25 de agosto de 2007

Ramil e Suzano caem no 'Satolep Sambatown'

Satolep Sambatown. Este é o título do disco gravado pelo compositor gaúcho Vítor Ramil com o percussionista Marcos Suzano. O nome faz referência a uma expressão criada por Ramil (Satolep é inversão de Pelotas, cidade natal do artista) e ao título, Sambatown, do primeiro excelente álbum solo de Suzano, editado em 1996. Em Satolep Sambatown, Ramil e Suzano dividem a produção e tocam os instrumentos. O álbum tem intervenções de Jorge Drexler (pela primeira vez cantando em português) e de Katia B. O repertório reúne 11 músicas da lavra refinada de Ramil. Eis as faixas do disco:

1. Livro Aberto
2. Invento
3. Viajei
4. Que Horas Não São?
5. O Copo e a Tempestade
6. A Zero por Hora (com Jorge Drexler)
7. 12 Segundos de Oscuridad
8. Ilusão da Casa
9. Café da Manhã
10. A Word Is Dead
11. Astronauta Lírico

Buika ergue a ponte entre o flamenco e a África

Resenha de CD
Título: Mi Niña Lola
Artista: Buika
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Nascida na cidade de Palma de Mallorca, na Espanha, Concha Buika - de nome artístico hoje abreviado para Buika - já tem sido incensada, e com razão, como uma das maravilhas fonográficas de 2007 por conta deste seu segundo álbum, Mi Niña Lola, lançado em março de 2006 e editado no Brasil neste mês de agosto. Com uma grande carga de espiritualidade, Buika ergue a ponte entre o flamenco e a África - com alguns elementos de jazz e de blues - através de repertório de imensa beleza que mistura temas autorais (com destaque para a faixa-título) com músicas bem mais antigas, casos de Ojos Verdes e Nostalgias. A voz de Buika conjuga leveza e intensidade em CD que renovou o flamenco e projetou esta artista em escala mundial.

Três faixas inéditas turbinam coletânea de Krall

Chega ao mercado no início de setembro a primeira coletânea de Diana Krall. Três gravações nunca lançadas em disco - The Heart of Saturday, Only the Lonely e You Go to my Head -incrementam a seleção de The Very Best of Diana Krall. Eis o repertório da compilação lançada pela Verve/Universal Music tanto em edição simples como também em edição dupla que agrega DVD com nove vídeos:

CD
1. S' Wonderful
2. Peel me a Grape
3. Pick Yourself Up
4. Frim Fram Sauce
5. You Go to my Head
6. Let's Fall in Love
7. The Look of Love
8. East of the Sun, West of the Moon
9. I've Got You Under my Skin
10. All or Nothing at All
11. Only the Lonely
12. Let's Face the Music and Dance
13. The Heart of Saturday Night
14. Little Girl Blue
15. Fly me to the Moon

DVD
1. Narrow Daylight
2. Let's Face the Music and Dance
3. The Look of Love
4. Temptation
5. Almost Blue
6. Abandoned Masquerade
7. Fly me to the Moon
8. The Girl in the Other Room
9. What Are You Doing New Year's Eve?

'High School Musical 2' tem faixas para o Brasil

Nas lojas desde terça-feira, 21 de agosto, o CD com a trilha sonora do filme de televisão High School Musical 2 apresenta duas faixas gravadas em português para a edição brasileira. Você É a Música em mim - versão da balada You Are the Music in me - traz as vozes do ator Thiago Fragoso e de Itauana Ciribelli. Já Vou Ser do Jeito que Eu Sou (Gotta Go my Own Way) adiciona o vocal da ex-Rouge Lissah Martins à parte em inglês já gravada pelo galã do musical, Zac Efron, intérprete do personagem Troy. Para jovens...

Espécie de Grease adolescente, aliás, High School Musical se tornou o fenômeno juvenil da vez em âmbito mundial - inclusive no Brasil. Estima-se que 200 milhões de jovens viram o musical em cerca de 100 países. Já o CD com a trilha do primeiro filme - editado logo depois da exibição do musical, em janeiro de 2006, pelo Disney Channel - atingiu os 6,8 milhões de cópias no mundo todo e se tornou o disco mais vendido do ano passado nos Estados Unidos. É para esse público que o CD High School Musical 2 acena com rap (I Don't Dance) e temas de clima festivo como All for One, gravado pelo elenco do filme. A febre está alta, mas passa.

