15 de agosto de 2009

Rappa registra o terceiro DVD em favela do Rio

O grupo carioca O Rappa vai gravar seu terceiro DVD na Rocinha, a maior favela do Brasil. A gravação ao vivo vai ser feita em show agendado para 23 de agosto de 2009. Com lançamento previsto para 2010 pela Warner Music, o terceiro DVD do Rappa vai se chamar Registro. A ideia é resumir no roteiro os 15 anos da obra fonográfica do grupo, iniciada em 1994 com o (bom) CD O Rappa.

Lulu tende a fazer DVD de forma independente

Embora esteja sendo assediado pela EMI Music, Lulu Santos tende a gravar seu próximo DVD por conta própria, antes de assinar contrato com qualquer gravadora. A ideia do cantor é registrar o show de sua turnê de 2009 para edição em DVD e CD ao vivo. Já estão sendo colhidas imagens de shows de Lulu para o making of dos extras. Por ora, não há um local escolhido para a gravação. Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF) são cidades cogitadas pelo artista para sediar o registro ao vivo do espetáculo.

Belo retrato do momento áureo de Gonzaguinha

Resenha de DVD
Título: Grandes
Nomes - Luiz Gonzaga
do Nascimento Junior
Artista: Gonzaguinha
Gravadora: EMI Music
/ Globo Marcas
Cotação: * * * *

É mais do que bem-vinda a edição em DVD do belo especial gravado por um feliz Gonzaguinha (1945 - 1991) para a série de TV Grandes Nomes. Com exceção do DVD de 2007 que perpetua a entrevista do artista ao programa Ensaio, em 1990, não há no mercado vídeo com show de Gonzaguinha. Exibido em 1º de maio de 1981, o programa dirigido por Daniel Filho capta o compositor no auge do sucesso e num pico de criatividade. É um belo retrato de um artista que já se permitia ser amoroso em cena. E o reencontro com o pai, Luiz Gonzaga (1912 - 1989), ainda resulta emocionante. Ao escolher cantar Eu Apenas Queria que Você Soubesse diante do Rei do Baião, que acabara de entoar Légua Tirana em registro a capella, Gonzaguinha dizia publicamente de forma sutil que já entendia e amava seu pai sem os rancores e sem as mágoas pelas diferenças (inclusive ideológicas) que haviam provocado rupturas no passado. A participação de Gonzagão é o ápice de um especial que trouxe também Roberto Ribeiro (1940 - 1996) como seguro convidado do bloco político que agregou Fala Brasil (espécie de cartão de visitas para a entrada em cena de Ribeiro), E Vamos à Luta e A Cidade Contra o Crime, samba de breque arranjado com quebradas dignas de um thriller que realçam toda a tensão contida nos versos premonitórios. Ribeiro canta apenas as duas primeiras músicas, mas permanece em cena - dividindo com Gonzaguinha a mesa e a cerveja de um sugerido bar - durante a terceira. O DVD provoca a saudade da voz potente de Roberto Ribeiro. Pena que as participações de Simone e do grupo As Frenéticas tenham sido cortadas por supostas questões jurídicas. Elas valorizariam ainda mais a edição de DVD que prima por apresentar imagem e áudio restaurados. O cuidado com a parte técnica engrandece o registro do especial de Gonzaguinha, imenso nome da galeria da MPB das décadas de 70 e 80 - compositor de música e ideologia coerentes.

'Cool', Diogo Poças debuta elegante em disco

Resenha de CD
Título: Tempo
Artista: Diogo Poças
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

Diogo Poças estreou em disco no seu tempo. Foram 16 anos dedicados à música de cunho publicitário até que o filho do maestro Edgard Poças - e irmão da incensada cantora paulista Céu - se decidisse a mostrar seu trabalho autoral como compositor. Tempo, o CD que a Warner Music está pondo nas lojas neste mês de agosto de 2009, revela um compositor bem interesssante e um cantor econômico. O compositor brilha especialmente nos sambas como Vizinha de Frente, o irresistível Carioquinha - cujos versos (contribuição do pai Edgard Poças) relacionam pontos turísticos do Rio e de São Paulo a partir da corte feita por rapaz paulista à moça carioca do título - Chumbo Quente. Nessa letra, Diogo traça paralelo entre os lances do futebol e o jogo amoroso. Ainda que ligeiramente menos inspirado, o suingante samba Nada que te Diz Respeito se diferencia pelo fato de ostentar os vocais de Céu. A propósito, o balanço que costura o arranjo de A Linha e o Linho ofusca a beleza da melodia de Gilberto Gil. Contudo, Diogo Poças também se mostra intérprete bastante sensível em Tempo. Seja reanimando o espírito bossa-novista de O Astronauta (Baden Powell e Vinicius de Moraes), seja cantando Maria Joana (o belo samba de Sidney Miller que vem sendo redescoberto em shows por cantoras como Roberta Sá e Teresa Cristina) em clima cool e com dose exata de melancolia. Contudo, na seara de intérprete, o grande momento de Diogo no disco é Felicidade, joia do baú de Braguinha e Antonio Almeida, lapidada somente pela voz cool do cantor e o pelo piano de Pepe Cisneros. Um grande fecho para um disco que projeta um artista elegante e moderno - não modernoso.

Dominguinhos grava 'Iluminado' em CD e DVD

Celebrando 60 anos de carreira, pois começou a compor e a tocar sanfona em 1949, Dominguinhos vai fazer resumo da carreira em show, Iluminado, que vai ser gravado ao vivo para edição em CD e DVD. Com produção e direção musical de Zé Américo Bastos, o show enfileira no roteiro sucessos como Eu Só Quero um Xodó, Quem me Levará Sou Eu, Gostoso Demais, Lamento Sertanejo e Abri a Porta. O espetáculo estreia em 26 e 27 de agosto de 2009, no Teatro de Arena - na Caixa Cultural RJ - no Rio de Janeiro (RJ).

