19 de junho de 2010

Leny depura boleros em show de beleza linear

Resenha de Show
Título: Alma Mía
Artista: Leny Andrade (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 18 de janeiro de 2010
Cotação: * * * *
Em cartaz em 3 e 4 de julho de 2010 na Lapinha (RJ)
"Bolero é bolero. Pop é pop...", diferenciou Leny Andrade no palco do Canecão (RJ), antes de cantar Nosotros (Pedro Junco), um dos boleros que a cantora depura em cena com sua técnica majestosa. Em sua estreia nacional, na noite de 18 de junho de 2010, o show Alma Mía reeditou o êxito do disco homônimo lançado em maio pela gravadora carioca Fina Flor. Leny sabe cantar um bolero no tom exato, sem cair no pantanoso terreno sentimental em que se jogam várias cantoras que encaram esse ritmo cubano que se popularizou no México. Leny canta boleros com bom gosto. "Sem maracas, sem bongô e sem congas", como a própria intérprete ressaltou em cena. Em contrapartida, em sua única apresentação no Canecão, Leny contou com orquestra de cordas - formada por 12 violinos - e naipe de sopros. Tudo sob a chique direção musical do pianista Fernando Merlino, produtor e arranjador do ótimo CD.
Como o disco que o inspirou, o show Alma Mía tem beleza por vezes linear. O tom e as tiradas pretensamente bem-humoradas de Leny sobre as letras - cujos conteúdos folhetinescos são descritos pela intérprete em bom e malicioso português - se repetem ao longo de boleros como Llévatela (Armando Manzanero) e Un Poco Más (Álvaro Carrillo). A entrada da orquestra de cordas, a partir de Lluvia en la Tarde (Arturo Castro), altera a pulsação dos arranjos sem desviar o show do trilho básico. Lluvia en la Tarde, a propósito, é bolero que deságua no Rio da Bossa Nova, em arranjo inspirado. Após Entonces (Arturo Castro), número em que sobressai o piano de Fernando Merlino, Leny acerta ao inserir um set de músicas brasileiras. Porque poucas cantoras interpretam um samba como Alvoroço (João de Aquino e Ivor Lancellotti) com tanta segurança e com tanto suingue. Se Sou Eu (Luana) impressiona pelo laço afro que reforça as afinidades entre o maestro Moacir Santos (1926 - 2006) e o letrista do tema, Nei Lopes, Batida Diferente (Maurício Einhorn e Durval Ferreira) mostra - para quem ainda não sabe - que Leny sabe cair com bossa no samba-jazz. Número de longa duração, Batida Diferente é pretexto para scats e solos da afiada banda. O bloco nacional esquenta o show a ponto de, na volta aos boleros, Leny seduzir de imediato a plateia ao realçar toda a beleza de Alma Mía (Maria Grever) e de Vete de mi, o bolero de Virgílio Expósito e Homero Expósito que Caetano Veloso gravou e propagou no álbum Fina Estampa (1994). No fim, uma esplendorosa interpretação de El Dia que me Quieras - a canção de Carlos Gardel e Alfredo Le Pera que se transmutou em bolero, mesmo tendo sido criada no universo argentino do tango - ratifica a maestria do canto de Leny Andrade, intérprete que sabe que bolero é bolero e que pop é pop.

Leny põe tema de Moacir e Nei em 'Alma Mía'

Uma das cinco belas parcerias de Nei Lopes com o maestro Moacir Santos (1926 - 2006) arquitetadas para o projeto Ouro Negro (2001), Sou Eu (Luana) foi a surpresa do roteiro seguido por Leny Andrade na estreia nacional de seu show Alma Mía. Baseado no homônimo CD de boleros, recém-lançado pela gravadora Fina Flor, o show estreou na noite de 18 de junho de 2010 no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ). Entre boleros cantados em espanhol, Leny - vista no post em fotos de Mauro Ferreira - também incluiu no repertório raro samba composto por João de Aquino com Ivor Lancellotti, Alvoroço. Eis o roteiro da estreia do show Alma Mía:
1. Una Mañana (Clare Fisher)
2. Sabrá Dios (Álvaro Carrillo)
3. Llévatela (Armando Manzanero)
4. Un Poco Más (Álvaro Carrillo)
5. Como Fue (Ernesto Duarte)
6. Lluvia en la Tarde (Arturo Castro)
7. Entonces (Arturo Castro)
8. Alvoroço (João de Aquino e Ivor Lancellotti)
9. Sou Eu - Luana (Moacir Santos e Nei Lopes)
10. Batida Diferente (Maurício Einhorn e Durval Ferreira)
11. Alma Mía (Maria Grever)
12. Eclipse de Luna (Margarita Lecuona)
13. Vete de mi (Virgílio Expósito e Homero Expósito)
14. Nosotros (Pedro Junco)
15. Mía (Armando Manzanero)
16. El Dia que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera)
17. Una Mañana (Clare Fisher) - reprise
Bis:
18. El Dia que me Quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera)

Nomes da cena 'indie' nacional gravam Michael

A obra de Michael Jackson (1958 - 2009) vai render mais um disco. Na sequência do primeiro aniversário de morte do artista, a ser completado em 25 de junho, o selo Discobertas põe nas lojas, no segundo semestre de 2010, CD com regravações do repertório do Rei do Pop por artistas brasileiros, a maioria da cena indie. Idealizado por Guto Ribeiro, baixista da banda Manfred, o disco conta com adesões de nomes como Filhos da Judith, Jorge Ailton, Fuzzcas, Márcio Biaso, Apoena, Manfred e Moobwa - entre outros.

Skank põe Marote em campo ao gravar ao vivo

O produtor Dudu Marote - que já pilotou bem os álbuns do Skank Calango (1994), O Samba Poconé (1996) e Estandarte (2008) - entra em campo novamente para cuidar da captação do áudio da gravação ao vivo que o grupo faz neste sábado, 19 de junho de 2010, em show no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Já a captação das imagens do DVD e blu-ray Skank no Mineirão - Multishow ao Vivo vai ser feita sob a direção de Oscar Rodrigues Alves, com uso de 14 câmeras de alta definição, incluindo supergrua de 25 metros. Marcos Sachs assina o cenário.