24 de agosto de 2007

CD 'Cê ao Vivo' sai em setembro com 17 faixas

Gravado e editado numa parceria do canal a cabo Multishow (Net) com a gravadora Universal Music, o CD Cê ao Vivo - que registra o atual show roqueiro de Caetano Veloso, captado no Rio em 12 de junho na Fundição Progresso - vai chegar às lojas na primeira quinzena de setembro com 17 faixas. Eis o repertório eleito para o disco:

1. Outro (2006)
2. Minhas Lágrimas (2006)
3. Chão da Praça (1978)
4. Nine out of Ten (1972)
5. Um Tom (1997)
6. O Homem Velho (1984)
7. Homem (2006)
8. Ilusão à Toa (1959) / Amor Mais que Discreto (inédita)
9. Odeio (2006)
10. Como 2 e 2 (1971)
11. Sampa (1978)
12. Desde que o Samba É Samba (1992)
13. Não me Arrependo (2006)
14. London London (1971)
15. Fora da Ordem (1992)
16. Rocks (2006)
17. You Don't Know me (1972)

Gosto oscilante de Alcione se confirma irregular

Resenha de CD
Título: De Tudo que Eu Gosto
Artista: Alcione
Gravadora: Indie Records / Warner Music
Cotação: * * 1/2

Nos anos 80, o gosto eclético de Alcione já foi traduzido no cancioneiro miscigenado de bons discos como Fogo da Vida (1985) e Fruto e Raiz (1986). São títulos de uma década em que a discografia da Marrom ainda não tinha mergulhado - por completo - na onda popularesca que caracteriza a fase da cantora na Indie Records. De Tudo que Eu Gosto anuncia o caráter eclético de seu repertório já no título. O generoso CD mistura sambas, baladas, reggae (Guiné, Guiné), forró (Agarradinho) e até seresta (Marcas do Passado, em dueto com o cantor Homero Ferreira). Poderia ser um bom disco, como tantos outros de Alcione, mas é bem irregular e patina na banalidade. É triste ver uma voz como a de Alcione (sem a potência de outrora, mas ainda com viço) ser desperdiçada em baladas rasteiras como Perdeu, Perdeu. Ao lado desta pobre canção, outros exemplares ruins do gênero (Quando o Amor Bateu na Porta e Laço de Cobra, entre eles) soam bem melhores do que realmente são. Mas é fato - salutar - que o álbum tem muito menos baladas passionais do que CDs recentes da Marrom e que a capa clean escapa do tom over da discografia da artista. Pena que faltou rigor na seleção de músicas. Aliás, a seleção de sambas do disco também não ajuda a disfarçar a irregularidade do trabalho. Entre um samba populista (Maria da Penha) e outro com clima de gafieira (Eu te Procuro), os destaques são Luz do Nosso Amor e, sobretudo, Laguidibá, jóia em que reluz o orgulho negro num lindo dueto de Alcione com Mart'nália. Aliás, os convidados foram bem escolhidos. O encontro de Gilberto Gil com a cantora em Entre a Sola e o Salto - música dada por Gil para a Marrom nos anos 70 e gravada no LP Alerta Geral (1978) - é revestido de fina delicadeza. Já Marcelo Falcão, do Rappa, injeta suingue de rap em Mangueira É Mãe, samba aquém do tema e do dueto. Enfim, De Tudo que Eu Gosto pode até refletir o gosto eclético de Alcione. Só que este gosto, a exemplo de seus últimos álbuns, se confirma (mais uma vez) prejudicial à sua discografia...

Roberto deverá lançar CD com show de Miami

Embora Roberto Carlos tenha inclusive voltado a compor com Erasmo Carlos para um futuro álbum de inéditas, pode ser que o disco não seja lançado no fim do ano. Não será surpresa se o trabalho anual do Rei em 2007 for o registro do show já gravado em Miami (EUA), em maio. A edição dessa gravação ao vivo - em CD e/ou DVD - daria mais tempo ao cantor para preparar o esperado álbum com repertório novo.

Teresa põe Caetano e hit de Fafá em 'Delicada'

Em seu quarto álbum gravado com o grupo Semente, Delicada, nas lojas no início de setembro, pela EMI Music, Teresa Cristina regrava música de Caetano Veloso (Gema, 1981) e um sucesso de Fafá de Belém (Carrinho de Linha, tema de Walter Queiroz lançado pela artista em 1980 no álbum Crença). Entre as faixas autorais, há Cantar e o samba que dá título ao disco. Delicada é a segunda parceria de Teresa com Zé Renato. Foi também gravada por Zé.

