4 de abril de 2009

Vanguart lança registro ao vivo em CD e DVD

Banda de Cuiabá (MT) que ganhou projeção nacional na cena indie em 2007 ao ter seu primeiro álbum encartado na revista pop Outra Coisa, como uma aposta do editor Lobão, Vanguart já salta para o mainstream com a edição do CD e DVD que abrem a série Multishow Registro - do canal de TV Multishow - e chegam às lojas pela Universal Music. Doze das 14 músicas do primeiro CD do grupo, Vanguart, são rebobinadas no DVD (capa à esquerda). Contudo, o grupo apresenta generosa safra de oito inéditas. Entre elas, You Know me so Well, que conta com o auxílio luxuoso da guitarra de Luiz Carlini, do grupo Tutti Frutti. Por mais que o Vanguart se afogue ao brincar com as ondas calmas de O Mar, o clássico praieiro de Dorival Caymmi (1914 - 2008), o mix de folk, rock e blues da banda resulta interessante neste registro captado em 11 de dezembro de 2008 no Avenida Club, em São Paulo (SP). Um dos destaques é o dueto do vocalista Hélio Flanders com Mallu Magalhães no belo folk The Last Time I Saw You (clique aqui para ler a resenha do registro do Vanguart).

Roupa Nova vai a Londres, mas não sai do lugar

Resenha de CD/DVD
Título: Roupa Nova
em Londres
Artista: Roupa Nova
Gravadora: Roupa
Nova Music
Cotação: * *

O grupo Roupa Nova foi a Londres gravar álbum de inéditas, mas não saiu do lugar comum que dá o tom de seu repertório habitual. A gravação de seu novo disco no lendário estúdio 2 do complexo de Abbey Road está documentada no DVD Roupa Nova em Londres, que está chegando às lojas juntamente com o CD homônimo. Este projeto intercontinental bem poderia representar salto qualitativo na discografia do sexteto, atuante já há 30 anos (primeiramente com o nome de Os Famks e, desde 1980, como Roupa Nova), mas não é o que acontece. O grupo não sai da rota habitual das canções populares e tampouco reedita a inspiração dos anos 80, sua década de maior sucesso comercial e artístico. A rala safra de inéditas oscila entre o costumeiro chororô sentimental de baladas como Alguém no teu Lugar e o pop mais festivo, exemplificado pelo tema Todas Elas, cuja letra enfileira versos-clichês sobre a natureza feminina. Sintomaticamente, a única música com real potencial para se transformar em hit radiofônico não é de autoria dos músicos do Roupa Nova. Do Outro Lado da Calçada, da lavra de Rodrigo Saldanha com o hitmaker Cláudio Rabello, é canção melodiosa bem ao gosto dos fãs do grupo. Contudo, o Roupa Nova preferiu apostar primeiramente em Reacender (Shine), faixa bilíngue que conta com a adesão da banda inglesa Ben's Brothers. Vai ser difícil!

É sintomático também que, para compor o repertório de Roupa Nova em Londres, o grupo tenha recorrido a opacos lados B de sua discografia áurea. A balada Sonho vem de Roupa Nova, bem-sucedido álbum de 1985 que emplacou hits como Seguindo no Trem Azul, Linda Demais e Dona. Lembranças - cuja bela introdução traz os vocais harmoniosos que caracterizam o Roupa Nova - foi extraída de 6/1, álbum pouco ouvido de 1996. Já Correndo Perigo - lançada em Frente & Verso (1990) - virou A Cor do Dinheiro com a nova letra que opõe de forma simplista realização afetiva e sucesso financeiro. O repertório rebobina também as quatro músicas lançadas em 2008 no EP 4U (For You): Toma Conta de mim (filmada ao ar livre para o DVD em parque da capital inglesa)) Cantar Faz Feliz o Coração (vista e ouvida no DVD em clipe gravado pelo grupo num barco sobre o mar de Londres), Chamado de Amor (também captada no parque) e Quero Você (exibida no DVD em clipe urdido com imagens de Londres e da gravação do disco em Abbey Road). Nenhuma seduz.

Enfim, Roupa Nova em Londres é trabalho feito com apuro técnico, inclusive por conta da produção de Moogie Canazio. Mais uma vez, contudo, o sexteto apresenta disco aquém de seu potencial. Pela excelência de seus vocais e pela comprovada habilidade como instrumentistas, os músicos do Roupa Nova bem poderiam ter aproveitado a viagem cara para traçar rotas mais ousadas. O único momento realmente especial deste projeto inglês é a versão de She's Leaving Home, a música lançada pelos Beatles em 1967 no histórico álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Captado em estúdio instalado dentro de uma catedral, o registro do grupo combina seus vocais a capella com um octeto de cordas em efeito que soa impressionante no DVD quando configurado o áudio DTS 5.1. Pena que, no todo, o projeto resulte insosso pela natureza banal do repertório inédito e antigo.

Roberta Sá grava DVD no Rio em show gracioso



Com o aval do público jovem e entusiasmado que lotou a pista e os camarotes da casa Vivo Rio (RJ), Roberta Sá registrou em DVD o show Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria na noite de sexta-feira, 3 de abril de 2009. Sem alterações no roteiro, a cantora (em fotos de Mauro Ferreira) reviveu músicas de seus dois álbuns, Braseiro (2005) e Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria (2007), com adesões de Hamilton de Holanda (bandolim em Novo Amor), Marcelo D2 (voz e ginga no Samba do Balanço) e Pedro Luís (voz e cavaquinho em Girando na Renda). Produzido por Rodrigo Campello, o DVD vai ser lançado no meio do ano pelo selo MP,B (Maior Prazer, Brasil), com distribuição da gravadora Universal Music. Eis o roteiro do show perpetuado em bela - e alegre - noite na primeira gravação ao vivo de Roberta Sá:
1. O Pedido
2. Alô, Fevereiro!
3. Eu Sambo Mesmo
4. Interessa?
5. A Vizinha do Lado
6. Cicatrizes
7. Casa Pré-Fabricada
8. Janeiros
9. Mais Alguém
10. Cansei de Esperar Você
11. Belo e Estranho Dia de Amanhã
12. Samba de um Minuto
13. Agora Sim (inédita)
14. Samba de Amor e Ódio
15. Pelas Tabelas
16. Fogo e Gasolina
17. Ah, se Eu Vou
18. Girando na Renda - com Pedro Luís
19. Laranjeira
Bis:
20. Novo Amor - com Hamilton de Holanda
21. No Braseiro
22. Samba do Balanço - com Marcelo D2

Harper une rock e blues com o trio Relentless7

Artista que cruza gêneros em seus discos, Ben Harper engata mix de rock pesado com o blues originado do Delta no álbum White Lies for Dark Times, assinado por ele com o Relentless7, trio formado pelo guitarrista Jason Mozersky, o baixista Jesse Ingalls e o baterista Jordan Richardson. O grupo surgiu, aliás, a partir do convite feito por Harper a Mozersky para que ele tocasse numa faixa de seu CD Both Sides of the Gun (2006). Shimmer & Shine, Fly One Time e Boots Like These são três faixas do álbum que a EMI Music vai lançar, em escala mundial, em maio de 2009.

