Tempo se faz amigo do pop triste do Mombojó
Resenha de CD
Título: Amigo do TempoArtista: Mombojó
Gravadora: Independente
Cotação: * * *
É, de certo modo, previsível a melancolia que pontua boa parte das 11 músicas que compõem o repertório do terceiro álbum do Mombojó, Amigo do Tempo, disponibilizado para download gratuito no site oficial do grupo de Recife (PE) neste mês de junho de 2010. Afinal, o (hoje) quinteto sofreu dois baques nos quatro anos que separam o lançamento de Amigo do Tempo do álbum anterior Homem-Espuma (2006). O mais forte aconteceu em 5 de julho de 2007, data em que o flautista da banda, Rafael Torres, saiu precocemente de cena, aos 24 anos, fulminado por enfarte. Na sequência, em 2008, a deserção súbita do violonista Marcelo Campello contribuiu para abalar as estruturas indies do Mombojó. O que justifica e legitima um tema intitulado Triste Demais entre o repertório pré-produzido e gravado desde 2009. "Acordei e não vi a minha cama, a minha calma", reitera, não por acaso, o vocalista Felipe S em verso de Qualquer Conclusão, uma das 11 músicas do álbum produzido em tom contemporâneo por Pupillo (baterista da Nação Zumbi), Kassin, Rodrigo Sanches e Evaldo Luna. Além da melancolia, a faixa evidencia - já na introdução - o elo reforçado do grupo com a eletrônica. "Não sou mais quem fui / Sinto perigo em qualquer lugar", admite Felipe S nos versos nostálgicos de Casa Caiada, trunfo da safra autoral, (quase) inteiramente inédita.
Triste, mas eventualmente até pop (como provam temas como Aumenta o Volume e, sobretudo, Papapa), o Mombojó se refaz em Amigo do Tempo. Cultuado em excesso pela crítica quando surgiu em 2004 com seu primeiro álbum, Nadadenovo, o atual quinteto soa algo diferente - maduro talvez seja um termo mais apropriado - sem se distanciar por completo das origens. Como mostra Praia da Solidão, ainda há ecos de Los Hermanos no som do grupo. Se a dose de brasilidade parece menor na receita sonora da banda, Amigo do Tempo exibe certo equilíbrio entre a busca pop e as experiências sonoras comuns na nação indie recifense. Nessa corda às vezes bamba, a nervosa Antimonotonia sintetiza com maestria tal equilíbrio. "Um certo autismo me salva", parece concluir o quinteto em verso da saltitante Passarinho Colorido, outro destaque do repertório. Por mais que haja temas menos inspirados, e a enfadonha Justamente é um deles, o saldo já é bastante positivo. O tempo se fez amigo do Mombojó em seis anos.
Título: Amigo do TempoArtista: Mombojó
Gravadora: Independente
Cotação: * * *
É, de certo modo, previsível a melancolia que pontua boa parte das 11 músicas que compõem o repertório do terceiro álbum do Mombojó, Amigo do Tempo, disponibilizado para download gratuito no site oficial do grupo de Recife (PE) neste mês de junho de 2010. Afinal, o (hoje) quinteto sofreu dois baques nos quatro anos que separam o lançamento de Amigo do Tempo do álbum anterior Homem-Espuma (2006). O mais forte aconteceu em 5 de julho de 2007, data em que o flautista da banda, Rafael Torres, saiu precocemente de cena, aos 24 anos, fulminado por enfarte. Na sequência, em 2008, a deserção súbita do violonista Marcelo Campello contribuiu para abalar as estruturas indies do Mombojó. O que justifica e legitima um tema intitulado Triste Demais entre o repertório pré-produzido e gravado desde 2009. "Acordei e não vi a minha cama, a minha calma", reitera, não por acaso, o vocalista Felipe S em verso de Qualquer Conclusão, uma das 11 músicas do álbum produzido em tom contemporâneo por Pupillo (baterista da Nação Zumbi), Kassin, Rodrigo Sanches e Evaldo Luna. Além da melancolia, a faixa evidencia - já na introdução - o elo reforçado do grupo com a eletrônica. "Não sou mais quem fui / Sinto perigo em qualquer lugar", admite Felipe S nos versos nostálgicos de Casa Caiada, trunfo da safra autoral, (quase) inteiramente inédita.