23 de agosto de 2007

Música de Catulo até cai bem na voz de Mayer

Resenha de musical
Título: Um Boêmio no Céu
Autor: Catulo da Paixão Cearense
Direção: Amir Haddad
Elenco: José Mayer (em foto de Marc Van Legen) e outros
Em Cartaz: Teatro Villa-Lobos (RJ)
Cotação: * * 1/2

Compositor maranhense, celebrizado por conta da forma poética com que cantou o sertão brasileiro, Catulo da Paixão Cearense (1863 - 1946) passou para a história como o autor de Luar do Sertão e Ontem ao Luar. Sua obra musical, porém, é vasta e volta à tona na oportuna peça Um Boêmio no Céu - um dos dois textos da obscura incursão de Catulo pela dramaturgia teatral (o outro, Os Dois Repentistas, permanece inédito) - em cartaz no Rio de quinta-feira a domingo.

Texto estruturado com uma rala progressão dramática, sobretudo na primeira parte, Um Boêmio no Céu chegou aos palcos - pela primeira vez - por determinação de José Mayer, o ótimo ator que encarna o trovador que morre e se depara com São Pedro à porta do céu. Não é exatamente um musical, mas o diretor Amir Haddad optou por inserir na narrativa músicas de Catulo. E elas até caem bem na voz bem colocada do ator - sobretudo canções e modinhas derramadas como O Que Tu És e Rasga o Coração. Mayer mostra molejo insuficiente nos temas mais buliçosos - caso de Sertaneja. Contudo, a performance vocal do ator contribui para animar um espetáculo urdido com brasilidade meio rara em palcos cariocas.

Samba de Maria Rita está no forno da Warner

Samba Meu é o óbvio título do terceiro CD de Maria Rita (à direita em foto de Tripolli). O disco está pronto e sairá, pela Warner Music, já na primeira quinzena de setembro. A faixa de trabalho, Tá Perdoado, já enviada às rádios, é um samba de Arlindo Cruz com Franco. Leandro Sapucahy assina a produção do disco, que traz samba de Gonzaguinha e tem a participação da Velha Guarda da Mangueira. Eis, na ordem, as 14 músicas do (aguardado) álbum Samba Meu:

1. Samba Meu (Rodrigo Bittencourt)
2. O Homem Falou (Gonzaguinha)
3. Maltratar Não É Direito (Arlindo Cruz e Franco)
4. Num Corpo Só (Arlindo Cruz e Luis Cláudio Picolé)
5. Cria (Serginho Meriti e César Belieny)
6. Tá Perdoado (Arlindo Cruz e Franco)
7. Pra Declarar Minha Saudade (Arlindo Cruz e Jr. Dom)
8. O Que É o Amor (Arlindo Cruz, Fred Camacho e Maurição)
9. Trajetória (Serginho Meriti, Arlindo Cruz e Franco)
10. Mente ao meu Coração (Francisco Malfitano e Pandia Pires)
11. Novo Amor (Edu Krieger)
12. Maria do Socorro (Edu Krieger)
13. Corpitcho (Ronaldo Barcelos e Luis Cláudio Picolé)
14. Casa de Noca (Serginho Meriti, Nei Carlos e Elson do Pagode)

Outra música do CD de Madonna vaza na rede

Depois de Candy Shop, uma segunda música do próximo álbum de Madonna vazou na internet. Intitulada The Beat Goes on, a música foi produzida pelo rapper americano Pharrell Williams. Para ouvir a suposta faixa do CD, nas lojas em tese no fim do ano, clique aqui.

Preta planeja registro de show com aval de Ivete

Preta Gil pretende gravar em 2008 um DVD e um CD ao vivo. A idéia é fazer o seu primeiro registro de show com aval e produção da empresa Caco de Telha, de Ivete Sangalo, mas somente depois de terminadas as gravações da novela Caminhos do Coração - a trama da Rede Record que estréia em 28 de agosto e na qual Preta encarna a personagem Helga. É o segundo trabalho de Preta Gil em novelas...

A propósito, Ivete começa a investir cada vez mais em CDs e DVDs alheios: a cantora baiana vai ser a diretora do DVD que Alexandre Pires planeja gravar em novembro, no Rio de Janeiro (RJ), muito provavelmente no Morro da Urca. Pires - de quem Ivete sempre se declarou fã - está em baixa no mercado brasileiro, mas lançou este ano CD dedicado ao repertório de Julio Iglesias, A un Idolo, em alguns países hispânicos. Será que Ivete o reabilita no Brasil??

