5 de dezembro de 2009

Alcione põe Áurea na estreia carioca de 'Acesa'

A participação de Áurea Martins foi a maior novidade da estreia carioca do novo show de Alcione, Acesa, na noite de sexta-feira, 4 de dezembro de 2009. "Faz de conta que vocês estão em um bar, na noite", pediu Alcione ao público que lotou o Canecão (RJ) ao chamar Áurea ao palco. Cantora diplomada na escola da noite carioca, onde ficou amiga da Marrom nos anos 70, Áurea desfiou com Alcione os meandros folhetinescos de Vida de Bailarina, sucesso de Ângela Maria nos anos 50. Feito no terceiro álbum de Áurea, Até Sangrar (2008), o dueto foi repetido em Acesa em tons interiorizados, ressaltando a versatilidade vocal de Alcione ("Existem dez cantoras nessa mulher", reiterou Áurea). Depois, sozinha, Áurea - vista em fotos de Mauro Ferreira - confirmou sua excelência vocal ao cantar Janelas Abertas (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) em reverência a Elizeth Cardoso (1920 - 1990), intérprete original da música, lançada em 1958 no LP Canção do Amor Demais (Janelas Abertas também figura no repertório de Até Sangrar). Por fim, Áurea cantou com leveza e improvisos O Samba É meu Dom, parceria de Wilson das Neves e Paulo César Pinheiro. Foi a forma de Áurea chamar a colega de volta ao palco.

Além da participação de Áurea Martins, as outras novidades no roteiro de Acesa - em relação à estreia nacional ocorrida em 16 de outubro na casa HSBC Brasil, em São Paulo (SP) - foram música espiritualista de Altay Veloso e Paulo César Feital (Encontro Marcado) e um pot-pourri de sucessos de Jovelina Pérola Negra (1944 - 1998). Alcione engatou Sorriso Aberto, Liberdade Plena, Luz do Repente, Menina Você Bebeu e Bagaço da Laranja na mesma sequência feita no CD Profissão Cantora (1995), de cujo repertório a Marrom também extraiu Viola em Bandoleira, hit do grupo Só Preto sem Preconceito, para o roteiro carioca de Acesa.
P.S.: O pot-pourri com os hits de Rita Lee soou mais azeitado na estreia carioca, em comparação com o feito na estreia paulista.

Biografia altera a visão de filme sobre Simonal

Nada tira o mérito e o caráter histórico de Simonal Ninguém Sabe o Duro que Dei, o filme de Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal sobre a ascensão e queda de Wilson Simonal (1938 - 2000). Contudo, é fato que a recém-lançada biografia do cantor, Nem Vem que Não Tem - A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, altera a percepção sobre o documentário, recém-editado em DVD (capa acima) pela gravadora Biscoito Fino, com extras que incluem depoimentos inéditos, cenas excluídas e imagens de arquivo que não entraram na edição final do filme. O livro escrito por Ricardo Alexandre reconstitui toda a pendenga política que esvaziou a carreira de Simonal a partir de 1971. Face ao relato detalhista da biografia, o filme - pioneiro ao reabrir o caso com a proeza de conseguir ouvir o contador Raphael Viviani, pivô da confusão que envolveu o nome de Simonal com o Dops - já parece superficial na abordagem dos fatos. Sobretudo por não mostrar o quanto Simonal contribuiu para sua derrocada ao assinar documento que o apresentava como delator e por não detalhar a vida do cantor pós-1971 (os discos e os shows somente ficariam escassos a partir dos anos 80). Ex-diretor da TV Globo, Boni, por exemplo, é entrevistado pelos diretores do filme, mas não é levado a esclarecer a questão do imbróglio de Simonal com a emissora carioca (o livro revela que a Globo chegou a pôr o cantor na geladeira, mas não pela questão política e, sim, por conta da arrogância do artista no trato com Boni e do sério desentendimento do cantor com um sócio que tinha influência na emissora). Nada - vale repetir - tira os méritos do filme, cuja ágil edição lhe deu tom pop que facilitou sua aceitação por um público jovem que mal sabia quem foi Simonal. Contudo, a esclarecedora biografia de Ricardo Alexandre mostra que os diretores poderiam ter dado mais duro na apuração e exposição dos controvertidos fatos da vida do artista. Sensação reforçada pelo DVD ora editado.

Krassik aborda a obra de Bosco com intimidade

Resenha de CD
Título: Odilê, Odilá
- Nicolas Krassik
Interpreta João Bosco
Artista: Nicolas Krassik
Gravadora: Rob Digital
Cotação: * * * *

Diz o violinista francês Nicolas Krassik que a obra de João Bosco foi a musa inspiradora de sua paixão pela música brasileira. Talvez isso ajude a explicar a feliz intimidade com que Krassik - radicado no Brasil desde 2001 - aborda no CD Odilê, Odilá a obra do compositor de Corsário, que, aliás, figura entre as 12 músicas selecionadas para o disco. O repertório equilibra sucessos (Coisa Feita e Linha de Passe), lados B (Sanfoneiro do Deserto, Senhoras do Amazonas e Água, Mãe Água) e até uma música (Depois da Penúltima) ausente da discografia oficial de Bosco por ter sido gravada pelo compositor em disco de seu parceiro Aldir Blanc. O tema é revisitado por Krassik em tons plácidos. Bosco avalizou o álbum ao pôr sua voz percussiva nos afro-sambas Da África à Sapucaí e Odilê, Odilá. Com arranjos de Marcelo Caldi e produção de Luís Felipe de Lima, que toca violão de sete cordas na frenética leitura de Bala com Bala, Krassik visita Bosco entre a reverência e a liberdade estética. Há algo da passionalidade do tango em Caça à Raposa, por exemplo. Linha de Passe é praticamente refeita sem perder o elo com a linha melódica original. Já Bijuterias, música propagada em 1977 e 1978 na abertura da novela O Astro, expõe o tom mais intimista e camerístico que norteia boa parte do disco.

