23 de agosto de 2008

Caê e Rei emocionam no tom clássico de Jobim

Resenha de show
Título: Itaúbrasil - Homenagem a Tom Jobim
Artistas: Caetano Veloso e Roberto Carlos
Local: Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ)
Data: 22 de agosto de 2008
Cotação: * * * * *
Em cartaz no Auditório Ibirapuera (SP) em 25 e 26 de agosto
Foto: Factoria Comunicação / Beti Niemeyer
Nem o vacilo de Roberto Carlos ao esquecer um vocal de Garota de Ipanema - no primeiro dos sete duetos que fez com Caetano Veloso no show antológico em que os cantores reverenciaram a obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) - e tampouco a opção infeliz do Rei por apresentar Insensatez em espanhol ("Eu tive o atrevimento de fazer esta letra") tiraram um pouco que seja o brilho de um espetáculo belo, memorável e histórico. Quando as cortinas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ) se fecharam às 23h07m da noite de 22 de agosto de 2008, após um segundo bis dado com descontraída versão de Chega de Saudade, a platéia já estava em estado de graça. Tanto pelos encontros dos dois cantores - com destaque para o gracioso diálogo travado por Caetano e Roberto em Teresa da Praia, recriando o dueto feito por Dick Farney (1921 - 1987) com Lúcio Alves (1927 - 1993) em 1954 - como pelo prazer de ver o Rei deixar de gravitar em torno de sua obra autoral para pôr sua voz privilegiada em favor do cancioneiro soberano de Tom Jobim. Foi um show emocionante que levou grande parte da platéia às lágrimas em vários números.
Com 35 minutos de atraso em relação ao horário marcado (21h), Nelson Motta entrou em cena para dar um "Boa noite, Rio de Janeiro". Após breve texto sobre o Banco Itaú, patrocinador deste ciclo de eventos em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova, as cortinas se fecharam, as luzes se apagaram e ouviu-se, em off, o áudio de um encontro entre Jobim (visto em foto de juventude exposta no painel que serviu de cenário), João Gilberto e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Na seqüência, as cortinas se abriram e Roberto e Caetano - já bem acomodados em seus respectivos banquinhos - cantaram juntos Garota de Ipanema, boa parte em uníssono. O Rei não conseguiu disfarçar certa tensão que somente começou a se dissipar no número seguinte, Wave, com direito a trechos instrumentais que evocavam o arranjo da gravação original de Tom Jobim. "É uma honra, uma alegria, uma coisa maravilhosa, fazer este show em homenagem a Antonio Carlos Jobim junto a Caetano, um cara que eu admiro e respeito", afagou Roberto, dizendo que ia deixar o palco para o colega, mas se esquecendo que, antes da parte solo de Caetano, Daniel Jobim, neto de Tom, cantaria Águas de Março com os vocais e o chapéu de palha que remetem à figura de seu avô. Um momento afetivo...
Ao fim do número de Daniel, Caetano reapareceu no palco para fazer seu set individual, iniciado em tom solene e camerístico com Por Toda a Minha Vida. A leveza característica da bossa já cinqüentenária reapareceu no número seguinte, Ela É Carioca. Na seqüência, o cantor apresentou versões clássicas de Inútil Paisagem (com realce das cordas da orquestra regida pelo maestro Jaques Morelenbaum), Meditação e Caminho de Pedra, a surpresa e o grande momento do bloco de Caetano. Um arranjo grandioso percorreu todos os caminhos sinuosos da melodia pouco conhecida de Tom e Vinicius. "Ela tem um mistério diferente", sintetizou o intérprete ao discursar sobre a música, conhecida por Caetano através de Canção do Amor Demais, o álbum dedicado por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) em 1958 à parceria de Jobim com o Poetinha. Finalizando seu bloco, de todo arrebatador, Caetano entoou O que Tinha de Ser em tom sublime.
Após número instrumental, a imagem de Tom Jobim apareceu no telão, tocando ao piano Estrada do Sol, sua parceria com Dolores Duran (1930 - 1959). Foi a deixa para a volta à cena de Roberto Carlos num bloco que começou estranho com a versão em espanhol de Insensatez, mas que logo encontrou seu tom - tradicional, bem ao gosto conservador do Rei - no número seguinte, Por Causa de Você, outra parceria de Jobim com Dolores. A partir daí, o set de Roberto foi crescendo a cada música. Lígia - com direito à exibição no telão de um trecho de seu especial natalino de 1978, ano em que o Rei recebeu o Maestro Soberano para cantar esse mesmo tema - foi um grande momento. Contudo, o medley que, pela temática carioca, uniu Corcovado ao Samba do Avião foi também sedutor e ganhou o coro espontâneo da platéia. Na seqüência, Eu Sei que Vou te Amar encerrou o bloco de Roberto, então já sem a tensão perceptível no início do recital. Mas sempre com a emissão e a afinação perfeitas.
Encerrado seu set individual, o Rei convocou Caetano de volta ao palco para "levar um papo". Era a deixa para o charmoso dueto em Teresa da Praia, com direito a cacos de Roberto. A Felicidade e Chega de Saudade confirmaram a real interação entre os cantores, fechando o show às 22h57m. No primeiro bis, Se Todos Fossem Iguais a Você foi dedicada naturalmente a Jobim. No segundo bis, com a repetição de Chega de Saudade, o tom já era de descontração. Talvez porque Caetano Veloso e Roberto Carlos já soubessem que tinha feito História em recital que vai ficar na memória do privilegiado público carioca que conseguiu ver esse (improvável) encontro de dois grandes artistas no maior dos tons.

