20 de setembro de 2008

Jauperi tem (boa) presença no circuito do axé

Resenha de show
Título: Circuito das Artes
Artista: Jauperi - com Jorge Aragão e Saul Barbosa
Local: Bahia Café Hall (Salvador, Bahia)
Data: 20 de setembro de 2008
Cotação: * * *
Cantor e compositor egresso do grupo Olodum que viveu momento de grande projeção ao formar a extinta dupla Vixe Mainha, sensação da axé music na virada de 2005 para 2006 quando a dupla ainda se chamava Afrodisíaco, Jauperi - ou simplesmente Jau, como vem sendo chamado - ainda não extrapolou a fronteira baiana. Contudo, é um dos artistas mais interessantes do circuito mercantilista do axé. Na madrugada de sábado, 20 de setembro de 2008, Jauperi reafirmou sua boa presença de palco em show feito dentro do projeto Circuito das Artes, realizado numa das casas hypes de Salvador, Bahia Café Hall (quem abriu a noite foi Marina Lima, que, jovial, reviveu seus maiores sucessos à meia-voz, mas com todo o charme do mundo).
Para quem nunca ligou o nome de Jauperi à obra, ele é o autor de alguns sucessos de cantoras baianas como Daniela Mercury. São hits como Topo do Mundo e o reggae A Camisa e o Botão - aliás, devidamente incluídos pelo compositor no roteiro do show. Em cena, Jauperi faz axé de pegada bem pop. Suas músicas são embaladas com arranjos que não escondem instrumentos como guitarra e baixo para realçar a percussão. O que o cantor precisa é aprimorar a dicção para que o público não familiarizado com seu cancioneiro possa entender os versos de músicas como Flores na Favela, a (lírica) obra-prima de Jauperi, e a apaixonada Gabriela.
"Loucura é não amar", prega o elétrico artista em cena, antes de citar Cotidiano, tema de Chico Buarque, em meio à apresentação de sua música Na Viela. O clima - corroborado pela platéia jovem que foi conferir a inusitada dobradinha Marina Lima / Jauperi na pista desencanada do Bahia Hall - é de festa. E é com espírito de confraternização que Jauperi convoca ao palco Jorge Aragão (que havia feito show no Teatro Castro Alves no início da noite de sexta-feira, 19 de setembro) e o bom compositor Saul Barbosa, pioneiro do pop afro-baiano. Com Saul sentado, Aragão manda Você e Eu Sempre antes de devolver o palco para Jauperi, que, após dois números, fecha o show com Vixe Mainha. Jau já é ídolo.

Stomp interage com o público baiano no 'Pelô'

Salvador (BA) - Grupo de dança que cria sons percussivos a partir do corpo e da utilização de instrumentos inusitados, como baldes, o Stomp aproveitou a sua primeira passagem pela Bahia, como atração do Perc Pan 2008 - 15º Panorama Percussivo Mundial, para interagir com o público no Pelourinho, um dos maiores redutos de percussão e suingue de Salvador, a capital baiana. Na tarde de sexta-feira, 19 de setembro de 2008, um dia depois de se apresentar no Teatro Castro Alves, no calendário oficial do Perc Pan 2008, o grupo inglês agendou performance extra e gratuita na Praça Pedro Arcanjo, no Pelô. Após o show, o Stomp convidou pessoas da platéia para subir ao palco e fazer alguns números de percussão com os integrantes do grupo. Um gesto simpático que marcou a breve passagem do Stomp pela Bahia, Estado natal de Marivaldo dos Santos, que integra a divisão norte-americana do grupo desde 1996. Foi Marivaldo quem mediou o show extra no Pelourinho, ao qual se seguiu debate sobre os princípios do grupo.

Em clipe, Jota satiriza a ganância por 'la plata'

Fiel ao humor crítico contido na letra da música La Plata, que dá título ao seu novo álbum, nas lojas em meados de outubro, o grupo Jota Quest satiriza a ganância por dinheiro no clipe da faixa, gravado em Belo Horizonte (MG) com direção de Conrado Almada e fotografia assinada por Roberto Saúde. A história do vídeo se passa em partida de pôquer na qual cada jogador que tenta roubar é surpreendido por outro ladrão-jogador, todos interpretados pelos músicos da banda. Na corrida atrás do dinheiro, os ladrões entram em show do próprio Jota Quest e la plata acaba caindo por cima do platéia. A foto de Bruna Zanetti flagra a filmagem do clipe.

'Radio:Active' marca a estréia do McFly na EMI

Febre entre as adolescentes, inclusive no Brasil, onde vai fazer quatro shows entre 5 e 10 de outubro de 2008, o quarteto inglês McFly estréia na gravadora EMI Music com o CD de inéditas Radio:Active. One for the Radio, o primeiro single, já foi lançado em julho, juntamente com amostra do álbum, encartada no jornal britânico The Mail. Tanto que a EMI já promove um segundo single, Lies. Esta é a agenda de shows do McFly no Brasil:

* 5 de outubro de 2008 - Master Hall - Curitiba (PR)
* 8 de outubro - Via Funchal - São Paulo (SP)
* 9 de outubro - Via Funchal - São Paulo (SP)
* 10 de outubro - Vivo Rio - Rio de Janeiro (RJ)

19 de setembro de 2008

'Álbum Musical 2' de Francis roça a beleza do 1

Resenha de CD
Título: Álbum Musical 2
Artista: Francis Hime nas vozes de Adriana Calcanhotto,
Bibi Ferreira, Ed Motta, Joyce, Ivete Sangalo, Lenine,
Luiz Melodia, Mart'nália, Mônica Salmaso, Moska, Olivia
Byington, Renato Braz, Simone, Teresa Cristina e Zeca
Pagodinho
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 1997, Francis Hime editou caprichado songbook de sua obra, Álbum Musical, que reapresentava suas melhores músicas nas vozes das estrelas mais reluzentes da MPB como Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, entre outros. Parecia difícil igualar o êxito artístico daquele disco. Mas o Álbum Musical 2 - ora editado pela gravadora Biscoito Fino - roça a beleza do primeiro volume, ainda que a seleção do repertório não seja tão irresistível. São 15 faixas em que arranjos (naturalmente a cargo do próprio Francis Hime) e interpretações valorizam o fino cancioneiro do compositor, um dos maiores melodistas da música brasileira. Um dos momentos mais felizes é a leitura de Pau Brasil (1982) na voz espontânea de Mart'nália. A cantora deita e rola nos versos deste tema que tritura elementos de salsa, rumba e valsa numa melodia deliciosa. O trompete de Jesse Sadoc pontua o arranjo irreverente. Também descontraído, como se estivesse em casa ou na quadra do Cacique de Ramos, Zeca Pagodinho defende Amor Barato (1981) de um jeito que o samba de Francis e Chico Buarque parece de sua própria autoria...