3 de abril de 2009

Biscoito Fino (re)edita 'Jobim Violão', de 2007

Lançado originalmente em 2007, o cult primeiro CD solo do violonista Arthur Nestrovski, Jobim Violão, está sendo reeditado pela gravadora Biscoito Fino neste mês de abril de 2009. Dedicado à obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), o álbum apresenta 14 registros do repertório do Maestro Soberano em arranjos para violão, adaptados por Nestrovski a partir das partituras para piano publicadas no Cancioneiro Jobim (2000). A seleção inclui Luiza, Lígia, Insensatez, Por Toda a Minha Vida, Se Todos Fossem Iguais a Você e o obscuro tema instrumental Rancho nas Nuvens.

Sony aposta no vinil em série de relançamentos

Primeiro bem-sucedido LP do grupo Engenheiros do Hawaii, apresentado em 1986, Longe Demais das Capitais está voltando às lojas neste mês de abril de 2009 no formato de vinil! É que o álbum integra a série Meu Primeiro Disco, uma aposta da gravadora Sony Music na (re)valorização dos antigos LPs. A ousada coleção vai reeditar cerca de 40 títulos, alguns do acervo da extinta RCA, como é o caso do bom álbum de estréia da banda de Humberto Gessinger. O primeiro lote inclui também os primeiros discos de Chico Science & Nação Zumbi (Da Lama ao Caos, 1994), Inimigos do Rei (Inimigos do Rei, 1986) João Bosco (João Bosco, 1973) e Vinicius Cantuária (Vinicius Cantuária, 1982). Cada reedição inclui o LP original e CD em formato de minivinil com faixas-bônus. Longe Demais das Capitais, por exemplo, incorpora as versões originais de Segurança e Sopa de Letrinhas, gravadas pelo grupo em 1985 para o pau-de-sebo Rock Grande do Sul. Com tiragem limitada de mil cópias, cada uma, as 40 reedições reproduzem reportagens e críticas publicadas sobre os discos na época do lançamento, além de trazerem textos inéditos sobre os discos. Títulos de Elba Ramalho e Skank estão na coleção.

Som Livre não poupa capricho com CD de Nana

Com um tratamento gráfico de luxo, por integrar o catálogo que comemora os 40 anos da gravadora Som Livre, o álbum de inéditas de Nana Caymmi, Sem Poupar Coração, vai chegar às lojas nos próximos dias deste mês de abril de 2009 com 14 músicas, sendo algumas inéditas e outras já gravadas, mas pouco conhecidas. Eis, na ordem, as faixas do CD, gravado em janeiro na seqüência de convite da novelista Glória Perez para que Nana registrasse uma música para a trilha sonora da novela Caminho das Índias - com produção de José Milton:

1. Sem Poupar Coração (Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro)
2. Contradições (Cristóvão Bastos e Aldir Blanc)
3. Caju em Flor (João Donato e Ronaldo Bastos)

4. Senhorinha (Guinga e Paulo César Pinheiro)
5. Bons Momentos (Zé Luiz Lopes e Márcio Proença)
6. Visão (Danilo Caymmi e Manu Lafer)
7. Dúvida (Márcio Ramos)
8. Confissão (Antonio Carlos Bigonha e Simone Guimarães)
9. Fora de Hora (Dori Caymmi e Chico Buarque)
10. Pra Quem Ama Demais (Fátima Guedes)
11. Diamante Rubi (Alice Caymmi)
12. Esmeraldas (Rosa Passos e Fernando Oliveira)
13. Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro)
14. Não se Esqueça de mim (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)

Walker retorna no fio de 12 canções de Gregori

Então com o nome artístico de Wauke, Carlos Walker obteve boa repercussão em 1987 ao abordar a obra de Tom Jobim (1927 - 1994) no álbum Onda com aval de ninguém menos do que João Gilberto. Porém é como Carlos Walker - nome adotado pelo cantor já em 1974, ano em que despontou na cena musical por conta da propagação da música Alfazema na trilha sonora da novela O Espigão - que o artista volta à cena, trinta e cinco anos depois de sua projeção inicial, com o CD Fio da Canção - Carlos Walker Interpreta Lúcio Gregori, gravado com arranjos do pianista Laércio de Freitas. Pelo filtro da bossa, o cantor passa 12 temas autorais compostos por Gregori e letrados por Walker em parceria que abre amplo leque rítmico para englobar sambas, boleros, sambas-canções, choros e até uma valsa, a Valsa da Onda que Volta, gravada com a adesão de Ná Ozzetti. A onda agora é outra...

2 de abril de 2009

Caetano escreve sobre segundo álbum de Aydar

Nas lojas em abril de 2009, com a participação de Zeca Pagodinho, o segundo álbum de Mariana Aydar - Peixes, Pássaros, Pessoas - apresenta treze músicas inéditas. Produzido por Kassin e por Duani, autor (sozinho ou em parceria) de sete faixas, o CD chegará às lojas com a distribuição da Universal Music e às mãos dos formadores de opinião com texto de apresentação escrito por Caetano Veloso, admirador de Aydar desde o lançamento do primeiro trabalho da artista, Kavita 1, um dos melhores discos editados em 2006. Eis o texto antenado de Caetano sobre Peixes, Pássaros, Pessoas e sobre a importância do aparecimento de intérpretes como Aydar:

"Quando ouvi o primeiro CD de Mariana Aydar (faz um ano, mais?) fiquei muito impressionado com a firmeza, a calma e a originalidade de uma jovem grande cantora dentro da tradição brasileira de cantoras grandes. O lançamento agora deste segundo álbum confirma a personalidade artística dessa paulistana com longas passagens pelo litoral Sul da Bahia.

