2 de maio de 2009

Herbert planeja regravar hits no quarto CD solo

Herbert Vianna planeja gravar seu quarto CD solo até o fim deste ano de 2009. O sucessor de Ê Batumaré (1992), Santorini Blues (1997) e O Som do Sim (2000) vai ser feito no estilo voz-e-violão. A idéia do compositor é regravar canções de sua autoria que foram sucesso em vozes alheias. Entre elas, Se Eu Não te Amasse Tanto Assim - hit do primeiro disco solo de Ivete Sangalo.

Ataulfo 100 Anos: a cadência original do bamba

Morto há 40 anos, em 20 de abril de 1969, em decorrência de complicações originadas de uma úlcera, Ataulfo Alves completaria 100 anos neste sábado, 2 de maio de 2009. Algumas páginas de sua obra autoral - Na Cadência do Samba, Mulata Assanhada e, claro, Ai... que Saudades da Amélia! - já são suficientes para garantir ao compositor um lugar de honra na história do samba. Contudo, o fato é que o cancioneiro de Ataulfo Alves - a rigor, de todo ainda bem pouco conhecido pelas novas gerações - extrapola o samba. Mineiro de Miraí, pacata cidade interiorana que evocou em temas nostálgicos como Meus Tempos de Criança e Saudades da Professorinha, Ataulfo - impregnado da cadência ruralista das Geraes - se aventurou também por outros ritmos no ofício da composição, iniciado por ele ainda nos anos 20. Com maestria, ele fez inclusive as inevitáveis incursões pelo universo do samba-canção, garantindo sucessos para cantores-medalhões de sua época com Orlando Silva (Errei, Erramos) e Dalva de Oliveira (Errei Sim). Dentro da cadência do samba mais tradicional, Ataulfo soube imprimir grife de marca pessoal. Muitos de seus sambas têm levada ligeiramente mais lenta - influência provável da música mineira - sem tangenciar os contornos típicos do samba-canção. Enfim, um estilista dos finos. Que merecia ser mais lembrado pela indústria fonográfica no ano de seu centenário de nascimento. A cadência do samba de Ataulfo foi muito original.

'Voltaic' de Björk gira em torno da 'Volta Tour'

Com lançamento agendado para junho de 2009, mas já vazado esta semana na internet, Voltaic é um box que embala dois CDs e dois DVDs com registros ao vivo e de estúdio da turnê do último álbum de Björk, Volta, editado em 2007. O CD 1 apresenta versões de estúdio de 11 números extraídos do roteiro da Volta Tour enquanto o CD 2 toca 12 remixes de faixas do bom álbum original. Já o DVD 1 exibe registros ao vivo do show. São 17 músicas captadas em Paris, na França, e oito gravadas na Islândia, país natal da artista. Por fim, o DVD 2 inclui dois documentários, os seis clipes originados do repertório de Volta e mais 10 vídeos.

Casuarina faz DVD com Moska, Silva e Moinho

O quinteto carioca Casuarina vai gravar seu primeiro DVD em show inédito na Fundição Progresso, no Centro do Rio de Janeiro (RJ). Viabilizada dentro da nova série MTV Apresenta, a gravação está agendada para a próxima terça-feira, 5 de maio de 2009. Moska, Roberto Silva, Wilson Moreira e o grupo Moinho são os quatro convidados do registro, que vai ser editado também no formato de CD - o terceiro do Casuarina, que já lançou dois álbuns de estúdio pela gravadora Biscoito Fino. O repertório do grupo gravita em torno do samba de várias gerações - opção bem traduzida na lista de convidados. A gravação ao vivo é aberta ao público. Já há ingressos à venda por R$ 15.

1 de maio de 2009

Debaixo de chuva, os cariocas ovacionam Ivone

"Ivone! Ivone!". Mesmo debaixo da chuva que (quase) não deu trégua durante as duas horas e meia do show comandado por Beth Carvalho na Quinta da Boa Vista (RJ) na tarde desta sexta-feira, 1º de maio de 2009, o público carioca saudou Ivone Lara, uma das convidadas de Beth na Festa do Trabalhador. Ivone, Monarco e Nelson Sargento participaram do longo bloco em que a anfitriã simulou um ambiente de botequim no palco. Sargento apresentou sozinho Falso Amor Sincero e, em dueto com Beth, reviveu o samba mais conhecido de seu repertório, Agoniza mas Não Morre, gravado pela sambista em 1978 no álbum De Pé no Chão.
Do alto de seus 88 anos, Ivone Lara reafirmou sua majestade ao dividir com Beth os vocais de Mas Quem Disse que Eu te Esqueço? - parceria bissexta da compositora com Hermínio Bello de Carvalho. Sozinha, sentada numa cadeira do estilizado botequim improvisado no palco, Ivone apresentou medley que juntou seus sambas Acreditar e Sonho Meu. O público fez coro, forte, nos dois.
Terceiro e último convidado desse bloco, Monarco cantou Vai Vadiar e Coração em Desalinho, infalíveis sambas de sua autoria, propagados na voz de Zeca Pagodinho, ausência sentida na festa...