Ainda uma estranha no ninho da MPB, Ivete Sangalo se mostra talhada para encarar o tom forrozeiro da Quadrilha (1976) na mesma estrada nordestina em que Lenine puxa com desenvoltura Um Carro de Boi Dourado (1984), única parceria de Francis com Gilberto Gil. Protocolar, Adriana Calcanhotto canta Saudade de Amar (1965) enquanto Simone - com o elegante registro suave adotado nos últimos anos - celebra os encantos da ilha de Cuba em Maravilha (1977), tema de Francis com Chico que não atinge a excelência das outras parcerias da dupla de compositores. Da mesma forma que Coração do Brasil (1985), samba revivido por Joyce, não se encontra entre as melhores contribuições de Francis ao gênero. Ainda no quintal nobre do samba, Teresa Cristina refaz Promessas, Promessas (1984), parceria de Hime com Abel Silva, e Luiz Melodia confirma seu suingue majestoso em O Rei de Ramos (1979) enquanto Olivia Byington revive O Tempo da Flor (1967) - tema da lavra de Francis com Vinicius de Moraes.

Em linha mais contida, Moska canta o choro Lindalva (1977), Ed Motta realça o requinte de À Meia-Luz (1973) - somente com o piano de Francis - e Mônica Salmaso reedita o primor de seu canto em Mariposa (1982), acalanto letrado com grande sensibilidade por Olivia Hime, que o lançou em seu álbum Segredo do meu Coração. Já Renato Braz se delicia com o Grão de Milho (1980), uma das canções mais bonitas do repertório de Francis. Grão de Milho merecia uma regravação e Braz mostra - mais uma vez - que figura no primeiro time de cantores brasileiros. Sua interpretação está entre as melhores do CD ao lado das gravações de Mart'nália e de Zeca Pagodinho. Contudo, com maior ou menor êxito, todos os cantores exercem com alegria o seu ofício de intérpretes. E é por isso que todos se encontram e saúdam uns aos outros ao fim de Viajante das Almas, o texto de Fernanda Montenegro, organizado por Herbert Richers Junior, musicado por Francis Hime e cantado pela atriz Bibi Ferreira neste envolvente Álbum Musical 2. Dez!!

Caixa de Cazuza embala exageros de um ícone

Resenha de caixa de CDs
Título: Cazuza
Artista: Cazuza
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * *

Cazuza - a caixa que reembala a obra solo de Cazuza (1958 - 1990) em seis CDs e um DVD - leva vantagem sobre o box semelhante editado em 1996 pela PolyGram, companhia encampada pela Universal Music, a gravadora que põe nas lojas a atual caixa. Primeiro, pela qualidade superior da remasterização. Segundo, pelo respeito à arte gráfica dos seis álbuns originais. Lançados entre 1985 e 1991, esses seis álbuns traçam a evolução de uma obra singular que permanece como um dos símbolos máximos da década de 80. Cazuza (1985) - álbum grafado erroneamente como Exagerado na caixa anterior - flagra o cantor imerso em rock ora pop (Exagerado, Mal Nenhum), ora visceral (Rock da Descerebração). Sem falar na balada Codinome Beija-Flor, embalada em arranjo pausterizado, à moda da época. Como o repertório do álbum Cazuza foi formado com músicas pensadas inicialmente para o quarto álbum do Barão Vermelho, foi somente no disco posterior, Só se For a Dois (1987), que Cazuza começou a mostrar a real cara de seu trabalho individual. Este álbum tem tonalidade romântica que oscila entre o rock, o blues e as baladas. O hit radiofônico foi a faixa mais pop, O Nosso Amor a Gente Inventa (Estória Romântica). Mal sabia que Cazuza que ele iria ver a cara da morte logo em seguida ao lançamento de Só se For a Dois ao se descobrir portador do vírus HIV. Mas a morte estava viva e Cazuza - amadurecido à força pela luta contra a Aids - teria forças para achar o ponto exato da mistura entre rock e MPB na sua obra-prima Ideologia (1988), o disco de Boas Novas, Brasil, Blues da Piedade, Um Trem para as Estrelas, Faz Parte do meu Show, Vida Fácil e Minha Flor, meu Bebê - além da emblemática música-título, Ideologia, retrato sem retoques das (des)ilusões da geração 80. O Tempo Não Pára (1989) foi o registro ao vivo desse momento de maturidade precoce e preparou o terreno para o duplo Burguesia (1989), espécie de testamento do poeta. Irregular, excessivo, exagerado - como Cazuza, aliás - mas pungente. Já Por Aí (1991) foi a raspa mercantilista do baú de um artista que marcou sua geração com seus rasgos exagerados de poesia e lucidez - reunidos nesta caixa.