14 de agosto de 2009

Pai e filho, Ivan e Claudio se irmanam no palco

Resenha de Show
Título: 1 + 1
Artista: Ivan Lins & Claudio Lins
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 13 de agosto de 2009
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz de quinta-feira a sábado, até 22 de agosto de 2009

Em 1985, Claudio Lins era um menino quando interpelou seu pai, Ivan Lins, cantarolando trecho da canção Vitoriosa, então recém-composta por Ivan. Vinte e quatro anos depois, Claudio - já adulto e lançando seu bom segundo CD, Cara, nas lojas desde junho pela gravadora Biscoito Fino - entoou Vitoriosa de forma terna na companhia de Ivan, ao piano. O número está no bis do belo show 1 + 1, que reúne pai e filho em cena. Claudio e Ivan se irmanam no palco do Teatro Rival, onde o show fez sua estreia carioca na noite de quinta-feira, 13 de agosto de 2009. O diretor Bruno Murtinho soube criar show e roteiro bem estruturados, que dão igual peso às participações de Ivan e Claudio. O bloco final é especialmente envolvente. Quando Claudio volta à cena, ele canta - de pé, ao lado do pai que pilota os teclados - Lembra de mim, uma das mais belas canções de amor de Ivan, tema da novela História de Amor (1996), na qual Claudio despontou como ator. Na sequência, pai e filho travam suingada disputa no espírito dos versos malandros de Sou Eu, samba composto por Ivan com Chico Buarque (intérprete original do samba, Diogo Nogueira ficou de fazer participação especial no show na apresentação desta sexta-feira, 14 de agosto). E pai e filho saem de cena - antes de darem o bis que culmina com Madalena num registro cheio de interação com a platéia - ao som de outro grande samba recente de Ivan, A Gente Merece Ser Feliz.

Há real entrosamento entre pai e filho em cena. Entendimento e cumplicidade perceptíveis já no primeiro número, Lua Soberana, quando ambos cantam e pilotam seus teclados, posicionados lado a lado no palco do Rival. Rei do Carnaval, samba de Ivan com Paulo César Pinheiro, confirma a interação. Momentos depois, já sem Ivan, Claudio segura a atenção do público com as músicas de seu segundo disco, Cara, sucessor de Um (1999). Da safra autoral de Claudio, vale destacar Cupido - o tema gravado por Maria Rita em seu primeiro CD, em 2003 - e as boas letras do compositor emergente. Já Ivan optou por apresentar sucessos como Roda Baiana e Daquilo que Eu Sei com sotaque jazzístico condizente com o tom do álbum gravado por ele com a big-band holandesa Metropole Orchestra e recém-lançado pela Biscoito Fino. É, aliás, quando fica evidente o virtuosismo e o entrosamento da banda formada por Téo Lima (bateria), Nema Antunes (baixo), Leonardo Amuedo (guitarra), Marco Brito (teclados) e Marcelo Martins (sax e flauta), com menção honrosa para os sopros afiados de Martins. Que assina com Ivan, Amuedo e Nema o tema instrumental 4 x 3 - pretexto para improvisos ágeis do grupo. Contudo, é mesmo na interação final entre Claudio e Ivan que o show 1 + 1 atinge seu clímax, mostrando que pai e filho estão somando (muito) em cena.

Pagodeiros diluem suingue do samba de Djavan

Resenha de CD
Título: Do Samba
para Djavan
Artista: Vários
Gravadora: Performance
Music
Cotação: * 1/2

Desde seu primeiro álbum, editado em 1976, Djavan se impôs como compositor dono de obra original. Ritmo predominante nos discos iniciais do artista alagoano, o samba ganha suingue personalíssimo na obra e na voz de Djavan. É um balanço bem difícil de ser reproduzido por outros intérpretes. Daí o erro deste tributo Do Samba para Djavan, de título inapropriado. O nome mais correto seria Do Pagode para Djavan, pois o CD apresenta regravações de sambas de Djavan por vocalistas de grupos de pagode. Os únicos estranhos nesse ninho pagodeiro são Arlindo Cruz - que revive Pedro Brasil com alguma desenvoltura - e a dupla Rogê e Gabriel Moura, que repisa Capim com personalidade. Apesar das boas intenções, o resultado é bem infernal. Os pagodeiros simplificam e diluem o suingue dos sambas de Djavan. Exemplo é Gustavo Lins, que interpreta Sina como se estivesse num pagode. Mas Lins nem faz feio perto de Picolé (que escurece Luz), Anderson Leonardo (até constrangedor ao tentar imprimir o estilo do Molejo em Fato Consumado) e Rodriguinho (longe de descobrir os segredos de Esfinge). Não há um registro realmente à altura da obra de Djavan. Avião nunca voou tão baixo como no dueto de Charlles André com Bruno (do Sorriso Maroto). Nem Xande de Pilares faz jus aos progressos do Grupo Revelação quando canta Beiral. Já Leandro Sapucahy e Renatinho (do Boka Loka) conseguem soar meramente corretos em Serrado e Flor de Lis, respectivamente, enquanto Péricles (Exaltasamba) encara Sim ou Não como um pagode romântico. O fato é que, com maior ou menor dose de acerto, ninguém, a rigor, reproduz a levada única e original de Djavan. É melhor reouvir tais sambas na voz do autor...

Moura e Armandinho dão um tom afro a Jobim

AfroBossaNova, o disco que a Biscoito Fino está pondo nas lojas neste mês de agosto de 2009, reúne Armandinho (o bandolinista que também é um mestre na guitarra baiana) e o clarinetista Paulo Moura em torno da bela obra de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994). A dupla dá tom afro jazzístico à obra do compositor, realçando o acento percussivo dos arranjos de músicas como Chovendo na Roseira, Águas de Março, Meditação, Samba do Avião, O Morro Não Tem Vez e Surfboard. O CD foi gravado ao vivo entre 15 de maio e 15 de junho de 2008 na turnê AfroBossaNova, que passou por 16 capitais brasileiras.

