17 de maio de 2008

Musical sobre Elizeth está longe de ser divino...

Resenha de musical
Título: Divina Elizeth
Autor: João Falcão
Diretor: João Falcão
Elenco: Anna Pessoa, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Claudio Galvan, Daniela Fontan, Dhu Moraes e Pedro Lima
Em cartaz no Theatro Shopping Frei Caneca (SP) até 18 de maio de 2008
Estréia no Rio de Janeiro agendada para junho
Cotação: * * 1/2

Cantora de apurado rigor estilístico, Elizeth Cardoso (1920 - 1990) teve trajetória digna de um musical. Tanto na vida pessoal - repleta de atribulações afetivas - como na profissional. Talhada para os palcos, a biografia da intérprete é evocada de forma esmaecida no musical Divina Elizeth, escrito e dirigido por João Falcão. Cinco atrizes, que se alteram no papel de Elizeth, e dois atores apresentam cerca de 40 músicas em meio a uma narrativa pontuada por breves citações de acontecimentos que marcaram a vida da artista. Não há uma linha dramática. As citações biográficas são apenas flashes episódicos que jogam pálida luz sobre a trajetória da artista, cuja importância na música brasileira é mal-dimensionada no espetáculo. Elizeth foi demais...
Sem o amparo de um enredo consistente, os números musicais comentam, em sua maioria fora do contexto original, os frágeis fragmentos biográficos que não chegam a constituir uma ação dramática. Exemplo: para evocar a atmosfera efervescente da Praça Tiradentes (RJ) dos anos 40, o cantor Pedro Lima interpreta em clima lírico Luz e Esplendor, tema de Valter Queiroz que deu título a um LP lançado por Elizeth em 1986. Mesmo as músicas apresentadas em seu contexto original, como Chega de Saudade, não amenizam a superficialidade do texto, que menciona de forma insuficiente a gravação em 1958 de álbum, Canções do Amor Demais, emblemático na biografia de Elizeth e da própria música brasileira por gravar o violão de João Gilberto pela primeira vez.
Reeditar em cena o registro vocal irretocável de Elizeth é tarefa ingrata a que se submetem as cinco boas cantoras que se rezevam na pele da Divina. A ex-Frenética Dhu Moraes se apresenta de forma bem satisfatória e seduz em dois belos solos, Melodia Sentimental e Canção de Amor, o marco inicial da carreira de Elizeth, em 1950, que ganha na seqüência interpretação coletiva do afinado elenco. Anna Pessoa também brilha em temas mais complexos como Derradeira Primavera e a Ária 1 (Cantilena) das Bachianas Brasileiras 5, encarada majestosamente por Elizeth no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro-RJ na década de 60.
No que diz respeito à obra fonográfica da cantora, Divina Elizeth sequer faz referência à existência de álbuns históricos, como Elizeth Sobe o Morro (1965), e à presença definidora de Hermínio Bello de Carvalho na discografia da artista. Se o espetáculo resulta agradável, é pela empatia do repertório e pela garra do elenco. Exceto em alguns poucos números, como Barracão, samba cantado no encerramento, não há no musical a aura de encantamento que costuma adornar os espetáculos do gênero estruturados em biografias de ídolos da música brasileira.

DVD documenta parceria de Beatles com Soleil

Incansável na exploração mercadológica da (ainda) resistente beatlemania, a Capitol Records lança em 24 de junho o DVD All Together Now, que documenta a parceria dos Beatles com o Cirque du Soleil, que gerou o CD e o espetáculo Love. O vídeo detalha o processo de criação e produção do musical. É para fãs...

Duas novelas propagam a obra de Gonzaguinha

Gonzaguinha (1945 - 1991) está no ar. Literalmente. Duas das três novelas exibidas atualmente pela Rede Globo - Ciranda de Pedra e Duas Caras - propagam músicas do compositor em suas aberturas. Coincidentemente, ambos os belos temas são de 1980. O samba E Vamos à Luta - ouvido em Duas Caras no registro do próprio autor - deu título ao LP lançado por Alcione em 1980, mesmo ano em que Elis Regina (1945 - 1982) registrou em estúdio seu show Saudade do Brasil, cujo roteiro incluía Redescobrir, a música rebobinada diariamente na tal abertura de Ciranda de Pedra na voz imortal da Pimentinha.
A revalorização da obra de Gonzaguinha é mais do que justa. Primeiro, por conta do alto valor dessa obra. Segundo, porque o compositor sempre foi odiado por parcela expressiva de críticos por conta de suas opiniões firmes que, volta e meia, batiam de frente com o sistema. Gonzaguinha nunca bateu continência para a mídia e, por isso mesmo, é emblemático que essa mesma mídia esteja revalorizando sua obra. Gonzaguinha merece tal exposição.

Warner lança no Brasil ao vivo de Rice de 2003

Lançado em 4 de dezembro de 2007, o CD Live From the Union Chapel é um registro ao vivo gravado por Damien Rice em 2003 durante a turnê promocional de seu sublime primeiro álbum, O. O CD está sendo editado no Brasil com cinco meses de atraso e tem poucos atrativos, apesar de trazer, em suas oito faixas, quatro músicas ausentes do disco que o originou (Baby Sister, Be my Husband, Then Go e o cover de Silent Night). Mesmo porque o trovador irlandês já lançou outro registro ao vivo mais atualizado, Live at Fingerprints Warts & All , que engloba músicas de seu segundo álbum, 9, e permanece inédito no mercado nacional. Detalhe: a edição de Live From the Union Chapel é pobre. Não há encarte e a capa se assemelha à de um SMD. Mas o som é bom...