22 de agosto de 2007

Emílio engrossa a 'aquarela' do Brasil de Dionne

O cantor Emílio Santiago foi um dos convidados do CD e DVD Dionne Warwick & Amigos, gravados na noite de 21 de agosto, em show da cantora americana na Via Funchal, em São Paulo (SP). Emílio participou de Aquarela do Brasil (1939). Com Gilberto Gil, Dionne cantou Sarará Miolo (1977), música de Gil. Jorge Ben Jor foi o convidado de Mas que Nada (1963). Já Simone e Ivan Lins uniram forças com Dionne em Começar de Novo (1979) enquanto Milton Nascimento, anunciado como um dos convidados, teve sua ausência justificada pela cantora por conta de problemas de saúde do pai do cantor. O grupo Batacotô tocou em Virou Areia (1991).

Salmaso seduz Canecão com fina musicalidade

Resenha de Show
Título: Noites de Gala, Samba na Rua
Artista: Mônica Salmaso (com grupo Pau Brasil)
Local: Canecão (RJ)
Data: 21 de agosto de 2007
Cotação: * * * 1/2

"Não preciso dizer que estou nervosa... É sensacional estar aqui", admitiu Mônica Salmaso, logo no início do show que marcou sua estréia no palco do Canecão. A cantora, que entrou tensa em cena para cantar A Volta do Malandro, aos poucos se descontraiu, até arriscou contar algumas histórias bem-humoradas e conquistou o público com sua voz cálida, sustentada pela fina musicalidade do grupo Pau Brasil. Intérprete mais vocacionada para os estúdios do que para o palco, Salmaso mostrou que sua voz é um instrumento afiado que se harmoniza com os sons delicados extraídos pelo Pau Brasil. Temas como Morena dos Olhos d'Água, Olha Maria e Você, Você ganharam registros comoventes, à altura das versões do CD.

O roteiro reproduziu as músicas do CD Noites de Gala, Samba na Rua, em que Salmaso revigora 14 belas composições de Chico Buarque. A cantora tem técnica suficiente para reeditar no palco a maestria do canto gravado em estúdio. E a interação do Pau Brasil garante o alto padrão de qualidade dos arranjos. O grupo é capaz de migrar em instantes do acento lúdico da Ciranda da Bailarina para a atmosfera tensa de Construção, com arranjo inventivo que dialoga com a imbatível orquestração do maestro Rogério Duprat (1932 - 2006) sem cair na tentação de clonar o arranjo original. Já os sambas (Quem te Viu, Quem te Vê, em especial) soaram pálidos.

Em O Velho Francisco, um grande achado do repertório, Salmaso arriscou tocar flauta de bambú. E, na medida em que a cantora foi ficando mais descontraída, o show foi crescendo. Salmaso não tem presença cênica imponente, mas já se mostra bem mais à vontade no palco, sem o visível desconforto de seu show anterior, Iaiá. Se o visual é despojado, a musicalidade é requintada. E isso, afinal, é o que conta. Ver Mônica Salmaso no Canecão foi, sim, sensacional.

Pitty apresenta seu (Des)concerto em setembro

(Des)Concerto - Ao Vivo - 06-07-07 é o ótimo título do primeiro DVD e CD ao vivo de Pitty - gravados em show no Citibank Hall, em São Paulo (SP). O repertório inclui duas inéditas, Pulsos (a música de trabalho, já nas rádios pop) e Malditos Cromossomos, e o DVD tem direção de Joanna Mazzuchelli. Eis as 17 faixas do CD da roqueira, nas lojas em 10 de setembro, pela Deckdisc:

1. Anacrônico
2. Admirável Chip Novo
3. Semana que Vem
4. Déjà Vu
5. Brinquedo Torto
6. Memórias
7. Na sua Estante
8. Malditos Cromossomos
9. De Você
10. No Escuro
11. Equalize
12. Pulsos
13. Ignorin' U
14. A Saideira
15. I Wanna Be
16. Seu Mestre Mandou
17. Máscara

Perlla adapta Djavan para o seu funk populista

Ótima música de Djavan, lançada por Gal Costa em 1982 no álbum Minha Voz, Azul foi regravada por Perlla 25 anos depois. Aposta da Deckdisc no gênero funk populista, avalizada pelo DJ Marlboro, a cantora (em foto de Mariana Cucchianelli) finaliza seu segundo CD - produzido por DJ Mãozinha e Umberto Tavares - com o tema de Djavan no repertório. Carrapato, o primeiro single do disco, já vai ser enviado às rádios no início de setembro. Perlla assina Não Vai Dar e Beijo de Despedida, na primeira incursão como autora.

