'Sim' afirma o crescimento de Vanessa no palco
Título: Sim
Artista: Vanessa da Mata
Local: Canecão-Petrobrás (RJ)
Data: 21 de setembro de 2007
Cotação: * * * 1/2
Os rodopios de Vanessa da Mata em Baú, o número de abertura do show de lançamento do álbum Sim, já sinalizaram a desenvoltura crescente da cantora em cena. Mais expansiva, a artista já pouco lembrou a intérprete tímida de suas primeiras apresentações. Em sua ótima estréia carioca, no Canecão, Sim afirmou a evolução de Vanessa no palco - perceptível já no show anterior, Essa Boneca Tem Manual. Corajosa, a artista incluiu no roteiro as 13 músicas inéditas de seu terceiro álbum e salpicou algumas faixas autorais do disco anterior (Ainda Bem, com sua melodia à moda de Marisa Monte, e Nossa Música, além, claro, do inevitável hit Ai, Ai, Ai...).
O show é bem sedutor. Integrada pelo guitarrista Davi Moraes e o baixista André Rodrigues, entre outros virtuoses, a afiada banda garantiu a sonoridade moderna, em sintonia com o som hype do CD que gerou o show. Ótimos arranjos garantiram a vibração do show. Se algumas músicas não chegaram à cena com toda a força do álbum (sobretudo Você Vai me Destruir, cuja pegada de disco music não contagiou - como seria esperado da música eleita para fechar o show), outras cresceram bem no palco. Casos dos reggaes Vermelho e Ilegais. Já no samba Quando um Homem Tem uma Mangueira no Quintal, ficou claro que Vanessa vem aprimorando sua expressão corporal e - como tem porte esguio - a cantora tem sua bela estampa a seu favor. Sua figura em cena chama a atenção.
A vivacidade de Pirraça - com sons que evocam as guitarradas do Norte - se harmonizou bem com a pegada de Viagem, cujos versos falam em Belém(PA). Gravada por Daniela Mercury no CD Sol da Liberdade (2000), Viagem foi ótima surpresa de um roteiro em que Vanessa incursiona pelos territórios de Marina Lima (Veneno - sem a sedução da leitura de Marina) e Nelson Cavaquinho. Juízo Final, a propósito, foi o ponto baixo do show. Como a cantora não prima pela afinação absoluta em cena, não deveria se dar ao luxo de cantar o (difícil) samba de Nelson e Guilherme de Brito ao som solitário da cuíca percutida por Marcos Lobo. Suas desafinadas em Juízo Final saltaram aos ouvidos do público e tiraram o brilho do número. Nada, entretanto, que tirasse o mérito do show. Eu Sou Neguinha? (com linda alternância de luzes e sombras no palco), o manemolente samba Fugiu com a Novela, a ruralista Joãozinho e a sempre contagiante História de uma Gata, entre outros coesos números, mantiveram alto o teor de sedução do show. Sem falar em Não me Deixe Só, música infalível. No bis, de vestido branco, acompanhando-se sozinha na guitarra, Vanessa da Mata mostrou Minha Herança: uma Flor - uma de suas canções mais singelas (e belas) - sem reeditar o tom sublime da gravação do CD. No todo, ao sair de cena, a intérprete deixou no público a certeza de seu progresso em cena. Sim é, sim, o seu melhor show e merece ser gravado para provável edição em DVD. Mata cresceu e apareceu...