Roteiro de tributo a Jobim prioriza os sucessos

Com exceção de Caminho de Pedra, parceria de Tom Jobim (1927 - 1994) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) lançada por Elizeth Cardoso (1920 - 1990) no álbum Canção do Amor Demais (1958) e revivida por Caetano Veloso no show que o uniu a Roberto Carlos para celebrar a obra de Jobim, o roteiro de 22 músicas do espetáculo foi centrado nos clássicos do compositor de Águas de Março. Após a consagradora estréia no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), em 22 de agosto de 2008, o show segue para São Paulo (SP), onde vai ser apresentado no Auditório Ibirapuera, em sessões agendadas para 25 e 26 de agosto, e gravado pela Rede Globo para exibição como especial de TV. Na foto de Beti Niemeyer, Caetano e Roberto estão sentados nos banquinhos usados nos dois primeiros números, Garota de Ipanema e Wave. Eis o roteiro do espetáculo promovido dentro da série Itaúbrasil, criada para celebrar os 50 anos da Bossa Nova:

Roberto Carlos e Caetano Veloso
1. Garota de Ipanema
2.Wave

Daniel Jobim
3. Águas de Março

Caetano Veloso
4. Por Toda minha Vida
5. Ela É Carioca
6. Inútil Paisagem
7. Meditação
8. Caminho de Pedra
9. O que Tinha de Ser

10. Surfboard (instrumental)
11. Estrada do Sol (Tom Jobim ao piano, no telão)

Roberto Carlos
12. Insensatez (em espanhol)
13. Por Causa de Você
14. Lígia
15. Corcovado
16. Samba do Avião
17. Eu Sei que Vou te Amar (com Soneto da Fidelidade)

Caetano Veloso e Roberto Carlos
18. Teresa da Praia
19. A Felicidade
20. Chega de Saudade

Bis
21. Se Todos Fossem Iguais a Você

Bis 2
22. Chega de Saudade

Solo de Camelo, 'Sou', chega em 8 de setembro

Sou é o título do primeiro disco solo de Marcelo Camelo. Gravado desde novembro de 2007, com produção do próprio Camelo (em imagem da Cia. da Foto), o CD vai chegar às lojas em 8 de setembro. O álbum inaugura o selo independente do artista, Zé Pereira, distribuído pela gravadora Sony BMG. Formado por 14 músicas, o repertório autoral inclui Doce Solidão (canção já disponibilizada por Camelo em março de 2008 em sua página no MySpace) e Janta (música que tem participação da cantora Mallu Magalhães). A partir da próxima sexta-feira, 29 de agosto, dez das 14 faixas de Sou poderão ser ouvidas e baixadas gratuitamente no portal Sonora, do Terra. Já a turnê nacional de lançamento do disco começa em 19 de setembro, no festival Coquetel Molotov, no Recife (PE), e vai seguir pelas principais capitais até dezembro.

Scorpions vai filmar turnê brasileira para DVD

Em cartaz no Brasil de 30 de agosto a 13 de setembro de 2008, a Humanity World Tour - Acoustica, do quinteto Scorpions, deverá ter alguns shows filmados para inclusão em futuro DVD do grupo alemão. As apresentações brasileiras vão contar com o reforço do guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, convocado para tocar violão no set acústico. O Scorpions já tinha vindo ao Brasil em 2007 para shows em Manaus (AM), Recife (PE) e São Paulo (SP). Eis as datas da passagem brasileira da Humanity World Tour, que começa pelo Rio de Janeiro (RJ) e termina em São Paulo (SP) com um show excepcionalmente elétrico (os demais oito serão eletroacústicos):
30 de agosto - Rio de Janeiro (HSBC Arena)
31 de agosto - Goiânia (Ginásio Goiânia Arena)
3 de setembro - Belém (Cidade Folia)
4 de setembro - Manaus (Arena Amadeu Teixeira)
6 de setembro - São Paulo (Credicard Hall)
7 de setembro - Recife (Chevrolet Hall)
10 de setembro - Belo Horizonte (Mineirinho)
12 de setembro - Ponta Grossa (Centro de Eventos)
13 de setembro – São Paulo (Credicard Hall) - Show elétrico

22 de agosto de 2008

CD póstumo documenta suingue ao vivo de João

Resenha de CD
Título: O Nome do
Samba É João
Artista: João Nogueira
Gravadora: Weekend
Cotação: * * *

Primeiro CD póstumo de João Nogueira (1941 - 2000), O Nome do Samba É João perpetua show gravado na primavera de 1998 na casa Hipódromo Up, no Baixo Gávea, point da boemia da Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ). Trata-se do primeiro título ao vivo da discografia solo do sambista (há um registro de show, Parceria, dividido com Paulo César Pinheiro e editado em 1994 pela gravadora Velas) e, embora a qualidade técnica não prime pela excelência, o CD cumpre sua função de documentar o suingue de Nogueira no palco. Sua interpretação de Eu Hein, Rosa! é notável e atesta a divisão ímpar do cantor - qualidade que seu filho, Diogo Nogueira, parece clonar de forma natural sem, no entanto, soar como seu pai. A propósito, há entre as 11 faixas do disco uma fala de João, em que ele explica que a saudade de seu pai foi o mote para a criação de uma de suas obras-primas, Espelho, marco inaugural de sua parceria com Paulo César Pinheiro. Na seqüência deste depoimento confessional, o artista apresenta Além do Espelho, música de 1992 no qual os parceiros retomam o tema da herança paternal. Emblemático no momento pela popularidade de Diogo...
Como O Nome do Samba É João registra o show realizado por Nogueira para badalar seu último álbum, João de Todos os Sambas, editado em 1998 pela gravadora BMG, aparecem no roteiro algumas músicas deste derradeiro CD. São os casos do delicioso maxixe Apitaço, do ótimo samba-enredo Rocinha - composto em tributo à famosa favela carioca - e de Coração na Voz, tema menos inspirado de Nonato Buzar, Nosly e Gerude. Buzar, a propósito, é parceiro de Nogueira no dolente samba inédito O Rei da Felicidade, apresentado pela primeira vez neste disco ao vivo que documenta um pouco da arte de João Nogueira.

