2 de dezembro de 2006

'Tecnomacumba' é ponto forte na obra de Rita

Resenha de CD
Título:
Tecnomacumba
Artista:
Rita Ribeiro
Gravadora:
Biscoito Fino
Cotação:
* * * *

Dona de forte presença cênica, Rita Ribeiro sempre brilhou mais nos palcos do que nos estúdios, a despeito de ter lançado alguns ótimos CDs como Rita Ribeiro (1997) e Comigo (2001). Nenhum, entretanto, com a pegada de Tecnomacumba, o ponto mais forte da discografia da cantora maranhense. Trata-se do registro de estúdio do (bem-sucedido) show homônimo que vem sendo apresentado pela artista nos últimos anos, com casas lotadas. A gravação faz jus ao espetáculo.

O trabalho é o melhor de Rita por conta da coesão de repertório, produção e arranjos. Com firme pegada, a intérprete insere pontos do Canbomblé em músicas de inspiração afro como Domingo 23 (Jorge Ben Jor), Babá Alapalá (Gilberto Gil), Iansã (de Caetano Veloso e Gilberto Gil) e Cavaleiro de Aruanda, sucesso de Tony Osanah na voz de Ronnie Von no início dos anos 70. O resultado é excelente, mesmo porque o produtor e arranjador Israel Dantas não exagera na dose de eletrônica - farta somente em Jurema. O que passa do ponto é o peso da guitarra de Rainha do Mar, tocada pelo próprio Israel em andamento heavy que acaba minimizando a beleza da composição de Dorival Caymmi. Rita não salva a faixa.

Em compensação, o acordeom de Zé Américo pontua suavemente É d'Oxum, grande sucesso de Gerônimo e Vevé Calazans que ganha até citação do refrão de Emoriô, tema gravado por Fafá de Belém. Outra faixa de pulsação mais leve é Oração ao Tempo (Caetano Veloso), em uma de suas mais bonitas regravações. Vale conferir.

Pioneira no registro de músicas de temática afro, Clara Nunes (1943 - 1983) tem seus sucessos Coisa da Antiga (Wilson Moreira e Nei Lopes) e Deusa dos Orixás (Toninho e Ronildo) recriados por Rita Ribeiro nesta Tecnomacumba que chega ao disco quase com a mesma energia do show. E que os orixás saúdem o álbum!!!!

Sete dividem produção do álbum duplo de Ana

Dois Quartos - o CD que Ana Carolina vai lançar na próxima semana com título que alude ao fato de seu quarto trabalho solo ser duplo - tem produção dividida entre um septeto que é formado por Nilo Romero, Afo Verde, Guto Graça Mello, Dunga, Marcelo Sussekind, DJ Zé Pedro e a própria Ana. Feito entre Rio e Estados Unidos, desde agosto, o disco - subdividido em Quarto e Quartinho - é uma das (maiores!!!!) apostas da gravadora Sony BMG para este fim de ano.

Retrô 2006 - O estouro pop de Vanessa da Mata

2006 já começou bem para Vanessa da Mata. Em janeiro, o remix de Ai, Ai, Ai... - uma parceria da compositora com Liminha, gravada pela artista em seu segundo disco, Essa Boneca Tem Manual (2004) - dominava as paradas radiofônicas, na seqüência de sua insistente execução na trilha da novela Belíssima. Foi quando o Brasil de fato conheceu a artista.

O estouro de Vanessa da Mata (em foto de Leonardo Aversa) era tudo o que a Sony BMG queria. E, justiça seja feita, a gravadora investiu na cantora. E não desistiu quando o primoroso primeiro disco da artista, Vanessa da Mata (2002), obteve repercussão comercial abaixo do merecido pela delicadeza dos arranjos e do repertório eventualmente ruralista. Não por acaso, Essa Boneca Tem Manual foi gravado com providencial tom pop urdido para amenizar a textura regionalista do cancioneiro da compositora de Mato Grosso. Resultado: o CD perdeu muito na comparação com seu antecessor, mas projetou definitivamente a talentosa artista e, embora lançado em 2004, alcançou seu ápice de vendas em 2006.

Roberta Sá adere ao 'samba novo' de Maranhão

Enquanto prepara seu segundo disco, Robertá Sá (foto) se juntou ao Trio Madeira Brasil para registrar a inédita Afefé para o projeto Samba Novo, produzido por Rodrigo Maranhão e Luiz Carlos Meu Bom para a gravadora Som Livre. O lançamento está previsto para fevereiro, nos formatos de CD e DVD. A idéia dos produtores foi reunir bons nomes da chamada nova geração do samba em gravações inéditas, realizadas em estúdio ao longo deste semestre.

Compositor projetado no segundo disco de Maria Rita com a bela gravação de Caminho das Águas, ex-integrante do Monobloco e militante da cena indie carioca, Maranhão arregimentou elenco que - além de Roberta Sá - inclui Siri (Trombada), Eletrosamba (Bela), Raphael Gemal (Fubá), Edu Krieger (A Mais Bonita de Copacabana), Rubem Jacobina (Vento Lento), Nina Becker (Maria, Tô pra Voltar), Fred Martins (Breve Primavera), Serginho Procópio (Miragem), Monobloco (Cantiga), Serjão Loroza (Reza Forte), Bangalafumenga (Manifesto) e Sururu na Roda (História do Mar). BossaCucaNova, Marcelo Camelo, Teresa Cristina e Thalma de Freitas também já teriam sido escalados para participar do CD.

