dennis DJ

Arantes mostra baladas e até rap no CD 'Lótus'

Guilherme Arantes apresenta até um rap - Tributo, em que discursa contra todos os tipos de preconceito - em seu novo CD de inéditas, Lótus, a ser editado pelo selo do artista, Coaxo do Sapo, com distribuição da gravadora Som Livre. Entre canções de amor (Blue Moon para Sempre e Um Grão de Amor), há duas parcerias com Nelson Motta (Verão de 59 e Vai Vem - Amor de Carnaval) e uma com Max Viana (Disque Sim). O compositor regrava Por Todo Canto, música lançada em disco da cantora baiana Carla Visi, e registra em disco Salvador, Primavera e Outono - já disponibilizada para download em seu site oficial. Cena de Cinema é outra faixa do álbum deste artista que - por sua obra pop - merecia mais reconhecimento na cena brasileira. Arantes foi um precursor do pop nativo já nos anos 70.

Nelly grava single com cantor do grupo NX Zero

Em ascensão no mercado fonográfico americano, depois que requisitou as batidas do produtor Timbaland para seu último CD, Loose, a cantora luso-canadense Nelly Furtado (à esquerda) decidiu promover seu novo single, All Good Things, com duos gravados com convidados de várias localidades. Do Brasil, o escolhido foi Diego Ferrero - o vocalista do grupo NX Zero, de Sampa.

'Anima Mundi' restaura clipe de Dalva com Pery

Em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) de 29 de junho a 8 de julho, a 15º edição do festival Anima Mundi vai exibir um clipe de Dalva de Oliveira com seu filho, Pery Ribeiro. O vídeo da música Ave Maria (de autoria de Vicente Paiva e Jayme Redondo), grande sucesso da ótima cantora, foi filmado em 1960 na sede carioca da gravadora Odeon e reconstruído graças aos recursos de animação.

26 de junho de 2007

Universal combate CD Zero com discos a 10,90

Para combater o polêmico CD Zero lançado pela Sony BMG, a gravadora Universal Music vai pôr no mercado a série Music Pac. A coleção oferece títulos recentes de seu catálogo por R$ 10,90. O álbum As Super Novas (capa à esquerda), de Ivete Sangalo, é um dos títulos que terão seu preço reduzido. A lista inclui o primeiro CD de Marjorie Estiano e o álbum ao vivo de Armandinho, entre outros. O detalhe é que os CDs da série não trazem encarte e ficha técnica. São 18 títulos nacionais (a R$ 10,90) e 13 estrangeiros (R$ 14,90).

A política da Universal é clara: oferecer álbuns nacionais inteiros por R$ 10,90 para enfrentar o CD Zero, vendido por R$ 9,90 com apenas cinco músicas. Só que, enquanto a Universal reduz o preço de títulos que já perderam força no mercado, a Sony apresenta ao consumidor a alternativa do CD Zero com álbuns recém-lançados.

Eis os 18 títulos nacionais da série Universal MusicPac:
As Super Novas - Ivete Sangalo
Acústico MTV 2 Gafieira - Zeca Pagodinho
À Vera - Zeca Pagodinho
O Diário de Claudinha - Babado Novo
Armandinho ao Vivo - Armandinho
Palavras de Amor ao Vivo - César Menotti & Fabiano
MTV ao Vivo - CPM 22
Me Faz Feliz - Jeito Moleque
De Corpo e Alma - Leonardo
Obrigado, Gente! João Bosco ao Vivo - João Bosco
Pega Vida - Kid Abelha
Marjorie Estiano - Marjorie Estiano
Vida Marvada - Chitãozinho & Xororó
Do Jeito da Gente - Rionegro & Solimões
Isabella Taviani ao Vivo - Isabella Taviani
Planta & Raiz ao Vivo - Planta & Raiz
Sandy & Junior - Sandy & Junior
Sambas de Enredo 2007

Som Livre lança coletânea brasileira de Harper

No embalo da (boa) execução radiofônica do dueto de Ben Harper com Vanessa da Mata (Boa Sorte / Good Luck, gravação feita para o terceiro álbum da cantora), a Som Livre está lançando coletânea de Harper no Brasil. The Best So Far já está à venda somente no mercado nacional e - de acordo com a gravadora - teve repertório selecionado pelo próprio artista, que também teria feito questão de aprovar o (belo) projeto gráfico. Eis as (12) músicas escolhidas:
1. Diamonds on the Inside
2. Steal my Kisses (com a banda The Innocent Criminals)
3. Sexual Healing (com a banda The Innocent Criminals)
4. Burn One Down
5. Both Sides of the Gun
6. Waiting for You
7. Walk Away
8. Another Lonely Day
9. Roses from my Friends
10. Glory and Consequence
11. She's only Happy in the Sun
12. With my Own Two Hands