O vínculo com o samba amadurecido e modernizado se comprova. Os ecos da infância artística no mundo do forró estão talvez mais presentes do que antes. A parceria com Duani de música e de vida traz segurança e graça a essas filiações. O encontro mágico com a caboverdiana Mayra Andrade (encontro cuja dimensão celestial pode ser vista e ouvida também no filminho disponível no YouTube das duas cantando a canção Tunuka sentadas no chão da rua de uma cidade grande) mostra o poder da musicalidade, a sutileza do processo de modernização da música brasileira e o mistério do destino da expansão lusitana pelo mundo, no nascedouro da modernidade.

Escrevo com apenas os sons das faixas desse novo disco: não recebi nem pedi ficha técnica, títulos das canções ou quaisquer créditos. Talvez esse seja o jeito certo para abordar modestamente o trabalho de uma mulher de maneiras tão diretas, de clima tão saudavelmente carnal e de pensamentos e disciplinas tão transcendentalistas.

Mariana abre o disco com um samba super-samba e o fecha com uma melodia de samba ad libitum em diálogo com guitarras (violões) em sons experimentais. Entre os dois, há xote caribeado, baladas e muito samba. Em dueto com Zeca Pagodinho, ela confessa que do samba não pode se livrar. O samba domina o álbum - sem fazer deste um disco de sambas. Pode-se dizer que assim o domina mais do que se apresentasse oficialmente como um disco de sambas: é a atração irresistível pelo samba que orienta o estilo e o repertório, não uma decisão pré-existente nesse sentido.

Há quem veja pouca importância ou novidade no aparecimento de uma geração de jovens cantoras atraídas pelo samba. Em geral, são pessoas que confundem importância com novidade - e que não sabem onde há novidade de fato. Para mim é novidade que haja Mariana, com sua voz desaforada e tranquila reafirmando a riqueza do canto das mulheres em nosso país. E que o faça de uma perspectiva naturalmente moderna e relaxadamente consciente dessa modernidade. O Brasil nunca se curará do seu antigo ensimesmamento forçando um olhar só para fora de si: se fizer assim, estará se convencendo de que o relevante é necessariamente o que passa longe de nós. Parece que instituímos o seguinte: quanto mais evidente e radical se consiga fazer parecer que essa distância é, mais relevante se prova a música produzida. O que é a consequência extrema do ensimesmamento. Meu entusiasmo com o surgimento de cantoras-cantoras, conhecedoras de como se canta em português brasileiro há décadas - e ao mesmo tempo à vontade com a música popular global - se deve à minha desconfiança em face dos que fingem só amar o que pareça inalcançável pelo Brasil. Isso pode significar apenas que não se ama nada. Mariana - como Roberta Sá, Maria Rita ou Mônica Salmaso - é uma prova de que, ao encorpar-se em sua história, a música popular brasileira se reconhece relevante para o mundo. E o mundo só dá mostras de que continuará a atentar para isso". Caetano Veloso.
Eis as 13 músicas inéditas do álbum Peixes, Pássaros, Pessoas:
1. Florindo (Duani)
2. Palavras Não Falam (Kavita)
3. Beleza (Luísa Maita e Rodrigo Campos) - com Mayra Andrade
4. Aqui em Casa (Duani e Kavita)
5. Pras Bandas de Lá (Duani)
6. Manhã Azul (Duani e Nuno Ramos)
7. Tá? (Carlos Rennó, Pedro Luís e Roberta Sá)
8. Peixes (Nenung)
9. Nada Disso É pra Você (Rômulo Fróes e Clima)
10. Poderoso Rei (Duani)
11. O Samba me Persegue (Duani) - com Zeca Pagodinho
12. Teu Amor É Falso (Duani)
13. Tudo que Eu Trago no Bolso (Kavita e Nuno Ramos)

Universal reedita 14 álbuns dos Stones em lotes

Como já previa o contrato assinado pelos Rolling Stones com a Universal Music, em julho de 2008, os álbuns gravados pelo grupo após 1971 vão ganhar reedições pela gravadora. De maio a junho de 2009, a companhia repõe nas lojas, com nova remasterização, 14 álbuns de estúdio da banda. A coleção vai ser lançada em três lotes. Agendado para 4 de maio, o primeiro lote inclui Sticky Fingers (1971), Goats Head Soup (1973), It's Only Rock'n' Roll (1974) e Black and Blue (1976). O segundo, programado para 8 de junho, é formado por Some Girls (1978), Emotional Rescue (1980), Tattoo You (1981) e Undercover (1983). Já o terceiro - previsto para 13 de julho - abrange Dirty Work (1986), Steel Wheels (1989), Voodoo Lounge, Bridges to Babylon e A Bigger Bang. Ainda em 2009, separadamente, o álbum Exile on Main Street (1972) - clássico duplo da discografia stoniana - ganhará reedição especial.

Brown e Ivete vencem 18º Troféu Dodô & Osmar

Um pocket-show de Gilberto Gil com Ivete Sangalo encerrou a cerimônia de premiação da 18ª edição do Troféu Dodô & Osmar, realizada na sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), na noite de quarta-feira, 1º de abril de 2009. A cantora e Carlinhos Brown foram os vencedores das principais categorias do prêmio mais importante da música baiana. Ivete foi eleita a melhor cantora. Além de faturar os troféus de Melhor Visual de Trio e Melhor Figurino Masculino, Brown recebeu (junto com seu parceiro Alain Tavares) o prêmio de melhor música por conta de Cadê Dalila? - um dos hits do Carnaval de 2009, na voz de Ivete Sangalo. Eis os 20 vencedores da cerimônia (na foto da Agência A Tarde, reunidos no palco ao fim da cerimônia, após cantarem Céu da Boca - hit revivido por Ivete em seu CD e DVD MTV ao Vivo):