Olivia defende as palavras de Ruy Guerra em CD

Depois de dedicar discos às obras de Chiquinha Gonzaga (Serenata de uma Mulher, gravado em 1998 na Kuarup) e de Dorival Caymmi (Mar de Algodão, editado em 2001 pela Biscoito Fino), Olivia Hime finalizou álbum centrado na obra musical do cineasta Ruy Guerra, parceiro de Chico Buarque nos temas da peça Calabar. Palavras de Guerra é o título do CD, arranjado por Francis Hime. O disco será lançado no início de 2007 pela Biscoito Fino, companhia na qual a cantora exerce a função de diretora artística.

1 de dezembro de 2006

The Who sucumbe ao mito em álbum espiritual

Resenha de CD
Título: Endless Wire
Artista: The Who
Gravadora: Universal

Music
Cotação: * *


O tempo não espera mesmo por ninguém, como já alertou certo roqueiro sessentão de lábios carnudos. Mentores do grupo The Who, Roger Daltrey e Pete Townshend esperaram muito tempo para apresentar um disco de inéditas da banda. Endless Wire é o sucessor de It's Hard, editado num já longínquo 1982. Mas o tempo não esperou por eles. O álbum resulta cansativo, sem a energia típica do grupo em fase áurea. Às nove músicas inéditas, foram acrescentados os 10 temas da miniópera que batiza o CD, já editados no exterior em EP que não chegou ao Brasil. Mas nem eles impedem o fiasco de disco muito aquém do histórico do Who.

Em Endless Wire, The Who empreeende jornada espiritual que questiona a religião e o poder de Deus em temas como A Man in a Purple Dress e God Speaks of Marty Robbins. Mas é duro pôr fé em disco que não decola. É fato que Townshend ainda tem o que dizer. Há alta voltagem emocional na grata canção You Stand by me, por exemplo. Mas é fato também que a voz de Roger Daltrey já não é a mesma de tempos idos. Assim como o The Who também já não é o mesmo por força de várias circunstâncias. O baterista Keith Moon morreu em 1978. Em 2002, foi a vez do baixista John Entwistle. Ambos sucumbiram às drogas. E o grupo sucumbiu face ao mito...

'Rei' dueta com Ivete, Tom, Gal, Milton e Fafá

Gravado em 2004 para o especial de Roberto Carlos na TV Globo, o duo do Rei com Ivete Sangalo (foto de Renato Rocha Miranda / Rede Globo), em Se Eu Não te Amasse Tanto Assim, entrou no CD e DVD em que o cantor reúne encontros feitos para seu programa anual na emissora. Para o CD, Roberto escolheu duetos com Tom Jobim (Lígia, do especial de 1978), Milton Nascimento (Coração de Estudante, 1985), Caetano Veloso (Alegria Alegria, 1992), Gal Costa (Sua Estupidez, 1997), Fagner (Mucuripe, 1991), Wanderléa (Ternura, 1991), Ângela Maria (Desabafo, 1995), Fafá de Belém (Se Você Quer, 1991), Erasmo Carlos (pot-pourri com temas de Elvis Presley, 1977), Chitãozinho & Xororó (Amazônia, de 1991), Almir Sater e Sérgio Reis (O Rei do Gado, de 1996), Jota Quest (Além do Horizonte, 2005) e a turma da Jovem Guarda (Jovens Tardes de Domingo, 1985). Já os duetos com Maria Bethânia (Amiga, 1982) e Rosana (1988) deverão entrar somente no DVD. O CD e o DVD Duetos estarão nas lojas a partir de 8 de dezembro via Sony BMG.

Zizi verte Cole Porter na abertura de Pé na Jaca

Os telespectadores da novela Pé na Jaca - recém-estreada pela Rede Globo às 19h - já identificaram a voz de Zizi Possi (foto) na música escolhida para a abertura do folhetim, mas nem todos reconheceram a música. Trata-se de versão em português de Aldir Blanc para Ridin' High, tema do compositor norte-americano Cole Porter, gravada pela cantora especialmente para a trilha. Tal versão se chama Eu Ando Ok.

Curiosidade: a artista integrou a seleção musical da recente novela Belíssima com outra música de Cole Porter, Love for Sale, mas esta cantada no original, em gravação extraída de seu CD e DVD Pra Inglês Ver e Ouvir - projeto primoroso, lançado em 2005.

DVD mostra Nirvana sob a ótica de Kurt Cobain

Lançado em VHS em 1994, ano da morte de Kurt Cobain, o vídeo do Nirvana Live! Tonight! Sold out! (foto) chega ao DVD em edição remasterizada. Nele, a carreira do grupo de Seattle (EUA) é revista sob a ótica de Cobain entre 16 bons números musicais, incluindo trechos de shows da turnê promocional do CD Nevermind (1991), obra-prima da banda. Nos extras, o DVD apresenta cinco inéditos registros ao vivo (das músicas About a Girl, Been a Son, Blew, On a Plain e School) - todos captados em Amsterdam.