'Gospel', de 1974, lembra os '20 Anos sem Raul'

A morte quase anunciada de Raul Seixas (1945 - 1989) completa 20 anos na próxima sexta-feira, 21 de agosto de 2009. Ainda incansável na revirada do baú do Raul, a gravadora MZA Music tira partido da efeméride e põe nas lojas na data o kit de CD e DVD obviamente intitulado 20 Anos sem Raul Seixas. O chamariz do produto é Gospel, música inédita de 1974, alvo da censura da época. Gospel abre o CD, também editado de forma avulsa. Contudo, somente a letra censurada é de fato inédita. A música em si - composta por Raul com Paulo Coelho em 1974 para a trilha sonora da novela O Rebu - já foi gravada no LP da novela pela cantora Sônia Santos com outro título (Por que?) e outra letra, refeita para passar pelo crivo da censura. Aliás, o repertório do CD 20 Anos sem Raul Seixas já é conhecido pelos fãs do Maluco Beleza. Com exceção de Gospel, faixa finalizada a partir da extração da voz gravada por Raul numa fita demo, o repertório traz os mesmos fonogramas lançados com pompa em 1998 no CD Documento, produzido por Marco Mazzola com alguns takes alternativos de gravações do cantor e versões em inglês de hits como O Trem das Sete (Morning Train) e Ouro de Tolo (Fool's Gold). Já o DVD rebobina antigo documentário, Raul Seixas Também É Documento, lançado originalmente em VHS em 1998. Dirigido por Paulo Severo, o filme de 25 minutos costura imagens pessoais do artista (com parceiros como Paulo Coelho), clipes e trechos de shows. O chamariz do DVD está nos extras: o clipe de Morning Train, que exibe imagens alardeadas como raras.

Alcione canta pagode amazonense no CD 'Acesa'

Sem esquecer seu Maranhão natal (evocado na toada Imperador Tocantins, de autoria do conterrâneo Carlinhos Veloz), Alcione vai até o Amazonas em Acesa, seu 34º álbum de inéditas, nas lojas neste mês de agosto de 2009. O repertório inclui samba, (O Melhor Lugar do Mundo É) A Casa da Mãe da Gente, descoberto num pagode em Manaus (AM) pelo produtor do disco, Jorge Cardoso. Os autores da faixa são os amazonenses Junior Rodrigues e Gilson Nogueira. Dos profícuos quintais cariocas, a Marrom colheu sambas como O Sono dos Justos (Marcus Lima, Márcio Proença e Rodrigo Sestrem), Eternas Madrugadas (Fred Camacho e Cassiano Andrade) e Sinuca de Bico (Claudemir, Élcio do Pagode e Serginho Meriti). Editado pela Sony Music, Acesa tem 14 faixas.

13 de agosto de 2009

Criador de guitarra, Les Paul sai de cena aos 94

Lester William Polsfuss - guitarrista mais conhecido por seu nome artístico, Les Paul - saiu de cena em Nova York (EUA) nesta quinta-feira, 13 de agosto de 2009, aos 94 anos. Les Paul inscreveu seu nome na história da música por ter sido um dos inventores da guitarra elétrica. Aliás, a guitarra da marca Gibson, patenteada por ele nos anos 50, vem usada ao longo dos anos por mestres do instrumento como Eric Clapton e Jimmy Page. Paul foi também um dos pioneiros da técnica de gravação em múltiplos canais - proeza que, aliada à criação da guitarra Gibson, o tornou um dos músicos mais inovadores e influentes de todo o século 20.

Elza arrepia ao se 'conter' em show com Aquino


Resenha de Show
Título: Arrepios
Artista: Elza Soares e João de Aquino
Local: Posto 8 (Rio de Janeiro RJ)
Data: 12 de agosto de 2009
Fotos: Mauro Ferreira
Cotação: * * * *
Como sempre, a mulata estava assanhada. Mas não muito... "Não é um show, é um recital", diferenciou Elza Soares várias vezes no palco da casa carioca Posto 8, durante a estreia de Arrepios, o show - ou recital, como prefere a cantora - em que divide o palco com o violonista João de Aquino, o percussionista Felipe dos Santos e o também violonista Gabriel de Aquino, que segue os passos do pai com segurança. Rótulos à parte, aos incríveis 79 anos, Elza ainda arrepia. Seja quando dosa os floreios vocais (como no medley que junta duas obras-primas de Johnny Alf, Eu e a Brisa e Ilusão à Toa), seja quando explora os limites de sua voz, como ao fim do último número, Cobra Caninana (João de Aquino e Hermínio Bello de Carvalho), quando Elza simula com malícia e habilidade o sotaque nagô. Mas o bis, com Malandro, é previsível.
"O que é que essa Elza tem? Como ela requebra bem...". Foi assim, parodiando a letra do samba O que É que a Baiana Tem? (Dorival Caymmi), que João de Aquino convocou Elza Soares para subir ao palco após magistral abordagem instrumental de Bananeira (João Donato). Um dos grandes violonistas nacionais, dono de um toque que parece sintetizar a seminal influência da música africana no Brasil, Aquino teria gabarito para segurar a atenção do público sem Elza. Mas o show-recital é dos dois. E a mulata - contida ou assanhada - rouba a cena desde que entra no palco cantarolando seu nome sobre a melodia de Moonlight Serenade. Na sequência, Antonico (Ismael Silva) sinaliza que a contenção de scats ajuda a lapidar o canto de Elza - acerto reiterado números mais tarde pela interpretação de Eu Sonhei que Tu Estavas tão Linda, a valsa de Lamartine Babo (1904 - 1963) na qual os músicos injetam suingue. Aliás, justiça seja feita, se Elza arrepia, o mérito deve ser repartido com a excepcional dupla de violonistas e com a costura de um roteiro amarrado com links curiosos, sendo o mais inteligante deles o que agrega o refrão de Cry me a River (Arthur Hamilton) a Juventude Transviada (Luiz Melodia), com direito a citação do Lamento da Lavadeira (Cartola e Monsueto). Faceira é emendada com Camisa Amarela (tingida de cacos desnecessários) em belo medley que culmina com citação de Na Batucada da Vida. É um tributo justo ao compositor Ary Barroso (1903 - 1964), em cujo programa de calouros Elza debutou nos anos 50 com diálogos já lendários, reproduzidos pela cantora em cena. E como Elza fala!!...
Intérprete sem limites geográficos, Elza deita e rola no suingue cubano do Mambo da Cantareira (Barbosa da Silva e Eloíde Warthoi, 1960). Depois de tributo pungente a Ângela Maria (Vida de Bailarina, com Elza deitada na poltrona) e de incursão pelo universo do bolero (La Barca), Elza tira do rosário de pérolas Ave Maria, oração recitada após medley que costura Barracão, Adeus América, O Samba Mandou me Chamar e Ave Maria no Morro. Pela voz única e pela vitalidade, Elza merece devoção fervorosa dos fãs de cantoras e da música brasileira. A mulata (ainda) é a tal.

