26 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Francis Hime em tempo inspirado

Em 2009 marcado pela festa de seus 70 anos, completados em 31 de agosto, Francis Hime - em foto de Leonardo Aversa - mostrou que ainda vive no tempo da inspiração áurea. O álbum duplo que o compositor lançou em outubro, O Tempo das Palavras... Imagem, confrontou a produção do presente (as inéditas do CD 1) com a do passado (os temas compostos para cinema tocados ao piano no instrumental CD 2) sem prejuízo da primeira. Belo disco!!

GNT exibe em janeiro filme raro sobre Bethânia

O canto e a presença majestosa de Maria Bethânia já foram focados em vários documentários como Bethânia Bem de Perto (Júlio Bressane & Eduardo Escorel, 1966), Maria Bethânia - Música É Perfume (Georges Gachot, 2005) e Pedrinha de Aruanda (Andrucha Waddington, 2007). Contudo, há um obscuro filme sobre a cantora, Maria Bethânia do Brasil, que nunca foi exibido na TV e nos cinemas brasileiros. Dirigido pelo argentino Hugo Santiago e lançado em 2001 na França (país que acolhe o cineasta desde 1959), Maria Bethânia do Brasil ganha sua primeira exibição nacional em 2010. O canal GNT vai apresentar o documentário em 25 de janeiro, às 21h. No filme, nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil falam sobre a música e a presença da cantora (vista acima em foto de Murilo Meirelles).

Jota Quest recebe Disco de Ouro por 'La Plata'

O grupo Jota Quest recebe mais um Disco de Ouro - no caso, pelas vendas superiores a 50 mil cópias do álbum La Plata (2008) - na edição do programa Altas Horas que vai ser exibida pela TV Globo na madrugada deste sábado, 26 de dezembro de 2009, para domingo. Sexto álbum de inéditas do quinteto mineiro, La Plata rendeu turnê (nacional) que já totaliza mais de 150 apresentações.

Mundo de Denilson inclui Milton, Kassin e Luhli

"O mundo não foi feito com fronteira / Não tem fronteira, não", ressalta Denilson Santos em Do Mundo, faixa-título de seu primeiro CD, gravado em novembro de 2007 e lançado neste ano de 2009 pela Mills Records. Da lavra de Luhli com Alexandre Lemos, Do Mundo traduz de certa forma a liberdade estilística que conduziu o cantor e compositor carioca na seleção de repertório que equilibra músicas de Gonzaguinha (Caminhos do Coração) e Kassin (Tranquilo) entre temas autorais como É Preciso Cantar. Parceiro de Luhli em Bate na Madeira e Pelo Ar, músicas incluídas neste disco arranjado pelo violonista Willians Pereira, Denilson também transita por repertório obscuro de Milton Nascimento em Teia de Renda (parceria de Bituca com pianista Túlio Mourão) e em Guardanapos de Papel, parceria de Leo Masliah e Carlos Sandroni (regravada por Milton depois de ter sido lançada por Clara Sandroni). Integram também o CD Minha Missão (o samba de João Nogueira e Paulo César Pinheiro cuja letra soa como carta de princípios para cantores) e um lado B da obra de Francis Hime com Chico Buarque (Valsa Rancho). Sem fronteiras estéticas, embora mais devotado à MPB, Do Mundo se revela um disco sensível pelas intenções e tensões contidas nos arranjos e no canto grave de Denilson Santos. Mundo interessante.

25 de dezembro de 2009

Boas intenções não salvam CD natalino de Dylan

Resenha de CD
Título: Christmas in the Heart
Artista: Bob Dylan
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

É compreensível que o (curioso) primeiro álbum natalino de Bob Dylan - lançado nos Estados Unidos em 13 de outubro de 2009 - não tenha sido editado no Brasil pela gravadora Sony Music. Para quem vem de uma série de discos inspirados (ainda que o recente Together Through Life não reedite o brilhantismo dos três anteriores), Christmas in the Heart é triste decepção. Sim, ninguém espera ou cobra de Dylan virtuosismos vocais ao estilo de cantores como o tenor Andrea Bocelli, que vem ocupando posições de destaque nas paradas mundiais com o seu recém-lançado CD My Christmas. Contudo, o canto fanhoso de Dylan chega a constranger ao abordar temas como Here Come Santa Claus e I'll Be Home for Christmas. O afinado coro ouvido em Hark the Herald Angels Sing, por exemplo, acentua a inabilidade do artista na interpretação dos 15 temas selecionados por Dylan com dose farta de surpresa. Justiça seja feita: há acertos. Must Be Santa - com seu clima de festa folclórica - é um deles. Dylan parece estar mais à vontade na faixa. O sotaque havaiano de Christmas Island é outro toque interessante de um disco que agrega o acordeom de David Hidalgo (do grupo Los Lobos) em algumas faixas. É fato também que, dentro desses registros pautados pela imperfeição vocal, há os genuínos sentimentos do artista. O próprio caráter beneficente do álbum - destinado a amenizar a fome de famílias dos Estados Unidos - é prova das boas intenções do compositor. Tal nobreza, no entanto, não dilui a incômoda sensação que paira ao fim do CD, encerrado com O' Little Town of Bethlehem e quase risível em vários momentos. Afinal de contas, de boas intenções...