Rappa alinhava mal as idéias em disco azeitado

Resenha de CD
Título: 7 Vezes
Artista: O Rappa
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

7 Vezes não é um CD à altura de uma banda que já gravou álbuns como Rappa Mundi (1996) e Lado B Lado A (1999). A azeitada produção - assinada pelo próprio Rappa com Ricardo Vidal e Tom Sabóia - consegue preservar a assinatura do som do grupo carioca, mas não consegue disfarçar a rala inspiração das músicas. Meu Santo Tá Cansado e Farpa Cortante (um dos melhores raggas da discografia da banda) se impõem na irregular safra de 13 inéditas. Contudo, a mistura de rock, funk e reggae não cativa, de fato. E, por mais que pareça implicância, a ausência de Marcelo Yuka ainda se faz sentir em várias letras. As idéias de músicas como Documento e Em Busca do Porrão estão mal alinhavadas. "Os verdadeiros heróis são os guerreiros da lida", sentencia Falcão, em sua melhor forma como cantor em 7 Vezes. Sim, o foco do Rappa continua sendo os heróis anônimos do injusto cotidiano social. Nesse sentido, a releitura, em ritmo de reggae, de Súplica Cearense - sucesso do baiano Gordurinha (1922 - 1969), também popularizado na voz de Luiz Gonzaga (1913 - 1989) - se mostra coerente, inclusive por deslocar a banda de seu habitual eixo carioca para o Nordeste tão sofrido quanto as periferias do Sul. Contudo, a inclusão de Súplica Cearense realça a ausência de uma grande letra inédita no álbum. Entre ligeiro flerte com o samba (em Maria) e músicas que parecem perseguir a pegada de antigos sucessos da banda (caso da razoável Monstro Invisível, eleita para as rádios), o Rappa se escora em arranjos contundentes. Que vão direto ao ponto e descartam a suntuosidade da produção do anterior álbum de inéditas da banda, O Silêncio Q Precede o Esporro, editado em 2003. Tanto que soa perfeitamente natural a incorporação à massa sonora das intervenções do DJ Negralha e de instrumentos como marmita, bacia e garrafa - percutidos pelo baterista Marcelo Lobato. As bases, aliás, são excelentes. Sem falar que o baixo de Lauro Farias continua encorpado e no ponto. Assim como as guitarras de Xandão. Enfim, o som continua legal. Contudo, 7 Vezes deixa a má impressão de que algo está fora da ordem. E talvez seja o elemento principal de todo disco: a música.

Leo anima seu 'auditório' com o pop feliz dos 80

Resenha de show
Título: Interlúdio
Artista: Leo Jaime
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 21 de agosto de 2008
Cotação: * * * *

"Terezinhaaaaa!!!!", gritou Leo Jaime após cantar Mensagem de Amor, o quarto número do show que o trouxe de volta aos palcos cariocas para promover seu recém-lançado CD Interlúdio, primeiro álbum de inéditas do artista em 18 anos. "Uh! Uh!", respondeu a platéia que, se não chegou a lotar o Teatro Rival, garantiu a animação do show, dançando e fazendo coro em todas as músicas associadas aos anos 80. A referência ao bordão do apresentador de TV Abelardo Barbosa (1917 - 1988), o Chacrinha, naõ foi à toa. Leo percebeu que o público estava na sua mão e animou a platéia do Rival como se ela fosse seu auditório, com piadas e os hits da década de 80, época em que o pop brasileiro era, no geral, mais feliz e mais desencanado. Menos pretensioso e, por isso, mais eficaz. Pop perfeito para o Programa do Chacrinha.
Leo Jaime, um dos grandes criadores desse pop, estava lá no palco do Rival para lançar um disco de inéditas, mas sabia que o público queria ouvir sucessos como Nada Mudou - apresentado logo no início - e tirou sarro dos fãs. "Eu sei que vocês odeiam, mas hoje vocês vão ouvir música nova. E, se alguém fizer graça, eu toco o disco inteiro", ameaçou, maroto. Leo não cantou todas as músicas de Interlúdio, mas canções como Mesmo Assim e Pode Ser figuraram no roteiro e reafirmaram a inspiração do compositor. Mesmo mais melancólico e reflexivo, Leo Jaime ainda consegue criar músicas simples e comunicativas. Quase como nos anos 80...
O show transcorreu azeitado. Emoldurado por um belo desenho de luz criado por Marcelo Linhares e apoiado numa banda entrosadíssima (que destacou o jovem saxofonista Rodrigo Sha e o guitarrista Fernando Magalhães), Leo se revezou no violão e na guitarra para apresentar um repertório que gerou momentos catárticos na platéia quando o artista reviveu A Vida Não Presta e (com direito a um solo jazzy do tecladista Humberto Barros). Estas duas baladas são da obra-prima da discografia de Leo, Sessão da Tarde, álbum de 1985 que continha também hits como O Pobre, A Fórmula do Amor e As Sete Vampiras, todos devidamente enfileirados no roteiro. São números que evocam o clima saudosista das festas Ploc's - dedicadas ao revival do pop nacional dos anos 80 - e deixam a certeza de que a discografia de Leo Jaime não poderia ter ficado tão espaçada após os anos 90 (ele ficou 13 anos sem lançar um CD - o último foi Todo Amor, o trabalho de covers que fechou seu contrato com a Warner Music).
Com introdução heavy e acordes incisivos da guitarra de Fernando Magalhães, Rock Estrela foi outro ápice do set ploc's. Na seqüência, A Fórmula do Amor encerrou o show com as pessoas de pé, dançando, felizes. Com o habitual bom-humor e já sem a insegurança que o levou a cancelar na última hora a primeira das duas apresentações agendadas na pauta do Teatro Rival, Leo ensaiou o bis - pedindo aplausos efusivos ao público - e fingiu que era um astro internacional. "Thank you! Caipirinha...", ironizou, carregando no sotaque inglês. Já no bis propriamente dito (dado com Tudo, Gatinha Manhosa e Sônia), a platéia ainda pedia mais, como se estivesse num auditório. Mas Leo Chacrinha saiu de cena. Não teve bacalhau, mas teve pop dos bons. Como já não se faz no Brasil hoje em dia, época em que todo mundo quer ser cult e cool.

