29 de setembro de 2007

Amy documenta trajetória meteórica em DVD

Em luta contra as drogas, Amy Winehouse planeja lançar seu (bem-vindo) primeiro DVD em 5 de novembro. Marotamente intitulado, I Told I Was a Trouble (Eu Bem que Avisei que Era Encrenqueira, numa tradução livre), o DVD traz o registro de show gravado em Londres, em abril, além de um inédito documentário sobre a trajetória meteórica de Amy nos últimos quatro anos. Nos extras, há versão acústica de (There Is) No Greater Love e a apresentação de Amy no último BritAwards, em que cantou Rehab, o hit de seu segundo álbum, Back to Black, um dos grandes discos de 2007.

Livro faz bom raio-x de D2 entre tapas e beijos

Resenha de livro
Título: Vamos Fazer Barulho! - Uma Radiografia de Marcelo D2
Autor: Bruno Levinson
Editora: Ediouro
Páginas: 240
Preço: R$ 49,90
Cotação: * * *

Mesmo sem ser uma biografia no conceito mais ortodoxo do termo, Vamos Fazer Barulho! refaz - sem preocupações cronológicas e documentais - os principais passos da existência de Marcelo D2. Do nascimento (na Piedade, bairro do subúrbio carioca), às turnês pelo exterior, onde o artista já vem sendo cultuado pela batida que promove a perfeita simbiose entre samba e rap. Através de entrevistas feitas com D2 e com pessoas próximas a ele, o autor faz o raio-x da alma de um homem que, aos olhos públicos, parece marrento. Mas sem apologias ao personagem radiografado. O pai carinhoso de quatro filhos é também apresentado nos depoimentos como o artista bem furão que perde a hora de fotos e entrevistas, mas que, não, nunca faltou a um show, como ressalta o empresário Marcelo Lobatto. A convivência com os colegas do ex-grupo Planet Hemp - solidária e familiar no início, atribulada e profissional a partir do sucesso e da (progressiva) projeção individual de D2 - também é abordada com riqueza de detalhes. Um dos momentos mais tocantes é quando D2 rememora o respeito que imperou entre os integrantes da banda no difícil momento em que amargaram uma semana na cadeia, sob a acusação de apologia da maconha. Levinson também foi atrás de Siro Darlan, um juiz inflexível na perseguição ao Planet Hemp que, sim, revela ter se tornado até um fã de D2 a partir do momento em que o rapper buscou a fusão com o samba. Se a mãe Paulete realça o temperamento doce do filho, que chegou a apanhar dos colegas na infância sem revidar, o próprio D2 lembra seu início na música. Por mostrar D2 muito além do estereótipo do maconheiro irado, propalado pela mídia por conta das letras explícitas e panfletárias do Planet Hemp, a radiografia de Levinson dá contribuição para o entendimento da mente e da personalidade de um artista atuante que, queiram ou não, é dos mais importantes da música brasileira produzida a partir dos anos 90. Entre tapas e beijos, o autor nunca esconde sua admiração pelo amigo D2, mas também não deixa de expor todos os lados de uma personalidade multifacetada como é, afinal, o ser humano. E deixa que digam, que pensem, que falem...

Voz paulista projetada em Lisboa tenta o Brasil

A Universal Music vai tentar emplacar no Brasil o cantor paulistano Felipe Fontenelle - radicado em Portugal desde os 11 anos de idade. Fontenelle já fez (algum) nome em Lisboa, cantando sucessos da MPB nos bares no estilo um banquinho, um violão. Nas lojas do Brasil em 10 de outubro, o primeiro disco de Fontenelle agrega no repertório Trocando em Miúdos (Chico Buarque e Francis Hime), Lígia (Tom Jobim) e Preciso Dizer que te Amo (Cazuza, Dé e Bebel Gilberto), além de cinco temas autorais. Entre eles, Não Sei o que Sinto (com adesão da portuguesa Cristina Branco) e Conta-Gotas.

Catatau produz Paulo Carvalho no CD De Longe

Guitarrista do grupo Cidadão Instigado, Fernando Catatau assina - em parceria com Kalil Alaia - a produção do CD De Longe, que marca a estréia do cantor e compositor Paulo Carvalho no arisco mercado fonográfico. Entre seis temas de autoria do próprio artista paulistano (À Luz de Enganos, Algo Demais, Sem Cobranças, De Repente, Por que Voltar? e Única Escolha), o artista apresenta regravações dos repertórios de Elton John (Donner pour Donner, parceria de Bernie Taupin, letristra de Elton, com Michel Berger), do cantor nicaragüense de salsa Luis Enrique (No Tienes que Pedir Permiso) e da trilha sonora do filme Fama (a canção Is it Okay If I Call You Mine?). A faixa-título, De Longe, é da lavra de Marcelo Quintanilha. O disco está sendo editado pela gravadora Lua Music.

28 de setembro de 2007

Marisa documenta a Velha Guarda da Portela

A foto acima - de Bruno Veiga - flagra Marisa Monte com Monarco em cantoria realizada esta semana na Portelinha, sede da escola de samba Portela, a tradicional agremiação do Rio de Janeiro (RJ). Com a presença de Zeca Pagodinho, a roda de samba foi gravada para documentário sobre a Velha Guarda da Portela, produzido e roteirizado pela cantora, em parceria com a Conspiração Filmes. Já em fase de finalização, o filme está sendo realizado desde 1999 - durante as gravações do disco Tudo Azul, produzido por Marisa para registrar o nobre repertório dos bambas portelenses - e tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2008. No filme, Marisa apresenta Volta, samba inédito de Manacéa (1921 - 1995).

