2 de junho de 2007

'Discoteca MTV' expõe a cabeça irada dos Titãs

Resenha de programa de TV
Título: Discoteca MTV - Cabeça Dinossauro (Titãs, 1986)
Exibição: MTV
Data: 1º de junho de 2007
Cotação: * * * *

Álbum emblemático dos Titãs, que ainda não ganhou reedição em CD à altura de sua importância, Cabeça Dinossauro foi exposto no sétimo episódio do programa Discoteca MTV. Titãs e ex-Titãs foram entrevistados sobre a importância deste álbum de 1986 que deu a definitiva assinatura ao som do (então) octeto paulista. Foi um dos melhores programas da série porque, de fato, o Cabeça foi dissecado sob todos os ângulos. "Ele foi o primeiro disco em que a gente conseguiu realizar plenamente nosso anseio sonoro", situou Arnaldo Antunes. "Com ele, a gente conseguiu definir um público", acrescentou Nando Reis. "É até hoje o disco mais importante da gente", avaliou Tony Bellotto, feliz, logo no começo do programa.

O estopim da criação deste álbum redentor na carreira dos Titãs e crucial para sua permanência na gravadora Warner Music ("Sendo bem franco, era o último disco de nosso contrato. E a gente não tinha conseguido boas vendas até então...", lembrou Nando) foi a prisão deArnaldo e Bellotto por porte de drogas. "Polícia e Estado Violência são respostas bem diretas ao acontecimento da prisão", depôs Arnaldo. Insuflados pelo fato, os Titãs fizeram um disco de idelogia punk que questionava com letras corrosivas instituições tradicionais como Igreja, família e - claro - a polícia. Uma porrada!

"Foi um disco ousado que abordou - de forma brilhante - questões históricas que a gente vivencia até hoje", lembrou Tico Santa Cruz, do Detonautas Roque Clube. "Foi um disco marcante para a década de 80. Misturou punk com new wave - e tinha um sabor de rock brasileiro", corroborou Kid Vinil. A mistura foi formatada com a ajuda de Liminha - o produtor por excelência do rock dos anos 80. "Tinha uma certa hostilidade", relatou Liminha, ressaltando que integrantes do grupo o haviam detonado na imprensa antes de ele ser requisitado, pelos Titãs, para produzir Cabeça Dinossauro.

Bichos Escrotos (música anterior à concepção do trabalho), O Quê (pioneira fusão de rock com programações eletrônicas) e Homem Primata (música feita para Lulu Santos - de acordo com o ex-titã Nando Reis - e único tema mais radiofônico do repertório) foram alguns petardos do disco que explodiu feito rastilho de pólvora - começando por São Paulo e, logo depois, por todo o Brasil. Um álbum para ser mesmo lembrado. E que venha uma reedição em CD à altura, pois a que existe no mercado é de caráter indigente!!!!

Em DVD, shows de Yes e Dregs em Montreux

Formado no rastro da explosão fusion dos anos 70, o quinteto Dixie Dregs fazia rock progressivo com toques de jazz. Lançado no mercado nacional pela gravadora ST2, o DVD Live at Montreux 1978 (capa à esquerda) registra o show feito pela banda no festival suíço em 23 de julho de 1978. Quem comandava o virtuoso grupo era o guitarrista Steve Morse, que iria alcançar mais fama no Deep Purple. Nos extras, há números feitos pelos Dixie Dregs em dois (populares...) programas de variedades da TV dos Estados Unidos.

Em tempo: a mesma ST2 está pondo nas lojas nacionais outro DVD da série Live at Montreux - no caso, com a gravação do show feito pelo Yes em 2003. Foi a única vez que a banda tocou no Festival de Montreux. No roteiro de 17 números, há Awaken e To Be Over.