Beth faz festa no Rio com Arlindo, Diogo e Dudu



Arlindo Cruz, Diogo Nogueira e Dudu Nobre integraram o time de convidados do show Festa do Trabalhador, comandado por Beth Carvalho na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, na tarde desta sexta-feira, 1º de maio de 2009. Arlindo foi o último convidado a ser chamado ao palco pela cantora. Com Beth, ele cantou O Show Tem que Continuar. Sozinho, fez um set consagrador em que enfileirou sucessos como O Meu Lugar, Camarão que Dorme a Onda Leva, S.P.C. e Samba de Arerê. Ao recordar Bagaço da Laranja, Arlindo lembrou também o suingue da hábil partideira Jovelina Pérola Negra (1944-1998) nos pagodes da vida. Arrasou!
Primeiro convidado a dividir o palco com Beth, Dudu Nobre fez dueto com a sambista em Goiabada Cascão, o partido alto de Wilson Moreira e Nei Lopes que Beth gravou em 1978 no álbum De Pé no Chão e que Dudu rebobinou em gravação ao vivo editada em 2004. Sozinho, o cantor apresentou Tempo de Don Don e A Grande Família, sambas que também regravou com êxito.
Entre Dudu e Arlindo, Diogo Nogueira subiu ao palco para fazer dueto com Beth em Deixa a Vida me Levar, samba do repertório de Zeca Pagodinho que Beth e Diogo já estão acostumados a cantar juntos. Em seu set individual, o filho de João Nogueira (1941 - 2000) lembrou uma obra-prima do pai, O Poder da Criação, e transitou pelo samba de Martinho da Vila ao interpretar Ex-Amor.

Com Beth, Luana leva (mal) o samba de Ataulfo

Como anfitriã do evento Festa do Trabalhador, comandado por ela na Quinta da Boa Vista (RJ) na tarde chuvosa de 1º de maio de 2009, Beth Carvalho aproveitou a oportunidade para apresentar sua filha, Luana Carvalho, ao grande público que compareceu ao show gratuito. Luana, que já tinha ensaiado uma breve carreira de cantora antes de se aventurar como atriz, está voltando a apostar na música. Com o aval materno, ela cantou Leva meu Samba, um dos temas mais conhecidos do repertório de Ataulfo Alves (1909 - 1969). Luana e Beth reproduziram no palco o dueto gravado para o CD duplo que celebra o centenário de nascimento do compositor mineiro - em fase de produção na gravadora Lua Music. O número foi o ponto baixo do show. Sem ginga, Luana cantou de forma insossa o samba de Ataulfo, sinalizando que ainda precisa trilhar longo caminho de estudo se quiser mesmo se dedicar à profissão...

Beth festeja trabalhador e paz com a Mangueira

Na tarde desta sexta-feira, 1º de maio de 2009, Beth Carvalho comandou na Quinta da Boa Vista um dos shows organizados no Rio de Janeiro (RJ) para celebrar o Dia do Trabalho. Ao lado de convidados como Arlindo Cruz e Diogo Nogueira, a sambista (em foto de Mauro Ferreira) festejou o trabalhador - com a coerência de quem sempre defendeu a igualdade social na música e na vida - e também a paz com a escola de samba carioca Estação Primeira de Mangueira, com a qual havia rompido em 2007 por conta de desentendimentos com a antiga diretoria da agremiação. Antes de cantar Folhas Secas com o cavaquinho orgulhosamente herdado de Nelson Cavaquinho (1911 - 1986), autor do samba, a artista expressou sua felicidade por ter recebido esta semana um pedido público de desculpas do atual presidente da escola verde-e-rosa, Ivo Meirelles, em nome da agremiação, pela qual Beth vai voltar a desfilar no Carnaval de 2010. O enredo inclui um tributo à artista.

Coldplay dá CD ao vivo a quem for ao seu show

O grupo Coldplay vai dar de brinde um CD ao vivo de nove faixas aos espectadores dos próximos shows da turnê Viva la Vida. Intitulado Left Right Left Right Left, o disco também vai estar disponível para download gratuito no site oficial da banda a partir de 15 de maio de 2009. Eis as nove faixas do CD ao vivo do grupo:
* Glass of Water
* 42
* Clocks
* Strawberry Swing
* The Hardest Part / Postcards from Far Away
* Viva la Vida
* Death Will Never Conquer
* Fix You
* Death and All his Friends

30 de abril de 2009

Ná lança disco com os 'balangandãs' de Carmen

Ná Ozzetti lança CD (foto) com o registro de estúdio do show em que aborda o repertório de Carmen Miranda (1909-1955). Intitulado Balangandãs e editado pela gravadora MCD, o disco foi gravado em janeiro de 2009. O repertório traz 15 músicas extraídas do roteiro do show Ná Ozzetti Canta Carmen Miranda, que, após estrear em 17 de julho de 2008, em Curitiba (PR), já passou por capitais como Rio de Janeiro e São Paulo (clique aqui para ler a resenha da estreia carioca). Eis as músicas do disco e seus autores:
1. Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937)
2. Camisa Listrada (Assis Valente, 1937)
3. Tic Tac do meu Coração (Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho,
1935)
4. Disseram que Eu Voltei Americanizada (Luiz Peixoto e Vicente
Paiva, 1940)
5. Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938)
6. ...E o Mundo Não se Acabou (Assis Valente, 1938)
7. Ao Voltar do Samba (Synval Silva, 1934)
8. Na Batucada da Vida (Ary Barroso e Luiz Peixoto, 1934)
9. Diz que Tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940)
10. A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939)
11. Recenseamento (Assis Valente, 1940)
12. O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937)
13. Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu, 1935)
14. Chattanooga Choo-Choo (Harry Warren, M. Gordon e Aloysio
de Oliveira, 1942)
15 Adeus Batucada (Synval Silva, 1935)

Ceumar investe em seu nome de compositora

Ceumar investe em repertório exclusivamente autoral no seu quarto álbum, Meu Nome, nas lojas em maio de 2009. Produzido pelo holandês Ben Mendes, o sucessor do ótimo Achou! (2006) tem 20 faixas, das quais oito são assinadas somente pela cantora que se assume de vez compositora. Nas outras 12, a artista apresenta parcerias com nomes como Dante Ozzetti, Gero Camilo, Kléber Albuquerque, Mathilda Kóvak, Sérgio Pererê, Tata Fernandes e o pianista cubano Yaniel Matos. Para promover o lançamento do disco, Ceumar faz temporada de duas semanas (de 8 a 17 de maio) no paulista Teatro Fecap, onde Meu Nome foi gravado em 2008.

