Resenha de CD
Título: Cassiopéia
Artista: Clara Sandroni
Gravadora: Independente
Cotação: * * * *
Sem lançar disco solo desde 1989, Clara Sandroni volta à cena com um de seus mais belos trabalhos. Batizado com o nome de sedutora canção de Silvio Rodriguez, expoente da já veterana
Nueva Trueva Cubana,
Cassiopéia reitera a capacidade da artista de transitar com rara inteligência pelas vias alternativas da música brasileira. O time de compositores reunidos no CD - Luiz Tatit, Mathilda Kovak, Carlos Fuchs, Paulo Baiano - já dá a pista do tom deste álbum de delicada e minimalista sonoridade que expõe nuances e meandros do amor em todas suas formas. A delicadeza está em (fina) sintonia com o espírito de canções como
Louco por Você, de Ivan Zigg, e
Brinde à Solidão, pérola melancólica extraída do álbum
Fossa Nova, de Marcos Sacramento e Carlos Fuchs - a propósito, produtor do CD.
Cassiopéia não rima apenas amor com dor. Como seu título já entrega,
Amor É Sacanagem (Luis Capucho) realça a face carnal da paixão.
Mary Sheley (de Mathilda Kovak) também traça sem romantismo o perfil do homem idealizado. "Cansei desse seu gênio poeta / O meu negócio agora é atleta", avisa a autora, mordaz, na voz elegante de Clara. Entre valsa (
High and Low, de Paulo Baiano com a mesma Mathilda Kovak) e samba (
Sempre te Amei, de Paulo Malaguti), Clara revitaliza um clássico batido como
Paula e Bebeto (sobretudo por conta da participação contagiante do grupo vocal Equale), rebobina um Chico Buarque menos óbvio (
Uma Palavra), une vozes com o Arranco de Varsóvia na sensível balada
Música e entoa graciosa canção em francês (
Parlez Moi D'Amour, composta em 1926 por Jean Lenoir e gravada por Lucienne Boyer). Enfim, é um lindo disco que, com toda sua delicadeza e precisão de sons e timbres, mostra o sobe- e- desce da gangorra emocional em que vivem os apaixonados. E, bem lá no alto, repousa este bem-vindo trabalho solo de Clara Sandroni. Há vida inteligente na
MP do B...