Ao expiar dores, Rihanna põe peso em 'Rated R'

Resenha de CD
Título: Rated R
Artista: Rihanna
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Não é por acaso que a mão direita de Rihanna cobre parte de seu rosto na foto exposta na capa do quarto álbum da cantora, Rated R. Em seu primeiro trabalho de inéditas após o estouro de Good Girl Gone Bad, álbum de 2007 que lhe deu projeção mundial por conta do estouro de Umbrella e Don't Stop the Music, Rihanna não parece preocupada em reeditar a fórmula de seu sucesso. O foco absoluto de Rated R - e o que lhe dá peso (ideológico, mas não musical) - é a expiação das dores emocionais ainda sentidas pela surra que levou do ex-namorado, o rapper Chris Brown, em fevereiro. "Você agiu como um imbecil", acusa Rihanna em verso de Stupid in Love, balada que já denuncia no título o conteúdo raivoso da letra. Baladas, aliás, são a matéria-prima principal de Rated R. Temas como Wait your Turn e G4L estão bem distantes da leveza pop de Umbrella. Nem mesmo a presença do rapper will.i.am em Photographs contribui com a vibração esperada. O nome de Chris Brown não é citado em nenhuma das letras, mas não há dúvidas de que ele é o único alvo de versos de músicas como Rude Boy - uma das poucas faixa com jeito de hit - e Cold Case Love, balada que traz Justin Timberlake na co-autoria. Rated R agrega também na ficha técnica nomes como o guitarrista Slash (convidado de Rockstar 101) e o rapper Jeezy (em Hard, faixa de maior pulsação). Contudo, ninguém é capaz de alterar o tom sombrio e pesado do álbum, especialmente morno em sua segunda metade. Rated R faz o acerto de contas de Rihanna com o ex-namorado. Pelo conteúdo sincero dos versos confessionais, o disco merece algum crédito. Pena que a música não esteja em sintonia com a virulência das letras de alvo certeiro.

Voz uniforme de Boyle soa conservadora em CD

Resenha de CD
Título: I Dreamed
a Dream
Artista: Susan Boyle
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

Os expressivos números das vendas iniciais do primeiro CD de Susan Boyle - 701 mil cópias na primeira semana nos Estados Unidos e 410 mil na Inglaterra - indicam que há muita gente encantada pela voz afinada dessa senhora escocesa de 48 anos. Graças à força da internet, Boyle virou celebridade mundial (literalmente) da noite para o dia, mais especificamente a partir de 11 de abril de 2009, data em que se apresentou no Britain's Got Talent - programa de calouros da TV inglesa - e deslumbrou o mundo ao cantar tema do musical Les Misérables, I Dreamed a Dream, que veio a ser a faixa-título do disco produzido por Simon Cowell (um dos jurados do programa) e lançado pela Sony Music na última semana de novembro. Como já atestou sua célebre interpretação de I Dreamed a Dream, vista 80 milhões de vezes no YouTube, Boyle é cantora de recursos naturais. Sua voz tem emissão límpida. Mas soa extramente uniforme no disco, de tom conservador. Cordas e coros arregimentados por Cowell criam clima grandiloquente que anula nuances do repertório, cujas maiores ousadias são as inclusões de baladas dos repertórios de Rolling Stones (Wild Horses, 1971) e Madonna (You'll See, 1995). Por mais que as letras possam oferecer algum subtexto na voz de Boyle, expressando fé na superação de obstáculos, a assepsia extrema dos arranjos dilui intenções e emoções. Boyle passeia por tema natalino (Silent Night), clássicos do repertório gospel (How Great Thou Art, Up to the Mountain e Amazing Grace - este com passagens à capella) e standard da canção norte-americana (Cry me a River) sem trair o padrão imposto pela produção. Em uma ou outra faixa, em especial Daydream Believer (do repertório dos Monkees), a cantora esboça tons mais suaves na busca por uma atmosfera mais cool que não chega a se concretizar. Até a única música inédita do álbum, Who I Was Born to Be, se encaixa no padrão asséptico de I Dreamed a Dream, CD que realiza o sonho de Boyle de virar cantora profissional. Como a maior parte do público é conservadora (e sentimental), o primeiro disco de Boyle tem tudo para se tornar um recordista de vendas em 2009 - fato já sinalizado pelos retumbantes números iniciais. Faz sentido.

4 de dezembro de 2009

Leona Lewis ecoa padrões insossos no CD 'Echo'

Resenha de CD
Título: Echo
Artista: Leona Lewis
Gravadora: Sony Music
Cotação: * *

Cantora inglesa projetada em 2006 ao vencer o programa X Factor, espécie de American Idol da TV britânica, Leona Lewis pertence àquele time de cantoras que realçam ao máximo o poder de sua voz. Spirit, seu primeiro álbum, editado em 2007, reuniu um punhado de baladas que poderiam figurar em discos de Whitney Houston ou de Mariah Carey. Echo é o segundo álbum de Leona (ou o terceiro, se levado em conta Best Kept Secret, abortado disco da fase pré-X Factor que foi editado em 2008 à revelia da artista depois que Leona se tornou uma campeã de vendas no mercado fonográfico inglês). O título é bem apropriado, aliás, pois o álbum ecoa padrões insossos que regem a obra fonográfica dessas cantoras de vozes potentes. Baladas como Happy (raro destaque entre o repertório) e Brave parecem produzidas numa escala de montagem. Can't Breathe é outro exemplo de faixa em que a cantora dispara sua artilharia vocal em tons altos. Nem a intervenção de Justin Timberlake - como parceiro e convidado de Don't Let me Down, tema mais próximo do r & b - altera o panorama desfavorável. Fora da seara baladeira, há Outta my Head, música que transita pelo universo do eurodance. No todo, Echo é tão decepcionante quanto Spirit. Boa cantora do ponto de vista meramente técnico, Leona Lewis continua jogando notas fora, seguindo a fórmula de Mariah Carey.