VMB 2007 'consagra' NX Zero e, de novo, Pitty

Nada de novo no front do pop brasileiro - a julgar pela premiação da edição 2007 do Video Music Brasil, o popular VMB. No evento festivo realizado em São Paulo (SP) na noite de quinta-feira, 27 de setembro, Pitty (em foto de divulgação de Caetano Barreira, da agência Argos Fotos) saiu mais uma vez consagrada. Pitty levou o prêmio de Clipe do Ano pelo vídeo de Na sua Estante - dirigido por Sérgio Filho. O grupo NX Zero também ficou bem na foto por conta dos prêmios de Hit do Ano (Razões e Emoções) e Artista do Ano. Eis a relação completa dos onze vencedores do VMB 2007:

Clipe do Ano - Na sua Estante (Pitty)
Artista do Ano - NX Zero
Hit do Ano - Razões e Emoções
Revelação - Fresno
Aposta MTV - Strike
Show - Cachorro Grande
Artista Internacional do Ano - Red Hot Chili Peppers
Vc Fez - Na sua Estante (por Gabriel Alves)
Web Hit - Vá Tomar no Cu
Banda dos Sonhos - Pitty (voz), Champignon (baixo),
Fabrizio
Martinelli (guitarra) e Japinha (bateria)

Simone e Zélia gravam show amigo em Sampa

Simone (à esquerda na foto) e Zélia Duncan vão gravar em 12 e 13 de outubro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP), o show que reúne as cantoras. A gravação vai ser feita para edição em CD e em DVD do espetáculo, intitulado Amigo É Casa. O nome dado recentemente ao show foi tomado de um choro de Capiba, letrado por Hermínio Bello de Carvalho. Amigo É Casa, aliás, já mereceu gravação de Lenine com Zé Renato, feita para o CD Timoneiro, produzido pela própria Zélia - em 2005 - num tributo a Hermínio.

O CD e o DVD deverão chegar às lojas até o fim do ano via Biscoito Fino. Apresentado uma única vez em São Paulo e outra no Rio de Janeiro, em 2006, o encontro foi concebido para o projeto Tom Acústico, da casa Tom Brasil. O roteiro é pontuado por músicas gravadas por Simone na década de 70 (Vento Nordeste, Petúnia Resedá, Jura Secreta, Tô Voltando), mas a Cigarra também visita o repertório pop de Zélia (Não Vá Ainda, Mãos Atadas) entre as músicas inéditas nas vozes das cantoras (Gatas Extraordinárias, Grávida, Quero que Vá Tudo pro Inferno, Ralador e Agito e Uso).

Edu Ribeiro faz 'luau' com parceria com Chorão

Sucesso no circuito indie em 2006 com seu reggae Me Namora, o paulista Edu Ribeiro lança em outubro seu segundo álbum, Luau, nas lojas via Deckdisc. Uma das músicas, Você por Perto, foi feita por Edu em parceria com Chorão. O líder do grupo Charlie Brown Jr. participa da faixa ao lado de Pinguim e Thiago Castanho, seus colegas na banda. A nova safra de inéditas de Edu Ribeiro inclui temas como Dias de Sol, Menina, De Mais Ninguém e Princesa do Hawaii. Já o vocalista da banda gaúcha Papas da Língua, Serginho Moah, faz dueto com Edu na releitura de Espere por mim, Morena - canção lançada por seu autor, Gonzaguinha (1945 - 1991), no LP Começaria Tudo Outra Vez..., de 1976. Edu estréia na Deck.

27 de setembro de 2007

Show de garra deixa público embebido em Elza

Resenha de show
Título: Beba-me
Artista: Elza Soares
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 26 de setembro de 2007
Cotação: * * *

"Quero ouvir!!!", ordenou Elza Soares. Obediente, a platéia entoou em coro o refrão do Rap da Felicidade. Majoritariamente branco e burguês, o público que não lotou o Canecão na estréia carioca do show Beba-me, na noite de quarta-feira, 26 de setembro, repetiu feliz versos como "Eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela onde eu nasci". Foi o bis inusitado de um espetáculo feito com garra. Dura na queda, Elza driblou forte virose, saiu da cama e foi à tradicional cervejaria carioca fazer o show que oficializa o lançamento do CD (já à venda) e DVD (nas lojas em outubro) que registram ao vivo o show Beba-me - captado em março, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. "Cadê os negros do meu País??!", quis saber a cantora ainda no bis, quando apresentava A Carne, música do repertório do grupo Farofa Carioca que Elza tornou muito sua.

Sem a aura renovadora do anterior show Vivo Feliz, calcado nos beats eletrônicos, Beba-me empilha no tradicional roteiro vários sambas que marcaram época na voz resistente de Elza. Com (mais de) 70 anos, presumíveis, a mulata mostrou que ainda se assanha no palco. Quando cantou O Neguinho e a Senhorita, desossando o samba num registro iniciado no estilo voz-e-piano, a artista alisou maliciosamente o microfone no verso "'Não pode evitar esse amor" para dar a entender que o amor da senhorita pelo neguinho tinha a ver com a extensão do pênis do rapaz... São comentários extra-musicais como este que fazem de qualquer show de Elza Soares um acontecimento. Beba-me não é exceção. A começar pelo início, quando a cantora, ainda na coxia, canta a capella O Meu Guri. É a Elza exibida que também dispensa o microfone em trecho da bela Pranto Livre e que entorta a seu bel prazer sambas como Estatuto de Gafieira - com seu poderoso (e personalíssimo) senso rítmico.

Elza embebeu seu público em roteiro que exalta a própria história de luta, a própria garra. Seja encaixando seu nome em versos dos sambas Dura na Queda e Lata D'Água. Seja valorizando - a todo momento - o sacrifício de estar doente em cena. E, nessa mise-en-scéne, vale lançar mão de uma cadeira para entoar, sentada e com dengo, músicas como Dor de Cotovelo, o tema de Caetano Veloso que originou o título de um de seus discos/shows mais inspirados, Do Cóccix até o Pescoço. Elza pode. Poucas cantoras no mundo superaram os 70 anos com tanta atitude, tanta voz e tanta vida...