Elton toca piano em álbum do Alice in Chains

O álbum que marca o retorno do grupo Alice in Chains ao mercado fonográfico - Black Gives Way to Blue, nas lojas em 29 de setembro de 2009, pela EMI Music - conta com a participação de Elton John (foto). O astro britânico aceitou tocar piano na faixa-título, que presta um tributo ao vocalista anterior do grupo norte-americano, Layne Staley, morto em 2002. Sucessor de Alice in Chains, álbum lançado em 1995, Black Gives Way to Blue é o quinto trabalho de estúdio da banda e o primeiro com o vocalista William DuVall, incorporado ao quarteto em 2006. Eis as 11 faixas do fervoroso CD - um dos mais aguardados lançamentos de 2009:
1. All Secrets Known
2. Check my Brain
3. Last of my Kind
4. Your Decision
5. A Looking in View
6. When the Sun Rose Again
7. Acid Bubble
8. Lessons Learned
9. Take her out
10. Private Hell
11. Black Gives Way to Blue

Doces Cariocas gravam show para DVD no Rio

O grupo Doces Cariocas vai gravar o show que apresenta no Teatro Tom Jobim (RJ) nesta quinta-feira, 13 de agosto de 2009, para inclusão em seu primeiro DVD, Pouso de Folia, que terá caráter documental. Aliás, o título alude aos saraus caseiros realizados em Ipanema (RJ) que acabaram por originar esse coletivo carioca, em que se destacam Pierre Aderne e a cantora Alexia Bomtempo. No roteiro do show, as dez músicas do primeiro único CD dos Doces Cariocas - um saboroso trabalho que evoca o espírito e o som dos Tribalistas - vão se misturar com inéditas como Pedro e Pedra (parceria de Pierre Aderne com Edu Krieger) e Feira do Troca ( de Alexia, Pierre e Gastão Villeroy). O registro ao vivo vai ter intervenções de Krieger, Anna Luisa e Wilson Simoninha, participantes eventuais das reuniões musicais que agregam cantores e compositores em ascensão ou em busca de lugar ao sol. Sueli Machado assina a direção do show enquanto Marco Oliveira pilota a gravação do DVD, que vai trazer vídeos dos tais saraus - pontos de partida para a feitura do documentário.

Vigor no primeiro lote de reedições dos Stones

Por conta do contrato assinado com os Rolling Stones em 2008, a gravadora Universal Music vai relançar, ao longo de 2009, 14 álbuns de estúdio do grupo, lançados a partir de 1971, quando o quarteto passou a ser dono de seu catálogo. Já nas lojas, o primeiro lote de reedições abrange os álbuns Sticky Fingers (1971), Goats Head Soup (1973), It's Only Rock'n'Roll (1974) e Black and Blue (1976). O primeiro é um clássico. O último é irregular. Mas, no todo, o lote atesta o vigor da banda numa fase áurea, iniciada em 1968 com o emblemático Beggars Banquet (1968) e prosseguida, com maior ou menor inspiração, ao longo dos anos 70. São discos em que a mistura de rock, blues e baladas de inspiração country atinge um ponto de maturação. Remasterizadas, as atuais reedições também procuram preservar a arte gráfica dos álbuns originais. Contudo, Sticky Fingers não volta ao catálogo com o inovador encarte-zíper concebido por Andy Warhol (1928 - 1987), mestre da Pop Art. Ainda assim, é o melhor título do pacote por conter petardos como Brown Sugar e Wild Horses, ainda hoje indispensáveis nos shows da banda. Goats Head Soup não reeditou o brilho de seu antecessor, mas tem algum peso e o mérito de conter Angie, a balada mais popular dos Stones, um hit fora do circuito do rock. Já It's Only Rock'n'Roll se celebrizou pela faixa-título, espécie de carta de princípios desse grupo que se recusa a envelhecer. Mas vale destacar também o cover de Ain't Too Proud to Beg, do conjunto The Temptations. O álbum de 1974 foi o último gravado com o guitarrista Mick Taylor. E a substituição de Taylor por Ronnie Wood é o dado de maior relevância do último álbum do lote, Black and Blue, que alternou baladas (Memory Hotel e Fool to Cry) com o funk Hot Stuff. Discos melhores virão no segundo lote.
P.S.: O clássico álbum duplo Exile on Main Street, de 1972, não integra o primeiro pacote de reedições do catálogo dos Rolling Stones porque será relançado de forma individual pela Universal Music, em reedição especial, que chegará às lojas ainda em 2009.

12 de agosto de 2009

O desfile majestoso da obra pioneira da 'rainha'

Resenha de Show - Gravação de CD e DVD
Título: Canto de Rainha
Artista: Ivone Lara
Participações especiais: Arlindo Cruz, Beth Carvalho,
Bruno Castro, Caetano Veloso, Délcio Carvalho, Gilberto
Gil, Jorge Aragão e Velha Guarda do Império Serrano
Local:
Canecão (RJ)

Data: 11 de agosto de 2009
Cotação: * * * *

Entronizada na cadeira disposta ao centro do palco, Ivone Lara exibia porte de rainha. Justo. A coroa do samba é mesmo desta compositora que abriu alas e pediu passagem para as mulheres. Aos 88 anos de vida e 62 de carreira (tomando-se como ponto de partida sua pioneira admissão na ala de compositores da escola Império Serrano em 1947), Ivone Lara (vista em foto de Mauro Ferreira) é dona de uma obra realmente majestosa. Que desfilou imponente no palco do Canecão (RJ) na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009, no show idealizado e dirigido por Túlio Feliciano para possibilitar a gravação do primeiro DVD da autora de Sonho Meu - samba, aliás, revivido com Beth Carvalho num dos números mais belos da noite. Um time de convidados realmente especiais lhe fez a merecida corte. A despeito de uma certa confusão no final (com a Velha Guarda do Império Serrano), prejudicado por súbito black-out do palco, a gravação resultou sedutora. Mesmo com o descompasso entre a direção, a anfitriã e os artistas convidados. Nem a falta de mobilidade imposta a Ivone pelo tempo a impediu de ensaiar uns passos de samba ao som dos versos do partido alto Não Chora Neném. A cargo do diretor musical Paulão Sete Cordas, os arranjos tiveram tom moderado para não ofuscar a voz de Ivone. Voz de dimensões ancestrais que parece incorporar todas as tradições do samba. E que, descontadas as limitações da idade, brilhou em muitos momentos, como a introdução a capella do samba Mas Quem Disse que Eu te Esqueço? - bissexta parceria com Hermínio Bello de Carvalho, saudado na platéia pela própria Ivone, atenta a qualquer comentário ouvido do público. O desfile de sambas majestosos montou belo painel de sua obra de original desenho melódico. Ecoou a melancolia impregnada em sambas de tom mais dolente como Liberdade e Resignação. O otimismo que insiste em desafiar os dissabores da vida nos versos de sambas como Alvorecer. A deliciosa cadência baiana de sucessos como Alguém me Avisou, samba muito apropriadamente revivido na companhia de Caetano Veloso e de Gilberto Gil. O elo seminal com a mãe África e o jongo, evidenciado em Axé de Ianga (Pai Maior). A nostalgia do prazer de fazer samba nos terreiros imperiais, propagado em Serra dos meus Sonhos Dourados. E, acima de tudo, o dom de criar um repertório que, gêneros e cadências à parte, parece sempre oriundo das cepas mais nobres do samba. Ouvir Dona Ivone Lara é ouvir música e canto de rainha. Vitalícia.