16 de maio de 2008

Roberta grava Sueli Costa para trilha de novela

Roberta Sá (à direita numa imagem de Paulo Vainer) regravou a canção que deu título ao último álbum de Sueli Costa, Amor Blue (2007), para a excelente trilha sonora da novela Ciranda de Pedra, que acabou de estrear na Rede Globo no horário das 18h. Daniel Gonzaga e Diogo Nogueira também fizeram gravações especialmente para a trilha. Daniel pôs voz em Rapaz de Bem, a música de Johnny Alf. Já Diogo recordou Tiro ao Álvaro, o samba de Adoniran Barbosa (1910 - 1982). Eis as 18 músicas e os respectivos intérpretes do CD Ciranda de Pedra, que chegará às lojas neste mês de maio, pela gravadora Som Livre:

1. Chovendo na Roseira - BR6
2. Chega de Saudade - Tom Jobim
3. E Daí? - Gal Costa
4. Amor Blue - Roberta Sá
5. Brigas Nunca Mais - Milton Nascimento e Jobim Trio
6. Com Essa Cor - Monique Kessous
7. Manhã de Carnaval - Paula Morelenbaum
8. Trevo de Quatro Folhas - Fernanda Takai
9. Três - Adriana Calcanhotto
10. Queda - Márcia Castro e Celso Fonseca
11. Tiro ao Álvaro - Diogo Nogueira
12. Quando Esse Nego Chega - Zélia Duncan
13. Chiclete com Banana - Gilberto Gil e Marjorie Estiano
14. Chegou a Bonitona - Luiz Melodia
15. Uma História pra Ficar - The Originals
16. Rapaz de Bem - Daniel Gonzaga
17. Por Toda Vida - Cláudio Lins
18. Redescobrir - Elis Regina

Kurosawa e Japão inspiram nova peça de Arrigo

Arrigo Barnabé (em foto de Edson Kumasaka) vai apresentar novo tema musical, Viver, na abertura do ciclo Crisantemúsica - Reflexos da Imigração Japonesa, agendada para terça-feira, 20 de maio de 2008, na sede paulista do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A série celebra os 100 anos de imigração japonesa no Brasil. Para compor a peça Viver, Arrigo se inspirou no filme homônimo do cineasta Akira Kurosawa (1910 - 1998) e na música contemporânea japonesa de Minoru Miki. A apresentação é única.

Bebeto Alves apresenta inéditas em 'Devoragem'

Parceiro do conterrâneo Antonio Villeroy em duas das melhores músicas gravadas por Ana Carolina, Uma Louca Tempestade e Manhã, o compositor gaúcho Bebeto Alves (foto) - em atividade no mercado fonográfico desde 1981 e radicado no Rio de Janeiro (RJ) desde 2005 - apresenta produção inédita em seu novo álbum, Devoragem. Já disponível no site iMúsica para download legal, o disco reúne 12 faixas autorais e conta com a participação da cantora gaúcha Luciana Pestano em Se Eu Soubesse, parceria de Bebeto com Reinaldo Arias. Eis as 12 músicas do CD Devoragem:
1. O Demolidor
2. Periferia
3. Líquido
4. Tchau
5. Se Eu Soubesse
6. Devim
7. Pedra Pedrinha
8. Devoragem
9. Globalización
10. Why?
11. Naval
12. Osseva

Bonadio contrata 'rapper' para a Arsenal Music

Produtor de alguns dos grupos de rock mais populares entre o público jovem, Rick Bonadio vai investir no rapper Túlio Dek. O artista goiano - radicado no Rio de Janeiro (RJ) - já pertence oficialmente ao elenco da Arsenal Music (gravadora vinculada à multinacional Universal Music) e vai lançar seu primeiro CD em agosto, com produção dividida entre DJ Cuca e, claro, o próprio Bonadio. Na foto de Rogério Bolzan, o produtor (à esquerda) posa com o rapper durante a assinatura do contrato, em São Paulo (SP).

15 de maio de 2008

Caetano seduz e polemiza com experimentação

Resenha de show
Título: Obra em Progresso
Artista: Caetano Veloso
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 14 de maio de 2008
Cotação: * * *

De certa forma, o título do show que Caetano Veloso estreou na noite de ontem, 14 de maio de 2008, já isenta o artista de responsabilidade pelo acabamento final do que vai ser apresentado na casa carioca Vivo Rio durante mais cinco quartas-feiras de maio e junho (a próxima apresentação está agendada para 28 de maio). Obra em Progresso é um show em gestação e o embrião, em tese, vai originar o próximo álbum do compositor. Isso explica a ausência de cenário e a iluminação meramente funcional. Toda a luz foi jogada sobre as experimentações de músicas, timbres e arranjos. E o fato é que Caetano Veloso soube seduzir (e até polemizar) com espetáculo de contorno inacabado.
A gênese do som reside na banda Cê, formada por Pedro Sá (guitarra), Marcelo Calado (bateria) e Ricardo Dias Gomes (baixo). A sonoridade indie do trio deu à luz em 2006 o CD , um dos títulos mais festejados e superestimados da discografia de Caetano Veloso. O show reedita a timbragem do álbum sem alterações substanciais. E, como atestam inéditas como Perdeu (samba torto de tom sombrio) e A Cor Amarela (o tema de maior vivacidade rítmica dentre a safra nova), o que importa mais neste momento de Caetano é o adorno das canções do que as músicas. Tarado ni Você, por exemplo, é das mais pobres da obra grandiosa do autor.
Obra em Progresso deixa entrever a possível existência de um disco centrado em sambas de base rítmica estruturada a partir do toque da guitarra de Pedro Sá. Em arranjo primoroso, Desde que o Samba É Samba exemplifica essa tendência. A propósito, a célula rítmica do samba está presente no arranjo de Pé da Roseira, um dos números mais bem-acabados do show. A música de Gilberto Gil foi lançada pelo autor em disco tropicalista numa gravação urdida com o toque genial dos Mutantes. Como Caetano assume em cena, ele e Pedro Sá (per)seguem o arranjo do registro original.
Após Pé da Roseira, a entrada em cena dos baianos Eduardo Josino e Josino Eduardo - os percussionistas gêmeos que tocaram com Caetano no álbum Noites do Norte (2000) - encorpa a banda e dá o tom de músicas como a inédita Por Quem, sustentada pelo cantor num falsete que atesta forma vocal invejável para seus 65 anos. Na seqüência, O Leãozinho arranca - já nos primeiros acordes - aplausos entusiásticos da parte da platéia que ansiava por hits que, a rigor, foram escassos. A inclusão da música de 1977 foi um mimo para o jogador Ronaldo Nazário, fã do tema composto por Caetano com inspiração na beleza de Dadi. O afago ao esportista seria completado com a lembrança da bela e poética Três Travestis - pretexto para o discurso em defesa do atleta envolvido em escândalo com travestis. Senso de oportunidade à parte, a canção é mesmo bonita e merecia sair do esquecimento.
Com seu habitual faro para criar e ser notícia, Caetano tirou também do baú um samba machista lançado por Noel Rosa em 1937 na voz de Araci de Almeida. O Maior Castigo que Eu te Dou entrou no roteiro - no já habitual bloco de voz e violão feito pelo intérprete em seus shows - como uma provocação às feministas que lutaram na Justiça para ganhar indenização da empresa Furacão 2000 por conta da propagação dos versos de Um Tapinha Não Dói, funk que Caetano já citou no show Noites do Norte após cantar Dom de Iludir. A indignação tem razão de ser...
Da safra de novidades, Sem Cais é parceria com o guitarrista Pedro Sá. Base de Guantánamo incorpora alfinetadas políticas nos Estados Unidos em discurso quase falado. São músicas que vão crescer na medida em que a obra inédita continuar em progresso.