Entre os números musicais de roteiro urdido com alguns sambas menores (Contas e Cartão de Visita, entre eles), Volta por Cima é trunfo. No toque do acordeom virtuoso de Marcelo Caldi, o samba de Paulo Vanzolini gira na esfera rítmica do tango - gênero bisado para dar o tom de Fadas, número vindo do show Do Cóccix até o Pescoço. Em órbita mais festiva, o Rap da Felicidade é inserido no clima de gafieira garantido pelo trio de sopros e que se ajusta perfeitamente a sambalanços como Teleco-teco nº 1 e Beija-me. Difícil não seguir o passo assanhado da mulata. Elza Soares é a tal.

O CD de Elza sai com tiragem de 2,5 mil cópias

Lançado esta semana pela Biscoito Fino, com tiragem inicial de 2,5 mil cópias, o CD Beba-me, de Elza Soares, apresenta 15 das 22 músicas gravadas ao vivo em março, em show no Sesc Vila Mariana, em SP. O registro vai originar também o primeiro DVD da cantora - nas lojas já em outubro. Eis os 15 números selecionados para o CD Beba-me:

1. Meu Guri (Chico Buarque)
2. Beija-me (Roberto Martins e Mário Rossi)
3. Estatutos da Gafieira (Billy Blanco)
4. O Neguinho e a Senhorita (Noel Rosa de Oliveira e Abelardo da Silva)
5. Pra que Discutir com Madame? (Haroldo Barbosa)
6. Exagero (Elza Soares e Glaucus Xavier)
7. Dor de Cotovelo (Caetano Veloso)
8. Pranto Livre (Dida da Portela e Everaldo da Viola)
9. Palmas no Portão (Walter Dionísio e D'Acri Luiz)
10. Lata d'Água (Luiz Antônio e Jota Júnior)
11. Teleco-teco nº 1 (Paulo Nunes e Waldir Calmon)
12. Cartão de Visita (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes)
13. Teleco-teco nº 2 (Maestro Nelsinho e Castelo)
14. Malandro (Jorge Aragão e Jotabê)
15. Rap da Felicidade (Juninho Rasta e Kátia)

Deck lança CD do CirKus no embalo de festival

Na carona da apresentação do CirKus na edição 2007 do Tim Festival, a Deckdisc vai lançar no Brasil Laylow, o álbum de estréia do coletivo de trip hop integrado por Neneh Cherry, Burt Ford (que, aliás, é marido da cantora), DJ Karmil e Lolita Moon. A turma hype mistura rhythm and blues, reggae, rap e soul sob etéreas bases eletrônicas. Entre as 13 músicas do disco, editado em 2006 no exterior, há Ruff Turf, Fools, Starved, Fuc All the Doh, Is What It Is What Is Is, Cutting out a Career e Failsafe.

Olodum desiste de editar CD com show da Suíça

Diferentemente do que já havia planejado inicialmente, o Olodum não vai lançar no formato de CD o registro do show que gravou ao vivo em julho na edição 2007 do Festival de Montreux, na Suíça. Mas o lançamento do DVD O Poeta Olodum - o segundo vídeo digital do grupo - está confirmado para novembro. Em vez do CD, o Olodum vai vender as faixas na internet, por preços simbólicos.

26 de setembro de 2007

Lenny faz 'revolução do amor' em CD politizado

It's Time for a Love Revolution é o nome do oitavo álbum de estúdio do astro Lenny Kravitz para a Virgin. Gravado entre Bahamas, Paris, Nova York e Miami, o CD tem lançamento programado para fevereiro de 2008. Entre baladas (I Love the Rain, I'll Be Waiting, A Long and Sad Goodbye) e temas de pegada mais roqueira (Bring It on e Love Love Love), o disco vai apresentar músicas de altíssimo teor político - casos de Back in Vietnam e I Want to Go Home (música cujos versos foram escritos sob o ponto de vista de um soldado). A curiosidade é que uma faixa, Will You Marry me?, teve seu riff aproveitado de Are You Gonna Go my Way? - gravada em 1993. Eis as 14 músicas do álbum It's Time for a Love Revolution:

1. Love Revolution
2. Bring It on
3. Good Morning
4. Love Love Love
5. If You Want It
6. I'll Be Waiting
7. Will You Marry me?
8. I Love the Rain
9. A Long and Sad Goodbye
10. Dancing Till Dawn
11. This Moment Is All There
12. A New Door
13. Back in Vietnam
14. I Want to Go Home

Simon, Blige e Akon no time estelar de Wyclef

Paul Simon, Mary J. Blige, T.I., will.i.am, Akon e Serj Tankian (do grupo System of a Down) integram o estelar elenco de convidados do novo trabalho solo do rapper Wyclef Jean - Carnival II: Memoirs of an Immigrant - que vai ser lançado em 4 de dezembro via Columbia. O primeiro single é Sweetest Thing. Entre as músicas, há Selena - tributo de Wyclef à homônima cantora de descendência mexicana. Riot, Slow Down e Any Other Day são outras faixas do CD, previsto inicialmente para novembro. Wyclef foi projetado no grupo The Fugees nos anos 90.

Norah vende menos, mas grava cada vez mais...

Norah Jones (à direita no sutil traço da artista Melanie Little Gomez) grava cada vez mais, mesmo com as vendas de seus discos em escala descendente (seu terceiro álbum, Not Too Late, vendeu quatro milhões de cópias desde fevereiro de 2007 enquanto Come Away with me, de 2002, atingiu os 17 milhões e Feels Like Home, de 2004, estacionou em cerca de dez milhões). Vendas à parte, a boa artista está pondo sua voz, seu piano, sua imagem e sua música em série de projetos que incluem participações em álbuns de colegas, tributos e composição para trilha de filmes e séries de TV. A saber:

Na tela de Kar-Wai
Norah compôs a canção The Story para a trilha sonora do filme My Blueberry Nights, o primeiro longa-metragem em inglês do cineasta chinês Wong Kar-Wai. Detalhe: a cantora é a protagonista do filme, liderando elenco que conta com atores como Jude Law.