Natal sem discos de Roberto, mas com especial

Indeciso entre lançar um álbum de inéditas (já em fase final de produção) e a gravação ao vivo do show de 11 de julho em que festejou seus 50 anos de carreira no estádio carioca Maracanã, Roberto Carlos ficou sem disco neste Natal. Fato já não inédito, mas ainda incomum nessas cinco décadas de regular trajetória fonográfica. Para os súditos, o único produto novo do Rei no Natal deste ano é o tradicional especial da Rede Globo, programado pela emissora carioca para ser exibido na noite desta sexta-feira, 25 de dezembro de 2009. No especial, Roberto recebe convidados como Ana Carolina - com quem canta Como Vai Você? e Encostar na Tua em encontro que pode ser visto acima em imagem de Zé Paulo Cardeal, fotógrafo da TV Globo - e Daniel (Quando Eu Quero Falar com Deus). A presença inusitada é a da atriz Dira Paes, com quem o cantor divide Cama e Mesa, música sensual do LP de 1981.

Natal de Bocelli é pautado pela grandiloquência

Resenha de CD
Título: My Christmas
Artista: Andrea Bocelli
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Um dos campeões de vendas em todo o mundo no Natal de 2009, o CD My Christmas é título bastante coerente com a discografia de Andrea Bocelli. Como de praxe, o tenor italiano extrapola o círculo erudito e acena para o universo pop. Seja através de inusitada gravação feita com o grupo de fantoches The Muppets (Jingle Bells, raro momento lúdico de disco que soa quae sempre solene), seja por conta de duetos com as cantoras norte-americanas Natalie Cole (em The Christmas Song, faixa suave e harmoniosa) e Mary J Blige (na balada What Child Is This). No todo, contudo, o Natal de Bocelli é pautado pela pompa orquestral e vocal. Escalado para pilotar o disco, o produtor David Foster se escorou em cordas e coros - que conferem grandiloquência a faixas como Angels We Have Heard on High, The Lord's Prayer (gravada com o imponente Mormon Tabernacle Choir) e Silent Night - para embalar repertório que rebobina músicas (entre elas, Adeste Fideles, Cantique de Noel, O Tannenbaum e Tu Scendi Dalle Stelle) já gravadas por tenores populares como Luciano Pavarotti (1935 - 2007). No todo, o disco é bom. Mas seria melhor se Bocelli tivesse se permitido baixar um pouco os tons - como faz em Blue Christmas (tema do repertório natalino de Elvis Presley) e em White Christmas / Bianco Natale - para diluir o clima solene que torna o disco até certo ponto previsível. The Muppets à parte.

Milton e Rei no Natal das Meninas de Petrópolis

Coral feminino cuja carreira fonográfica tem sido regular a partir de 1996 (há compacto - duplo - de 1978), as Meninas Cantoras de Petrópolis têm reeditado pela gravadora Som Livre, com nova arte gráfica, seu bom álbum Noite Azul - Canções de Natal, lançado originalmente em 2006. O CD foi produzido por José Milton e alinhou no repertório alguns clássicos recorrentes em projetos natalinos - casos de Boas Festas, Então É Natal (Happy Xmas), Noite Feliz e White Christmas - entre temas até então nunca (ou quase nunca) associados ao cancioneiro do gênero. Entraram na seleção Canção da América (de Milton Nascimento e Fernando Brant, 1979), Jesus Cristo (Roberto e Erasmo Carlos, 1970) e My Sweet Lord (George Harrison, 1970). O título Noite Azul foi extraído da letra de Estrela Guia (Wilson Nunes e Ricardo Magno).