Rita Ribeiro já planeja DVD de Tecnomacumba

Depois de bancar - por conta própria - o registro do show Tecnomacumba em CD, Rita Ribeiro planeja gravar o DVD do espetáculo, que terá seus quatro anos de sucesso festejados com apresentação no Canecão (RJ) agendada para 4 de julho de 2007, com intervenções de Alcione (em Tambor de Crioula, tema conhecido no Maranhão), Beth Carvalho (em Coisa da Antiga, samba de Wilson Moreira e Nei Lopes) e de Ney Matogrosso (em Babá Alapalá, música afro de Gilberto Gil). Contudo, ainda não há data prevista para gravar o DVD - o primeiro da cantora maranhense.

Ferry põe classe do art rock a serviço de Dylan

Resenha de CD
Título: Dylanesque
Artista: Bryan Ferry
Gravadora: Virgin / EMI
Cotação: * * *

É difícil imaginar um CD com covers do cancioneiro de Bob Dylan que não soe pálido face à força dos registros originais do trovador. O novo álbum de Bryan Ferry - Dylanesque - fica no meio do caminho. Nenhuma das 11 regravações faz sombra às leituras de Dylan. Só que Ferry, líder do cultuado grupo Roxy Music e fã de Dylan, põe uma classe típica do art rock a serviço do repertório do colega. E o resultado é bom. Há momentos belos como o registro cool, quase etéreo, de Make You Feel my Love. Um violoncelo dá tom quase camerístico a Positively 4th Street. Aliás, o time de colaboradores inclui Brian Eno, que turbina If Not for You com seus timbres eletrônicos. O próprio Brian Ferry se encarrega da gaita, às vezes excessiva, que pontua temas como Knockin' on Heaven's Door (com pálida cara de cover), Just Like Tom Thumb's Blues e Simple Twist of Fate. E o fato é que, no todo, Dylanesque desce até bem, passando longe da banalidade que impera no reino dos covers. É a bela arte de Ferry.

25 de junho de 2007

DVD disseca a criação de dois álbuns de Zappa

Dono de estilo único, urdido com fusão hard de rock e jazz, Frank Zappa (1940 - 1993) tem dissecada a criação de dois de seus discos mais emblemáticos - Over-nite Sensation (1973) e Apostrophe (') (1974) - em DVD da boa série Classic Albums, editado este mês no mercado brasileiro pela ST2. Os dois trabalhos foram gravados simultaneamente. Para reconstruir o mundo de Zappa na época, foram feitas entrevistas com familiares do artista e com músicos como Alice Cooper e o guitarrista Steve Vai. Nos extras, há discografia e registros ao vivo de temas como Montana (1973), I'm the Slime (1976) e Camarillo Brillo (2006).

Cazes vai lançar no Brasil sua história do choro

Henrique Cazes (à esquerda em foto de Kélita Myra) vai lançar no Brasil - pela Deckdisc - o CD duplo Uma História do Choro, produzido por Katsunori Tanaka para o mercado japonês. Neste projeto, os solistas - entre os quais, Zé da Velha (trombone), Silvério Pontes (trompete), Zé Paulo Becker (violão) e Maria Teresa Madeira (piano), além de Cazes - tocam choros com fidelidade às partituras originais de músicas criadas por compositores que contribuíram para o gênero. Casos de Abel Ferreira (Chorando Baixinho), Pixinguinha (Lamentos), Joaquim Callado (Flor Amorosa), Waldir Azevedo (Delicado) e de Radamés Gnattali (Remexendo), entre outros autores associados ao choro.

Antes, Cazes lança - também via Deckdisc - o CD Vamos Acabar com o Baile, em que - ao lado do violonista Marcello Gonçalves - toca 13 temas de Garoto. E, fechando a trilogia, a Deck ainda vai reeditar o disco Pixinguinha de Bolso, dividido por Cazes com o mesmo Marcello Gonçalves. Este álbum já está fora de catálogo.

Erasure se ilumina no retorno ao pop eletrônico

Resenha de CD
Título: Light at the End
of the World
Artista: Erasure
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Após surpreendente guinada rumo ao som acústico em seu CD anterior, Union Street (2006), o duo formado por Andy Bell e Vince Clarke retorna ao pop eletrônico. E há luz neste Light at the End of the World. Como os tempos são outros, é até provável que o ótimo eletropop Sucker for Love - turbinado com vocais de gospel - não reedite o êxito de gemas como Love to Hate You, um dos hits da fase áurea do Erasure. Mas a dupla faz a sua parte neste álbum, luminoso desde a primeira faixa, Sunday Girl, música que persegue o pop perfeito. O single I Could Fall in Love with You também parece vocacionado para as pistas. É fato que, na segunda metade, sobretudo em faixas como Darlene, o CD perde um pouco o pique inicial. Contudo, o disco sinaliza o acerto do Erasure ao voltar ao que o duo sabe fazer de melhor: eletropop.