Dueto com Wyclef Jean
A artista integra o elenco estelar de convidados do novo álbum do rapper Wyclef Jean, Carnival II: Memoirs of an Immigrant, nas lojas em 4 de dezembro. Norah está na faixa Any Other Day.

Na batida de Talib Kweli
Ainda inédito no Brasil, mas disponível nos Estados Unidos desde 21 de agosto, o novo álbum do rapper Talib Kweli - Ear Drum - traz o nome de Norah nos créditos da música Soon the New Day.

Na trilha de Harris
Assinada por Jesse Harris (autor de Don't Know Why, megahit do primeiro álbum de Norah Jones), a trilha do filme The Hottest State traz a participação da cantora na música World of Trouble.

Tributo a Domino
Norah Jones canta My Blue Heaven em CD feito em homenagem a Fats Domino. O disco se chama Goin' Home: a Tribute to Fats Domino e está sendo lançado está semana nos Estados Unidos.

No rio de Mitchell
Também editado esta semana nos Estados Unidos, o novo CD do pianista de jazz Herbie Hancock, River: The Joni Letters, está centrado na obra de Joni Mitchell. Norah canta Court and Spark.

Na pista indiana
Norah fez o vocal de Easy, faixa do CD Breathing Underwater, em que Anoushka Shankar e Karsh Kale misturam música indiana com folk e beats eletrônicos. A cantora tem ascendência indiana.

Série de TV
The War, série sobre a Segunda Guerra Mundial que estreou esta semana na TV dos Estados unidos, traz um tema de Norah Jones, American Anthem, em sua trilha sonora. A composição é inédita.

Kylie apresenta 'X' em novembro e exibe filme

Com 13 músicas inéditas (gravadas entre Londres, Estolcomo e Ibiza), o décimo título da discografia de Kylie (agora sem o Minogue no sobrenome), X, tem lançamento mundial agendado pela EMI Music para 26 de novembro. 2 Hearts, faixa eleita o primeiro single, já estará disponível em formato digital a partir de 5 de novembro. Confira - na ordem do álbum - as 13 músicas de X:

1. 2 Hearts
2. Like a Drug
3. In my Arms
4. Speakerphone
5. Sensitized
6. Heart Beat Rock
7. The One
8. No More Rain
9. All I See
10. Stars
11. Wow
12. Nu-di-ty
13. Cosmic

Paralelamente ao CD, o primeiro trabalho de estúdio de Kylie em quatro anos, a artista vai lançar documentário, White Diamond, com entrevistas e cenas de bastidores de sua última turnê. O filme será apresentado nos cinemas em outubro. Em dezembro, White Diamond já será editado em DVD duplo que vai trazer também o registro integral de um espetáculo filmado em dezembro de 2006.

25 de setembro de 2007

Sérgio Santos investe no congado no CD 'Iô Sô'

O terceiro trabalho de Sérgio Santos na gravadora Biscoito Fino - Iô Sô, nas lojas já em outubro - está centrado no congado, um ritmo de origem africana cultuado em Minas Gerais. No sucessor de Áfrico (2002) e Sérgio Santos (2004), o ótimo compositor mineiro apresenta apenas temas autorais como Guia, Corpo, Visita, Falange e Toada Cabocla. Algumas músicas foram feitas por Santos com parceiros recorrentes em sua obra. Entre eles, o mais freqüente é Paulo César Pinheiro.

Trovadores Urbanos mapeiam o som de Sampa

O quarteto (vocal) Trovadores Urbanos mapeia os sons de Sampa em Canções Paulistas - Ao Vivo, registro de show editado nos formatos de CD e DVD pela gravadora Dabliú Discos. No repertório, agrupado em blocos no roteiro a partir de pesquisa do historiador Zuza Homem de Mello, o quarteto enfoca mais de 40 compositores associados a São Paulo - com adesões de Toquinho e Guilherme Arantes. Nos ótimos extras do DVD, os Trovadores Urbanos recordam fatos da carreira em passeio pelo Centro de São Paulo e, bem em frente à casa do compositor Paulo Vanzolini, revivem com o autor seus clássicos Ronda e Volta por Cima. O quarteto é formado por Eduardo Santhana, Juca Novaes, Maida Novaes e Valériam Caram. Eis o repertório do espetáculo, gravado no Teatro do Sesc Vila Mariana (SP), em janeiro de 2007:

1. Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu) / Rapaziada do Brás (Alberto Marino e Vicente Giordano) / Lampião de Gás (Zica
Bergami) / Maricota Sai da Chuva (Marcelo Tupynambá)

2. Alguém como Tu (José Maria de Abreu e Jair Amorim)

/ Ponto Final (José Maria de Abreu e Jair Amorim)

3. João de Barro (Muhib Cury e Teddy Vieira) / Cabocla

Tereza (João Pacífico e Raul Torres) / Tristeza do Jeca
(Angelino de Oliveira) / Triste Berrante (Adauto Santos)
/ Boi Barnabé (Bob Nelson e Victor Simon)

4. No meu Canindé (Raul Duarte) / Guarde a Sandália Dela

(Germano Mathias e Sereno) / Mulher de Malandro (Geraldo
Filme) / Triste Madrugada (Jorge Costa)

5. Luz da Light (Adoniran Barbosa) / Torresmo à Milanesa

(Carlinhos Vergueiro e Adoniran Barbosa) / Prova de
Carinho (Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil)
/ As Mariposas (Adoniran Barbosa)

6. Paulista (Eduardo Gudin e J.C. Costa Netto)

/ Verde (Eduardo Gudin e J.C. Costa Netto)

7. Abismo das Rosas (Américo Jacomino e Gastão Barroso)

/ Na Boca da Noite (Toquinho e Paulo Vanzolini)
/ Simplesmente (O Bem Verdadeiro) (Paulinho Nogueira)
/ Duas Contas (Garoto) / Como Vai Você (Antônio Marcos
e Mario Marcos) / Outra Vez (Isolda) / Sonhos (Peninha)