Xuxa tenta evocar magia do Natal com versões

Propagada em 1995 na voz de Simone, Então É Natal - popular versão de Cláudio Rabello para Happy Xmas (War Is Over), o tema pacificista de John Lennon e Yoko Ono - ganha regravação de Xuxa com Marcelo Rossi, Lulu Santos, Ivete Sangalo,Zeca Pagodinho, Carlinhos Brown e Zezé Di Camargo & Luciano. O fonograma faz parte de Natal Mágico, o nono volume da série Xuxa Só para Baixinhos, editado nos formatos de CD e DVD pela Sony Music. Em sua estreia na gravadora, com qual assinou contrato em maio de 2009 após passar 23 anos na Som Livre, a apresentadora aborda cancioneiro natalino formado por algumas músicas inéditas e versões de hits estrangeiros. Faixa produzida e cantada por Lulu Santos, Você Acredita em Mágica? - por exemplo - é versão de Do You Believe in Magic?, o tema do norte-americano John Sebastian lançado em 1965 por seu grupo The Lovin' Spoonful. Assim como Um Feliz Natal - samba gravado por Xuxa com a participação de Zeca Pagodinho - é versão feita por Ivan Lins de Feliz Navidad, tema do cantor e compositor porto-riquenho José Feliciano. Da mesma forma, a faixa-título - Natal Mágico, gravada por Xuxa com as vozes de Zezé Di Camargo & Luciano - é versão de I Guess It's Christmas Time, música do repertório da extinta boyband norte-americana 'N Sync. Fora da seara das versões, Carlinhos Brown e Ivete Sangalo cantam, respectivamente, Natal do Brasil (Vanessa Alves e Marcio Lomiranda) e Natal Todo Dia (Maurício Gaetani). Já padre Marcelo Rossi rebobina com Xuxa o Parabéns pra Jesus.

24 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Yorke faz show - e história - no Rio

Em ano de farta agenda de shows internacionais, a apresentação carioca do Radiohead vai ficar na história musical do Rio de Janeiro (RJ) e na memória dos que foram à Praça da Apoteose, em 20 de março, conferir o primeiro espetáculo do grupo britânico em solo brasileiro. Grande atração do festival Just a Fest, a banda cumpriu a expectativa. Guitarras distorcidas, letras angustiadas (valorizadas pelo canto visceral do vocalista Thom Yorke - visto acima numa imagem de Marcos Hermes) e ruídos eletrônicos se irmanaram em cena sob belos efeitos de iluminação projetados nas faixas metálicas posicionadas no palco. Um show memorável!!

Deus (e Alcione) no sertão pop de Victor & Leo

Sucesso de vendas na reta final de 2009, o CD e DVD Ao Vivo e em Cores - terceiro registro de show de Victor & Leo - conta com o reforço vocal de Alcione na regravação de Deus e Eu no Sertão, a bela canção ruralista de Victor Chaves que foi difundida ao longo do ano na abertura da novela Paraíso. A Marrom - vista na foto de Marcos Hermes com a dupla no primeiro dos dois dias da gravação do show captado em 23 e 24 de setembro no Ginásio Ibirapuera, em São Paulo (SP) - conheceu Victor & Leo na entrevista coletiva concedida pelos artistas que participaram da edição 2009 do Brazilian Day, o tradicional evento que agita a Rua 46, em Nova York (EUA) nos meses de setembro. Na ocasião, Alcione revelou sua admiração pela dupla e a música, o que gerou naturalmente o convite para a gravação ao vivo editada pela Sony Music. Em Ao Vivo e em Cores, Victor & Leo rebobinam músicas de seu último álbum de estúdio, Borboletas (2008), e recebem o compositor Renato Teixeira na regravação de Vida Boa, faixa-título do CD editado pela dupla em 2004. Vida Boa integra bloco acústico que inclui Cavalo Enxuto, parceria de Lourival dos Santos e Moacyr dos Santos gravada pela dupla Tião Carreiro & Pardinho. O roteiro de 23 músicas apresenta inéditas como Estrela Cadente, Moça Rebelde e a faixa-título, Ao Vivo e em Cores. Prováveis novos hits da popularíssima dupla sertaneja!!