Túlio Dek grava clipe com adesão de Di Ferrero

Tombada como patrimônio histórico, a Mansão Jaffet - situada em São Paulo (SP) - foi usada como locação na gravação do clipe da música Tudo Passa, faixa que puxa o primeiro álbum do rapper Túlio Dek, O que se Leva da Vida É a Vida que se Leva, nas lojas em setembro via Arsenal Music, com produção de Rick Bonadio. Dirigido por Alex Miranda, o vídeo tem a participação do vocalista do grupo NX Zero, Di Ferrero (à esquerda na foto tirada durante a gravação do clipe). Incluído na trilha sonora nacional de A Favorita, o rap Tudo Passa tem sido bem tocado na novela.

21 de agosto de 2008

Bloc Party expõe 'Intimacy' em formato digital

Terceiro álbum do grupo britânico Bloc Party, Intimacy está à venda a partir desta quinta-feira, 21 de agosto de 2008, somente em formato digital. Quem não quiser esperar até 27 de outubro, data programada para o lançamento do CD nas lojas, já pode encomendar o disco no site oficial da banda. Gravado entre Londres e Kent, com produção de Paul Epworth e Jacknife Lee, Intimacy apresenta 10 músicas na versão digital, incluindo o primeiro single, Mercury, lançado em 11 de agosto. Na edição em CD, o sucessor de A Weekend in the City vai oferecer mais faixas. Eis, na ordem, as 10 faixas da edição digital de Intimacy:
1. Ares
2. Mercury
3. Halo
4. Biko
5. Trojan Horse
6. Signs
7. One Month off
8. Zephyrus
9. Better than Heaven
10. Ion Square

Tina! sai em setembro com duas faixas inéditas

Em 30 de setembro de 2008, véspera do início da turnê que traz Tina Turner de volta aos palcos, a gravadora Capitol Records vai pôr nas lojas mais uma coletânea da cantora. Como já existem numerosas compilações da artista no mercado, Tina! vai acenar para os fãs da intérprete com duas gravações inéditas, I'm Ready e It Would Be a Crime, feitas por Turner especialmente para este novo best of. Eis os 18 fonogramas selecionados para o CD Tina!:
1. Steamy Windows
2. River Deep Mountain High
3. Better Be Good to Me
4. The Acid Queen
5. What You Get Is What You See
6. What's Love Got to Do with It
7. Private Dancer
8. We Don't Need Another Hero (Thunderdome)
9. I Don't Wanna Fight
10. Let's Stay Together (ao vivo em Amsterdam)
11. I Can't Stand the Rain (ao vivo em Amsterdam)
12. Goldeneye
13. Addicted to Love (ao vivo no Camden Palace)
14. The Best (ao vivo no Wembley Stadium)
15. Proud Mary (versão de 1993)
16. Nutbush City Limits
17. It Would Be A Crime (inédita)
18. I'm Ready (inédita)

U2 lança 'No Line on the Horizon' em novembro

No Line on the Horizon. Este é o título do álbum de estúdio que o grupo U2 vai lançar em 18 de novembro, em escala mundial, via Universal Music. O repertório de inéditas incluiria músicas com One Bird e Love Is All We Have Left. Recentemente, caíram na internet gravações de quatro temas - Sexy Boots, Moment of Surrender, For your Love e a música-título - que supostamente seriam do disco. Certo é que, em meados de 2007, o quarteto registrou algumas músicas em Fez, Marrocos, com os produtores Brian Eno e Daniel Lanois. Na época, contudo, Bono Vox afirmou que o material gravado em Fez não necessariamente faria parte do CD. Por ora, todas as informações são extra-oficiais.

Donato, Lyra, Menescal e Valle se unem em CD

Está em fase inicial de gravação - no Rio de Janeiro (RJ) - um disco que promove a inédita reunião de quatro músicos e compositores associados à Bossa Nova. Foi do produtor José Milton a idéia de juntar num álbum Carlos Lyra, João Donato, Marcos Valle (à esquerda na foto) e Roberto Menescal. Os quatro já participaram de registros de tributos à bossa cinqüentenária. Contudo, nunca haviam feito, juntos, um disco inteiro. A intenção da turma é não se ater totalmente aos clássicos da bossa. O repertório inclui quatro temas instrumentais. "A idéia central é promover a interação dos quatro, fazer um encontro de amigos", conceitua José Milton, que já acertou com a gravadora Biscoito Fino a edição do projeto - possivelmente nas lojas ainda em 2008.

20 de agosto de 2008

Em show, Caetano ironiza declarações de Lobão

Caetano Veloso abriu a primeira das duas apresentações de Obra em Progresso no Teatro Oi Casa Grande - agendadas para o registro do show em DVD - com Lobão Tem Razão, música inédita que compôs em resposta ao tema Para o Mano Caetano (2001), em que Lobão se dirigia ao colega baiano que, volta e meia, ataca publicamente. Contudo, ao mesmo tempo em que absolveu o roqueiro com versos em que cita a adesão de Lobão à bateria da Mangueira nos anos 80, Caetano comentou, irônico, as polêmicas declarações do autor de O Rock Errou em entrevista publicada na edição de 19 de agosto de 2008 do Caderno B, o suplemento cultural do Jornal do Brasil. Logo após apresentar Lobão Tem Razão ("Uma canção sentida"), Caetano leu trechos da entrevista - intitulada "Estou de saco cheio da Zona Sul do Rio" - e intercalou a leitura com comentários jocosos sobre a visão radical do músico a respeito de temas como Bossa Nova, o bairro carioca da Lapa, a mitificação de João Gilberto e as diferenças entre os moradores da Zona Norte e os da Zona Sul da (partida) cidade do Rio de Janeiro.
"Eu já morei na Zona Norte, o Lobão não..", alfinetou Caetano, a respeito da declaração em que Lobão afirma preferir o carioca da Zona Norte ao da Zona Sul. Na seqüência, ao ler o trecho da entrevista em que Lobão se queixa de que o Brasil valoriza as pessoas feias, Caetano comentou marotamente que havia uma foto de Lobão no jornal. Depois, afirmou que o trecho da letra de Me Chama suprimido por João Gilberto ao registrar o tema não é o apontado por Lobão no jornal. "Lobão nem sempre tem razão", concluiu, com a ironia que deu o tom de sua fala sobre o roqueiro.
Momentos depois, após cantar Saudade Fez um Samba, Caetano voltou ao seu assunto preferido na noite de 19 de agosto de 2008. "Sou fã do Lobão. Gosto do Lobão. Às vezes, eu respondo (provocações) com raiva. Mas, do Lobão, nunca consigo ter raiva", assegurou Caetano. Mais adiante, depois de apresentar o inédito samba Lapa, composto em tributo ao bairro do Centro do Rio que Lobão atacou na entrevista, Caetano alfinetou seu (des)afeto com dado histórico, afirmando que o termo universotário - usado por Lobão na entrevista - é criação do artista plástico Rogério Duarte, ligado à Tropicália. E assim, entre tapas e beijos, entre redenções e ironias, Caetano Veloso fez de Lobão um dos centros das atenções de seu (bonito) show Obra em Progresso.
P.S.: A foto - gentilmente cedida pela Ag. News - é de Felipe Panfili.