Melhor Bloco Barra-Ondina: Nana Banana
Melhor Bloco Avenida: Camaleão
Melhor Bloco Infantil: Algodão Doce
Melhor Bloco Afro e Afoxé: Ilê Aiyê
Melhor Bloco de Samba: Alerta Geral
Camarote Mais Bonito: Planeta Othon
Camarote Mais Animado: Nana Banana
Melhor Figurino Masculino: Carlinhos Brown
Melhor Figurino Feminino: Daniela Mercury
Melhor Visual de Trio: Carlinhos Brown
Cantora Revelação: Luana Monalisa (Na Pegada)
Cantor Revelação: Léo Santana (Parangolé)
Banda Revelação: Na Pegada
Melhor Grupo de Pagode: Psirico
Melhor Instrumentista: Gerson Silva
Puxador de Bloco: Denny (Timbalada)
Melhor Cantora: Ivete Sangalo
Melhor Cantor: Bell Marques (Chiclete com Banana)
Melhor Música: Cadê Dalila (Carlinhos Brown e Alain Tavares)
Melhor Folião: Yan Roberto Pinheiro Oliveira

Barulho de D2 com Seu Jorge acorda o 'Síndico'

Resenha de Show
Evento: Claro Rio em Movimento
Título: A Arte do Barulho
Artista: Marcelo D2 (em foto de Mauro Ferreira)
Convidados: Alcione, Arlindo Cruz, Seu Jorge e Stephan
Peixoto
Local: Jockey Club (RJ)
Data: 1º de abril de 2009
Cotação: * * * *

"Vamos fazer barulho! Tim Maia passou por aqui!", convocou um elétrico Marcelo D2 ao fim da estréia carioca de seu show A Arte do Barulho, nos últimos minutos da noite de quarta-feira, 1º de abril de 2009. Sim, após o rapper entoar o hit Qual É?, o Síndico Tim Maia (1942 - 1998) baixou no roteiro numa improvisada Tim Maia session em que o anfitrião, com o luxuoso auxílio vocal do convidado Seu Jorge, reviveu Que Beleza, O Caminho do Bem e Guiné Bissau, Moçambique e Angola Racional - jóias do baú do Tim místico de 1974/1975. À eterna procura da batida perfeita, D2 faz em cena um som capaz de acordar qualquer Síndico. No palco, sua mistura tende para o rap e o funk. O samba é o tempero.

Aberto com a música-título do quinto disco solo de D2, A Arte do Barulho, o show seguiu a receita do álbum, no qual o rapper adicionou à sua batida guitarras roqueiras à moda do Planet Hemp - o grupo que projetou o artista nos anos 90 e que teve hits como Quem Tem Seda? e Mantenha o Respeito revividos no bloco final do show. Que já começou incendiário. Guitarras e efeitos deram peso a músicas como Gueto e Vem Comigo que Eu te Levo pro Céu. Neste número, de tom heavy, fica evidente o maior problema de D2 em cena: a dicção deficiente que impede o entendimento de algumas letras. Mas D2 sabe tirar onda e seu público embarca nela. Já no terceiro número, Desabafo, a platéia jovem atendeu de imediato a convocação do rapper e fez coro no refrão sampleado do samba Deixa Eu Dizer, gravado pela cantora Cláudia em 1973.

D2 faz seu barulho escorado num time esperto de músicos e DJ como se estivesse num baile da pesada. Scratches pontuam Eu Tive um Sonho. E o fato é que o show quase não perdeu o pique. Inclusive por conta das intervenções dos quatro convidados da apresentação feita dentro do evento Claro Rio em Movimento. Seu Jorge marcou forte presença. Esteve no palco nos primeiros e nos últimos números. Mas sua participação oficial - quando foi chamado em cena - aconteceu na música Pode Acreditar (Meu Laiá Laiá). Filho do anfitrião, Stephan Peixoto bisou participações feitas em discos do pai coruja nas músicas Atividade na Laje e Loadeando (com levada que evoca o ritmo do reggae). Já Alcione e Arlindo Cruz fizeram participações (muito) mais discretas. Descontraído, ele tentou improvisar roda de samba a partir de Dor de Verdade. Aparentemente menos à vontade, a Marrom soltou a voz no refrão de Pra que Amor? - a música que gravou com D2 no disco anterior do rapper, Meu Samba É Assim (2006). E foi só.

O refrão do pancadão Samba de Primeira - "É Hip Hop que vem do Rio de Janeiro / Uma batida de funk / E o DJ no pandeiro - traduz bem a mistura carioca do som de Marcelo D2. Devoto de Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998), saudada em cena como "a maior partideira que o Brasil já teve", o rapper bebe também na fonte de Bezerra da Silva (1927 - 2005) e, não por acaso, o gaiato samba Malandragem Dá um Tempo foi apropriadamente inserido de improviso no roteiro ao fim do bloco fumacê. Enfim, a batida não é perfeita - mesmo porque D2 canta uma ou outra música mais enfadonha - mas continua interessante e garante barulho do bom.

1 de abril de 2009

Paula Faour costura obras de Bacharach e Valle

Paula Faour (em foto de Beti Niemeyer) entrelaça as obras de Burt Bacharach e Marcos Valle em seu segundo álbum. No sucessor de Cool Bossa Struttin' (2002), a pianista costura músicas dos compositores em faixas como What the World Needs Now / Um Novo Tempo e Promises Promises / Campina Grande. Valle toca seu piano Fender Rhodes no disco, integrando time de feras que inclui Roberto Menescal (na guitarra), Carlos Malta (na flauta) e o pianista Gilson Peranzzetta (no acordeom). O CD Paula Faour e a Música de Marcos Valle & Burt Bacharach vai ser lançado - pela gravadora Biscoito Fino - no fim deste mês de abril de 2009.

Sony repete com Wanessa fórmula de Vanessa

Como a música mais tocada de 2008 foi Boa Sorte / Good Luck, composta e gravada em dueto por Vanessa da Mata com Ben Harper, a Sony Music decidiu repetir a fórmula com o álbum que Wanessa Camargo lança em abril de 2009. A neta de Francisco também gravou dueto bilíngüe com um astro norte-americano. No caso, o rapper Ja Rule, que divide com Wanessa (na foto de Henrique Gendre com o novo visual adotado no CD) a faixa Meu Momento / Fly. A música é de autoria de Deeplick, o DJ que está se aventurando como compositor no álbum de Wanessa Camargo.