Roda para Pinheiro anima DVD Samba Social 4

Editado em CD e DVD pela EMI Music, o quarto volume do projeto Samba Social Clube não se limita a reproduzir 20 números captados ao vivo nos shows realizados em 27 e 28 de julho de 2009 na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Tanto no CD quanto no DVD também são ouvidos oito sambas gravados em roda armada no estúdio carioca PlayRec, em 4 de agosto, em homenagem ao compositor Paulo César Pinheiro, que festejou 60 anos de vida ao longo de 2009. Participam da roda Casuarina, Diogo Nogueira, Fábio Luna, Marcelinho Moreira, Ovídio Brito, Samba de Fato, Sururu na Roda e Teresa Cristina. A turma se reveza na cantoria de oito músicas de Pinheiro, incluindo a inédita Samba Bom de Bola, parceria do compositor com Moacyr Luz, feita especialmente para o Samba Social Clube e defendida no show da casa Vivo Rio por Teresa Cristina com o jogador (e dublê de cantor) Júnior. O Poder da Criação, Batendo a Porta, Mineira, Minha Missão, Portela na Avenida, Espelho e Eu, Hein, Rosa! são os outros sete sambas da roda, a maioria de Pinheiro com João Nogueira (1941 - 2000). Filho de João, Diogo Nogueira canta Mineira e Espelho, sucessos de seu pai nos anos 70, sendo que divide Espelho com Fabiano Salek e Silvio Carvalho, do Sururu na Roda. Já Samba Bom de Bola é ouvido (na roda) com Moacyr Luz.

Filme dos Stones, feito em 1990, sai em blu-ray

Primeiro filme feito a partir de um show com a tecnologia Imax, então uma novidade nas salas de cinema, Rolling Stones Live at the Max ganha edição remasterizada em DVD e em blu-ray (ainda não disponível no Brasil) com conteúdo idêntico ao do VHS lançado originalmente em 1991. O material foi registrado em 1990 durante a passagem da turnê Steel Wheels pela Europa, mais especificamente por Londres, Berlim e Turim. São exibidos ao longo do documentário 16 números captados ao vivo com som e imagem de alta definição. A Universal Music edita o DVD no Brasil.

23 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Belchior some sem deixar rastro

Belchior foi assunto nacional em 2009. Em agosto, reportagem do site Palma Louca - assinada pela jornalista Mariana Filgueiras - noticiou o sumiço do cantor cearense. Amplificada pelo programa Fantástico, exibido aos domingos pela Rede Globo, a história do desaparecimento rendeu série de boatos. Até que, dias depois, Belchior foi localizado no Uruguai pelo mesmo Fantástico. Mas o fato é que o compositor de Paralelas continua fora de cena. Um sumiço tão voluntário quanto estranho, pois, mesmo à margem do mercado fonográfico, o artista mantinha cheia a agenda de shows.

Biscoito Fino relança 'Show', CD de Ná Ozzetti

Em 2000, Ná Ozzetti faturou o prêmio de Melhor Intérprete ao defender a música Show (Luiz Tatit e Fábio Tagliaferri) no fraco Festival da Música Brasileira, promovido pela TV Globo. Como recompensa, a cantora teve direito a gravar um CD, Show, que foi editado pela Som Livre no primeiro semestre de 2001. Oito anos depois, Show ganha reedição da gravadora Biscoito Fino em embalagem digipack. No disco, Ná faz belo passeio por clássicos da música brasileira pré-Bossa Nova. Irretocável, a seleção inclui Último Desejo (Noel Rosa), João Valentão (Dorival Caymmi), Caminhemos (Herivelto Martins), Não me Culpes (Dolores Duran), Canção de Amor (Elano de Paula e Chocolate) e Adeus Batucada (Synval Silva), entre outros temas.

Vercillo reforça elenco nacional da Sony Music

Há oito anos na EMI Music, Jorge Vercillo é o mais novo nome do elenco nacional da Sony Music - contratação que já havia sido sinalizada no primeiro semestre de 2009 com o ingresso do cantor na Day 1 Entertainment, empresa vinculada à gravadora que administra e gerencia a agenda de shows de artistas (em tese, não necessariamente integrantes do cast da Sony). Vercillo - visto acima em foto de Guto Costa - já trabalha no álbum de inéditas que vai marcar sua estreia na nova gravadora. O lançamento está previsto para o primeiro semestre de 2010. Em sua passagem pela EMI, iniciada em 2001 com o relançamento de seu terceiro álbum (Leve, de 2000), Vercillo editou oito CDs (incluindo o projeto coletivo Coisa de Jorge e a reedição de Leve) e quatro DVDs. A ida do cantor para a Sony reforça elenco nacional que totaliza atualmente 40 artistas e que, ao longo de 2009, ganhou nomes como Alcione, Charlie Brown, Claudia Leitte, Ricky Vallen e Xuxa.