21 de agosto de 2007

Sai esta semana 'Kala', o segundo CD de M.I.A.

Projetada em 2005 com seu primeiro álbum, Arular, M.I.A - uma rapper descendente de refugiados do Sri Lanka e hoje radicada em Londres - lança esta semana seu segundo CD, Kala (capa acima). Gravado entre países como Austrália, Estados Unidos, Inglaterra e Índia, o disco chega às lojas estrangeiras promovido pela música Boyz, eleita o primeiro single. Eis o repertório completo de Kala:

1. Bamboo Banga
2. Birdflu
3. Boys
4. Jimmy
5. Hussel - African Boy
6. Mango Pickle Down River - The Wilcannia Mob
7. 20 Dollar
8. World Town
9. Turn
10. XR2
11. Paper Planes
12. Come Around

Já fraco, Waldick afirma força do canto popular

Resenha de CD / DVD
Título: Waldick Soriano ao Vivo
Artista: Waldick Soriano
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

"Este trabalho é a realização de um grande desejo, como fã sincera da arte popular de Waldick Soriano". Patrícia Pillar

"Waldick! Waldick!", grita o público, em coro, depois de Waldick Soriano apresentar Tortura de Amor, obra-prima de sua música de contorno geralmente popularesco. A canção é o maior destaque do roteiro de 17 números do show filmado em 24 e 25 novembro de 2006 em Fortaleza (CE), onde o cantor baiano está radicado nos últimos anos. O registro ao vivo saiu em CD e DVD com produção da atriz Patrícia Pillar, que viabiliza documentário inédito sobre o autor e intérprete de Eu Não Sou Cachorro Não.

Aos 74 anos, já fraco, com a voz e o corpo debilitados, Soriano consegue reafirmar a força de seu canto sentimental. Cantor do povo, Waldick sempre encarnou o intérprete dos amores mal-sucedidos. Cantou sua dor-de-corno com um estilo tão pessoal - incluindo os óculos e o figurino quase sempre preto - que acabou se tornando um dos maiores expoentes da música rotulada como cafona. No Nordeste, sempre teve público cativo. Gente que sabe cantar de cor versos de músicas como Quem És Tu, O Moço Pobre, Fujo de ti e Vestida de Branco - todas obviamente incluídas neste show que faz resumo da obra folhetinesca do autor. Com direito a dueto de Soriano com Cláudia Barroso em Você Mudou Demais.

É inútil tentar diminuir a música de cantores do tipo de Waldick Soriano. As imagens de casais dançando ao som de Tortura de Amor sintetizam a sintonia entre público e artista. O diferencial deste registro é a produção musical oferecida ao intérprete por José Milton e Patrícia Pillar. Poucas vezes, Soriano gravou com naipe de arranjadores e músicos como os reunidos para a feitura deste projeto. Nos extras, imagens de ensaio captam uma breve atmosfera de tensão - em torno do arranjo do bolero Perfume de Gardênia - e revelam um pouco da personalidade voluntariosa de Waldick Soriano, que, não, nunca foi cachorro, não. É o Brasil...

Young dá seqüência a abortado álbum de 1977

O próximo trabalho de inéditas de Neil Young, Chrome Dreams II, dá seqüência ao abortado primeiro volume, gravado em 1977, mas arquivado por razões nunca reveladas pelo artista. O CD tem lançamento agendado para 16 de outubro - via Reprise / Warner Music - e vai apresentar 10 faixas, sendo sete músicas novas e três gravações até então inéditas. Do repertório do Chrome Dreams original, saíram várias músicas que se tornaram clássicos da obra de Young quando lançadas em discos posteriores. Entre elas, Like a Hurricane, Pocahontas, Sedan Delivery e Look out for my Love.

Registro ao vivo de Tom em Montreal sai em CD

Um ano depois de apresentar o DVD, em 2006, a Biscoito Fino resolveu mandar para as lojas o CD Tom Jobim ao Vivo em Montreal, com a gravação do show feito pelo Maestro Soberano, em 1986, com a sua fiel Banda Nova, no Festival Internacional de Jazz de Montreal, no Canadá. O CD traz as mesmas 13 músicas do DVD. Entre elas, Two Kites, Wave, Gabriela, Samba de Uma Nota Só e Água de Beber.