Korn alfineta desertor em CD que sai em julho

Em seu (próximo) trabalho de inéditas, que tem lançamento agendado para 31 de julho, o Korn manda recados nas letras de Ever Be e Love and Luxury para o guitarrista Brian Head Welch, que saiu do grupo em 2005, por questões religiosas, e vem atacando seus ex-colegas de banda. Evolution é o primeiro single do álbum Korn. Starting Over, Do What They Say, Hold on, Kiss e Hushabye são outras faixas do CD, o primeiro do trio sem o baterista David Silveria, que resolveu dar um tempo. Mas em paz!!

Orquestra Imperial lança álbum com 11 inéditas

Precedido por um belo EP editado em fevereiro, o primeiro álbum da Orquestra Imperial, Carnaval Só Ano que Vem, vai chegar enfim às lojas neste mês de junho em parceria da Som Livre com o selo indie Ping Pong. Produzido por Berna Ceppas, Kassin e Mario Caldato Jr, o disco é lançado no momento em que a suingante big-band carioca comemora os cinco anos de vida. No repertório, há 11 inéditas de seus 19 integrantes. Eis a lista das músicas do disco:
1. O Mar e o Ar (Domenico Lancelotti, Kassin e Rodrigo Amarante)
2. Não Foi em Vão (Thalma de Freitas)
3. Ereção (Domenico Lancelotti, Max Sette, Rubinho Jacobina, Sandra de Sá, Felipe Pinaud, Nina Becker e Pedro Sá)
4. Jardim de Alah (Moreno Veloso e Quito Ribeiro)
5. Rue de mes Souvenirs (Wilson das Neves e Stephane San Juan)
6. Yarusha Djaruba (Nelson Jacobina e Tavinho Paes)
7. Era Bom (Wilson das Neves e Max Sette)
8. Salamaleque (Rubinho Jacobina, Max Sette e Jonas Sá)
9. Ela Rebola (Nelson Jacobina e Jorge Mautner)
10. De um Amor em Paz (Domenico Lancelotti e Délcio Carvalho)
11. Supermercado do Amor (Bartolo e Jorge Mautner)

1 de junho de 2007

Deck fortalece seu elenco pop com Nação Zumbi

Gravadora carioca que tem ampliado seu elenco pop, a Deckdisc vai anunciar ainda nesta sexta-feira, 1º de junho, a contratação da banda pernambucana Nação Zumbi - uma das mais importantes da cena pop brasileira. O grupo - ladeado na foto por João Augusto (diretor artístico da companhia) e pelo produtor Rafael Ramos - vai entrar em julho no estúdio da Deck para gravar o oitavo título de sua discografia - já o quinto sem Chico Science, levando-se em conta o registro ao vivo Propagando, editado em DVD e depois em CD. A Nação lançou os seus três últimos trabalhos pela Trama.

Em DVD, o único registro ao vivo do Blind Faith

A gravadora Coqueiro Verde lança este mês no Brasil o DVD que exibe o único registro ao vivo do Blind Faith. London Hyde Park 1969 perpetua o primeiro show do power quarteto formado por Eric Clapton (guitarra), Steve Winwood (teclado e vocal), Ginger Baker (bateria) e Rick Greck (baixo). A apresentação foi realizada em 7 de junho de 1969 - no Hyde Park, em Londres - para público estimado em cerca de 100 mil pessoas. Como o quarteto não seguiu adiante, o registro acabou ganhando aura lendária. No repertório, há Under my Thumb, do repertório dos Rolling Stones, entre temas como Sea of Joy e Well All Right.

Sandy & Junior recebem Camelo, Lulu e Ivete

Acredite se quiser: Marcelo Camelo é um dos convidados do Acústico MTV que Sandy & Junior gravam em São Paulo (SP) em 5 e 6 de junho. Além do hermano, os irmãos (em foto de divulgação de NPL) recebem Lulu Santos e Ivete Sangalo. O CD sairá em agosto.