Roteiro de Caetano combina Noel, Gil e Cazuza

Flexível, pois é ajustado de acordo com a escolha de cada convidado (o da estréia foi a dupla Jorge Mautner e Nelson Jacobina), o roteiro do novo show de Caetano Veloso, Obra em Progresso, combina seis inéditas do compositor com números de seu espetáculo anterior, , e com músicas inusitadas de Cazuza, Gilberto Gil e Noel Rosa. Eis o roteiro apresentado pelo cantor na estréia - em 14 de maio de 2008 - na casa Vivo Rio (RJ):

1. Perdeu (Caetano Veloso) - inédita
2. You Don't Know me (Caetano Veloso)
3. Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso)
4. Pé da Roseira (Gilberto Gil)
5. Tarado ni Você (Caetano Veloso) - inédita
6. Por Quem (Caetano Veloso) - inédita
7. Base de Guantánamo (Caetano Veloso) - inédita
8. O Leãozinho (Caetano Veloso)
9. Não me Arrependo (Caetano Veloso)
10. Minha Flor, meu Bebê (Cazuza)
11. Três Travestis (Caetano Veloso)
12. O Maior Castigo que Eu te Dou (Noel Rosa)
12. Como Dois e Dois (Caetano Veloso)
13. Sem Cais (Caetano Veloso e Pedro Sá) - inédita
14. Homem (Caetano Veloso)
15. Todo Errado (Caetano Veloso)
16. Eu Não Peço Desculpa - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
17. Vampiro - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
18. Manjar de Reis - com Jorge Mautner e Nelson Jacobina
19. Odeio (Caetano Veloso)
20. Nosso Estranho Amor (Caetano Veloso)
21. A Cor Amarela (Caetano Veloso) - inédita
Bis
22. Deusa Urbana (Caetano Veloso)
23. Cajuína (Caetano Veloso)

Caetano linka música de 1982 ao caso Ronaldo

Não bastasse o fato de ser um novo show de Caetano Veloso e de incluir músicas inéditas no roteiro (entre elas, A Cor Amarela, Perdeu e Por Quem), Obra em Progresso já tem garantida ampla repercussão para sua estréia - realizada na noite de quarta-feira, 14 de maio de 2008, na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Com aguçado senso de oportunidade, o cantor inseriu no roteiro música antiga de sua autoria, Três Travestis, composta para Ney Matogrosso, mas gravada por Zezé Motta em raríssimo compacto de 1982. Como a platéia percebeu logo nos primeiros versos, recebidos com risos que fizeram o intérprete perder a concentração a ponto de ter que recomeçar o número, Caetano queria associar a (bela) canção ao recente envolvimento do jogador Ronaldo Nazário com três travestis. Link confirmado pelo polêmico compositor em longo discurso proferido após a música.
"Como é semanal, esse show tem o aspecto jornalístico de ser estimulado pelo que acontece na semana. Com o negócio do Ronaldo, a canção foi procurada na internet. Ela tem poesia. O futebol de Ronaldo é poesia. E a poesia tem que se impor! A parte íntima (do envolvimento do jogador com os travestis), não interessa a ninguém. Só a ele (Ronaldo) e à namorada dele, que espero que o perdoe. A vida é bonita e complexa. Eu entendo o que o Ronaldo disse. Ele não quis dar dinheiro porque estava sendo ameaçado. Isso é coisa de um craque que age como um craque. Ele não precisava pedir perdão. Qual o problema? Ele não tem que dar explicação para nós", discursou Caetano em cena, ressaltando que a música em questão estava "cheia de carinho" pelos travestis (ele se referia aos travestis em geral e não aos três que se envolveram com o jogador). Enfim, a obra e a língua de Caetano Veloso continuam em progresso... Para deleite da mídia...

Zizi pega o barquinho da bossa com Menescal

Sete anos depois de evocar a velha bossa de forma nada ortodoxa num de seus discos mais sofisticados, Bossa, Zizi Possi pegou o barquinho na companhia de Roberto Menescal, convidado do décimo dos 12 shows da série Cantos e Contos, apresentada e gravada pela cantora às terças-feiras na casa Tom Jazz, em São Paulo (SP), para futura edição em CD e DVD. Com Menescal (com Zizi na foto de Ronaldo Aguiar), a artista cantou músicas como Dindi, Bye Bye Brasil e, claro, O Barquinho - o maior clássico da parceria do compositor e guitarrista com Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994). Eis o roteiro do show feito por Zizi em 13 de maio de 2008, com surpresas como Magia (tema de Roberto Livi e Roberto Menescal, gravado por Zizi para a abertura da novela O Astro, mas preterido em favor de música de João Bosco), Dois Corações (parceria de Waldemar Gomes e Herivelto Martins, gravada por Luiz Gonzaga) e Sem Você, de Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown:
1. Dois Corações
2. Amor da Minha Vida
3. Gostoso Veneno
4. Nunca
5. Sei Lá, Mangueira
6. Se Tudo Pode Acontecer
7. Sem Você
8. Retrato em Branco e Preto
9. Eu Preciso Aprender a Só Ser
10. Você - com Roberto Menescal
11. Isaura - com Roberto Menescal
12. A Vida Corre - com Roberto Menescal
13. Minha Namorada - com Roberto Menescal
14. You've Changed - com Roberto Menescal
15. Dindi - com Roberto Menescal
16. Magia - com Roberto Menescal
17. Não Dá Mais - com Roberto Menescal
18. O Barquinho - com Roberto Menescal
19. Bye Bye Brasil - com Roberto Menescal
Bis:
20. Isaura - com Roberto Menescal
21. O Barquinho - com Roberto Menescal