20 de agosto de 2007

Solo, Corr migra do folk para o pop eletrônico

Resenha de CD
Título: Ten Feet High
Artista: Andrea Corr
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Uma das boas vocalistas do quarteto The Corrs, Andrea Corr debuta na carreira solo produzida por Nelle Hooper, cujo currículo inclui trabalhos com nomes como Garbage e Björk. Em Ten Feet High, a artista migra do folk de seu conjunto de origem - influência perceptível na delicada faixa Ideal World - para o pop eletrônico sem patinar na banalidade do gênero. É fato que em Take me I'm Yours - cover de tom dance da seara do Squeeze - Andrea soa quase como uma subMadonna. Mas, justiça seja feita, ouve-se música de bom nível em faixas como Anybody There e a balada Stupidest Girl in the World. O primeiro single do álbum, Shame on You (To Keep my Love from me), aparece também numa versão que mira as pistas de dança, sinalizando o novo caminho de Andrea Corr nesta sua promissora trajetória individual. Ela tem cacife para se manter.

Zeca inaugura selo com CD de duetos de samba

Zeca Pagodinho está abrindo selo, Zeca Pagodiscos, com CD e DVD em que sambas vão ser regravados em duetos inéditos de estrelas da música brasileira. Intitulado Cidade do Samba, o projeto vai ser gravado na Gamboa (RJ), em 4 e 5 de setembro, com produção de Rildo Hora e direção artística de Max Pierre, o idealizador, nos anos 90, da série Casa de Samba, musa inspiradora do projeto. Eis as 24 inusitadas duplas formadas para a gravação do CD/DVD:

* Gilberto Gil e Marjorie Estiano - Chiclete com Banana
* Leci Brandão e Casuarina - Aquarela Brasileira
* Dona Ivone Lara e Nilze Carvalho - Acreditar
* Arlindo Cruz e Sandra de Sá - Casal Sem-Vergonha
* Lenine e Zélia Duncan - Bebete Vão Bora
* Beth Carvalho e Diogo Nogueira - Deixa a Vida me Levar
* Ivan Lins e Mariana Aydar - Desesperar Jamais
* Nelson Sargento e Teresa Cristina - Agoniza mas Não Morre
* Grupo Revelação e Sombrinha - Fogo de Saudade
* João Bosco e Daniela Mercury - De Frente pro Crime
* Luiz Melodia e Seu Jorge - Diz que Fui por Aí
* Almir Guineto e Dorina - Mel na Boca
* Walter Alfaiate e Negra Li - Jura
* Fundo de Quintal e Gabriel O Pensador - Boca sem Dente
* Cláudia Leitte e Jair Rodrigues - Deixa Isso pra Lá
* Ivete Sangalo e Juan Luis Guerra - Não Tenho Lágrimas
* Alcione e Elton Medeiros - Pressentimento
* Chorão e Dudu Nobre - Posso até me Apaixonar
* Djavan e Maria Rita - Flor de Lis
* Erasmo Carlos e Nando Reis - De Noite na Cama
* Marcelo D2 e Pitty - Edmundo
* Martinho da Vila e Zeca Pagodinho - Mulheres
* Roberta Sá e Roberto Silva - Falsa Baiana
* Vanessa da Mata e Velha Guarda da Portela - Onde a Dor Não Tem Razão

Suave inventário das parcerias de Tom e Chico

Resenha de CD
Título: Zíngaro
Artista: Fernanda Cunha e Zé Carlos
Gravadora: CID
Cotação: * * * 1/2

Chico Buarque conheceu Tom Jobim em 1966. Os dois foram apresentados pelo produtor Aloysio de Oliveira. Tom já era o maior compositor brasileiro, celebrizado em âmbito mundial. E Chico já dava seus primeiros rápidos passos para logo se tornar a unanimidade nacional proferida por Millôr Fernandes. Dois anos depois, já em 1968, Tom e Chico já eram parceiros. Construíram obra pequena, só que de previsível caráter exemplar. Sobrinha de Sueli Costa, a cantora Fernanda Cunha faz, ao lado do violonista Zé Carlos, suave inventário desse fino cancioneiro no CD Zíngaro - batizado com o nome da versão instrumental da música que, com letra de Chico, ficaria conhecida como Retrato em Branco e Preto.

Com voz afinada, sempre bem colocada, Fernanda interpreta sem dramaticidade músicas como Eu te Amo (gravada por sua mãe, a saudosa Telma Costa, em duo com Chico na década de 80) e Olha Maria. Sabiá, por exemplo, voa alto sem a amargura contida em muitos registros deste tema que foi uma espécie de triste carta de despedida dos exilados pela ditadura militar. Se (ainda) lhe falta alguma leveza para encarar um samba como Piano na Mangueira, cujo suingue repousa mais no violão de Zé Carlos, a jovem cantora oferece elegantes registros de Meninos Eu Vi e Pois É. Já Zé Carlos - sem querer aparentar virtuosismo - dá muito bem o seu recado, evocando no violão, por exemplo, a original pulsação nordestina de A Violeira. Enfim, um bom disco resultante de uma boa idéia.

