22 de dezembro de 2007

Em evolução, Thalma canta as dores de amores

Resenha de show
Título: Thalma de Freitas
Artista: Thalma de Freitas
Local: Mistura Fina (RJ)
Data: 21 de dezembro de 2007
Cotação: * * * 1/2

Quase na surdina, Thalma de Freitas está se tornando boa e segura cantora - já pronta para vôos mais altos que não a limitem ao belo papel de crooner da Orquestra Imperial. No show que apresentou na (recém-aberta) casa carioca Mistura Fina, a filha do pianista e maestro Laércio de Freitas - mais conhecida pelo grande público por conta de seus trabalhos como atriz em novelas globais como Laços de Família (2000) e a atual Sete Pecados - foi além do universo mostrado no EP editado em 2004 via selo Cardume (seu primeiro obscuro disco solo saiu em 1994). Na companhia eficaz do violão de Paulão Sete Cordas, Thalma canta (ou expia, como ela prefere dizer em cena) as dores de amores na forma de magoados sambas-canções da era de ouro do rádio brasileiro. Segura a onda.

Sentada, entre goles do vinho disposto na pequena mesa que serve de cenário para o show intimista, Thalma vai desfiando um roteiro que reúne músicas de cortar os pulsos - como ela brinca. Começa um pouco tímida com Pode Sorrir (pérola de Nelson Cavaquinho), prossegue terna com Solidão (Dolores Duran) e derrapa em Meu Mundo Caiu, entoada com sorriso que contradiz os versos tristes de Maysa - mestra na arte de fazer canções de fossa. Sem carregar nas tintas da dramaticidade, Thalma esboça tom teatral mais ou menos acertado quando canta temas como Medo de Amar, Negue, Ronda ("Todo mundo já teve seu dia de psicopata", alerta), Risque (forte samba-canção em que reaparece o tal sorriso contraditório) e Vingança, número em que eleva o tom em um registro quase tão exacerbado quanto o da (emblemática) gravação de Linda Batista.

Dramas à parte, Thalma é afinada e tem belo timbre. Sua evolução vocal fica nítida em números como Basta de Clamares Inocência, música que Cartola ofertou para Elis Regina. Conceitualmente, o roteiro pouco extrapola os clichês e os clássicos do gênero samba-canção. Contudo, surpreende com o link que une pela temática Me Deixa em Paz (Monsueto) a Mel na Boca (Almir Guineto). Surpresa é também Fora de Ocasião, samba pouco conhecido do repertório de Alcione. Após arriscar Se Queres Saber, Insensatez e Coração Vagabundo, Thalma sai de cena ao som de Não Foi em Vão, tema de sua própria autoria, deixando a sensação de que está crescendo muito como cantora e de que não tardará a aparecer mais na cena.

Elza e Ribas cantam trilha do filme de Bodansky

Chega de Saudade, o já incensado segundo longa-metragem de Laís Bodansky (a diretora de Bicho de Sete Cabeças), ainda não estreou nos cinemas, mas a sua trilha sonora já está sendo lançada em CD e tem tudo para ser tão cultuada quanto o filme, pois cabem a Elza Soares (foto) e a Marku Ribas interpretar a maioria das 14 músicas da trilha com o acompanhamento da Banda Luar de Prata. Elza e Ribas encarnam os crooners Ana e Vanderley no filme, cuja ação se passa num baile dedicado à terceira idade. Eis as músicas:

1. Não Deixe o Samba Morrer - Elza Soares e Marku Ribas
2. De Noite na Cama - Elza Soares
3. Um Calo de Estimação - Elza Soares e Marku Ribas
4. Você Não Vale Nada - Marku Ribas
5. Tequila - Banda Luar de Prata
6. Bebete Vãobora - Banda Luar de Prata
7. Lama - Elza Soares
8. Sonata ao Luar - Banda Luar de Prata
9. Mulheres - Marku Ribas
10. Bambino - Elza Soares
11. Cha Cha Cha - Marku Ribas
12. Como uma Onda ( Zen Surfismo ) - Banda Luar de Prata
13. Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme - Banda Luar de Prata
14. Chega de Saudade - Rogério Duprat

'Back to Black' duplo sai no Brasil em fevereiro

A Universal Music põe nas lojas do Brasil em fevereiro a Deluxe Edition do segundo CD de Amy Winehouse, Back to Black. Lançada no exterior em 5 de novembro, a edição dupla do álbum vem com CD-bônus que inclui os covers de Cupid (tema do repertório do cantor de soul Sam Cooke) e Monkey Man, jóia de Toots and the Maytals. Outras faixas-bônus são Valerie, o registro ao vivo de To Know Him Is to Love Him, Hey Little Rich Girl, You're Wondering Now, Some Unholy War e versão demo de Love Is a Losing Game.

