26 de abril de 2008

Nada óbvia, Gulin exibe personalidade em cena

Resenha de show
Título: Thaís Gulin
Artista: Thaís Gulin
Local: Cinemathéque Jam Club (RJ)
Data: 25 de abril de 2008
Cotação: * * * 1/2

Lançado discretamente no fim de 2006, pela gravadora Rob Digital, o primeiro ótimo disco de Thaís Gulin revelou cantora interessante, hábil na escolha de um repertório que nunca é óbvio. Qualidades confirmadas e até amplificadas na apresentação feita por Gulin na casa carioca Cinemathéque, em Botafogo, bairro da Zona Sul carioca. Em cena, a intérprete curitibana - radicada no Rio - esbanja personalidade e força que disfarçam o timbre até comum de sua voz. E o fato é que o canto de Thaís Gulin nunca soa trivial no palco e até ganha intensidade, projetando artista segura.
A artista entrou tensa em cena e abriu o show com Garoto de Aluguel (Taxi Boy) sem reeditar o êxito obtido no disco com a releitura deste tema menos conhecido de Zé Ramalho. Em seguida, carregou na dramaticidade ao interpretar História de Fogo, parceria de Otto com a atriz Alessandra Negrini que trilha os caminhos passionais da canção popular. Aos poucos, contudo, Gulin foi achando o tom sem soar linear. Cisco, parceria de Carlos Careqa com Zeca Baleiro, exemplifica a habilidade da cantora para transitar pelos lados B da música brasileira. Os que ninguém ouve.
A ligeira leveza que faltou ao samba Alegria (Arnaldo Antunes) começou a ser encontrada pela cantora ao entoar o samba De Boteco em Boteco (Nelson Sargento), costurado de forma inteligente com Alabama Song (Whisky Bar), tema do repertório do grupo The Doors. A partir daí, o show engrenou. A guitarra de João Gaspar deu peso a 78 Rotações, parceria de Jards Macalé com Capinan, outro exemplo da capacidade de Gulin de descartar obviedades do baú da MPB. De cantar com personalidade o que ninguém canta. Nesse sentido, Cama e Mesa - música de Roberto e Erasmo Carlos, lançada pelo Rei em seu álbum de 1981 - ganha outro sentido na voz viril de Gulin. No início, ela ralenta o ritmo da música e, aos poucos, vai turbinando o número, saboreando com paixão os versos sensuais escritos com volúpia pelos autores.
Com igual desembaraço e com sua habitual força cênica, mas sem pesar demais a mão, Gulin desfia os versos desaforados do Samba Desavec - composto pela cantora em parceria com Mombaça - e envereda pelos meandros da vanguarda paulista em Cinema Incompleto (Núpcias), tema de Arribo Barnabé para o qual Gulin escreveu letra. É quando ela já se sente dona da cena. De fato e de direito, como atestara momentos antes um dos números mais belos do show, Defeito 10: Cedotardar, em que Gulin realça o lirismo da canção de Tom Zé, pontuada pelo acordeom de João Bittencourt (De Tom Zé, aliás, o roteiro inclui também o samba Augusta, Angélica e Consolação - uma das músicas ausentes do disco, idealizado pela cantora e produzido por Fernando Moura).
O acordeom tocado por Bittencourt permanece em cena em Cinema Americano, música de Rodrigo Bittencourt (compositor da faixa-título do terceiro CD de Maria Rita, Samba Meu). O tema de Bittencourt é jóia que reluz na voz de Gulin, que sai de cena ao som do Hino de Duran - à esta altura já com o público seduzido pelo canto e pelo gestual tão fortes quanto o repertório. Se não enfraquecer sua personalidade em nome dos caprichos do insano mercado fonográfico, Thaís Gulin tem tudo para brilhar intensamente na nação das cantoras. É apenas questão de tempo...

Lenine pilota quarto CD de Pedro Luís e Parede

Lenine é o produtor do quarto álbum de inéditas de Pedro Luís e a Parede. O disco já foi concluído pelo grupo no Rio de Janeiro (RJ). Além de produzir, Lenine participa da faixa Quatro Horizontes, assinada por ele com Pedro Luís, e da regravação de Chuva de Bala. O repertório, aliás, é formado por parcerias de Pedro com bons compositores como Roque Ferreira (Mandinga) e Rodrigo Maranhão (Rosa que me Encanta, lançada por Verônica Sabino em 1997 no disco Novo Sentido). Com Zé Renato, o líder da Parede criou Luz da Nobreza, faixa gravada com a voz de Roberta Sá. Outras músicas são Ponto Enredo, Santo Samba, Repúdio e Ela Tem a Beleza que Nunca Sonhei (com a participação de Zeca Pagodinho) O CD vai ser lançado no segundo semestre de 2008. Descontado o projeto com Ney Matogrosso (Vagabundo, 2004), trata-se do primeiro álbum de estúdio da turma (em foto de Guito Moreto) desde 2001 - ano em que Pedro e a Parede mostraram Zona e Progresso. Em tempo: o grupo incorpora a partir deste disco o guitarrista Léo Saad, que integrou a banda (carioca) Boato.