Dolores exibe entre amigos precisão de sua voz

Resenha de CD
Título: Dolores
entre Amigos
Artista: Dolores Duran
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * *

Dolores Duran (1930 - 1959) passou com razão para a história da música brasileira como a compositora inspirada que desafiou a lógica machista - ainda imperante nos anos 50, a despeito do pioneirismo de Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935) - de que a atividade de fazer música era natural e exclusivamente masculina. Dolores foi a fina estilista que deu ao samba-canção - gênero que tinha acabamento tosco nas mãos de compositores menos talentosos - peças de alta costura melódica como Fim de Caso e Castigo. Decorridos 50 anos da morte da autora da obra-prima A Noite do meu Bem, é difícil imaginá-la como uma intérprete versátil, de voz precisa, capaz de entoar com emissão límpida um clássico da canção norte-americana como Over the Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg). Pois este é o maior mérito do CD Dolores Entre Amigos, editado esta semana pela gravadora Biscoito Fino. A precisa intérprete Dolores - ouvida em dez faixas recuperadas de inédita gravação feita em fita por Geraldo Casé num sarau caseiro que ocorreu entre 1958 e 1959 - salta aos ouvidos neste álbum de valor documental imensurável. As gravações vieram à tona em pesquisa realizada pela jornalista Ângela Almeida para a produção de uma ainda inédita biografia da parceira de Tom Jobim (1927 - 1994) em Estrada do Sol e Por Causa de Você. Nessa sessão caseira, Dolores é acompanhada por extraordinário trio formado pelos violonistas Baden Powell (1937 - 2000) e Manoel da Conceição (1930 - 1996) - o Mão de Vaca - e por Chiquinho do Acordeom (1928 - 1993). Em clima de jam session, a compositora se mostra à vontade na arte do scat singing ao interpretar How High the Moon (Nancy Hamilton e Morgan Lewis) e na refinada corrente melódica de Cry me a River (Arthur Hamilton). Como a sanfona era o instrumento da moda nos anos 50 da fase pré-Bossa Nova, Chiquinho do Acordeom marca presença nos registros de Mocinho Bonito (samba de Billy Blanco, compositor assíduo no repertório da Dolores intérprete), Neste Mesmo Lugar (samba-canção de Armando Cavalcanti e Klécius Caldas) e de trecho do Hymne a l'Amour (Edith Piaf e Marguerite Monnot). A qualidade do áudio é excelente - levando-se em conta que a gravação é caseira e tem pelo menos 50 anos - e valoriza esta relíquia fonográfica, que preserva inclusive alguns diálogos da gravação. Ouvir Dolores esbanjar leveza e suingue na interpretação de Cheek to Cheek (Irving Berlin) é um prazer que não tem preço. E, para aumentar ainda mais o valor documental do álbum, Dolores Duran entre Amigos traz três preciosas faixas-bônus, captadas em 1949 e 1953 em sessões informais no apartamento do casal Raul e Helenita Marques de Azevedo. Dolores - que, na época da gravação de 1949, ainda adotava seu nome de batismo, Adiléia Silva da Rocha, e não tinha iniciado carreira como cantora (ela começaria a gravar em 1951) - entoa Body and Soul na companhia do piano de Jaques Klein (1930 - 1982). Além deste standard jazzístico, Dolores canta dois temas de Billy Blanco, Eu sem Você e Praça Mauá, com o violão do autor. O set de 1949/1953 reforça a imagem melancólica erroneamente associada a Dolores Duran, mas o registro do fim dos anos 50 adiciona cores e alegria nessa imagem com que a artista costuma ser retratada - a despeito de álbuns como Dolores Duran Canta para Você Dançar (1957). Em ambos, contudo, paira a qualidade precisa e excepcional das interpretações de Dolores, reafirmando (e mesmo revelando) que a cantora era tão inspirada quanto a compositora.

Vanessa lança gravação ao vivo sem 'Esperança'

Já nas lojas, editada pela Sony Music em CD (capa à direita) e em DVD, a gravação feita por Vanessa da Mata para a série Multishow ao Vivo - que vai ao ar nesta quinta-feira, 30 de abril de 2009, no canal de TV Multishow - terminou sendo finalizada sem a única música inédita, Esperança, de início programada no repertório. A cantora tinha planejado gravar a música em estúdio, com a dupla jamaicana Sly & Robbie, mas Esperança acabou não entrando na seleção final. Não há músicas inéditas no roteiro, mas, sim, três novidades na voz da intérprete - casos de Acode (tema da própria Vanessa, lançado pela cantora Shirle de Moraes), As Rosas Não Falam (Cartola) e Um Dia, um Adeus (Guilherme Arantes). Tanto CD quanto DVD têm (ambiciosa) tiragem inicial de 100 mil cópias.

29 de abril de 2009

Calcanhotto encerra festival de cinema em Paris

Adriana Calcanhotto (acima em foto de Gilda Midani), Domenico Lancellotti e Moreno Veloso vão encerrar em 12 de maio de 2009 - com uma apresentação do show + 3 no bar-restaurante francês Favela Chic - a 11º edição do Festival do Cinema Brasileiro de Paris, que estreou nesta quarta-feira, 29 de abril, na capital francesa. Além de fazer o show, Calcanhotto vai apresentar o documentário Palavra Encantada. O filme de Helena Solberg e Márcio Debelian - que tem a artista entre os nomes que discutem as relações entre música e poesia - é um dos 30 títulos que serão apresentados em Paris. Boa parte dos filmes - Contratempo, O Mistério do Samba, Coisa Mais Linda e Jards Macalé: um Morcego na Porta Principal, entre eles- põe a música em foco.