Já solo, Tatau assina contrato com a Deckdisc

Tatau vai lançar o seu primeiro disco solo pela gravadora carioca Deckdisc. O CD tem lançamento programado para março. Mas Vai Dar Praia - a primeira música de trabalho - já entrou em rotação em algumas rádios. A música é de autoria do próprio Tatau. Na foto, o ex-vocalista do grupo Ara Ketu posa durante a assinatura do contrato com João Augusto (à direita), o diretor da Deckdisc.

21 de dezembro de 2007

Milton entra no tom de Jobim em futuro disco

Milton Nascimento pretende gravar já em 2008 um álbum somente com músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) - de quem registrou o Samba do Avião para a trilha sonora nacional da novela Paraíso Tropical, exibida em 2007. Se o projeto for concretizado, vai se tratar do segundo CD de intérprete do compositor (o primeiro foi Crooner, editado em 1999). O último disco de inéditas de Milton, Pietá, saiu em 2002 e foi tido como um de seus melhores álbuns.

Marcelo Camelo já grava seu primeiro CD solo

Em clima meio sigiloso, Marcelo Camelo já entrou em estúdio para gravar seu primeiro disco solo. O lançamento está previsto para 2008. É provável que o repertório inclua Téo e a Gaivota, tema que o hermano já mostrou em sua página no MySpace. Quem deverá editar o CD é a gravadora Sony BMG.

Mendes convoca Juanes para gravar Donato

Sergio Mendes (foto) convidou Juanes para participar de seu próximo disco, em fase de finalização. A participação do cantor colombiano vai ser na faixa Let's Go (E Vamos Lá, no original em português). A música é de autoria de João Donato em parceria com Joyce. Produzido entre o Brasil e os Estados Unidos, o álbum de Mendes tem seu lançamento agendado para março de 2008. É o primeiro disco do artista desde Timeless (2006), o trabalho que injetou fôlego na carreira fonográfica de Mendes graças ao link com nomes como will.i.am.

Selma grava Pinheiro e relança CD com bônus

Selma Reis (vista à esquerda em foto de André Wanderley) vai gravar em 2008 disco duplo com músicas da lavra fina de Paulo César Pinheiro. Antes, a cantora lança o CD Maria Mãe de Jesus - em que canta árias sacras e narra a trajetória da Virgem Maria - e relança (mais uma vez) seu disco Todo Sentimento, de 1995. Desta vez, a reedição virá com faixa-bônus: The Man I Love, a música de George Gershwin (1898 - 1937) com Ira Gershwin (1896 - 1983).

20 de dezembro de 2007

Alicia soa mais atual sem descartar as tradições

Resenha de CD
Título: As I Am
Artista: Alicia Keys
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * *

Desde seu primeiro CD, Songs in A Minor (de 2001), Alicia Keys já sinalizou que não iria seguir a cartilha de rap / r & b que direciona nove entre dez cantoras americanas. Mesmo que seu segundo álbum, The Diary of Alicia Keys (2003), tenha exibido alguma (má?) influência do universo do hip hop, a matéria-prima do som da artista era o soul propagado pela Motown nos anos 60. Neste seu terceiro disco de estúdio, As I Am, grandiosas faixas como Wreckess Love e The Thing about Love poderiam figurar num álbum antigo da mesma Motown. Contudo, mesmo sem descartar as tradições, a cantora já soa mais contemporânea em temas como No One (primeiro single) e Like You'll Never See me Again (faixa acertadamente já eleita o segundo single). O que foi descartado neste novo belo trabalho é a influência do hip hop. No todo, o CD As I Am soa coeso nas suas 14 faixas. Alicia canta muito e não se apóia em batidas estéreis. Ao contrário, o som de seus discos é moldado com instrumentos de verdade, incluindo órgão, naipe de metais e, claro, o piano tocado pela própria artista, de formação erudita. E ainda traz John Mayer - o convidado da bluesy balada Lesson Learned. O senão é o tom quase monotemático das letras sobre relacionamentos afetivos. Nada, porém, que apague o brilho do som e da voz de Alicia Keys.