Judas inspira CD que Chemical lança em 2010

Gravado a partir de agosto de 2009 em Los Angeles (EUA), com produção de Brendan O'Brien, o quarto álbum de estúdio do grupo norte-americano My Chemical Romance tem lançamento previsto para o primeiro semestre de 2010. De acordo com declarações do vocalista Gerard May, o disco foi feito sob influência do som do grupo inglês Judas Priest e do filme Blade Runner (1982). Death Before Disco é um tema do repertório inédito. O sucessor de The Black Parade (2006) inclui música por ora intitulada Trans-Am.

Ara Ketu festeja 30 anos com outro CD ao vivo

Um ano após lançar Ara Ketu ao Vivo em Salvador, CD e DVD de 2008 que marcaram a estreia fonográfica oficial da vocalista Larissa Luz no grupo, o Ara Ketu fez outro registro de show. A banda baiana aproveitou sua apresentação na abertura do 19º Carnatal - o evento que agitou Natal, a capital do Rio do Grande Norte, de 3 a 6 de dezembro de 2009 - para gravar novo CD ao vivo. O lançamento do disco está programado para 2010, ano em que o grupo - fundado em 1980 - vai celebrar três décadas de vida.

22 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Boyle seduz mundos virtual e real

Impossível fazer a retrospectiva musical de 2009 sem citar o nome de Susan Boyle. Da noite para o dia, literalmente, a escocesa de 48 anos virou um fenômeno mundial de popularidade. Tudo começou em 11 de abril, data em que a (então) aspirante a cantora entoou no programa de calouros Britain's Got Talent - exibido pela TV inglesa - I Dreamed a Dream, um tema do musical Les Misérables. Com afinação e emissão exemplares, a voz límpida de Boyle encantou os jurados e os 80 milhões que viram no YouTube, ao longo do ano, o vídeo com sua apresentação. Apesar de seus problemas emocionais, evidenciados através de surtos que já a levaram a ser internada em clínicas de repouso, Boyle viu seu sucesso saltar do mundo virtual para o real. Com produção de Simon Cowell, um dos jurados do programa da TV britânica, a cantora - agora já profissional - gravou um primeiro CD que se tornou um dos maiores sucessos comerciais de 2009 mesmo antes de ser lançado, em 24 de novembro. Apesar de seu tom asséptico e solene, ou mesmo por causa de seu conservadorismo, o disco I Dreamed a Dream já vendeu 1,8 milhão de cópias nos Estados Unidos - país onde bateu recordes de pré-venda, com cerca de 80 mil pedidos na loja virtual Amazon - e 1,4 milhão de exemplares na Inglaterra. Salvo algum imprevisto (?) de ordem emocional, a bela voz de Susan Boyle não vai ficar restrita a 2009.

Cauby acerta ao cantar Roberto em tons baixos

Resenha de CD
Título: Cauby Interpreta
Roberto
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *

Em 2006, quando tinha 75 anos, Cauby Peixoto baixou os tons e abordou o repertório de Baden Powell (1937 - 2000) em um elegante disco gravado com o violão virtuoso de João de Aquino, primo do compositor de Apelo. O CD Cauby Canta Baden passou despercebido. Três anos depois, já com 78 anos, o artista se volta para o repertório de outro compositor, Roberto Carlos, dono de obra mais ajustada ao seu perfil popular. Com aval do autor, Cauby - um dos últimos símbolos vivos da era dourada do rádio brasileiro que precedeu o reinado de Roberto - interpreta em tons suaves 12 músicas da parceria do Rei com Erasmo Carlos. Músicas oriundas - em sua quase totalidade - da década de 70, quando a obra de Roberto oscilou entre os hits de motel, como Os Seus Botões (1976), e as canções de amor triste, caso de Não se Esqueça de mim (1977), entoada por Cauby com a forçosa economia vocal que pauta suas interpretações. Efeitos cruéis do tempo que têm até seu lado bom.

