13 de fevereiro de 2010

Maurício faz seu baile no ritmo das marchinhas

Carnaval Turbilhão - o CD que Maurício Pereira lança neste mês de folia - procura em vão reproduzir a animação de um baile ao enfileirar, coladas uma na outra, 20 marchinhas que fizeram história nos salões na era de ouro do gênero. Na companhia da banda Turbilhão de Ritmos, o cantor revive hits carnavalescos como Aurora, Touradas em Madrid, Máscara Negra, Saca-Rolha, Mamãe Eu Quero e Nós, Os Carecas. A seleção prioriza os clássicos dos bailes, mas abre espaço para uma ou outra marchinha menos conhecida nos dias de hoje - casos de Coração de Jacaré (J. Nunes e Dom Jorge) e de Passarinho do Relógio (Haroldo Lobo e Milton Oliveira). El Cumbanchero e Guará abrem e fecham o disco folião.

Parangolé lança DVD no embalo de 'Rebolation'

Eleito (em 2009) o Cantor Revelação do Carnaval da Bahia, Léo Santana é a voz do Parangolé há três anos, mas o grupo de pagode existe já há 12 anos. Contudo, foi na voz deste cantor de 21 anos que o baiano Parangolé conseguiu projeção nacional com o hit Rebolation, obviamente incluído no primeiro DVD do grupo, Dinastia Parangoleira, recém-lançado pela Universal Music. Editado também em CD, o registro ao vivo foi gravado em show no parque aquático Wet'n Wild, em Salvador (BA), diante de um público que contabilizou cerca de 25 mil pessoas. Além do show, o DVD inclui os clipes de Sou Favela e do sucesso Rebolation. Já o CD apresenta a inédita Só as Cadeiras.

Livro historia harmonias e dissonâncias do Rio

Resenha de Livro
Título: Canções do
Rio A Cidade em
Letra e Música
Autor: Marcelo
Moutinho
(Organização)
Editora: Casa da
Palavra
Cotação: * * * 1/2

"Cidade maravilha / Purgatório da beleza e do caos", na definição do refrão lapidar de Rio 40 Graus (Fernanda Abreu, Fausto Fawcett e Laufer), o Rio de Janeiro vem sendo (de)cantado em versos - com maior ou menor dose de lirismo - pelos compositores cariocas desde a formatação de uma música brasileira urbana, nas primeiras duas décadas do século 20. Recém-editado pela Casa da Palavra, com organização de Marcelo Moutinho, o livro Canções do Rio - A Cidade em Letra e Música historia a abordagem da metrópole - ainda a capital cultural do Brasil - sob a ótica de compositores de vários estilos musicais. Ensaios assinados por seis nomes ligados à música - em geral, jornalistas especializados - expõem harmonias e dissonâncias cariocas retratadas em músicas. No texto inicial Dos Primórdios à Era de Ouro, João Máximo enfatiza a visão mais romantizada e idealizada com que bairros como a Lapa e a mítica Mangueira eram cantados na primeira metade do século 20. E, no tópico mais surpreendente do texto, ressalta que o bairro mais cantado por Noel Rosa (1910 - 1937), o Poeta da Vila, não foi sua Vila Isabel, mas, sim, a Penha, citada inclusive no antológico samba Feitio de Oração, composto com Vadico. Na sequência, Sérgio Cabral escreve sobre as marchinhas, gênero carnavalesco que pôs o bloco na rua, com ironia e visão mais crítica, para abordar problemas como a falta d'água e a superlotação dos trens. Por sua vez, o compositor Nei Lopes expõe superficialmente as visões do Rio sob a ótica dos sambistas, se permitindo incluir seu nome entre os autores citados (com todo o direito, diga-se, pois Nei já retratou a cidade, em especial o subúrbio, com muita propriedade em vários de seus sambas). O mérito do texto do compositor é oferecer um panorama mais atual do assunto, mostrando que a cidade - já partida pela violência que escapa dos morros para o asfalto - é alvo tanto de visões mais desiludidas (Nomes de Favela, samba de Paulo César Pinheiro, lançado pelo autor em 2003 - e não em 2004 como escreve Nei Lopes) como de abordagens ainda romantizadas de bairros como Madureira (O Meu Lugar, Arlindo Cruz e Mauro Diniz, 2008). Em seguida, Ruy Castro gasta linhas sobre os vários possíveis pontos de partida da Bossa Nova antes de entrar propriamente no assunto do livro: o Rio que, no caso da bossa, sempre foi o Rio ensolarado de céu e mar, cantado com leveza e tom coloquial (até a turma dissidente enveredar, já na década de 60, por abordagens mais sociais da cidade). E, se o Rio foi ficando cada vez mais sem harmonia por conta da escalada da violência provocada pela injustiça social, houve compositores que abordaram tais dissonâncias com maestria - como relata Hugo Sukman num dos melhores textos do livro. Chico Buarque foi um deles, recorrendo ao lirismo em Estação Derradeira (1987) para cantar as leis e códigos informais que regem os morros. Assunto - a bem da verdade, como lembra Sukman - já tratado de forma mais direta e pioneira pela dupla João Bosco e Aldir Blanc em Tiro de Misericórdia, samba que deu título ao álbum lançado por João Bosco em 1977. Por fim, Silvio Essinger relata - em texto saboroso e cronológico - a visão do Rio na ótica de roqueiros, rappers e funkeiros, mostrando que a descontração carioca dos chopes pedidos pela Blitz foi cedendo lugar à realidade nua e crua cantada por grupos como o Rappa. Sob qualquer ótica, contudo, o Rio de Janeiro às vezes parece continuar lindo para os poetas musicais, pois, como já sentenciou Tim Maia (1942 - 1998), "Do Leme ao Pontal Não Há Nada Igual"...