18 de junho de 2010

Jota fotografa para capa de álbum em espanhol

De Nora Lezano, a foto acima faz parte do material gráfico da capa e encarte do primeiro disco em espanhol do Jota Quest. Intitulado Jota Quest, o CD está em fase de finalização e tem lançamento previsto para agosto ou setembro de 2010 no mercado de países de língua hispânica. O repertório do CD é formado por versões em castelhano dos maiores hits da banda. As versões foram gravadas em Buenos Aires, na Argentina, sob a produção de Mário Breuer. Amor Mayor, Ja Fue, A Tu Lado, Una Vez Más, Encontrar a Alguien, Facil, Días Mejores, Siempre Así e La Plata são algumas das 12 versões já confirmadas no álbum. Que, por ora, não será editado no Brasil. Para o mercado nacional, a banda planeja disco de inéditas para 2011, ano em que vai festejar seus 15 anos de carreira fonográfica. Outra ideia é reeditar o primeiro CD em vinil.

'Distant Relatives' religam rap e reggae à África

Resenha de CD
Título: Distant Relatives
Artista: Nas &
Damian Marley
Gravadora: Def Jam
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Em 2005, o rapper Nasty Nasir Jones, o Nas, colaborou com Damian Jr. Gong Marley em Road to Zion, faixa de Welcome to Jamrock, o vigoroso álbum lançado por Damian - um dos filhos do rei do reggae Bob Marley (1945 - 1981) - naquele ano de 2005. Cinco anos depois, Nas & Damian juntam forças e vozes em seu primeiro álbum em dupla, Distant Relatives, editado no Brasil pela Universal Music neste mês de junho de 2010. O disco tem pressão e reaproxima o rap do reggae -ritmos que já vem se misturando ao longo dos últimos 30 anos - com pegada. Os melhores momentos são quando Nas e Damian religam o rap e o reggae à Mãe África - como em Friends, em Dispear e em Africa Must Wake up. Com tambores de tonalidade africanas e cordas à moda oriental, Tribes of War - faixa em que figura o rapper K'Naan, da Somália - é outro exemplo da alquimia obtida por Nas e Damian. Mesmo que eventualmente a balança tenda para o universo do hip hop, como em As We Enter (introdução típicas dos discos de rap), Distant Relatives honra a nobre dinastia sonora da Jamaica. Land of Promise, a propósito, turbina com rap o cover do repertório de Dennis Brown, veterano reggae man, convidado da faixa. Procurando manter o equilíbrio de ritmos e convidados, Nas e Damian também recebem Stephen Marley (em In His Own Words) e Lil Wayne (em My Generation, faixa encorpada com coro infantil). Tudo e todos são irmanados pela luxuosa e azeitada produção capitaneada pelos dois artistas.

Leoni registra 'A Noite Perfeita' em DVD no Rio

Bom show estreado por Leoni em 11 de novembro de 2008 no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ), A Noite Perfeita ganha registro em DVD. Projeto realizado pelo artista em parceria com o Canal Brasil, a gravação ao vivo vai ser feita nesta sexta-feira, 18 de junho de 2010, em apresentação do cantor no Circo Voador (RJ). Para as câmeras do cineasta Paulo Henrique Fontenelle, diretor do DVD, Leoni - visto em número do show na foto de Mauro Ferreira - vai registrar 10 inéditas autorais (entre elas, É Proibido Sofrer, Dá pra Rir e Dá pra Chorar e Do Teu Lado Essa Canção, inspirada parceria com Rodrigo Maranhão) entre 12 músicas já gravadas e escolhidas pelos fãs em votação feita no site oficial do compositor, casos de Temporada das Flores e Fotografia. Clique aqui para ler a resenha postada da estreia nacional do show A Noite Perfeita.

Beck inspira cordas que geram Harmonia de Lô

Resenha de CD
Título: Harmonia
Artista: Lô Borges
Gravadora: Ultra Music
Cotação: * * * *

Beck - provavelmente - nem sabe, mas foi admitido por Lô Borges (indiretamente) como sócio do Clube da Esquina. Foi a concepção dos arranjos de cordas de Sea Change, o álbum lançado por Beck em 2002, que norteou a (esplêndida) colocação das cordas em Harmonia, álbum de inéditas concluído por Lô em 2009 pela gravadora mineira Ultra Music. O fato é que as cordas - arranjadas em Harmonia por Carlos Laudares - deram colorido todo especial à coesa safra de inéditas reunidas pelo artista mineiro no sucessor de BHanda (2007). BHanda foi disco interessante que, a propósito, forneceu os três músicos que tocam nas 13 faixas de Harmonia. Só que neste novo álbum há algo de novo no som de Lô que o encorpa sem trair os cânones do Clube que projetou Lô em 1972. Isso fica claro de imediato com a audição de boas músicas como Caminho, Chegado (de leve tom roqueiro) e Cordão de Ouro (bem no clima bucólico da esquina do lendário Clube). As cordas soam proeminentes em músicas como Transparente. Mas as guitarras de Giuliano Fernandes também dão certo peso ao repertório assinado em sua maioria por Lô com o mano Márcio Borges. Assim como os teclados pilotados por Barral, produtor do disco (ao lado do próprio Lô). Em fase bem inspirada, o compositor apresenta doze inéditas - entre temas novos (como Tudo de Novo, toque ecológico dado com violões e sensibilidade) e antigos (casos de Vinheta 78 e Onde a Gente Está, compostos em 1978 e em 1998, respectivamente) - e completa o repertório com Toda Essa Água, música de seu primeiro álbum, o cultuado Disco do Tênis, editado em 1973. Enfim, o velho Lô se irmana com o novo Lô Borges em Harmonia, disco revigorante.

17 de junho de 2010

Site oferece 'download' de inédita junina de Gil

Música inédita composta por Gilberto Gil para o álbum junino Fé na Festa, Chão Batido não entrou no disco. Mas caiu na rede de forma legalizada. A música - na qual Gil (visto à esquerda em foto de Beti Niemeyer) discorre sobre a globalização e modernização tecnológica das festas de São João no Nordeste do Brasil - pode ser baixada no site oficial do projeto Natura Musical. Até domingo, 20 de junho, o download é gratuito. Chão Batido pisa no mesmo terreno inspiradíssimo do restante do repertório do disco.

Tunstall mostra 'Tiger Suit' em 27 de setembro

Terceiro disco feito em estúdio por KT Tunstall, Tiger Suit tem lançamento agendado pela EMI Music para 27 de setembro de 2010. O sucessor de Eye to Telescope (2004) e de Drastic Fantastic (2007) foi pré-produzido em 2009 no interior da Inglaterra (no estúdio alimentado por energia solar construído pela artista escocesa em sua casa), gravado de fato em Berlim em janeiro de 2010 (no Hansa Studios) e concluído em Londres (no RAK Studios). Jim Abbiss assina a produção de Tiger Suit, álbum de tom nature techno - na definição de Tunstall. A cantora assina várias faixas em parceria com os compositores eprodutores Linda Perry e Greg Kurstin. Nomes já recorrentes nos álbuns da artista, Martin Tarefe e Jimmy Hogart também colaboraram com a formação da safra de inéditas.