O disco já é em si histórico pelo fato de Roberto ser compositor arisco a esse tipo de projeto. Depois de Maria Bethânia, que em 1993 abordou majestosamente o cancioneiro do Rei no álbum As Canções que Você Fez pra mim, somente padre Marcelo Rossi tinha conseguido tal autorização para disco ao vivo (Paz) feito em 2001 em nome da fé católica. Mesmo distante de seu auge vocal, Cauby honra a deferência do Rei. Não há interpretações definitivas entre as 12 faixas. Contudo, sem excessos, há a feliz reiteração de um estilo consagrado pelo tempo, com direito a algumas ousadias estilísticas. Se o arranjo de A Volta (1966) esboça clima bossa-novista para Cauby entoar os versos ternos da canção lançada pela dupla Os Vips na época da Jovem Guarda, Desabafo (1979) ganha contornos de tango condizente com a dramaticidade da letra. Sugestão do próprio Rei, Olha (1975) talvez seja o maior destaque da seleção pelo tom quase intimista da interpretação de Cauby, como se ele estivesse sussurrando ao ouvido a cantada passada por Roberto e Erasmo na letra. Apenas o piano de Keco Brandão sublinha a voz do cantor. Já o fox Música Suave (1978) ganha apropriado arranjo orquestral de metais (sem pressão) enquanto cordas - arranjadas de maneira convencional - embalam baladas como A Distância (1972), Proposta (1973) e Sentado à Beira do Caminho (1979), única música não associada ao repertório de Roberto, mas ao de Erasmo. Resquícios do canto exacerbado de eras anteriores aparecem aqui e acolá, como nas notas alongadas do verso final da tristonha De Tanto Amor (1971). Afinal, Cauby é Cauby, um rei da voz! Quando o disco acaba, com a interpretação (levemente) empostada de O Show Já Terminou (1973), paira a sensação de que o encontro da voz de Cauby com o cancioneiro romântico de Roberto bem poderia ter acontecido há 20 anos. Ainda assim, apesar de a produção estar aquém do áureo padrão do intérprete, Cauby Interpreta Roberto se revela CD interessante e, sobretudo, coerente com o estilo conservador adotado pelo Rei a partir dos anos 70. Ambos cantam seus amores à moda antiga. Por isso, ambos reinaram na MPB com súditos fiéis.

Bon Jovi retorna ao rock no enérgico 'The Circle'

Resenha de CD
Título: The Circle
Artista: Bon Jovi
Gravadora: Island
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

The Circle, o 11º álbum de estúdio do Bon Jovi, cumpre o prometido "retorno ao rock" depois de um anêmico disco (Lost Highway, 2007) mais voltado para o country. Como se sua música andasse em círculos, o grupo parece reprocessar o som que o consagrou nos anos 80. E o fato é que o disco tem pegada e refrões grudentos bem ao estilo da banda. A sequência inicial - com We Weren't Born to Follow, When We're Beautiful e Work for the Working Man - é arrasadora e transborda energia, embora a terceira faixa remeta em demasiado a Livin' on a Prayer (hit do álbum Slippery When Wet, de 1986). O riff de guitarra que norteia Bullet é exemplo do certo peso asséptico que pauta as doze faixas, inclusive em baladas como Live Before You Die. Aliás, há algum sentimentalismo em baladas como Learn to Love, mas nem a dose excessiva de glicose elimina a vibração dos rocks melódicos que abundam em The Circle. É rock moldado para agitar arenas e estádios. Tudo parece excessivamente calculado. Contudo, o disco é bom, sim. Por mais que isso vá causar certo incômodo entre os que desprezam o som farofa do Bon Jovi (ou seja, quase toda a crítica musical), The Circle repõe a irregular discografia da banda nos trilhos, evocando seus (áureos) anos 80.

'Soulbook' de Rod tem energia e certa dignidade

Resenha de CD
Título: Soulbook
Artista: Rod Stewart
Gravadora: J Records
/ Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Há uma certa dignidade neste songbook de soul (e de r & b) lançado por Rod Stewart após um disco com regravações de clássicos do rock. Confinado à prisão dos covers desde que a série Great American Songbook o reabilitou comercialmente no mercado, tendo rendido quatro irregulares volumes, o cantor escocês busca neste Soulbook legitimar os elogios colhidos por nomes como James Brown (1933 - 2006) e Elton John. Tanto Brown quanto Elton sempre detectaram na voz de Rod lampejos da chama do soul que incendiava o canto de astros como Sam Cooke (1931 - 1964) - de cujo repertório, aliás, o intérprete de Maggy May regrava Wonderful World neste atual disco (bem) produzido por Steve Jordan e Steve Tyrell. De fato, a voz de Rod - ainda em digna forma - se sai bem na tarefa de reviver boa parte dos 13 temas selecionados para seu Soulbook. O encontro com Jennifer Hudson em Let It Be me - numa reedição do dueto feito originalmente por Jerry Butler e Betty Everett - é especialmente belo. Não somente pelo casamento perfeito das vozes de Rod e Hudson como também pelo fato de o arranjo evocar a era dourada do soul e do r & b - o que também acontece em faixas como It's the Same Old Song (lindo tema do repertório do conjunto Four Tops), You've Really Got a Hold on me (The Miracles) e What Becomes of the Broken Hearted (Jimmy Ruffin). Sim, é fato que a presença de convidados ilustres também confere certo charme ao Soulbook. Muito da energia de Tracks of my Tears, por exemplo, vem da participação de Smokey Robinson, intérprete original do tema na época em que integrava o conjunto The Miracles. Já a voz de Mary J Blige impede que o cover de You Make me Feel Brand New (hit dos melosos Stylistics) caia na banalidade - algo que a gaita de Stevie Wonder não consegue fazer por My Cherie Amour. No mais, a energia que pontua faixas como Love Train (do grupo The O' Jays, representante do chamado soul da Filadélfia) faz com que Soulbook deixe a boa impressão que não persistia ao fim das audições dos quatro CDs da série Great American Songbook.