Nova coletânea de Clara traz os hits de sempre

Enquanto não é lançado o DVD anunciado pela gravadora EMI Music com a reunião de clipes gravados por Clara Nunes (1942 - 1983) para o programa Fantástico, a Som Livre põe nas lojas mais uma coletânea da Guerreira, na série Sempre. Aliás, um título até apropriado sob todos os aspectos, pois a compilação revive os sucessos de sempre. Esta é a seleção da coletânea Clara Nunes Sempre:

1. Juízo Final (1975)
2. Coração Leviano (1977)
3. Morena de Angola (1980)
4. Ê Baiana (1971)
5. O Mar Serenou (1975)
6. Feira de Mangaio (1979)
7. Nação (1982)
8. Conto de Areia (1974)
9. Canto das Três Raças (1976)
10. Portela na Avenida (1981)
11. Tristeza Pé no Chão (1973)
12. Menino Deus (1974)
13. As Forças da Natureza (1977)
14. Na Linha do Mar (1979)

Britney arma 'Circus' para lançar em dezembro

Depois de voltar à cena pop em outubro de 2007 com o CD Blackout, Britney Spears já prepara o seu sexto álbum de estúdio. Intitulado Circus, o disco de Britney tem lançamento agendado pela gravadora Sony BMG para 2 de dezembro de 2008, dia do aniversário da resistente cantora. Contudo, o primeiro single do álbum, Womanizer, já vai ser arremessado nas rádios na próxima segunda-feira, 22 de setembro. Circus foi urdido por um time de produtores formado por Danja, Luke, Max Martin, Bloodshy & Avant e Guy Sigsworth.

18 de setembro de 2008

Roda de samba do Sururu resulta fria em disco

Resenha de CD
Título: Que Samba Bom
Artista: Sururu na Roda
Gravadora: CCC Discos
/ Universal Music
Cotação: * * 1/2

Grupo integrado por quatro músicos cantores, o Sururu na Roda ganha força quando une seus vocais, como no samba que dá título a este seu terceiro CD, Que Samba Bom, da lavra de Geraldo Pereira (1918 - 1955). Gravado ao vivo em show no Centro Cultural Carioca, casa que inaugura o selo CCC Discos com o álbum do Sururu, Que Samba Bom se arrisca a fugir dos clássicos já batidos do gênero. Ao mesmo tempo em que renova o repertório do samba, inclusive com inéditas de autoria dos integrantes do Sururu (Errei, Balançada e Momento de Agradecer - além do destoante xote Boca a Boca). Com exceção de Nilze Carvalho, que vem se aprimorando bem no ofício de cantar, os vocalistas do Sururu não conseguem brilhar individualmente - o que desvaloriza o disco. Entre a cadência baiana do samba De Maré (Roque Ferreira e Toninho Geraes) e uma razoável inédita de Edu Krieger (Correnteza), o Sururu põe na sua roda um registro de Morena de Angola (Chico Buarque) que une as vozes de Nilze Carvalho e Camila Costa. E, já mais para o fim, recebe Zeca Pagodinho no medley que une A Volta (Candeia) e Não Sou Mais Disso (parceria de Pagodinho com Jorge Aragão). O samba até é bom, mas a gravação soa fria - sem o calor das rodas de samba. E nem Zeca Pagodinho consegue esquentar a roda do Sururu. Pena...

DVD perpetua Diamond na Austrália, em 1976

Em 1976, Neil Diamond estava em turnê - e no auge de uma carreira iniciada nos anos 60 - quando se apresentou no belo Sydney's Sports Ground, na Austrália, em show transmitido ao vivo para a TV daquele país. O registro do show está sendo editado em DVD no Brasil. Live 1976 The Thank You Australia Concert já está nas lojas nacionais pela gravadora ST2, em embalagem digipack. O roteiro de 22 números - apresentado durante quase três horas - enfileira sucessos como Sweet Caroline, Song Sung Blue, Cracklin' Rosie e Holly Holy. Nos fartos extras, há cenas de bastidores, takes de comerciais exibidos direto do palco, galeria de foto com imagens inéditas e a entrevista concedida por Neil Diamond para o programa A Current Affair. É um registro de seu período áureo.

Rap de Dek patina em clichês de ritmo e poesia

Resenha de CD
Título: O que se Leva da
Vida É a Vida que se Leva
Artista: Túlio Dek
Gravadora: Arsenal Music
/ Universal Music
Cotação: * *

Propagado com força na trilha sonora nacional da novela A Favorita, o rap Tudo Passa, de Túlio Dek, marcou boa presença na fase inicial da trama e abriu caminho para a edição deste primeiro álbum do rapper goiano via Arsenal Music, a gravadora do produtor Rick Bonadio. Contudo, a audição do CD desfaz a boa impressão deixada pela versão editada de Tudo Passa que toca na novela. O rap positivista de Dek segue a fórmula pop industrializada de Bonadio. Quase todas as batidas são anêmicas e os bem-intencionados versos amontoam clichês sobre a arte de viver em harmonia. É preciso louvar rappers que transitam pelo lado ensolarado da vida, mas sua pregação do Bem não torna Dek um rapper melhor por conta disso. É preciso reconhecer também que seu rap ostenta forte apelo radiofônico. Músicas como O Sol - construída sobre composição do Yes, Mood for a Day - e a faixa-título, que traz a voz do titã Paulo Miklos no pegajoso refrão, têm melodias assobiáveis. Enfim, Dek faz rap para a MTV e para as FMs. Mesmo quando tributa a velha escola do gênero (em Sem Preconceito, boa faixa que tem intervenções do rap do pioneiro Thaíde), o CD O que se Leva dessa Vida É a Vida que se Leva parece copiar as fórmulas e padrões do ritmo.

Verve volta fiel ao BritPop sem igualar seu auge

Resenha de CD
Título: Forth
Artista: The Verve
Gravadora: Parlophone
/ EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Um dos ícones do BritPop dos anos 90, o Verve renasce das cinzas com o seu primeiro álbum em 11 anos. Que ninguém espere revoluções! Após tantas idas e vindas, o grupo do vocalista Richard Ashcroft retorna fiel ao BritPop. Love Is Noise, faixa eleita o primeiro single de Forth, figura entre as melhores músicas do Verve. Entre tons épicos e psicodélicos, o quarto álbum do grupo despeja temas como Numbness e Valium Skies com inspiração, mas sem igualar os discos áureos do Verve, A Nothern Soul (1995) e o mais melodioso Urban Rhythms (1997). Em repertório de nível bacana, Noise Epic sobressai pelas distorções. O Verve quer fazer barulho. E, sim, já conseguiu - ao menos na Inglaterra, país onde Forth vem obtendo repercussão e vendas expressivas. Justiça seja feita: o bom disco soa verdadeiro.