Som Livre perfila hits de Chico pela terceira vez

Enquanto Chico Buarque não lança sua safra de canções inéditas, compostas ao longo dos últimos seis meses, a Som Livre põe nas lojas a segunda coletânea dedicada ao artista na série Perfil - sete anos após a edição da primeira, sucesso de vendas em 2003. A seleção abrange longo período que vai de 1967 (Quem te Viu, Quem te Vê) a 1992 (Piano na Mangueira, samba ouvido na coletânea em fonograma que teve a participação de Tom Jobim). Só que, a rigor, Perfil 2 já é a terceira compilação do compositor editada pela Som Livre com o título Perfil, já que, em 1993, a gravadora lançou coletânea de Chico com esse nome antes de criar a série Perfil, em 2000. Eis as 14 faixas do Perfil 2:
1. Quem te Viu, Quem te Vê (Chico Buarque)
2. Samba do Grande Amor (Chico Buarque)
3. Sem Compromisso (Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro)
4. Amor Barato (Francis Hime e Chico Buarque) - com Carlinhos Vergueiro
5. Piano na Mangueira (Tom Jobim e Chico Buarque) - com Tom Jobim
6. Samba e Amor (Chico Buarque)
7. Samba de Orly (Toquinho, Vinicius de Moraes e Chico Buarque)
8. Acorda Amor (Chico Buarque)
9. Deixa a Menina (Chico Buarque)
10. Morena de Angola (Chico Buarque)
11. Até o Fim (Chico Buarque)
12. Bye Bye, Brasil (Chico Buarque e Roberto Menescal)
13. Deus lhe Pague (Chico Buarque)
14. O meu Amor (Chico Buarque) - Ao vivo

Tempo se faz amigo do pop triste do Mombojó

Resenha de CD
Título: Amigo do TempoArtista: Mombojó
Gravadora: Independente
Cotação: * * * 

É, de certo modo, previsível a melancolia que pontua boa parte das 11 músicas que compõem o repertório do terceiro álbum do Mombojó, Amigo do Tempo, disponibilizado para download gratuito no site oficial do grupo de Recife (PE) neste mês de junho de 2010. Afinal, o (hoje) quinteto sofreu dois baques nos quatro anos que separam o lançamento de Amigo do Tempo do álbum anterior Homem-Espuma (2006). O mais forte aconteceu em 5 de julho de 2007, data em que o flautista da banda, Rafael Torres, saiu precocemente de cena, aos 24 anos, fulminado por enfarte. Na sequência, em 2008, a deserção súbita do violonista Marcelo Campello contribuiu para abalar as estruturas indies do Mombojó. O que justifica e legitima um tema intitulado Triste Demais entre o repertório pré-produzido e gravado desde 2009. "Acordei e não vi a minha cama, a minha calma", reitera, não por acaso, o vocalista Felipe S em verso de Qualquer Conclusão, uma das 11 músicas do álbum produzido em tom contemporâneo por Pupillo (baterista da Nação Zumbi), Kassin, Rodrigo Sanches e Evaldo Luna. Além da melancolia, a faixa evidencia - já na introdução - o elo reforçado do grupo com a eletrônica. "Não sou mais quem fui / Sinto perigo em qualquer lugar", admite Felipe S nos versos nostálgicos de Casa Caiada, trunfo da safra autoral, (quase) inteiramente inédita.

Triste, mas eventualmente até pop (como provam temas como Aumenta o Volume e, sobretudo, Papapa), o Mombojó se refaz em Amigo do Tempo. Cultuado em excesso pela crítica quando surgiu em 2004 com seu primeiro álbum, Nadadenovo, o atual quinteto soa algo diferente - maduro talvez seja um termo mais apropriado - sem se distanciar por completo das origens. Como mostra Praia da Solidão, ainda há ecos de Los Hermanos no som do grupo. Se a dose de brasilidade parece menor na receita sonora da banda, Amigo do Tempo exibe certo equilíbrio entre a busca pop e as experiências sonoras comuns na nação indie recifense. Nessa corda às vezes bamba, a nervosa Antimonotonia sintetiza com maestria tal equilíbrio. "Um certo autismo me salva", parece concluir o quinteto em verso da saltitante Passarinho Colorido, outro destaque do repertório. Por mais que haja temas menos inspirados, e a enfadonha Justamente é um deles, o saldo já é bastante positivo. O tempo se fez amigo do Mombojó em seis anos.

'Sex and the City 2' agrega Liza, Alicia e Dido

Na sequência bem imediata da estreia do filme Sex and the City 2 nos cinemas do Brasil, a Sony Music pôs no mercado nacional o disco com a trilha sonora da produção. A trilha reúne gravações inéditas de Alicia Keys (Rapture, cover do repertório do Blondie), Dido (Everything to Loose) e Cee Lo (Language of Love). Mas a maior curiosidade do score é a abordagem por Liza Minnelli de um hit de Beyoncé, Single Ladies (Put a Ring on it). Liza participa do filme, celebrando casamento gay em que canta e dança a música.

'Amanda Leight' já desvincula Mandy de Britney

Popularizada no mundo como estrela de bobinhas comédias românticas direcionadas ao público adolescente, Mandy Moore sempre conciliou sua carreira de atriz com regular trajetória fonográfica, iniciada em 1999 com o lançamento de seu primeiro álbum, So Real, nos Estados Unidos. Na época, a norte-americana Mandy não conseguiu sair da sombra de outras estrelas do mercado teen, como Britney Spears e Christina Aguilera. Sexto álbum de estúdio da cantora, Amanda Leigh já flagra Mandy desvinculada de Britney e Cia. - mudança de perfil iniciada em 2007 com o álbum Wild Hope. Lançado nos Estados Unidos em 26 de maio de 2009, precedido pelo single I Could Break your Heart Any Day of the Week, Amanda Leigh ganhou edição brasileira neste mês de junho de 2010 pelo selo Lab 344. Amanda Leigh Moore é o nome de batismo de Mandy, que assina a maior parte do repertório em parceria com Mike Viola, produtor e arranjador do CD. Já à venda!