Rompido com Bonadio, CPM 22 gesta inéditas

O grupo CPM 22 esboça mudanças em sua trajetória fonográfica. Encerrada a parceria com o produtor Rick Bonadio, o quarteto já entrou em estúdio para pré-produzir álbum de inéditas que vai ser apresentado às gravadoras quando estiver concluído. Detalhe: o rompimento com Bonadio - por "falta de afinidade em relação à identidade da banda", de acordo com o comunicado da assessoria do grupo - motivou o desligamento do CPM 22 do elenco da Universal Music, que distribui os discos da gravadora dirigida por Bonadio (Arsenal Music). O novo álbum está agendado para 2010.

Snoop põe no MySpace CD vazado em outubro

Décimo álbum de estúdio do rapper Snoop Dogg, Malice N Wonderland vai ser lançado oficialmente pelo artista em sua página no portal MySpace em 12 de dezembro de 2009 - dois meses depois de ter vazado na internet. O disco sai por recém-lançado selo da EMI Music, Priority Records, do qual Dogg é um dos diretores. Precedido pelo single Gangsta Luv, no qual figura The-Dream (convidado também de Luv Drunk), o álbum já tem um segundo single, I Wanna Rock, cover do clássico de Rob Base e do DJ E-Z Rock It Takes Two. Com repertório de alta carga erótica, Malice N Wonderland conta com intervenções de R. Kelly (em Pimpim Ain't EZ), Brandy (em Special, faixa que também agrega Pharell), Lil Jon (em 1800), Kokane (em Secrets) e de Jazmine Sullivan (em Different Languages). Há 14 faixas, incluindo a Intro.

O Rappa lança em abril DVD gravado em favela

Em comunicado oficial, O Rappa revelou que vai lançar em abril de 2010 o DVD Registro, gravado em show feito pelo grupo carioca na favela da Rocinha, em 23 de agosto de 2009. O DVD vai ser editado via Warner Music. O repertório é um besf of da banda.

3 de dezembro de 2009

Beyoncé é a líder de indicações ao 52º Grammy

Estourada no mundo pop, inclusive no Brasil, Beyoncé é a líder de indicações ao 52º Grammy. Por conta do álbum duplo I Am... Sasha Fierce, lançado em novembro de 2008, a cantora faturou dez indicações, incluindo nomeações nas categorias Álbum do Ano, Gravação do Ano (Halo) e Música do Ano (Single Ladies - Put a Ring on It). Os indicados foram anunciados nesta quinta-feira, 3 de dezembro de 2009, em Los Angeles (EUA). Beyoncé lidera a relação, mas encontra fortes concorrentes em Lady Gaga e na cantora de country Taylor Swift - ambas disputando troféus nas categorias principais. Gaga conseguiu cinco indicações por conta do álbum The Fame (2008), também estourado no Brasil. Já Taylor contabiliza oito, no embalo do sucesso do álbum Fearless (2008). Eis os indicados das principais categorias da 52ª edição do Grammy Awards - cuja premiação é em 31 de janeiro de 2010:

Álbum do Ano
* I Am... Sasha Fierce (Beyoncé)
* The E.N.D. (Black Eyed Peas)
* The Fame (Lady Gaga)
* Big Whiskey and the Groogrux King (Dave Matthews Band)
* Fearless (Taylor Swift)

Gravação do Ano
* Halo (Beyoncé)
* I Gotta Feeling (Black Eyed Peas)
* Use Somebody (Kings Of Leon)
* Poker Face (Lady Gaga)
* You Belong with me (Taylor Swift)

Música do Ano
* Poker Face, de Lady Gaga & RedOne (Lady Gaga)
* Pretty Wings, de Hod David & Musze (Maxwell)
* Single Ladies (Put A Ring On It), de Thaddis Harrell, Beyoncé,
Terius Nash & Christopher Stewart (Beyoncé)
* Use Somebody, de Caleb Followill, Jared Followill, Matthew
Followill & Nathan Followill (Kings Of Leon)
* You Belong with me", de Liz Rose & Taylor Swift (Taylor Swift)

Novo Artista
* Zac Brown Band
* Keri Hilson
* MGMT
* Silversun Pickups
* The Ting Tings

Álbum de Pop
* The E.N.D. (Black Eyed Peas)
* Breakthrough (Colbie Caillat)
* All I Ever Wanted (Kelly Clarkson)
* The Fray (The Fray)
* Funhouse (Pink)

Álbum de Rock
* Black Ice (AC/DC)
* Live from Madison Square Garden (Eric Clapton & Steve
Winwood)
* 21st Century Breakdown (Green Day)
* Big Whiskey and the Groogrux King (Dave Matthews Band)
* No Line on the Horizon (U2)

Álbum de Rap
* Universal Mind Control (Common)
* Relapse (Eminem)
* R.O.O.T.S. (Flo Rida)
* The Ecstati (Mos Def)
* The Renaissance (Q-Tip)

Performance Pop Feminina
* Hometown Glory (Adele)
* Halo (Beyoncé)
* Hot N Cold (Katy Perry)
* Sober (Pink)
* You Belong with me (Taylor Swift)

Performance Pop Masculina
* This Time (John Legend)
* Love You (Maxwell)
* Make It Mine (Jason Mraz)
* If You Don't Know Me By Now (Seal)
* All About the Love Again (Stevie Wonder)

Calcanhotto refaz conexões antenadas em 'Três'

Resenha de Show
Evento: Lançamento do DVD Palavra Encantada
Título: Três
Artista: Adriana Calcanhotto, Domenico Lancellotti e
Moreno Veloso (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Auditório Ibirapuera (SP)
Data: 2 de dezembro de 2009
Cotação:
* * * * 1/2