Centenário de Cartola gera CD de Cida Moreira

"É um disco sem excessos que quer mostrar a extraordinária música do Cartola". Assim Cida Moreira caracteriza o CD que grava com produção de Omar Campos. O repertório é todo dedicado ao belo cancioneiro de Cartola (1908 - 1980), cujo centenário de nascimento será festejado em 2008. Para não gravar apenas os clássicos do compositor, a cantora pesquisou a discografia do criador de As Rosas Não Falam para selecionar músicas pouco conhecidas do autor. A base do CD são dois violões, percussão e baixo acústico. Algumas faixas incluem piano e sopros. "Ficou delicado, doce e profundo... como eu queria cantar", adianta Cida. Eis o repertório:

1) Que Infeliz Sorte (1929)
2) Sim (1952)
3) Alvorada (1974)
4) Acontece (1975)
5) O Mundo É um Moinho (1976)
6) Peito Vazio (1976)
7) Sala de Recepção (1976)
8) A Canção que Chegou (1977)
9) Autonomia (1977)
10) Nós Dois (1977)
11) Evite meu Amor (1979)
12) Feriado na Roça (1979)
13) Fim de Estrada (1979)
14) O Inverno do meu Tempo (1979)
15) Senões (1979)
16) Silêncio de um Cipreste (1979)

19 de agosto de 2007

Vânia sintetiza 20 anos bem além da vanguarda

Resenha de CD / DVD
Título: Tocar na Banda
Artista: Vânia Bastos
Gravadora: Dabliú Discos
Cotação: * * * 1/2

Projetada como boa vocalista da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé, já na virada dos anos 70 para os 80, Vânia Bastos nunca dissociou totalmente seu nome da turma vanguardista que agitou a música brasileira em São Paulo naquela época. Só que a cantora soube transitar por outros caminhos em sua carreira solo, iniciada em 1987. Décimo título da discografia da intérprete, editado em CD e DVD, Tocar na Banda é o registro ao vivo que sintetiza as duas décadas de trajetória individual da artista, dona de bela voz.

Gravado de forma convencional em novembro de 2005, em show no Sesc Vila Mariana, em São Paulo (SP), o DVD apresenta em 23 números - incluindo Dois Rios e Canta, Canta Mais, as músicas oferecidas como bônus - todas as nuances vocais de Vânia. Se a emissão aguda de Cidade Oculta e o vocal a capella de Sabor de Veneno remetem ao som de Arrigo, o registro mais melódico de Casaco Marrom evidencia o caráter plural do canto da intérprete.

Como a cantora explica em cena, o roteiro apresenta um pouco de sua "história musical". Da parceria afetiva e sonora com Eduardo Gudin, Paulista é o número mais representativo. Do disco Vânia Bastos (1990), aliás um dos mais fiéis ao gosto multifacetado da artista, há pérolas como Loosin Yelav (tema do folclore armênio) e A Vizinha do Lado, o samba buliçoso de Dorival Caymmi hoje mais associado a Roberta Sá. De Cantando Caetano, álbum de 1992, há Trem das Cores, número ao qual se segue (em tom quase delicado) Você Não Entende Nada, outro tema de Caetano Veloso.

O violoncelo tocado por Regina Vasconcellos atua com destaque nos arranjos de músicas como Luíza (valsa de Tom Jobim, a cujo repertório Vânia também dedicou um CD) e Certas Coisas (Lulu Santos e Nelson Motta). Contudo, este acento quase camerístico desaparece na parte final do show, quando a cantora volta à cena com figurino mais quente e exibe um repertório mais malicioso. É quando entram o samba Chegou a Bonitona (regravado por Luiz Melodia em seu Estação Melodia) e o medley carnavalesco que une Frou-Frou (marchinha de Rita Lee e Roberto de Carvalho) e A Filha da Chiquita Bacana. Vânia Bastos passeia com muita graça por estes números, reafirmando que sua voz, de emissão límpida, sempre extrapolou as fronteiras da vanguarda da música paulista.