16 de junho de 2010

Skank grava a inédita 'De Repente' no Mineirão

Reggae composto por Samuel Rosa com Nando Reis, De Repente é uma das duas músicas inéditas que o Skank vai incluir no roteiro de hits do show que vai ser gravado ao vivo no sábado, 19 de junho de 2010, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG), terra natal do quarteto (visto no post em foto de Weber Pádua). Um trecho da música já foi liberado para audição pelo grupo em seu canal oficial no YouTube. Parceria da banda com o canal de TV Multishow e a gravadora Sony Music, o projeto Skank no Mineirão - Multishow ao Vivo vai ser editado entre setembro e outubro no formato de CD, DVD e blu-ray (o primeiro do grupo).

Áurea ainda é uma senhora cantora aos 70 anos

Resenha de Show
Título:
70 Anos de Áurea Martins
Artista: Áurea Martins (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Rio Scenarium (RJ)
Data: 15 de junho de 2010
Cotação: * * * *
"Sou uma senhora que ainda canta, , Hermínio?", gracejou Áurea Martins no palco da casa Rio Scenarium (RJ) para Hermínio Bello de Carvalho, presente na plateia do show comemorativo dos 70 anos da cantora, completados no domingo, 13 de junho de 2010. Em seu gracejo, Áurea aludiu ao título de um dos últimos álbuns de Zezé Gonzaga (1926 - 2008), Sou Apenas uma Senhora que Ainda Canta (2002). E, pelo show que fez na noite festiva de 15 de junho, vale o trocadilho que já virou clichê: aos 70 anos, Áurea ainda é uma senhora cantora - uma das melhores do Brasil!!
Foi a Noite (Tom Jobim e Newton Mendonça) abriu tímida, mas apropriadamente, o roteiro da apresentação da cantora, que fez seu nome na noite carioca sem construir a carreira fonográfica a que fazia jus pelo talento. Mesmo tendo apenas três álbuns em sua biografia (o quarto vai sair em agosto com parcerias inéditas de Hermínio Bello de Carvalho com jovens compositores), Áurea se manteve em cena pela beleza e técnica de seu canto. Exibidas em Nós (Johnny Alf) e em Caminhos Cruzados (Tom Jobim e Newton Mendonça), as músicas que deram sequência ao show especial, estruturado em série de sets - como é de praxe na noite. Entre um e outro set, a anfitriã circulou pela mesa, recepcionando todos os convidados e sendo parabenizada pelos 70 anos contados no telão através de galeria de fotos de várias épocas. Alguns convidados foram convocados a subir ao palco. Caso de Pery Ribeiro (foto), que fez terno dueto com Áurea em Alguém como Tu (José Maria Abreu e Jair Amorim), sucesso de Dick Farney (1921 - 1987). À medida que o show e a voz foram esquentando, Áurea Martins foi aprimorando suas interpretações. Ao pôr sua artilharia vocal a serviço de Bala com Bala (João Bosco e Aldir Blanc), ela mostrou pleno domínio rítmico - reiterado em Corrida de Jangada (Edu Lobo e José Carlos Capinam), encarada na mesma alta velocidade do samba de Bosco & Blanc. Na sequência, a cantora desacelerou para cantar o amor não-realizado em Ilusão à Toa (Johnny Alf) e em Pensando em ti (Herivelto Martins), duas pérolas unidas no mesmo colar por afinidades temáticas. E, como o amor às vezes se transforma em mágoas, Áurea engatou medley com as músicas amargas de Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974), agrupando Não Sou de Reclamar e Há um Deus. Em seguida, navegou segura e com suingue pelos contornos melódicos de Embarcação (Chico Buarque e Francis Hime) e arrebatou com abordagem estilosa de Molambo (Jayme Florence e Augusto Mesquita), número de clima jazzy em que brilhou o saxofone de Daniela Spielmann (agregada ao Terra Trio desde o medley com músicas de Lupicínio, a cujo repertório a cantora recorreria mais tarde ao juntar Um Favor e Volta em outro medley). E foi somente na companhia do sax de Spielmann que a Áurea iniciou sua primorosa interpretação de Retrato em Branco e Preto (Tom Jobim e Chico Buarque), número que foi ganhando intensidade e envolvendo o público. Outras músicas de Tom Jobim (1927 - 1994) e Chico Buarque ainda abrilhantariam o roteiro e a noite (fechada com a Orquestra Lunar) - Maninha (em dueto de Áurea com o pianista do Terra Trio, Zé Maria Rocha) e Janelas Abertas, por exemplo - mas, ao fazer seu irretocável e deslumbrante Retrato em Branco e Preto, Áurea Martins confirmou o que todo mundo na plateia já sabia: ela ainda é, sim, uma senhora cantora, do alto de seus dignos 70 anos.

CDs de Moska, 'Muito' e 'Pouco' estão no forno

Estão no forno da gravadora Biscoito Fino os dois novos álbuns de Moska. Muito e Pouco chegam às lojas ainda neste mês de junho de 2010. Vendidos de forma avulsa e em edição dupla, os discos fazem parte de projeto único intitulado Muito Pouco - o nome da música de Moska gravada por Maria Rita no disco Segundo (2005). Muito Pouco, aliás, figura em Muito, CD de tons intensos que tem intervenções do grupo argentino Bajofondo. Pouco, de clima mais íntimo, traz a voz de Maria Gadú e parcerias de Moska com Zélia Duncan e Lenine. Cada disco tem nove faixas, entre inéditas e regravações de temas do compositor já lançados em álbuns de outros artistas.
Muito
1. Devagar, Divagar ou de Vagar? (Moska)
2. Muito Pouco (Moska) - com Bajofondo
3. Deve Ser o Amor (Moska)
4. Canção Prisão (Moska)
5. Soneto do Teu Corpo (Moska e Leoni)
6. Ainda (Moska) - com Bajofondo
7. Pêndulo (Moska)
8. Quantas Vidas Você Tem? (Moska)
9. Antes de Começar (Moska)

Pouco
1. Semicoisas (Moska)
2. O Tom do Amor (Moska e Zélia Duncan)
3. Sinto Encanto (Moska e Zélia Duncan) - com Maria Gadú
4. Nuvem (Nano Stern em versão de Moska) - com Pedro Aznar
5. Waiting for the Sun to Shine (Moska e Kevin Johansen)
6. Provavelmente Você (Moska) - com Pedro Aznar
7. Oh My Love, My Love (Kevin Johansen) - com Maria Gadú
8. Não (Moska e Zélia Duncan)
9. Saudade (Moska e Lenine) - com Chico César