Não é mera projeção a imagem de árvores vista na foto tirada no bis da apresentação especial do show Três, realizada na noite de quarta-feira, 2 de dezembro de 2009, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo (SP). A paisagem é verdadeira e, no bis, se tornou o cenário natural do belo show que juntou Adriana Calcanhotto, Domenico Lancellotti e Moreno Veloso sob o feliz pretexto de promover o lançamento em DVD do filme Palavra Encantada, nas lojas na próxima semana em edição da gravadora Biscoito Fino. Enquanto Calcanhotto entoava o hit gay Nature Boy, os portões do fundo do auditório foram abertos e deixaram à mostra as árvores do Parque Ibirapuera, por onde o trio saiu correndo ao fim da apresentação, com a adesão de Arnaldo Antunes, que foi o convidado especial da apresentação e voltou à cena para encerrar o bis com seu samba Alegria. Iluminados por 48 refletores, os quatro artistas correram saltitantes pelo parque num efeito cênico e visual que deslumbrou o público que lotou o auditório para ver a primeira apresentação em São Paulo (SP) desse show que estreou em 2005, na edição carioca do festival Percpan, e já percorreu algumas cidades da Europa sem nunca ter cumprido temporada regular no Brasil (Três merecia inclusive um registro).

O belo efeito visual do show foi a cereja de um bolo delicioso. Três refez e expôs as conexões antenadas de Calcanhotto com Moreno e Domenico, integrantes do trio + 2. Já no primeiro número - a poliglota Chanson Doil Mot Son Plan et Prim, em que a cantora entoa versos do poeta provençal Arnaut Daniel na companhia do violoncelo tocado por Moreno - ficou evidente que tais conexões jamais seriam óbvias. Para começar, Três não é um show em que Calcanhotto canta acompanhada pela entrosada dupla. O show é dos três. Mesmo. A cantora até domina naturalmente o microfone, respondendo pelos versos de músicas como Justo Agora e Sem Saída. Contudo, Domenico e Moreno também cantam enquanto extraem barulhinhos bons de seu arsenal de instrumentos. Por mais que as vozes deles sejam opacas, ambas se ajustam bem ao espírito de Três. A abordagem bossa-novista de música do Olodum - Deusa do Amor, cantada por Moreno, que já a gravou num dos discos do trio + 2 - é o primeiro grande momento do show e exemplo da esperteza das conexões musicais e poéticas (o filme Palavra Encantada discute as relações entre música e poesia a partir de ideia original de Marcio Debellian). Outra boa sacada foi reviver O Nome da Cidade - a música que Caetano Veloso compôs para Maria Bethânia com inspiração no livro A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (1920 - 1977) - e, na sequência, apresentar (na voz de Moreno) A Beira e o Mar, o tema de Roberto Mendes e Jorge Portugal que deu título ao álbum lançado por Bethânia em 1984 com a gravação original de O Nome da Cidade. Em A Beira e o Mar, Domenico evoca a vivacidade rítmica do Recôncavo Baiano com sons de games. O balanço que é evocado novamente em Não Acorde, Neném (parceria inédita de Moreno com Domenico). Ainda no fértil terreno pop baiano, Calcanhotto realça os tons vivos de A Cor Amarela, música alegre e inspirada lançada por Caetano Veloso no disco Zii e Zie (2009).

Convidado especial da apresentação, Arnaldo Antunes se ajustou rapidamente ao delicado tom musical e póetico do show em bloco que linkou por precisas afinidades temáticas as músicas Para Lá, Lua Vermelha (especialmente iluminada com a união das vozes de Calcanhotto e Antunes), Aquário e Se Tudo Pode Acontecer. Com Arnaldo já fora de cena, Moreno entoou Vambora - canção lançada por Calcanhotto em 1998 no álbum Maritmo - num solo que, na segunda metade, se transformou num dueto com a autora da música. E veio, então, o segundo grande momento do show: I'm Wishing, tema composto por Walt Disney (1901 - 1966) para o desenho Branca de Neve e os Sete Anões. As mordidas de Calcanhotto numa maçã interferiram intencionalmente no número, numa amostra lúdica das experimentações esboçadas em Te Convidei pro Samba, tema (inventivamente...) cantado por Domenico em número em que o trio explora dissonâncias com espírito indie. No fim, Calcanhotto realça nuances e agudos em versão arrebatadora de Music, o hit de Madonna, turbinado com citações de funk (Som de Preto) e sucesso de Carmen Miranda (I Like You Very Much) - além de inserção de versos do repertório dos Titãs recitados por Arnaldo Antunes (Eu Não Sei Fazer Música). Tudo conectado com o espírito tropicalista que pontua a música composta e cantada por Adriana Calcanhotto. Três é dez!!!

Roteiro de Três inclui hit do Olodum com bossa

Ao reassumir neste ano de 2009 o heterônimo infantil de Adriana Partimpim no álbum Dois, Adriana Calcanhotto encantou adultos ao turbinar um clássico bossa-novista do ralo repertório autoral de João Gilberto, Bim Bom, com a batida do samba-reggae. Já na nova apresentação especial do show Três - feita por Calcanhotto no Auditório Ibirapuera (SP), na noite de 2 de dezembro, para promover a edição em DVD do filme Palavra Encantada - a compositora fez o caminho inverso ao lado de Moreno Veloso e Domenico Lancellotti. Com levada que remete à suavidade da bossa, o trio tocou Deusa do Amor, música do repertório do Olodum, gravada pelo grupo afro-baiano em 1992 e revivida no show na voz opaca de Moreno. O filho de Caetano contou que aprendeu o tema nas ruas de Salvador (BA) e dedicou o belo número à memória de Neguinho do Samba (1955 - 2009), criador da batida do samba-reggae. Deusa do Amor foi um dos destaques de roteiro que agregou com primor inéditas (Coffee Shop e Não Acorde, Neném - parcerias de Domenico com Romulo Fróes e Moreno, respectivamente), hit de Madonna (Music) e temas de Caetano Veloso (O Nome da Cidade e A Cor Amarela). Eis o repertório atual do show que, desde 2005, volta e meia reúne em cena o entrosado trio (visto acima numa foto de Mauro Ferreira):