14 de maio de 2008

Sai de cena Taffo, bom guitarrista do pop nativo

Um dos mais virtuosos guitarristas do pop rock brasileiro, com passagens por bandas como Made in Brazil e Joelho de Porco, Wander Taffo saiu de cena na manhã desta quarta-feira, 14 de maio de 2008, vítima de enfarte. O músico iria fazer 54 anos no sábado, 17 de maio. Taffo viveu sua fase de maior sucesso popular nos anos 80 como integrante da banda Rádio Táxi, que emplacou hits radiofônicos como Garota Dourada, Eva e Sanduíche de Coração. O guitarrista saiu do Rádio Táxi em 1986 para seguir carreira solo. Duas décadas depois, Taffo reativou o grupo para a gravação de DVD e CD ao vivo. Como músico contratado, ele tocou com nomes como Rita Lee e Cássia Eller (1962 - 2001). Diretor da EM & T (Escola de Música e Tecnologia), o artista planejava retomar sua banda, Taffo. O rock está de luto...

Morto há dez anos, Sinatra simboliza uma era

Morto há exatos dez anos, em 14 de maio de 1998, Frank Sinatra permanece como o símbolo máximo de canto masculino de uma era pré-pop. Além da arte da interpretação, a Voz dominou a arte de viver. A coletânea ora editada pela Warner Music - Nothing But the Best, com 22 gravações feitas pelo mestre em sua gravadora, a Reprise Records, fundada por ele em 1960 para se dissociar da Capitol Records - oferece pálida amostra de sua arte maior, a do canto. Inclusive a gravação alardeada como inédita, Body and Soul, traz a rigor de novo somente a orquestração, conduzida por Frank Sinatra Jr., o filho do astro. Nada relevante...
Nothing But the Best rebobina algumas das gravações mais emblemáticas da obra fonográfica de Sinatra - entre elas, My Way e Theme from New York, New York. Contudo, a partir dos anos 60, o cantor foi perdendo progressivamente a aura de modernidade que envolveu sua voz na fase inicial na Columbia e, sobretudo, no período áureo vivido na Capitol, quando sua emissão vocal já estava completamente depurada e aliada ao suingue nato do intérprete. Ainda assim, a compilação realça a capacidade de Sinatra (1915 - 1998) de não perder seu público e de acompanhar seu tempo. Até porque a importância deste majestoso crooner nunca residiu somente em suas raras qualidades vocais - como a dicção perfeita. Sinatra foi a mais perfeita tradução de uma América pré-pop e pré-rock. Depois de Elvis Presley (1935 - 1977), teve início outra era. Outra História...

Toller encanta e Diogo erra no bar dos teletemas

Resenha de gravação de CD / DVD
Título: Um Barzinho, Um Violão - Novela 70
Artistas: Celso Fonseca, Diogo Nogueira, Dudu Nobre, Fernanda Takai, Herbert Vianna, Isabela Taviani, Lobão, Marjorie Estiano, Moinho, Paula Toller, Pedro Mariano, Tunai e Zélia Duncan
Local: Morro da Urca (RJ)
Data: 13 de maio de 2008
Cotação: * * * 1/2