Show dos Paralamas no 'Rock in Rio' vira DVD

O segundo dos dois consagradores e incendiários shows feitos pelo trio Paralamas do Sucesso - em foto de Maurício Valladares - no festival Rock in Rio vai sair em DVD em breve. O lançamento conta com o aval do grupo. As imagens estão sendo restauradas. O DVD perpetua a apresentação de quarta-feira, 16 de janeiro de 1985 (o trio tocou no domingo, 13 de janeiro). Eis o set list do show de 16:
1. Óculos
2. Ska
3. Vital e sua Moto
4. Química
5. Mensagem de Amor
6. Assaltaram a Gramática
7. Patrulha Noturna
8. Inútil
9. Fui Eu
10. Cinema Mudo
11. Meu Erro
12. Óculos
Bis:
13. Patrulha Noturna

31 de maio de 2007

Lulu apresenta seu baile funk no CD 'Long Play'

Com capa hype, assinada por Giovanni Bianco, o CD Long Play, de Lulu Santos, chega às lojas em junho pela Som Livre com tom funkeado. É um disco de inéditas, mas o compositor regrava Se Não Fosse o Funk - hit de MC Marcinho nos bailes da pesada - e Deixa Isso pra Lá, tido como o primeiro rap brasileiro e lançado por Jair Rodrigues em 1964. Mas a música de trabalho é Contatos, balada pop (típica de Lulu). Chegará às rádios na quarta-feira, 6 de junho.

Trama lança em junho box de som instrumental

A gravadora Trama põe nas lojas, a partir de 15 de junho, o luxuoso e belo box O Melhor da Música Instrumental Brasileira. Na caixa, foram acomodados cinco CDs de instrumentistas nacionais. Eis os discos embalados no box:

Baden Powell, Lembranças - Último disco do violonista. Foi editado em 2000, com produção de Fernando Faro. Inclui Dora.

César Camargo Mariano e Romero Lubambo, Duo - Disco de 2002, gravado em estúdio como se fosse ao vivo. Entre as dez músicas do repertório, há belezas como Wave e Samba Dobrado.

Duofel, Duofel 20 - A dupla de violonistas celebra duas décadas de carreira em disco gravado ao vivo, em 1999. Editado em 2000.

Marcos Suzano, Flash - Outro CD de 2000. Além do pandeiro, o percussionista toca instrumentos como cajón e o reco-de-mola.

Paulinho Nogueira, Chico Buarque - Primeiras Composições - Em seu último álbum, o violonista priorizou as músicas lançadas pelo compositor nas décadas de 60 e 70. Traz A Banda e Olê, Olá.

Coletânea de Elton traz a rara 'Skyline Pigeon'

Música gravada por Elton John no álbum Empty Sky, de 1969, Skyline Pigeon foi relançada pelo cantor, em versão diferente, no lado B de um single editado em janeiro de 1973 na Inglaterra. Esta segunda gravação tocou muito no Brasil ao ser veiculada na trilha sonora internacional da novela Carinhoso, apresentada pela TV Globo naquele ano, mas tinha virado raridade. Pois a tal gravação foi, enfim, incluída numa nova coletânea do compositor, Rocket Man - The Definitive Hits, recém-lançada no mercado nacional pela Universal Music. A faixa é exclusividade da edição brasileira da compilação - idealizada para festejar os 60 anos de Elton John - completados em março - e lançada no exterior com um subtítulo diferente (Rocket Man - The Number Ones). Não deixa de ser um chamariz para fãs brasileiros do artista, pois, quando Skyline Pigeon entrava em alguma coletânea era na versão original (e não tão bela) do álbum Empty Sky. Fica então o aviso para estes fãs.

Pitty gravará ao vivo no Citibank em 6 de julho

Prevista inicialmente para acontecer no Rio de Janeiro, no Circo Voador, a gravação do primeiro CD ao vivo de Pitty (em foto de Carol Bittencourt) foi agendada para 6 de julho, na casa paulista Citibank Hall, em São Paulo (SP). A direção do vídeo será de Joana Mazzuchelli. O registro ao vivo será lançado pela Deckdisc em CD, DVD e em dualdisc. O repertório incluirá regravações de músicas nunca cantadas por Pitty - além dos sucessos de seus dois álbuns.