DVD eterniza o tributo a Quincy em Montreux

Um dos geniais maestros e produtores dos anos 80, década em que seu nome era grife tão poderosa quanto a de Timbaland nos dias de hoje, Quincy Jones foi homenageado na edição de 1996 do Festival de Montreux. Comandado pelo próprio Quincy, que regeu a Northern Illinois University Jazz Band, o show-tributo foi gravado e perpetuado no DVD Live at Montreux 1996 - ora editado no Brasil pela gravadora ST2. No roteiro de 20 números, que conta com intervenções de nomes como Phil Collins e Mick Hucknall, o homenageado oferece (reduzido) painel de suas atividades como compositor, produtor, arranjador e maestro. Obra que teve seu auge nos anos 80, mas que engloba várias décadas. Entre as músicas, há Miss Celie's Blues, da trilha sonora do filme A Cor Púrpura. Nos extras do DVD, há trechos de workshop ministrado pelo artista no importante festival suíço.

Erasmo prepara CD de inéditas em selo familiar

Ainda inspirado como compositor, como atestou a música que deu para o segundo disco solo de Paula Toller, ? (O Q É Q Eu Sou), Erasmo Carlos prepara álbum de inéditas para o segundo semestre de 2008 - o primeiro desde Santa Música (2003). Já sem vínculo com a Indie Records, por onde lançou em 2007 o CD Erasmo Carlos Convida Volume II, o Tremendão vai fazer seu novo disco pela gravadora carioca Coqueiro Verde Records - da qual seu filho, Leonardo Esteves, é um dos diretores.

25 de abril de 2008

Inédita dos Mutantes evoca o passado do grupo

Primeira música inédita do grupo paulista Os Mutantes em 34 anos, disponibilizada para download gratuito no site oficial da banda a partir desta sexta-feira, 25 de abril de 2008, Mutantes Depois saúda o futuro em sua letra, mas a sonoridade procura evocar o passado áureo do grupo - atualmente um octeto que, da clássica formação original em trio, inclui apenas o guitarrista Sérgio Dias Baptista. Gravada com a participação do cantor americano Devendra Banhart nos vocais, Mutantes Depois dura 5 minutos e nove segundos. Começa numa levada folk e exibe vocais harmoniosos que remetem à fase inicial da banda. À medida em que a música avança, o arranjo envereda por trilhas psicodélicas com profusão de sons que evocam também a euforia tropicalista dos anos 60. Enfim, tem a cara dos Mutantes, mas é uma música nova que já soa velha... Faltou um toque de contemporaneidade...

Ivo regrava soul de Roberto em duo com Alcione

Última música de inspiração soul da obra de Roberto e Erasmo Carlos, Além do Horizonte - lançada pelo Rei em seu álbum de 1975 - ganha regravação feita por Ivo Meirelles para seu próximo disco. O cantor convidou Alcione para fazer dueto com ele na faixa. Em seu CD, Meirelles regrava A Voz do Morro, samba de Zé Ketti (1921 - 1999), e apresenta parcerias com Fernanda Abreu e Sandra de Sá. O jornalista Pedro Bial recita poesia no disco de Ivo.

Sai de cena Canhoto da Paraíba, gênio do choro

Um dos músicos mais inventivos do choro, Canhoto da Paraíba - nome artístico de Francisco Soares de Araújo - saiu de cena na quinta-feira, 24 de abril de 2008, em sua casa no Recife (PE), vítima de complicações decorrentes de um AVC sofrido há dez anos. O Paraíba que incorporou ao nome artístico aludia ao fato de ele ter nascido em Princesa Isabel, cidade do sertão paraibano, presumivelmente em 1926 (há textos biográficos que falam em 1927 e mesmo em 1928). O Canhoto vem do fato de tocar seu violão com a mão esquerda de forma tão virtuosa e criativa que o músico impressionou nomes como Pixinguinha, Radamés Gnattali e Paulinho da Viola, que fez em 1971 o choro Abraçando Chico Soares em homenagem a Canhoto. Sem tocar desde 1998, ano em que sofreu AVC que o obrigou a encerrar sua carreira nos palcos, Chico Soares - como também era conhecido - gravou até 1993, ano em que editou o CD Pisando em Brasa. Contudo, sua discografia é espaçada. Uma injustiça com um músico tão extraordinário que mostrou novos caminhos harmônicos para o choro através de seu violão, tocado a partir de sua genial mão esquerda, mas sem a inversão das cordas. Foi um violonista único.