8. Vou Tirar Você do Dicionário (Itamar Assumpção

e Alice Ruiz) / Quer uma Coisa? (Luiz Tatit) / Mais Simples
(José Miguel Wisnik) /Alta Noite (Arnaldo Antunes)
/ Coração Tranquilo (Walter Franco)

9. El Dia que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera) / Perfil

de São Paulo (Bezerra Menezes) / Arrependimento (Cristóvão de
Alencar e Silvio Caldas) / Volta por Cima (Paulo Vanzolini)

10. Aprendendo a Jogar (Guilherme Arantes) / Alô, Alô Marciano

(Rita Lee e Roberto de Carvalho)

11. Meu Mundo e Nada Mais (Guilherme Arantes) e Deixa Chover

(Guilherme Arantes) - com Guilherme Arantes

12. Regra Três (Toquinho e Vinicius de Moraes) - com Toquinho

13. Aquarela (Toquinho, Maurício Fabrizio,
Guido Morra e Vinicius de Moraes) - com Toquinho

14. Trem das Onze (Adoniran Barbosa) - com Toquinho

CD de Roberta já se aproxima das 10 mil cópias

Como rapidamente se esgotou a tiragem inicial (de três mil cópias) do primoroso segundo CD de Roberta Sá, Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria, a Universal Music já fabricou logo na seqüência um segundo lote - com cinco mil cópias - já nas lojas. Saudado com entusiasmo unânime pela crítica, o disco está vendendo (bem) mais rápido do que Braseiro, editado em março de 2005. Mais Alguém, faixa eleita para puxar o álbum, vem tocando bem em algumas rádios. Roberta já iniciou a turnê promocional do CD.

Baile põe Léo, Melodia e Beth no passo do salão

Em 20 de junho de 2007, artistas como Beth Carvalho, Léo Maia e Luiz Melodia subiram ao palco do Canecão (RJ) para participar de um espetáculo de dança. Em cena, os bailarinos da Cia. de Dança A2 - de São Paulo (SP) - evoluiram nos passos de ritmos como samba, xaxado, xote e bolero - cantados pelo elenco de convidados sob o toque trivial da Banda Signus. Gravado ao vivo, o espetáculo está sendo editado pela gravadora LGK nos formatos de CD e DVD intitulados O Baile - Dança de Salão. Detalhe triste: Qui nem Jiló, clássico de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, foi desatentamente creditado no encarte e na contracapa como "Que" nem Jiló. Eis as 17 músicas (e os intérpretes) do baile:

1. O Trenzinho Caipira - Banda Signus
2. Estatutos de Gafieira - Marcello Furtado
3. Papel de Pão - Banda Signus
4. O Samba da Minha Terra - Marcello Furtado
5. Sem Compromisso - Beth Carvalho
6. Se Você Jurar - Beth Carvalho
7. Qui nem Jiló - Trio Virgulino
8. Isso Aqui Tá Bom Demais - Trio Virgulino
9. Amor Eu Rio (The More I See You) - Karla Sabah
10. Luz do meu Olhar (You're the Sunshine of my Life) - Karla Sabah
11. Começaria Tudo Outra Vez - Tânia Alves
12. Simples Carinho - Marcello Furtado
13. Canto de Ossanha - Banda Signus
14. Ive Brussell - Léo Maia
15. Diz que Fui por Aí - Luiz Melodia
16. A Voz do Morro - Luiz Melodia
17. O Trenzinho Caipira - Banda Signus

24 de setembro de 2007

Crowded House volta ao estúdio sem inspiração

Resenha de CD
Título: Time on Earth
Artista: Crowed House
Gravadora: EMI Music
Cotação: * *

Em 1987, o Crowded House estava bem nas paradas com o sucesso Don't Dream It's Over. Duas décadas depois, o grupo tenta uma volta ao disco com Time on Earth, seu primeiro álbum de estúdio desde 1993. Matt Sherrod substitui o baterista original Paul Hester, que se suicidou em 2005. Entretanto, a atual formação do Crowded mantém Neil Finn e Nick Seymour, fundadores da banda. Sem falar em Johnny Marr. O guitarrista do grupo The Smiths dá o ar da graça em Don't Stop Now (faixa pop eleita o primeiro single) e em Even a Child, a parceria de Marr com Finn. Mas o fato é que o CD Time on Earth resulta insosso - em que pese a boa produção dividida entre Ethan Johns e Steve Lillywhite. E em que pesem músicas razoáveis como Silent House, gravada pelo trio Dixie Chicks no ano passado. Nem mesmo baladas como Pour le Monde - cantada em inglês, apesar do título em francês - parecem muito vocacionadas para devolver ao grupo o sucesso perdido. Até porque ninguém andou sentindo falta do Crowded House após o estouro de Don't Dream It's Over...

Legado em espanhol 'del Rey' é indicado para fã

Resenha de CDs
Título: Pra Sempre - Em Espanhol - Vol. 01
Artista: Roberto Carlos
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * *

Primeira das três caixas que vão apresentar ao Brasil a vasta obra internacional de Roberto Carlos, Pra Sempre - Em Espanhol - Vol. 01 reúne reedições dos primeiros 11 álbuns feitos pelo Rei para o (rico) mercado de língua hispânica, explorado pelo cantor pela primeira vez em 1964, com a gravação de Roberto Carlos Canta a la Juventud, LP editado no exterior em 1965 no auge da Jovem Guarda. Este título - a rigor, a versão em castelhano do álbum brasileiro É Proibido Fumar - é o único que já havia sido reeditado em CD no mercado nacional. Os outros dez discos eram até então inéditos no Brasil - o que aumenta o valor documental da coleção. Indicada somente para colecionadores, aliás, a caixa Pra Sempre - Em Espanhol - Vol. 01 ratifica a força da obra romântica do Rei nos anos 70. Foi escorado em seu belo e sedutor cancioneiro sentimental (até então de excelente nível melódico e sem as apelações das décadas seguintes) que o cantor ampliou e consolidou seu reinado hispânico, fazendo frente a Julio Iglesias.