Ivan lança olhar estrangeiro sobre própria obra

Resenha de CD e DVD
Título: Saudades de Casa
Artista: Ivan Lins
Gravadora: Indie Records
Cotação: * * * 1/2

Ao lançar em 2006 vigoroso disco, Acariocando, Ivan Lins abriu seu leque de parceiros e sinalizou que continua inspirado. Daí que este CD e DVD ao vivo Saudades de Casa significa, de alguma maneira, pisada no freio de sua produção. Não chega a ser projeto retrospectivo como o feito pelo artista no CD e DVD Contando Histórias (2005), mas é um trabalho com baixo teor de novidade. A rigor, Ivan lança um olhar estrangeiro sobre a própria obra nesta gravação realizada em estúdio - como se fosse ao vivo. O repertório reunido (alguns poucos hits, lados B de sua grandiosa discografia, duas inéditas e as melhores músicas do CD Acariocando) é reapresentado na forma como é mostrado nos shows feitos pelo artista no exterior. Com alguns aditivos como o bandolim de Hamilton de Holanda no samba A Gente Merece Ser Feliz e o raro violão tocado por Ivan em Acaso. Ou ainda o inédito encontro de Chico Buarque e Leila Pinheiro com o cantor em mais uma (suave) gravação de Renata Maria, a superestimada primeira parceria de Ivan com Chico. E, ainda no quesito participações, há Cláudio Lins num dueto afetivo com o pai na fraterna Depende de Nós. Algumas músicas - entre elas, Daquilo que Eu Sei e Dandara - ganharam passagens instrumentais de clima jazzístico. E, entre as reais novidades, há uma donatiana Boa Nova (parceria com Celso Viáfora e Beto Betuk) e a pungente parceria inédita de Ivan com Gonzaguinha. Composta em 1969 e encontrada por Ivan há dois anos em fitas cassetes, Debruçado é canção à altura da obra dos autores. E, por contar com a voz de Daniel Gonzaga, a faixa dá a impressão (sobretudo no CD) de um reencontro virtual dos dois compositores. Enfim, uma bela isca para atrair os fãs de Ivan Lins para este bom (mas, a rigor, até dispensável) Saudades de Casa.

Seal volta a mirar as pistas sem perder o rumo

Resenha de CD
Título: System
Artista: Seal
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

De certa forma, Seal - que andava em baixa no mercado de disco - adere ao sistema em seu quinto (bom) álbum, sintomaticamente intitulado System. No caso do cantor e compositor britânico, a adesão significa ter sido produzido por Stuart Price, que pilotou o badaladíssimo último CD de Madonna, Confessions on a Dance Floor (2005). Não que System seja exatamente o Confessions de Seal. Não é. Entretanto, Stuart soube redirecionar o artista para o universo dance - em especial em faixas como Amazing e Loaded, dois petardos matadores voltados para as pistas e dois destaques. Seal, contudo, mantém sua identidade e seu rumo. Sua voz ainda potente não sucumbiu face às batidas. E, em todo caso, nada soa assim tão estranho no CD System se for levado em conta que o cantor foi projetado na Inglaterra em 1990 nas pistas. Para quem já não associa o nome ao artista, Seal despontou ao gravar com o DJ Adamsky a música Killer e foi por conta do grande êxito dessa gravação nos clubes que o compositor ganhou a chance de gravar seu primeiro álbum, Seal, editado em 1991 com o hit Crazy. Para quem sente saudade do Seal daquela época, vale avisar que esse primeiro álbum ainda é seu melhor trabalho. Mas System flagra Seal com um vigor que inexistiu em seu anterior disco de estúdio, Seal IV (2003). O vigor deve ser efeito também do casamento do cantor com a modelo Heidi Klum, com quem faz dueto afetivo em Wedding Day. Enfim, Stuart Price fez bem a Seal. Isso é o que vale.

Show de despedida de Sandy & Junior em DVD?

O show de despedida de Sandy & Junior - realizado pela dupla na casa Credicard Hall em São Paulo (SP) na noite de 18 de dezembro de 2007 - foi gravado e pode ganhar registro formal no mercado fonográfico. A informação não é oficial. A própria dupla (em foto de NPL) parece ter desconversado quando questionada sobre a possibilidade de edição de seu último show em DVD. Mas o fato é que a gravação foi feita. Seja como for, os irmãos já não descartam até a possibilidade de uma volta da dupla a médio e longo prazos - depois que ambos desenvolverem seus projetos individuais. Será?

19 de dezembro de 2007

Coletânea para os fãs recentes do Led Zeppelin

O sonho de uma turnê do Led Zeppelin não deverá virar realidade - ao menos em 2008. Mas, no embalo da reunião do grupo inglês para concerto realizado em Londres, em 10 dezembro de 2007, a gravadora Atlantic - associada ao grupo Warner Music - lançou a coletânea tripla Mothership com dois CDs e um DVD. É produto indicado para os fãs de última hora ou admiradores ocasionais da banda, já que 20 das 23 músicas da compilação anterior do Led - Early Days (1999) e Latter Days (2000) - reaparecem entre as 24 faixas de Mothership. E tampouco há novidades entre os 20 registros audivisuais do DVD - captados entre 1970 e 1979. Eis a seleção de Mothership - feita pelos próprios músicos da banda e ideal somente para os querem se iniciar no som pesado do grupo que originou toda uma corrente de rock a partir da década de 70:

CD 1
1. Good Times Bad Times
2. Communication Breakdown
3. Dazed and Confused
4. Babe I'm Gonna Leave You
5. Whole Lotta Love
6. Ramble on
7. Heartbreaker
8. Immigrant Song
9. Since I've Been Loving You
10. Rock and Roll
11. Black Dog
12. When the Levee Breaks
13. Stairway to Heaven

CD 2
1. The Song Remains the Same
2. Over the Hills and Far Way
3. D'yer Mak'er
4. No Quarter
5. Trampled Under Foot
6. Houses of the Holy
7. Kashmir
8. Nobody's Fault But Mine
9. Achilles Last Stand
10. In the Evening
11. All my Love

DVD
1. We're Gonna Groove
2. I Can't Quit You Babe
3. Dazed and Confused
4. White Summer
5. What Is and What Should Never Be
6. Moby Dick
7. Whole Lotta Love
8. Communication Breakdown
9. Bring It on Home
10. Immigrant Song
11. Black Dog
12. Misty Mountain Hop
13. The Ocean
14. Going to California
15. In my Time of Dying
16. Stairway to Heaven
17. Rock and Roll
18. Nobody's Fault But Mine
19. Kashmir
20. Whole Lotta Love

Alanis recruta o produtor de Björk e Madonna

Flavors of Entanglement vai ser o título do álbum de inéditas que Alanis Morissette lançará no primeiro semestre de 2008. Quem assina a produção é Guy Sigsworth, que já tem no currículo trabalhos com Björk e Madonna. Moratorium e Not as We estarão entre as faixas do CD. O último disco de material inédito da artista canadense, So-Called Chaos, foi feito em 2004.

Voz de Mauro Duarte ressurge em tom informal

A voz de Mauro Duarte (1930 - 1989), o Bolacha, será ouvida no álbum O Samba Informal de Mauro Duarte - gravado pelo grupo Samba de Fato com Cristina Buarque (ao lado de Duarte na foto tirada por Carlos Horcades em 1977) com 30 sambas pouco conhecidos ou inéditos do compositor. É que gravações caseiras do sambista possibilitaram a inclusão de vinhetas com a voz do autor no CD, que chega às lojas em janeiro pela Deckdisc. Ele será ouvido cantando sozinho os sambas Desde que me Abandonou e Não Sou de Implorar - e em dueto com Elton Medeiros (A Mulher do Pedro e Malandro Não Tem Medo). A partir de alguns esboços de músicas não concluídas por Duarte, o seu parceiro Paulo César Pinheiro finalizou 11 sambas para o oportuno projeto da Deckdisc.

Jair reúne Wanderléa, Max e Junior em DVD

Wanderléa, Junior Lima, Max de Castro, Daniel Carlomagno e Patrícia Marx são alguns nomes reunidos por Jair Oliveira em seu primeiro DVD, Simples... ao Vivo. Gravado em show no Citibank Hall de São Paulo (SP), em agosto de 2006, o DVD tem o roteiro calcado no repertório do mais recente CD do cantor, Simples. Luciana Mello, irmã do artista, também participa da gravação. Eis o repertório:

1. O que Pensam As Estrelas
2. Braços de Iemanjá
3. Todo Dia
4. Você por Perto
5. Casa da Dor
6. Pele
7. Falso Amor
8. Eu Você
9. Simples
10. Intacto
11. Sorriso pra te Dar
12. Coisas Fáceis / Bom Dia Anjo
13. Au Niveau du Bar
14. Sete e Meia
15. Eu Também Tive um Sonho
16. O Samba me Cantou
17. São Gonça
18. Tiro Onda
19. Olhos Coloridos

18 de dezembro de 2007

Celine diminui teor de glicose em CD mais forte

Resenha de CD
Título: Taking Chances
Artista: Celine Dion
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * 1/2

Em 1997, Celine Dion lançou seu disco mais bem-sucedido, Let's Talk about Love, CD repleto de baladas açucaradas. A bordo de My Heart Will Go on, tema do filme Titanic, a intérprete canadense galgou o mais alto degrau das paradas. Sucesso que Dion nunca mais conseguiu bisar. Dez anos depois, a cantora tenta se atualizar em Taking Chances, o seu primeiro disco de estúdio em inglês desde One Heart (de 2003). Trata-se de trabalho (bem) mais surpreendente.

A julgar pela faixa-título, que abre o disco, Celine Dion diminuiu o alto teor de glicose de seu repertório. O time de produtores (John Shanks, Linda Perry, Kara DioGuardi) já entrega o jogo: Celine foi atrás do som de cantoras como P!nk, Christina Aguilera, Mellissa Etheridge e Kelly Clarkson. Recorreu a toques de rap e r & b. E aderiu ao rock na ótima Can't Fight the Feelin'. Já Eyes on me recebeu leve contorno de tom árabe e batida que remete de longe a hits de Beyoncé. Só que o forte da cantora continuam sendo as baladas. E estas, a exemplo de My Love, ganharam pegada pop e soam mais vigorosas e menos melosas. Entretanto, Celine Dion parece sem identidade em busca de um novo som que revigore a sua imagem e, ao mesmo tempo, não afugente seu público cativo. E vai ser difícil achar algum ponto de equilíbrio para voltar à tona.