Retrô 2006 - Caio Mesquita, o sopro de Raul Gil

A partir desta sexta-feira, 1º de dezembro, Notas Musicais inicia a retrospectiva dos fatos e nomes que - para o bem ou para o mal - marcaram a música e a indústria fonográfica em 2006. E o músico Caio Mesquita foi um deles com os sopros juvenis de seu sax teen.

Exatos cinco anos depois de projetar em seu popular programa de calouros Robinson Monteiro (o Anjinho, revelado em 2001 e já alçado ao posto de fenômeno no ano seguinte), o apresentador de TV Raul Gil propiciou o estrelato a outro jovem talento. Natural de Santos (SP), o saxofonista Caio Mesquita, de 16 anos, termina 2006 como uma das revelações do ano fonográfico. Seu primeiro CD, Jovem Brazilidade, teria vendido mais de 250 mil cópias, de acordo com a EMI Music, que lançou o disco instrumental em parceria com a Luar Music, a gravadora estrategicamente aberta por Raul para faturar com a popularidade de seus talentos juvenis.

Com arranjos modernosos, o saxofone teen de Mesquita soprou repertório que juntou no mesmo saco sucessos de Djavan (Flor de Lis, Lilás), standards da Bossa Nova (Garota de Ipanema, Wave, Samba de Verão) e temas do cancioneiro brega (Abandonada, hit na voz de Fafá de Belém). Funcionou. A ponto de a Luar Music e a EMI já estarem lançando o segundo CD do músico, Natal. Pode até ser que o sucesso se repita, mas a probabilidade maior é que, já a curto prazo, o saxofonista caia no esquecimento a que já está confinado o Anjinho. E que venha o próximo calouro de Raul Gil...

30 de novembro de 2006

Segundo álbum do Bloc Party já está na internet

Com lançamento programado para fevereiro, o segundo CD do grupo inglês Bloc Party, A Weekend in the City (foto), já vazou na internet. O álbum foi produzido por Jacknife Lee, que assinou o último trabalho do U2. O aguardado sucessor de Silent Alarm (2005) vai versar sobre o cotidiano das grandes cidades e reúne no repertório músicas como The Prayer, Sunday, SXRT e Song for Clay (Disappear Hear). Resta saber se A Weekend in the City vai manter a aura de sensação em torno deste quarteto britânico.

Maria e Omara unem Brasil e Cuba dos anos 50

Vai sair pelo selo de Maria Bethânia (em foto de Leonardo Aversa) - o Quitanda - o disco que a intérprete gravará em janeiro com a cantora cubana Omara Portuondo, no Rio. A gravação será realizada no estúdio da Biscoito Fino. A idéia inicial das duas artistas é reunir no CD músicas e textos dos anos 50, de Brasil e de Cuba. A iniciativa de fazer o álbum partiu de Omara. Vai sair em 2008!!

Marisa emplaca terceiro tema em novela global

A diva Marisa Monte acaba de emplacar terceira música sucessiva em trilhas de novela da Rede Globo. As três neste ano de 2006. A bela canção que batiza o CD Infinito Particular pode ser ouvida em capítulos da recém-estreada Pé na Jaca. Simultaneamente, o samba Para Mais Ninguém - composto por Paulinho da Viola e gravado por Marisa (em foto de Murilo Meirelles) no disco Universo ao meu Redor - pode ser escutado em algumas passagens de Páginas da Vida. E o pop Pra Ser Sincero era um dos temas do casal protagonista de Cobras e Lagartos...

Pop popular sob o prisma pasteurizado de Paulo

Resenha de CD
Título:
Prisma
Artista:
Paulo Ricardo
Gravadora:
EMI Music
Cotação: * *


Há 20 anos, em 1986, Paulo Ricardo era o popstar alçado (meteoricamente) ao olimpo nacional por conta do estouro de seu RPM. Havia, sim, muito marketing em torno dele, mas havia também o talento provado na assinatura das músicas do estupendo primeiro álbum de inéditas do grupo, de 1985. Duas décadas depois, entre várias idas e vindas tumultuadas do RPM, Paulo Ricardo já deu uma de ator, ensaiou candidatura a deputado federal e gravou disco de covers do rock estrangeiro à moda de Danni Carlos, dinamitando já ralo prestígio.

Prisma tenta repôr Paulo Ricardo nos trilhos do pop romântico, gênero com o qual ele chegou a fazer sucesso em 1997 graças ao êxito radiofônico de Dois, a balada do hitmaker Michael Sullivan incluída no álbum O Amor me Escolheu. O novo CD conta com produção de hitmaker menos inspirado, Cláudio Rabello, nome vinculado à gestão do (demitido) Marcos Maynard na EMI. Em parceria com o tecladista Julinho Teixeira, Rabello formatou o disco sob o prisma dos clichês da música pop(ular) romântica. A ponto de o grupo Yahoo assinar os arranjos com os produtores...