Sinfonia jazzística dos Belmondo embala Milton

Resenha de CD
Título: Milton
Nascimento & Belmondo
Artista: Milton
Nascimento, Lionel
Belmondo e Stéphane
Belmondo
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Em 1968, um ano depois de ter sido projetado em todo o Brasil com Travessia, Milton Nascimento já gravou álbum, Courage, para os Estados Unidos, a convite de Eumir Deodato. O pianista logo percebeu o alcance mundial da obra do compositor. E não seria o único. Por conta de sua inusitada costura harmônica, alinhavada com referências do jazz e da música erudita, a música de Milton logo extrapolou as fronteiras brasileiras. Sobretudo depois que o saxofonista Wayne Shorter lançou em 1975 um álbum, Native Dancer, centrado na figura e na música do mais mineiro dos artistas cariocas. O CD Milton Nascimento & Belmondo - ora editado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino - é uma extensão dessa travessia planetária que já ultrapassa quatro décadas. Foi gravado em setembro de 2007 na França por feliz iniciativa dos irmãos Lionel (sax e flauta) e Stéphane (flugelhorn, instrumento de sopro da família do trompete) Belmondo, muito conhecidos no restrito meio jazzístico francês. O álbum é elegante.

O cancioneiro de Milton é embalado por refinada sinfonia jazzística. Com os improvisos feitos no toque de seus instrumentos de sopro, os Belmondo interagem com as cordas da Orchestre National d'Ile-de-France, orquestradas pelo maestro Christophe Mangou. Somente a abertura e o encerramento do disco - quando a melodia de Ponta de Areia é soprada pelos Belmondo - já valem Milton Nascimento & Belmondo. Os irmãos jazzistas buscam - e acham - novas possibilidades harmônicas para temas como Milagre dos Peixes (cuja introdução ostenta um falsete de Milton), Nada Será Como Antes, Morro Velho (faixa em que as cordas soam especialmente classudas) e Fé Cega, Faca Amolada. Nada soa como antes, mas os Belmondo não caem na tentação pura e simples de desfigurar o cancioneiro do compositor. As músicas estão plenamente reconhecíveis, por mais que a embalagem seja outra. E mesmo que a voz metálica do cantor não brilhe como nos tempos áureos, os vocalises sustentados por ele em Oração - faixa de tom sacro de autoria de Christophe Dal Sasso - sinalizam que a voz de Milton é também um poderoso instrumento que ajuda a encontrar outros caminhos harmônicos para suas músicas numa original travessia pautada pela devoção dos Belmondo à sua obra.

Especial de Paralamas com Legião já é histórico

Resenha de CD / DVD
Título: Legião
Urbana e Paralamas
Juntos
Artista: Legião
Urbana e Paralamas
do Sucesso
Gravadora: Globo
Marcas / EMI Music
Cotação: * * * *

Em 3 de setembro de 1988, quando foi ao ar pela primeira e única vez na Rede Globo, o especial Paralamas e Legião Juntos era tão somente o retrato de duas bandas que haviam crescido juntas e, naquele momento, viviam fase de grande vigor que - sabe-se hoje - representaria o auge criativo dos dois grupos, ícones da geração roqueira que despontou na década de 80 no rastro da explosão pop da Blitz. Decorridos 21 anos, a edição em DVD do programa dirigido por Jodele Larcher e Roberto Talma - com roteiro assinado por Jodele com o jornalista Tom Leão - dá justo caráter histórico ao programa. O Brasil era um caldeirão em ebulição naquele ano de 1988 por conta da falência dos sonhos políticos e econômicos originados da dita Nova República. E uma das boas músicas que traduziu com fidelidade a ressaca nacional - ao lado do samba roqueiro Brasil (Cazuza, George Israel e Nilo Romero) e de Desordem, música que os Titãs haviam lançado um ano antes - foi Que País É Este?, o tema punk da banda Aborto Elétrico que, gravada em 1987 pela Legião, adquiriu aura incendiária naquele país embebido em corrupção e desilusão. Que País É Este? - vista e ouvida também nos extras do DVD no clipe gravado pela banda de Renato Russo (1960 - 1996) para o programa Fantástico - é, não por acaso, um número catártico do especial, perpetuado no kit de DVD com CD Legião Urbana e Paralamas Juntos, já à venda.

É pena que a imagem do programa não tenha sido especialmente tratada para o DVD. Já o áudio foi remasterizado e está tinindo. A rigor, as duas bandas se encontram somente no tema de abertura - que costura citações de Led Zeppelin (The Song Remains the Same), Jimi Hendrix (Purple Haze) e Beatles (Get Back), entre outros clássicos do rock - e no explosivo número final, quando tocam Ainda É Cedo (hit inicial da Legião) com citação de Jumpin' Jack Flash. Há, no meio, o encontro de Herbert Vianna com Renato Russo em Nada por mim. Emoldurada pelos acordes da guitarra do paralama, a voz do legionário entoa nervosamente a balada composta por Herbert com Paula Toller para Marina Lima. No mais, são números individuais nos quais se pode conferir a pegada desde sempre azeitada dos Paralamas do Sucesso. O power trio manda ver em músicas como O Beco, Alagados e Depois que o Ilê Passar (tema do bloco afro-baiano Ilê Ayiê que a banda nunca gravou e que aparece editado com desleixo no especial). Com menor exuberância técnica, a Legião Urbana já começava a ficar marcada no momento da gravação pela aura messiânica que ia envolver progressivamente as interpretações e a figura de Renato Russo. Enfim, um registro essencial de uma época em que o rock brasileiro fervia sem pretensão de ser moderno e cool. Histórico!!!