30 de maio de 2007

Trilha internacional de 'Paraíso' prioriza canção

Com foto da prostituta Bebel (interpretada por Camila Pitanga) na capa, a trilha internacional da novela Paraíso Tropical chega às lojas em junho. Se a seleção brasileira da trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares priorizava a MPB, a trilha estrangeira está quase centrada em canções novas e antigas - sem espaço para o rock. O repertório - que inclui The Man I Love (de George e Ira Gershwin) na gravação feita por Caetano Veloso para seu álbum A Foreign Sound - reúne 18 músicas. Eis a relação de músicas e intérpretes:
1. You Give me Something - James Morrison
2. Last Request - Paolo Nutini
3. We Just Don't Care - John Legend
4. Have You Ever Seen the Rain? - Rod Stewart
5. Without You - Nilson
6. Me and Mrs. Jones - Michael Bublé
7. Since I Fell for You - Gladys Knight
8. You Go to my Head - Michael Bolton
9. Summerwind - Madeleine Peyroux
10. Mon Manége à Moi - Etienne Daho
11. Chaya Chaya - Nukleouz & DJ Seduction
12. The Thrill Is Gone - B.B. King
13. Breezin' - George Benson & Al Jarreau
14. The Man I Love - Caetano Veloso
15. So Many Stars - Sérgio Mendes & Brazil '66
16. Dream Dancing - Ella Fitzgerald
17. I'm Sorry - Brenda Lee
18. Vida Mía - Nora Rocca

Caetano registra o show 'Cê' dia 12 na Fundição

Prevaleceu o bom senso e o show não foi gravado na recente temporada feita por Caetano Veloso no Canecão. A gravação do CD, DVD e especial de televisão Multishow ao Vivo: Caetano Veloso Cê foi remarcada para a apresentação agendada para 12 de junho na Fundição Progresso (RJ), tradicional palco de shows de atmosfera roqueira. O lançamento está previsto para setembro. Na foto de Javier Scian, o cantor posa com o trio que gravou o CD de estúdio - de 2006 - e que obviamente toca no show homônimo.

Eis o roteiro oficial do show :
1. Outro (Caetano Veloso)
2. Minhas Lágrimas (Caetano Veloso)
3. Chão da Praça (Moraes Moreira)
4. Nine Out of Ten (Caetano Veloso)
5. Um Tom (Caetano Veloso)
6. O Homem Velho (Caetano Veloso)
7. Homem (Caetano Veloso)
8. Ilusão à Toa (Johnny Alf) / Amor Mais que Discreto (Caetano Veloso)
9. Odeio (Caetano Veloso)
10. A Voz do Violão (Francisco Alves)
11. Como Dois e Dois (Caetano Veloso)
12. Waly Salomão (Caetano Veloso)
13. Sampa (Caetano Veloso)
14. Um Sonho (Caetano Veloso)
15. Musa Híbrida (Caetano Veloso)
16. Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso e Gilberto Gil)
17. Não me Arrependo (Caetano Veloso)
18. Deusa Urbana (Caetano Veloso)
19. O Herói (Caetano Veloso)
20. London London (Caetano Veloso)
21. Fora da Ordem (Caetano Veloso)

22. Cajuína (Caetano Veloso)
23. Um Índio (Caetano Veloso)
24. You Don't Know me (Caetano Veloso)
25. Rocks (Caetano Veloso)

Bis:
26. Descobri que Sou um Anjo (Jorge Ben Jor)
27. Nosso Estranho Amor ( Caetano Veloso)
28. Mora na Filosofia (Monsueto)
29. Por que (Caetano Veloso)

Timberlake abre selo e compõe com Madonna

Justin Timberlake caminha a passos bem rápidos para se tornar talvez o mais bem-sucedido ex-integrante de boyband - no caso, o insosso 'NSync. Além de atuar no cinema (colheu elogios por seu trabalho no policial Alpha Dog, já em cartaz no Brasil) e de ter sedimentado sua carreira solo com o ótimo álbum FutureSex / LoveSounds, o rapaz vem compondo com Madonna (já teriam feito cinco ou seis músicas para o próximo álbum da artista) e anunciou esta semana que está abrindo selo, Tennman Records, para lançar discos de cantores ainda mantidos em sigilo.