17 de setembro de 2008

Sony testa fé do consumidor de DVDs originais

A gravadora Sony BMG está testando a boa fé dos consumidores de DVDs originais com a edição em vídeo do espetáculo Paz Sim, Violência Não - o (mega)evento comandado por padre Marcelo Rossi em 21 de abril de 2008 no Autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP). Em vez de lançar um único DVD, com as duas horas, sete minutos e 47 segundos da gravação ao vivo editada em CD duplo, em dois justos volumes vendidos separadamente, a empresa optou por desmembrar também o DVD em dois volumes, reeditando a divisão justificada apenas no caso do CD. Pois o primeiro volume do DVD (capa acima à direita) já está à venda, com tiragem inicial de 200 mil cópias, trazendo nos extras trechos da missa e 20 minutos de cenas de bastidores. Uma heresia! Que deverá ser absolvida pelos devotos de Marcelo Rossi.

Os 50 anos da bossa rendem série da Universal

A festa pelo cinqüentenário da Bossa Nova gera (mais uma) série de coletâneas dedicadas ao abrangente gênero musical surgido oficialmente em 1958. De olho no extenso mercado estrangeiro que consome a bossa, a gravadora Universal Music está pondo nas lojas a coleção de dez CDs intitulada The Universal Bossa Nova Collection. Discos temáticos como Bossa & Friends, Bossa'n Rio, Bossa Nova: a Different Beat e Pure Bossa Nova: The Classic Songs (capa acima à esquerda) embalam gravações extraídas do arquivo da companhia, cujo acervo inclui os fonogramas do selo Elenco, um dos que mais investiu em artistas oriundos da bossa ao longo dos anos 60. Contudo, a seleção é tão elástica que, na compilação de duetos Bossa 4 Two, até Maria Bethânia (intérprete antibossa por natureza) comparece com duas gravações: Sem Fantasia (com Chico Buarque) e Pra Dizer Adeus (com Edu Lobo).

Cozza põe corpo e boa voz a serviço de seu dom

Resenha de show
Título: Quando o Céu Clarear
Artista: Fabiana Cozza
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 16 de setembro de 2008
Cotação: * * * * 1/2

Já ao entrar em cena, ao som de uma saudação afro cantada a capella, Fabiana Cozza parece magnetizar a platéia. No caso, a que foi ao Teatro Rival (RJ) na noite de terça-feira, 16 de setembro de 2008, para ver o show de lançamento do segundo álbum da intérprete, Quando o Céu Clarear, editado em 2007. Ao sair de cena, ao som de uma empolgante versão de Malandro Sou Eu, o samba que cantou em dueto com Maria Rita na gravação de seu primeiro (ainda inédito) DVD, em 30 de maio de 2008, Cozza deixa na platéia a certeza de estar diante de uma das melhores cantoras surgidas nesta década. Com forte presença de palco, Cozza é do tipo de intérprete que canta também com o corpo. E o samba é seu dom, como afirmou no título de seu primeiro CD, editado em 2004. E é o samba que domina o roteiro. Ora com sutis dissonâncias (como em Não Sai de Mim), ora quase transformado numa balada (como em Tendência, cujo arranjo e interpretação ganham intensidades crescentes). Mas sempre samba - e do bom...
Um apoteótico Canto de Ossanha - cheio de quebradas, nuances, trechos a capella e coreografias especiais - se impõe como o primeiro grande momento do show. Aliás, Fabiana Cozza parece dominar o palco. Seja rodopiando, como em Xangô te Xinga, tema valorizado pelo suingue latiníssimo do pianista Edson Sant'anna. Seja fazendo suas coreografias ensaiadas, como em Agradecer e Abraçar, um grande momento do CD Quando o Céu Clarear que se repete no show. Além da voz calorosa, Cozza também é mestra nas divisões. É de tirar o fôlego o duelo travado por sua voz com o pandeiro do percussionista Douglas Alonso no samba Coisa Feita, de João Bosco e Aldir Blanc. Outro grande momento!!
Como a cantora contou em cena, ela se apresenta no Rio de Janeiro (RJ) desde 2004. Inicialmente no Bar do Alfredinho, no bairro de Copacabana. Ultimamente, e com mais regularidade, na casa Trapiche Gamboa. Foi para festejar a acolhida do público na casa da Gamboa que Cozza recrutou um naipe de músicos virtuosos - entre eles, o trompetista Silvério Pontes e o violonista Rogério Caetano - para fazer um set à moda do Trapiche, com Onde a Dor Não Tem Razão (Paulinho da Viola e Elton Medeiros) e Me Deixa em Paz (Monsueto). Apesar dos problemas de som deste bloco, ficou evidente o prazer da cantora de partilhar o palco com seus músicos e de abrir espaço para os improvisos deles. No fim, já com sua entrosada banda reconduzida ao palco, Fabiana Cozza cantou O Samba É meu Dom, a obra-prima da parceria de Wilson das Neves com Paulo César Pinheiro. E ninguém na embevecida platéia (que não lotou o Teatro Rival) duvidou de seu grande dom.

Gulin lança o clipe 'noir' de 'Garoto de Aluguel'

A foto acima é um flagrante do primeiro clipe da cantora Thaís Gulin. A música que rendeu o vídeo - dirigido em clima noir pelo designer Fabiano Vianna e fotografado por Ivana Podoland - é Garoto de Aluguel (Taxy Boy), tema de Zé Ramalho que ganhou sua melhor interpretação na voz segura da intérprete curitibana (a gravação integra o CD Thaís Gulin, o primeiro da artista, editado no fim de 2006). Feito a partir da técnica de stop motion, o clipe de Garoto de Aluguel já está em alta rotação nos canais de música.