1. Chanson Doil Mot Son Plan et Prim
2. Justo Agora
3. Sem Saída
4. Coffee Shop
5. Deusa do Amor
6. O Nome da Cidade
7. A Beira e o Mar
8. Para Lá - com Arnaldo Antunes
9. Lua Vermelha - com Arnaldo Antunes
10. Aquário - com Arnaldo Antunes
11. Se Tudo Pode Acontecer - com Arnaldo Antunes
12. Vambora
13. I'm Wishing
14. Não Acorde, Neném
15. Te Convidei pro Samba
16. A Cor Amarela
17. Rio Longe
18. Music / Eu Não Faço Música - com Arnaldo Antunes
e citações de Som de Preto e I Like You Very Much
Bis:

19. Fico Assim sem Você
20. Nature Boy
21. Alegria - com Arnaldo Antunes

'Três' viram quatro com feliz adesão de Arnaldo

Show que junta Adriana Calcanhotto com Domenico Lancellotti e Moreno Veloso, Três chegou a São Paulo (SP) - em apresentação idealizada para promover a edição em DVD do filme Palavra Encantada - com a feliz adesão de Arnaldo Antunes. "Eu estou encantado por estar aqui", admitiu o ex-titã para os três colegas diante do público que lotou o Auditório Ibirapuera na noite de 2 de dezembro de 2009. Ele se juntou ao azeitado trio quando Calcanhotto já começara a cantar os primeiros versos de Para Lá, parceria da compositora com o artista multimídia. Uma suave e elegante abordagem de Lua Vermelha - tema de Arnaldo com Carlinhos Brown, lançado por Maria Bethânia em 1996 no álbum Âmbar - deu bela sequência ao set que contou com o ilustre convidado de Três. Em links perfeitos, costurados no roteiro pelas afinidades das letras, os quatro apresentaram ainda Aquário - parceria de Arnaldo com Ana Cañas e Liminha, gravada por Canãs em seu roqueiro álbum Hein? (2009) - e Se Tudo Pode Acontecer (Arnaldo Antunes, Paulo Tatit, Alice Ruiz e João Bandeira). "Ô homem bom!", suspirou, maroto, Moreno Veloso. E o homem voltou. Melhor ainda. No último número do show, o hit de Madonna Music, Arnaldo voltou à cena para recitar os versos de Eu Não Sei Fazer Música, tema gravado pelos Titãs em 1991 no álbum Tudo ao Mesmo Tempo Agora. Por fim, no bis, o compositor cantou o samba Alegria antes de sair do palco com o trio diretamente para o Parque Ibirapuera, correndo feliz em um clima lúdico que traduziu sua luxuosa participação no show Três.

2 de dezembro de 2009

Terceiro álbum de Esperanza traz voz de Milton

Admiradora da música de Milton Nascimento, de quem regravou Ponta de Areia em seu segundo álbum (Esperanza, 2008), a cantora e baixista norte-americana Esperanza Spalding convidou o compositor brasileiro para um dueto em seu terceiro disco. Milton gravou no estúdio da Capitol Records, em Los Angeles (EUA), participação na faixa Apple Blossom, tema composto por Esperanza para o compositor de Travessia. Em ascensão no meio jazzístico dos EUA, onde Milton é cultuado, a artista está gravando um álbum duplo, cujo lançamento já está programado para 2010.

Nação Zumbi registra o show 'Da Lama ao Caos'

A banda Nação Zumbi decidiu gravar o show em que festeja os 15 anos da edição de seu primeiro emblemático álbum, Da Lama ao Caos (1994). O registro vai ser realizado na terra natal do grupo - musa inspiradora dos sons revolucionários do disco que logo se tornaria a pedra fundamental do movimento pop conhecido como Mangue Beat. A gravação está agendada para 9 de dezembro de 2009 em apresentação da Nação Zumbi na Feira Música Brasil, no Marco Zero, situado no Centro Histórico de Recife (PE). Histórico!

Lady Zu regrava Itamar Assumpção com Navas

Cantora associada à disco music, tendo emplacado nos anos 70 hits como A Noite Vai Chegar e Hora de União, Lady Zu regravou música do compositor Itamar Assumpção (1949-2003). O curioso registro foi feito em dueto com Carlos Navas para o oitavo disco do cantor, Tecido. A música escolhida foi Isso Não Vai Ficar Assim. Não é a primeira vez que Zu grava com Navas. Ela já participou do primeiro álbum dele, Pouco pra mim (1997). Batizado com parceria inédita de Clarisse Grova e Léo Saramago, Tecido tem seu lançamento previsto para abril de 2010 pela gravadora Lua Music. O repertório inclui inéditas de compositores como Kléber Albuquerque, Paulo Padilha, Fred Martins e Alzira E. Navas também grava temas de Edu Krieger e Paulo César Pinheiro. A foto, clicada por Anderson Bueno, flagra Zu e Navas no estúdio.

Daniel assina com Som Livre para fazer 'Raízes'

Daniel é o mais novo contratado da gravadora Som Livre. Após passagens pela Continental e pela Warner Music que totalizaram 25 anos, o cantor sertanejo assinou contrato com a companhia global. Daniel estreia na Som Livre com a gravação ao vivo do CD e DVD Raízes - agendada para 13 de janeiro de 2010 em Paulínia, cidade do interior de São Paulo. A foto acima flagra o artista com o presidente da empresa - Leonardo Ganem - na sede da gravadora.

