14 de setembro de 2008

Frejat faz a crônica (dos clichês) da vida urbana

Resenha de CD
Título: Intimidade
entre Estranhos
Artista: Frejat
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Terceiro CD solo de Frejat, já nas lojas e também disponível para audição no MySpace, o irregular Intimidade entre Estranhos faz a crônica da vida e dos amores urbanos pelo viés pop romântico que caracteriza a toda discografia individual do vocalista e guitarrista do grupo Barão Vermelho, atualmente em recesso por tempo indeterminado. Contudo, a abertura do leque de parceiros - o repertório inclui composições de Frejat com Zeca Baleiro, Zé Ramalho, Alvin L, Gustavo Black Alien e a escritora Martha Medeiros, entre outros nomes até nunca associados à música do artista - sugere vigor diferenciado que não se percebe no repertório baladeiro. Como já sinalizara a canção pop Dois Lados (apresentada desde fevereiro de 2007 na trilha sonora da novela Beleza Pura), Frejat já mostrou mais inspiração como compositor. Nem a salutar diversidade de parceiros disfarça a irregularidade da atual safra de inéditas do Barão. O grande momento de Intimidade entre Estranhos é sua faixa-título, assinada por Frejat com Leoni. Os autores expõem em versos precisos o equilíbrio delicado que rege as relações nas grandes cidades. A única letra que rivaliza com a de Intimidade entre Estranhos é a de Nada Além, pungente tema que inaugura a parceria de Frejat com Zeca Baleiro. "Você sonha ser princesa em castelos fabulosos / Enquanto eu vago pela cidade entre inocentes e criminosos", rumina Frejat neste outro grande instante de seu disco. Contudo, o alto teor poético dessas duas faixas se dilui nos versos pueris de músicas como Controle Remoto - parceria de Frejat e Paulo Ricardo cuja letra parece ter saído de um livro de auto-ajuda - e Eu Só Queria Entender, tema no qual Frejat enfileira clichês ecológicos com arranjo de sotaque soul. E o pior é que a inspiração melódica, a rigor rala, somente realça tais clichês. Se Fragmento paira aquém dos cancioneiros de Alvin L e Frejat, Farol e O Céu Não Acaba parecem sobras do repertório do Barão Vermelho. Nem o tom épico de Tua Laçada - faixa destoante que está mais próxima do universo do parceiro Zé Ramalho do que do mundo de Frejat - e tampouco o romantismo pop de Eu Não Quero Brigar Mais Não (inusitada parceria com um adocicado Gustavo Black Alien) contribuem para tornar o CD mais sedutor. Ao fim da última faixa, o festivo funk Tudo de Bom, paira a sensação de que, a rigor, quase nada soa realmente bom no terceiro disco de Frejat.

2 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Resenha de CD
Título: Intimidade
entre Estranhos
Artista: Frejat
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Terceiro CD solo de Frejat, já nas lojas e também disponível para audição no MySpace, o irregular Intimidade entre Estranhos faz a crônica da vida e dos amores urbanos pelo viés pop romântico que caracteriza a toda discografia individual do vocalista e guitarrista do grupo Barão Vermelho, atualmente em recesso por tempo indeterminado. Contudo, a abertura do leque de parceiros - o repertório inclui composições de Frejat com Zeca Baleiro, Zé Ramalho, Alvin L, Gustavo Black Alien e a escritora Martha Medeiros, entre outros nomes até nunca associados à música do artista -sugere um vigor diferenciado que não se percebe no álbum. Como já sinalizara a canção pop Dois Lados (apresentada desde fevereiro de 2007 na trilha sonora da novela Beleza Pura), Frejat já mostrou mais inspiração como compositor. Nem a salutar diversidade de parceiros disfarça a irregularidade da atual safra de inéditas do Barão. O grande momento de Intimidade entre Estranhos é sua faixa-título, assinada por Frejat com Leoni. Os autores expõem em versos precisos o equilíbrio delicado que rege as relações nas grandes cidades. A única letra que rivaliza com a de Intimidade entre Estranhos é a de Nada Além, pungente tema que inaugura a parceria de Frejat com Zeca Baleiro. "Você sonha ser princesa em castelos fabulosos / Enquanto eu vago pela cidade entre inocentes e criminosos", rumina Frejat neste outro grande instante de seu disco. Contudo, o alto teor poético dessas duas faixas se dilui nos versos pueris de músicas como Controle Remoto - parceria de Frejat e Paulo Ricardo cuja letra parece ter saído de um livro de auto-ajuda - e Eu Só Queria Entender, tema no qual Frejat enfileira clichês ecológicos com arranjo de sotaque soul. E o pior é que a inspiração melódica, rala, somente realça tais clichês. Se Fragmento paira aquém dos cancioneiros de Alvin L e Frejat, Farol e O Céu Não Acaba parecem sobras do repertório do Barão Vermelho. Nem o tom épico de Tua Laçada - faixa destoante que está mais próxima do universo do parceiro Zé Ramalho do que do mundo de Frejat - e tampouco o romantismo pop de Eu Não Quero Brigar Mais Não (parceria com um adocicado Gustavo Black Alien) contribuem para tornar o disco mais sedutor. Ao fim da última faixa, o festivo funk Tudo de Bom, paira a sensação de que, a rigor, quase nada soa realmente bom no terceiro disco de Frejat.

14 de setembro de 2008 às 13:21  
Anonymous Anônimo said...

eu achei fraquíssimo esse disco do Frejat.
Pode voltar ao Barão e participar de festas dos anos 80.

14 de setembro de 2008 às 18:34  

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