Há, sim, munição para rádios populares. Entre elas, Diz (balada melodiosa de autoria do próprio Paulo Ricardo, eleita o primeiro single) e Contradição, bela inédita que reafirma as credenciais de Guilherme Arantes para transitar na esfera romântica sem patinar na banalidade do gênero. Outro criador sumido, Kiko Zambianchi, também mostra serviço em Imã do Amor, canção de batida mais pop. Mas o fato é que Prisma não se sustenta nas suas 13 faixas e acaba marcado pelo tom repetitivo de suas baladas sentimentais.

Até que o cantor se esforça, ensaiando estilo mais visceral em A Pessoa Errada e forjando sensualidade nos sussurros de Gente (A Mais Bela História de Amor). Mas qualquer esforço esbarra no tom pasteurizado do CD, evidente na levada funkeada de Eu Vou Voltar pro Frio, com direito a metais, e na regravação de Ninfa, tema lançado numa das infrutíferas voltas do RPM. A propósito, balada composta por Ricardo em parceria com seu desafeto Luiz Schiavon (O Dia D, A Hora H) fecha o álbum, reforçando a ruim sensação de que Paulo Ricardo poderia ter sido muito mais do que efetivamente foi após o primeiro fim do RPM. Talento não faltava.

DVD capta três fases de Martinho em Montreux

Lançado pela gravadora MZA Music, o DVD Martinho José Ferreira - Ao Vivo na Suíça (foto) reúne trechos de três apresentações de Martinho da Vila na já tradicional Noite Brasileira do Montreux Jazz Festival. Da primeira participação do artista no evento, em 1988, foram extraídos três números, entre eles Kizomba, Festa da Raça - samba com a qual a escola Unidos de Vila Isabel tinha se sagrado campeã do Carnaval carioca naquele ano. Da segunda ida do compositor, em 2000, o DVD reúne quatro números, incluindo o pot-pourri que uniu Alguém me Avisou e Tiê - com a participação da autora dos sambas, Dona Ivone Lara. Por fim, há oito números retirados da apresentação de 2006, ano em que o artista levou a Montreux Leci Brandão e o percussionista Marcelinho Moreira, cujo recém-lançado primeiro CD, Marcelinho Pão e Vinho, foi produzido por Martinho. Nos extras, há documentário sobre a trajetória de Martinho José Ferreira - o Da Vila - no já tradicional festival suíço.

29 de novembro de 2006

Mutantes pouco mudam com discrição de Zélia

Resenha de CD / DVD
Título: Mutantes ao Vivo

Barbican Theatre, Londres, 2006
Artista:
Mutantes
Gravadora:
Sony BMG
Cotação:
* * *

Os Mutantes pouco mudaram nesta volta à cena perpetuada no CD duplo e no DVD ora editados com o registro integral do show feito na Inglaterra, em 22 de maio, dentro de evento que celebrava a Tropicália. Somente com o prometido disco de inéditas - previsto já para 2007 - será possível avaliar se a banda ainda tem realmente algo a acrescentar ou se vai passar à história apenas pelo repertório gravado entre 1968 e 1972, revivido (não por acaso) nos 22 números do roteiro.

A gravação atual não deixa de ter caráter histórico pela reunião dos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista. O primeiro parece feliz no palco. Mas, em essência, a banda oferece o mesmo som criado sob a efervescência tropicalista - e que ainda permanece moderno e inventivo, 40 anos depois da formação do grupo, em São Paulo. Para quem já tem os álbuns originais, o registro do show funciona mais como um completo best of da fase áurea dos Mutantes com a novidade da voz de Zélia Duncan. Os arranjos são geralmente fiéis às gravações feitas com Rita Lee. E a substituta da Ovelha Negra, discreta, parece integrada à banda sem o destaque normalmente conferido aos que assumem o microfone. Zélia não correu riscos...

A postura de Zélia comprova o acerto da opção de Sérgio Dias por seu nome, em detrimento de vozes como as de Fernanda Takai e Rebeca Matta. Sem soar como um clone de Rita Lee e sem cair na tentação de imitar a colega, Zélia experimenta agudos em temas como Top Top e cresce e aparece em Baby (entoada na versão em inglês feita para o álbum Jardim Elétrico, de 1971). Convence...

Como o projeto tem bom potencial comercial no exterior, o grupo optou por reviver em inglês músicas como Ando Meio Desligado, intitulada I Feel a Little Spaced Out na versão que termina com um exibicionista solo da guitarra de Sérgio. Pela mesma razão, o documentário do DVD oferece legendas em inglês, espanhol e em francês. Para gringos, os Mutantes ainda são saborosa novidade. Tanto que o cantor e compositor Devendra Banhart se ofereceu para participar do show e acabou encorpando, feliz da vida, os vocais de Bat Macumba (ao lado do guitarrista Noah Georgeson).

Para brasileiros, a mutação da geléia geral é quase imperceptível. Há um ou outro toque de atualidade como as citações dos nomes de George W. Bush e Tony Blair no afiado discurso introdutório de El Justiciero. No todo, os Mutantes ainda parecem os mesmos. E isso - diga-se - é grande mérito para grupo dissolvido há décadas!!