Alicia usa a liberdade para soar contemporânea

Resenha de CD
Título: The Element
of Freedom
Artista: Alicia Keys
Gravadora: J Records
/ Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Em seu ótimo álbum anterior, As I Am (2007), Alicia Keys buscou sons mais atuais em guinada pop que lhe rendeu o poderoso hit No One. Quarto disco de estúdio da cantora e compositora, The Element of Freedom segue de forma mais radical por trilhas contemporâneas - com direito a eletrizante dueto com Beyoncé em Put It in a Love Song. Trata-se de bom disco que, de certa forma, distancia Alicia da artista que debutou (esplendidamente) no mercado fonográfico com Songs in A Minor (2001), álbum devotado às tradições do soul e do r & b. O piano que pontua a balada That's How Strong My Love Is - tocado pela própria Alicia - é um dos poucos elementos que remetem (ainda de longe) à fase inicial da cantora. Aliás, há dose de farta de baladas - como How It Feels to Try e Distance and Time (esta um hit radiofônico em potencial) - entre faixas de tons mais efervescentes e contemporâneos como Love Is Blind e Try Sleeping with a Broken Heart (tema que se destaca no repertório autoral e, não por acaso, já lançado como o segundo single do álbum no exterior, sucedendo Doesn't Mean Anything). Verdade seja dita: Alicia procura soar mais atual sem deixar de seguir um certo padrão de elegância que faz com que um reggae como Love Is my Disease se ajuste com perfeição ao tom do álbum. Sim, há momento de fato banais - em especial, a funkeada This Bed - que não chegam a comprometer o balanço final do álbum. Em The Element of Freedom, Alicia versa sobre corações partidos com atitude. A mesma atitude que parece guiá-la na trilha por música de sotaque mais contemporâneo, pois ainda há alma nessa música.

21 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Shows, disco e até prêmio para Ney

Aos 68 anos, Ney Matogrosso reafirmou sua vitalidade artística ao longo de 2009. Enquanto mantinha a turnê nacional do show pop Inclassificáveis, o cantor montou outro espetáculo - Beijo Bandido, de tom mais camerístico - que acabou rendendo um estupendo CD, gravado entre junho e julho (em estúdio) e editado em outubro. Em 5 de novembro, o cantor estreou oficialmente a turnê de Beijo Bandido - o show já vinha sendo apresentado (esporadicamente...) desde dezembro de 2008 - no Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora (MG). Ainda em novembro, no dia 24, o artista foi laureado com o Prêmio Shell de Música 2009 pelo conjunto da obra camaleônica, ocasião em que encerrou a turnê de Inclassificáveis. Com ou sem fantasia, Ney brilhou em 2009.

Paula Morelenbaum prepara disco com Donato

Paula Morelenbaum prepara disco a ser gravado com João Donato (foto). Concebido pela cantora, o álbum poderá sair pela Biscoito Fino, gravadora com a qual a artista já anda negociando o CD. Paula vai assinar a produção do disco, mas a ideia é que cada faixa tenha um arranjador diferente para proporcionar a interação do som de Donato com outros universos musicais. CD sairá em 2010.

Sony Music distribui produtos da LGK em 2010

A partir de 2010, a gravadora Sony Music passa a distribuir todos os títulos da LGK Music, a companhia fonográfica dirigida por Líber Gadelha. Em seu elenco atual, a LGK agrega artistas como Karla Sabbah, Leo Maia, Luiza Possi, Mariana Rios e Mário Sérgio. Cabia a Som Livre, até então, distribuir os CDs e DVDs da empresa.

Radiohead grava seu oitavo álbum em janeiro

O grupo Radiohead vai entrar em estúdio em janeiro de 2010 para efetivamente gravar seu oitavo álbum. Em maio de 2009, a banda começou a trabalhar no disco, mas, na ocasião, tinha mais ideias do que músicas propriamente ditas. Agora o repertório já existe. Nigel Godrich vai produzir o sucessor de In Rainbows (2007).