16 de setembro de 2008

Cida interpreta Cartola no inverno de seu tempo

Resenha de show
Título: Angenor
Artista: Cida Moreira
Local: Allegro Bistrô - Modern Sound (RJ)
Data: 15 de setembro de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz em Porto Alegre (RS) (Theatro São Pedro - 20 e 21 de
setembro) e em São Paulo (SP) (Sesc Vila Mariana - 11 de outubro)

Intérprete vocacionada para os palcos, Cida Moreira consegue interpretar Cartola (1908 - 1980) em cena com o mesmo requinte que pauta seu CD Angenor - mesmo sem contar com todo o aparato instrumental da gravação do álbum editado pela Lua Music em maio, em tributo aos 100 anos que o compositor completaria em 11 de outubro de 2008. Foi assim, por exemplo, no pocket-show feito pela artista no simpático Allegro Bistrô, o espaço de shows aberto pela loja de discos Modern Sound. Na companhia do pianista Cliff Korman e do violonista Omar Campos, Cida tirou coelhos da cartola - caso de A Canção que Chegou, bissexto flagrante de um Cartola embebido em felicidade - e cantou o mestre no inverno de seu tempo, com fraseado elegante, atualmente mais suave e contido, sem prejuízo da carga emotiva.

Música ausente do disco Angenor, As Rosas Não Falam desabrochou no bis logo após a repetição de O Silêncio do Cipreste, samba em que Cliff Korma exibiu suingue no toque de seu piano (o primeiro take havia sido insatisfatório). Mas o brilho maior foi mesmo de Cida. Com sua dosagem perfeita de técnica e emoção, a cantora brindou o público com interpretações magistrais de Autonomia e, sobretudo, Peito Vazio (num tom tão interiorizado de alta voltagem emocional). Falante, a artista lembrou a predileção de Cartola por sambas-canções na fase final de sua vida - pretexto para apresentar Senões - e contou que Nós Dois foi o presente de casamento do compositor para sua última mulher, Euzébia Silva do Nascimento (1913 - 2003), a popular Dona Zica. Em alguns temas, como a toada caipira Feriado na Roça, entoada por Cida apenas com o violão de Omar Campos, percebeu-se uma centelha operística no canto da intérprete que evocava seu começo de carreira na década de 80. Mas o grande brilho de Cida Moreira residiu - vale repetir - na opção de cantar Cartola no tom mais dosado de seu tempo invernal. Um belo show!

A 'aquarela' de Toquinho ganha cores sinfônicas

Resenha de CD
Título: Ao Vivo
Artista: Toquinho &
Orquestra Jazz Sinfônica
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

Numerosos discos e shows já deram tratamento sinfônico à boa música popular brasileira. Este CD gravado ao vivo em 2002, em concerto na Sala São Paulo (SP), apresenta a obra de Toquinho no toque erudito da Orquestra Jazz Sinfônica. Sob a regência dos maestros Cyro Pereira e João Galindo, os músicos tocam temas de Pereira e de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) - Ária das Bachianas nº 5 e Trenzinho do Caipira - antes de pôr outras cores na aquarela de Toquinho. A mistura cai especialmente bem em Samba de Orly (incrementado com suingante batida diferente) e em Tarde em Itapoã (com novos ares sem perder a manemolência baiana). Às vezes, um excesso de suntuosidade engessa a música - caso de O Caderno. Contudo, até mesmo a batida Aquarela ganha outros belos tons neste álbum que, embora nada tenha de original, comprova a beleza perene da música de Toquinho e de parceiros como Chico Buarque e o poeta Vinicius de Moraes (1913 - 1980). Vale conferir!

'Sou' traz cara estranho no bloco do eu sozinho

Resenha de CD
Título: Sou
Artista: Marcelo Camelo
Gravadora: Zé Pereira
/ Sony BMG
Cotação: * * *

"E lá vai Deus sem sequer saber de nós / Saibamos pois / Estamos sós", sentencia um descrente Marcelo Camelo nos três únicos versos de Passeando, um dos 12 temas autorais de seu primeiro CD solo, Sou. Faixa quase instrumental, Passeando assume sua vocação ao ser repetida no fim do álbum, em versão de textura erudita gravada somente com o piano de Clara Sverner. Embora (muito) bem acompanhado (por Sverner, Dominguinhos, o grupo paulista Hurtmold e Mallu Magalhães, entre outros), Camelo ressalta a solidão neste disco que o afasta do rock - em que pesem as guitarras e a leve ambiência roqueira de Mais Tarde, uma das (quatro) músicas gravadas com o acompanhamento do Hurtmold.

Sou representa mergulho radical na atmosfera contemplativa já evidenciada em boa parte do último álbum de estúdio do grupo Los Hermanos, 4 (2005). De clima viajante, Sou é disco de muitas canções e em algumas delas, caso de Tudo Passa, Camelo canta de forma sussurrada, com uma emissão propositalmente desleixada. Ao entrar no bloco do eu sozinho, o hermano se assume de vez como um cara estranho que habita um universo todo particular. O ouvinte de Sou precisa acostumar seus ouvidos a essas estranhezas para perceber a beleza que se esconde atrás delas em temas como Doce Solidão e Téo e a Gaivota, cujo registro inicial - disponibilizado pelo compositor em sua página no MySpace em dezembro de 2007 - já indicava a trilha zen que seria seguida por Camelo em seu CD solo. Um trabalho do estilo "ame-o ou deixe-o".

Entre baladas introspectivas, Sou também apresenta faixas de regionalismo estilizado. Liberdade foi adornada com a sanfona de Dominguinhos. Vida Doce ostenta cama percussiva que evoca a batida do samba-reggae. Já Menina Bordada é uma ciranda com toques de carimbó no arranjo. O regionalismo desta faixa evoca Despedida, a música que Camelo deu para Maria Rita gravar no álbum Segundo (2005). A propósito, o cantor apresenta em Sou sua (re)leitura de Santa Chuva (com cordas regidas por Gilson Peranzzetta) na contramão do caminho dramático percorrido de forma mais apropriada por Rita em seu imbatível registro original.