Mukeka Di Rato grava em fevereiro já pela Deck

Contratado pela gravadora carioca Deckdisc em agosto, o grupo punk Mukeka Di Rato (foto) - formado no Espírito Santo em 1995 - vai entrar em estúdio em fevereiro para gravar seu sétimo disco, com produção de Rafael Ramos. O CD tem lançamento previsto para abril. A entrada do quarteto na Deck coincide com o retorno à banda do vocalista Sandro. Cultuado na cena indie do Sudeste do Brasil, o som punk hardcore do Mukeka Di Rato já obteve alguma projeção no exterior no circuito que consome o seu estilo de rock.

Moacyr reverencia Marçal com o filho do mestre

Chega às lojas em janeiro, via Deckdisc, Sem Compromisso, CD em que Moacyr Luz (à direita na foto de Andrea Capella) registra em estúdio com Armando Marçal, o Marçalzinho, o repertório do show que a dupla vem apresentando no Rio de Janeiro em tributo a Mestre Marçal (1930 - 1994). O repertório concilia músicas de Marçal, como A Primeira Vez, com temas compostos pelo próprio Moacyr em parceria com Aldir Blanc (Mandingueiro), Sereno (No Fundo do meu Quintal) e Martinho da Vila (Zuela de Oxum). Duas músicas são da lavra do pioneiro Bide: Agora É Cinza (em parceria com o primeiro Marçal, o pai do percussionista homenageado no CD) e Não Diga a Ela minha Residência. Além de cantar, Moacyr toca violão no álbum. Já Marçalzinho responde pelas percussões.

Tem até bossa nova no soul elegante de Legend

Resenha de CD
Título: Once Again
Artista: John Legend
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *

A levada meio Bossa Nova da faixa Maxine é um saboroso detalhe no segundo disco do cantor, compositor e pianista americano John Legend. Um balanço que tem tudo a ver com um álbum refinado que transpira sensualidade. Once Again mantém o alto nível de Get Lifted, o magistral CD de estréia que projetou, em 2004, este artista que já trabalhara com cantoras de peso (como Alicia Keys e Lauryn Hill).

Como a também pianista Alicia Keys, Legend tem se revelado um mestre na conciliação de modernidade e tradição no universo do soul e do rhythm and blues. Once Again tem bem menos vocais e elementos de hip hop na comparação com Get Lifted, embora a azeitada produção tenha os dedos dos rappers will.i.am (do grupo Black Eyed Peas) e Kanye West. Rap à parte, o fato é que canções sedutoras como Save Room sinalizam a inspiração incomum de John Legend como compositor. Corroborada por várias outras faixas quase tão irresistíveis, casos de Stereo e Heaven. Mais uma vez, John Legend prova que há vida inteligente no soul e no r & b.

Menescal encaixota 36 gravações instrumentais

Incansável na exploração do cancioneiro da Bossa Nova, Roberto Menescal lança por sua gravadora, Albatroz, a (previsível) Coleção Bossa Instrumental. Trata-se de caixa que reúne, em três CDs, 36 gravações instrumentais de temas de autores associados à velha bossa. Além de escolher as músicas, Menescal produziu as gravações feitas para a tal caixa.

28 de novembro de 2006

CD criado por Elba com Lenine fica para 2007

Embora inicialmente tenha planejado lançar ainda este ano o CD que idealizou com Lenine, em especial por conta da inclusão da faixa Amplidão (de Chico César) na trilha da novela Páginas da Vida, Elba Ramalho (foto) vai editar o disco somente em 2007. O repertório inclui músicas de Geraldo Azevedo (Novena) e de Lula Queiroga (Conceição dos Coqueiros, Pra Sempre, Último Minuto), entre outros autores nordestinos. Se foi fiel à pré-seleção feita em 2005, a cantora vai interpretar também Ave Anjos Angelis (tema de Jorge Ben Jor, lançado por Ben em 1995), Boas Novas (inédita de Jorge Vercilo) e A Dança das Borboletas (a parceria de Alceu Valença e Zé Ramalho, gravada pelos compositores nos anos 70). Detalhe: Lenine efetivamente acabou não produzindo o CD, mas formatou o conceito com Elba. Lula Queiroga vai ser o produtor...

Sai no Brasil o segundo álbum dos Beastie Boys

Lançado originalmente em 1989, mas até então inédito no Brasil, o segundo álbum do trio de rap Beastie Boys - Paul's Boutique (foto) - está sendo editado no mercado nacional pela EMI Music, na seqüência da vinda do grupo para apresentação no Tim Festival. Na época de seu lançamento, o sucessor do aclamado Licensed to Ill (1986) foi recebido até com frieza por crítica e público. Mas, com o tempo, adquiriu status de disco cult.

Bethânia e Brown dividem discos com cubanos

Os próximos discos de Carlinhos Brown e de Maria Bethânia (em foto de Leonardo Aversa) serão trabalhos divididos com artistas de Cuba. Com profícua produção fonográfica desde que ingressou no cast da gravadora Biscoito Fino, em 2001, a intérprete baiana - que acaba de lançar dois álbuns, Mar de Sophia e Pirata - entra em estúdio em janeiro para gravar CD com a cantora Omara Portuondo, um dos nomes projetados mundialmente em 1999 pelo filme Buena Vista Social Club. Já Brown gravou em Salvador (BA), com produção de Alê Siqueira, disco feito com o pianista Roberto Fonseca. Um dos virtuoses do afro-jazz de Cuba, Fonseca já tocou com intérpretes como o saudoso Ibrahim Ferrer.