Caetano grava DVD com odes a Lyra e Caymmi

Bela parceria de Carlos Lyra com Ronaldo Bôscoli (1927 - 1994), lançada por João Gilberto em 1959 no LP Chega de Saudade, Saudade Fez um Samba foi uma das boas surpresas do roteiro apresentado por Caetano Veloso na primeira das duas únicas apresentações do show Obra em Progresso no Teatro Oi Casa Grande (RJ), na noite de terça-feira, 19 de agosto de 2008. Após cantar o samba, o artista teceu loas ao talento de Lyra como compositor. "Que coisa extraordinária esse samba tão curto! É um samba tão perfeito e tão inventivo. Lyra é bom demais para não ter canções conhecidas no mundo todo. Ele foi pioneiro ao apresentar problemas do Brasil nas canções", exaltou Caetano, fazendo o link com o número seguinte, a inédita autoral Perdeu, "um samba que tem a característica da observação social". Perdeu sinalizou o progresso da obra de Caetano desde a estréia do show.

Em cartaz somente até esta quarta-feira, 20 de agosto, a minitemporada de Obra em Progresso no Teatro Oi Casa Grande foi agendada para possibilitar o registro do show em DVD. Além das sete inéditas já reveladas na primeira temporada do espetáculo, na casa Vivo Rio (RJ), Caetano incluiu mais duas inéditas - Lobão Tem Razão e Lapa (samba que cita na letra o Circo Voador e o restaurante Nova Capela, entre outras atrações do musical bairro do Centro do Rio de Janeiro) - e fez uma já esperada homenagem a Dorival Caymmi (1914 - 2008), morto no último sábado, 16 de agosto. De Caymmi, Caetano reviveu o samba Você Já Foi à Bahia? e, após o número, fez discurso elogioso sobre o tom coloquial da letra do samba, ressaltando a habilidade ímpar do compositor baiano na construção de versos que parecem reproduzir falas do cotidiano com total naturalidade.

O samba Você Já Foi à Bahia? foi apresentado no já tradicional bloco de Obra em Progresso em que Caetano fica sozinho no palco com seu violão. Neste set, houve outras surpresas - casos de Vingança, tema de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), de La Mer, canção de Charles Trenet (1913 - 2001), entoada em francês em memória do empresário Guilherme Araújo (1936 - 2007). Caetano contou que Araújo sempre lhe pedia para cantar o sucesso de Trenet - desejo que o compositor protelou e apenas foi atender postumamente na recente excursão de Obra em Progresso pela Europa. Outra novidade do roteiro - esta apresentada pelo cantor na companhia do trio formado por Pedro Sá (guitarra), Marcelo Calado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo) - foi Água, delicioso samba de Kassin, do disco Futurismo, do trio Kassin + 2. Eis o repertório da primeira apresentação de Obra em Progresso no Teatro Casa Grande para o registro do DVD que sai ainda em 2008:


1. Lobão Tem Razão
2. You Don't Know me
3. Desde que o Samba É Samba
4. Sem Cais
5. Tarado ni Você
6. Por Quem
7. Incompatibilidade de Gênios
8. Uns
9. Saudade Fez um Samba
10. Perdeu
11. Base de Guantánamo
12. Água
13. Falso Leblon
14. Três Travestis
15. La Mer
16. Vingança
17. Você Já Foi à Bahia?
18. Lapa
19. Homem
20. Odeio
21. Nosso Estranho Amor
22. A Cor Amarela
Bis
23. O Leãozinho
24. Todo Errado
25. Manjar de Reis

Caetano e Roberto já entram no tom de Jobim

A foto acima (de Luciana Brasil) capta o clima de amabilidades e elogios mútuos que parece estar regendo os ensaios de Caetano Veloso e Roberto Carlos para o show em que os dois artistas vão interpretar, juntos e separados, o cancioneiro soberano de Tom Jobim (1927 - 1994). Agendada inicialmente para 15 de agosto de 2008, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ), a estréia do espetáculo - que vai ser filmado para se transformar num especial a ser exibido pela Rede Globo - foi remarcada para esta sexta-feira, 22 de agosto (haverá duas apresentações em São Paulo, programadas para 25 e 26 de agosto no Auditório Ibirapuera). A Felicidade, Garota de Ipanema, Wave, Chega de Saudade e Teresa da Praia (recriando o célebre dueto de Dick Farney com Lúcio Alves) estarão entre as músicas que Caetano e Roberto vão cantar em dueto. Aliás, o roteiro de 21 músicas prevê duetos (seis, em princípio) e blocos individuais em que cada cantor vai se apresentar com seus respectivos maestros e bandas. Realizado dentro da série Itaú Brasil, idealizada pelo Banco Itaú para festejar os 50 anos da Bossa Nova, o espetáculo que promove o encontro de Caetano Veloso com Roberto Carlos tem direção de Monique Gardenberg e Felipe Hirsch. Daniela Thomas é a autora do cenário, inspirado na arquitetura e no design do período de nascimento da bossa cinqüentenária. Os ingressos para os shows estão esgotados.