Filme de Marisa chega ao DVD com mais cenas

Filme idealizado por Marisa Monte para desvendar histórias e obras nobres da Velha Guarda da Portela, O Mistério do Samba ganha edição em DVD com cenas adicionais nos extras. Entre elas, um solo do pandeiro personalíssimo de Argemiro Patrocínio (1923 - 2003), captado em estúdio. Há também takes adicionais em que Jair do Cavaquinho (1920 - 2006) experimenta um terno e conta que, certa vez, esqueceu de levar um dos pares de sapato branco para um show da Velha Guarda da Portela na Bahia e, lá, teve que comprar outro, que custou "quase a metade do cachê". O DVD também inclui o clipe de Volta - samba de Manacéa (1921 - 1995), encontrado durante a realização do documentário - e oferece a oportunidade de o espectador ouvir direta e aleatoriamente 14 músicas incluídas no filme. Entre elas, Sofrimento de Quem Ama, o samba de Alberto Lonato (1909 - 1999) que Marisa canta no filme em dueto com Paulinho da Viola. Dirigido por Carolina Jabor com Lula Buarque de Hollanda, O Mistério do Samba foi produzido pela Conspiração Filmes com a empresa Phonomotor, de Marisa, que viabilizou a filmagem e a edição com patrocínio obtido através do projeto Natura Musical.

Relação de Andersen com Lind inspira Costello

Com um desenho do ilustrador e cartunista Tony Millionaire na capa, o álbum country que Elvis Costello vai lançar em 1º de junho de 2009 alude no título - Secret, Profane & Sugarcane - a um espetáculo idealizado, porém (ainda) não concluído, pelo artista para a Royal Danish Opera sobre a vida do escritor e poeta dinamarquês Hans Christian Andersen (1805 - 1875). Quatro das 13 músicas do disco - She Handed me a Mirror, How Deep Is the Red, She Was no Good e Red Cotton - são oriundas desse trabalho e abordam passagens do relacionamento de Hans Andersen com a cantora lírica Jenny Lind (1820 - 1887). Produzido por T Bone Burnett e gravado em apenas três dias numa sessão no Sound Emporium Studio, em Nashville (EUA), o CD inclui parcerias de Costello com Loretta Lynn (I Felt the Chill) e com o próprio Burnett (Sulphur to Sugarcane e The Crooked Line). A propósito, The Crooked Line ostenta vocais da cantora Emmylou Harris, estrela da música country com quem Costello já gravara anteriormente. O CD vai ser editado pelo selo Hear Music.

28 de abril de 2009

Álbum satânico dos Stones influencia Kasabian

Com lançamento agendado para 8 de junho de 2009, o terceiro álbum do grupo inglês Kasabian, West Ryder Pauper Lunatic Asylum, tem a arte de sua capa (foto) assumidamente inspirada na capa de Their Satanic Majesties Request, o LP psicodélico lançado pelos Rolling Stones em 1967. Artes à parte, o primeiro single do disco do Kassabian, Fire, vai ser editado em 1º de junho.

Gal volta aos palcos como convidada de Dionne

Reclusa nos últimos anos para se dedicar ao filho que adotou, Gal Costa vai voltar aos palcos como convidada de Dionne Warwick em show que estreia no Rio de Janeiro (em 7 de maio, na casa Vivo Rio), passa por Curitiba (em 8 de maio, no Teatro Positivo), chega a São Paulo (em 9 de maio, na casa HSBC Brasil) e sai de cena em Porto Alegre (em 12 de maio, no Teatro do Sesi). Aquarela do Brasil - o samba-exaltação de Ary Barroso que deu título a discos lançados tanto por Gal (em 1980) como por Dionne (em 1995) - é um dos duetos previstos no show.
E por falar em Gal, a cantora vai estar presente no próximo DVD do cantor baiano Ricardo Chaves. A cantora - prima de Chaves - ficou de gravar, em estúdio, participação na música Sorriso Lindo.

Nogueira dá sotaque caipira a Lennon e a Elton

Resenha de CD
Título: Versão Acústica 4
Artista: Emmerson
Nogueira
Gravadora: Sony Music
Cotação: * 1/2

O artista mineiro Emmerson Nogueira se transformou nesta década no mais bem-sucedido cantor de covers do mercado fonográfico brasileiro. Versão Acústica 4 é o quarto título da série que lhe deu projeção nacional, mas já é o nono álbum da discografia de Nogueira. Em seu fraco CD anterior, Dreamer (2008), o artista mostrou sua intimidade com a viola caipira no tema instrumental, La Viola, que fechava o disco. Pois é esta viola caipira de 10 cordas que domina os arranjos de Versão Acústica 4, dando à boa parte do repertório um sotaque interiorano. Rocket Man, o hit de Elton John, ganhou ares de toada. Stand by me - tema do repertório de John Lennon - também ganhou clássico revestimento caipira. E, justiça seja feita, mesmo patinando na trilha rasteira dos covers, há neste disco um maior cuidado com os arranjos, inclusive os vocais, como pode ser percebido nas versões de El Condor Pasa (If I Could) - a música propagada pela dupla Simon & Garfunkel - e de Shine on You Crazy Diamond (Pink Floyd). Há até tentativas de voos estilísticos mais altos, como o realizado em Coming up (Paul McCartney), faixa em que o acordeom bem pilotado por Ricardo Itaborahy conjuga referências de tango, blues e baião. No todo, o quarto CD da série soa menos banal (e tosco) do que os anteriores.