Arlindo Cruz festeja 50 anos com 'MTV ao Vivo'

Arlindo Cruz vai gravar DVD e CD na série MTV ao Vivo. A gravação está agendada para junho, em São Paulo (SP), e o lançamento vai ser feito em setembro, mês em que o compositor estará festejando 50 anos. Vai ser o primeiro projeto da série MTV ao Vivo dedicado ao samba (Zeca Pagodinho já gravou duas vezes com o selo da emissora, mas foi na série Acústico MTV). O último CD de Arlindo, Sambista Perfeito, foi editado pela Deckdisc, a gravadora que vai pilotar este projeto feito com o aval da MTV. O repertório segue a receita sucessos + algumas inéditas.

24 de abril de 2008

Warner reedita 'Amoroso' em formato 'digipack'

Até então disponível em CD no mercado brasileiro numa já esgotada reedição desleixada de 1987, Amoroso - um dos melhores álbuns de João Gilberto - está enfim sendo relançado pela Warner Music, em formato digipack. A atual reedição preserva a capa e o conteúdo do LP lançado em 1977, mas o som não foi remasterizado porque a gravadora não tem permissão para mexer no som original. Embora não seja tão revolucionário quanto os três primeiros LPs do cantor (editados entre 1959 e 1961, mas ainda inéditos em CD por conta de briga judicial travada entre João e a gravadora EMI Music), Amoroso é uma das obras-primas da discografia do genial intérprete e violonista. Foi gravado nos Estados Unidos com arranjos e regências do maestro Claus Ogerman (devidamente creditado na capa). A gravação aconteceu entre Nova York (em três sessões em 17, 18 e 19 de novembro de 1976) e Los Angeles (em 3, 4 e 7 de janeiro de 1977). As oito faixas originais são 'S Wonderful, Estate, Tin Tin por Tin Tin, Besame Mucho, Wave, Caminhos Cruzados e Zíngaro. A tiragem inicial da atual reedição de Amoroso é de duas mil cópias e não inclui - como em recente reedição disponível no exterior - as faixas do álbum Brasil, gravado por João em 1981. É que a Warner já não tem permissão para lançar Brasil no... Brasil.

Madonna oferece remixes, livro e doces em 'box'

Nas lojas de todo o mundo já a partir de segunda-feira, 28 de abril, o 14º álbum de Madonna, Hard Candy, também vai ser editado pela gravadora Warner Music num candy box (capa à direita) que, além do disco propriamente dito, oferece remixes das faixas 4 Minutes e Give It 2 me, libreto colorido de 16 páginas e pacote de doces. O mimo já estará à venda no mesmo dia em que Hard Candy for comercializado no formato convencional de CD simples. Um pouco mais tarde, em 13 de maio, o disco vai chegar às lojas no formato de vinil triplo + CD.

Rosa faz 'Romance' com Chico, Ivan e Caymmi

Parceria de Chico Buarque com Ruy Guerra, lançada em 1973, Tatuagem é uma das canções incluídas por Rosa Passos no repertório de seu décimo-quarto CD, Romance - Brazilian Love Songs, nas lojas dos Estados Unidos, da Europa e Japão a partir de 20 de maio, via gravadora Telarc. A seleção da cantora inclui Altos e Baixos (Sueli Costa e Aldir Blanc), Doce Presença (Ivan Lins e Vítor Martins), Nem Eu (Dorival Caymmi), Por Causa de Você (Tom Jobim e Dolores Duran), Preciso Aprender a Ser Só (Marcos e Paulo Sérgio Valle) e Nossos Momentos (Haroldo Barbosa e Luiz Reis). Além de músicas de Djavan e João Donato - compositores recorrentes na discografia de Rosa, iniciada em 1979 com o raro Recriação. Romance sairá no Brasil em junho.