Sarcástica, Buhr debuta solo com disco original

Resenha de CD
Título: Eu Menti pra Você
Artista: Karina Buhr
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * * 1/2

"Eu sou uma pessoa má / Eu menti pra você", dispara logo Karina Buhr - com um certo sarcasmo sádico - no primeiro verso da primeira das 13 músicas autorais de seu primeiro disco solo, Eu Menti pra Você. Formatado com direção musical da própria artista, projetada no grupo Comadre Fulozinha, o CD é uma das grandes surpresas deste início de 2010. Tanto pela ótima qualidade do repertório como esperta produção musical (assinada por Buhr com o baterista Bruno Buarque e o baixista Mau). As letras diretas da compositora - muitas pontuadas por fina ironia - contribuem para o êxito do disco. "Em todo mundo dá cupim,vira pó só / Tanto faz se é bom ou se é ruim", sentencia Buhr, sucinta e materialista, em Vira Pó - com o belo sotaque de quem nasceu na Bahia, mas foi criada em Pernambuco. "Eu vou fazer uma ciranda / Pra botar o disco / Na lei de incentivo à cultura...", alfineta em Ciranda do Incentivo, faixa cuja ironia é sublinhada pela guitarra de Fernando Catatau, que recorre a timbres mais nervosos no punk rock Soldat. Eu Menti pra Você é um disco que prima pela originalidade. Até uma balada em tese romântica, como Mira Ira, soa inusitada. Mas não tanto quanto Nassíria e Najaf, canção de ninar dirigida a crianças de Bagdá. "Dorme logo antes que você morra!", vai Buhr direto ao ponto, sem a preocupação de ser politicamente correta. Musicalmente, o CD Eu Menti pra Você transita pela trilha do pop contemporâneo. Eventuais elementos regionais, como a sanfona tocada por Marcelo Jeneci em Bem Vindas, não chegam a desviar o disco dessa trilha cosmopolita. Por mais que reitere a intenção de não deixar o grupo Comadre Fulozinha, Karina Buhr mostra talento acima da média nacional em Eu Menti pra Você - um disco verdadeiro - e capacidade para construir expressiva carreira solo. E, não, isso não é mentira.

12 de fevereiro de 2010

Titãs comunicam a saída de seu baterista Gavin

Até então reduzido a um quinteto por conta da morte de Marcelo Fromer (1961 - 2001) e das saídas de Arnaldo Antunes e Nando Reis, o grupo paulista Titãs virou um quarteto. A banda anunciou na tarde desta sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010, que seu baterista Charles Gavin (à esquerda na foto de Silmara Ciuffa) deixou o grupo "por motivos pessoais". Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto avisaram no comunicado oficial que os Titãs prosseguem com a turnê que promove seu último álbum, Sacos Plásticos. Mario Fabre é o baterista que substitui Gavin nos shows dos Titãs, sem ser oficializado no grupo.