Dylan persegue modernidade atemporal dos 50

Resenha de CD
Título: Together
Through Life
Artista: Bob Dylan
Gravadora: Columbia
/ Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Nas lojas dos Estados Unidos a partir desta terça-feira, 28 de abril de 2009, o 33º álbum de estúdio de Bob Dylan, Together Through Life, não é trabalho tão coeso quanto os três últimos álbuns do artista. Mesmo sem atingir o nível da excepcional trilogia formada por Time out of Mind (1997), Love and Theft (2001) e Modern Times (2006), Together Through Life é um álbum de Dylan e, como tal, tem um peso já natural e suscita discussões no universo pop - como acontece com um álbum de Caetano Veloso na cena brasileira, por exemplo. Em entrevista publicada em seu site oficial, Dylan cita como influência os "velhos discos da Chess Records e da Sun Records". O artista se refere às duas gravadoras que, nos anos 50, propagaram o blues e o rock. É a modernidade atemporal dos sons e ritmos daquela década que Dylan parece perseguir no álbum, produzido pelo próprio artista sob seu recorrente pseudônimo de Jack Frost. Shake Shake Mama é rock embebido em blues em cuja letra Dylan - que já vai completar 68 anos em 24 de maio - encara os efeitos devastadores de seu tempo. Já Beyond Here Lies Nothin' - a primeira das dez faixas - é estupendo blues de pegada roqueira. Entre tema de textura country como I Feel a Changing Comin' on (no qual Dylan se orgulha de trazer "o sangue da terra na voz" em verso de letra que vai soar apressadamente como uma saudação à chegada de Barack Obama à presidência dos EUA) e balada sobre perda como Forgetful Heart (na qual se ouve a guitarra distorcida que pontua boa parte das músicas), Together Through Life deixa no ar a sensação de que tudo já foi feito e cantado por Dylan com mais poesia e profundidade. Lenta balada que motivou a gravação do álbum ao ser composta por Dylan sob encomenda para o próximo filme de Olivier Dahan, Life Is Hard - por exemplo - soa quase trivial se comparada com outros temas do cancioneiro do compositor. Contudo, Together Through Life tem lá suas particularidades. O acordeom tocado por David Hidalgo - cantor e compositor da banda Los Lobos - permeia quase todo o disco e sobressai em faixas como My Wife's Home Town, um blues à moda antiga de Chicago. This Dream of You flerta elegantemente com o som mexicano dos mariachis sem desviar Dylan da rota habitual. Foi lapidando as matrizes do rock, do blues e do country que o artista voltou à forma nos seus três álbuns anteriores. Together Through Life nunca é tão bom, mas às vezes chega perto deles...

Sertanejos dominam a trilha da novela 'Paraíso'

A novela já está no ar desde 16 de março de 2009, mas o CD com a trilha sonora caipira de Paraíso vai chegar às lojas somente nos primeiros dias de maio, com 20 fartas faixas. Os artistas sertanejos dominam a seleção musical da trama de tom rural, remake da história original do autor Benedito Ruy Barbosa, exibida em 1982 pela mesma Rede Globo que produz a nova versão. A trilha destaca Jeito de Mato - a melhor música do quinto irregular álbum da cantora Paula Fernandes - e o tema de abertura da novela, Deus e Eu no Sertão, gravado por Victor & Leo, dupla presente também na trilha sonora com Nada Normal. Curiosidade: Chico Teixeira, o intérprete da faixa O Contador de Causo, é o filho de Renato Teixeira, cantor e compositor identificado com a melhor música de tom ruralista. Eis as 20 faixas do disco, editado pela Som Livre:
1. Nada Normal - Victor & Leo
2. Jeito de Mato - Paula Fernandes
3. Coração Só Vê Você - João Bosco & Vinicius
4. Faça Alguma Coisa - Zezé Di Camargo & Luciano
5. Deus e Eu no Sertão - Victor & Leo
6. Longe - Leonardo
7. Meu Dengo - Tânia Mara
8. Paraíso - César Menotti & Fabiano
9. Chuá, Chuá - Chitãozinho & Xororó
10. Mulher pra Namorar - Janaína Kais
11. Ah, que Deus É Esse? - Zé Henrique & Gabriel
12. Linda Menina - Roger & Robson
13. Pitangueira - Monique Kessous
14. Sertaneja - Fiorante & Guimarães
15. Traz de Volta a Minha Vida - Enzo & Rodrigo
16. Ordem Natural das Coisas - Rodrigo Sater
17. A Fé - Zé Geraldo
18. O Contador de Causo - Chico Teixeira
19. Anunciação - Yassir Chediak
20. Por Causa de Você - The Originals (com Almir Bezerra)

Luisa manda beijo e um (bom) segundo álbum

Resenha de CD
Título: ...Luisa Mandou
um Beijo...
Artista: Luisa Mandou
um Beijo
Gravadora: Midsummer
Madness
Cotação: * * *

Banda surgida na cena indie carioca em 1999, Luisa Mandou um Beijo completa dez anos de vida com três discos na bagagem (incluindo o EP inicial), convites para coletâneas estrangeiras e certa aura hype alimentada desde o primeiro álbum, Luisa Mandou um Beijo, editado em 2005 com repercussão na internet. A boa impressão do álbum anterior é confirmada no atual, cujo repertório é formado por 14 inéditas da lavra dos músicos, com destaque para Borboleta Imperial. O suingue da guitarra de Fernando Paiva, líder e mentor da banda, sobressai em faixas como o rock Cosquinhas de Manhã (S.M.). Já temas como Mar Bravio destacam o trompete de Daniel Paiva, o Shockbrou. Aliás, os arranjos de metais que adornam músicas como Na Capital remete às produções de Kassin e Cia. É difícil também não conectar Luisa Mandou um Beijo ao quarteto Los Hermanos, especialmente na carnavalesca A Odalisca e o Pirata, que evoca o clima do já clássico álbum Bloco do Eu Sozinho (2001). Mas a folia de Luisa é mais romântica do que triste. A voz suave de Flávia Muniz tempera todo esse romantismo indie com delicadeza que lembra, por outro lado, as gravações do Pato Fu. Enfim, entre referências, o CD deixa a certeza de que o pop rock indie da banda tem sua originalidade e merece ser caçado na rede.