Dois volumes do 'Clube' voltam juntos em caixa

Para comemorar os 35 anos da histórica edição do álbum duplo Clube da Esquina, seu mentor Milton Nascimento quis reeditar o disco de 1972 em caixa (capa à esquerda) que une o primeiro ao segundo volume, lançado em 1978. Com texto e a direção de arte de Ronaldo Bastos, o letrista de seis das 21 músicas do Clube da Esquina de 1972, a caixa apresenta os dois álbuns com som bem mais puro. Proeza de João Marcelo Bôscoli, que, a convite do próprio Milton, restaurou e remixou o som dos discos a partir da digitalização das analógicas fitas originais - além de ter feito nova remasterização, diferente da realizada nos anos 90 nos estúdios de Abbey Road, na Inglaterra, para a reedição de caixa com os discos de Milton na sua fase na Odeon. Enfim, uma nova oportunidade de ouvir dois álbuns antológicos que ainda soam modernos 35 anos depois da fundação do imaginário clube. A edição é da EMI Music.

Bom conselho aos fãs dos álbuns que já os compraram em edições anteriores em CD: vale a pena, sim, investir na caixa. O trabalho de Bôscoli é digno de aplausos. Até porque, desta vez, ele se limitou a depurar o som sem interferir no conteúdo artístico dos álbuns, ou seja, sem adicionar sons que não estavam nos LPs dos anos 70. E, para quem ainda desconhece estes discos que ainda emocionam, é sempre tempo de reouvir Cais, San Vicente, Paisagem na Janela, Nada Será como Antes (todas do primeiro Clube da Esquina) e Mistérios, Nascente e Maria, Maria (do segundo disco). Para citar somente os clássicos lançados nestes dois trabalhos antológicos...

Livro detalha criação de obra-prima de Coltrane

Depois de dissecar em livro a criação de Kind of Blue (1959), a obra-prima de Miles Davis (1926 -1991), o jornalista musical Ashley Kahn se voltou para um dos títulos antológicos da discografia do genial saxofonista de jazz John Coltrane (1926 - 1967), A Love Supreme, todo registrado na noite de 9 de dezembro de 1964, numa única sessão de gravação que uniu o tenor de Coltrane ao piano de McCoy Tyner, à bateria de Elvin Jones e ao baixo de Jimmy Garrison. No bom livro A Love Supreme - A Criação do Álbum Clássico de John Coltrane, já lançado no Brasil pela editora Barracuda (288 páginas, R$ 44,00), Kahn conta e detalha o processo de gestação do álbum e explica a razão de ele ter se tornado tão influente na história do jazz. Para aficcionados.

Leandro Lopes é a nova voz do grupo Rapazolla

Vencedor da primeira edição do programa Ídolos (SBT), o cantor carioca Leandro Lopes (em foto de Marcos Hermes) vai ser o novo vocalista do grupo baiano Rapazolla. Leandro - que não conseguiu se tornar o cantor popular imaginado pela Sony BMG, a gravadora que editou seu primeiro CD solo em 2006 - entrará no mercado de axé music por conta da saída de Tomate do Rapazolla. Leandro vai assumir o vocal do Rapazolla após o Carnaval. A propósito, consta que Tomate se tornará cantor do Babado Novo depois que Cláudia Leitte deixar o grupo em 2008. Mas esta informação não é oficial.

17 de dezembro de 2007

Duas inéditas turbinam coletânea de Morrissey

De contrato recém-assinado com a Decca, Morrissey vai estrear na sua nova gravadora - associada à major Universal Music - com a coletânea Greatest Hits. Duas músicas inéditas - All You Need Is me e That's How People Grow Up - turbinam a compilação, que engloba todas as fases da carreira solo do ex-Smiths, desde 1988, e chegará às lojas em fevereiro. Paralelamente, o artista já começa a preparar álbum de inéditas que tem lançamento programado para outubro. Eis as 15 músicas incluídas no Greatest Hits do cantor:

1. First of the Gang to Die
2. In the Future When All's Well
3. I Just Want to See the Boy Happy
4. Irish Blood, English Heart
5. You Have Killed me
6. That's How People Grow up
7. Everyday Is Like Sunday
8. Redondo Beach
9. Suedehead
10. The Youngest Was the Most Loved
11. The Last of the Famous of the International Playboys
12. The More You Ignore me, The Closer I Get
13. All You Need Is me
14. Let me Kiss You
15. I Have Forgiven Jesus

Blige tenta outro 'Breakthrough' com oitavo CD

Chega às lojas dos EUA nesta terça-feira, 18 de dezembro, o oitavo CD de estúdio de Mary J Blige. Formatado por poderoso time de dez produtores que inclui Dr. Dre e The Neptunes, Growing Pains é o sucessor do platinado The Breakthrough - o álbum de 2005 que reabilitou a cantora de soul e r & b na indústria fonográfica. Precedido pelo single inicial Just Fine, Growing Pains já ganhou um segundo single, Work That. Usher e Ludacris estão entre os convidados de Blige no CD.