A capa e as faixas do segundo álbum do Klaxons

Segundo álbum de estúdio do grupo inglês The Klaxons, Surfing the Void - veja a capa acima - vai ser lançado em 23 de agosto de 2010, uma semana depois da edição do primeiro single, Echoes. O sucessor de Myths of the Near Future (2007) foi produzido por Ross Robinson em Los Angeles (EUA) após a banda de new rave ter rejeitado as gravações conduzidas em Milão (Itália) pelo produtor James Ford. O álbum apresenta dez músicas inéditas, sendo que uma, Flashover, já foi disponibilizada para audição no site oficial do grupo. Eis as dez faixas do disco Surfing the Void:
1. Echoes
2. The Same Space
3. Surfing the Void
4. Valley of the Calm Trees
5. Venusia
6. Extra Astronomical
7. Twin Flames
8. Flashover
9. Future Memories
10. Cypherspeed

DVD recorda criação do álbum clássico de Petty

Em 1979, ao entrar em estúdio para fazer seu terceiro álbum, Tom Petty and the Heartbreakers travaram batalha ideológica com a gravadora MCA. O que estava em jogo era a liberdade criativa do grupo na feitura de Damn the Torpedoes. Essa luta é revivida por Petty e os Heartbreakers - grupo que inclui o guitarrista Mike Campbell - no documentário exibido em DVD da série Classic Albums. Recém-editado no Brasil pela gravadora ST2, o vídeo combina entrevistas recentes com clipes da época - inclusive o do single Don't Do me Like That - e imagens do arquivo pessoal dos músicos. Destaque do mercado fonográfico em 1979, Damn the Torpedoes projetou Petty e os Hearbreakers, vitoriosos em sua batalha ideológica contra a MCA.

15 de junho de 2010

Jason Mraz compõe e grava com Milton no Rio

Em mais uma conexão internacional, Milton Nascimento iniciou parceria com Jason Mraz, o cantor e compositor norte-americano que ficou conhecido no Brasil por conta de I'm Yours, sucesso do álbum We Sing. We Dance. We Steal Things. (2008). A primeira parceria dos artistas - intitulada Simplesmente Tudo e composta com versos em inglês e em português - foi gravada por Mraz em dueto com Milton para o próximo álbum de Mraz. A gravação aconteceu no Brasil, no estúdio mantido por Milton em sua casa no Rio de Janeiro (RJ). O disco tem lançamento previsto para o segundo semestre de 2010. Na foto acima (clicada por Paulo Lafayette), os parceiros posam na data da gravação carioca.

Zélia canta Caetano, que musicou José Almino

Dez anos depois de cantar com Zélia Duncan Cobra Coral, faixa do álbum Noites do Norte (2000), Caetano Veloso volta a interagir com a cantora. Zélia pôs voz em uma música inédita de Caetano, A Vida É Ruim, composta para a trilha de O Bem-Amado, o filme inspirado no texto teatral de Dias Gomes (1922 - 1999) que já rendeu novela de sucesso, exibida em 1973 pela TV Globo. Para a mesma trilha, a propósito, Caetano musicou versos de Esta Terra, poema da lavra do sociólogo e poeta pernambucano José Almino.

Max 'faz verão' com Alcione em samba de Cruz

Max Viana abre o leque de parceiros em seu terceiro álbum, Um Quadro de Nós Dois. O cantor grava composições inéditas feitas com Arlindo Cruz e Jay Vaquer, entre outros parceiros. O samba feito com Cruz, É Hora de Fazer Verão, ganhou o reforço vocal de Alcione (com Max na foto clicada durante a gravação da faixa). Agendado para ser lançado no segundo semestre de 2010, o sucessor de No Calçadão (2003) e Com Mais Cor (2007) vai trazer no repertório uma regravação de O Melhor Vai Começar (1982), delícia pop do cancioneiro autoral de Guilherme Arantes.

Ivan revive parceria com Vítor em CD holandês

Ivan Lins estreita os seus laços fonográficos com a Holanda. Quase dois anos após gravar disco ao vivo com a big-band Metropole Orchestra, em julho de 2008, o cantor lança no país europeu Intimate, CD de repertório essencialmente inédito em que retoma sua parceria com Vítor Martins. Gravado na Holanda pela Wedge View Music, com produção do baixista de jazz Ruud Jacobs, o disco Intimate tem lançamento no Brasil previsto para o segundo semestre de 2010 e vai ganhar edição em espanhol no mercado de língua hispânica. No álbum, de nítido alcance global, o compositor brasileiro recebe convidados internacionais como o uruguaio Jorge Drexler (com quem compôs e gravou a faixa Diadema), o grupo vocal norte-americano Take 6, o cantor espanhol Alejandro Sanz, o trompetista alemão Till Brönner e as cantoras holandesas Trijntje Oosterhuis e Laura Fygi. Além das músicas inéditas compostas com Vítor Martins, Ivan registra em Intimate parcerias com Chico Buarque (Sou Eu - o samba que foi parar nas mãos de Simone, mas que, por decisão de Chico, acabou sendo lançado por Diogo Nogueira em CD de 2009), Celso Viáfora (A Cor do Pôr-do-Sol) e Francisco Bosco (Dandara).

Gadú e Pitty disputam o 17º Prêmio Multishow

Maria Gadú é nome frequente na lista de indicados ao 17º Prêmio Multishow de Música Brasileira. A cantora concorre em quatro das 12 categorias, disputando com artistas sempre recorrentes no evento como Pitty, NX Zero e Ana Carolina. A premiação de 2010 vai acontecer em 24 de agosto. O Canal Multishow anunciou os 10 indicados em cada categoria com base na votação iniciada em 22 de janeiro. Na véspera da premiação, o Multishow vai divulgar os cinco mais votados na segunda fase da eleição, que começa nesta terça-feira, 15 de junho, e termina em 23 de agosto. Os vencedores serão escolhidos pelo público entre os cinco finalistas em votação feita no dia do prêmio. Eis os indicados nas principais categorias:

Melhor Álbum
Sete chaves – NXZero
Multishow Registro Ivete Sangalo – Pode Entrar – Ivete Sangalo
Ao Vivo – Luan Santana
Maria Gadú – Maria Gadú
Acústico – Detonautas
Hiperativo – Strike
O mundo é tão pequeno – Jorge & Mateus
Hori – Hori
The rise and fall of Beeshop – Lucas Silveira
Chiaroscuro – Pitty