Joias do baú de 81 no roteiro do DVD de Ivone

Dividido em sete quadros pautados por tênues conceitos de teor mais filosófico, sem preocupações cronológicas, o roteiro do show idealizado para a gravação do primeiro DVD de Dona Ivone Lara - apresentado na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009, no Canecão (RJ) - fez retrospecto da obra majestosa da compositora, enraizada em tradições profundas do samba. Dos sucessos mais conhecidos, faltou somente A Sereia Guiomar. Em contrapartida, o roteiro incluiu temas menos ouvidos do repertório da autora (em foto de Mauro Ferreira). Foram os casos de Axé de Ianga (Pai Maior) - tema de inspiração afro lançado pela compositora em 1981 no álbum Sorriso Negro - e de Resignação, parceria com Hélio dos Santos, gravada pelo grupo Fundo de Quintal, no mesmo ano de 1981, em seu segundo disco. Eis o roteiro do show dirigido por Túlio Feliciano, gravado ao vivo para edição em CD e em DVD:
1. Tiê
2. Alvorecer
3. Força da Imaginação - com Caetano Veloso
4. Alguém me Avisou - com Caetano Veloso e Gilberto Gil
5. Samba de Roda pra Salvador (Não Chora meu Bem)
- com Gilberto Gil
6. Enredo do meu Samba - com Jorge Aragão
7. Mas Quem Disse que Eu te Esqueço?
8. Nas Escritas da Vida - com Bruno Castro
9. Acreditar - com Délcio Carvalho
10. Liberdade
11. Sorriso de Criança
12. Sorriso Negro
13. Número instrumental
14. Nos Combates desta Vida (instrumental)
15. Canto de Rainha - com Arlindo Cruz
16. Não Chora Neném - com Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho
17. Dizer Não pro Adeus - com Zeca Pagodinho
18. Sonho meu - com Beth Carvalho
19. No Pagode de Pai Joaquim
20. Tendência
21. Em Cada Canto uma Esperança
22. Nasci para Sonhar e Cantar
23. Resignação
24. Candeeiro da Vovó
25. Axé de Ianga (Pai Maior)
26. Serra dos meus Sonhos Dourados
- com Velha Guarda do Império Serrano
27. Os Cinco Bailes da História do Rio
- com Velha Guarda do Império Serrano
28. Exaltação a Tiradentes
- com Velha Guarda do Império Serrano

Beth grava 'Sonho Meu' com Ivone em belo take

Foi tão bonito que o público pediu para Beth Carvalho continuar no palco e repetir o número, mas o fato é que, na avaliação do diretor Túlio Feliciano, já valera o primeiro e único take de Sonho Meu (1978). Lançado por Maria Bethânia em dueto com Gal Costa, o samba ganhou contracanto de Ivone no registro dividido com Beth, que saudou a anfitriã. "É uma das maiores compositoras do mundo", sentenciou Beth. "Você grava tudo que é meu", devolveu Ivone, citando o fato de Beth ser constante intérprete de sua obra.

Arlindo e Zeca no partido (mais) alto de Ivone

Um dos partidos mais altos de Ivone Lara, lançado por Beth Carvalho em 1979 no álbum No Pagode, Não Chora Neném foi um dos números mais empolgantes e aplaudidos da gravação do primeiro DVD de Dona Ivone Lara, feita em show no Canecão (RJ) na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009. Convidados do número, Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho improvisaram versos com tal maestria que Ivone não resistiu e ensaiou uns passos de samba pelo palco coberto de folhas. Mesmo assim, o diretor do show, Túlio Feliciano, solicitou a repetição do número - negada pelos convidados. "Mas repetir verso?!! Fui...", ponderou Arlindo, já saindo do palco. "Fica bonito verso de verdade", reiterou Zeca, que permaneceu em cena para reviver o dolente samba Dizer Não pro Adeus (2005), lançado pelo próprio Pagodinho no recente CD À Vera. Antes de Zeca pisar no palco, Arlindo reverenciara Ivone ao entoar o samba que fez em tributo à compositora, Canto de Rainha, lançado por Beth Carvalho em 1984. Com contracantos de Ivone, o número ficou bonito já no primeiro take, mas teve que ser repetido. E Arlindo Cruz, feliz, nem se importou de refazê-lo...

Ivone chama Délcio Carvalho, principal parceiro

"O Sr. Délcio Carvalho, por gentileza!". Foi com essas palavras que Ivone Lara convocou seu principal parceiro a pisar no palco do Canecão (RJ) na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009, para cantar com ela Acreditar (1976), um dos sambas de maior sucesso da dupla, propagado na voz de Roberto Ribeiro (1940 - 1996). Délcio atendeu o pedido da parceira e conduziu o samba, cantado em coro pelo público que lotou o Canecão para assistir à gravação do primeiro DVD de Ivone num show criado para saudar a rainha.

Aragão revive o enredo de seu samba com Ivone

Jorge Aragão entrou na última hora no elenco de convidados da gravação do primeiro DVD de Ivone Lara, realizada na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009. Mas Aragão evoluiu bem no palco do Canecão (RJ) ao reviver, de forma terna, Enredo do meu Samba (1984), uma de suas belas parcerias com a compositora. Uma discreta sanfona deu um toque especial ao arranjo do samba.