Armandinho apresenta 12 inéditas em 'Semente'

Nas lojas a partir de 15 de janeiro, o quarto álbum de Armandinho (acima em foto de Washington Possato), Semente, apresenta 12 músicas inéditas de autoria do artista. Das 12 composições do CD, produzido pelo galês Paul Ralphes, apenas uma - Onda do Arraial, parceria de Armandinho com Dora Vergueiro - foi composta mais recentemente. As demais são anteriores ao lançamento do projeto ao vivo que projetou nacionalmente o artista gaúcho em 2006 na onda do hit Desenho de Deus. Eis as 12 faixas do disco Semente:

1. Semente (Armandinho, Esdras Bedei e Régis Leal)
2. Morena Nativa (Armandinho)
3. A Filha (Armandinho)
4. Amigo (Armandinho e Esdras Bedei)
5. Onda do Arraial (Armandinho e Dora Vergueiro)
6. Babilônia me Chama (Armandinho)
7. Outra Vida (Armandinho)
8. I Can't Say (Armandinho e Régis Leal)
9. Oh, Lua (Armandinho e Zé Caetano)
10. Como os Animais (Armandinho)
11. Eu Juro (Armandinho e Esdras Bedei)
12. Menina que me Encabrerô (Armandinho)

DVD apresenta Tom com Vinicius na TV suíça

Em 18 de outubro de 1978, Tom Jobim gravou um belo especial de televisão na Suíça ao lado de Vinicius de Moraes. Na bagagem, os dois parceiros levaram os fiéis companheiros Toquinho e Miúcha - com quem tinham feito temporada no Canecão que lotou a casa entre 1977 e 1978. Já editado de forma precária em DVDs vendidos em bancas de jornais, o reencontro dos compositores de Garota Ipanema ganha outra edição nacional no DVD Jobim, Vinicius & Toquinho com Miúcha, lançada pela gravadora Coqueiro Verde. Nos estúdios da RTSI Televisione Svizzzera, o quarteto apresentou roteiro que reúne 21 músicas em 15 números. Detalhe: o Samba do Avião é grafado na contracapa do DVD como Samba de Avião. Nos extras, há apenas biografias dos quatro artistas. Eis o repertório deste especial de TV da série Musicalmente (os quatro se juntam nos dois últimos números):

1. Samba de Orly
2. Tributo a Caymmi (O Bem do Mar / Saudade da Bahia / Lá Vem a Baiana)
3. Tarde em Itapoã

4. Desafinado
5. Wave
6. Samba de uma Nota Só
7. Águas de Março
8. Samba do Avião
9. O Que Será (À Flor da Pele)
10. Samba para Vinicius
11. Vai Levando
12. A Felicidade
13. Água de Beber
14. Garota de Ipanema / Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão)
15. Chega de Saudade / Berimbau / Canto de Ossanha

16 de dezembro de 2007

Graça da mistura das 'meninas' gera lindo show

Resenha de show
Título: Três Meninas do Brasil
Artista: Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina
Local: Teatro Nelson Rodrigues (RJ)
Data: 15 de dezembro de 2007
Cotação: * * * * 1/2

Parafraseando os versos de Meninas do Brasil (1980), parceria de Moraes Moreira e Fausto Nilo que inspirou o título do show que reúne Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina, a graça da mistura de três cantoras de universos e estilos distintos gerou um dos melhores espetáculos de 2007. Com leveza e marcações bem teatrais, as três artistas abriram seus corações democratas para mostrar toda a diversidade do bazar musical brasileiro em show que ainda vai passar por Brasília (DF) e provavelmente continuar sua carreira ao longo de 2008. A expectativa - alta - foi cumprida.

A mistura de vozes resultou harmoniosa. Rita é a mais expansiva. Teresa é a mais tímida. Já Jussara - que até demorou a se soltar na segunda das duas apresentações cariocas do show - se situa num meio termo entre as colegas. Mas as três estão bem entrosadas no palco, revezando-se em solos, duetos e trios. Os números em trio que abrem o show - Meninas do Brasil, Menina Amanhã de Manhã (Tom Zé), Seo Zé (Carlinhos Brown) e a bela Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor (Zé Ramalho) - já dão a pista do acerto do repertório, muito calcado na mulher e em temas femininos. Na releitura da música de Zé Ramalho, primeiro grande momento do espetáculo, o violão do diretor musical Jaime Alem adquire sotaque nordestino. A música ganhou outro clima...