Triste, mas eventualmente até pop (como provam temas como Aumenta o Volume e, sobretudo, Papapa), o Mombojó se refaz em Amigo do Tempo. Cultuado em excesso pela crítica quando surgiu em 2004 com seu primeiro álbum, Nadadenovo, o atual quinteto soa algo diferente - maduro talvez seja um termo mais apropriado - sem se distanciar por completo das origens. Como mostra Praia da Solidão, ainda há ecos de Los Hermanos no som do grupo. Se a dose de brasilidade parece menor na receita sonora da banda, Amigo do Tempo exibe certo equilíbrio entre a busca pop e as experiências sonoras comuns na nação indie recifense. Nessa corda às vezes bamba, a nervosa Antimonotonia sintetiza com maestria tal equilíbrio. "Um certo autismo me salva", parece concluir o quinteto em verso da saltitante Passarinho Colorido, outro destaque do repertório. Por mais que haja temas menos inspirados, e a enfadonha Justamente é um deles, o saldo já é bastante positivo. O tempo se fez amigo do Mombojó em seis anos.
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É, de certo modo, previsível a melancolia que pontua boa parte das 11 músicas que compõem o repertório do terceiro álbum do Mombojó, Amigo do Tempo, disponibilizado para download gratuito no site oficial do grupo de Recife (PE) neste mês de junho de 2010. Afinal, o (hoje) quinteto sofreu dois baques nos quatro anos que separam o lançamento de Amigo do Tempo do álbum anterior Homem-Espuma (2006). O mais forte aconteceu em 5 de julho de 2007, data em que o flautista da banda, Rafael Torres, saiu precocemente de cena, aos 24 anos, fulminado por enfarte. Na sequência, em 2008, a deserção súbita do violonista Marcelo Campello contribuiu para abalar as estruturas indies do Mombojó. O que justifica e legitima um tema intitulado Triste Demais entre o repertório pré-produzido e gravado desde 2009. "Acordei e não vi a minha cama, a minha calma", reitera, não por acaso, o vocalista Felipe S em verso de Qualquer Conclusão, uma das 11 músicas do álbum produzido em tom contemporâneo por Pupillo (baterista da Nação Zumbi), por Rodrigo Sanches e por Evaldo Luna. Além da melancolia, a faixa evidencia já na introdução o elo reforçado do grupo com a eletrônica. "Não sou mais quem fui / Sinto perigo em qualquer lugar", admite Felipe S nos versos nostálgicos de Casa Caiada, trunfo da safra autoral, (quase) inteiramente inédita.
Triste, mas eventualmente até pop (como provam temas como Aumenta o Volume e, sobretudo, Papapa), o Mombojó se refaz em Amigo do Tempo. Cultuado em excesso pela crítica quando surgiu em 2004 com seu primeiro álbum, Nadadenovo, o atual quinteto soa algo diferente - maduro talvez seja um termo mais apropriado - sem se distanciar por completo das origens. Como mostra Praia da Solidão, ainda há ecos de Los Hermanos no som do grupo. Se a dose de brasilidade parece menor na receita sonora da banda, Amigo do Tempo exibe certo equilíbrio entre a busca pop e as experiências sonoras comuns na nação indie recifense. Nessa corda às vezes bamba, a nervosa Antimonotonia sintetiza com maestria tal equilíbrio. "Um certo autismo me salva", parece concluir o quinteto em verso da saltitante Passarinho Colorido, outro destaque do repertório. Por mais que haja temas menos inspirados, e a enfadonha Justamente é um deles, o saldo já é bastante positivo. O tempo se fez amigo do Mombojó em seis anos.
Que felicidade escutar esse novo álbum do Mombojó... senti o mesmo frescor de 6 anos atrás!
Vida longa a esses meninos!
Nem o tempo ajuda esses caras.
Banda bem fraca.
Não honra os ecos do manguebeat.
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