Caldato produz CD que Chao lança em setembro

Mario Caldato é um dos dois produtores do álbum ainda sem título que Manu Chao (foto) lança em setembro. Caldato Jr. - que tem no currículo trabalhos com Marisa Monte, Jack Johnson, Vanessa da Mata e outros - divide a produção com Andrew Scheps. É o primeiro álbum de estúdio de Chao em seis anos. Aliás, o single do sucessor de Próxima Estación: Esperanza, Rainin' in Paradize, entrou esta semana em rotação nas rádios - e em caráter mundial. O lançamento será da Warner Music.

29 de maio de 2007

Dadi se lança solo na tribo de Marisa e Arnaldo

Resenha de CD
Título: Dadi
Artista: Dadi
Gravadora: Som Livre
Cotação: * *

"Nas últimas três décadas, Dadi participou dos momentos mais importantes da música brasileira. Agora, pela primeira vez, poderemos conferir seu trabalho solo. Imperdível". Marisa Monte

Avalizado por Marisa Monte, o primeiro disco solo de Dadi chega ao mercado brasileiro depois de sair no Japão em 2005. Marisa não exagera ao apresentar Dadi aos ouvintes. O baixista - um dos melhores do Brasil - integrou o comunidade que gerou o seminal Novos Baianos e ajudou a desbravar a cena pop tupiniquim como integrante do grupo A Cor do Som. Mais recentemente, esteve no núcleo criativo formado ao redor dos Tribalistas. Em essência, o Leãozinho - assim perfilado por Caetano Veloso numa canção de 1977 - esboça uma carreira solo na tribo de Arnaldo Antunes e Marisa Monte. Arnaldo é parceiro de seis das 11 canções - com destaque para a bela 2 Perdidos. Marisa participa de Da Aurora até o Luar, jóia de quilate tribalista. No mesmo estilo, vale ouvir também Na Linha e na Lei, parceria de Dadi com Caetano Veloso, entoada por Rita Lee (parceira de No Espelho). Generoso, Caetano ainda pôs voz no balanço tropical de No Coração da Escuridão, a colaboração de Dadi com Jorge Mautner. O problema é que, como cantor, Dadi continua um grande baixista. Embora sua voz miúda e opaca esteja até bem colocada em sambossas como Alvo Certo e Cantado por Você, fica a sensação de pouco estofo para encarar um disco solo. Os amigos ajudam muito, mas não conseguem fazer do CD Dadi um trabalho imperdível como avalia Marisa Monte.

Martinho se perde no exotismo de CD viajante

Resenha de CD
Título: Martinho da Vila
do Brasil e do Mundo
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA Music
Cotação: * *

No medley que encerra seu CD Martinho da Vila do Brasil e do Mundo, o cantor liga o Rio Grande do Sul com Minas Gerais através da junção de Candongueiro (hit de Clara Nunes em 1978) com o belo samba-enredo Glórias Gaúchas, de sua autoria. A audição deste antigo samba-enredo sinaliza a distância entre o compositor habitualmente inspirado e o autor esmaecido que se perde na rota exótica de álbum de ambições planetárias. É como se Martinho da Vila ampliasse a viagem de Conexões (2003) e Brasilatinidade (2005), só que sem a inspiração exibida, por exemplo, no CD de 2005 e - sobretudo!!! - nos discos dos anos 70.