Trilha do filme sobre Amália é editada no Brasil

A gravadora Biscoito Fino está lançando no Brasil, neste mês de fevereiro de 2010, a trilha sonora de Amália - O Filme, a biografia romanceada da diva Amália Rodrigues (1920 - 1999) que estreou nos cinemas de Portugal em dezembro de 2008. O disco com a trilha do filme - dirigido por Carlos Coelho da Silva - reúne 22 gravações, sendo que 19 são ouvidas na voz da cantora que exportou o fado de Portugal para o mundo. Entre elas, Foi Deus, Gaivota, Uma Casa Portuguesa, Barco Negro, Estranha Forma de Vida e - estranha no ninho lusitano - The Nearness of You, canção norte-americana de 1937, da lavra dos compositores Ned Washington e Hoagy Carmichael. As três exceções são os temas fornecidos por Nuno Maló, o compositor português (mas radicado nos Estados Unidos) que assina a trilha de Amália - O Filme. Os três temas - Abertura, Yoshabel e Amália e Alain - são tocados pela Orquestra Sinfônica da Rádio de Budapeste. O filme tem um tom folhetinesco.

Mesmo desplugado, Autoramas preserva pegada

Resenha de CD / DVD
Título: MTV Apresenta
Autoramas Desplugado
Artista: Autoramas
Gravadora: CD Promo
Cotação: * * *

Banda cultuada na cena indie carioca, Autoramas não chegou a acontecer. Mas continua queridinha da crítica e tem fãs fiéis nesse circuito indie. Gente que está aprovando - com razão! - o registro ao vivo acústico lançado pelo trio em DVD (o primeiro do grupo) e CD (já o quinto de discografia do Autoramas) na série MTV Apresenta. Basta ouvir temas como Muito Mais para comprovar que a banda conseguiu manter a pegada roqueira em Desplugado. A gravação tem boa pressão. E, aparentemente descontraídos, Gabriel Thomaz (voz e guitarra), Bacalhau (bateria) e Flávia Curi (a nova integrante do grupo, recrutada para pilotar o baixo) passeiam por climas diversos, indo do blues (A 300 Km/H - com Big Gilson) ao flamenco (Hotel Cervantes - com as adesões de Humberto Barros nos teclados e de Jane Deluc, a tal Mulher Misteriosa, nas castanholas). O mesmo Humberto Barros toca também piano em No Claro No Escuro, inusitado cover do repertório de Reginaldo Rossi. Desplugado conta ainda com intervenções de Frejat (voz e guitarra na canção Sonhador) e Érika Martins (voz no pop rock romântico Música de Amor) no roteiro que inclui I Saw You Saying (That You Say That You Saw), parceria de Gabriel Thomaz com Rodolfo originalmente gravada pelos Raimundos. Para quem preferir o DVD, há números exclusivos do vídeo, casos de Galera do Fundão (tema do Little Quail & The Mad Birds, o primeiro grupo indie do vocalista do Autoramas) e dos covers de músicas dos repertórios de Elvis Presley (Love me) e Raul Seixas (Let me Sing, Let me Sing). Nos extras do DVD, em que a banda é vista rebobinando hits alheios em takes extraídos dos ensaios da gravação, o trio aborda outro tema do repertório de Elvis Presley (1935 - 1977), Blue Suede Shoes. Enfim, é improvável que Desplugado altere a posição marginal do Autoramas no mercado fonográfico brasileiro e na cena pop nacional como um todo. Contudo, é registro esperto de banda que foge dos padrões de NX Zero, Fresno e outros grupos que têm mais peso entre o público consumidor do rock brazuca.