Latino se junta a Dudu, Calypso, Belo e Perlla

Junto e Misturado é o título do CD que une Latino a nomes de perfil popular como Banda Calypso (na música Propostas Indecentes), Dudu Nobre (Me Divirto com as Erradas), Belo (Altos e Baixos), a dupla Bruno & Marrone (Preciso Parar de Chorar), Perlla (em Selinho na Boca) e D'Black (Ponto Final), Buchecha (Caça-Fantasma) e Tânia Mara (Se Vira). Trata-se de artistas que, com exceção de Dudu Nobre (estranho nesse ninho popularesco), acenam para o mesmo público que o cantor de Festa no Apê, embora transitem por gêneros musicais distintos. Com cinco versões de músicas estrangeiras e oito temas autorais de Latino (compostos em sua maioria com Álvaro Socci, Andinho e Fabianno), o disco Junto e Misturado chega às lojas ainda neste mês de agosto de 2008 pela gravadora carioca Som Livre. A música de trabalho é Pancadão ou Sertanejo, que junta Latino à dupla André & Adriano. Para fãs...

19 de agosto de 2008

Moptop volta menos sujo, mas ainda verdadeiro

Resenha de CD
Título: Como se
Comportar
Artista: Moptop
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Há verdade no som deste segundo CD do Moptop. Havia também no som do primeiro promissor e arisco disco do quarteto carioca, Moptop, editado em 2006. Mas havia também naquela estréia uma sujeira e umas guitarras que remetiam ao grupo The Strokes além da conta. Neste Como se Comportar, o produtor Paul Ralphes deu uma polida no rock do Moptop, mas sem padronizar e esterilizar o som da banda. Mesmo acenando para as rádios em temas de sotaque mais pop, como Aonde Quer Chegar?, o grupo mantém a boa impressão do primeiro álbum ao longo de 12 músicas autorais que retratam o estado de desorientação da juventude, perdida entre drogas, dúvidas, desejos e frustrações. Contramão, Desapego e a faixa-título são alguns destaques de repertório de tom quase conceitual. Tomara que essa juventude plastificada que cultua bandas como NX Zero abra seus ouvidos e escute o som verdadeiro do Moptop.

Disco junta Hime e Caymmi ao texto de Amado

A obra de Jorge Amado (1912 - 2001) inspirou disco que soa mais como áudio-livro do que como um trabalho de música propriamente dito. Ainda que ela, a música, esteja presente através do toque do piano de Francis Hime, cujo currículo inclui temas compostos para trilhas sonoras de adaptações dos livros Dona Flor e seus Dois Maridos e Tocaia Grande. Editado pela gravadora Biscoito Fino, o álbum Jorge Amado apresenta trechos de seis expressivos livros do escritor nas vozes dos atores Fernanda Montenegro (Dona Flor e seus Dois Maridos, Mar Morto e Tocaia Grande) e Lázaro Ramos (Capitães de Areia, Gabriela Cravo e Canela e Terras do Sem Fim). Ao fundo, ouve-se o piano de Hime em peças como Choro de Vadinho, Tema de Teodoro, Rio Negro, Afro nº 1 e Tema de Tocaia Grande. Tão associado à Bahia quanto a obra literária de Amado, o cancioneiro de Dorival Caymmi (1914 - 2008) marca presença no trecho do livro Mar Morto, emoldurado por É Doce Morrer no Mar (a propósito, bissexta parceria de Caymmi com Amado), Morena do Mar e Canção da Noiva / Incelença. Bacana!!

Aline patina entre clichês românticos e sociais

Resenha de CD
Título: Novo Dia
Artista: Aline Duran
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * 1/2

Bissexta mulher a freqüentar a praia masculina do reggae, na função dupla de compositora e cantora, Aline Duran lançou seu primeiro disco em 2007 na cena indie. Este Novo Dia rebobina algumas músicas daquele CD de estréia, acrescenta outras ao repertório autoral da artista paulistana e embala seu cancioneiro com produção que agrega nomes como Bi Ribeiro (baixo em temas como Depois de Amanhã e Olhar por Sol), Black Alien (voz em Pra quem Jah Olha) e o DJ Marcelinho da Lua, que assina os dubs da melhor faixa do álbum, Bem-Vindo à Selva, tema de caráter político. Aliás, o reggae de Aline oscila entre os clichês sociais, amorosos (a faixa de trabalho, É Com Você, transita por romantismo banal) e positivistas (Sentir a Vibe é exemplo perfeito destes últimos). A boa produção de Rafael Ramos embala com capricho os temas de Aline Duran, mas Novo Dia deixa a impressão de ser um daqueles álbuns em que a produção supera as músicas em si. Dias melhores virão. Ou não...

Belo disco bossa-novista de Tim ganha reedição

Em 1990, quando a sua obra já estava contaminada pelo vírus brega, Tim Maia (1942 - 1998) deu sopro de renovação na sua discografia ao incursionar com êxito pelo cancioneiro da velha bossa. Gravado com a direção musical e arranjos de Almir Chediak (1950 - 2003) e (mal) lançado originalmente em 1990 pela independente gravadora do cantor, a Vitória Régia Discos, Tim Maia Interpreta Clássicos da Bossa Nova ganha oportuna reedição, via Sony BMG, dentro das comemorações pelos 50 anos do movimento. Trata-se de um dos melhores discos da última década de vida de Tim. O improvável encontro de seu vozeirão de espírito soul com a leveza do cancioneiro bossa-novista gerou belos registros de músicas como Folha de Papel, Wave, Minha Namorada, Meditação e Eu e a Brisa. Clássicos regravados com o toque elegante da bateria de Wilson das Neves, o piano de Antonio Adolfo, o violão de Chiquito Braga e o baixo de Luizão Maia. Ouça!