Melhor Cantor
Caetano Veloso
Di Ferrero
Dinho Ouro Preto
Fiuk
Lucas Silveira
Rogério Flausino
Samuel Rosa
Saulo Fernandes
Tico Santa Cruz
Zeca Pagodinho


Melhor Cantora
Ana Carolina
Claudia Leitte
Ivete Sangalo
Maria Gadú
Maria Rita
Marisa Monte
Pitty
Sandy
Vanessa da Mata
Wanessa


Melhor Grupo
Banda Cine
Detonautas Roque Clube
Fresno
Hori
Jota Quest
NXZero
Restart
Skank
Strike
Titãs


Melhor Música
As Máscaras - Claudia Leitte
Entreolhares (The Way You're Looking at me) - Ana Carolina e John Legend
Espero a Minha Vez - NX Zero
Me Adora - Pitty
Meteoro - Luan Santana
Na Base do Beijo - Ivete Sangalo
Recomeçar - Restart
Shimbalaiê - Maria Gadú
Sutilmente - Skank
Voa Beija-flor - Jorge & Mateus

Revelação
Restart
Hevo 84
Luan Santana
Maria Gadú
Hori
Paula Fernandes
Stevens
Lu Alone
Tiê
Etna

14 de junho de 2010

Plant celebra seu grupo dos 60 em 'Band of Joy'

Robert Plant lançará álbum solo, Band of Joy, em 13 de setembro de 2010. O disco homenageia a banda homônima integrada pelo artista com o baterista John Bonham (1948 - 1980) antes de ambos fazerem parte do grupo Led Zeppelin. Gravado em Nashville (EUA), com o guitarrista Buddy Miller, o sucessor de Raising Sand - álbum de 2007 dividido com a cantora Alison Krauss - inclui vários covers no repertório que mistura country, soul, r & b e o rockabilly dos anos 50. Entre os covers, há Angel Dance (Los Lobos), Falling in Love Again (The Kelly Brothers) e duas do Low, Monkey e Silver Rider. Plant anunciou o álbum hoje (14 de junho).

Coldplay grava álbum em Budapeste com Eno

O grupo Coldplay bisa a parceria com Brian Eno, produtor de seu quarto álbum, Viva la Vida or Death and All His Friends (2008). Sob a batuta de Eno e do produtor Markus Dravs, a banda está gravando seu quinto álbum de inéditas em Budapeste, capital da Hungria. Previsto para ser editado no segundo semestre de 2010, o disco ainda não tem título. O inédito repertório é autoral.

'Further' reitera força da alquimia dos Brothers

Resenha de CD
Título: Further
Artista: The Chemical
Brothers
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

Os alquimistas estão chegando mais uma vez para mostrar a força longeva de sua química pop eletrônica. Lançado nesta segunda-feira, 14 de junho de 2010, o sétimo álbum de estúdio da dupla inglesa The Chemical Brothers, Further, reitera o talento e a criatividade dos DJs Ed Simons e Tow Rolands na condução de viagem psicodélica por mundos eletrônicos. O disco evoca a Big Beat sedimentada pelo duo em sua discografia seminal, iniciada em 1995 com o álbum Exit Planet Dust. Your love keeps lifting me higher”, repetem, como mantra, entre os beats de Snow, o primeiro dos oito temas inéditos de Further. Sem se escorar na conexão com convidados, como no álbum anterior We Are the Night (2007), Further refaz a química dos brothers com ruídos, powerpop e batidas envolventes de electro e tecno. Destaque da safra de Further, Escape Velocity, com mais de dez minutos, é petardo certeiro nas pistas com seu som robótico que remete ao Kraftwerk, grupo alemão pioneiríssimo na cena eletrônica. De tons alucinantes, Horse Power parece feita sob medida para as raves enquanto Dissolve esboça clima roqueiro e Swoon tende para a house. À medida que vão sendo desvendadas as densas camadas sonoras das faixas, o álbum vai se revelando coeso. K+D+B é puro pop sintetizado, de tom orgânico que quase destoa dos demais temas. Já a viajante Another World é das faixas que mais remetem ao passado glorioso da dupla sem deixar que Further soe como mera cópia de títulos antigos da discografia do duo. A alquimia dos brothers permanece emblemática na (volátil) cena eletrônica.

Em cena, cabaré estiloso de Pethit soa uniforme

Resenha de Show
Título: Berlim, Texas
Artista: Thiago Pethit (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Cinemathèque (RJ)
Data: 13 de junho de 2010
Cotação: * * *

Cultuado na cena indie paulista como um dos mais promissores cantores e compositores da geração projetada na segunda metade dos anos 2000, Thiago Pethit faz sua viagem interior a bordo de repertório autoral ambientado em cabaré de primeira classe. Sucessor do EP Em Outro Lugar (2008), seu primeiro álbum - Berlim, Texas, editado em março deste ano de 2010 - destila fina melancolia que, no palco, se dilui um pouco. Em cena, o chic cabaré de Pethit peca por uniformidade limitadora. A ponto de um sucesso de Lady Gaga - Bad Romance, cantado pelo intérprete ao piano - ficar com a mesma cara musical de um hit da KC and the Sunshine Band, Please Don't Go, rotulada por Pethit como "música de Santo Antônio bastante contemporânea" em alusão viajante ao dia do santo casamenteiro, 13 de junho, data do show apresentado pelo artista na casa carioca Cinemathèque em fria noite dominical.

Please Don't Go foi cantada no bis do terceiro show do rapaz no Rio de Janeiro (RJ), antes de ele repetir Mapa-Múndi, uma das canções mais bonitas e melodiosas de seu primeiro álbum. Ao bisar Mapa-Múndi, já mais solto em cena, Pethit reiterou a beleza delicada de seu canto, deixando boa impressão ao sair do palco. Ator que se transmutou em cantor, Pethit afoga mágoas num tom de delicadeza romântica que remete ao som folk de Tiê, sua prima-irmã musical. Foi Tiê, aliás, que deu o apelido Pethit, incorporado ao nome artístico do cantor batizado Thiago Fidanza Corrêa da Silva. Nítidas no CD produzido por Yury Kalil (do grupo Cidadão Instigado), as semelhanças entre um e outro se dissipam no show.