Caetano e Gil entram na roda para saudar Ivone

Caetano Veloso foi o primeiro convidado da gravação do primeiro DVD de Dona Ivone Lara, na noite de terça-feira, 11 de agosto de 2009. Feitos os dois primeiros números do show, Tiê (1933) e Alvorecer (1974), Caetano entrou no palco do Canecão (RJ) no momento em que Ivone já entoava os versos iniciais de Força da Imaginação (1982), única parceria dos compositores. O primeiro take não ficou bom, mas o dueto já resultou harmonioso no segundo. Na sequência, o duo virou trio com a entrada em cena de Gilberto Gil. Ivone, Caetano e Gil cantaram Alguém me Avisou (1980) com cadência similar à do registro original feito para o LP Talismã, de Maria Bethânia. Depois, já sem Caetano, Gil entrou no ritmo do Samba de Roda para Salvador (Não Chora meu Bem) (1997), sem esconder a alegria de estar reverenciando Ivone Lara em noite que resultou majestosa. O registro ao vivo vira CD e DVD.

11 de agosto de 2009

This Is It revela bastidores da turnê de Jackson

A morte de Michael Jackson (1958 - 2009) - às vésperas da estreia da turnê This Is It - impediu o mundo de julgar se o Rei do Pop ainda merecia a coroa. Mas, a partir de 30 de outubro de 2009, vai ser possível ter uma ideia das reais condições do astro. Nessa data, a Sony Pictures e a Sony Music vão lançar o documentário This Is It. Com imagens em alta definição e som digital de última geração, o filme desvenda os bastidores da abortada turnê a partir de takes colhidos nos ensaios. A maior parte das filmagens foi feita em junho de 2009 no Staples Center (em Los Angeles, Califórnia, EUA) e no The Forum (em Inglewood, Califórnia, EUA) - locais onde Jackson ensaiava para a turnê que estrearia em Londres em 13 de julho. O documentário terá algumas cenas em 3-D e, a partir de depoimentos de amigos e familiares, vai traçar perfil da obra do artista (visto acima numa das imagens dos ensaios divulgadas em julho) ao longo dos últimos 40 anos. Sai em DVD e em blu-ray.

CDs, DVD e livros revivem o mito de Woodstock

Faz 40 anos neste mês de agosto de 2009 que uma multidão estimada entre 400 e 500 mil pessoas viveu três lendários dias de música, amor, drogas e lama numa fazenda fazenda situada em Bethel, ao Norte de Nova York (EUA). Faz 40 anos que a Feira de Arte e Música de Woodstock - realizada entre 15 e 17 de agosto de 1969 e mais conhecida como o Festival de Woodstock - entrou para a História do rock. Atentos à efeméride, a indústria do disco e o mercado editorial já estão despejando CDs, DVDs e livros que (re)acendem os mitos de Woodstock. A filial nacional da Warner Music, por exemplo, anunciou nesta terça-feira, 11 de agosto, que as reedições remasterizadas dos álbuns duplos Woodstock Music from The Original Soundtrack and More (1970) e Woodstock Two (1971) vão chegar às lojas do Brasil a partir de 27 de agosto (no exterior, os álbuns foram relançados em junho). Paralelamente, um documentário de 1970, Woodstock - Onde Tudo Começou, ganha edição em DVD com cenas inéditas. Intitulada Woodstock - 3 Dias de Paz, Amor e Música, a chamada versão do diretor (no caso, do diretor Michael Wadleigh) é embalada numa caixa de quatro DVDs. Quanto aos livros, dois novos títulos abordam o festival de formas distintas. Aconteceu em Woodstock, da Editora Agir, enfoca o evento sob a ótica de um dos produtores do evento, Elliot Tiber, um oprimido gay e judeu que alçou voo sob todos os sentidos a partir de Woodstock. Já Woodstock Quarenta Anos Depois, da editora Best-Seller, enfileira depoimentos de todos que se envolveram no festival para (re)acender os mitos sobre aqueles três dias que fizeram História.

Bethânia grava nada menos do que três discos

Maria Bethânia (à direita em foto de Leonardo Aversa) está envolvida na gravação de nada menos do que três discos neste ano de 2009. Além dos dois álbuns (já finalizados) que vai lançar em setembro, um pela gravadora Biscoito Fino e o outro pelo selo Quitanda, a intérprete já trabalha num terceiro disco. Este terceiro trabalho é projeto pessoal da cantora - de poesia - e não vai ser comercializado, em princípio. Já os dois álbuns - gravados desde o primeiro semestre - estão prontíssimos, no forno da Biscoito Fino.

Gonzaguinha nas vozes de cantoras nada óbvias

Resenha de CD
Título: Gonzaguinha
Letra & Música
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas
/ Coqueiro Verde
Cotação: * * * 1/2

Foi através de vozes femininas - em especial, pelas de Maria Bethânia e Simone - que a obra inicialmente magoada de Gonzaguinha (1945 - 1991) ganhou tons mais românticos e conquistou de fato o Brasil, fazendo com que, na virada dos anos 70 para os 80, o autor de Explode Coração fosse o compositor mais requisitado pelas cantoras. Daí o acerto conceitual da coletânea dedicada a Gonzaguinha na série Letra & Música, produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. Nada óbvia, a seleção enfoca apenas cantoras. Não há fonogramas de Bethânia. Já Simone está representada pela bela e menos ouvida gravação de Diga Lá, Coração (do álbum Cigarra, 1978). Mas o que dá valor à compilação são os fonogramas raros até em coletâneas. Exemplo é Começaria Tudo Outra Vez na voz de Marisa Gata Mansa (1933 - 2003). O pungente registro ao vivo do bolero foi feito pela saudosa cantora no LP Encontro de Amor, de 1976 - aliás, o ano em que o autor lançou o bolero no álbum justamente intitulado Começaria Tudo Outra Vez. Também pouco conhecidas são a leitura roqueira de Wanderléa para A Felicidade Bate à sua Porta (do álbum Vamos que Eu Já Vou, 1977) e a abordagem brejeira de Gostoso na voz alegre da Fafá de Belém dos anos 70 (a gravação é do disco Banho de Cheiro, de 1978). A propósito, mais ou menos conhecidas, as gravações mostram como a obra de Gonzaguinha ganhou alegria com o passar dos anos. Mesmo quando tinha viés político, caso do samba E Vamos à Luta, ouvido na voz firme de Alcione em gravação calorosa que deu título ao álbum lançado pela Marrom em 1980. Poucos compositores celebraram a vida como ele o fez nos versos de O Que É O Que É? (samba ouvido em registro ao vivo de Beth Carvalho, de 1991) e de Caminhos do Coração, tema de 1982 ouvido na coletânea numa das mais bonitas gravações de Elba Ramalho, escondida num álbum (Encanto, 1992) de reduzida repercussão. Seja no tom cool de Zizi Possi (Explode Coração, em gravação de 1996) ou no registro quase empostado de Ângela Maria (Mulher e Daí? - Apenas Mulher, de álbum de 1980), a ideologia e a música de Gonzaguinha resistem bem ao tempo. Pena que o produtor Marcelo Fróes tenha sido econômico no texto escrito para a coletânea. Um encarte mais farto de informações detalhadas sobre a evolução da obra de Gonzaguinha (e sobre as onze gravações do CD) teria valorizado bem mais a boa coletânea.