Helloween regrava hits em tom sinfônico aos 25

Banda alemã de heavy metal, Helloween está festejando 25 anos de carreira com o álbum Unarmed, recém-editado no Brasil pela Sony Music. Mas, ao contrário do que faz supor o subtítulo Best of 25th Anniversary, Unarmed é mais do que coletânea de hits. Feitas num clima acústico, as onze gravações são inéditas. O destaque é um medley de 17 minutos, The Keeper's Trilogy, que embala os temas Halloween, Keeper of the 7 Keys e The King for a 1000 Years sob os acordes sinfônicos da Orquestra Sinfônica de Praga, regida pelo maestro Matthias Ulmer. A seleção de músicas regravadas inclui também Dr. Stein, Future World, If I Could Fly e Fallen to Pieces. O CD Unarmed saiu em 1º de fevereiro de 2010.

Coletânea historia os 20 anos do funk brasileiro

Foi em 1989 que o funk ouvido nos bailes do Rio de Janeiro ganhou contornos eletrônicos - seguindo novo estilo norte-americano que seria rotulado como Miami Bass - e sotaque de fato brasileiro, com letras em português. A mudança foi completada já nos anos 2000 com o advento do tamborzão, que dita o ritmo de um gênero ainda carregado de preconceito por (apenas eventualmente) estar associado ao crime. Assinada pelo DJ Marlboro (um dos pioneiros do Funk Brasil), a coletânea Tributo ao Funk enfileira 18 hits desse controvertido ritmo - com direito a um texto elucidativo do antropólogo Hermano Viana, pioneira voz da elite a defender publicamente o funk. Para quem ainda insiste em ignorar a beleza que também pode haver no gênero, a seleção da compilação editada pela Som Livre oferece alguns bons motivos para mudar de opinião. Estão lá sucessos dos bailes como Rap da Felicidade (MC Cidinho & MC Doca), Rap do Silva (MC Bob Rum), Nosso Sonho (Claudinho & Buchecha), Rap do Borel (MC William e MC Duda), Feira de Acari (MC Batata) e Endereço dos Bailes (MC Junior & MC Leonardo), entre outros. É fato que a compilação Tributo ao Funk repete os fonogramas já reunidos nos dois volumes da coletânea Clássicos do Funk, editados pela mesma gravadora em 2007 e em 2009, respectivamente. Ainda assim, a atual coletânea é indicada para quem quer começar a se inteirar - sem preconceito - do som menos erotizado que rolou nos bailes da pesada ao longo desses 20 anos. O tamborzão ainda dá o tom...

11 de fevereiro de 2010

Martinho lambe as 'crias' em CD, DVD e blu-ray

Martinho da Vila continua às voltas com a feitura de dois discos. Um, dedicado ao repertório de Noel Rosa (1910 - 1937), vai marcar a estreia do sambista na gravadora Biscoito Fino. Já o outro CD, Lambendo a Cria, encerra seu atual contrato com a MZA Music, companhia que abriga Martinho desde 2003. Neste projeto de clima familiar, o compositor interage com cinco de seus oito filhos (Analimar, Juliana, Maíra, Mart'nália e Tunico Ferreira). A gravação está sendo documentada com câmeras de alta definição por Paulo Mendonça, diretor do Canal Brasil, para possibilitar futuramente a edição do projeto em blu-ray. Lambendo a Cria, o CD, deverá chegar às lojas entre março e abril de 2010. Na sequência, sairá o disco que celebra Noel Rosa.

Dora canta 'Samba Valente' com leveza e apatia

Resenha de CD
Título: Samba Valente
Artista: Dora Vergueiro
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * *

Dora Vergueiro se lançou no mercado fonográfico em 1997 com CD calcado no marketing de contar com a participação de Chico Buarque na faixa Leve, uma parceria (então inédita) do compositor com Carlinhos Vergueiro, pai de Dora e amigo de Chico. Nada aconteceu, apesar do marketing. Em 2001, Dora lançou seu segundo CD, Pé na Estrada, no embalo do programa de aventuras que apresentava no canal SporTV. Nada aconteceu de novo. Nove anos depois, a artista volta ao disco com Samba Valente, correto trabalho em que se apresenta como competente letrista de onze sambas compostos com seu pai e com Afonso Machado. O disco está sendo lançado neste início de 2010 pela gravadora Biscoito Fino. Sem nunca ter brilhado efetivamente como cantora, Dora se escora na cadência do samba, cantado e arranjado com leveza no CD. Embora soe repetitivo ao longo de suas onze faixas, Samba Valente tem bons momentos como a faixa-título (adensada por coro), Fui (pontuada pelos sopros certeiros de Dirceu Leite), Túnel e Noites Frias (de tom meio seresteiro). Diretor musical do álbum, Afonso Machado assina arranjos que se ajustam ao sambas e até os valorizam. Mas é inevitável a sensação de que o material renderia mais na voz de cantora mais expressiva. Com voz tão afinada quanto apática, Dora Vergueiro não parece cantora talhada para cair nos sambas.