Marcos vai de Noel a Fátima em 'Sacramentos'

Depois de um estupendo disco de 2004, Memorável Samba, o cantor Marcos Sacramento volta à cena fonográfica com Sacramentos (foto), CD em que concilia no repertório autores da antiga - como Noel Rosa (Dama do Cabaret) e Custódio Mesquita (Adivinhe Coração e Mentirosa, parcerias, respectivamente, com Evaldo Ruy e Mário Lago) - com compositores mais contemporâneos, casos de Fátima Guedes (Ilusão) e Luis Flávio Alcofra, violonista egresso do grupo de choro Água de Moringa. Alcofra é o autor de Desconsideração.

O destaque do repertório é a trilogia de faixas que versam sobre a Penha, bairro da Zona Norte carioca, famoso pela igreja de Nossa Senhora da Penha, cuja longa escadaria é subida de joelhos pelos pagadores de promessas. Sacramento enfileira Festa da Penha (Cartola), Baião da Penha (Guio de Moraes e David Nasser) e Meu Barracão (Noel Rosa). Há também música obscura de Herivelto Martins (Cabaré no Morro) e parceria bissexta de Ataulfo Alves com Jacob do Bandolim (Meu Lamento). Sacramento é do ramo...

Portela se impõe em safra irregular de sambas

Resenha de CD
Título:
Sambas de

Enredo 2007
Artista:
Vários
Gravadora:
Gravasamba

/ Universal Music
Cotação:
* *

Já é inútil esperar ouvir nos discos dos sambas de enredo das escolas do Carnaval do Rio de Janeiro aqueles sambas primorosos das décadas de 60 e 70. Os tempos são outros, assim como o maior espetáculo da terra já é outro. Dito isso, a safra 2007 é regular. Há somente um grande samba, o da Portela, de melodia à moda antiga e compositor novo (Diogo Nogueira, filho de João Nogueira). Pena que o enredo bem comercial (Os Deuses do Olimpo na Terra do Carnaval, sobre os jogos do PAN no Rio), típico da folia patrocinada por empresas, não faça jus a um samba que está entre os melhores da escola de Madureira nos últimos anos. O da Beija-Flor vem em seguida, num plano ligeiramente inferior, um pouco prejudicado pelo excesso de vocábulos africanos que dificultam a compreensão do enredo Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasileira (a propósito, o Salgueiro também recupera a tradição de enredo afro num samba mediano).

Ao defender o samba marcheado da Mangueira, Luizito cumpre com sucesso a tarefa ingrata de substituir o impagável Jamelão, impossibilitado de gravar o CD por conta de problemas de saúde e reverenciado por Alcione na introdução da faixa. Já a Acadêmicos do Grande Rio apresenta samba que pode crescer na avenida. As demais escolas ficam no mesmo nível, condizente com os padrões atuais do samba-enredo, mas bem distante do brilho da carnavais passados. Com a triste ressalva de que Imperatriz Leopoldinense e Império Serrano exibem sambas muito aquém de seu passado de glória, enquanto a Estácio de Sá apela para a facilidade de reeditar O Ti-Ti-Ti do Sapoti, de refrão comunicativo. É para lamentar!!!!...

No todo, os 13 sambas acabam se parecendo muito uns com os outros, com exceção do tema da Portela. Sim, a azul-e-branco é a maior supresa de um CD que chega às lojas com tiragem inicial de 100 mil cópias e preço médio de R$ 20, inaugurando a parceria da Gravasamba com a Universal Music. Com esta união, a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro rompe sua tradição de editar os discos do Carnaval carioca pela BMG. Era hora de virar o disco!

27 de novembro de 2006

Racionais MC's voltam com 1000 trutas e tretas

Ainda no posto de grupo de rap mais importante do Brasil, os Racionais MC's voltam ao mercado fonográfico com o registro ao vivo 1000 Trutas 1000 Tretas, editado nos formatos de CD (foto) e DVD (em molde de documentário). Jorge Ben Jor participou da gravação. Pela ordem, as 14 faixas do disco são Fórmula Mágica da Paz, Negro Drama, Tô Ouvindo Alguém me Chamar, Crime Vai e Vem, Da Ponte pra Cá, Expresso da Meia-Noite, Eu Sou 157, Diário de um Detento, A Vida é Desafio, 1 Por Amor 2 Por Dinheiro, Vida Loka (Parte 1), A Vítima, Jesus Chorou e Vida Loka (Parte 2). As músicas são clássicos do grupo de Mano Brown.

Fred saúda Baden em inédita do terceiro disco

Parceria do bom Fred Martins com Francisco Bosco, Iguais e Diferentes é uma das músicas inéditas do terceiro disco de Martins, que será feito ao vivo em gravação que também vai originar o primeiro DVD do artista. O lançamento já está agendado para 2007 pela gravadora Eldorado. Outras faixas são Doce Amargo - homenagem a Baden Powell e a Vinicius de Moraes - e Não Cabe. A gravação do CD faz parte do prêmio conquistado por Fred Martins (em foto de Luiz Carlos Barreto) com sua vitória no nono Prêmio Visa de Música Brasileira - Edição Compositores.