Zizi realça a força da música e do piano de Ivan

Música de Ivan Lins e Vitor Martins gravada por Zizi Possi em 1979 para a trilha sonora da novela O Todo-Poderoso, exibida pela TV Tupi, A Força foi uma das surpresas do roteiro que marcou o reencontro da cantora com Ivan no sétimo dos 12 shows da série Cantos e Contos, apresentada por Zizi às terças-feiras na casa paulista Tom Jazz. Outra surpresa foi Alfonsina y el Mar, o tema dos argentinos Ariel Ramirez e Felix Luna que Zizi cantou acompanhada apenas pelo piano de Ivan. Eis o roteiro do show que uniu Zizi Possi e Ivan Lins (em foto de Ronaldo Aguiar):
1. Disparada - Zizi Possi
2. Volver a los Diecisiete - Zizi Possi
3. Pedaço de mim - Zizi Possi
4. Corsário - Zizi Possi
5. Tomara - Zizi Possi
6. Incompatibilidade de Gênios - Zizi Possi
7. Com que Roupa? - Zizi Possi
8. Só pra Chatear - Zizi Possi
9. Se Queres Saber - Zizi Possi
10. A Força - Zizi Possi
11. Choro das Águas - Zizi Possi
12. Somos Todos Iguais Nessa Noite - Ivan Lins e Zizi Possi
13. Rio de Maio - Ivan Lins (piano e voz)
14. Velas Içadas - Ivan Lins (piano e voz)
15. Bilhete - Ivan Lins (piano e voz) e Zizi Possi
16. Alfonsina y el Mar - Ivan Lins (piano) e Zizi Possi
17. Guarde nos Olhos - Ivan Lins e Zizi Possi
18. Desesperar Jamais - Ivan Lins e Zizi Possi
Bis:
19. Madalena - Ivan Lins e Zizi Possi

23 de abril de 2008

Summer tenta se inserir na pista com 'Crayons'

Diva da disco music nos anos 70, década em que fez gravações antológicas como I Feel Love sob a batuta do produtor Giorgio Moroder, Donna Summer vai tentar se reinserir nas pistas com Crayons, seu primeiro álbum de estúdio em 17 anos. "The Queen Is Back", proclama Summer já no título de uma das 13 faixas do disco. Gravado pela artista com a colaboração de produtores e compositores como Greg Kurstin e JR Rotem, o álbum apresenta repertório autoral e tem lançamento previsto para 20 de maio nos Estados Unidos. Ziggy Marley faz dueto com Summer na faixa-título. Em Drivin' Down Brazil, Summer parece relatar viagem ao Brasil - onde sempre foi popular. Eis as 13 faixas do CD Crayons:
1. Stamp your Feet
2. Mr. Music
3. Crayons - com Ziggy Marley
4. The Queen Is Back
5. Fame (The Game)
6. Sand on my Feet
7. Drivin' Down Brazil
8. I'm a Fire
9. Slide over Backwards
10. Science of Love
11. Be Myself Again
12. Bring Down the Reign
13. It's Only Love

Lilian integra trio e regrava temas do rock indie

Popularizada na época da Jovem Guarda graças a hits como Pobre Menina e Devolva-me (tema rebobinado com êxito por Adriana Calcanhotto em 2000), Lilian Knapp formou o trio Kynna com o guitarrista Luiz Carlini (do grupo Tutti Frutti) e o baterista Cadu Nolla. No primeiro CD, o trio regrava músicas de bandas da cena indie. Entre elas, Autoramas (Música de Amor), Bidê ou Balde (É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos), Graforréia Xilarmônica (Colégio Interno), Júpiter Maçã (Miss Lexotan 6mg) e Rádio Outono (Só o Pó). O repertório inclui dois temas da própria Lilian.

Supergrass recupera alegria no seu sexto álbum

Resenha de CD
Título: Diamond Hoo Ha
Artista: Supergrass
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *

Há neste sexto álbum do Supergrass uma alegria, um frescor e uma energia que tinham se dissipado no CD anterior, Road to Ruen, editado em 2005 com doses altas de melancolia e acústica atmosfera sombria. Em Diamond Hoo Ha, o quarteto inglês rebobina seu BritPop com aquele senso de diversão que falta em algumas bandas do gênero. O melhor exemplo do tom mais light do CD é Rebel in You, faixa com todo jeito de hit. Assim como Ghost of a Friend. Mas é fato também que o Supergrass aumentou o volume das guitarras em músicas como Diamond Hoo Ha Man, Bad Blood e Whiskey & Green Tea (com adição do sax de Pete Wareham). O disco tem pegada e o repertório é coeso (até eventualmente retrô), mas Diamond Hoo Ha também deixa a sensação de que há diversão bem mais original em outros discos...

Filme tocante subverte a fórmula dos musicais

Resenha de filme
Título: Apenas uma Vez
(Once, Irlanda, 2006)
Direção: John Carney
Elenco: Glen Hansard,
Markéta Irglová e
outros.
Cotação: * * * *
Em cartaz no Brasil