Padres e sertanejos lideram o mercado em 2008

Com 542 mil cópias vendidas, o álbum Vida - já o 11º título da discografia de padre Fábio de Melo - foi o CD mais vendido no Brasil em 2008. De acordo com o ranking da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), padres e sertanejos lideraram o mercado fonográfico no ano passado. Marcelo Rossi e Victor & Leo, por exemplo, aparecem com dois títulos, cada um, na lista dos 10 CDs mais vendidos - dos quais sete foram lançados pela Sony Music. Já na relação dos DVDs aparecem cantoras como Marisa Monte e Amy Winehouse, estranhas no ninho populista do ranking do mercado, bem como Roberto Carlos e Caetano Veloso, presentes com o CD e DVD gravados ao vivo em show dedicado à música de Tom Jobim (1927 - 1994). Eis os previsíveis campeões de vendas do (anêmico) mercado fonográfico brasileiro em 2008:
CDs
1. Vida - Padre Fábio de Melo
(LGK Music / Som Livre) - 542 mil
2. Paz Sim, Violência Não Vol. 1 - Padre Marcelo Rossi
(Sony Music) - 280 mil
3. Borboletas - Victor & Leo
(Sony Music) - 260 mil
4. Ao Vivo em Uberlândia - Victor & Leo
(Sony Music) - 230 mil
5. Ivete no Maracanã - Multishow ao Vivo - Ivete Sangalo
(Universal Music) - 420 mil (total desde o lançamento em 2007)
6. Paz Sim, Violência Não Vol. 2 - Padre Marcelo Rossi
(Sony Music) - 180 mil
7. Zezé Di Camargo & Luciano - Zezé Di Camargo & Luciano
(Sony Music) - 160 mil
8. Roberto Carlos, Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim
- Roberto Carlos e Caetano Veloso (Sony Music) - 143 mil
9. Dois Quartos - Multishow ao Vivo - Ana Carolina
(Sony Music) - 142 mil
10. Coração Bandido - Leonardo
(Universal Music) - 140 mil

DVDs
1. Paz Sim, Violência Não Vol. 1 - Padre Marcelo Rossi
(Sony Music) -230 mil
2. Ivete no Maracanã - Multishow ao Vivo - Ivete Sangalo

(Universal Music) - 765 mil (total desde o lançamento)
3. Dois Quartos - Multishow ao Vivo - Ana Carolina
(Sony Music) - 170 mil
4. Infinito ao meu Redor - Marisa Monte
(Phonomotor / EMI Music) - 160 mil
5. Ao Vivo em Uberlândia - Victor & Leo
(Sony Music) - 132 mil
6. Ao Vivo em Copacabana - Claudia Leitte
(Universal Music) - 126 mil
7. Xuxa Só pra Baixinhos 8 - Xuxa
(Som Livre) - 119 mil 969
8. I Told You I Was a Trouble - Amy Winehouse
(Universal Music) - 120 mil (total desde o lançamento em 2007)
9. Roberto Carlos, Caetano Veloso e a Música de Tom Jobim
- Roberto Carlos e Caetano Veloso (Sony Music) - 105 mil
10. Em Casa ao Vivo - Alexandre Pires
(EMI Music) - 90 mil

Filme mostra como Billy Paul foi 'black' nos 70

Resenha de Filme
Título: Am I Black
Enough for You? - A
História de Billy Paul
Direção: Göran Hugo
Olsson
Cotação: * * * *
Em cartaz no festival
É Tudo Verdade
Sessões em São Paulo:
02 de abril - CCBB, 19h
03 de abril - CCBB, 15h
05 de abril - Cinesesc, 21h

Sim, Billy Paul foi negro o suficiente nos anos 70. E pagou um preço alto por isso, como mostra o filme Am I Black Enough for You? - A História de Billy Paul. Em cartaz no Brasil no festival de documentários É Tudo Verdade, o ótimo documentário sueco já teve três sessões no Rio de Janeiro (RJ) e ainda poderá ser visto em São Paulo (SP). A história em si é bem interessante: em 1972, Billy Paul reinava no topo das paradas norte-americanas por conta de sua sedutora interpretação de Me and Mrs. Jones, balada que ostentava a grife da dupla (Kenny) Gamble & (Leon) Huff. A música integrava o álbum 360 Degrees of Billy Paul, que, fazendo jus ao título, deu uma virada na carreira do cantor, até então em busca do sucesso desde o fim dos anos 50. O êxito de Me and Mrs. Jones seria coroado com um Grammy de Melhor Performance Masculina de R & B, entregue a Billy por Ringo Starr e Harry Nilson. Naquele momento, ninguém poderia supor que o cantor - contratado pela gravadora Philadelphia International Records - iria descer do céu ao inferno em poucos meses por conta da escolha da explosiva Am I Black Enough for You? - outra música de autoria de Gamble & Huff - para ser o segundo single do álbum. Por tocar na ferida sempre aberta do racismo com versos provocadores e questionadores, Billy Paul perdeu o público e o sucesso. Que somente lhe seriam devolvidos anos depois sob os globos espelhados das discotecas, onde hits como Your Song e Only the Strong Survive repuseram o artista nas paradas dos 70.

O diretor Göran Olsson parte desse ponto nervoso da trajetória de Billy para situar a importância do cantor na música negra dos anos 70 num documentário simples que, a despeito de ter poucos entrevistados, prende a atenção. E mostra que a história de Billy Paul é também uma história de amor. No caso, o amor que une o cantor à mulher e empresária Blanche Williams, responsável por alguns momentos de humor do filme por suas falas espontâneas. É hilária a seqüência inicial em que Blanche conta - num carro em movimento, ao lado de Billy - como conheceu o marido nos anos 60. Do ódio imediato, ela passou à desconfiança de que ele era gay porque não tentar um contato sexual logo no início da relação. Blanche também diverte com suas caras e bocas de desaprovação sempre que o assunto é a polêmica música Am I Black Enough for You? por entender que o tema devastou a carreira do artista. Em contrapartida, é comovente os relatos de Blanche e Billy sobre como afundaram nas drogas (e como conseguiram se livrar delas).

Sem resvalar para o sentimentalismo, o diretor nunca deixa de focar o racismo que impera nos EUA. É quando a cena é contada sob uma perspectiva mais histórica, com ênfase nas convulsões sociais e raciais da Filadélfia, terra natal de Billy Paul. A opção de apresentar alguns sucessos engajados de Billy na forma de clipes (montados com imagens de arquivo) se revela impactante. Em especial quando o documentário expõe cenas de negros sendo humilhados e presos enquanto se ouve a voz acetinada do cantor entoar I'm Just a Prisoner. Enfim, Am I Black Enough for You? bate mais uma vez na tecla da desigualdade racial ao som da obra de um artista politizado que foi negro o bastante nos anos 70 ao enfocar e questionar o racismo de forma explícita. É belo filme!