Primeiro disco de Sinatra na Reprise volta à loja

Em 1961, Frank Sinatra (1915 - 1998) inaugurou sua própria gravadora, a Reprise, cujo catálogo está desde 2008 sob a gerência da Universal Music. Daí a série de reedições de álbuns do artista que estão chegando - regularmente - ao mercado fonográfico mundial. No Brasil, a Universal Music repõe em catálogo, neste mês de fevereiro de 2010, o primeiro álbum gravado por Sinatra na Sinatra. Ring-a-Ding Ding! expõe no título a expressão usada pelo cantor entre seus amigos do grupo Rat Pack. Com arranjos de Johnny Mandel, Skip Martin e Dick Reynolds, a Voz passeou por temas de compositores como Cole Porter (In the Still of Night), Irving Berlin (Let's Face the Music and Dance e Be Careful, It's my Heart) e George & Ira Gershwin (A Foggy Day), entre outros ícones da canção norte-americana. A remasterização é a de 1991...

Volta às lojas DVD que reúne Iggy aos Stooges

Em 2003, encerrando um hiato de 30 anos, Iggy Pop enfim se reuniu ao seminal grupo The Stooges - com o qual despontou em fins da década de 60 - e caiu na estrada. O DVD Iggy & The Stooges Live in Detroit, que foi lançado originalmente em 2004, capta um show feito pela banda na maior cidade de Michigan (EUA) naquele ano. Já editado no Brasil pela desativada gravadora Indie Records, tal DVD volta ao catálogo nacional neste início de 2010 em edição da Coqueiro Verde Records. No show, os Stooges - em sua formação original - enfileira petardos como I Wanna Be your Dog, Down on the Street, Funhouse, TV Eye e 1969, entre outros temas gravados pela banda nos três demolidores álbuns editados entre 1969 e 1973. Nos extras, há outro show dos Stooges, feito em Nova York (EUA) na extinta loja de discos Tower Records. O DVD não traz legendas em português.

O CD de raridades de Ben merece edição avulsa

Não, Jorge Ben Jor não ficou nada satisfeito com a inclusão na recém-lançada ótima caixa Salve, Jorge! de compilação dupla com 28 gravações raras - 13 inéditas em disco - feitas por ele num período que vai de 1966 a 1975. Numa recente passagem por João Pessoa (PB), para fazer um show no festival Estação Nordeste, o cantor deixou claro, ao autografar a caixa para o jornalista André Cananéa, que o CD de raridades tinha sido incluído na caixa sem sua autorização. Mesmo que tenha sido produzido à revelia do cantor, a coletânea dupla valoriza a caixa - que embala os 13 álbuns lançados por Ben na extinta Philips entre 1963 e 1976 - e merece edição avulsa. Por mais que as quatro razoáveis músicas inéditas (Camisa 12, Silvia Lenheira, Os Mentes Claras e Salve América) não tenham cacife para se tornar clássicos da obra do artista. As faixas de compactos (como as gravações do Hino do Clube de Regatas do Flamengo e de Jazz Potatoes, feitas para compacto de 1973), as versões diferenciadas de grandes sucessos (Mas que Nada reaparece em dois takes de 1972, de andamentos diferentes da gravação original de 1963) e os fonogramas de álbuns coletivos nunca reeditados em CD (como o samba-enredo Bahia, Berço do Brasil, gravado por Ben em 1972 para o LP Os Maiores Sambas-Enredos de Todos os Tempos Vol. 2) justificam a edição - fora da caixa - desta compilação dupla que raspou o baú de Ben nos arquivos da Universal Music, gravadora herdeira do (rico) acervo da Philips. Mesmo à revelia de Ben Jor...