O clima bem etéreo de Sou dilui a vivacidade rítmica de faixas supostamente mais animadas - como a marchinha Copacabana, um postal simpático do bairro carioca. Temas como Janta - de espírito folk, condizente com o som da convidada Mallu Magalhães, que toca violão e canta em inglês na faixa bilingüe - estão em maior sintonia com o tom interiorizado do álbum de Camelo, que, em Sou, não justifica de forma plena o status de melhor compositor brasileiro da década. Contudo, seu solo é bom.

Mentor do Cidade Negra, Da Gama deixa grupo

Cinco meses depois de Toni Garrido ter largado o Cidade Negra em clima tenso, em abril de 2008, chegou a vez do guitarrista Da Gama sair do grupo do qual é mentor e fundador. No seu site oficial, o artista postou um texto no qual expõe de forma vaga as razões de sua debandada. Da Gama foi o criador, nos anos 80, da banda Lumiar, que veio a ser o Cidade Negra. Contudo, desde meados do ano, ele já vinha cuidando de seu primeiro disco solo, Violas e Canções, em que apresenta inéditos temas autorais como Ciranda (parceria com Marcos Valle) e Amor Proibido. Eis o texto no qual Da Gama divaga sobre sua saída do Cidade Negra, agora com futuro incerto:

"Entendemos que a vida passa por diversas etapas e dentro delas existem caminhos que precisam ser seguidos e com eles decisões tomadas que refletem o melhor para cada um dentro das suas expectativas pessoais e profissionais. Logicamente, sabemos que o Cidade Negra tem uma trajetória de 20 anos de sucesso e com a benção de JAH fui agraciado com a felicidade de convidar Lazão, Bino e Rás Bernardo, meus vizinhos de bairro, para compor o Lumiar que tornou-se Cidade Negra. Bem como sempre fui fiel aos interesses da banda e à manutenção de um excelente trabalho com qualidade que enchesse os corações das pessoas de sentimentos positivos ao longo desses anos. Saibam que continuo da mesma forma, como há 20 anos com o pensamento e o ideal de transmitir a alegria, a positividade e o comprometimento social através da minha arte, pois esses sempre foram os meus principais objetivos demonstrados através das minhas atitudes, além da simples diversão que a música traz.Vocês perceberão que será uma nova maneira que possibilitará a minha realização artística e profissional numa nova etapa de vida com muita paz e amor e esperando trazer realizações para todos nós. Desde JAH, agradeço o carinho de todos os fãs e amigos, a benção de Nosso Pai e conto com vocês nessa nova cruzada profissional. Abraços a todos e continuamos juntos, AXÉ!!!”. Da Gama.

15 de setembro de 2008

Morre Richard Wright, fundador do Pink Floyd

Aos 65 anos, vítima de câncer, Rick Wright saiu de cena nesta segunda-feira, 15 de setembro de 2008. O inglês Richard William Wright (1943 - 2008) foi um dos fundadores do Pink Floyd, grupo no qual começou, em 1965, como guitarrista, assumindo logo depois os teclados. Como compositor, Wright assinou com a banda clássicos como Time, tendo se destacado especialmente - como músico e como compositor - nos álbuns Dark Side of the Moon (1973) e Wish You Were Here (1975). Justamente por conta de sua crescente participação no som do Pink Floyd, Wright foi afastado da banda pelo egocêntrico Roger Waters durante as gravações do álbum The Wall (1979) e voltou ao grupo somente em 1987, em meio às gravações do disco A Momentary Lapse of Reason, quando Waters já havia saído. Em carreira solo, Wright gravou três álbuns. Sua última aparição com o Pink Floyd foi em 2005, numa histórica apresentação do grupo na série de shows Live 8. Ao sair de cena, Rick Wright leva consigo o sonho acalentado pelos milhões de fãs do Pink Floyd de rever o grupo na formação clássica - eternizada nos discos e vídeos da época áurea.

Mamma Mia!, o filme, dá tom ginasial ao ABBA

Resenha de filme
Título: Mamma Mia!
- O Filme
Diretor: Phyllida
Loyd
Elenco: Meryl
Streep, Amanda
Seyfried, Pierce
Brosnan, Colin
Firth e outros
Cotação: * * 1/2
Em cartaz
nos cinemas
do Brasil desde 12 de
setembro de 2008

Entre 1972 e 1982, o grupo sueco ABBA gravou e lançou um cancioneiro pop, melódico e meio pueril que - contra todos os prognósticos - sobreviveu ao tempo e adquiriu aura kitsch. Tal cancioneiro, ainda sedutor, é o mote do enredo fluido de Mamma Mia! - o filme baseado no musical que estreou em 1999, em Londres, e chegou aos cinemas em 2008, com grande sucesso de público. A exemplo do que foi feito com o cancioneiro dos Beatles no filme Across the Universe, as músicas do ABBA são postas a serviço da história. A ação se passa numa ilha grega, na véspera do casamento de Sophie (Amanda Seyfried), que, sem saber a identidade de seu pai, vasculha os diários da mãe, Donna (Meryl Streep), e envia convida para a cerimônia três possíveis genitores. Sam Carmichael (Pierce Brosnan), Hary Bright (Colin Firth) e Bill Anderson (Stellan Skarsgárd) comparecem ao casamento e, a partir daí, tudo é pretexto para a inserção de músicas do ABBA na narrativa. No entanto, falta a Mamma Mia! a magia que sobra em Across the Universe, que reembala o repertório dos Fab Four com arranjos e interpretações que dão outras nuances às músicas. No caso de Mamma Mia!, a diretora Phyllida Loyd dá tom ginasial aos sucessos do ABBA. As coreografias e os vocais são, em sua imensa maioria, primários. Ainda que números como Dancing Queen (1976), Voulez-Vous (1979) e Gimme! Gimme! Gimme! (1979) tenham certa vibração por conta da movimentação do elenco em cena. Voulez-Vous, em especial, evoca na fotografia e na iluminação a estética dos anos 70. Em compensação, as interpretações do elenco são, na média, sofríveis. O solo de Pierce Brosnan em I Do, I Do, I Do, I Do, I Do (1975)evidencia o despreparo do ator para figurar num musical. Grande atriz, Meryl Streep consegue com sua emoção genuína dar dignidade ao seu solo em The Winner Takes It All (1980). Já o dueto de Julie Walters e Christine Baranski em Chiquitita (1979) soa apenas risível. Não há, em toda a ação, uma interpretação realmente luminosa. Mesmo quando o canto do elenco soa até correto, caso de Amanda Seyfried, intérprete de músicas como I Have a Dream (1979) e Honey, Honey (1974), falta um brilho especial. Talvez porque, como já demonstrara o CD com a trilha sonora do filme, a produção de Benny Andersson (integrante original do ABBA) tenha optado por clonar os arranjos originais de músicas como Mamma Mia (1975) e SOS (1975). Contudo, o filme é um grande sucesso mundial - assim como o musical de teatro que o inspirou. A força reside no cancioneiro do ABBA. E o número deliciosamente kitsch de Waterloo (1974) - apresentado pelo elenco após o fim da narrativa propriamente dita, quando já vão subir os créditos - é um exemplo de como a música do quarteto sueco tem poder para sustentar e valorizar um filme, a rigor, sem a magia exigida de musicais. O ABBA resistiu ao tempo.