Bem mais ágil do que a primeira, e com resultado artístico mais apurado, a segunda noite de gravação do CD e DVD Um Barzinho, um Violão - Novela 70 apresentou 14 cantores no palco armado no espaço de shows do Morro da Urca, um dos cartões postais mais lindos do Rio de Janeiro, embora dissociado do conceito de um projeto que visa reviver músicas projetadas em trilhas de novelas exibidas pela Rede Globo nos anos 70. Um dos destaques da segunda noite foi Paula Toller. Acompanhada por violões tocados por Celso Fonseca e Coringa, a abelha rainha encantou com leitura classuda e sóbria de Sonhos (Sem Lenço, Sem Documento, 1977), obra-prima do cancioneiro popular que deu impulso à carreira de Peninha. Caetano não faria melhor...
Sobraram em Paula Toller a segurança e a concentração que faltaram a Diogo Nogueira, responsável pelo momento constrangedor da noite. Desatento, o filho de João Nogueira errou numerosas vezes a letra de Você Abusou (O Primeiro Amor, 1971) - mesmo acompanhando pelo teleprompter os versos do maior sucesso da dupla Antonio Carlos e Jocafi. "Desculpa, gente...", pediu Diogo várias vezes. Seu registro certamente deverá ser bastante retocado em estúdio, já que, a rigor, nenhum take ficou no nível dos gravados pelos demais participantes do projeto.
Antes de Diogo Nogueira, Isabella Taviani se atrapalhou três vezes com a letra de Um Jeito Estúpido de te Amar (O Astro, 1977), mas deu a volta por cima e foi um dos destaques da noite. Gravada por Roberto Carlos em 1976 e já no ano seguinte por Maria Bethânia, a música de Isolda e Milton Carlos é perfeita para o canto exacerbado de Taviani. E ela acertou ao alternar tons suaves com outros mais intensos. Além do mais, justiça seja feita, sua emissão vocal começa a adquirir mais personalidade e a se distanciar do estilo de Ana Carolina. Ponto para a intensa Taviani.
Grande intérprete, Zélia Duncan não cumpriu, desta vez, a alta expectativa (era uma das presenças mais aguardadas pela platéia de convidados) ao recordar Paralelas (Duas Vidas, 1976). Em registro correto e quase linear, Duncan não explorou todas as possibilidades da música de Belchior. Já o grupo Moinho se sentiu em casa ao apresentar Meu Pai Oxalá (O Bem Amado, 1973) pela proximidade com o universo do samba afro-baiano. Por sua vez, Marjorie Estiano - que entrou e saiu do palco cercada de seguranças, com aparato digno de popstar - deu novas nuances a Broto Legal (Estúpido Cupido, 1976), evocando a sonoridade de seu segundo (razoável) álbum, Flores, Amores e Blábláblá.
Presença cada vez mais assídua em shows e projetos alheios, Fernanda Takai surpreendeu ao se acompanhar toscamente ao violão para cantar Pavão Mysteriozo (Saramandaia, 1976) em arranjo que também aglutinou o acordeom tocado por Arthur de Faria. Talvez intimidada pela presença na platéia de Ednardo, autor da música, Takai não chegou a alçar vôo na asa do Pavão, sinalizando que muito do êxito de seu festejado trabalho solo se deve aos barulhinhos bons criados por John Ulhoa e Lulu Camargo. Sem eles, a voz graciosa de Takai fica (bem) minimizada.
Vivaz como sempre, Dudu Nobre trouxe Malandragem Dela (O Espigão, 1974) para o universo do partido alto e obteve boa resposta do público, que marcou na palma da mão o ritmo do samba de Tom e Dito. Já Lobão, que já parece encarnar um personagem, botou a platéia para cantar o refrão de Como Vovó Já Dizia (O Rebu, 1974), improvisando versos para o tema malandro de Raul Seixas (1945 - 1989) e Paulo Coelho. Foi o momento roqueiro da noite. Pedro Mariano, intérprete de Beijo Partido (Pecado Capital, 1975), não obteve receptividade calorosa da platéia. Defendeu bem a música de Toninho Horta - gravada por Nana Caymmi em registro definitivo - mas era tanto o burburinho e a conversa paralela nas mesas que o diretor musical do projeto, Guto Graça Mello, chamou a atenção do público, que, então, escutou o segundo take de Mariano em respeitoso silêncio.
Após Tunai, que cantou Nuvem Passageira (O Casarão, 1976) no tom informal e descontraído dos barzinhos, Margareth Menezes fechou a noite com releitura mais melódica de Filho da Bahia (Gabriela, 1975), samba de roda inadequado para o espírito mais aconchegante do projeto. Com mais acertos do que erros, a gravação da terça-feira, 13 de maio de 2008, resultou até interessante, redimiu o projeto e deixou a sensação de que pode originar bons CD e DVD. O bar dos teletemas tem lá o seu charme...

Herbert saúda força musical e poética dos Valle

Coube a Herbert Vianna - presença bissexta em discos coletivos - abrir a segunda e última noite de gravação do projeto Um Barzinho, um Violão - Novela 70. Sozinho, acompanhando-se ao violão, o cantor interpretou Capitão de Indústria, um dos temas compostos em 1972 por Marcos e Paulo Sérgio Valle para a trilha sonora da novela Selva de Pedra. Aliás, Herbert saudou em cena "a força poética e musical dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio". O artista - que inicialmente iria cantar outra música da dupla, Quarentão Simpático - rebobinou Capitão de Indústria num registro bem mais suave do que o feito pelo grupo Paralamas do Sucesso para o disco 9 Luas (1996) - um dos melhores do trio.

13 de maio de 2008

Barbara busca Brasil pop em 'Nada pra Depois'

Resenha de CD
Título: Nada pra Depois
Artista: Barbara Mendes
Gravadora: Trilhos.Arte
Cotação: * * *

A total predominância de tons verdes e amarelos na capa do quarto CD de Barbara Mendes certamente não é aleatória. Nada pra Depois marca a volta para a casa desta cantora brasileira que se radicou em Nova York (EUA) por dez anos, tendo lançado três discos de distribuição restrita aos Estados Unidos e à Europa. O retorno ao Brasil acontece a reboque de safra irregular de inéditas autorais, em sua maioria compostas por Barbara em parceria com Maurício Oliveira. O timbre da cantora não é marcante, mas ela exibe segurança e bom senso rítmico. Aliás, necessário para o registro da melhor música do disco, Joana, cujo groove - urdido pela percussão da Parede e pela guitarra de Junior Tostói - remete ao universo rítmico de Lenine. Talvez porque, como o artista pernambucano, Barbara ponha sua voz segura sobre um mix de referências pop e regionais que parte do Brasil para o mundo. Entre samba (Vem Cá, gravado com os mesmos músicos que fazem a cozinha dos discos de Zeca Pagodinho) e rock nordestino (Segue Sorrindo), sobressaem duas baladas. E Isso Acontece é da lavra fina de Ivan Lins, que pôs sua voz e seus teclados na faixa. A música-título, Nada pra Depois, é de Barbara com Maurício Oliveira, mas tem o toque de Djavan, convidado da faixa. Nessa linha mais íntima, há também uma leitura mais sensual e menos dramática de Tatuagem, a parceria de Chico Buarque e Ruy Guerra. Embora avalizada por Flávio Venturini, que lança o CD Nada pra Depois por seu selo Trilhos.Arte, Barbara Mendes não pegou a estrada mineira. Sua música soa contemporânea, embora a irregularidade do repertório autoral impeça um brilho maior deste álbum que tem como missão projetar a artista em sua terra.

Taubkin traz obra de Chico para mundo infantil

Mestre na arte da composição, Chico Buarque já concebeu músicas que tangenciam o universo infantil. Entre elas, a Ciranda da Bailarina e a valsa João e Maria, parceria com Sivuca não por acaso incluída na seleção feita pelo pianista Benjamim Taubkin para este gracioso 12º volume da série MPBaby. No disco, editado pela gravadora MCD, Taubkin procura direcionar a obra de Chico para o mundo das crianças (trata-se do primeiro dos 12 CDs da série a ser dedicado a um compositor). Entre as 14 músicas selecionadas, há A Banda, Carolina, Noite dos Mascarados, Sabiá e Samba de Orly. Além de reproduzir as letras das composições, o encarte traz ilustrações que remetem ao universo do futebol, em alusão à paixão de Chico Buarque pelo esporte. Adultos gostarão.