27 de abril de 2009

Tom Zé revisa, atualiza e regrava álbum de 1968

Tom Zé planeja lançar em junho o álbum Grande Liquidação 1968/2009. Trata-se de uma versão revista e atualizada de seu primeiro LP, Tom Zé, editado em 1968 em plena efervescência tropicalista - momento, aliás, que motivou a criação de música inédita, Tropicalea Jacta Est. O artista concebeu novos arranjos para músicas como Parque Industrial e atualizou as letras que falavam em temas ainda pertinentes, como a fúria consumista das metrópoles. O novo álbum vai ser editado no mercado indie pelo selo do compositor - gaiatamente intitulado Piratomze Enterprise.

Paralamas estreia site com blog, vídeos e clipes

Já está no ar o novo site oficial do grupo Os Paralamas do Sucesso. Desenvolvida pela empresa Tecnopop, com conteúdo produzido pela equipe Sobremusica, o site abriga blog, vídeos (com cenas de bastidores dos ensaios da nova turnê da banda), fotos e todos os clipes do trio carioca, inclusive o da música A lhe Esperar, carro-chefe do recém-lançado álbum de inéditas Brasil Afora. Confira!

Tiso vai produzir o álbum de inéditas de Milton

Milton Nascimento pretende gravar um CD de inéditas ainda em 2009. Vai ser o primeiro desde Pietá (2002). Caberá a Wagner Tiso - nome indissociável da obra áurea de Milton nos anos 70 - produzir o disco. O repertório vai apresentar novas parcerias do compositor com os amigos fiéis Fernando Brant, Márcio Borges e Ronaldo Bastos. Artista mineiro, parceiro de Samuel Rosa em muitas músicas do repertório do grupo Skank, Chico Amaral - já admitido como sócio do clube de parceiros amigos de Milton - também vai marcar presença na ficha técnica. O CD sairá até 2010.

Bethânia vai lançar dois álbuns ainda em 2009

A informação não é oficial, porém é certo que Maria Bethânia vai mesmo lançar no segundo semestre de 2009 dois álbuns com gravações inéditas de estúdio - a exemplo do que fez em 2006, ano em que apresentou os CDs Mar de Sophia e Pirata. O repertório selecionado pela cantora para este projeto fonográfico é essencialmente inédito. Músicas como O que Eu Não Conheço (Jorge Vercillo e J. Velloso) e Saudade (Chico César e Moska) já estão certas no repertório ao lado de composições de Adriana Calcanhotto, Paulo César Pinheiro, Vanessa da Mata e Roque Ferreira, entre outros nomes já assíduos na obra da artista.

Marina lança DVD, planeja CD e prepara livro

Marina Lima está cheia de projetos para 2009 e 2010. No segundo semestre, a cantora vai lançar - enfim! - o DVD com o registro de seu show Primórdios, captado ao vivo no palco do Auditório Ibirapuera (SP) em novembro de 2006. O DVD vai apresentar nos extras duas músicas novas. Já na sequência, talvez ainda este ano, a cantora planeja lançar um álbum de inéditas. E, para 2010, a artista prepara sua estreia no mercado literário. Marina Entre as Coisas vai ser um mix de songbook (com partituras e letras de músicas) com livro de crônicas escritas pela própria Marina. O livro é um projeto da editora Língua Geral.

26 de abril de 2009

Arlindo arma seu pagode de qualidade na MTV

Resenha de CD e DVD
Título: MTV ao Vivo
Artista: Arlindo Cruz
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * 1/2

