Resenha de Show
Título: No Chão sem o ChãoArtista: Romulo Fróes (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Cinemathèque (RJ)
Data: 28 de novembro de 2009Cotação: * * 1/2
De forma quase silenciosa, Romulo Fróes - um dos nomes mais cultuados da cena indie de São Paulo (SP) - aportou no Rio de Janeiro para fazer neste fim-de-semana o show de lançamento de seu terceiro álbum, No Chão sem o Chão (2009), trabalho duplo no qual o compositor apresenta um híbrido de samba, rock e MPB. Foi este repertório - composto por Fróes com parceiros afins como Clima, Nuno Ramos e Guilherme Held - que o artista apresentou na noite de sábado, 28 de novembro de 2009, para o pequeno público que compareceu à casa Cinemathèque, reduto carioca de artistas da cena indie. (Muito bem) acompanhado por Domenico Lancellotti (bateria), Kassin (baixo) e Gabriel Bubu (guitarra), o cantautor fez um show que começou morno, quase apático, mas que engrenou do meio para o fim, especificamente a partir de A Anti-Musa (Romulo Fróes e Clima), número de tom heavy. Romulo é cantor eficiente, mas não tem presença cênica envolvente. O que prejudicou a apresentação de músicas como Qualquer Coisa em Você Mulher (Clima), Sei Lá (Romulo Fróes, Clima e Guilherme Held), Pierrô Lunático (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held) e Para Fazer Sucesso (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held) - esta repetida no bis, quando o público e a empatia já eram maiores. Em que pesem eventuais desníveis no roteiro e na performance do artista em cena, a obra autoral de Romulo Fróes - compositor que tenta encontrar novos caminhos para a MPB a partir de sua admiração pelo samba e pela tradicional canção brasileira - agrega temas que merecem ser mais ouvidos e gravados. É inegável a beleza e a força estranhas que brotam de músicas como Para Quem me Quer Assim, parceria de Romulo com Clima. Anjo, de Nuno Ramos, é outra composição que cresce no palco, inclusive por ganhar sedutora interpretação do cantor, então já mais seguro ao fim do show. É fato que o tom experimental de alguns temas não encobre o acabamento tosco de algumas melodias, notadamente a de Peraí (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held). Contudo, a obra de Romulo Fróes está em nítido progresso, atestado por Coffee Shop, inédita parceria do compositor com Domenico Lancellotti, apresentada no show na voz do baterista. Pela qualidade de boa parte do repertório e pelo instrumental azeitado do trio que tocou com Romulo (que concilia o canto com o violão), o show merecia ter mais crédito e público...