Ao faturar o Oscar 2008 de Melhor Canção por Falling Slowly, o filme Once - Apenas uma Vez, no título brasileiro, numa tradução quase literal do original - pôs em foco Glen Hansard e Markéta Irglová, a dupla de cantores, compositores e atores que protagoniza este musical singelo e tocante filmado sem efeitos especiais. A força está na música e na história, que mostra o envolvimento casual de dois músicos de Dublin, Irlanda. Dizem que até Bob Dylan se deixou arrebatar pelas canções e pela atmosfera do filme, tendo convidado o duo para abrir seus shows.
Hansard encarna o violonista irlandês que toca pelas ruas de Dublin em busca de alguns trocados. Irglová é uma imigrante tcheca, vendedora de flores que toca piano nas horas vagas. A partir de um encontro casual pelas ruas de Dublin, eles vão se envolvendo numa atmosfera de sedução em que as emoções são transmitidas mais pelas músicas - e há vários números musicais no filme - do que pelas palavras. Essa música emocional é assinada e cantada por Hansard e Irglová numa trama urdida com ternura, silêncios e afetos que vão envolvendo o espectador. O diretor e roteirista, John Carney, já integrou como baixista o grupo The Frames, do qual Glen Hansard faz parte. Aliás, foi a partir de um show do Frames, em 2005, que nasceu o projeto deste filme que, na voz de Hansard, propaga boas canções como Lies, Leave e Say It to me Now. Irglová toca e canta menos, mas seu solo no tema If You Want me é de grande beleza e valoriza esta produção independente que subverte a fórmula dos musicais ao descartar coreografias e o ritmo alucinado que caracteriza filmes do gênero.

22 de abril de 2008

Selo do CCC vai editar um álbum de Aldir Blanc

O selo CCC Discos - aberto pelo Centro Cultural Carioca para editar registros de shows feitos na casa situada no Centro do Rio de Janeiro (RJ) - vai editar em 2008 um álbum de Aldir Blanc. O selo já firmou parceria com a gravadora Universal Music para a distribuição de seus discos. Agendados para maio, os primeiros lançamentos do selo são os CDs Ô Danada (de Elisa Lucinda e Marcos Lima) e Oh, que Samba Bom! (do grupo carioca Sururu na Roda, gravado com a participação especial de Zeca Pagodinho).

Vinny dá volta nos hits em 'Acústico Circular'...

Entre 1997 e 1998, o nome de Vinny bombava nas pistas por conta de hits como Heloísa Mexe a Cadeira, Shake Boom e Na Gandaia. Dez anos depois, o cantor dá volta nestes sucessos em DVD e em CD feitos ao vivo e intitulados Acústico Circular. São editados pela gravadora indie carioca Performance Music. Neste registro de show, captado em 21 de maio de 2007 no Teatro Cacilda Becker, no Rio de Janeiro (RJ), o artista lança mão do violão e de um punhado de canções mais lentas para tentar encarnar o cantor romântico. O repertório de 17 músicas gira em torno das seis inéditas. Até o Fim, Como Areia do Mar e O Amor Ainda Pode Vingar entraram no CD e no DVD. Já Ana, Não Ter Você e Pela Noite são números exclusivos do vídeo. Como curiosidade, há o cover de Metamorfose Ambulante, sucesso de Raul Seixas (1942 - 1989), cuja letra traduz o caráter mutante da música de Vinny, que já debutou como roqueiro, fez sucesso nas pistas e agora tenta virar um ídolo romântico. Será que vai vingar?

Musotto constrói bela civilização de som global

Resenha de CD
Título: Civilizaco &
Barbarye
Artista: Ramiro
Musotto
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * *

Já a partir da grafia do título do segundo CD solo de Ramiro Musotto, Civilizacao & Barbarye, o percussionista tenta abolir fronteiras geográficas e musicais neste trabalho que propõe som de caráter global. Mas é inegável que, na construção dessa civilização toda própria, o argentino Musotto parte da África e da Bahia, evocadas já nos berimbaus que urdem a melodia de Ronda, tema autoral que abre o CD. O mosaico de referências do álbum é grande, harmonizando o canto de crianças indígenas (em Gwyra Mi) com computadores e alusões ao cangaço (Nordeste & Beradero, o aboio que traz a voz de Chico César). O toque inventivo da percussão de Musotto procura irmanar tema afro-cubano (Ochossi, com a voz de Arto Lindsay), choro (Assanhado, de Jacob do Bandolim, em levada de samba), música cubana (Yambú, do Muñaquitos de Matanzas) e deliciosa chula do Recôncavo Baiano (M'Bala, parceria com Lucas Santtana turbinada com as guitarras de Marcos Lobato). O toque ancestral das percussões mais primitivas é combinado com os beats dos computadores num resultado que não se deixar dominar pelo exotismo. Gravado entre Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Estocolmo (Suécia) e Grenoble (França), Civilizacao & Barbarye foi lançado em 2006 na Argentina e chega dois anos depois ao Brasil, com muito de África e de Bahia. Musotto se apropria das células rítmicas do samba-reggae e da capoeira para criar uma profusão de sons que formam a (real) música do mundo.