Como chorão, Hamilton toca temas 'brasilianos'

Resenha de CD
Título: Brasilianos 2
Artista: Hamilton de
Holanda Quinteto
Gravadora: Brasilianos
Cotação: ****

Último magistral bandolinista projetado no cenário popular brasileiro, o músico Hamilton de Holanda tem espírito de chorão. E é com esse espírito e com sua habitual vivacidade que, no comando de seu quinteto, Hamilton aborda ritmos como samba (Ano Bom), maracatu-boi (Virtude da Esperança, com envolventes vocais e inspiração captada no universo do escritor Ariano Suassuna), valsa (a pungente Rafaela) e ijexá (Carolina de Carol, com salsa no tempero latino) e samba-canção abolerado (Amor, Saudade Amor - lírico tema dedicado por Hamilton à mulher, Cinara). O bandolim virtuoso do músico reina soberano sem deixar de abrir espaço para solos de tom jazzy feitos pelo gaitista Gabriel Grossi em Tamanduá e pelo violonista Daniel Santtiago em Estrela Negra, tema que evoca o espírito dos afro-sambas de Baden Powell (1937 - 2000) e Vinicius de Moraes (1913 - 1908). Enfim, um grande disco - ainda que nem todas as 12 músicas deste belo Brasilianos 2 estejam à altura do toque extraordinário do bandolim de Hamilton de Holanda. Vale ouvir!!!

Luiza ratifica sua evolução no bar dos teletemas

Resenha de gravação de CD/DVD
Título: Um Barzinho, um Violão - Novela 70
Artistas: Alex Cohen, Casuarina, Elba Ramalho, Jorge Aragão, Jorge Vercillo, Luiza Possi, Marina Elali, Maurício Manieri, Papas da Língua e Zeca Pagodinho
Local: Morro da Urca (RJ)
Data: 12 de maio de 2008
Cotação: * * 1/2

Foram para Luiza Possi os primeiros aplausos genuinamente entusiasmados da platéia que assistiu na noite de segunda-feira, 12 de maio de 2008, à primeira das duas sessões de gravação do CD e DVD Um Barzinho, um Violão - Novela 70, ambos dedicados a sucessos propagados nos folhetins globais na era de ouro da dramaturgia nacional. Com graciosa leitura de Teletema (Véu de Noiva, 1969), música recentemente regravada por Ivo Pessoa para a trilha sonora da novela Sete Pecados, Luiza confirmou no palco armado no Morro da Urca - com vista deslumbrante para a Baía de Guanabara - a evolução que vem mostrando a cada álbum. Além de cantar bem, a filha de Zizi optou por um registro simples e bonito do teletema lançado inicialmente por Evinha e Regininha.
A apresentação de Luiza Possi foi um dos bons momentos de uma noite que também destacou nomes como o grupo Casuarina - à vontade em Meu Drama (Pai Herói, 1979) - e Jorge Vercillo, seguro em Fascinação (O Casarão, 1976). Contudo, a gravação demorou a engrenar - a começar pelo atraso na passagem de som. Saudado como um "mestre do barzinho" pelo diretor musical do projeto, Guto Graça Mello, o cantor Alex Cohen abriu e fechou a noite. No início, ele tentou aquecer a platéia, puxando o coro de músicas como Mentiras e Canteiros. Foi quando Cohen cometeu uma gafe ao avistar Zeca Pagodinho e improvisar Mel na Boca em homenagem ao sambista, esquecido de que a música é um sucesso de Almir Guineto. No fim, como integrante do elenco do projeto pilotado pelo produtor Max Pierre, o cantor reviveu Meu Mundo e Nada Mais (Anjo Mau, 1976) quando a platéia já se dispersava...
Coube a Elba Ramalho fazer o primeiro número oficial da noite. Sem a vivacidade habitual, a cantora pouco pôde fazer por Pombo Correio (Sem Lenço, Sem Documento, 1977) - frevo de Moraes Moreira, de pique carnavalesco destoante do espírito mais intimista da gravação - e acabou recebida com animação burocratizada. Na seqüência, Jorge Aragão - com Lan Lan ao pandeiro - explorou (sem entusiasmo) novas possibilidades harmônicas para Pecado Capital, samba composto por Paulinho da Viola em 1975 para a abertura da novela homônima. Por conta do vaivém do público e dos garçons ao fundo, o número teve que ser feito três vezes - o que valeu bronca sutil na platéia de convidados, dada por um integrante da produção. "Pra bom entendedor, isso é esporro...", arrematou Aragão no momento saia-justa da noite. A idéia era captar imagens com o Rio ao fundo.
Sem causar tanto rebuliço, o grupo gaúcho Papas da Língua mostrou eficiência ao reviver Pensando Nela (Dona Xepa, 1977) como se estivesse numa rodinha de luau à beira-mar. A música de Dom Beto animou o público no registro da banda. Em seguida, Jorge Vercillo evidenciou seus progressos como intérprete ao cantar Fascinação (O Casarão, 1976) com segurança. Seu primeiro take já foi perfeito, mas, como de praxe, Vercillo teve que engatar um segundo para garantir boas tomadas para o vídeo.
Satisfeito por estar defendendo grande samba-enredo de Zé Katimba, Martim Cererê (Bandeira Dois, 1972), Zeca Pagodinho se apresentou na companhia de Mauro Diniz (cavaquinho) e Carlinhos Sete Cordas (violão). O samba pedia um baticum, mas, mesmo sem adequada cozinha, Pagodinho animou o público. Na seqüência, mais ajustado ao espírito de um bar, Maurício Manieri pôs seu fraseado soul em fina sintonia com a natureza de Coleção (Locomotivas, 1977), uma das obras-primas de Cassiano. Sem querer impressionar, Manieri se saiu bem. Já Marina Elali começou Eu Preciso te Esquecer (Locomotivas, 1977) em apropriado tom suave que evocava o registro de Cláudia Telles, intérprete original da balada, mas, no fim, Elali se excedeu em floreios vocais que acabaram dando um caráter over à sua performance - aliás, acentuado pelo figurino cafona e inadequado.
A gravação do projeto sofreu alterações no cronograma. Às voltas com a estréia de seu show Obra em Progresso, Caetano Veloso preferiu cantar Moça (Pecado Capital, 1975) em estúdio. Por conta das gravações da novela Duas Caras, Marjorie Estiano transferiu sua participação para o segundo dia. Que terá o grupo Moinho e Herbert Vianna, também inicialmente agendados para a abertura do barzinho dos teletemas. Tudo leva a crer que a noite desta terça-feira, 13 de maio de 2008, vai superar bem a primeira.