Tributo nem sempre roça o universo de Mitchell

Resenha de CD
Título: A Tribute to

Joni Mitchell
Artista: Vários
Gravadora: Nonesuch

/ Warner Music
Cotação: * *

Joni Mitchell criou sofisticado universo particular com o seu folk rock agridoce de eventual textura jazzística. O tributo ora editado no Brasil nem sempre roça o mundo da compositora canadense. Às vezes, o álbum até beira o exotismo - como na releitura em ritmo de indie samba de Caetano Veloso para Dreamland, faixa produzida por Moreno Veloso. Há quem, como Björk em The Boho Dance, se imponha dentro de seu próprio mundo. No meio do registro instrumental do pianista de jazz Brad Mehldau (Don't Interrupt the Sorrow) e dos falsetes de Prince (A Case of You, gravação já lançada em disco de raridades), há aparições bacanas de Cassandra Wilson (For the Roses), Sarah McLachlan (Blue, outro registro já editado anteriormente), Elvis Costello (Edith and the Kingpin) e da conterrânea k.d. Lang (Help me), entre outros. Ninguém se sai mal, mas paira a sensação de se estar diante de um tributo protocolar e aquém da homenageada...

24 de junho de 2007

Grupo tira do baú sambas inéditos de bambas

A composição de sambas nem sempre é documentada com a devida atenção. Às vezes sem a consciência de seu valor, grandes bambas nem sempre registram toda sua produção autoral. E grandes sambas, às vezes, se perdem na tradição oral. Daí o inestimável valor documental de Samba do Baú, álbum de estréia do grupo carioca É com Esse que Eu Vou - formado por Tiago Machado (cavaquinho), Pedro Moraes (voz), Rodrigo La Rosa (percussão) e Júlio Braga (percussão). Escorado na direção musical e nos arranjos de Afonso Machado, fundador do grupo Galo Preto, o quarteto registra 12 sambas inéditos em disco de belos compositores como Cartola (1908 - 1980), Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Mauro Duarte (1930 - 1989). Fruto de dois anos de pesquisa, o CD dá grande contribuição ao repertório do samba tradicional. Eis as 12 jóias tiradas do baú pelo quarteto:

1. Hoje Sem Querer - Samba de quadra composto em 1966 por Cartola com Babaú da Mangueira (1914 - 1993). O único registro, caseiro, tinha sido feito pelo próprio Babaú em uma fita cassete.

2. O Mundo É Mesmo Assim - Única parceria de Mauro Duarte com Paulinho da Viola e Elton Medeiros. Foi feita para a trilha sonora de filme, há mais de 35 anos, mas caiu no esquecimento. Elton participa da gravação feita pelo grupo É Com Esse que Eu Vou.

3. Se Eu Bebo - Belo samba de Nelson Cavaquinho. Foi registrado graças a Délcio Carvalho, que dividia a mesa de botequim com Nelson quando este cantou (várias vezes) o samba recém-criado.

4. Soberano - Samba de Elton Medeiros, Luiz Moura e Afonso Machado.

5. O Destino Não É Restaurador - Samba de Nelson Sargento, que retrata o amor desfeito como uma tela desbotada. Sargento, que é pintor e eventualmente expõe seus quadros, canta na faixa.

6. Coisa com Coisa - Samba de Zé Ketti (1921 - 1999). Foi ensinado por Elton Medeiros, mas já não é inédito, pois foi gravado por Pedro Miranda em seu primeiro disco solo, dando nome ao CD.

7. Seios da Noite - Samba do compositor carioca Wilson Moreira.

8. Arrepio no Braço - Último samba de João Nogueira (1941 - 2000), composto com Carlinhos Vergueiro, convidado da faixa.

9. Sempre Alguém - Parceria de Nelson Cavaquinho com o poeta Joaquim Vaz de Carvalho. O samba foi gravado por Nelson, mas com outra letra e outro título (Quem Chora Sempre Tem Razão).

10. Noite - Um samba do violonista Luiz Moura letrado por Délcio Carvalho. Foi composto nos duros tempos da ditadura militar.

11. Mestiço - Parceria de Carlinhos Vergueiro e Paulo César Feital.

12. Jardim das Oliveiras - Belíssimo samba-enredo em que Délcio Carvalho celebra o Império Serrano e Silas de Oliveira (1916-1972).