Fresno se rende aos teclados para fugir do emo

Resenha de CD
Título: Redenção
Artista: Fresno
Gravadora: Arsenal
Music / Universal Music
Cotação: * *

Quarteto de Porto Alegre (RS) em ascensão comercial na cena pop nacional, Fresno busca upgrade artístico neste quarto CD em que procura se dissociar do hardcore melódico. Emo, em bom português. Para tal, o grupo abaixou o volume das guitarras e recorreu com mais ênfase aos teclados, pilotados pelo vocalista e guitarrista Lucas Silveira. Já na primeira faixa, a balada Sobre Todas as Coisas que Eu..., a mudança é perceptível. Mesmo com um som menos pesado, o grupo se identifica com a tribo dos emos pelo chororô sentimental que dá o tom da maioria das 13 músicas. Redenção é um disco pautado pela linearidade das produções de Rick Bonadio. Por mais que o Fresno busque uma emoção mais genuína (em Milonga, boa canção que encerra o álbum), um flerte maior com a eletrônica e uma aproximação com o indie rock (em temas como Passado), é difícil identificar algo realmente pessoal no som do Fresno. Basta ouvir faixas como Uma Música e Não Quero Lembrar. Parece que Redenção foi fabricado na mesma linha de montagem que produz os álbuns das bandas da lavra de Bonadio. Por ora, a (r)evolução pretendida não se fez e pouco importa se o Fresno se dissociou (ou não) do emo...

21 de abril de 2008

Capital revive hit da Legião ao gravar na capital

Canção lançada pela Legião Urbana em seu primeiro álbum (Legião Urbana, 1985), mas popularizada na voz de Cássia Eller a partir de 1990, Por Enquanto é uma das novidades na voz do Capital Inicial que estarão no roteiro do show que o grupo vai gravar em sua terra natal nesta segunda-feira, 21 de abril de 2008, para gerar o CD e o DVD Capital Inicial em Brasília - Multishow ao Vivo. Além de hits da Legião, o repertório apresenta Passos Falsos e Dançando com a Lua, duas parcerias inéditas de Alvin L. com Dinho Ouro Preto, vocalista da banda, que já tem dois DVDs na videografia, Acústico MTV (de 2000) e o MTV Especial Capital Inicial - Aborto Elétrico (de 2005).
Com direção de Rodrigo Carelli, produção musical de Marcelo Sussekind, cenários de Zé Carratu, fotografia de Césio Lima e iluminação do inglês Dave Hill, o registro do show será feito na Esplanada dos Ministérios, a partir das 19h, dentro da série de shows comemorativos do aniversário de Brasília (DF). "Vejo a gravação como um tributo ao rock de Brasília e à nossa origem. Nós montamos algo à altura do desafio", afirma Dinho Ouro Preto.

Leci assina com LGK e grava disco de inéditas

Leci Brandão entra em estúdio nesta segunda-feira, 21 de abril de 2008, para começar a gravar um disco de inéditas - o primeiro dos dois trabalhos previstos no contrato que a cantora assinou com a LGK Music, a gravadora dirigida por Líber Gadelha, que já havia trabalhado com a artista quando era o gestor da Indie Records. Julinho Teixeira é o produtor músical do CD, cujo lançamento está previsto para junho. Arlindo Cruz é um dos compositores presentes no repertório já pré-selecionado por Leci.

Rossi recebe 18 convidados em gravação ao vivo

Atual campeão de vendas de CDs e DVDs ao lado de Ivete Sangalo, padre Marcelo Rossi já está completando 10 anos de carreira fonográfica neste ano de 2008. A celebração dessa década de sucesso será feita nesta segunda-feira, 21 de abril de 2008, com a gravação ao vivo do evento Paz Sim, Violência Não no Autódromo de Interlagos (SP). O registro do show será feito pela gravadora Sony BMG para gerar DVD e CD ao vivo. O religioso receberá 18 convidados de grande popularidade, a maioria do segmento sertanejo. Arregimentado por Guto Graça Mello, produtor musical da gravação, o elenco de convidados inclui Agnaldo Rayol, Alcione, Belo (via telão), Bruno & Marrone, Cláudia Leitte (em Jesus Cristo, o hino gospel de Roberto e Erasmo Carlos), César Menotti e Fabiano, Chitãozinho & Xororó, César Menotti & Fabiano, Daniel, Edson & Hudson, Hebe Camargo (em Como É Grande o meu Amor por Você), Ivete Sangalo, KLB, Leonardo (em Marcas da Vida), Paulo Ricardo, Rick & Renner, Sérgio Reis, Xuxa e Zezé Di Camargo & Luciano. O roteiro mescla temas religiosos com músicas de Roberto Carlos. O lançamento será feito pela gravadora Sony BMG até o final do ano.

