16 de setembro de 2008

Cida interpreta Cartola no inverno de seu tempo

Resenha de show
Título: Angenor
Artista: Cida Moreira
Local: Allegro Bistrô - Modern Sound (RJ)
Data: 15 de setembro de 2008
Cotação: * * * *
Em cartaz em Porto Alegre (RS) (Theatro São Pedro - 20 e 21 de
setembro) e em São Paulo (SP) (Sesc Vila Mariana - 11 de outubro)

Intérprete vocacionada para os palcos, Cida Moreira consegue interpretar Cartola (1908 - 1980) em cena com o mesmo requinte que pauta seu CD Angenor - mesmo sem contar com todo o aparato instrumental da gravação do álbum editado pela Lua Music em maio, em tributo aos 100 anos que o compositor completaria em 11 de outubro de 2008. Foi assim, por exemplo, no pocket-show feito pela artista no simpático Allegro Bistrô, o espaço de shows aberto pela loja de discos Modern Sound. Na companhia do pianista Cliff Korman e do violonista Omar Campos, Cida tirou coelhos da cartola - caso de A Canção que Chegou, bissexto flagrante de um Cartola embebido em felicidade - e cantou o mestre no inverno de seu tempo, com fraseado elegante, atualmente mais suave e contido, sem prejuízo da carga emotiva.

Música ausente do disco Angenor, As Rosas Não Falam desabrochou no bis logo após a repetição de O Silêncio do Cipreste, samba em que Cliff Korma exibiu suingue no toque de seu piano (o primeiro take havia sido insatisfatório). Mas o brilho maior foi mesmo de Cida. Com sua dosagem perfeita de técnica e emoção, a cantora brindou o público com interpretações magistrais de Autonomia e, sobretudo, Peito Vazio (num tom tão interiorizado de alta voltagem emocional). Falante, a artista lembrou a predileção de Cartola por sambas-canções na fase final de sua vida - pretexto para apresentar Senões - e contou que Nós Dois foi o presente de casamento do compositor para sua última mulher, Euzébia Silva do Nascimento (1913 - 2003), a popular Dona Zica. Em alguns temas, como a toada caipira Feriado na Roça, entoada por Cida apenas com o violão de Omar Campos, percebeu-se uma centelha operística no canto da intérprete que evocava seu começo de carreira na década de 80. Mas o grande brilho de Cida Moreira residiu - vale repetir - na opção de cantar Cartola no tom mais dosado de seu tempo invernal. Um belo show!

17 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Intérprete vocacionada para os palcos, Cida Moreira consegue interpretar Cartola (1908 - 1980) em cena com o mesmo requinte que pauta seu CD Angenor - mesmo sem contar com todo o aparato instrumental da gravação do álbum editado pela Lua Music em maio, em tributo aos 100 anos que o compositor completaria em 11 de outubro de 2008. Foi assim, por exemplo, no pocket-show feito pela artista no simpático Allegro Bistrô, o espaço de shows aberto pela loja de discos Modern Sound. Na companhia do pianista Cliff Korma e do violonista Omar Campos, Cida tirou coelhos da cartola - caso de A Canção que Chegou, bissexto flagrante de um Cartola embebido em felicidade - e cantou o mestre no inverno de seu tempo, com fraseado elegante, atualmente mais suave e contido, sem prejuízo da carga emotiva.

Música ausente do disco Angenor, As Rosas Não Falam desabrochou no bis logo após a repetição de O Silêncio do Cipreste, samba em que Cliff Korma exibiu suingue no toque de seu piano (o primeiro take havia sido insatisfatório). Mas o brilho maior foi mesmo de Cida. Com sua dosagem perfeita de técnica e emoção, a cantora brindou o público com interpretações magistrais de Autonomia e, sobretudo, Peito Vazio (num tom tão interiorizado de alta voltagem emocional). Falante, a artista lembrou a predileção de Cartola por sambas-canções na fase final de sua vida - pretexto para apresentar Senões - e contou que Nós Dois foi o presente de casamento do compositor para sua última mulher, Euzébia Silva do Nascimento (1913 - 2003), a popular Dona Zica. Em alguns temas, como a toada caipira Feriado na Roça, entoada por Cida apenas com o violão de Omar Campos, percebeu-se uma centelha operística no canto da intérprete que evocava seu começo de carreira na década de 80. Mas o grande brilho de Cida Moreira residiu - vale repetir - na opção de cantar Cartola no tom mais dosado de seu tempo invernal. Um belo show!

16 de setembro de 2008 às 14:08  
Anonymous Anônimo said...

Tai um dos grandes albuns de 2008.