1 de dezembro de 2009

Goldfrapp lançará 'Head First' em 22 de março

A dupla britânica Goldfrapp vai lançar seu quinto disco de estúdio em 22 de março de 2010. Intitulado Head First, o álbum vai ser precedido pelo single Rocket, cujo lançamento está agendado para 8 de março. Os integrantes do duo, Alison Goldfrapp e Will Gregory, produziram o sucessor do etéreo Seventh Tree (2008).

Paulo diz que não é para comparar CD de Selma

"Muitas cantoras me prometeram este disco. Selma Reis foi a única que peitou e o fez. E o fez com categoria. Não é um disco para comparar. É um disco para louvar a coragem de uma cantora", sentenciou Paulo César Pinheiro ao ser chamado por Selma Reis para discursar no pequeno palco armado na Casa da Suíça (RJ), na noite de 30 de novembro de 2009, para viabilizar o pocket-show que oficializou o lançamento do álbum A Minha Homenagem ao Poeta da Voz. Pinheiro se referiu explicitamente ao fato de quase todas as músicas do disco já terem sido (bem) gravadas por intérpretes como Clara Nunes (1942 - 1983) e Elis Regina (1945 - 1982) - citadas nominalmente por ele. Com concepção e direção musical da própria Selma Reis (vista em fotos de Mauro Ferreira), o álbum está sendo editado neste mês de dezembro pelo selo da cantora, Tessitura Musical, e vai poder ser encontrado em lojas como a carioca Modern Sound e a rede (virtual e física) da Saraiva.

No pocket-show feito para plateia de convidados, Selma cantou cinco músicas dentre as 14 que reúne no álbum em que presta tributo a Paulo César Pinheiro no ano em que o compositor festeja seu 60º aniversário. Banho de Manjericão foi o destaque do set informal pelo inusitado registro de voz-e-percussão (a cargo do mestre Robertinho Silva) que deu nova vida à parceria de Paulo com João Nogueira (1941 - 2000), lançada por Clara Nunes em 1979 no álbum Esperança. De fato corajosa, Selma reviveu As Forças da Natureza (1977), arriscou entoar o Bolero de Satã - lançado por Elis também em 1979, em dueto com Cauby Peixoto, no LP Essa Mulher - e soltou a voz grave em Minha Missão (1981) antes de mostrar sua versão malandra de Tô Voltando, outro tema de 1979, este lançado por Simone no álbum Pedaços. Saboroso aperitivo do (belo) disco, que faz justiça à voz de Selma!!

Belô revitaliza discografia na ponte Rio-Bahia

Resenha de EP
Título: Versão Brasileira
Artista: Belô Velloso
Gravadora: BMGV Music
/ Tratore
Cotação: * * * 1/2

"Canto o meu Rio / Sampa, Salvador / Canto a folia / A alegria da minha Bahia", sintetiza Belô Velloso na letra do samba Versão Brasileira, faixa-título do EP lançado de forma virtual em outubro de 2009 e editado em formato físico - com distribuição da Tratore - neste mês de dezembro. A rigor, o EP Versão Brasileira ignora os sons de Sampa, mas transita com leveza pelo samba carioca - embora Mangueira recorra a clichês para exaltar a agremiação verde-e-rosa, tradicional no Carnaval do Rio de Janeiro (RJ) - e pelos ritmos quentes de Salvador. O ijexá Povo de Fé, que incorpora a batida do samba no refrão, é o tema mais inspirado e o que mais bem sintetiza a mistura rítmica do EP. Ao atravessar a ponte Rio-Bahia, a sobrinha de Caetano Veloso e Maria Bethânia revitaliza sua discografia, iniciada nos anos 90 com frescor - os bons álbuns Belô Velloso (1996) e Um Segundo (1997) merecem reedição - que se diluiu ao longo desta década, sobretudo no requentado Belô, Samba! (2006). Entre as sete faixas, vale destacar também Dois do Dois, samba em que Marcelo Quintanilha evoca o mí(s)tico universo da obra marítima de Dorival Caymmi (1914 - 2008). A gravação culmina com apropriada citação de Dois de Fevereiro. Já a abordagem bossa-novista de Back to Black - música que deu título ao segundo álbum de Amy Winehouse - soa meramente curiosa e destoa do EP, ainda que alocada no disco como faixa-bônus. Com produção musical e arranjos de Luciano Calazans, hábil na costura de sons cariocas e baianos, Versão Brasileira exala o frescor que a artista perdera.

'Michael N'Bossa' chega - oportunista - ao Brasil

Michael N'Bossa é disco que foi produzido em 2007 por Roberto Menescal - ao lado de Flávio Mendes, Eli Menezes e Raymundo Bittencourt - para o receptivo mercado japonês, ávido consumidor da bossa cinquentenária. Já lançado em 2008 no Japão, o disco ganha edição brasileira cuja intenção - oportunista - parece ser tão somente faturar com o culto ao Rei do Pop. Como seu título já faz supor, Michael N'Bossa reúne releituras de hits de Michael Jackson (1958 - 2009) em ritmo de bossa requentada. Menescal suaviza Michael nas vozes de Barbara Mendes (Billie Jean), Cris Delano (Beat It), Lulu Joupert (Thriller), Marcela Mangabeira (Human Nature e Rock with You) e Dudu Braga (Lady in my Life e Off the Wall), entre outros cantores de seu habitual time vocal. É tributo dispensável no Brasil, no Japão e em qualquer outro país...