Toquinho toca choro em DVD captado na Suíça

A gravadora Coqueiro Verde dá continuidade à série de DVDs intitulada Live @ RTSI - que perpetua os especiais idealizados para a Televisione Svizzera, na Suíça - com a edição do programa gravado por Toquinho em 8 de junho de 1983. Em roteiro que agrega 36 músicas em 33 números, o cantor, compositor e violonista extrapola seu farto repertório de sucessos. Toquinho apresenta sua visão para temas de Ary Barroso (Na Baixa do Sapateiro, Olhos Verdes), Baden Powell (Lapinha, Formosa, Berimbau) e Paulinho da Viola (Sinal Fechado). A surpresa é o set de choro em que, ao lado da cavaquinista Luciana Rabello, Toquinho revive temas do gênero como Beliscando e o clássico Brasileirinho. O especial já havia sido editado em DVDs vendidos em bancas de jornais. Esta atual reedição tem caráter mais oficial.

20 de abril de 2008

Pêra tira maquiagem ao contar a saga frenética

Resenha de livro
Título: As Tais Frenéticas - Eu Tenho uma Louca Dentro de mim
Autor: Sandra Pêra
Editora: Ediouro
Preço: R$ 49, 90
Páginas: 224
Cotação: * * * 1/2

Em 5 de agosto de 1976, seis mulheres soltas na vida bancaram as garçonetes-cantoras da discoteca que Nelson Motta abria no então seminal Shopping da Gávea, situado num dos bairros mais nobres da Zona Sul do Rio de Janeiro. Nem elas sabiam que iam virar a mesa. Mas viraram a música brasileira de pernas pro ar, embaladas em meias de náilon que viraram símbolos daqueles dancin' days. É essa história de magia que Sandra Pêra, uma daquelas seis mulheres, revive em seu recém-editado livro As Tais Frenéticas - Eu Tenho uma Louca Dentro de mim.
A autora narra na primeira pessoa a saga do sexteto feminino As Frenéticas, que, além de Pêra, trazia na sua formação original Dudu, Edir, Leiloca, Lidoka, Regina e Sandra. Como os shows feitos pelo grupo na Frenetic Dancin' Days Discotheque encantavam mais os freqüentadores da casa do que a agilidade das garotas como garçonetes, as seis subiram literalmente no salto e injetaram alegria, irreverência e sensualidade numa música brasileira que não podia sorrir por conta das patrulhas ideológicas daqueles anos de repressão. Até então, somente a mutante Rita Lee tinha se dado ao desfrute libertário e subvertia a regra de que mulheres deviam cantar samba ou música romântica (mesmo as garotas papo firme da Jovem Guarda ensaiaram rebeldia devidamente controlada por suas mamães e pelo próprio sistema). Não por acaso, Rita acabou tendo sua trajetória entrelaçada com a das Frenéticas. O nome da Ovelha Negra consta nos créditos de músicas como Perigosa - o primeiro grande hit do grupo - e Fonte da Juventude, outra delícia do histórico LP de estréia das moças.
O sucesso na discoteca gerou tititi e um contrato com a gravadora WEA ainda em 1976. E, a partir do compacto que trazia A Felicidade Bate à sua Porta (de Gonzaguinha, compositor que seria recorrente no repertório do sexteto), o trem da alegria partiu veloz em direção a todo o Brasil. Com fluência, numa narrativa estruturada em tópicos que evoca a forma de um almanaque, com direito a incontáveis fotos, Sandra Pêra tira a maquiagem das Frenéticas e conta a história, revelando os meandros que as uniram (todas estavam desempregadas quando Nelson Motta teve a idéia de criar as garçonetes-cantoras), a sedução do sucesso, o conseqüente envolvimento com as drogas e o dissabor dos primeiros fracassos, quando a magia dos dancin' days já começava a se dissipar. Além do afeto que envolve as seis.
As Tais Frenéticas é interessante livro de memórias escrito em tom coloquial e informal, sem grandes rigores estilísticos. Não é uma reportagem que oferece a visão de todos os lados. A autora nunca abre mão do texto na primeira pessoa, mas a riqueza de detalhes de sua memória privilegiada permite a reconstituição dos fatos, dispostos no livro em ordem cronológica. E cada uma das (muitas) fotos ajuda a visualizar o que a autora relata no texto. Por ter vivido a própria história, falta algumas vezes à autora a visão crítica de quem estava fora da festa. Exemplo é o entusiasmo com que ela se refere à música É que Nessa Encarnação Eu Nasci Manga, composta por Luli e Lucina. Gravada pelas Frenéticas em seu terceiro álbum (Soltas na Vida, 1979), a música foi erroneamente escolhida pela WEA (a véia, como Sandra se refere jocosamente à gravadora hoje denominada Warner Music) sem ter o mesmo forte apelo de Perigosa, Dancin' Days e O Preto que Satisfaz, sucessos dos dois primeiros álbuns. A recepção morna da música e do terceiro LP foi o início do fim. As Frenéticas ainda abriram suas asas nos anos seguintes, mas o vôo nunca mais foi tão alto - em que pese bom álbum em torno da obra de Lamartine Babo (Babando Lamartine, 1980) injustamente inédito em CD.
A autora também aborda em As Tais Frenéticas as posteriores tentativas de reagrupar o grupo para evocar a magia dos dancin' days. A que repôs o grupo em real evidência aconteceu em 1992, quando as Frenéticas foram convocadas para gravar a música Perigosas Peruas para a abertura da novela homônima exibida pela Rede Globo naquele ano. A gravação rendeu coletânea, As Mais Gostosas das Frenéticas, turbinada com três músicas inéditas. Mas o revival foi efêmero. Em seu testemunho, a autora garante que percebera desde o início dos anos 80 que a festa do grupo já se aproximava do fim. Ficaram as memórias daqueles frenéticos dias dançantes, contadas por Sandra Pêra neste livro de caráter afetivo que documenta bem a saga daquelas pretensas seis garçonetes que - sem planejar uma revolução - viraram a mesa...