Ao ampliar a rota de sua viagem, o compositor envereda por frevo (no medley com De Volta ao Chantecler, Perseguidor e Violação), requisita Negra Li para reunir samba e rap em O Amor da Gente, requisita o baticuam afro-baiano do Ilê Aiyê (Te Encontro no Ilê, com a adesão de Margareth Menezes) e morre na praia do reggae com Cidade Negra em Nossos Constrastes. Nenhuma gravação soa especialmente bonita ou sedutora. Só que as piores escalas são as que unem Martinho a convidados internacionais para reforçar o caráter planetário do CD. O roqueiro argentino Fito Paez declama em espanhol os versos do samba-enredo Por Ti, América sem que interaja - de fato - com o anfitrião. Diva franco-americana do jazz, Madeleine Peyroux chega até a constranger em Madeleine, I Love You – adaptação de Madalena do Jucu em ritmo lento que altera a pulsação contagiante da música, lançada por Martinho em 1989.

A viagem de Martinho soa bem mais bacana quando ele embarca sozinho. Vou Viajar abre e sintetiza o conceito do trabalho. Entre o romantismo de Nos Amamos, a levada afro da música angolana Calumba e a batida de congo capixaba ouvida em Ó, que Banzo, Preta, Martinho ainda encontra espaço para escalas em Portugal (na Marcha de São Vicente) e no Rio (numa versão suingante do samba-canção Copacabana, de Braguinha). Mas paira a sensação de que o artista erra ao tentar soar internacional. Mesmo porque, dentro de sua Vila, ele sempre construiu obra de beleza universal.

Calypso entra no mercado oficial via Som Livre

Ícone do tecnobrega paraense, a Banda Calypso - que sempre vendeu seus CDs e DVDs na cena indie - entra no mercado oficial pela Som Livre. É a gravadora da Rede Globo que põe nas lojas o CD e o DVD 100%. O DVD (capa à esquerda) é coletânea de 17 números extraídos dos três DVDs Banda Calypso ao Vivo em São Paulo, Banda Calypso na Amazônia e Banda Calypso pelo Brasil. Nos extras, há os clipes de Para Belém e de Nessa Balada (vídeo inédito no formato digital). 100% é uma amostra fiel da guitarrada feita por Joelma e Chimbinha...

Joss grava 'cover' de Cole para comercial de TV

Embora Joss Stone tenha optado por um som mais contemporâneo em seu terceiro CD, Introducing Joss Stone, a cantora inglesa faz breve viagem ao passado em gravação para comercial de TV. A artista regravou L.O.V.E. - música do repertório de Nat King Cole (1919 - 1965) - para a campanha publicitária do perfume Coco Mademoiselle. Estrelado pela atriz Keira Knightley (do filme Piratas do Caribe), o comercial será veiculado mundialmente a partir de 18 de setembro. E talvez o cover de Joss saia em disco.

28 de maio de 2007

Da Lua mostra balanço miscigenado em 'Social'

Resenha de CD
Título: Social
Artista: Marcelinho Da Lua
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * *

Em seu segundo CD solo, Social, Marcelinho da Lua cumpre o que se espera de um DJ, isto é, apresenta ótima seqüência de músicas. O disco desce muito bem. Papo de Ya Ya dá o start com sua base de drum'n'bass temperada com o suingue de um naipe de sopros e os vocais das chicas Amora Pêra e Fernanda Gonzaga. Em seguida, entra o rap de B Negão em tema, Fundamental, que evoca o velho balanço do samba-funk - com direito às tumbadoras tocadas por Laudir de Oliveira, um dos melhores percussionistas brasileiros, presente em várias faixas de Social. Na seqüência, o grupo do Sul Ultramen revisita, com levada de reggae, um saboroso lado b da obra de Tim Maia (Ela Partiu, tema do Síndico com Beto Cajueiro).

Em disco que integra convidados diversos (cerca de 40), salta aos ouvidos a bela recriação de Plim-Plim, samba antigo de Martinho da Vila, rebobinado pelo autor com o auxílio luxuoso do piano de João Donato, da cozinha dos Paralamas do Sucesso e da percussão do citado Laudir. E o set dançante do DJ abre espaço também para o baticum eletronordestino do Baião do Morro entre mais reggae (Samba Dia) e ótimo samba da antiga (Sem Compromisso, à moda da Orquestra Imperial). Para bombar nas pistas que valorizam o suingue da música pop brasileira. Da Lua sabe comandar sua festa.