Ro Ro revê obra nos 16 temas do primeiro DVD

Gravado em show no Circo Voador (RJ), em 20 de setembro, o primeiro DVD de Ângela Ro Ro, Ao Vivo (foto), chega às lojas em dezembro via Indie Records com 16 músicas que cobrem a carreira da artista desde seu primeiro disco, lançado em 1979, até o álbum Acertei no Milênio, editado já em 2000. A cantora optou por não incluir no roteiro as composições inéditas do recente CD Compasso, nas lojas desde setembro. Nem mesmo a (boa) faixa-título, já em rotação em algumas rádios.

Além de reviver hits como Só nos Resta Viver (1980) e Simples Carinho (1982) com uma banda, Ro Ro recebe Alcione (com quem divide Joana Francesa, música lançada por Chico Buarque em 1973), Frejat (convidado de A Mim e a Mais Ninguém, rock do álbum de estréia da compositora) e Luiz Melodia (com quem faz dueto em Tola Foi Você, outra bela música de seu disco de 1979).

Pesquisa é ponto g de inventário sexual da MPB

Resenha de livro
Título: História Sexual da MPB
Autor: Rodrigo Faour
Editora: Record
Cotação: * * *


Depois de biografia chapa branca do ídolo Cauby Peixoto, em que omitiu diplomaticamente até mesmo a data de nascimento do artista perfilado, o jornalista e pesquisador Rodrigo Faour dá sua primeira real contribuição à bibliografia musical brasileira com este inventário afetivo e sexual da canção nacional. Em quase 600 páginas, o autor carioca monta o painel evolutivo do cancioneiro em relação às abordagens de amor e sexo na MPB.

Ponto g do livro, a monumental pesquisa de Faour sobre o tema o redime do texto eventualmente gorduroso e de alguns bobocas comentários exclamativos feitos após a publicação de trechos das letras. O inventário começa ainda no século 18 - com a análise de letras de Domingos Caldas Barbosa (1740 - 1800), compositor de modinhas e lundus de grande popularidade em sua época - e chega aos dias atuais com a radiografia das letras (erotizadas) dos funks.

Faour mostra como a mulher - geralmente retratada nas músicas sob ótica machista e negativa até meados dos anos 50 - somente teve suavizado seu perfil a partir do advento da Bossa Nova, com a projeção de letristas como Ronaldo Bôscoli. O comportamento patriarcal era padrão tão enraizado na sociedade que até mesmo compositores de cabeça em tese mais arejada, como Vinicius de Moraes, demoraram para se livrar desse jugo machista em seus versos. Joyce - uma das entrevistadas do livro - não foge à luta feminista na canção brasileira (da qual foi pioneira) e, sem rancor e com razão, cunha como machista boa parte da obra do Poetinha.

Ao relatar a história sexual da música brasileira, Faour lembra que nem mesmo a moderninha Jovem Guarda, dona de suposta rebeldia, deixou de ver a mulher como um mero objeto do prazer masculino, ainda que uma ou outra garota papo firme, como Wanderléa, já ensaiasse um discurso autônomo em músicas como Prova de Fogo. A rigor, a postura verdadeiramente libertária somente chegaria nos anos 70 - quando onda de erotismo levou a música brasileira por caminhos nunca antes navegados de forma tão explícita - e desabrocharia na década de 80 quando o pop rock deu um novo colorido à cena pop com visão desencanada do sexo.

Entre depoimentos de artistas como Chico Buarque (mestre na escrita de letras sob ótica feminina) e Simone, que contesta qualquer ação premeditada na gravação de sucessivas músicas sensuais entre o fim dos anos 70 e início dos 80, em discurso bem parecido com o de Maria Bethânia, Faour reproduz letras que vão sinalizando uma (gradual) mudança de mentalidade da sociedade.

Sem preconceitos, o autor ensaia defesa do funk - cujas letras mais sexistas, sobretudo as de Tati Quebra-Barraco, vem sofrendo patrulhamento similar ao ocorrido com o maxixe no começo do século 20 - e historia as letras de duplo sentido, matéria-prima de muitos forrós sacanas. Há ainda capítulo dedicado às canções de amor homossexual, que, após anos de invisibilidade e de versos apenas sugeridos (a exemplo de algumas músicas de Johnny Alf), começaram a sair do armário a partir dos anos 70, sobretudo em discos de Ângela RoRo (primeira e única cantora a assumir sem subterfúgios sua homossexualidade) e, claro, de Ney Matogrosso.

Por conta da pesquisa ampla, geral e irrestrita, História Sexual da MPB - A Evolução do Amor e do Sexo na Canção Brasileira é livro que ajuda a compreender os mecanismos da sociedade através da análise da música produzida em um país tão libertino quanto hipócrita. E, por isso mesmo, sempre tão sexual.

Cat Stevens volta em forma ao pop como Yusuf

Já lançado nos Estados Unidos em 14 de novembro, o belo álbum que marca a volta de Cat Stevens à música pop, An Other Cup (capa à direita), chega ao mercado brasileiro esta semana, pela Universal Music. O primeiro single é a canção Heaven / Where the True Loves Goes, que rendeu singelo clipe. Aliás, a música é o maior destaque do refinado repertório - à altura de Cat Stevens.