DVDs passam em revista 35 anos de McCartney

Resenha de DVD
Título: The McCartney
Years
Artista: Paul McCartney
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Ora lançado no Brasil via Warner Music, o DVD triplo The McCartney Years monta completo painel dos 35 primeiros anos da carreira solo de Paul McCartney. O capricho da edição já é perceptível no texto e na cronologia da vida profissional do artista apresentados no libreto encartado na embalagem em digipack deste luxuoso combo triplo. Os dois primeiros discos exibem 42 clipes - 21 em cada um - que podem ser vistos em ordem cronológica ou em disposições sugeridas por McCartney, que gravou comentários sobre cada vídeo especialmente para o DVD. Os 42 clipes englobam um período que vai de 1970 a 2005, quando McCartney gravou o álbum Chaos and Creation in the Backyard, cuja gestação é tema de um filme exibido nos extras do segundo DVD. Para quem curte as deliciosas silly love songs do ex-Beatle, os clipes são irresistíveis, ainda que o padrão estético de um ou outro vídeo tenha gosto duvidoso. Para quem dispensa os clipes e prefere shows, The McCartney Years oferece no terceiro disco registros de três apresentações do artista em décadas distintas. A seqüência mais valiosa, por ser a mais antiga, é Rockshow, captada em 1976 durante turnê mundial dos Wings. Unplugged perpetua quatro números do acústico gravado pelo cantor em 1991 sob a chancela da MTV. Já Glastonbury reúne 11 números - sendo que seis são do repertório dos Fab Four - capturados em 2004 no Festival de Glastonbury. Enfim, um DVD irresistível para quem entende que os anos de Sir Paul McCartney continuaram inspiradores inclusive depois da dissolução dos Beatles, em 1970.

Turnê de Aznavour pelo Brasil motiva coletânea

A passagem da última turnê de Charles Aznavour pelo Brasil neste mês de abril de 2008 - o cantor e compositor francês está se apresentando em cinco capitais brasileiras de 17 a 29 de abril com sua Farewell Tour - motivou a gravadora Som Livre a editar, numa parceria com a EMI Music, nova e bem-vinda coletânea do chansonnier francês. Charles Aznavour Classic - Tour Brasil reúne 16 fonogramas originais da discografia do artista. Destes, quatorze foram gravados entre 1961 e 1975. As exceções são The Old Fashioned Way - apresentada em registro de 1990 - e Plus Bleu que tes Yeux, fonograma de 1997 que forja um dueto de Aznavour com Edith Piaf (1915 - 1963). A seleção inclui standards do compositor como Que C'est Triste Venise (1964), La Bohème (1965), Hier Encore (1964) e If Faut Savoir (1961). Detalhe: She, um dos maiores sucesssos de Aznavour, aparece em sua versão original em francês, Tous Les Visages de L'Amour, de 1974. Ouça!

Daniel fala de amor com as palavras de Wando

Enquanto se prepara para viver o boiadeiro Diogo na refilmagem de O Menino da Porteira, sucesso popular do cinema brasileiro em meados dos anos 70 que sedimentou a carreira sertaneja de Sérgio Reis, Daniel lança em maio seu 14º disco solo, Difícil Não Falar de Amor, cuja faixa-título já foi enviada às rádios pela Warner Music para promover o CD. O repertório é quase todo de inéditas, mas inclui regravação de Moça, sucesso de Wando em 1975, popularizado na trilha da novela Pecado Capital. Entre as 17 músicas do disco, assinadas por autores como Peninha e Rick (produtor do álbum), há Amiga, Matemática, Sempre Vou te Amar, Judieira , Fórmula Secreta, Pode Ser e Coração de Menino.