12 de maio de 2008

Djavan edita 'songbook' com suas 185 músicas

Em 1997, o produtor Almir Chediak (1950 - 2003) editou o Songbook Djavan, que reuniu em dois livros partituras de 98 músicas do compositor e gerou três CDs com regravações de 47 temas do artista em registros que, entre solos e duos, mobilizou cerca de 60 artistas. Onze anos depois, já sem a presença aglutinadora de Chediak, Djavan lança por sua editora, Luanda, uma versão diferente e atualizada de seu songbook. A Música de Djavan apresenta em três volumes as partituras (escritas por Ricardo Gilly e revisadas pelo compositor) das 185 músicas compostas por Djavan até o momento. As músicas estão dispostas em ordem cronológica, divididas por disco (ao fim de cada volume, há as músicas cedidas para outros intérpretes e nunca gravadas pelo autor). Textos do jornalista Hugo Sukman - embora pontuados por excesso de elogios hiberbólicos - contextualizam com propriedade cada um dos 17 álbuns de Djavan na discografia do artista. A edição prima pelo requinte. A Música de Djavan é mimo irresistível para admiradores da obra do compositor e vale o investimento de R$ 130 em cada um dos três volumes. Para fãs, aliás, vale o aviso: Djavan está lançando oficialmente o songbook nesta segunda-feira, 12 de maio de 2008, com noite de autógrafos na Livraria Argumento, no Leblon, bairro do Rio de Janeiro (RJ).

R. Kelly tenta limpar imagem no primeiro DVD

Uma das grandes estrelas do universo do hip hop e do r & b, tendo vendido milhões de discos ao longo dos anos 90, o cantor e produtor R. Kelly viu sua carreira entrar numa curva descendente ao ser acusado de crime de pedofilia pelos tribunais norte-americanos. Neste seu primeiro DVD, Live - The Light It Up Tour, lançado no mercado brasileiro pela gravadora Coqueiro Verde, Kelly tenta limpar sua imagem em generoso autoretrato esboçado através de entrevistas e cenas de bastidores apresentadas nos extras. Para fãs do artista, a música vai falar por si no show captado em 2007 no Paramount Theatre, na Califórnia (EUA), durante a turnê The Light It Up Tour. O roteiro resume 15 anos de carreira de R. Kelly e inclui hits como Gigolo e Sex me.

DVD revive o toque único da guitarra de Collins

Em 1992, ao voltar ao Festival de Montreux, Albert Collins (1932 - 1993) contabilizava 60 anos de idade e 40 de carreira. Não viveria muito. No ano seguinte, vítima de um câncer, o cantor e guitarrista de blues saiu de cena. Mas sua última performance no festival suíço pode ser revista no DVD Albert Collins Live at Montreux 1992 - editado no mercado brasileiro pela gravadora ST2. Com o toque único de sua guitarra Fender Telecaster, o artista apresentou músicas de seu último disco, Iceman, e sucessos como Frosty. O DVD rebobina apenas sete números do show, mas, como bônus, há quatro temas extraídos da apresentação feita pelo músico, em 1979, no festival.

Filha de Jair Oliveira inspira sexto álbum do pai

Mal lançou seu primeiro DVD, Simples, por seu selo S de Samba, Jair Oliveira já idealiza um novo CD. O sexto álbum solo do artista terá como musa inspiradora a filha de Jair, Isabella, de menos de um ano. A experiência de ser pai motivou o cantor a planejar um trabalho que terá convidados como Max de Castro, Rogério Flausino, Seu Jorge e Wilson Simoninha - não por acaso, artistas que também passaram recentemente pela experiência de ser pai. Completando o círculo familiar, Jair incluiu no time de convidados a irmã Luciana Mello. O disco vai sair ainda em 2008.