A propósito, Roberto Carlos começou a reinar - efetivamente - na América Latina nos anos 70. A partir de 1971, o artista passou a gravar regularmente em espanhol, fazendo versões em castelhano dos álbuns que lançara no Brasil no ano anterior. No começo, os álbuns espanhóis não eram reproduções fiéis dos discos gravados para o Brasil. Às vezes, mudava até o título - caso de Un Gato en la Oscuridad (1972), batizado com a versão em castelhano de música (Un Gatto Nel Blu) que ajudara a popularizar a figura de Roberto na Itália, mas centrado no repertório do álbum de 1971 (o que trouxe Detalhes e Amada Amante). Caso também de El Dia que me Quieras (1974), cujo nome reproduzia o título do tango (transformado em bolero) de Carlos Gardel já incluído por Roberto Carlos no repertório de seu trabalho brasileiro de 1973.

Era comum também, nestes primeiros álbuns, a inclusão de uma ou outra música que tinha marcado a carreira do artista nos anos 60. En Español (1973), a rigor a versão do álbum brasileiro de 1972, incorpora a gravação em castelhano de As Flores do Jardim da Nossa Casa, jóia de 1969. Já Quero Verte a mi Lado (1975), versão do disco nacional de 1974, teve adicionado ao repertório as canções Como Es Grande mi Amor por Ti e El Tiempo Borrara, traduções literais de Como É Grande o meu Amor por Você (1967) e O Tempo Vai Apagar (1968), respectivamente. Bela estratégia...

A partir do LP En Español (1977), versão do álbum nacional de 1976 (o que trouxe O Progresso), os repertórios passariam a ser quase idênticos. Ainda assim, com seu espanhol correto, contudo nunca de fato desenvolto, Roberto Carlos volta e meia iria gravar faixas exclusivas para LPs do mercado hispânico. Seu registro do bolero Me Vuelves Loco, por exemplo, é um trunfo exclusivo do álbum Roberto Carlos en Castellano (1981). O cantor nunca gravou o bolero - nem português, nem em espanhol - para seus LPs do Brasil. Detalhe: o bolero faria sucesso no Brasil no ano de 1981 na voz de Elis Regina, em versão intitulada Me Deixas Louca.

Para os súditos, vale informar que - seguindo o padrão gráfico das quatro caixas anteriores da coleção Pra Sempre - os 11 discos em espanhol foram embalados em graciosas miniaturas das capas dos LPs originais. São mimos para os fãs de sua majestade el Rey...

Gabriel dá tom nordestino a rap feito com Shur

No álbum que lança em 2008, o primeiro depois de não ter tido o seu contrato renovado com a Sony BMG, Gabriel O Pensador dá tom nordestino ao seu rap na faixa Na Palma da Mão, composta pelo bom rapper carioca em parceria com seu produtor Itaal Shur. Já gravada com a sanfona de Marquinhos Farias, filho de Marinês, a música reúne elementos de baião e repente. Vale lembrar que o Pensador é hábil nas misturas, tendo flertado bem com o rock em temas como Até Quando?, faixa do CD Seja Você Mesmo (Mas Não Seja Sempre o Mesmo).

Teresa Cristina e a ilusão das multinacionais...

Nas entrevistas que tem dado para badalar a chegada às lojas de seu quarto disco, o refinado Delicada, Teresa Cristina tem demonstrado uma certa ilusão com a indústria fonográfica, a multinacional. Como se o fato de ter tido seu disco comprado pela EMI Music - sim, o álbum foi originalmente gravado pela Deckdisc e, depois, adquirido pela major inglesa - fosse logo alterar seu status no mercado. É provável que a cantora logo se desiluda com o marketing prometido pela EMI, pois companhias multinacionais já não têm o poder de outrora. E, além do mais, a música feita por Teresa com o Grupo Semente passa muito longe da órbita populista. Em outros tempos, Delicada poderia emplacar sucessos nacionais - como, aliás, acontecia com os discos de Beth Carvalho e Clara Nunes. No contexto atual, vai ser difícil sair do circuito mercadológico que já cultua e consome CDs da artista. Por maior que seja o marketing.

Seja como for, Delicada merece projeção. A inspiração de Teresa como compositora - revelada em seu segundo disco de estúdio, A Vida me Fez Assim (de 2004) - é ratificada por safra de inéditas que destaca Cantar, Fim de Romance - boa parceria da artista com o saudoso bamba portelense Argemiro Patrocínio (1922 - 2003) - e Senhora das Águas. Generosa, Teresa deixa que Pedro Miranda solte a voz sozinho em Quebranto e que o Grupo Semente mostre o seu virtuosismo no choro instrumental João Teimoso. Entre as ótimas regravações, os destaques são A Paz do Coração (Candeia), A Gente Esquece - jóia da lavra fina de Paulinho da Viola - e Nem Ouro Nem Prata, belo tema afro de Rui Maurity. Teresa Cristina e o Grupo Semente tentam ainda extrapolar a fronteira carioca com releituras de Pé do Lageiro (do cancioneiro do maranhense João do Valle) e Carrinho de Linha, a música do baiano Walter Queiroz que Fafá de Belém gravou com bem mais desenvoltura. Delicada é cheio de encantos. Que a EMI Music faça, portanto, o marketing esperado por Teresa Cristina para promover este quarto álbum da artista com o Grupo Semente. E não decepcionar sua nova estrela.