31 de março de 2009

Krall dá tom lânguido à bossa em 'Quiet Stars'

Resenha de CD
Título: Quiet Nights
Artista: Diana Krall
Gravadora: Verve
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Difícil dissociar Quiet Nights - o álbum que Diana Krall lança nesta terça-feira, 31 de março de 2009 - do CD The Look of Love, trabalho de 2001 que consolidou a carreira da cantora de pop jazz. O produtor, Tommy LiPuma, é o mesmo. Assim como o arranjador, Claus Ogerman. Escorada nesse time tão convencional quanto eficiente, Krall gravita íntima e sensual pela Bossa Nova. A faixa-título, Quiet Nights, é a versão de Corcovado que correu os quatro cantos do mundo nos anos 60. De Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994), o maestro soberano do gênero que a intérprete volta a abraçar, há também Este seu Olhar - entoada em português esforçado - e The Boy from Ipanema, faixa em que Krall reforça o tom lânguido que pontua as interpretações de seu 12º álbum. Tendo como maior ponto de referência o Brasil, Quiet Nights é essencialmente um disco de baladas para serem ouvidas à meia-luz - caso de Too Marvelous for Words. Outra referência forte, evidenciada já na faixa-título do emblemático The Look of Love, a música de Burt Bacharach e Hal David está representada em Quiet Nights pela recriação bossa-novista de Walk on by. Após alguns álbuns mais pessoais como The Girl on the Other Room, trabalho de 2004 marcado pela colaboração autoral de Elvis Costello com Krall, a cantora volta a mirar um público mais amplo, pronto para digerir as cordas arranjadas por Ogerman e para ouvir mais uma abordagem de So Nice, a versão em inglês do sempre moderno Samba de Verão. As duas boas faixas-bônus - recriações comportadas de Ev'ry Time We Say Goodbye e How Can You Mend a Broken Heart - não deixam dúvidas quanto ao alvo de Quiet Nights. Ao irmanar Cole Porter (1891 - 1934) e Bee Gees num clima de intimidade, Diana Krall dá outro look of love sobre repertório assentado sobre base pop que pouco tem de jazz.

Krassik dedica quarto CD à obra de João Bosco

Violinista francês radicado no Rio de Janeiro (RJ) desde 2001, por conta de sua admiração pela música brasileira (em especial pelo samba e pelo choro), Nicolas Krassik dedica seu quarto CD ao repertório do compositor João Bosco. Gravado no estúdio da gravadora carioca Rob Digital, o disco recebeu o aval de Bosco, convidado dos sambas Da África à Sapucaí e Odilê Odilá. Entre as 13 músicas selecionadas por Krassik, há uma inédita, Depois da Penúltima. O álbum vai ser lançado no segundo semestre de 2009.

Estréia de Hudson segue cartilha de Clive Davis

Resenha de CD
Título: Jennifer Hudson
Artista: Jennifer Hudson
Gravadora: Arista
/ Sony Music
Cotação: * * 1/2

Foi sintomático que Jennifer Hudson tenha recebido das mãos de Whitney Houston o troféu de Melhor Álbum de R & B no 51º Grammy Awards por conta de seu primeiro CD. Além de contar com uma artilharia vocal similar à da colega, Hudson também segue a cartilha de Clive Davis, o produtor e executivo do selo Arista que lançou Whitney no mercado fonográfico norte-americano em 1985. Jennifer Hudson, o disco, foi lançado nos Estados Unidos em 30 de setembro de 2008 sem o impacto da estréia de Whitney. Inclusive por ter sido abafado por tragédia acontecida dias depois na vida da cantora projetada no programa de calouros American Idol (um assassinato triplo supostamente cometido pelo cunhado de Hudson tirou a vida da mãe, do irmão e do sobrinho da artista). Com seis meses de atraso, o álbum ganha edição brasileira. Ótima cantora que se tornou atriz de cinema, tendo ganhado um Oscar pela performance no filme Dreamgirls, Hudson debuta na carreira fonográfica com um disco que deixa a sensação de já ter sido ouvido antes. Tem as costumeiras baladas cujos títulos, If This Isn't Love e Giving Myself, já denunciam seu caráter sentimental. Tem o habitual flerte com o universo do hip hop, abordado em Pocketbook, faixa na qual o rapper Ludacris figura como convidado. E tem também as incursões previsíveis pelo R & B em faixas como What's so Wrong (Go Away). No fim, um belo tema tradicional da música gospel - Jesus Promised me a Home over There, entoado com fervor pela intérprete - não é suficiente para converter os ouvintes e absolver Jennifer Hudson.

Timbaland faz Cornell vibrar pop em 'Scream'

Resenha de CD
Título: Scream
Artista: Chris Cornell
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Na capa de seu terceiro CD solo, Scream, Chris Cornell está prestes a arremessar sua guitarra contra o chão. Na contracapa, a tal guitarra já aparece destruída, quebrada em pedaços. As imagens simbolizam a guinada do ótimo cantor dos grupos Soundgarden e Audioslave neste disco produzido por Timbaland. Distante do rock, sobretudo do grunge que o projetou no Soundgarden, Cornell diluiu sua guitarra em meio às batidas e aos efeitos eletrônicos urdidos pelo produtor. O som ouvido em Scream vai enojar os roqueiros, mas o fato é que Timbaland deu pulsação vibrante às músicas de Cornell. A seqüência inicial do álbum - com Part of me, Time e Sweet Revenge - é especialmente envolvente. O pique nem sempre se mantém ao longo das demais dez faixas que compõem o repertório. Mais perto do pop e não tão próximo do r & b, apesar dos inevitáveis flertes com o gênero, Scream tem seu valor, ainda que por vezes também faça o som de Cornell soar trivial, uma vez que a receita de Timbaland já foi requisitada até por Madonna. Se fosse o disco de outro artista, Scream talvez até fosse recebido com boa dose do entusiasmo destinado ao último álbum de Justin Timberlake, por exemplo. Só que Justin veio de uma boyband que todos desprezam e Cornell foi projetado num grupo cultuado pelos roqueiros dos anos 90. O fato é que Scream somente vai encontrar admiradores se for analisado sem a perspectiva histórica da carreira de Chris Cornell.