Ao traçar sua rota musical a partir do cruzamento da delicadeza do folk com a teatralidade urbana do cabaré, Pethit faz o ouvinte embarcar em sua viagem, sob a condução de versos tristonhos. "Nos meus sonhos, eu fujo / Faço as malas e sumo", avisa já nos versos iniciais de Fuga nº 1. O destino incerto pode ser qualquer lugar onde esteja o ser amado ausente. "Por onde é que andarás?", pergunta, mais de uma vez, na letra de Forasteiro, bela parceria com Hélio Flanders, do grupo Vanguart. Tanto no disco como no show, Forasteiro se destaca na safra autoral poliglota. Sim, além de cantar em português, Pethit também exala sua melancolia em inglês e em francês. Voix de Ville, a propósito, é um dos números que mais bem traduz o clima de cabaré do show - no caso, urdido pelo toque do piano de Camila Lord, que se reveza nos teclados e no acordeom. Já Nightwalker ganha peso no show pela pressão do arranjo que evidencia o entrosamento do trio que acompanhou Pethit em sua incursão pela cena carioca e que, além de Camila Lord, inclui o violonista Pedro Pêra e o baterista Guga Machado. Ao apresentar roteiro que alinha música de seu EP de 2008 (Essa Canção Francesa) e belo tema em inglês do primeiro CD (Sweet Funny Melody), Thiago Pethit deixa marcada forte personalidade musical no seu confessional "cabarezinho", como o cantor chamou carinhosamente em cena a minúscula casa Cinemathèque. Mas, se a personagem teatralizada é forte, o som do moço é de fino trato...

Sony relança 'Meu Fado', CD português de Fafá

Gravado por Fafá de Belém em1992 para o mercado português, onde foi lançado no mesmo ano pela BMG-Ariola, o álbum Meu Fado ganha reedição no Brasil via Sony Music. Espera-se que com os textos, fotos e letras do encarte original lusitano. Na primeira (pobre) edição nacional em CD, produzida em 1993 pela Som Livre, o encarte foi reduzido e simplificado. Seja como for, Meu Fado retorna ao catálogo nacional três anos após o último lançamento inédito da cantora (um projeto ao vivo de caráter retrospectivo).

Sertanejos se adequam às emoções de Roberto

Resenha de CD
Título: Emoções Sertanejas
Artista: Roberto Carlos e convidados
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

Já aos primeiros acordes de A Distância - a bonita balada de 1972 revivida por Milionário & José Rico na abertura do primeiro CD do projeto duplo Emoções Sertanejas - fica evidente que a turma caipira se adequou comportadamente aos cânones do cancioneiro do Rei. Nas lojas desde maio, precedendo o DVD e o blu-ray que futuramente vão ser postos nas lojas pela gravadora Sony Music, o álbum duplo Emoções Sertanejas reúne 21 números do show gravado ao vivo em 17 de março de 2010 no Ginásio Ibirapuera (SP). A impressão pouco ou nada muda em relação ao registro veiculado pela TV Globo em 1º de abril. Mas é justo admitir que, na mixagem, o coro popular no refrão de Eu te Amo, te Amo, te Amo (1968) valoriza muito a faixa de Gian & Giovani. E que, no disco, Almir Sater parece mais à vontade n'O Quintal do Vizinho (1975). Já Victor & Leo continuam louvando Jesus Cristo (1970) sem o fervor necessário. Mais inspirados, Dominguinhos e Paula Fernandes transitam por vias nobres com Caminhoneiro (1984) - estrada na qual trafega também Sérgio Reis ao defender com dignidade Todas as Manhãs (1991). Por sua vez, Martinha reitera com sua voz rouca que Alô (1994) é uma das poucas boas canções lançadas por Roberto nos anos 90. Por ter sido fiel ao seu estilo, Roberta Miranda não merecia os vocais que jogam Eu Disse Adeus (1969) na vala comum do brega. Daniel ainda se salva em Do Fundo do meu Coração (1986) por conta de sua capacidade vocal. Já seu encontro com Zezé Di Camargo & Luciano em Quando (1967) não teve a pressão roqueira exigida pelo tema. A faixa soa burocrática - como protocolar também soa a participação de Elba Ramalho, estranha no ninho sertanejo, recrutada para reviver Esqueça (1966). Voz por voz, o timbre lacrimoso de Leonardo está perfeitamente ajustado ao tom tristonho de Por Amor (1972), única real surpresa do cancioneiro selecionado para o roteiro do show. A fim do segundo disco, após trivial solo do anfitrião em Como É Grande o meu Amor por Você (1967), dispensável no CD, Roberto Carlos se junta aos seus convidados em Eu Quero Apenas (1974), número coletivo sem o charme do encontro armado no anterior Elas Cantam Roberto (2009). Somente para súditos...

13 de junho de 2010

'Exile' exala frescor em reedição com bom bônus

Resenha de CD
Título: Exile on Main St. (reedição de 2010)
Artista: Rolling Stones
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * * (álbum original) e * * * * (CD-bônus)

Em 1971, ao fugir dos pesados impostos da Inglaterra, os Rolling Stones se refugiaram no Sul da França. Autoexilados na mansão Villa Nellcôte, o grupo criou um dos álbuns clássicos da história do rock e, para muitos, a obra-prima de sua discografia. Concluído com gravações feitas em estúdios de Londres (Inglaterra) e de Los Angeles (EUA), Exile on Main St - editado em maio de 1972 na forma de álbum duplo - não foi um título que rendeu hits para o repertório da banda (apesar de conter Tumbling Dice entre suas 18 faixas originais). Contudo, como coeso disco quase conceitual, Exile on Main St exalou frescor e energia que resistem bem ao tempo - como atesta a reedição luxuosa recém-posta nas lojas de todo o mundo pela Universal Music. A isca para fãs é o CD-bônus com nada menos do que dez gravações inéditas. Duas, Loving Cup e Soul Survivor, são takes alternativos de faixas apresentadas no repertório original, sendo que Soul Survivor conta com o atrativo de trazer Keith Richards nos vocais. Outra, Good Time Women, é a versão embrionária da supra-citada Tumbling Dice. Já as outras sete inéditas são de músicas realmente novas, pescadas no baú daquelas sessões de gravação turbinadas com altas doses de sexo, drogas e rock'n'roll. Diz a lenda que poucas vezes os Stones se renderam com tanta devoção ao trinômio básico do universo pop. Deve ser mesmo verdade, pois a safra de sobras é de bom nível. As sete músicas inéditas estão em sintonia com a sujeira e a energia das 18 faixas do álbum original. Ou seja, a adição recente de elementos aos registros - vocais de Mick Jagger, uma ou outra guitarra de Richards e até a guitarra do antigo stone Mick Taylor (na baladona Plundered my Soul, destaque da safra inédita) - foi feita com tal habilidade que sons novos e antigos se integram com perfeição. Basta ouvir o rock Pass the Wine (Sophia Loren) ou o blues I'm Not Signifying, por exemplo, para perceber que as dez faixas-bônus desta reedição de Exile on Main St não destoam do álbum original (ainda que sejam inevitavelmente inferiores, como são em geral todas as sobras de discos). No todo, é bem azeitada a mistura de rock, blues, soul - em especial, em So Divine (Aladdin Story) - e gospel (evocado nos vocais da balada Following the River). Enfim, a reedição honra o histórico de Exile on Main St - inclusive porque a remasterização primorosa evidencia ainda mais todo o frescor e energia que ainda exala esta obra clássica do rock'n'roll, gerada num período de desordem nas vidas dos Stones.