Orlando grava inédita ao vivo em show em Paris

Orlando Morais vai aproveitar os shows que faz esta semana em Paris, ao lado do cantor francês Patrick Bruel, para registrar ao vivo uma música inédita de sua autoria, Chuva de Prata. A composição vai dar nome ao CD e DVD que Orlando pretende lançar no Brasil em outubro. Seu décimo disco agrega nomes como Sting e Peter Gabriel. Três músicos da banda de Sting também participam do álbum.

Gray recorre a will.i.am para voltar às paradas

Resenha de CD
Título: Big
Artista: Macy Gray
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *
Não ouça o quarto CD de Macy Gray, Big, esperando escutar um single tão matador como I Try, pérola do ótimo primeiro álbum da cantora, On How Life Is (1999). Mas Big é um bom disco. Como Gray não anda muito bem na foto depois do fracasso comercial de seus dois corretos discos anteriores, The Id (2001) e The Trouble with Being Myself (2003), Big tem a missão de reanimá-la no mercado. Para isso, a cantora recorreu ao rapper will.i.am, do grupo Black Eyed Peas. O moço é um dos produtores do CD. Um outro peso-pesado da cena norte-americana, Justin Timberlake, produz Get Out, faixa déjà-vu que exibe a habitual interação de rap e r & b tão ao gosto dos EUA. Hip hop à parte, Big exibe essencialmente nas suas 13 músicas o mesmo agradável mix de soul, r & b e pop que caracteriza a obra de Macy Gray. Entre duetos com Natalie Cole (Finally Made me Happy) e Fergie (Glad You’re Here, balada com todo jeito de hit), a cantora mostra que ainda tem o que dizer e que ainda está viva.

Linkin Park dilui seu nü-metal com pop trivial

Resenha de CD
Título: Minutes to
Midnight
Artista: Linkin Park
Gravadora: Warner Music
Cotação: * *

Esqueça o Linkin Park do bom álbum Meteora (2003) e do CD dividido com o rapper Jay-Z (Collision Course, 2004). Em seu terceiro disco solo de estúdio, Minutes to Midnight, o grupo optou por diluir seu nü-metal (gênero que funde rap e rock pesado - do qual o Linkin Park é um dos expoentes) com um pop trivial. Há ecos do bom e velho Linkin Park na vinheta Wake, em Given Up e, sobretudo, em Bleed It Out, faixa em que a mistura de rap e hard rock soa azeitada como de praxe. Em compensação, a balada Shadow of the Day faz o grupo de Mike Shinoda soar como pálido clone de U2 enquanto Leave Out All the Best faz o sexteto descer ao nível de uma boyband como o Westlife. A idéia parece ter sido popularizar o som do Linkin Park. Para tal, foi convocado o produtor Rick Rubin, que já assinou álbuns de grupos como Red Hot Chili Peppers. Mas tudo indica que o Linkin Park irá perder o fiel público conquistado em troca de fãs efêmeros que somente se encantaram com What I've Done, o primeiro single deste álbum. Minutes to Midnight é passo em falso na até então coesa obra fonográfica do grupo. Que o quarto CD o faça reencontrar o rumo!

27 de maio de 2007

Selma pisa firme no sagrado território erudito

Resenha de CD
Título: Sagrado
Artista: Selma Reis
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

Cantora dona de umas vozes mais potentes do Brasil, Selma Reis é das poucas intérpretes nacionais aptas a encarar um repertório de caráter erudito. Com segurança, ela pisa firme em terreno sagrado em CD gravado na carona da experiência de atriz vivida na novela Páginas da Vida, em que interpretava a freira Zenaide. Foi no papel da Irmã Zenaide que Selma venceu o desafio de interpretar árias e temas religiosos reunidos neste disco - com as exceções dos spirituals tradicionais Swing Low, Sweet Chariot e Were You There When They Crucified my Lord? e da Ave Maria no Morro, entoada sem os excessos da gravação feita com Cauby Peixoto no disco Vozes.

