Musical sobre Elizeth está longe de ser divino...
Resenha de musical
Título: Divina Elizeth
Autor: João Falcão
Diretor: João Falcão
Elenco: Anna Pessoa, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Claudio Galvan, Daniela Fontan, Dhu Moraes e Pedro Lima
Em cartaz no Theatro Shopping Frei Caneca (SP) até 18 de maio de 2008
Estréia no Rio de Janeiro agendada para junho
Cotação: * * 1/2
Título: Divina Elizeth
Autor: João Falcão
Diretor: João Falcão
Elenco: Anna Pessoa, Beatriz Faria, Carol Bezerra, Claudio Galvan, Daniela Fontan, Dhu Moraes e Pedro Lima
Em cartaz no Theatro Shopping Frei Caneca (SP) até 18 de maio de 2008
Estréia no Rio de Janeiro agendada para junho
Cotação: * * 1/2
Cantora de apurado rigor estilístico, Elizeth Cardoso (1920 - 1990) teve trajetória digna de um musical. Tanto na vida pessoal - repleta de atribulações afetivas - como na profissional. Talhada para os palcos, a biografia da intérprete é evocada de forma esmaecida no musical Divina Elizeth, escrito e dirigido por João Falcão. Cinco atrizes, que se alteram no papel de Elizeth, e dois atores apresentam cerca de 40 músicas em meio a uma narrativa pontuada por breves citações de acontecimentos que marcaram a vida da artista. Não há uma linha dramática. As citações biográficas são apenas flashes episódicos que jogam pálida luz sobre a trajetória da artista, cuja importância na música brasileira é mal-dimensionada no espetáculo. Elizeth foi demais...
Sem o amparo de um enredo consistente, os números musicais comentam, em sua maioria fora do contexto original, os frágeis fragmentos biográficos que não chegam a constituir uma ação dramática. Exemplo: para evocar a atmosfera efervescente da Praça Tiradentes (RJ) dos anos 40, o cantor Pedro Lima interpreta em clima lírico Luz e Esplendor, tema de Valter Queiroz que deu título a um LP lançado por Elizeth em 1986. Mesmo as músicas apresentadas em seu contexto original, como Chega de Saudade, não amenizam a superficialidade do texto, que menciona de forma insuficiente a gravação em 1958 de álbum, Canções do Amor Demais, emblemático na biografia de Elizeth e da própria música brasileira por gravar o violão de João Gilberto pela primeira vez.
Reeditar em cena o registro vocal irretocável de Elizeth é tarefa ingrata a que se submetem as cinco boas cantoras que se rezevam na pele da Divina. A ex-Frenética Dhu Moraes se apresenta de forma bem satisfatória e seduz em dois belos solos, Melodia Sentimental e Canção de Amor, o marco inicial da carreira de Elizeth, em 1950, que ganha na seqüência interpretação coletiva do afinado elenco. Anna Pessoa também brilha em temas mais complexos como Derradeira Primavera e a Ária 1 (Cantilena) das Bachianas Brasileiras 5, encarada majestosamente por Elizeth no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro-RJ na década de 60.
No que diz respeito à obra fonográfica da cantora, Divina Elizeth sequer faz referência à existência de álbuns históricos, como Elizeth Sobe o Morro (1965), e à presença definidora de Hermínio Bello de Carvalho na discografia da artista. Se o espetáculo resulta agradável, é pela empatia do repertório e pela garra do elenco. Exceto em alguns poucos números, como Barracão, samba cantado no encerramento, não há no musical a aura de encantamento que costuma adornar os espetáculos do gênero estruturados em biografias de ídolos da música brasileira.
4 Comments:
Parabens Mauro pela sua crítica, parabéns. Infelizmente,com exceção da ex-Frenética, Dhu Moraes e de Anna Pessoa o resto do elenco é fraco. O roteiro idem, a seleção de músicas idem. Já tinha lido a biografia da Elizeth feita pelo Sergio Cabral e a peça nada trouxe de informação sobre a Divina. Emocionante o grand finale com Barracão. E voce esqueceu de falar dos carrinhos que ficam desfilando pelo palco, um recurso usado em excesso pelo diretor. Uma pena a grande Elizeth não ter merecido um melhor espetáculo. Aguardemos a próxima produção com um diretor mais capaz.
Mauro, só para lembrar que o disco se chama 'Canção do Amor Demais', no singular.
Sempre esperei um musical sobre a Elisete, isso desde que eu assisti o da Dolores Duran, acho que a Marília Pera poderia representar bem a Elisete Cardoso. Bom, mesmo assim, quando chegar ao Rio, eu vou assistir.
Sobre seu texto, você diz que a Du Moraes se apresenta de forma bem satisfatória e logo em seguida diz, que também brilha Ana Pessoa. Então a Dhu Moraes brilha? Mas ela não foi bem satisfatória? Fiquei confuso.
Anonimo das 2:31
Se tiver oportunidade vá assistir a peça. Vale a pena por alguns momentos como os já referidos pelo Mauro. Especialmente pelo final maravilhoso, de arrepiar.
Postar um comentário
<< Home