Stevens retorna à cena como Yusuf, providencial abreviação de Yusuf Islam, nome adotado pelo artista quando ele se converteu ao islamismo, em 1977, no auge da fama, e passou a gravar discos sob o prisma de sua religião. An Other Cup é seu primeiro álbum de inspiração pop desde Back to Earth, lançado em 1978. Uma das curiosidades do repertório é Green Fields, Golden Sands, tema inédito de 1968. Já I Think I See the Light é regravação de música lançada pelo autor no LP Mona Bone Jakon (de julho de 1970).

A propósito, o título An Other Cup remete a um outro álbum já clássico da discografia de Cat Stevens, Tea for the Tillerman, editado em novembro de 1970 com o sucesso Wild World. Tudo a ver, pois o compositor voltou mesmo em boa forma ao pop, como atestam canções como Midday e Maybe There's a World. O atual repertório segue o estilo folk que caracteriza a música do artista, mas com uma dose extra de melodiosa espiritualidade, exibida em faixas como o cover classudo de Don't Let me be Misunderstood. Yusuf voltou a ser Cat Stevens... Para a felicidade do mundo pop...

26 de novembro de 2006

Nova coletânea do Aerosmith traz duas inéditas

Apenas quatro anos depois de ter lançado O' Yeah - The Ultimate Hits (2002), a gravadora Sony BMG põe nas lojas nova coletânea do grupo Aerosmith. Lançada em 17 de outubro nos Estados Unidos, a compilação Devil's Got a New Disguise (foto) sai esta semana no Brasil, trazendo como isca para fãs da banda norte-americana duas gravações inéditas - Sedona Sunrise e a faixa-título - entre 16 hits. É compilação somente para fãs radicais.

Dois primeiros discos de Elis voltam ao catálogo

Praticamente desconhecidos do fiel público de Elis Regina, embora ambos já tenham sido reeditados em CD mais de uma vez, os dois primeiros discos da Pimentinha vão voltar ao catálogo no fim de dezembro, reembalados pela gravadora Som Livre em caixa da série Os Primeiros Anos, iniciada com discos de Chico Buarque.

Viva a Brotolândia (1961) e Poema de Amor (1962) são dois discos musicalmente inexpressivos, de época em que a gaúcha Elis era conhecida somente no Rio Grande do Sul. Para poder iniciar sua carreira fonográfica, a cantora se viu obrigada a seguir o estilo jovem que projetara artistas como Celly Campelo. Só que os dois álbuns mereciam ser repostos em catálogo por conta do alto valor documental. Aliás, a caixa da Som Livre vai avançar em relação às reedições anteriores por preservar as capas e as artes gráficas das edições originais lançadas pela (já extinta) gravadora Continental.

Show de Beth no Municipal sai em CDs e DVD

O (já emblemático) espetáculo comandado por Beth Carvalho (foto) no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2 de dezembro de 2005, Dia Nacional do Samba, foi gravado na ocasião e chegará às lojas em dezembro, via Sony BMG, em DVD e CD (desmembrado em dois volumes, vendidos separadamente). Sob o título Beth Carvalho - 40 Anos de Carreira - Ao Vivo no Theatro Municipal, o disco registra o show em que a artista tentou contar a história do samba, recebendo convidados como Vó Maria (viúva de Donga), Monarco, Nelson Sargento, Dudu Nobre, Zeca Pagodinho, Diogo Nogueira, Luiz Carlos da Vila, Sombrinha, Almir Guineto e Quinteto em Branco e Preto - entre outros nomes.

Jair abriga Simoninha e a irmã Luciana em selo

Aos poucos, o núcleo de artistas projetados na fase embrionária da gravadora Trama vai se abrigando no selo S de Samba, aberto por Jair Oliveira com o lançamento de seu quinto CD, Simples. Wilson Simoninha também já se juntou ao selo, cujo elenco inclui a irmã de Jair, Luciana Mello (foto). O quarto disco da cantora está quase pronto. Em vez de um CD ao vivo, como idealizado inicialmente quando a artista ainda pertencia ao cast da gravadora Universal Music, Luciana registrou em estúdio inéditas como Passar por mim (de Alexandre Grooves) e Na Veia da Nega, parceria da intérprete com seu mano Jair Oliveira. O álbum vai sair em 2007.

Fevers pega o trem nordestino no primeiro DVD

A exemplo de outros artistas populares que sumiram das paradas, o grupo The Fevers ainda conta com a fidelidade do público nordestino. Tanto que o grupo gravou em Recife (PE) seu primeiro DVD (foto) em show que agrupa no roteiro hits dos anos 70 e 80 como Cândida (1970), Vem me Ajudar (1971), Mar de Rosas (1971), Elas por Elas (1982) e Uni-Duni-Tê (hit dos Fevers em 1985, com o grupo infantil Trem da Alegria). O show contou com adesões dos conjuntos Pholhas (em Foverer) e Renato e seus Blue Caps (em músicas dos 60 como Menina Linda).