Primeiro álbum de João Nogueira enfim em CD

Dentre os dez títulos até então inéditos em CD que foram reeditados pela EMI Music neste mês de março de 2009, um dos mais raros e pouco conhecidos é o álbum João Nogueira, o primeiro LP do compositor. Nogueira (1941 - 2000) estreou no mercado fonográfico em 1972 no rastro das gravações de sambas de sua autoria por Elizeth Cardoso (Corrente de Aço) e Eliana Pitman (Das 200 para Lá). João Nogueira, o disco, apresenta um compositor ainda em formação - o álbum seguinte, E La Vou Eu, editado em 1974, já representaria salto qualitativo na obra autoral do criador de Batendo a Porta - e um cantor que ainda burilava seu estilo personalíssimo de interpretação. Arranjado com elegância pelo maestro Lindolfo Gaya, o repertório destaca Heróis da Liberdade (samba-enredo Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira), Mãe Solteira (Wilson Batista e Jorge de Castro) e Pr'um Samba (Egberto Gismonti), entre temas da lavra ainda irregular (mas já promissora!) do saudoso compositor.

Show de Toquinho e MPB-4 é editado em DVD

Três meses depois de editar o CD com o registro ao vivo do show 40 Anos de Música, que reuniu Toquinho ao grupo MPB-4, a gravadora Biscoito Fino põe nas lojas o DVD, que, além de apresentar 10 números a mais (são 27 enquanto o CD reúne 17), traz nos extras cenas de bastidores e alguns takes dos ensaios realizados no estúdio da Biscoito Fino e no Teatro FECAP (SP), onde a gravação ao vivo foi captada em 25 e 26 de setembro de 2008. Números como O Cio da Terra (Milton Nascimento e Chico Buarque), Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque), Samba do Avião (Tom Jobim), Que Maravilha (Toquinho e Jorge Ben Jor) e Amigo É pra Essas Coisas (Silvio Silva Jr e Aldir Blanc) são faixas incluídas somente no DVD.

30 de março de 2009

Milton encaixota CDs da Sony com DVD inédito

Com o aval de Milton Nascimento, a Sony Music prepara caixa com os seis CDs do cantor que pertencem ao seu acervo. De bônus, a caixa vai trazer um DVD com a inédita gravação ao vivo de show feito pelo artista no Montreux Jazz Festival, na Suíça. Os discos lançados por Milton na Sony são Yauaretê (1987), Miltons (1988), Txai (1990) e O Planeta Blue na Estrada do Sol (1991). Contudo, a companhia também vai incluir na caixa dois títulos de jazz relacionados ao artista: Native Dancer (disco do saxofonista Wayne Shorter, de 1975) e Brazilian Romance (álbum lançado por Sarah Vaughan em 1987). Vale lembrar que Milton já teve embalados em duas luxuosas caixas os discos que lançou na EMI-Odeon (entre 1969 e 1978) e na companhia hoje intitulada Universal Music (entre 1979 e 1986). Apenas os títulos da Sony Music não haviam ganhado reedições caprichadas em CD.

Marisa figura mais uma vez em trilha de novela

Figura fácil em trilhas de novelas da Rede Globo, Marisa Monte vai ter mais uma música veiculada em um folhetim exibido pela emissora carioca. Mais uma Vez - canção que a artista incluiu em 1996 no DVD Barulhinho Bom e que reviveu no show Universo Particular, captado ao vivo em registro editado em 2008 no kit de CD e DVD Infinito ao meu Redor - está na trilha sonora de Caras & Bocas, próxima trama do autor Walcyr Carrasco, que tem estréia programada para 13 de abril de 2009. A difusão de Mais uma Vez na nova novela das 19h deverá inflar as vendas de Infinito ao meu Redor, que fechou 2008 com 160 mil cópias vendidas - cifra respeitável diante da crise fonográfica.

Dominguinhos, Luã e Cezinha no balaio de Elba

Dominguinhos está presente em dose tripla na ficha técnica do CD comemorativo dos 30 anos de carreira de Elba Ramalho, Balaio de Amor, nas lojas em abril de 2009 com distribuição da gravadora Biscoito Fino. Além de ser o autor das músicas Ilusão Nada Mais (composta com o poeta Fausto Nilo) e Riso Cristalino, Dominguinhos canta e toca acordeom na segunda, parceria do sanfoneiro com Climério Ferreira. Balaio de Amor conta com outra participação bem familiar para Elba: o filho da cantora, Lua Ramalho Mattar, toca guitarra na faixa Seu Aconchego (Terezinha do Acordeom e Junior Vieira). Já o produtor do disco, Cezinha do Acordeom, assina Recado (em parceria com Fábio Simões) e canta com Elba É Só Você Querer, música de Nando Cordel. Por sua vez, Spok - o maestro da pernambucana Spok Frevo Orquestra, com a qual Elba pretende dividir CD a ser lançado ainda em 2009 (o disco dedicado ao repertório de Zé Ramalho ficou para 2010) - toca sax em Bebedouro e Se Tu Quiser. Detalhe: a foto acima - de Renato Filho - faz parte do encarte do álbum. Eis as 14 músicas e os respectivos autores dos xotes e baiões desse 30º disco de Elba:
Fuxico (Flávio Leandro)
Um Baião Chamado Saudade(Petrúcio Amorim e Rogério Rangel)
Riso Cristalino (Dominguinhos e Climério Ferreira)
Não lhe Solto Mais (Antonio Barros e Cecéu)
Me Dá seu Coração (Accioly Neto)
Oferendar (Xico Bizerra)
É Só Você Querer (Nando Cordel)
Recado (Cezinha e Fábio Simões)
D'Estar (Eliezer Setton)
Ilusão Nada Mais (Dominguinhos e Fausto Nilo)
Se Tu Quiser (Xico Bizerra)
Seu Aconchego (Terezinha do Acordeom e Junior Vieira)
Bebedouro (Maciel Melo e Anchieta Dali)
Quem É Você (Jorge de Altinho)

Alceu recai no 'Forró Lunar' com Trio Virgulino

Composição de Alceu Valença que deu título ao álbum lançado pelo artista em 2001, Forró Lunar ganha regravação do Trio Virgulino. O registro foi feito no estúdio da gravadora Som Livre, no Rio de Janeiro (RJ), com a participação do próprio Alceu (visto na foto de Eny Miranda ao lado de Enok, sanfoneiro do trio). Intitulado Isso Aqui Tá Bom Demais, o novo disco do Trio Virgulino - formado Roberto (zabumba) e Adelmo (triângulo), além de Enok - vai ser editado em maio pela gravadora LGK Music.
E por falar em Alceu Valença, a cantora Ana Diniz - conterrânea do compositor pernambucano - gravou música do artista, Olinda, em seu ainda inédito segundo álbum, Onde Eu Canto, um Galo Canta. Como o antecessor Cocos, Cirandas e Canções (2007), o CD tem produção de Roberto Lessa. Será editado ainda este ano.