Olivia lança DVD com registro de show caseiro

Um dos melhores shows de 2007 ganha registro em DVD pela gravadora Biscoito Fino. Trata-se de A Vida É Perto, o recital de atmosfera intimista que Olivia Byington estreou em julho de 2007, no Rio de Janeiro (RJ), com o título de Cada Um Cada Um (confira a resenha do show). Procurando recriar no palco o aconchego e o clima de sua própria casa (o camarim era decorado com fotos da família e de amigos), a cantora desfia roteiro de 19 músicas (24 - se contados os temas incidentais) que surpreende ao incluir Pense em mim, hit de Leandro & Leonardo cuja autoria é creditada erronea e desatenciosamente à dupla, no encarte do DVD, omitindo os nomes dos três reais compositores da música (Douglas Maio, Zé Ribeiro e Mário Soares). Erro grave, até porque, nos créditos do DVD, os autores das músicas não são relacionados. Falhas à parte, eis o repertório de A Vida É Perto:

* After Sunrise (Tião Neto e Oscar Castro Neves)
* Conversation (James Uhart e Gino Sitson)
* Jacarandá (Pedro Jóia)
* Cantores do Rádio
(Alberto Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo)
1. Mãe da Manhã (Gilberto Gil)
2. Fotografia (Tom Jobim)
3. Modinha Nº 1 (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
4. Por Dentro das Canções
(Olivia Byington e Tiago Torres da Silva)
5. Areias do Leblon (Olivia Byington e Tiago Torres da Silva)
6. Alguém Cantando (Caetano Veloso)
7. Muito Romântico (Caetano Veloso)
* citação de Corra o Risco (Olivia Byington e Geraldo Carneiro)
8. Lady Jane (Nando Carneiro e Geraldo Carneiro)
9. Anjo Vadio (Olivia Byington e Geraldo Carneiro)
10. Clarão (Olivia Byington e Cacaso)
11. Pense em mim (Douglas Maio, Zé Ribeiro e Mário Soares)
12. Feuilles Mortes (Joseph Kosma e Jaques Prévert)
* citação de Pobre e Velha Música (Fernando Pessoa)
13. Todo Par (Olivia Byington e Marcelo Pires)
14. Guarda Minha Alma (Olivia Byington e Tiago Torres da Silva)
15. De qué Callada Manera (Pablo Milanés e Nicolas Guillén)
16. Menina Fricote (Marília Batista & Henrique Batista)
17. Uva de Caminhão (Assis Valente)
18. Mais Clara Mais Crua (Egberto Gismonti e Geraldo Carneiro)
19. Na Ponta dos Pés (Olivia Byington e Tiago Torres da Silva)

Jah requenta sucessos para sua tribo do reggae

Resenha de CD
Título: Refazendo
Artista: Tribo de Jah
Gravadora: LGK Music
/ Som Livre
Cotação: * 1/2

Embora marketeada como "a Jamaica brasileira", a cidade de São Luís do Maranhão (MA) nunca exportou para a cena brasileira bandas de reggae que realmente fizessem a diferença na rica cena do gênero. Basta dizer que o nome de maior evidência nacional oriundo daquela capital é a Tribo de Jah, banda nascida na Escola de Cegos do Maranhão. A Tribo até já teve outrora seguidores ardorosos. Mas perdeu espaço no mercado. E sua já diluída discografia pouco tem a ganhar com este pífio Refazendo. Como o título do disco já indica, a banda reqüenta nove sucessos enquanto apresenta cinco fracas inéditas, incluindo Sem Amarras, versão de Sin Cadenas, tema do repertório do grupo argentino Los Pericos. As novas músicas patinam entre clichês espiritualistas (A Flor ou o Espinho), românticos (O Amor que Eu Quis, em que o grupo procura adicionar um tempero de rhythm and blues ao seu reggae aguado) e ecológicos (Mata Atlântica, de autoria de Nengo Vieira). Completa o time de inéditas Garota Dreadlock, música escrita pelo líder do grupo, Fauzi Beydoun, com base em carta recebida de fã. Enfim, o CD Refazendo parece produto nascido da pura falta do que fazer. Jah não vai gostar da refazenda da Tribo...