23 de setembro de 2007

Livro revive fatos, fotos, faces e fases de Clara

Resenha de biografia
Título: Clara Nunes
- Guerreira da Utopia
Autor: Vagner Fernandes
Editora: Ediouro
Preço: R$ 49,90
Páginas: 320
Cotação: * * * * 1/2

Clara Nunes (12-08-1942 / 02-04-1983) passou para a (justa) posteridade como uma das grandes cantoras brasileiras, dona de voz luminosa ligada especialmente ao samba e ao misticismo afro. Isso é fato. Mas houve outros fatos, faces e fases da intérprete que nunca tinham vindo à tona. Daí o valor - inestimável - da biografia Clara Nunes - Guerreira da Utopia, assinada pelo jornalista carioca Vagner Fernandes após árduo trabalho de pesquisa. Trata-se de um dos importantes livros do gênero porque, sem deixar de enaltecer o caráter íntegro da artista, destrói mitos construídos e alimentados em torno de sua figura, quase 25 anos depois de sua prematura morte. Pautado pelo rigor jornalístico, o autor esboça um retrato crível e coerente da Guerreira - com direito a fotos de todas as fases de Clara. As imagens ajudam a legitimar as histórias.

Um dos fatos revelados pelo livro - e logo na abertura - foi o crime cometido por um irmão da cantora, José Pereira Gonçalves, mais conhecido como Zé Chilau, para defender a honra de sua mana, difamada por namorado Don Juan. Cometido em 3 de setembro de 1957, o assassinato do rapaz por Zé Chilau marcaria a trajetória de Clara Francisca Gonçalves, nascida na cidade interiorana de Cedro (MG), atual Caetanópolis. Lá, órfã de pai e mãe, teve que encarar o ofício de tecelã em uma fábrica para ajudar no sustento da família.

Vagner Fernandes reconstitui os passos de Clara desde Cedro até o estrelato, passando por sua ida para Belo Horizonte (MG), onde se firmou como cantora de sucesso local, até sua mudança para o Rio de Janeiro, em 1965. É revivendo essa fase inicial que o autor faz as maiores revelações da biografia. Vagner mostra a dura batalha de Clara no Rio para tentar o sucesso - amparada por seu primeiro namorado mais firme, Aurino Araújo - e seu infrutífero flerte com a Jovem Guarda. Foi a época em que a cantora aceitou fazer até fotonovelas (há a reprodução de parte de uma no livro) e pontas em filmes de qualidade duvidosa que pegavam a onda do iê-iê-iê.

Guerreira da Utopia mostra como a imagem da Clara sambista foi construída - de forma calculada - pelo radialista Adelzon Alves, que viria a ser o responsável pela bem-sucedida virada na carreira da artista. Após três fracassados LPs em que foi obrigada a posar de cantora romântica, a mineira encontrou o sucesso em 1971 ao abraçar o samba, ao qual Clara Nunes foi se apegando de forma verdadeira. É nessa fase de sucesso que o livro revela a rivalidade com Beth Carvalho. Ambas disputavam a primazia de ter aderido ao samba logo depois da era dos festivais. Sem espaço na Odeon, depois que Clara passou a vender discos como sambista, Beth foi para a pequena gravadora Tapecar - na qual encontrou o sucesso.

Se a rivalidade com Beth Carvalho vem à tona de forma clara (sem trocadilho...), a insuspeita amizade da Guerreira com Elis Regina merece igual destaque na narrativa. Ao vir temporariamente para o Rio para gravar o álbum Essa Mulher (1979), a Pimentinha se instalou sem pedir licença no apartamento de Clara e Paulo César Pinheiro, o terceiro namorado que influenciou a vida e a carreira da cantora (depois de Aurino e Adelzon) e o único com quem ela se casou de papel passado. A amizade de Elis e Clara duraria até a morte da primeira, em janeiro de 1982, um fato que abalaria Clara.

Ao traçar os caminhos de Clara na religião, o autor revela todas as contradições da fervorosa artista, que se dividia entre a Umbanda e o Candomblé, sem renegar o Kardecismo e a liturgia católica. A biografia também é clara ao realçar a vaidade da cantora, que, por questões mais estéticas do que de saúde, resolveu operar varizes em 5 de março de 1983. Decisão que a levaria a morte, cuja causa - atribuída a um choque anafilático - é investigada pelo jornalista através de entrevistas com os médicos que operaram a artista e da análise dos documentos da investigação aberta (à revelia de Paulo Pinheiro) para apurar se houve (nunca comprovado) erro médico.

Enfim, Guerreira da Utopia é leitura obrigatória para os fãs de Clara Nunes e para admiradores do samba e da música brasileira. Não se trata de biografia chapa branca. Fatos bem desagradáveis - como o boato do caso de Clara com Chacrinha, negado no livro - são abordados de forma clara. Assim como a suposição infundada de que Paulo César Pinheiro teria amante e a frustração de Clara com os seguidos abortos que a impediram de ser mãe e a levaram a escondidas crises de depressão. Percebe-se que houve empenho na apuração e na exposição dos fatos. Quando não tem certeza do que informa, como as vendagens de discos, o jornalista informa a dúvida. E, de fato, há algumas incorreções nessa difícil questão de números. Nação, por exemplo, último LP de Clara, nunca vendeu 600 mil cópias, mas pouco mais de 100 mil. O autor - a rigor, tão detalhista - também poderia ter se dado ao trabalho de relacionar as músicas gravadas por Clara nos discos de colegas. A discografia da cantora é apresentada de forma resumida. Contudo, nada tira o brilho deste livro luminoso como a voz da artista biografada com paixão e verdade. Guerreira da Utopia está à altura de Clara...