Siri gera (bom) CD com sons do ventre materno

Resenha de CD
Título: Ultrasom
Artista: Siri
Gravadora: Sem
indicação
Cotação: * * *

Não, não foi por acaso que o percussionista Siri demorou nove meses para gravar seu terceiro CD, Ultrasom. O disco foi gerado a partir de vários sons extraídos do ventre materno, mais especificamente do útero de sua mulher, Deborah Engel, então grávida da primeira filha de Siri, Clara. O percussionista procurou transformar em música os sons embrionários ouvidos por ele nas sessões de ultrasonografia de Deborah. A faixa-título, Ultrasom, é a que mais bem traduz o conceito do disco, obviamente dedicado a Clara. Cujo primeiro choro, captado na maternidade, gerou a faixa Chorinho nº 1. Com real inventividade, o músico percute instrumentos orientais para dar o apropriado tom árabe à Dança no Ventre. Lenine alimenta Cordão Umberimbau com os sons guturais de sua voz, outro destaque entre os 11 temas autorais. Ultrasom, o disco, segue a linha experimental que caracteriza o trabalho de Siri e - como tal - deve ser ouvido e analisado dentro dessa perspectiva. O álbum foi produzido pelo próprio Siri, que arregimentou grandes músicos como o guitarrista Jr. Tostoi e o violinista Nicolas Krassik. Ao se encerrar com Placenta, tema urdido com sobras de áudio, o CD deixa no ouvinte a certeza de estar diante de trabalho realmente original, ainda que sua música - íntima e pessoal - jamais seja indicada para consumo no cotidiano.

Anunciados títulos de álbuns de Gorillaz e Bizkit

Foram revelados os títulos dos novos álbuns de Gorillaz (foto) e Limp Bizkit. Em fase final de produção, o terceiro álbum do grupo virtual de Damon Albarn vai se chamar Plastic Beach e tem lançamento previsto para 2010. Já o vocalista do Limp Bizkit - Fred Durst - anunciou via twitter que Gold Cobra é o título do primeiro álbum do grupo desde The Unquestionable Truth (Part 1), editado em 2005. Gravado desde agosto, Gold Cobra vai chegar às lojas (reais e virtuais) no primeiro semestre de 2010.

30 de novembro de 2009

Em janeiro, 'This Is It' sai em DVD e em blu-ray

Sucesso de público e crítica, o documentário This Is It - que estreou em 28 de outubro nos cinemas - vai ser editado em 26 de janeiro de 2010 nos formatos de DVD e de blu-ray. Caberá a gravadora Sony Music fazer o lançamento em escala mundial. O filme desvenda os bastidores dos ensaios do show que Michael Jackson (1958 - 2009) estrearia em Londres, Inglaterra, em julho.

Selma lança a sua 'homenagem ao Poeta da Voz'

Selma Reis vai lançar com show nesta segunda-feira, 30 de novembro de 2009, o disco A Minha Homenagem ao Poeta da Voz, em que reúne quinze temas de Paulo César Pinheiro. O lançamento vai ser oficializado com um show para convidados na Casa da Suíça, no Rio de Janeiro (RJ). No CD, a cantora recebe Beth Carvalho (no samba Portela na Avenida), Diogo Nogueira (em As Forças da Natureza) e o próprio Paulo César Pinheiro, que recita seu poema Ofício. Eis o repertório do álbum, que apresenta a inédita Passatempo entre vários sucessos:

1. Banho de Manjericão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
2. As Forças da Natureza (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)
3. Cicatrizes (Miltinho e Paulo César Pinheiro)
4. Passatempo (Paulo César Pinheiro)
5. Bolero de Satã (Guinga e Paulo César Pinheiro)
6. Sem Companhia (Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro)
7. Bodas de Vidro (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro)
8. Cordilheiras (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro)
9. Vou Deitar e Rolar (Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
10. Tô Voltando (Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro)
11. Viagem (João de Aquino e Paulo César Pinheiro)
12. Velho Arvoredo (Hélio Delmiro e Paulo César Pinheiro)
13. Portela na Avenida (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)
14. Ofício (Paulo César Pinheiro)
15. Minha Missão (João Nogueira e Paulo César Pinheiro)

'Ponto de bala' não dilui redundância de Baleiro

Resenha de CD / DVD
Título: O Coração do
Homem-Bomba ao
Vivo - Ao Vivo Mesmo
Artista: Zeca Baleiro
Gravadora: MZA
Music
Cotação: * * * 1/2

As 10 faixas gravadas ao vivo por Zeca Baleiro no estúdio YB, em São Paulo (SP), em 22 de junho de 2009, são a cereja do bolo do registro do bom show O Coração do Homem-Bomba, (bem) captado cinco dias depois, em 27 de junho, na casa Music Hall, em Belo Horizonte (MG). Só que tal set de estúdio não basta para tornar menos redundante a edição em CD e DVD da gravação de Baleiro. Ainda que o show tenha sido perpetuado em ponto de bala. A interação da plateia é perceptível no coro de músicas como Você É Má. Contudo, a rigor, o registro ao vivo pouco soma na discografia do cantor e compositor maranhense. Até porque, de certa forma, os dois momentos distintos da gravação apenas reproduzem os climas dos dois volumes do ótimo álbum O Coração do Homem-Bomba (2008). O repertório do volume 1 - foco dos números captados no palco - já era mais expansivo. Da mesma forma, o repertório do segundo volume - abordado no set de estúdio - tem tom mais interiorizado, quase sombrio. Para os fãs do cantor, uma informação: a edição em CD inclui uma música gravada em estúdio, Trova (Aonde Flores), que não figura entre as nove extraídas da sessão para o DVD - o sexto da videografia de Baleiro - porque o DVD já exibe nos extras o clipe da música. Bom!

Biscoito Fino encaixota tarde 'Encanteria' e Tua'

Dois meses após a chegada ao mercado dos álbuns Tua e Encanteria, a Biscoito Fino lança edição especial destes novos CDs de Maria Bethânia. Os discos voltam às prateleiras encaixotados em box intitulado Amor, Festa, Devoção. A bela caixa embala ainda libreto com fotos. O mimo custa cerca de R$ 70 na loja. Na realidade, trata-se do kit que já foi distribuído aos críticos, radialistas, artistas e formadores de opinião no lançamento dos dois discos. Como a maioria dos fãs de Bethânia já comprou os dois CDs, o box é posto tardiamente à venda, frustrando o público-alvo que já adquiriu os álbuns. Uma vez que os discos embalados no box não possuem faixas adicionais, o ideal seria que a caixa tivesse sido lançada juntamente com as edições convencionais dos dois álbuns para que o fã de Bethânia pudesse optar por qual edição comprar.