10 de agosto de 2009

Músicas de Edu Lobo na boca de Vânia Bastos

Vânia Bastos (à direita em imagem de Marcos Máximo) prepara pela gravadora Lua Music um álbum dedicado ao repertório de Edu Lobo. Sem lançar disco de estúdio desde 2002, ano em que celebrou Milton Nascimento e a produção mineira no tributo Vânia Bastos Canta o Clube da Esquina, a cantora já grava o álbum em que interpreta músicas como Canção do Amanhecer (1965), No Cordão da Saideira (1967), Vento Bravo (1973), Gingado Dobrado (1976) e Glória (1973). Intitulado Na Boca do Lobo, o disco tem produção de Thiago Marques Luiz. Já a direção musical é do violonista Ronaldo Rayol. O CD sai até o fim de 2009.

Simone aplica Adriana, Erasmo e Agepê na veia

Samba de Martinho da Vila e Zé Katimba, Na Minha Veia inspira o título do primeiro disco de inéditas de Simone desde Baiana da Gema (2004), Na Veia, nas lojas neste mês de agosto de 2009 pela gravadora Biscoito Fino. Simone - vista acima na foto de Leonardo Aversa escolhida para a capa do CD - grava canções inéditas de Adriana Calcanhotto, Erasmo Carlos e Marina Lima. Entre os sambas, a curiosidade é Deixa Eu te Amar, sucesso de Agepê (1942 - 1995) na década de 80. Mas a maior surpresa do repertório é o fato de a cantora se apresentar pela segunda vez como compositora numa canção, Vale a Pena Tentar, letrada por Hermínio Bello de Carvalho (a primeira vez foi em 1982, quando ela assinou Merecimento em parceria com Abel Silva). Produzido pelo baixista Rodolfo Stroeter, com a colaboração de Simone, Na Veia tem arranjos assinados por Rildo Hora, Luiz Brasil, Nelson Ayres, Julinho Teixeira e a própria Simone. Eis as 12 músicas do disco (de tons e climas sensuais) e seus respectivos compositores:
1. Love (Paulo Padilha)
2. Certas Noites (Dé Palmeira e Adriana Calcanhotto)
3. Migalhas (Erasmo Carlos)
4. Na Minha Veia (Zé Katimba e Martinho da Vila)
5. Bem pra Você (Marina Lima e Dé Palmeira)
6. Geraldinos e Arquibaldos (Gonzaguinha)
7. Hóstia (Marcos Valle e Erasmo Carlos)
8. Pagando pra Ver (Nonato Luís e Abel Silva)
9. Vale a Pena Tentar (Simone e Hermínio Bello de Carvalho)
10. Ame (Paulinho da Viola e Elton Medeiros)
11. Definição da Moça (Adriana Calcanhotto sobre poema de
Ferreira Gullar)
12. Deixa Eu te Amar (Agepê, Ismael Camillo e Mauro Silva)

Cidadão põe Arnaldo e Scandurra em 'UHUUU!'

Terceiro CD do grupo Cidadão Instigado, UHUUU! (capa à esquerda) tem intervenções de Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra. Antunes - que vai lançar um álbum produzido por Fernando Catatau, o bom guitarrista do Cidadão - canta nas faixas Doido e O Cabeção. Já Scandurra faz vocais em Dói. O disco também agrega Karina Buhr, integrante do grupo Comadre Fulozinha. Karina toca pandeirola em Como as Luzes. UHUUU! é independente. Chegará às lojas em setembro de 2009.

Kraftwerk remasteriza e encaixota oito álbuns

O quarteto alemão Kraftwerk vai relançar oito álbuns em outubro de 2009. As reedições remasterizadas vão ser comercializadas de maneira avulsa nos formatos de CD, de vinil e também em caixa intitulada 12345678 The Catalogue. Os oito títulos reeditados - Autobahn (1974), Radio-Activity (1975), Trans Europe Express (1977), The Man Machine (1978), Computer World (1981), Techno Pop (1986), The Mix (1991) e Tour De France (2003) - também vão estar disponíveis para download legalizado.