20 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Beatles com novos fôlego e formato

O catálogo dos Beatles ganhou novos fôlego e formato em 2009. Em 9 de setembro de 2009, toda a obra oficial dos Fab Four foi reposta nas lojas em escala mundial pela gravadora EMI Music em edições remasterizadas vendidas de forma avulsa ou embaladas nas caixas The Beatles in Mono e The Beatles in Stereo. Três meses depois, em dezembro, a EMI e a Apple reembalaram o conteúdo da coleção em estéreo - os 13 álbuns oficiais do quarteto e a coletânea Past Masters - num pen drive (foto) em formato de maçã que engloba todas as informações visuais e todos os 217 áudios em estéreo. Posto à venda com tiragem inicial de 30 mil unidades (150 deslocadas para o Brasil), o pen drive é compatível com PC e Mac. A revitalização da obra dos Beatles reiterou a força atemporal da música da banda mais importante e influente de todos os tempos, mobilizando beatlemaníacos do mundo inteiro.

Montenegro eletrifica canto sem o clichê heavy

Resenha de CD / DVD
Título: Quebra-Cabeça
Elétrico
Artista: Oswaldo
Montenegro
Gravadora: RWR
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Tal qual um "porta-voz da incoerência", como ele se autodefine ao cantar verso (coerente) de Agalopado (Alceu Valença), Oswaldo Montenegro - o menestrel cuja obra evoca um certo clima medieval - assume o papel de cantador à moda nordestina na abertura deste rascante Quebra-Cabeça Elétrico, registro ao vivo do show captado em 3 e 4 de abril de 2009 na casa Citibank Hall de São Paulo (SP). A eletricidade vem das guitarras pilotadas por Alexandre Meu Rei e pelo próprio Montenegro. Mas não somente delas. Trinta anos depois de ganhar projeção nacional ao defender Bandolins em festival da extinta TV Tupi, em 1979, a voz de Montenegro ainda soa amplificada por salutar inquietude, um certo temperamento elétrico que (ainda) parece mover o controvertido artista. "Canto somente o que pede para se cantar", avisa em Muito Romântico, número suave de um roteiro que, em sua primeira parte, prioriza músicas de compositores nordestinos como Belchior (A Palo Seco e Na Hora do Almoço), Ednardo (Pavão Mysteriozo, em voo até baixo diante da amplitude do tema) e, sobretudo, Alceu Valença (Agalopado, Na Primeira Manhã e a pouco ouvida A Moça e o Povo, lançada pelo autor em 1980 no álbum Coração Bobo). Destas músicas, A Palo Seco soa especialmente ajustada ao canto árido do menestrel. A cargo de Montenegro, os arranjos valorizam as regravações com peso que renova a pulsação de temas como Deus lhe Pague (Chico Buarque) e Vapor Barato (Jards Macalé e Waly Salomão) - dois ótimos números que figuram tanto no CD quanto no DVD editados pelo selo RWR, do diretor Roberto de Oliveira. Mas Montenegro não segue o clichê heavy. Silêncios e acordes econômicos valorizam tensões contidas em versos como os de Sinal Fechado (Paulinho da Viola). No todo, o show, captado em DVD com direção requintada de André Wainer, se impõe como trabalho de peso na discografia irregular de Oswaldo Montenegro, porta-voz em Quebra-Cabeça Elétrico da coerência que pauta texto e subtexto da maioria das 20 músicas do show do cantador.

Ozzy lança décimo solo, 'Soul Sucker', em 2010

Soul Sucker é o título do 10º álbum solo de Ozzy Osbourne. O lançamento do sucessor de Black Rain (2007) está previsto para meados de 2010. Let It Die, Diggin' me Down e a faixa-título são as três músicas confirmadas, por ora. A produção do disco é assinada pelo ex-vocalista do grupo Black Sabbath e por Kevin Churko, com quem o cantor já havia trabalhado em Black Rain. Soul Sucker é o primeiro álbum gravado por Ozzy com o novo guitarrista de sua banda, Gus G, que substituiu Zakk Wylde neste ano de 2009. Gus tem 29 anos.

Quarto álbum de Melanie C é editado no Brasil

Quarto álbum solo de Melanie C, lançado em 30 de março de 2007, This Time ganha uma edição brasileira - a cargo do selo Lab 344 - neste fim de 2009. Eclipsado pela reunião das Spice Girls, anunciada em junho de 2007, o disco obteve vendas bem discretas, embora tenha rendido singles como The Moment You Believe, I Want Candy - faixa-bônus na tardia edição nacional - e Carolyna.