Capital inicia a gravação de inéditas sem Dinho

Com aval de Dinho Ouro Preto, o Capital Inicial começou a gravar seu próximo álbum de inéditas sem a presença no estúdio de seu vocalista - ainda internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP), em decorrência da queda do palco em show realizado pelo grupo em 31 de outubro de 2009. David Corcos é o produtor do disco, cujo repertório inclui Vivendo e Aprendendo. O CD vai ser editado em 2010 - como previsto desde o início pelo quarteto.

29 de novembro de 2009

Show de Romulo Fróes no Rio engrena no meio

Resenha de Show
Título: No Chão sem o Chão
Artista: Romulo Fróes (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Cinemathèque (RJ)
Data: 28 de novembro de 2009
Cotação: * * 1/2

De forma quase silenciosa, Romulo Fróes - um dos nomes mais cultuados da cena indie de São Paulo (SP) - aportou no Rio de Janeiro para fazer neste fim-de-semana o show de lançamento de seu terceiro álbum, No Chão sem o Chão (2009), trabalho duplo no qual o compositor apresenta um híbrido de samba, rock e MPB. Foi este repertório - composto por Fróes com parceiros afins como Clima, Nuno Ramos e Guilherme Held - que o artista apresentou na noite de sábado, 28 de novembro de 2009, para o pequeno público que compareceu à casa Cinemathèque, reduto carioca de artistas da cena indie. (Muito bem) acompanhado por Domenico Lancellotti (bateria), Kassin (baixo) e Gabriel Bubu (guitarra), o cantautor fez um show que começou morno, quase apático, mas que engrenou do meio para o fim, especificamente a partir de A Anti-Musa (Romulo Fróes e Clima), número de tom heavy. Romulo é cantor eficiente, mas não tem presença cênica envolvente. O que prejudicou a apresentação de músicas como Qualquer Coisa em Você Mulher (Clima), Sei Lá (Romulo Fróes, Clima e Guilherme Held), Pierrô Lunático (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held) e Para Fazer Sucesso (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held) - esta repetida no bis, quando o público e a empatia já eram maiores. Em que pesem eventuais desníveis no roteiro e na performance do artista em cena, a obra autoral de Romulo Fróes - compositor que tenta encontrar novos caminhos para a MPB a partir de sua admiração pelo samba e pela tradicional canção brasileira - agrega temas que merecem ser mais ouvidos e gravados. É inegável a beleza e a força estranhas que brotam de músicas como Para Quem me Quer Assim, parceria de Romulo com Clima. Anjo, de Nuno Ramos, é outra composição que cresce no palco, inclusive por ganhar sedutora interpretação do cantor, então já mais seguro ao fim do show. É fato que o tom experimental de alguns temas não encobre o acabamento tosco de algumas melodias, notadamente a de Peraí (Romulo Fróes, Nuno Ramos e Guilherme Held). Contudo, a obra de Romulo Fróes está em nítido progresso, atestado por Coffee Shop, inédita parceria do compositor com Domenico Lancellotti, apresentada no show na voz do baterista. Pela qualidade de boa parte do repertório e pelo instrumental azeitado do trio que tocou com Romulo (que concilia o canto com o violão), o show merecia ter mais crédito e público...

Norah canta Wilco, Cash e Kinks em EP-bônus

Nas lojas a partir de 1º de dezembro de 2009, com distribuição da EMI Music, a Deluxe Edition do quarto álbum de Norah Jones, The Fall, inclui EP com com seis músicas gravadas ao vivo em show realizado pela cantora no The Living Room, em Nova York (EUA), em 4 de setembro. Das seis músicas, três - It's Gonna Be, Waiting e You've Ruined me - já fazem parte do repertório de inéditas gravado por Norah em The Fall. A novidade está nas outras três faixas. Trata-se de covers dos repertórios de Johnny Cash (1932 - 2003) - Cry Cry Cry - e dos grupos The Kinks (Strangers) e Wilco (Jesus Etc.). E não vai ser preciso importar: a Deluxe Edition de The Fall com o EP está sendo lançada no Brasil.

Lulu descarta DVD e lança inéditas em Singular

Já recuperado da hemorragia estomacal que o tirou de cena por um mês, Lulu Santos se prepara para lançar, em dezembro de 2009, seu 22º álbum, Singular. O disco de inéditas marca a estreia do cantor na EMI Music. De início, Lulu cogitou editar por sua nova gravadora o registro ao vivo do show inspirado em seu último CD, Long-Play (Som Livre, 2007). Mas acabou optando por gravar músicas novas no disco produzido por ele em parceria com o tecladista Hiroshi Mizutani. Finalizado em setembro e mixado em outubro, Singular traz no repertório inéditas como Na Boa e Baby de Babylon, tema que evoca a disco music, já em rotação há alguns meses na trilha sonora da novela Viver a Vida.

'Nova' coletânea dos Bee Gees rebobina 40 hits

Lançada no exterior neste mês de novembro de 2009, mas ainda indisponível no Brasil, a inédita compilação dupla The Ultimate Bee Gees (Rhino Records) rebobina 40 hits do trio forçosamente dissolvido em 2003 com a morte de Maurice Gibb. Embora nova, a coletânea apresenta seleção quase idêntica à do best of duplo Their Greatest Hits - The Record, editado em 2001 pela Polydor. Os atrativos seriam a nova remasterização - superior às anteriores, de acordo com a opinião de fãs que já compraram The Ultimate Bee Gees - e o texto de Tim Rice que historia e analisa a trajetória dos irmãos Gibb, autores e intérpretes de hits que marcaram muitas gerações.