14 de setembro de 2008

Frejat faz a crônica (dos clichês) da vida urbana

Resenha de CD
Título: Intimidade
entre Estranhos
Artista: Frejat
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Terceiro CD solo de Frejat, já nas lojas e também disponível para audição no MySpace, o irregular Intimidade entre Estranhos faz a crônica da vida e dos amores urbanos pelo viés pop romântico que caracteriza a toda discografia individual do vocalista e guitarrista do grupo Barão Vermelho, atualmente em recesso por tempo indeterminado. Contudo, a abertura do leque de parceiros - o repertório inclui composições de Frejat com Zeca Baleiro, Zé Ramalho, Alvin L, Gustavo Black Alien e a escritora Martha Medeiros, entre outros nomes até nunca associados à música do artista - sugere vigor diferenciado que não se percebe no repertório baladeiro. Como já sinalizara a canção pop Dois Lados (apresentada desde fevereiro de 2007 na trilha sonora da novela Beleza Pura), Frejat já mostrou mais inspiração como compositor. Nem a salutar diversidade de parceiros disfarça a irregularidade da atual safra de inéditas do Barão. O grande momento de Intimidade entre Estranhos é sua faixa-título, assinada por Frejat com Leoni. Os autores expõem em versos precisos o equilíbrio delicado que rege as relações nas grandes cidades. A única letra que rivaliza com a de Intimidade entre Estranhos é a de Nada Além, pungente tema que inaugura a parceria de Frejat com Zeca Baleiro. "Você sonha ser princesa em castelos fabulosos / Enquanto eu vago pela cidade entre inocentes e criminosos", rumina Frejat neste outro grande instante de seu disco. Contudo, o alto teor poético dessas duas faixas se dilui nos versos pueris de músicas como Controle Remoto - parceria de Frejat e Paulo Ricardo cuja letra parece ter saído de um livro de auto-ajuda - e Eu Só Queria Entender, tema no qual Frejat enfileira clichês ecológicos com arranjo de sotaque soul. E o pior é que a inspiração melódica, a rigor rala, somente realça tais clichês. Se Fragmento paira aquém dos cancioneiros de Alvin L e Frejat, Farol e O Céu Não Acaba parecem sobras do repertório do Barão Vermelho. Nem o tom épico de Tua Laçada - faixa destoante que está mais próxima do universo do parceiro Zé Ramalho do que do mundo de Frejat - e tampouco o romantismo pop de Eu Não Quero Brigar Mais Não (inusitada parceria com um adocicado Gustavo Black Alien) contribuem para tornar o CD mais sedutor. Ao fim da última faixa, o festivo funk Tudo de Bom, paira a sensação de que, a rigor, quase nada soa realmente bom no terceiro disco de Frejat.

Hime agrega Ed, Bibi, Zeca e Ivete no 'Álbum 2'

Onze anos após ter editado seu Álbum Musical (1997), com regravações de suas 18 músicas mais expressivas, nas vozes de vários cantores, Francis Hime apresenta o segundo volume do belo projeto. O Álbum Musical 2 agrega 15 intérpretes - entre eles, Adriana Calcanhotto, Bibi Ferreira, Ed Motta, Ivete Sangalo, Luiz Melodia, Mart'nália, Simone e Zeca Pagodinho - e apresenta releituras de composições bem menos conhecidas de Hime, casos de sua única parceria com Gilberto Gil (Um Carro de Boi Dourado, puxado no CD pela voz de Lenine) e de Lindalva, cantada por Moska com o verso original "nusinhos em pêlo", escrito pelo parceiro Paulo César Pinheiro, mas suprimido pela censura da época (1977) na gravação de Hime. Eis a lista de músicas e dos intérpretes convocados para o Álbum Musical 2:

1. Amor Barato (Francis Hime e Chico Buarque) - Zeca Pagodinho
2. Quadrilha (Francis Hime e Chico Buarque) - Ivete Sangalo
3. Um Carro de Boi Dourado (Francis Hime e Gilberto Gil) - Lenine
4. Saudade de Amar (Francis Hime e Vinicius de Moraes)
- Adriana Calcanhotto
5. Maravilha (Francis Hime e Chico Buarque) - Simone
6. Coração do Brasil (Francis Hime e Olivia Hime) - Joyce
7. Lindalva (Francis Hime e Paulo César Pinheiro) - Moska
8. Promessas, Promessas (Francis Hime e Abel Silva)
- Teresa Cristina
9. Mariposa (Francis Hime e Olivia Hime) - Mônica Salmaso
10. Grão de Milho (Francis Hime e Cacaso) - Renato Braz
11. O Tempo da Flor (Francis Hime e Vinicius de Moraes)
- Olivia Byington
12. À Meia-Luz (Francis Hime e Ruy Guerra) - Ed Motta
13. O Rei de Ramos (Francis Hime, Chico Buarque, Dias Gomes)
- Luiz Melodia
14. Pau Brasil (Francis Hime e Geraldo Carneiro) - Mart'nália
15. Viajante das Almas (Francis Hime, Fernanda Montenegro e
Herbert Richards Junior) - Bibi Ferreira

Terceiro álbum de Dido traz tema de Brian Eno

Terceiro álbum de estúdio da cantora e compositora inglesa Dido, Safe Trip Home (capa acima) tem lançamento programado para 4 de novembro de 2008 via Sony BMG. Gravado entre Los Angeles (EUA) e Londres (Inglaterra), o disco tem produção dividida entre Jon Brion, Rollo Armstrong e a própria Dido. O primeiro single é Don't Believe in Love, mas, desde 22 de agosto, Dido disponibilizou em seu site oficial a faixa Look no Further. Detalhe: uma das 11 músicas do álbum, Grafton Street, ostenta a assinatura de Brian Eno. Eis as 11 faixas do CD Safe Trip Home:
1. Don't Believe in Love
2. Quiet Times
3. Never Want to Say It's Love
4. Grafton Street
5. It Comes and It Goes
6. Look no Further
7. Us 2 Little Gods
8. The Day Before the Day
9. Let's Do the Things We Normally Do
10. Burnin' Love
11. Nothern Skies

Arlindo filma o show dos 50 para extras de DVD

Arlindo Cruz (foto à direita) decidiu filmar o estrelado show comemorativo de seus 50 anos - agendado para este domingo, 14 de setembro de 2008, na quadra da escola de samba Império Serrano, no Rio de Janeiro (RJ), com intervenções de Alcione, Gustavo Lins, Jorge Aragão, Marcelo D2, Maria Rita, Mauro Diniz, Grupo Revelação e da Velha Guarda do Império Serrano. A intenção do sambista é incluir takes do show nos extras do DVD que vai lançar em 2009 dentro da série MTV ao Vivo. Inicialmente prevista para junho, a gravação do CD e DVD Arlindo Cruz MTV ao Vivo foi reprogramada para novembro - em São Paulo (SP) - em um show na casa Citibank Hall.