Em cena, Paula exibe boa forma física e vocal

Resenha de show
Título: SóNós
Artista: Paula Toller (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 22 de setembro de 2007
Cotação: * * * 1/2

"As pernas dela são um barato...", confidenciou um espectador ao amigo enquanto Paula Toller cantava Eu Quero Ir pra Rua. "Tira a roupa!", pediu outro, aos gritos, durante a música If You Won't, a boa canção inédita de Jesse Harris que a Abelha Rainha mostrou ao público, orgulhosa, depois de entoar, em pé, próxima ao piano, trecho de Don't Know Why - o hit de Norah Jones composto por Harris. "Linda!", exclamou um terceiro em comentário recorrente na platéia. Não teve mesmo jeito: a boa forma vocal da cantora do Kid Abelha dividiu atenções com sua ótima forma física na estréia carioca de seu primeiro show solo em 25 anos de carreira. SóNós aportou na casa Vivo Rio cercado de expectativas - devidamente cumpridas. Aos (recém-completados) 45 anos, gatésima, a ponto de entrar em cena com vestido curto que deixava as belas pernas à mostra, Paula Toller seduziu seu público em todos os sentidos...

O primeiro número - com ? (O Q É Q Eu Sou?), boa inédita ofertada por Erasmo Carlos à cantora - fez supor que o show seria frio, mas Paula, falante, começou a quebrar o gelo já na segunda música, All Over, em que o baixista Jorge Ailton assumiu os vocais para fazer dueto com a cantora no lugar que, no disco, foi do surfista norte-americano Donavon Frankenreiter. Aliás, Paula não se intimidou e apresentou 12 das 14 músicas de seu segundo CD solo - sem deixar de fazer surpresas no roteiro. A melhor foi Mamãe Coragem, tema de Caetano Veloso e Torquato Neto - gravado por Gal Costa - que funcionou como perfeito elo entre Oito Anos (canção do primeiro álbum solo de Paula, letrada com as perguntas feitas por seu filho, Gabriel, na época com oito anos) e Barcelona 16, o sensível tema do CD SóNós em que a compositora relata as dores - comparadas a um segundo parto - de ver o filho trilhar o seu próprio caminho. Emocionada, a cantora chegou a se atrapalhar com a letra de Oito Anos, depois de relatar sua emoção ao vê-la cantada por Adriana Partimpim na mesma Vivo Rio que abrigou seu primeiro vôo solo.

Sem perder sua veia pop, realçada em músicas como Meu Amor se Mudou pra Lua, Paula soube explorar o palco com boas soluções cênicas. Como a que fez reviver Grand' Hotel - uma das mais belas baladas do cancioneiro do Kid Abelha - sentada em cima do piano tocado por Caio Fonseca. Também funcionou bem chamar a banda para a beira do palco para formar uma rodinha e entoar Nada por mim, em clima folk, quase de luau. Inserir o refrão de Só Love, hit de Claudinho & Buchecha, no meio de Saúde, sucesso de Rita Lee, foi outro achado - inclusive pela citação no arranjo do batidão dos bailes funks que agitam o Rio de Janeiro. Surpreendeu o público...

As músicas mais densas do CD, Tudo se Perdeu e Glass, não foram reproduzidas no palco com a força e a beleza de suas gravações de estúdio. Em cena, funcionam melhor as canções de tom mais pop - caso da deliciosa À Noite Sonhei Contigo, em que a artista tentou em vão convidar os casais para dançarem juntos. Contudo, Paula foi muito além desse universo pop nos sambas E o Mundo Não se Acabou... - em que conseguiu reproduzir o ar maroto da gravação de Carmen Miranda - e 1.800 Colinas, em que a cantora ensaiou uns passos sensuais de samba. O arranjo quase cool deste sucesso de Beth Carvalho resultou em grande momento do show, pois os tons suaves realçam a beleza da melodia e a melancolia dos versos lamentosos. Extraídos da memória afetiva da artista, como contou Paula em cena, os dois sambas são do primeiro CD solo da abelha.

O show termina de forma meio inesperada - em anticlímax - após Derretendo Satélites, outra música do primeiro disco individual da cantora. No bis, um megahit recente do Kid Abelha (Nada Sei, somente ao piano, em leitura superior à do grupo), Glass e Fly me to the Moon, o clássico americano cuja inclusão, no disco de 1998 e no show, atesta a maturidade e a boa forma vocal da intérprete. Paula Toller não precisa de suas pernas para seduzir seu público...

Cavaleras agendam 'conspiração' para fevereiro

Inflikted, Holy Poison, My Sanctuary, UltraViolent, The Doom of All Fires e Bloodbrawl são algumas músicas inéditas do primeiro álbum do grupo The Cavalera Conspiracy, que (re)uniu os irmãos Iggor (à direita na foto) e Max Cavalera. O lançamento do CD está programado para fevereiro de 2008. O repertório inclui também cover de The Exorcist, lado B de single da banda de death metal The Possessed. Aderiram à conspiração dos Cavalera Marc Rizzo (guitarrista do Soulfly) e Joe Duplantier (no baixo). A conferir...

Biscoito Fino lança segunda coletânea de duetos

A Biscoito Fino já dá amostra de que vai explorar seu catálogo com regularidade através de coletâneas. Duetos 2 (capa à esquerda) segue a fácil fórmula (bem-sucedida) do primeiro volume - editado em 2006 - e reúne 14 belos fonogramas da gravadora que registram encontros entre artistas. Eis a seleção - assinada pelo jornalista Júlio Moura:

1. A Lua É dos Namorados / A Lua É Camarada / As Pastorinhas - Eduardo Dussek e Soraya Ravenle
2. Sonho Meu - Maria Bethânia e Ivone Lara
3. Chansong - Miúcha e Chico Buarque
4. Quarta-feira - Mart'nália e Paulinho Moska
5. Bárbara - Olivia Hime e Olivia Byington
6. 400 Anos de Favela - Casuarina e Pedro Miranda
7. Negra Melodia - Jards Macalé e Luiz Melodia
8. Beijo Distraído - Bebeto Castilho e Nina Becker
9. El Negro del Blanco - Paulo Moura e Yamandú Costa
10. Via-Crúcis - Guinga e Paula Santoro
11. Três Apitos - Tira Poeira e Mariana Bernardes
12. Um Seqüestrador - Francis Hime e Adriana Calcanhotto
13. Piano na Mangueira - Tom Jobim e Chico Buarque
14. Geraldofla - Mario Adnet e Lobão