Sagrado é um (bom) CD gravado com produção bem econômica. Apenas o piano de Regina Lacerda acompanha a voz de Selma Reis em temas cantados em latim e em italiano. Com a já comprovada potência vocal, a cantora se sai bem na tarefa de interpretar peças como Ave Verum (de Mozart), Ave Maria (de Schubert ) e a curta ária Lasciatemi Morire (da ópera Ariana, de Cláudio Monteverdi). Se Selma atinge as notas, com a ajuda da professora de canto lírico Eliane Sampaio, nem sempre atinge o sublime que costuma pairar sobre estas músicas de caráter religioso e de intensa beleza. Mas a cantora chega perto em Ombra Mai Fu (a ária da ópera Xerxes, de Händel) e em Pietà, Signore, ária de Alessandro Stradella em que o Homem invoca a clemência divina. No todo, Sagrado é upgrade na discografia de Selma, que vinha lançando discos equivocados e mal-cuidados que não fizeram jus à sua voz firme, forte e sagrada.

Geraldo já se repete em seu Brasil de inéditas

Resenha de CD
Título: O Brasil Existe
em mim
Artista: Geraldo Azevedo
Gravadora: Geração
/ Sony BMG
Cotação: * *

Geraldo Azevedo entende que existe um Brasil que jamais se curva ao imperialismo do pop universal. É com este Brasil que ele dialoga em seu novo álbum de inéditas. Sem xenofobias. Afinal, há a levada de reggae de Ver de Novo – canção que Geraldo entoa em dueto com sua filha, Clarice Azevedo – e um quase imperceptível toque de blues em músicas como Farol Luar. Só que o repertório transita basicamente pelo vasto universo rítmico nacional. Infelizmente, a safra de inéditas de Geraldo não é das mais inspiradas. A impressão que fica é a de que o autor se repete dentro de um Brasil que agrega samba-choro (Chorinho de Criança), canção (Em Sonho e O Paraíso Agora, esta disponível também em um deslocado remix), quadrilha (São João Barroco, com adesão de Elba Ramalho) e forró (Já que o Som Não Acabou, com intervenção do conterrâneo Alceu Valença). Entre os temas, aparece letra antiga e inédita de Torquato Neto, O Nome do Mistério, datada da década de 60. Aliás, o naipe dos parceiros de Geraldo (Capinam e Fausto Nilo, entre eles) garante satisfatória qualidade poética para o CD. Sem apagar a triste sensação de que Geraldo Azevedo já apresentou discos (e repertórios...) melhores.

Gravação do show 'Carioca' sai também em CD

Feita em São Paulo, em 11 de outubro de 2006, a gravação do show Carioca, de Chico Buarque, renderá também um CD ao vivo - além do DVD previsto desde o início. CD e DVD vão chegar às lojas em breve. Serão vendidos separadamente. A edição é da Biscoito Fino, gravadora que lançou, em maio do ano passado, o disco de estúdio que originou o show. Na foto à direita, o cantor foi clicado por Patrícia Ceccati (na temporada paulista do show).

Ode aos 'feelings' dos 70 encerra culto ao brega

Nos anos 70, era até comum cantores brasileiros adotarem uns pseudônimos estrangeiros para gravar - em inglês - músicas do gênero popular romântico. Fábio Jr. encarnou Mark Davis. Havia também, entre outros, Terry Winter e Morris Albert, que alcançaria sucesso internacional com Feelings - antes de ser acusado de plagiar a canção. É com tributo a estes cantores - através da gravação ao vivo de um show - que o produtor Sandro Bello (foto), dono do selo Allegro Discos, pretende encerrar sua trilogia de CDs de culto ao brega. Intitulado Brazilian Feelings, o projeto é o sucessor de Vou Tirar Você desse Lugar (tributo a Odair José, editado em 2005) e Eu Não Sou Cachorro, Mesmo (2007). Deverá ser lançado já em 2008.