29 de junho de 2007

Solo de Paula é pontuado por baladas refinadas

Resenha de CD
Título: SóNós
Artista: Paula Toller
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Na letra de Oito Anos, canção de seu belo primeiro CD solo, editado em 1998, Paula Toller expôs a curiosidade infantil de seu filho, Gabriel. Nos versos sensíveis de Barcelona 16, faixa de seu segundo disco individual, lançado nove anos depois daquela estréia pautada por repertório diverso e afinação surpreendente, a compositora compara a um segundo parto o momento em que a mãe vê o filho adolescente, cheio de vida e independência, seguir sua própria viagem existencial. Destaque do repertório autoral e inédito do segundo CD solo da artista, a bela Barcelona 16 sinaliza a distância que separa SóNós do universo juvenil do Kid Abelha.

A música de trabalho que foi para as rádios, Meu Amor se Mudou pra Lua (de Nenung, do grupo gaúcho The Darma Lóvers), é pop tão redondo que um ouvinte mais desavisado pode pensar tratar-se do novo hit do Kid. Mas Paula Toller - gatíssima aos 44 anos - transita por outras colméias no álbum produzido em tom sempre cool pelo galês Paul Ralphes. Em SóNós, não há o exercício de intérprete feito em Paula Toller, o CD de 1998 cujo repertório incluía releituras de sucessos de Frank Sinatra e Beth Carvalho, entre algumas inéditas. Há a busca por coesão estilística. É ótimo disco pontuado por baladas refinadas e por salutares conexões internacionais, com direito a uma bela inédita de Erasmo Carlos, a canção ? (O Q É Q Eu Sou), que abre o CD. Foi composta para Paula.

Versão de Vicious World, tema do canadense Rufus Wainwright, a melancólica Tudo se Perdeu mostra densidade ímpar na obra de Paula. Aprovada pelo autor, a letra foi abrasileirada com citações de Maysa e de hit do Kid Abelha (Amanhã É 23). Autor de Don't Know Why, hit do primeiro CD solo de Norah Jones, Jesse Harris contribui com duas (expressivas) inéditas, If You Won't e Long Way from Home, que transitam naquele universo pop jazzy típico de Norah. Numa esfera mais banal, aparece All Over, parceria de Paula com o cantor-surfista californiano Donavon Frankenreiter, convidado da faixa entoada em inglês (Frankenreiter, a propósito, já gravou com o Kid Abelha - no DVD baseado no CD Pega Vida).

De todas as conexões internacionais, a mais proveitosa foi criada com Kevin Johansen, obscuro compositor do Alaska radicado na Argentina. Suas duas músicas são lindas. À Noite Sonhei Contigo (versão de Anoche Soñe Contigo) é pop melodioso e delicioso. Já Glass (I'm So Brazilian), gravada em dueto com o autor, em inglês, beira o sublime e é belo fecho de ouro para um disco elegante que apresenta diversas parcerias de Paula com Dado Villa-Lobos e os músicos da banda que toca em SóNós (Coringa, Caio Fonseca e o próprio Paul Ralphes). Algumas, como Pane de Maravilha, são de excelente nível. Outras, como Vc me Ganhou de Presente, soam medianas. Mas, no todo, o segundo solo de Paula Toller é sedutor.

13 Comments:

Blogger Pedro k. said...

boa tarde.

epá, 4 estrela, parece coisa seria.

obrigado,

pedro k.
Rock-n-brasil.com

29 de junho de 2007 às 13:29  
Anonymous Anônimo said...

é a abelha-rainha alçando vôos mais altos...

29 de junho de 2007 às 13:47  
Anonymous Anônimo said...

O Kid Abelha e a Paula Toller são duas coisas bem chatas né, acho que não acrescenta nada na nossa música...
Cantar afinado não é tudo! Paula prova isso

CD sonso, músicas sonsas, letras sonsas...

29 de junho de 2007 às 14:00  
Anonymous Anônimo said...

Adoro essas pessoas que falam mal[como esse anônimo das 2:00 PM] ou chamam o CD de "sonso" sem nem ouvir... Criticando pelo simples prazer de falar mal ou esculhambar o trabalho dos outros... PODRE!

29 de junho de 2007 às 14:11  
Anonymous Anônimo said...

Boa dica. Vou conferir. Tem tempo que escuto Kevin e gosto de algumas coisas de Paula e da produção do Paul Ralphes (o trabalho que ele fez com Veronica Sabino também é 10).

Falando em boa dica, Maurópolis, obrigada pela dica do cd de Simone Guimarães (Flor de pão). É um trabalho de primeira!

Outra cantora que me surpreendeu nessa semana foi Tarin Szpilman - ela deu uma canja num show nesta semana e fiquei impressionada com sua voz. Vale conferir.

29 de junho de 2007 às 15:12  
Anonymous Anônimo said...

Fi disse

Ontem Xuxa,uma resenha tão longa sobre Paula e você nem disse nada sobre o novo cd da Eliana Printes que está ótimo. Vi no Geleia Geral uma nota sobre a Nena Queiroga. Quando sai a resenha?

30 de junho de 2007 às 07:39  
Anonymous Anônimo said...

Sempre que me apaixono aparece uma canção do KID - espontaneamente - para trilha sonora. Acho engraçadíssimo. No momento estou na entressafra e vou conferir o que Paulinha tem a me dizer.

30 de junho de 2007 às 10:41  
Anonymous Anônimo said...

Mano Freire disse..

Desde os tempos de Como eu quero, sonhei em ter essa moça em casa cantando para mim. Eu era adolescente e cheio de vontades quado ela surgiu. Ainda presevo isso, logo agora que ela está bem madura...E, claro, cantando só para mim. Mas não quero os discos na minha Cdteca. Os músicos são muitos ruins do Kid.

30 de junho de 2007 às 13:23  
Anonymous Anônimo said...

A verdadeira abelha rainha da nossa musica. Abelha Gata, melhor ainda ...

1 de julho de 2007 às 05:44  
Anonymous Anônimo said...

Abelha gata que não tem nariz de bruxa.

3 de julho de 2007 às 08:47  
Blogger kaik said...

Excelente, refinado, sofisticado, pop, rock, cool, folk, uma junção de ótimas influências. Paula Toller, prova o quanto amadureceu, o quanto é capaz de fazer excelentes trabalhos, sóNós, é uma prova sublime da competência de la Toller. Comprei o albúm, é tudo perfeito, som e arte gráfica.

9 de julho de 2007 às 09:29  
Anonymous Anônimo said...

LaToller está cada dia mais perfeita e encantadora!
Maturidade ela sempre teve desde 1989, depois de um periodo crítico no Kid, mas nunca como agora em sónós. O cd relata os cantos mais íntimos da cantora, que cria uma identificação com o ouvinte logo na primeira música. A voz, as melodias, os arranjos, tudo soa completamente redondo e harmonioso no disco.

16 de julho de 2007 às 20:45  
Anonymous Anônimo said...

SUBLIME, é como posso definir esse album.

12 de agosto de 2008 às 16:30  

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