Filme sobre mundo real do Gorillaz sai em DVD

Já exibido em festivais europeus, o filme Bananaz - que narra em 91 minutos as aventuras do grupo virtual Gorillaz pelo mundo real - vai ser editado em DVD em junho de 2009 pela EMI Music. Para documentar o cotidiano da banda criada por Damon Albarn, do grupo Blur, o cineasta Ceri Levy filmou shows e bastidores da carreira do Gorillaz entre 2000 e 2006. A edição em DVD vai exibir The Bananaz Home Movie Club, bônus que apresenta (mais de) uma hora de cenas excluídas da versão final do documentário.

29 de março de 2009

A capa e as dez inéditas do álbum de Bob Dylan

Esta é a capa do 46º título da discografia de Bob Dylan, Together Through Life, produzido pelo próprio artista sob o recorrente pseudônimo de Jack Frost. Nas lojas em 27 de abril, o álbum apresenta dez inéditas autorais do compositor, que se motivou a gravar o CD por conta da criação da música Life Is Hard para a trilha sonora do próximo filme do cineasta francês Oliver Dahan. Eis, na ordem, as dez faixas inéditas de Together Through Life:
1. Beyond Here Lies Nothin'
2. Life Is Hard
3. My Wife's Home Town
4. If You Ever Go to Houston
5. Forgetful Heart
6. Jolene
7. This Dream of You
8. Shake Shake Mama
9. I Feel a Change Comin' On
10. It's All Good

Winehouse recorre a produtor de 'Back to Black'

Amy Winehouse teria recorrido ao produtor Mark Ronson - piloto de seu celebrado segundo álbum, Back to Black (2007) - para tentar solucionar o impasse com a gravadora Island Records, que teria rejeitado o repertório pré-produzido pela cantora para seu terceiro álbum por conta de suposta ênfase no reggae e pelo tom excessivamente sombrio das letras. Ronson, que se afastara de Winehose por causa do envolvimento da artista com as drogas, teria aceitado reformatar o material. Contudo, tais informações - veiculadas pelo populista jornal inglês The Sun - são extra-oficiais.

Lady Gaga divaga sobre fama com electro-pop

Resenha de CD
Título: The Fame
Artista: Lady Gaga
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Queridinha do rapper Akon, Lady Gaga é o nome artístico de Stefani Joanne Germanotta, uma garota de Nova York (EUA) que acabou de completar 23 anos às voltas com a turnê promocional de seu primeiro álbum, The Fame, badalado na cena eletrônica em escala mundial por conta do sucesso do ótimo single que o precedeu, Just Dance. Editado no exterior desde outubro de 2008, o álbum aporta no mercado nacional neste mês de março de 2009. Gaga - assim batizada em alusão a um hit do Queen, Radio Gaga - não reinventa a roda do electro-pop dance. Mas transita pelo gênero com competência em músicas autorais como Lovegame e Beautiful, Dirty, Rich. Fiel à receita das pistas norte-americanas, seu pop sintetizado flerta com o r & b e com o rap em temas como Starstruck - faixa no qual figuram space Cowbot e Flo Rida. Em outra latitude, Eh, Eh (Nothing Else I Can Say) acena para o eurodance pop. Conceitualmente, o álbum versa sobre os (dis)sabores da fama, como já explicitam seu título e os nomes de algumas músicas. Entre elas, Paparazzi, balada turbinada com beats eletrônicos. The Fame chega ao Brasil com faixa-bônus, Disco Heaven, que evoca a disco music dos anos 70. Contudo, o som de Lady Gaga, embora seja contemporâneo, está enraizado na década de 80 e na música de Madonna, referência imediata e óbvia quando se ouve o disco - bom, mas nada original.

Trilha de novela segue o caminho pop da Índia

Resenha de CD
Título: Caminho das
Índias - Indiano
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Diversos caminhos musicais levam à Índia. A trilha sonora da boa novela Caminho das Índias dedicada aos temas do país dos mantras segue o caminho mais pop. Da Índia artificial apresentada na trama de Glória Perez, somente a música da região é verdadeira. Através da novela, o Brasil tomou conhecimento do bhangra, um festivo estilo de música indiana que virou fenômeno pop por conta de sua ampla utilização por Bollywood, a indústria de cinema que projetou nas paradas nomes como Sukhwinder Singh e Sunidhi Chauhan, intérpretes de Beedi, o tema de abertura do folhetim global, presente tanto no disco que reúne as músicas brasileiras tocadas na novela (já nas lojas) como no recém-lançado CD Caminho das Índias - Indiano. Chauhan - cantora com grande fã-clube na Índia - também interpreta Sajna Ve Sajna.

Este segundo disco da novela vai pela trilha mais dançante, longe do tom meditativo comumemente associado à música indiana. Exemplo perfeito dessa vertente é Kajra Re, tema pop entoado pela cantora Alisha Chinai, propagada na Índia em 2005 pelo filme Bunty Aur Babli. Para ouvidos brasileiros, a batida do bhangra pode até soar repetitiva ao longo das 11 faixas do CD (algumas são longa e duram mais de sete minutos). Contudo, a trilha sonora é bem-vinda oportunidade para o ouvinte tomar conhecimento da música contemporânea da Índia, até então ignorada no Brasil. Até uma balada romântica como Main Vari Vari - entoada por duas cantoras, Kavita Krishnamurti e Reena Bhardwaj - ostenta pulsação mais vibrante. A Índia também é pop.