À medida que o roteiro vai avançando, as meninas ficam bem mais descontraídas e o show seduz ainda mais. Rita e Teresa ensaiaram até diálogos improvisados no espirituoso samba Na Cabecinha da Dora, do maranhense Antônio Vieira. Com Jussara, Teresa revive Para Ver as Meninas, de Paulinho da Viola. Maiúsculo, de Sérgio Sampaio, é o primeiro bom solo de Rita (detalhe: as duas cadeiras dispostas nas extremidades do bonito palco acomodam as artistas quando elas não estão cantando). Em seguida, Teresa encara Nu com a Minha Música (Caetano Veloso) sem parecer totalmente à vontade na complexidade do tema do velho baiano. Por sua vez, Jussara apresenta sozinha Ludo Real (de Chico Buarque e Vinicius Cantuária), já mostrando a segurança que não aparecera no início.

Especial momento é Divino, parceria de Rita com Zeca Baleiro. É Teresa quem faz a primeira voz. Rita toca tambor e faz a segunda voz. Ao fundo, Jussara exibe uma terceira voz. O número ratifica que a reunião das cantoras, como Rita diz em cena, é um encontro de afinidades. Na seqüência, vem mais solos. Rita revive a pérola dos 70 Impossível Acreditar que Perdi Você, de Márcio Greyck. Jussara recorda A Dama do Cassino, a música que Caetano Veloso deu para Ney Matogrosso (e que ela tornou sua). Teresa apresenta Cantar, belo samba autoral de seu (grande) quarto CD, Delicada.

As três meninas parecem saber que cantar é vestir-se com a voz que se tem - como diz o verso lapidar do samba de Teresa. Daí o entrosamento das cantoras. O dueto de Jussara e Teresa em Lá Vem a Baiana - com direito a uma mise-en-scène de Jussara, que chega a deitar no palco - exemplifica o clima envolvente do show. Que termina com as três novamente juntas para apresentar uma seqüência matadora que emenda Pôxa (samba de Gilson de Souza, hit popular dos anos 70), Chula Cortada (de Roque Ferreira - em clima de samba de roda, com a platéia marcando o ritmo na palma da mão) e os forrós Isso Aqui Tá Bom Demais (clássico infalível de Dominguinhos) e Homem de Saia. Esta pérola do Trio Nordestino adquire malícia e sentido todo especiais nas vozes das cantoras. Que encerram o show - o bis é dado com ponto afro - com Minha Tribo Sou Eu, de Zeca Baleiro. No todo, em que pese uma ou outra entrada errada (as marcações são muitas e às vezes as cantoras se confundem), Três Meninas do Brasil é um show delicioso que merece fazer longa turnê nacional e ganhar registro em CD e DVD.

Tributo realça beleza triste das dores de Dolores

Resenha de CD
Título: Dolores - A Música de Dolores Duran
Artista: vários
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * *

Contam que Dolores Duran (1930 - 1959) era pessoa até divertida no mundo boemio da noite. Mas esse universo noturno moldou a sua música com altas doses de melancolia. Canção da Tristeza é sintomaticamente o título de uma das 21 composições regravadas em Dolores - A Música de Dolores Duran - tributo à artista que saiu cedo de cena, aos 29 anos, no auge do talento. Defendida por Jane Duboc, ao lado do pianista Keco Brandão, a Canção da Tristeza ganha regravação sóbria neste álbum digno da música da compositora. O produtor Thiago Marques Luiz acerta ao misturar os inevitáveis clássicos com músicas pouco ou nada conhecidas, casos de Idéias Erradas (com Carlos Navas) e do samba O que É que Eu Faço? (recriado por Zezé Motta - ligeiramente empostada).

A música de Dolores Duran é fruto do universo noturno do samba-canção que proliferou na década de 50, no escurinho dos bares e boates. Mesmo expondo as dores de amores, a compositora soube peneirar os excessos melodramáticos do gênero ao construir obra autoral caracterizada por sofisticada beleza poética e melódica. O acerto do tributo reside no respeito a esta obra. A grande maioria das interpretações foi feita num (acertado) tom comedido. Não há arroubos dramáticos que poderiam deixar over uma música que já exala sentimento e emoção em cada compasso. A ponto de uma cantora de registro cool, como Vânia Bastos, ter sido a escolhida para encarar a bela Noite de Paz, um dos temas mais pungentes de Dolores (consta que foi sua última composição, criada momentos antes de sua morte). Mesmo sem ser cool, Toni Platão baixa o tom para entoar suavemente Se Eu Tiver, pérola - obscura - da autora.