'Mrs. Lennon' descortina beleza da obra de Yoko

Resenha de CD
Título: Mrs. Lennon
Artista: Vários
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * *

Demonizada por ter - em tese - provocado a separação dos Beatles, fato questionável se objeto de uma análise menos apaixonada, Yoko Ono sempre teve vida própria no mundo da música e, sobretudo, das artes plásticas. Obra geralmente envolta em atmosfera experimental e vanguardista que, no caso da música, tem nuances e, sim, alguma beleza - descortinada por Mrs. Lennon, tributo em que várias cantoras brasileiras regravam o repertório de Yoko sob a batuta dos produtores Marcelo Fróes (idealizador do projeto) e Clemente Magalhães. O CD abre com a faixa-título, Mrs. Lennon, tema ideal para o timbre operístico de Cida Moreira, que se acompanha ao piano. Na sequência, a gaúcha Hevelyn Costa ambienta Who Has Seen the Wind? em um clima bossa-novista. A canção é de 1970, mesmo ano da natalina Listen the Snow Falling, abordada pela banda Ampslina, de Recife (PE). A faceta mais experimental do cancioneiro de Yoko é (bem) exposta pelo duos Digitaria e Tetine. Oriundo da cena eletrônica de Belo Horizonte (MG), Digitaria revive Death of Samantha em clima quase lisérgico. Já Tetine se solta em Why. Experiências (nem sempre saborosas...) à parte, a música de Yoko Ono também pode ser deliciosamente pop - como prova o irresistível refrão do rock Sisters O Sisters, defendido pelo trio Doidivinas em ambiência retrô. Na mesma batida roqueira, há Midsummer New York (em regravação da banda carioca Fuzzcas) e Move on Fast (com Marília Barbosa & Pelv's). Já Silvia Machete prova na interpretação firme de Yangyang que seu canto não precisa de mise-en-scène circense para prender a atenção. Por sua vez, Mathilda Kóvak imprime tom de cabaré a Yes, I'm your Angel enquanto Isabella Taviani se mostra à vontade na batida de reggae que sustenta Don't Be Scared. Quando evita arroubos dramáticos, Taviani sempre se revela boa cantora. Mantendo o bom nível, Katia B defende Walking on Thin Ice - tema gravado por Yoko com John Lennon (1940 - 1980) em 8 de dezembro de 1980, data em que o ex-Beatle foi assassinado. A canção foi lançada por Yoko como single em 1981. No lado B, havia It Happened, cujos versos resignados adquirem tom bluesy no registro de Ângela RoRo. No fim, Zélia Duncan entoa, com o habitual rigor estilístico, Goodbye Sadness, poético tema em que Mrs. Lennon deu adeus ao luto e retomou a vida. Fecho pungente para tributo que expõe nuances do supra-sumo de obra que merece análises menos tendenciosas.

Discobertas relança o tributo a Lennon de 2001

Entre agosto de 2000 e agosto de 2001, o produtor Marcelo Fróes pilotou - sob a direção artística de Celso Fonseca - as gravações de um tributo a John Lennon (1940 - 1980) que seria lançado pelo selo Geléia Geral, de Gilberto Gil, em dezembro de 2001 com o título Dê uma Chance a Paz: John Lennon - Uma Homenagem. Fora de catálogo há sete anos, o tributo ganha reedição pelo selo de Fróes, Discobertas, neste mês de junho de 2010. O título, Mr. Lennon, é outro. Assim como também é novo o projeto gráfico do CD. Mas as 15 regravações de músicas de Lennon por artistas brasileiros são as mesmas. A seleção inclui Mind Games (com Nando Reis), Woman Is the Nigger of the World (na voz de Cássia Eller), Instant Karma (com Lobão), Imagine (em um dueto de Milton Nascimento com Gilberto Gil), Mother (Zeca Baleiro), Look at me (Zélia Duncan), Give a Peace a Chance (num registro do arisco mutante Arnaldo Baptista com Andreas Kisser e Charles Gavin) e How Do You Sleep? (Moska), entre outros nomes.

Simonnet filma com arte Sacrificium de Bartoli

Resenha de DVD
Título: Sacrificium -
The Art of the Castrati
Artista: Cecilia Bartoli
Gravadora: Decca
/ Universal Music
Cotação: * * * *

Em 2009, a cantora lírica italiana Cecilia Bartoli lançou álbum best-seller no rígido mundo erudito, Sacrificium, CD em que abordou árias feitas para os castrati, os meninos cantores do século 18 castrados na infância para que as suas vozes permanecessem com o timbre feminino dos sopranos. Um ano depois, Bartoli apresenta a versão audiovisual do CD em DVD filmado com requinte cinematográfico por Olivier Simonnet. Já editado no mercado nacional, com distribuição da Universal Music, o DVD Sacrificium - The Art of Castrati foi captado no Real Palácio de Caserta, ao Sul da Itália, com a adesão da orquestra Il Giardino Armonico. A principal locação do filme está em perfeita sintonia com o clima barroco das árias entoadas por Bartoli com sua potente voz de mezzo-soprano. Árias lindas assinadas por compositores como Nicola Porpora (1686 - 1768), Geminiano Giacomelli (1692 - 1740), Francesco Araia (1709 -1770), Riccardo Broschi (1698 - 1756) e George Frideric Haendel (1685 - 1759). Emoldurada por cenário de grande beleza plástica, Bartoli exibe sem sacrifícios seu domínio da arte de cantar entre a alegria (Usignolo Sventurato) e a melancolia (Ombra Mai Fu). Nos extras, há entrevista com a intérprete, que expõe o conceito do álbum Sacrificium e disserta sobre a arte sublime dos castrati.