Cida é inquieta e inteligente pra caramba. Até em um pocket show consegue ficar grande. Esse ano já rolou show ode a Tom Waits a modinhas brasileiras. Pena que em espaços pequenos e sem muita badalação ...

16 de setembro de 2008 às 15:42  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, se permite ...

Onde você escreve " Theatro São Pedro - 20 e 21 de agosto " quer dizer " setembro ". Certo ?


Abração cara!

16 de setembro de 2008 às 15:43  
Blogger sasquatico said...

Tive a felicidade de assistir ao show da Cida Moreira esse ano em Palmas - TO. Que interpretação! Um espetáculo! O incrível é que desconhecia completamente essa fantástica cantora! Merece ser melhor divulgada pela grande mídia.

16 de setembro de 2008 às 16:34  
Anonymous Anônimo said...

Diogo está com a razão quanto a Cida Moreira. Sem dúvida, com esses shows,albuns e projetos ela pega o ano de 2008 pra sí!

16 de setembro de 2008 às 16:50  
Anonymous Anônimo said...

Mauro, acho que Maria Bethânia ficará com ciumes dessa sua (sadia) perseguição a Cida Moreira. Mesmo quando ninguém sabe que tem show dela, você sabe, vai e ... elogia

16 de setembro de 2008 às 17:01  
Anonymous Anônimo said...

O pianista chama-se Cliff Korman.

16 de setembro de 2008 às 17:46  
Anonymous Anônimo said...

Cida é realmente fantástica e além do canto arrepiante tem uma verve rara. Amei o CD e espero assistir ao show.
Além de tudo, Cida é múltipla e está sempre com algum projeto interessante.
Uma grande artista!

maria

16 de setembro de 2008 às 18:41  
Anonymous Anônimo said...

Não gosto da Cida. Como atriz ainda vai, mas como cantora deixa a desejar...

17 de setembro de 2008 às 08:54  
Anonymous Anônimo said...

Cida Moreira tem a mesma carga dramática de Maria Bethânia, mesmo sem descer escadas e correr descalça no palco, e quase chega perto do canto de Ná Ozzetti.

17 de setembro de 2008 às 09:26  
Anonymous Anônimo said...

Estamos falando de três grandes cantoras ( Cida Moreira, Maria Bethânia e Ná Ozzetti). Elis tinha uma carga dramática muito forte mas permitia certa suavidade no seu canto. Ná também, Cida e Bethânia não !

Se voz fosse tudo, Claudya e Gal Costa seriam as maiores ...

17 de setembro de 2008 às 13:38  
Anonymous Anônimo said...

Cida e Ná Ozzetti estão merecendo se apresetar em espaços maiores.

Olha só :

1- Cida Moreira e André Frateschi em " Canções para Cortar os Pulsos
- A Música de Tom Waits "
LOCAL: Centro Cultural Solar de Botafogo (RJ).
Capacidade : 180 pessoas.


2- Cida Moreira canta " Modinhas e Canções do Brasil "
LOCAL : Teatro II do CCBB (RJ)
Capacidade : 158 pessoas.


3- Ná Ozzetti Canta Carmen Miranda
LOCAL : Teatro de Arena da Caixa (RJ)
Capacidade : 240 lugares

17 de setembro de 2008 às 14:56  
Anonymous Anônimo said...

Não espero que elas se apresentem na Fundiçao Progresso, Circo Voador ou mesmo na gigantesca HSBC Arena, até por quê são lugares inadequados para o som e a música que elas fazem, mas se tiver muita divulgação vai ter mais gente de fora do que dentro ...

17 de setembro de 2008 às 15:02  
Anonymous Anônimo said...

Procede que Cida Moreira canta " Modinhas e Canções do Brasil " sairá em cd ?

17 de setembro de 2008 às 17:47  
Anonymous Anônimo said...

Ná Ozzetti e Cida Moreira, grandes cantoras??? Pára o mundo q eu quero descer!!!! Uma é inexpressiva no palco, a outra não alcança as notas e faz modulações na voz pra disfarçar sua dificuldade...
ELIS!! Voooooooolta!!!!!!!!

17 de setembro de 2008 às 18:48  
Anonymous Anônimo said...

A atitude dos fãs de Bethânia em relação a cantores de forte presença cênica ( Cida Moreira e Elba Ramalho) e afinadas ( Ná Ozzetti e Jussara Silveira ) é a mesma que Elis Regina tinha em relação a Claudya. Entederam ?

18 de setembro de 2008 às 10:09  
Anonymous Anônimo said...

Diogo, trouxe a atenção pontos bem interessantes! Como sempre ...

19 de setembro de 2008 às 14:37  

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