Há cerca de 25 anos, ou até mais, Arlindo Cruz é um dos caras que mais produz samba da melhor qualidade nos quintais férteis do Rio de Janeiro. Contudo, foi preciso que a MPB (no caso, Maria Rita) desse aval ao compositor para, numa confusão de valores, Arlindo começar a ganhar espaço na mídia. No embalo dessa descoberta, o artista foi parar na MTV, registrando em 13 de novembro de 2008, no Citibank Hall de São Paulo (SP), um show que funciona como resumo de sua obra. Egresso do grupo Fundo de Quintal, Arlindo gravou ótimos discos em dupla com Sombrinha antes de partir para carreira solo que, sim, precisava de um registro ao vivo de bom nível (o anterior, Pagode do Arlindo ao Vivo, gravado em 2003, tinha acabamento tosco). Não que sejam excepcionais a imagem e o áudio desse MTV ao Vivo editado em DVD e dois CDs (vendidos separadamente), mas, ao menos, a gravação está dentro de um padrão aceitável. A felicidade de Arlindo é visível já no número de abertura. Na sequência, o artista celebra o samba e a própria obra no medley que une por afinidade temática Um Velho Malandro de Corpo Fechado e Da Melhor Qualidade. Tal medley já anuncia o tom festivo do show, que termina com o compositor rodeado no palco por colegas e familiares. Entre abraços e beijos, a interpretação de Quem Gosta de mim - um samba de versos autobiográficos que encerra o roteiro de caráter essencialmente retrospectivo - soa até prejudicada. Mas vale por expressar o afeto que o meio do samba dedica a Arlindo Cruz. Dentro desse contexto, as intervenções de Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, embora previsíveis, soam naturais. Intérprete que canta Arlindo desde os anos 80, Beth entra na segunda parte de Saudade Louca. Zeca - parceiro e amigo de primeira hora - se mostra à vontade ao versar com Arlindo no inédito partido alto Vê se Não Demora, mais uma jóia da lavra dos dois compositores. A presença do rapper Marcelo D2, no menos inspirado samba Mão Fina, também se justifica pelo fato de Arlindo ter sido apresentado ao público da MTV por conta de suas aparições em clipes de D2, como o próprio Arlindo conta em cena de forma espontânea, acrescentando que os amigos de seu filho passaram a lhe reconhecer como artista depois de sua entrada na MTV. E o fato é que, com maior ou menor visibilidade, Arlindo parece ser o mesmo cara de sempre. Entre inéditas em sua voz como Chegamos ao Fim (samba de tom mais dolente), Bom Aprendiz (parceria com o filho Arlindo Neto, convidado afetivo do medley com dois sambas-enredos da escola carioca Império Serrano) e Amor à Favela, o artista revive feliz sucessos de várias épocas e parceiros. Bem receptivo à carreira do sambista desde antes do aval da mídia, o público paulista faz coro tanto em Camarão que Dorme a Onda Leva (parceria com Zeca e Beto sem Braço) como em A Pureza da Flor (parceria com Babi e Jr. Dom). Para a platéia, Arlindo Cruz há muito já é um dos caras...

Multishow exibe especial exclusivo com Marisa

O canal de TV Multishow vai apresentar - às 21h deste domingo, 26 de abril de 2009 - um especial inédito com Marisa Monte (à direita em foto de Leonardo Aversa). Com produção da Conspiração Filmes, o programa está centrado numa entrevista concedida pela artista a Lula Buarque de Hollanda. Tal entrevista é entrecortada por imagens de arquivo que montam painel dos 20 anos de carreira da cantora. Na sequência do especial, às 22h, o canal exibe nove números do show Universo Particular - registrados no DVD Infinito ao meu Redor, lançado em 2008.

'Leite' derrama fluente jorro ilógico da memória

Resenha de livro
Título: Leite Derramado
Artista: Chico Buarque
Editora: Companhia das Letras
Cotação: * * * *

A memória é uma vasta ferida. É um pandemônio. Tais definições escapam da mente do ancião Eulálio, o protagonista do quinto envolvente romance de Chico Buarque, Leite Derramado. Com o fino acabamento recorrente na sua obra musical, o compositor tece narrativa fluente sobre os devaneios e os fatos - e o texto nunca esclarece os limites entre uns e outros - da vida de um centenário em seu leito de morte. Ao contrário do que pensa o senso comum, a memória é um arquivo ilógico. A engenhosidade do texto de Chico repousa justamente na construção de narrativa que vai e volta no tempo em questão de linhas, com naturalidade. À medida em que jorram os pensamentos nem sempre conexos de Eulálio, o leitor vai reconstituindo (na medida do possível) os fatos de sua vida e de sua família. E nem a linha do tempo surge reta. Ao esboçar o retrato de sucessivas gerações da dinastia dos Assumpção, o autor acaba por montar painéis (superficiais) ora do Rio de Janeiro colonial, ora da atual cidade partida pelo império das drogas e da violência. O parentesco da narrativa com a obra de Machado de Assis (1839 - 1908) - apontado em algumas críticas de tom superlativo por ser o autor de Leite Derramado quem é - é frágil e não se sustenta ao fim, ainda que a permanente incerteza da infidelidade da mulher de Eulálio, Matilde, remeta a Dom Casmurro. E nem é preciso forçar paralelos de tal natureza para reforçar a maestria do escritor, já que a habilidade do autor com as palavras continua ímpar e já nem surpreende - até porque, do ponto de vista das letras, a obra musical de Chico Buarque continua tão vigorosa quanto antes (o que decaiu foi a qualidade de suas melodias). Tal maestria no trato com as palavras torna prazeroso o mergulho do leitor na mente turbulenta de Eulálio e faz de Leite Derramado o melhor livro de Chico Buarque. Aos poucos, o escritor está ficando tão sedutor quanto o compositor...

Eis a capa de 'Relapse', novo álbum de Eminem

A capa de Relapse - o primeiro álbum de inéditas de Eminem em cinco anos - expõe o rosto do rapper norte-americano construído com pílulas medicinais. Nas lojas a partir de 18 de maio de 2009, em distribuição mundial orquestrada pela gravadora Universal Music, o CD inclui no repertório Crack a Bottle (a música lançada por Eminem em janeiro com intervenções dos colegas Dr. Dre e 50 Cent) e We Made You, o primeiro single oficial do álbum. Eis as 20 faixas, que incluem as quatro vinhetas que costuram o repertório:
1. Dr. West (vinheta)
2. 3 a.m.
3. My Mom
4. Insane
5. Bagpipes From Baghdad
6. Hello
7. Tonya (vinheta)
8. Same Song & Dance
9. We Made You
10. Medicine Ball
11. Paul (vinheta)
12. Stay Wide Awake
13. Old Time's Sake (com Dr. Dre)
14. Must Be the Ganja
15. Mr. Mathers
16. Deja Vu
17. Beautiful
18. Crack a Bottle (com Dr. Dre & 50 Cent)
19. Steve Berman (vinheta)
20. Underground (Ken Kaniff)