9 de agosto de 2009

Cinco cantoras para seduzir os fãs do 3naMassa

Resenha de Show
Título: Confraria das Sedutoras
Artista: 3 na Massa
Participações especiais: Céu, Karine Carvalho,
Lurdes da Luz, Marina de la Riva e Thalma de Freitas
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 9 de agosto de 2009
Fotos: Mauro Ferreira
Cotação: * * *
A rigor, o repertório autoral do primeiro - e único - disco do trio 3 na Massa, Na Confraria das Sedutoras (2008), é irregular. O projeto - que junta o produtor Rica Amabis (do coletivo Instituto) a dois integrantes da Nação Zumbi (o baterista Pupillo e o baixista Dengue) - se escora na sonoridade antenada e, sobretudo, na presença das vozes femininas das atrizes e cantoras recrutadas para o disco. Por isso mesmo, as belas presenças de Céu, Karine Carvalho, Lurdes da Luz, Marina de la Riva e Thalma de Freitas valorizaram a apresentação do trio no Circo Voador (RJ), iniciada já na madrugada deste domingo, 9 de agosto de 2009. Céu, Marina e Thalma - em especial - garantiram a sedução da platéia que se abrigou sob a lona mais pop do Rio de Janeiro para ver o trio. Esbanjando beleza e charme, Céu defendeu Doce Guia (tema gravado por ela no disco) e O Objeto (música entoada por Nina Becker no CD). Thalma mostrou especial desenvoltura em O seu Lugar (Enladeirada), sem, contudo, bisar o êxito em Morada Boa (composição entregue a Nina Miranda no álbum). Já Marina de la Riva - ausente do disco - se integrou à confraria na apresentação carioca, confirmando ao cantar Estrondo e Lágrimas Pretas a precoce maturidade vocal esbanjada em seu primeiro CD. Vinda da cena paulista de hip hop, Lurdez da Luz se valeu de sua energia para cantar músicas como o rap Sem Fôlego. Por fim, Karine Carvalho - atriz que teve em cena a humildade de dizer que não era cantora - entrou no clima viajante ao defender Quente como Asfalto e Tatuí. Vozes à parte, Céu e Thalma foram as convidadas que traduziram com mais propriedade o tom sensual pretendido pelo trio neste projeto. A interação das programações de Amabis com o baixo de Dengue e a bateria de Pupillo produzem fartas e interessantes camadas de sons. Pena que, em sua maioria, as músicas não estejam à altura do conceito. De qualquer forma, a apresentação foi redonda. Funcionou bem a ideia de abrir e fechar o show via telão com as imagens e os vocais de Leandra Leal e Alice Braga, atrizes que abrem e fecham o CD, respectivamente. E o bis, que alternou duetos (como o de Céu e Thalma) e número coletivo, conseguiu ser mais sedutor do que a apresentação em si. Céu e Thalma se entrosaram, de forma vibrante, em Jockey Full of Bourbon, delícia do cancioneiro de Tom Waits. Já Karine Carvalho não rendeu muito na seara de Roberto Carlos, de cujo repertório pescou Quero Ter Você Perto de mim. Mas o fim coletivo - com There Is an End, do grupo norte-americano The Greenhornes - ratificou a interação do 3 na Massa com as cinco sedutoras musas.

Aragão engrossa o elenco do DVD de Ivone Lara

Jorge Aragão se juntará ao elenco de convidados que vão participar da gravação do primeiro DVD de Dona Ivone Lara - agendada para terça-feira, 11 de agosto de 2009, em show no Canecão (RJ). Aragão vai cantar sua bissexta parceria com a sambista, Enredo do meu Samba, lançada na voz de Sandra de Sá em 1984. Já Caetano Veloso, além de fazer dueto com Ivone em Força da Imaginação, vai se unir a Gilberto Gil e à octagenária anfitriã (vista acima à direita em foto de Mauro Ferreira) para relembrar Alguém me Avisou, samba que Caetano e Gil gravaram com Maria Bethânia em 1980 para o álbum Talismã, de Bethânia.

Coletânea revive tempo em que Elis cantou Edu

A biografia de Elis Regina (1945 - 1982) se cruza de forma definitiva com a de Edu Lobo em 1965, quando a cantora - então ainda sem a devida projeção - se consagra ao defender Arrastão, a épica parceria de Edu com Vinicius de Moraes (1913 - 1980), no I Festival de Música da TV Excelsior. Daquele ano de 1965 até 1969, Elis incluiu diversas músicas de Edu Lobo nos LPs que gravaria para a Philips já com repertório dedicado à nascente MPB. É essa produção fonográfica - pequena, mas de grande valor artístico - que está reunida na ótima coletânea Elis Canta Edu, supervisionada pelo próprio Edu Lobo para a gravadora Universal Music com base na seleção de repertório proposta por Thiago Marques Luiz. Já existem no mercado compilações de Elis dedicadas a compositores como Milton Nascimento e João Bosco - ambos, aliás, recorrentes na discografia da Pimentinha nos anos 70 - mas não havia, até então, uma coletânea que enfocasse exclusivamente a abordagem da obra de Edu por Elis. Eis a seleção do CD, cuja cuidadosa ficha técnica escorrega somente ao creditar ao ano de 1969 a gravação ao vivo de Chegança, captada em show feito por Elis em 1965 com o Zimbo Trio e lançada no mesmo ano no álbum O Fino do Fino:

1. Casa Forte (Edu Lobo)
Do álbum Elis, Como & Porque (1969)
2. Corrida de Jangada (Edu Lobo e Capinam)
Do álbum Aquarela do Brasil (1969)
3. Upa, Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri)
Do álbum Elis Regina in London - com Toots Thielemans (1969)
4. Pra Dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato Neto)
Do álbum Elis (1966)
5. Memórias de Marta Saré (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri)
Do álbum Elis, Como & Porque (1969)
6. Chegança (Edu Lobo e Oduvaldo Viana)
Do álbum O Fino do Fino (ao vivo) - com Zimbo Trio (1965)
7. Jogo de Roda (Edu Lobo e Ruy Guerra)
Do álbum Festival dos Festivais (1969)
8. Canto Triste (Edu Lobo e Vinicius de Moraes)
De compacto simples de 1966
9. Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes)
De compacto simples de 1965
10. Estatuinha (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri)
Do álbum Elis (1966)
11. Canção do Amanhecer (Edu Lobo e Vinicius de Moraes)
Do álbum O Fino do Fino (ao vivo) - com Zimbo Trio (1965)
12. Aleluia (Edu Lobo e Ruy Guerra)

Do álbum Samba Eu Canto Assim (1965)
13. Veleiro (Edu Lobo e Torquato Neto)
Do álbum Elis (1966)
14. Reza (Edu Lobo e Ruy Guerra)
Do álbum Samba Eu Canto Assim (1965)
15. Zambi (Edu Lobo e Vinicius de Moraes)
Do álbum O Fino do Fino (ao vivo) - com Zimbo Trio (1965)

Rebeca Matta ilustra a capa de 'Verso Alegoria'

A ilustração acima, de Rebeca Matta, está reproduzida na capa de Verso Alegria, terceiro álbum do cantor e compositor Moisés Santana, nas lojas neste mês de agosto de 2009 pela gravadora Lua Music. Produzido pelo próprio Moisés, em parceria com o baixista Gigi Magno, o disco agrega cantoras como Wanderléa, Virgínia Rosa, Andreia Dias, Suzana Salles, Vanessa Bumagny e Gigi Trujillo. As três últimas, aliás, foram reunidas na faixa Tem Celebridade. Entre temas autorais como Chega de Realidade e Alegria Insiste, o artista regrava Juízo Final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares) e O Mistério do Samba (Fred 04 e Marcelo Pianinho).