Bethânia grava DVD em apresentação sublime

Foi majestosa a primeira das duas apresentações do show Dentro do Mar Tem Rio programadas por Maria Bethânia - numa foto de Beti Niemeyer - no Canecão (RJ) para a gravação do DVD e do CD ao vivo que vão perpetuar o espetáculo. Eis o roteiro apresentado e gravado pela cantora no (sublime) show de sábado, 18 de agosto:

I Ato
1. Canto de Nanã (Dorival Caymmi)
2. Beira-Mar (Roberto Mendes e Capinam)
3. Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
4. Grão de Mar (Márcio Arantes e Chico César)
5. O Nome da Cidade (Caetano Veloso)
6. Pedrinha Miudinha (Domínio público)
7. História pro Sinhozinho (Dorival Caymmi) / Cirandas (Domínio público)
8. Santo Amaro (Roque Ferreira e Délcio Carvalho)
9. Sereia de Água Doce (Vanessa da Mata)
10. De Papo pro Ar (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano)
11. Riacho do Navio (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
12. Águas de Cachoeira (Jovelina Pérola Negra, Labre e Carlito Cavalcante)
13. O Vento (Dorival Caymmi)
14. Dona do Raio e do Vento (Paulo César Pinheiro)

Instrumental

II Ato
15. Memórias do Mar (Vevé Calazans e Jorge Portugal)
16. Yemanjá Rainha do Mar (Pedro Amorim e Paulo César Pinheiro)
17. O Marujo Português (Linhares Barbosa e Artur Ribeiro)
18. Sábado em Copacabana (Dorival Caymmi e Carlos Guinle)
19. Eu que Não Sei Quase Nada do Mar (Ana Carolina e Jorge Vercilo)
20. A Saudade Mata a Gente (João de Barro e Antonio Almeida)
21. Gostoso Demais (Dominguinhos e Nando Cordel)
22. Você (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
23. Sob Medida (Chico Buarque)
24. Memória das Águas (Roberto Mendes e Jorge Portugal)
25. Lágrima (Roque Ferreira)
26. Cantigas Populares (Domínio público)
27. Poetas Populares (texto de Antonio Vieira)
28. Filosofia Pura (Roberto Mendes e Jorge Portugal) - com citação de Yayá Massemba
29. Canto de Oxum (Toquinho e Vinicius de Moraes)
30. Debaixo d'Água (Arnaldo Antunes) / Agora (Toni Belloto, Charles Gavin, Branco Mello, Nando Reis, Marcelo Fromer, Paulo Miklos, Sérgio Brito e Arnaldo Antunes)
31. Francisco, Francisco (Roberto Mendes e Capinam) - com citação de Meu Divino São José
32. Ultimatum (texto de Álvaro de Campos)
33. Movimento dos Barcos (Jards Macalé e Capinam)

Bis
34. Das Maravilhas do Mar Fez-se o Esplendor de uma Noite (David Corrêa e Jorge Macedo)

Bis II
35. Alalaô (Nássara e Haroldo Lobo)
36. A Filha da Chiquita Bacana (Caetano Veloso)
37. Chuva, Suor e Cerveja (Caetano Veloso)
38. A Água Lava Tudo (Paquito, Jorge Gonçalves e Romeu Gentil)

Bruce volta ao disco com Street Band em Magic

Bruce Springsteen volta ao disco com sua E Street Band. O CD Magic tem lançamento programado para 2 de outubro, pela Sony BMG / Columbia. Será o primeiro trabalho fonográfico do cantor com o seu fiel grupo desde The Rising - CD editado em 2002 que vendeu 2,1 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Brendan O' Brien é o produtor do álbum, que reúne 11 músicas inéditas. Eis o repertório do disco Magic:

1. Radio Nowhere
2. You'll Be Comin' Down
3. Livin' in the Future
4. Your Own Worst Enemy
5. Gypsy Biker
6. Girls in their Summer Clothes
7. I'll Work for your Love
8. Magic
9. Last to Die
10. Long Walk Home
11. Devil's Arcade

Warner repõe em catálogo álbuns do Sepultura

Como já adquiriu a gravadora holandesa Roadrunner, em dezembro de 2006, a major Warner Music incorporou ao seu catálogo a discografia do Sepultura. Parte dessa obra vai ser relançada no Brasil. O primeiro álbum do grupo de metal, Morbid Visions (de 1986, capa à esquerda), volta ao catálogo em reedição que agrega o raro EP Bestial Devastation (1985). Entre os títulos reeditados, estão Arise (1991), Nation (2001), Under a Pale Grey Sky (2002) e a excelente coletânea Blood-Rooted (1997).