Luciana Mello aposta nos grooves do som black

Resenha de CD
Título: Nêga
Artista: Luciana Mello
Gravadora: S de Samba
/ Brazilmúsica!
Cotação: * * * 1/2

Nêga é o quinto (bom) CD de Luciana Mello. Marca a volta da cantora à cena indie após infeliz passagem pela major Universal Music. Gravado pelo selo do mano Jair Oliveira, o S de Samba, com distribuição da nova Brazilmúsica!, o disco mostra a cantora imersa nos grooves da música black. São levadas de funk (o dos anos 70...), samba e soul. A faixa que inspirou o título, Na Veia da Nêga, sintetiza bem o espírito do álbum, com direito a um rap de Gabriel O Pensador. A música é parceria de Luciana e Jair.

O balanço negro jorra em temas como Pra Ver Você Chegar (Edu Tedeschi) e Passar por mim (Alexandre Grooves). Já as baladas Rosas e Mel e O Tal do Teu Beijo, ambas de Jair Oliveira, sinaliza que a emissão da voz de Luciana é tão límpida que pode transitar bem por outros caminhos melódicos. Em repertório basicamente inédito, as boas surpresas são Galha do Cajueiro - ótimo samba do baiano Tião Motorista (1927 - 1996), gravado por Wilson Simonal (1939 - 2000) e rebobinado por Luciana com timbres eletrônicos sob medida - e Lágrimas de Diamante, a poética canção de Moska.

Luciana é cantora segura. Nêga marca evolução em sua irregular discografia. Em seus álbuns anteriores, sobretudo em Olha pra mim (2001), pairava sempre a sensação de que sua bela voz era desperdiçada. Um problema mais de produção, pois compositores como Edu Tedeschi sempre foram recorrentes nos repertórios dos CDs da cantora. Criado sem pressão de gravadora, Nêga aponta um caminho a ser seguido. Ainda que - vale repetir - a bela voz de Luciana Mello a credencie a explorar repertório que vá além dos grooves da música black nativa. Há um universo à espera da nêga.

P!nk lança segundo registro de show em DVD

Pouco mais de dois anos depois de P!nk documentar em 2004 a turnê do CD Try This no DVD Live in Europe, a artista lança seu segundo registro de show em vídeo. Live from Wembley Arena (capa à direita) capta show filmado com pompa e câmeras de alta definição em 4 de dezembro de 2006 em uma arena de Londres. P!nk já incluiu no roteiro de 21 números algumas músicas (entre elas, Stupid Girls) de seu quarto disco, I'm Not Dead, editado este ano. Trata-se de show performático, com números de dança, acrobacias e trocas de figurino. Nos extras, o DVD exibe galeria de fotos e documentário, On Tour with P!nk.

'Discoteca MTV' reconta piada pioneira da Blitz

Resenha de Programa de TV
Título: Discoteca MTV
- As Aventuras da Blitz (Blitz, 1982)
Artista: Blitz
Exibição: MTV
Data: 22 de junho de 2007
Cotação: * *

Gang 90 à parte, o estouro da Blitz no verão carioca de 1982 com o compacto de Você Não Soube me Amar - que venderia 900 mil cópias ao longo do ano - foi a pólvora detonadora da explosão pop que abriu as portas do mercado fonográfico brasileiro para bandas de rock nativas. "A Blitz foi o primeiro grito de uma nova estética", resumiu a produtora Maria Juçá, a peça-chave do Circo Voador, o palco-chave daquele momento, em um depoimento para o décimo episódio da série Discoteca MTV, que enfocou o primeiro álbum do grupo de Evandro Mesquita, As Aventuras da Blitz (1982).

Foi o programa mais fraco da ótima série. Os músicos da banda se resumiram a falar frases feitas. "Estou orgulhoso de ter participado do disco e da banda, que está viva até hoje", sentenciou Evandro, tentando fazer crer que a Blitz ainda tem alguma importância na cena pop de hoje. Fernanda Abreu, que certamente foi procurada pela produção, foi ausência sentida. Tampouco houve depoimento do produtor do LP, Mariozinho Rocha, que teve a idéia de riscar em cada cópia do disco as duas faixas proibidas pela censura (Ela Quer Morar Comigo na Lua e Cruel, Cruel Esquizofrênico Blues). Idéia que os músicos apresentaram como sua no programa, mas que o próprio Evandro admitiu ter sido de Mariozinho Rocha em entrevista para o livro Dias de Luta, em que o jornalista Ricardo Alexandre historiou a gênese do pop rock dos 80. Breve egotrip...

"Os caras da gravadora (EMI) não sabiam o que estava rolando", ressaltou Evandro, em sua frase menos óbvia. Faltou esmiuçar mais a estética da banda, cheia de frescor naquele verão de 1982. As aventuras da Blitz realmente importantes da Blitz teriam fim três anos depois, mas marcaram o alvorecer de uma nova época...