O tributo oferece boa oportunidade de conhecer a obra de Dolores além de clássicos como A Noite do meu Bem (numa interpretação econômica de Leila Pinheiro com o piano virtuoso de João Carlos Assis Brasil), Castigo (em insossa versão abolerada de Fagner, que nunca havia gravado música de Dolores), Por Causa de Você (Fafá de Belém, sem seu habitual tom exacerbado), Solidão (Moska, em correta gravação de voz-e-violão), Ternura Antiga (Alaíde Costa, um pouco acima do tom), Fim de Caso (Wanderléa, presença até inusitada no elenco), Estrada do Sol (Tetê Espíndola, numa leitura suingante, a mais ousada do tributo) e O Negócio É Amar (em duo de uma correta Cláudia Telles com um Tito Madi de voz cansada).

Entre as jóias obscuras guardadas no baú de Dolores, à espera de mais regravações, há a bela Olha o Tempo Passando (com Célia em registro perfeito), Leva-me Contigo (com um Pery Ribeiro tão cansado quanto emocional), Pela Rua (Fátima Guedes, densa em gravação sedutora) e Tome Continha de Você, samba que ganha o suingue de Dóris Monteiro, primeira intérprete a gravar música de Dolores, em 1955. No caso, Se É por Falta de Adeus - neste tributo majestosamente interpretada por Leny Andrade. Grande cantora!

Duas gravações do tributo merecem menção especial. Gravada de irretocável suave forma por Cida Moreira, sem o timbre operístico da intérprete, Canção da Volta é a única música não assinada por Dolores no álbum. Sua inclusão é justificada pelo fato desta obra-prima de Antonio Maria e Ismael Neto ter feito sucesso na voz de Dolores em 1954. Já a ruralista Minha Toada encerra o tributo na voz doce da irmã mais nova de Dolores, Denise Duran, que voltou a encarar o microfone 40 anos depois de ter abortado sua carreira de cantora. Minha Toada é bonita música que atesta o alto quilate das jóias escondidas no rico e inexplorado baú de Dolores Duran.

Com bossa, Ritmistas criam sonoridade etérea

Resenha de CD
Título: Os Ritmistas
Artista: Os Ritmistas
Gravadora: Dubas Música / Universal Music
Cotação: * * *

Os Ritmistas é um trio formado pelos bateristas Dany Roland, Domenico (desde agora sem o Lancelotti no nome artístico) e Stephane San Juan. Em seu primeiro CD, os três recrutam colegas da big Orquestra Imperial - como o também baterista Wilson das Neves, que põe sua voz grave em O que Aconteceu, bela parceria sua com Domenico - para moldar com bossa um som meio etéreo. Os Ritmistas é disco que seduz mais pela sonoridade do que pela qualidade das músicas - nem todas à altura dos climas do trabalho. Entretanto, vale destacar Um Canto Quieto - parceria de Adriana Calcanhotto com Domenico que aparece em versão instrumental e em registro cantado, com versos típicos da compositora - e Rádio Patrulha, grande achado do repertório majoritariamente autoral e assinado por Domenico. Trata-se de samba esquecido de Silas de Oliveira (com José Dias, Luisinho e Marcelino Ramos) que ganha percussão delicada, quase artesanal, e a voz de Virginie, a cantora do extinto grupo Metrô, que chegou a ter seus 15 minutos de fama nos anos 80. É mais uma bossa dos ritmistas da tribo muderna. A sonoridade elegante - vale repetir - sustenta e engrandece o disco.

DVD reacende o fogo de Hendrix em Monterey

Incansavelmente revirado e explorado pelos herdeiros de Jimi Hendrix (1942 - 1970), o baú do guitarrista é tão rico que ainda gera produtos irresistíveis para os fãs do genial músico. O DVD The Jimi Hendrix Experience Live at Monterey reconstitui a seqüência original do incendiário concerto feito pelo trio no Monterey Pop Festival em 18 de junho de 1967. A auto-intitulada Edição Definitiva do registro do show apresenta os oito números em áudio 5.1 mixado por Eddie Kramer - engenheiro de som das melhores gravações de Hendrix - e inclui documentários sobre a antológica performance do guitarrista no festival, além de dois inéditos registros ao vivo, Stone Free e Like a Rolling Stone, feitos na Inglaterra em 25 de fevereiro de 1967. Embora o objetivo dos herdeiros de Hendrix seja faturar com sua obra, é inegável que o registro tem alto valor histórico e musical. Até porque a chama de Jimi Hendrix na lendária apresentação do Monterey Pop Festival não se apagou nestes 40 anos. E nem vai...