18 de agosto de 2008

Marisa desvenda em filme a nobreza do samba

Resenha de filme
Título: O Mistério
do Samba
Idéia: Marisa Monte
Produção:
Conspiração Filmes
e Phonomotor
Direção: Carolina
Jabor e Lula Buarque
de Hollanda
Elenco: Velha Guarda
da Portela, Marisa
Monte, Paulinho da
Viola e Zeca
Pagodinho
Cotação: * * * * *

"Explicar não é o mais importante", defende Paulinho da Viola em conversa com Marisa Monte sobre a feliz comunhão artística e espiritual observada nas reuniões dos veteranos sambistas da escola de samba Portela, uma das mais tradicionais do Carnaval carioca. O comentário de Paulinho é ouvido nos minutos finais de O Mistério do Samba e já absolve de qualquer eventual falha documental este belíssimo filme sobre a Velha Guarda da Portela que entra em cartaz nos cinemas brasileiros em 29 de agosto de 2008 e que consumiu dez anos de trabalho entre as primeiras pesquisas (iniciadas por Marisa em 1998 quando ela garimpava repertório para a produção de Tudo Azul, o CD da Velha Guarda da Portela que a cantora editou em 1999 por seu selo Phonomotor), a confecção do filme (viabilizado com o patrocínio da Natura) e o lançamento no circuito comercial. E nasce clássico!

Mais do que qualquer mistério, Marisa desvenda a nobreza que se esconde nas faces e obras desses operários do samba. Muito é revelado através dos silêncios e das emoções estampadas, por exemplo, nos olhos marejados da pastora ao fim de Quantas Lágrimas, samba entoado por elas na companhia reverente de Marisa Monte, quase a capella, apenas com as palmas das mãos a marcar o ritmo deste clássico portelense. Já nas primeiras tomadas, quando ouve-se o samba Nascer e Florescer enquanto são projetadas imagens do bairro carioca de Oswaldo Cruz, sede da Portela, O Mistério do Samba se revela extremamente sensível na montagem do rico painel humano e artístico que compõe a história da Portela e de sua Velha Guarda - modelo para as de outras agremiações. Uma roda de samba captada em 2007 com os bambas - com a adição de Marisa e do simpatizante Zeca Pagodinho - ilustra na forma de samba o que é contado através dos depoimentos. Fotos de Paulo da Portela (1901 - 1949) e imagens extraídas do programa MPB Especial, exibido pela TV Cultura em 1975 ajudam a construir uma perspectiva histórica. E as histórias vão se sucedendo através dos depoimentos espontâneos dos veteranos bambas. "Se não houver tristeza, o samba não fica bonito", sentencia Casemiro da Cuíca. Sim, mas há também alegria quando o entrevistado é Argemiro do Patrocínio (1923 - 2003), maroto ao contar sua descoberta do significado da palavra copular. "Argemiro era safado", confirma Zeca Pagodinho.

Ao longo do filme, 57 sambas são apresentados em trechos, em off ou mesmo na íntegra - caso de Sofrimento de Quem Ama (Alberto Lonato), revivido por Marisa com Paulinho da Viola. A edição do documentário, extremamente caprichada, costura o roteiro de tal forma que uma cena parece levar à outra. E muitos mistérios são revelados: os sambas inéditos de Manacéa (1921 - 1995), descobertos por Marisa Monte ao visitar a casa onde moram a filha e a viúva do compositor; a cultura machista perceptível nos depoimentos malandros dos sambistas sobre suas mulheres (as oficiais e as extra-oficiais) e a paradoxal força feminina, decisiva na propagação dos sambas compostos pela ala masculina ("As vozes que reinam nos terreiros são as das pastoras", contextualiza Monarco). Mas, como diz Paulinho da Viola, o mais importante não é explicar. O Mistério do Samba não persegue a idéia de explicar a Velha Guarda da Portela. Tampouco de documentar sua trajetória - embora informações biográficas e comportamentais sejam pinceladas ao longo da narrativa através das conversas informais de Marisa com Paulinho e com os integrantes do grupo.

Mais do que um documentário, O Mistério do Samba é um inventário afetivo dos sentimentos e vivências de artistas que, driblando as dificuldades do duro cotidiano, fazem e cultuam o samba mais nobre. Nisso reside o mistério. E o olhar afetivo de Marisa sobre estes artistas emociona pela riqueza do que é dito. E do que não é dito, mas transparece na tela. O Mistério do Samba repousa no mesmo alto nível de Buena Vista Social Club (1999) - o filme de Win Wenders sobre os astros da velha guarda de Cuba - pelo caráter profundo do que é visto e ouvido no escurinho do cinema. É imperdível: Vale repetir: já nasce clássico.

O retorno de Madonna ao Brasil é confirmado

A empresa Time For Fun anunciou de forma oficial nesta segunda-feira, 18 de agosto de 2008, a passagem pelo Brasil da Sticky & Sweet Tour, de Madonna. Haverá duas já concorridas apresentações em dezembro, uma no Rio de Janeiro (RJ) e outra em São Paulo (SP), tendo como convidado especial o DJ Paul Oakenfold. O show carioca está programado para 14 de dezembro, no estádio do Maracanã. Já a apresentação paulista vai acontecer no estádio do Morumbi, no dia 18 de dezembro. Os ingressos do show carioca estarão disponíveis para venda a partir de 1º de setembro e custam entre R$ 180 (arquibancadas) e R$ 600 (pista vip). Já os do espetáculo do Morumbi poderão ser comprados a partir de 3 de setembro a um preço que fica entre R$ 160 (arquibancada laranja) e R$ 600 (pista vip). As compras pela internet poderão ser efetuadas pelo site Ticket For Fun - pelo qual os interessados já poderão se cadastrar a partir desta quarta-feira, 20 de agosto de 2008. Por ora, a Sticky & Tour já contabiliza 42 apresentações e 1,25 milhão de ingressos vendidos. O Brasil vai aumentar essa marca...

Emílio lança DVD de um jeito igual ao do CD...

De um Jeito Diferente, DVD que Emílio Santiago está lançando pela Indie Records, reproduz com fidelidade o áudio do CD homônimo - editado em 2007 - com a adição das imagens captadas em um show no Estúdio Mega. O vídeo rebobina as mesmas 15 músicas do álbum, um dos melhores do cantor. Inclusive com direito aos três convidados do disco. Mart'nália participa de sua música Não me Balança Mais. Já Nana Caymmi faz um duo com Emílio em Olhos Negros. E João Donato põe suingue nas faixas Um Dia Desses e De Um Jeito Diferente (Ivone). Como o áudio do DVD é igual ao do CD, a Indie Records fica devendo aos fãs o registro de um show realmente diferente de Emílio Santiago...