11 de maio de 2008

Grande CD noturno da grande cantora da noite

Resenha de CD
Título: Até Sangrar
Artista: Áurea Martins
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Diplomada na escola da noite carioca, Áurea Martins não teve a carreira e a projeção que merecia. É e sempre foi uma das grandes cantoras nacionais. Foi revelada em 1969 ao vencer a quarta edição do programa de calouros A Grande Chance, comandado pelo polêmico apresentador Flávio Cavalcanti (1923 - 1986), mas acabou circunscrita já nos anos 70 ao círculo dos bares, boates e bailes da vida noturna carioca. Nesta altura da vida da intérprete, o lançamento de seu terceiro álbum não vai corrigir a injustiça sofrida pela artista no mercado fonográfico. Até Sangrar vem se somar a uma espaçada discografia que inclui somente um LP gravado em 1972 com arranjos de Luiz Eça (1936 -1992) e um CD de limitada repercussão editado de forma independente em 2003 - ambos fora de catálogo (o LP nunca foi editado em CD). Contudo, Até Sangrar - álbum concebido por Hermínio Bello de Carvalho e pelo pianista Zé-Maria Rocha - atesta para a posteridade a excelência do canto de Áurea Martins. Grandes arranjadores - Terra Trio, Francis Hime, João de Aquino, João Donato, Cristóvão Bastos e o citado Zé-Maria Rocha - armam a cama para Áurea deitar e rolar na interpretação de repertório de tom amargurado.
O disco tem atmosfera noturna, densa, esfumaçada. É como se Áurea estivesse cantando para seus fiéis ouvintes no escuro de uma boate. E com que maestria ela desfia dores de amores platônicos (Ilusão à Toa, unida por afinidade sentimental a Pensando em ti), amores maltratados (Nada por mim, a parceria de Paula Toller com Herbet Vianna que é a única música de universo mais contemporâneo, unida por afinidade temática a Baralho da Vida, jóia obscura de Ulisses de Oliveira), amores torturados por sentimentos de vingança (Há um Deus, Até o Amargo Fim, Ocultei) e amores eventualmente esperançosos (Sem Mais Adeus, com Áurea acompanhada apenas pelo piano tocado e arranjado por Francis Hime, que ainda volta como cantor em Embarcação, tema que encerra o disco). Em essência, Áurea Martins passeia majestosa pelo universo dolorido do samba-canção. Até Sangrar é daqueles discos em que os intérpretes parecem cantar com um punhal cravado no peito. Não por acaso, Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974) é o autor que predomina em repertório que também inclui Herivelto Martins (1912 - 1992), aliás outro compositor mestre nas dores de amores.
Dentro deste universo sofrido, em que até mesmo a música de João Donato (piano, vocal e arranjo em Até Quem Sabe) adquire aura mais densa, Áurea divide o microfone com colegas que - como ela -também encararam a noite carioca do Rio de Janeiro na primeira metade dos anos 70. Emílio Santiago pôs sua voz aveludada em Valsa Dueto, parceria pouco conhecida de Carlos Lyra com Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Em grande momento, Alcione desfia com a colega os meandros folhetinescos da Vida de Bailarina, sucesso marcante de Ângela Maria na década de 50. No todo, apesar do ranço exageradamente passadista do repertório, Até Sangrar honra a voz de Áurea Martins pela excelência dos arranjos e produção. É o grande CD desta grande cantora da noite.

BR6 irmana Jobim e Gershwins com vivacidade

Resenha de CD
Título: Gershwin & Jobim
Here to Stay - A Capella
Artista: BR6
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Descendente de uma nobre linhagem de grupos vocais brasileiros como Os Cariocas e MPB-4, o BR6 dá passo adiante neste excelente segundo disco em que realça a irmandade das obras do brasileiro Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e da dupla americana de compositores formada pelos irmãos George Gershwin (1898 - 1937) & Ira Gershwin (1896 - 1983). Here to Stay impressiona pelos arranjos vocais cheio de frescor e pela capacidade dos integrantes do sexteto de simular sons de instrumentos musicais com a boca. Como faz Marcelo Caldi, por exemplo, ao imitar o fraseado de um trompete em Fascinating Rhythm, uma das faixas de vocais mais vibrantes. Tem que ouvir!!
Lançado em julho de 2007 nos Estados Unidos e Canadá pelo selo norte-americano NuVision, o segundo álbum do BR6 chega quase um ano depois ao mercado brasileiro via Biscoito Fino, gravadora que lançou em 2005 o primeiro CD do sexteto. A edição nacional de Here to Stay ganha faixa-bônus, Chovendo na Roseira. Por ter sido feito em português, o registro destoa do restante do repertório - gravado em inglês, embora Water to Drink até incorpore os versos originais da letra brasileira de Água de Beber.
O álbum se impõe e seduz já na faixa de abertura, que mixa Waters of March com Rhapsody in Blue. Sempre inusitado, os arranjos vocais já conferem ao álbum um caráter tão diferenciado que nem era preciso tentar transpor algumas músicas de seu universo original. Não funciona bem, por exemplo, a idéia de cantar Someone to Watch over me com o espírito do choro. Em contrapartida, as guitarras de tom roqueiro inseridas em The Girl from Ipanema dão sabor especial ao clássico já tão batido de Tom e Vinicius de Moraes (1913 - 1980). As tais guitarras foram bem simuladas pelos vocais de Crismarie Hackenberg e de Deco Fiori. A propósito, não há sequer um instrumento de verdade no álbum.
Se a junção das músicas de Jobim com as dos Gershwins chega a ser óbvia (e não é à toa que o clarinetista Paulo Moura desenvolveu a mesma idéia em seu CD Pra Lá e Pra Cá, a ser editado ainda neste mês de maio pela Biscoito Fino), a abordagem do BR6 nada tem de previsível. Não dá para dizer que eles modernizaram os 14 grandes temas reunidos no álbum. Afinal, tanto com Jobim como Gershwins construíram obra pautada por modernidade atemporal. Mas há, sim, um frescor neste disco que vai encantar tanto fãs de grupos vocais como admiradores destes compositores, irmãos em sua genialidade. Tanto que eles ficaram.

Disco revela face eletrônica de Sandy, a Miss S

Previsto para o início de junho, o lançamento do disco de estréia do projeto Crossover - que junta o DJ paulista Julio Torres e o violinista Amon-Rá Lima, da Família Lima - vai revelar a faceta eletrônica de Sandy. Sob a alcunha de Miss S., a cantora gravou - há cerca de um ano e meio - a faixa Scandal para o CD, intitulado Humanized. Disponível há tempos na internet, a gravação começou a ser badalada de forma oficial há poucos dias para promover o lançamento do álbum. Scandal é uma electro-house de sotaque pop. Os vocais de Sandy foram filtrados por vocoders e soam robóticos, à moda de algumas gravações de Madonna. A cantora é co-autora do tema, em parceria com Lucas Lima, irmão de Amon-Rá. Mas sua participação em Humanized nada tem a ver com sua carreira solo, programada para ser iniciada em 2009.

Preta pode ter inédita de Lulu em disco ao vivo

Fã de Preta Gil (em foto de seu site oficial), a cujos shows tem assistido com freqüência, Lulu Santos ficou de dar uma música inédita para o novo disco da cantora. A idéia de Preta é fazer um registro de show. Se o projeto for concretizado, o DVD e CD ao vivo deverão ser editados pelo selo de Ivete Sangalo, outra fã da artista, que vem cumprindo temporada de seu show Noite Preta.