Valle toca piano no tempo amoroso de Renato

Marcos Valle (ao centro) toca piano em duas faixas do novo álbum de Zé Renato (à direita), É Tempo de Amar, dedicado ao cancioneiro da Jovem Guarda. Valle pôs seu piano em Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros) e em Ninguém Vai Tirar Você de mim (Hélio Justo e Edson Ribeiro), duas músicas lançadas por Roberto Carlos em 1968 no LP O Inimitável - álbum, aliás, de cujo belo repertório Zé Renato também selecionou O Tempo Vai Apagar (Paulo César Barros e Getúlio Cortes), faixa incluída na trilha sonora da novela A Favorita. Produzido por Dé Palmeira (à esquerda), o CD É Tempo de Amar tem lançamento previsto para outubro e traz músicas como Nossa Canção (tema de Luiz Ayrão lançado por Roberto Carlos em 1966) e Lobo Mau (The Wanderer), a versão de Hamilton Di Giorgio para o tema de Ernest Mareska, lançado no Brasil em 1962 no primeiro LP do conjunto Renato e seus Blue Caps e regravado por Roberto Carlos em 1965.

17 de agosto de 2008

Em CD, show de Clara com Vinicius e Toquinho

Em 1991, a gravadora indie Collector's editou álbum triplo com o registro do show Poeta, Moça e Violão - feito por Clara Nunes (1942 - 1983) com Vinicius de Moraes (1913 - 1980) e Toquinho em 1973, um ano antes de a ótima cantora consolidar sua carreira fonográfica em todo o Brasil com o estouro do disco Alvorecer (1974). Editado na abortada série A História dos Shows Inesquecíveis, o álbum da Collector's trazia gravação ao vivo do show, captada no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), em 27 de fevereiro de 1973. Dezessete anos depois, a gravadora Biscoito Fino lança CD com outro registro do show Poeta, Moça e Violão - editado a partir da restauração de três fitas cedidas pelo compositor Paulo César Pinheiro, viúvo de Clara (acima à direita em foto de Wilton Montenegro), ao produtor José Milton. Nem todos os números estavam em condições mínimas de edição em CD. Por isso, em vez das 30 faixas do álbum triplo de 1991, o CD da Biscoito Fino apresenta 17 números do histórico show, remasterizados por Luiz Tornaghi no estúdio Visom Digital. Em roteiro pautado por clássicos do repertório do Poetinha, Quando a Noite me Entende (parceria de Vinicius com Antonio Maria), Veja Você (parceria de Toquinho com Vinicius que não fez sucesso) e Na Boca da Noite (tema de Toquinho com Paulo Vanzolini) são as únicas músicas menos conhecidas. Eis as 17 faixas do CD Poeta, Moça e Violão:
1. Poética / Quando a Noite me Entende
2. Serenata do Adeus
3. Jesus, Alegria dos Homens / Rancho das Flores
4. Lamento
5. Mundo Melhor
6. O Rancho das Namoradas
7. Poema dos Olhos da Amada
8. Samba em Prelúdio
9. A Felicidade / Garota de Ipanema
10. Berimbau / Consolação / Canto de Ossanha
11. Na Boca da Noite
12. Veja Você
13. Samba de Orly
14. Cotidiano nº 2
15. Regra Três
16. Como Dizia o Poeta
17. Se Todos Fossem Iguais a Você

Caetano grava 'Obra' em DVD em teatro carioca

Lapa e Lobão Tem Razão estão entre as novas músicas inéditas que Caetano Veloso vai mostrar nas duas apresentações do show Obra em Progresso agendadas para 19 e 20 de agosto de 2008 no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), para possibilitar o registro do espetáculo em DVD. Na seqüência da gravação do DVD (que possivelmente vai trazer nos extras números captados nas apresentações do show na casa carioca Vivo Rio, entre maio e junho), o cantor - em foto de Ricardo Nunes - entra em estúdio em 1º de setembro para gravar o CD gestado durante a temporada de Obra em Progresso. O álbum de inéditas, que não vai mais se chamar Transamba, inclui no repertório as sete músicas - A Cor Amarela, Base de Guantánamo, Falso Leblon, Perdeu, Por Quem, Sem Cais e Tarado ni Você - lançadas na primeira temporada do show. Tanto o CD como o DVD serão lançados até o fim de 2008 pela gravadora Universal Music - dona da obra fonográfica de Caê.

DVD revela 'infinito ao redor' de Marisa Monte

Infinito ao meu Redor é o bom título do DVD que Marisa Monte (à esquerda em foto de Murilo Meirelles) lançará em setembro. Em seu sexto DVD, a cantora documenta o processo de gravação e de edição dos álbuns Infinito Particular e Universo ao meu Redor - lançados em 10 de março de 2006 - bem como a criação do sofisticado show Universo Particular, cuja turnê iniciou em abril de 2006 e terminou em dezembro de 2007. De caráter documental, o DVD Infinito ao meu Redor não se limita a registrar o show gerado a partir dos dois álbuns. A narrativa é entremeada com takes captados nos bastidores pela equipe de filmagem que segue Marisa desde o lançamento dos CDs.

Baleiro no 'Fado Mulato' de Tiago e Maria João

Zeca Baleiro (em foto de Marcos Hermes) é um dos parceiros brasileiros do poeta português Tiago Torres da Silva no CD Fado Mulato, gravado por Tiago com a fadista Maria João Quadros. Compositores como Alzira Espíndola, Chico César, Francis Hime, Ivan Lins, Olivia Byington e Pedro Luís fizeram músicas para os versos do poeta. Além dos temas inéditos, o disco vai trazer no repertório regravações de Amor Alheio e Gota d'Água - faixas idealizadas por Tiago como homenagens a Paulo César Pinheiro e a Chico Buarque, respectivamente. Fado Mulato já foi concluído.