10 de fevereiro de 2010

Trio de Donato dá leveza ao sambolero do autor

Resenha de CD
Título: Sambolero
Artista: João Donato Trio
Gravadora: Dubas Música
Cotação: * * * *

Tom Jobim (1927 - 1994) já dizia que "João Donato é o que há". Com sua bossa de sotaque jazzístico e meio caribenho, Donato passeia com leveza por sambas e boleros. Essa leveza é mantida pelo João Donato Trio no recém-lançado CD Sambolero. O trio em questão é formado por Donato (ao piano), Robertinho Silva (bateria) e Luiz Alves (baixo) - músicos com os quais o anfitrião e líder do trio já toca há anos. O que explica a total interação entre os músicos que valoriza muito Sambolero, álbum intitulado com o nome da bissexta parceria de Donato com a cantora Carmen Costa (1920 - 2007). Com a adição da percussão de Sidinho, o trio dá tratamento apurado ao repertório, espécie de best of do cancioneiro de Donato. Desfilam - em enxutas versões instrumentais - temas como Amazonas (Donato e Lysias Ênio), Quem Diz que Sabe (Donato e Paulo Sérgio Valle), Bananeira (Donato e Gilberto Gil), Brisa do Mar (Donato e Abel Silva), A Rã (Donato e Caetano Veloso) e Nasci para Bailar (Donato e Paulo André Barata). Todos reiteram a sensação de que não há notas jogadas fora. O que reforça a impressão de que as cordas arregimentadas para a faixa Surpresa - parceria de Donato com Caetano Veloso - são elementos até dispensáveis. Porque o trio, acrescido da percussão de Sidinho, parece se bastar no disco.

Mais densa, Corinne reitera talento em 'The Sea'

Resenha de CD
Título: The Sea
Artista: Corinne
Bailey Rae
Gravadora: Capitol
/ EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Não espere ouvir uma música como Like a Star ou Put your Records on no segundo álbum de estúdio de Corinne Bailey Rae. Embora persiga de certa forma a receita do álbum de estreia da cantora inglesa, que vendeu cerca de quatro milhões de cópias no mundo por causa dos hits supra-citados, The Sea é ao mesmo tempo igual e diferente. A morte do marido da cantora (Jason Bruce Rae, vítima de overdose de álcool e metadona em 22 de março de 2008) influenciou o tom do disco e, explicitamente, faixas como Are You Here? - não por acaso escolhida para abrir o CD, dedicado a Jason. Rae volta (um pouco) mais densa, pessoal e profunda - como se pode perceber na jazzy I Would Like to Call It Beauty, em Love's on Its Way e em Closer - sem romper com seu estilo. Corinne transita por trilha cool com som suave que tritura elementos de soul e jazz em coquetel de sabor pop. Aliás, dá para identificar em Paris Night / New York Mornings o clima mais solar do primeiro belo álbum da cantora, editado em fevereiro de 2006. I'd Do It All Again, outra faixa pulsante, também se impõe no repertório autoral - embalado com capricho por Steve Brown e Steve Chrisanthou, os co-produtores que já formataram o primeiro CD de Corinne. Já The Blackest Lily tem tom roqueiro que dá boa sacudida no som cool da artista. No todo, The Sea confirma o talento de Corinne Bailey Rae, ainda que, provavelmente, não vá reeditar o estouro de seu antecessor.

Caixa '10.000 Anos à Frente' resume bem Raul

Resenha de caixa de CDs
Título: 10.000 Anos à Frente
Artista: Raul Seixas
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * * *

A rigor, a caixa 10.000 Anos à Frente nada acrescenta à coleção de quem já comprou as criteriosas reedições dos álbuns gravados por Raul Seixas (1945 - 1989) para a extinta gravadora Philips entre 1973 e 1977. Postas nas lojas pela Universal Music em 2005, para celebrar os 60 anos que o artista baiano teria completado na ocasião, tais reedições remasterizadas - com a adição de faixas-bônus - são exatamente as mesmas que foram embaladas na atual caixa (a rigor, as únicas diferenças são o selo estampado nos CDs e os textos do libreto em que o jornalista Silvio Essinger contextualiza cada um dos seis títulos). Contudo, 10.000 Anos à Frente é ideal para quem quer tomar contato com a obra de Raul porque expõe o supra-sumo dessa obra superestimada. Por ter adquirido aura mitológica, o Maluco Beleza é idolatrado com cegueira por fãs que preferem ignorar o fato de que a discografia do artista foi ficando menos inspirada a partir de 1978, apesar de eventuais acertos. 10.000 Anos à Frente reapresenta os álbuns que justificam o carimbo de artista inovador posto em Raul Seixas. Krig-Ha, Bandolo! (1973), o primeiro álbum de inéditas do artista, é um deles, resistindo bem ao tempo com seu rock embebido em brasilidade. Mosca na Sopa, Metamorfose Ambulante, Ouro de Tolo, Al Capone e How Could I Know são alguns clássicos que deram ao álbum imediato status de obra-prima e projetaram a música desafiadora de Raulzito, intrusa mosca na sopa conformista da classe média brasileira iludida pelo falso milagre econômico alardeado pelo governo esmagador do presidente Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985). Na sequência, Gita (1974) roça o alto nível de seu antecessor, entre baladas como O Medo da Chuva e O Trem das 7 (esta em rota interiorana que conduz a música aos trilhos do sertão) e rocks como o hino Sociedade Alternativa. Instantâneo hit radiofônico e televisivo, a faixa-título, Gita, exemplificou os caminhos místicos percorridos na época por Raul e seu parceiro, Paulo Coelho. Já no posterior Novo Aeon (1975) Raul voltou a espetar o conformismo da classe média de forma mais aguda. Hino de fé na vida, Tente Outra Vez é a música deste álbum que tem atravessado gerações, mas o repertório é coeso, destacando também É Fim de Mês, Rock do Diabo, A Maçã, Tu És o MDC da Minha Vida (sarcástico flerte com a música dita cafona da época) e, sobretudo, a faixa-título, Novo Aeon, country rock da pesada. Por sua vez, Há Dez Mil Anos Atrás (1976) já sinalizou o desgaste da parceria de Raul com Paulo Coelho, que se dissolveria em breve. Contudo, o estouro imediato da música que inspirou o título do disco, Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, disfarçou o fato de que a obra de Raul Seixas começava a perder o vigor (embora, no todo, o álbum seja bom). Tanto que, na sequência, o artista antes tão visionário se voltou para o passado do rock'n'roll no viril álbum Raul Rock Seixas (1977), título de covers que tem similaridade com o último CD da caixa, 30 Anos de Rock (1985), que, a bem da verdade, nada mais é do que o primeiro real disco do cantor, pois foi lançado em 1973 com o título de Os 24 Maiores Sucesso da Era do Rock e sem o devido crédito para Raul Seixas, então ainda em busca de um lugar no mercado fonográfico brasileiro. No geral, apesar de um ou outro álbum ser ligeiramente inferior, o conteúdo da caixa 10.000 Anos à Frente traz o supra-sumo da obra inicialmente inovadora de Raul e, por isso, merece cotação e atenção máximas.

Kevin reforça as conexões argentinas de Moska

Moska faz conexões argentinas nos dois CDs, Muito e Pouco, que vai lançar em abril de 2010, por seu selo Casulo. Se Muito tem intervenções do grupo Bajofondo nas faixas Muito Pouco e Ainda, Pouco conta com a participação de Kevin Johansen nas músicas Oh, my Love (tema autoral do compositor nascido no Alaska, mas radicado na Argentina) e Waiting for the Sun to Shine (parceria de Moska com Johansen). No caso de Johansen, tal conexão nem é inédita, pois, em 2009, Moska pôs voz e violão em duas músicas (No Voy a Ser Yo e Gira Magica) do DVD gravado ao vivo em Buenos Aires pelo hermano - projetado no Brasil por Paula Toller.

Nilo Romero assina a produção dos dois discos gêmeos. Muito, que concentra repertório inédito, traz músicas como Soneto do teu Corpo, parceria de Moska com Leoni. Moska - visto acima em fotos de Fabiane Pereira - trabalha no projeto duplo desde janeiro de 2009. Muito e Pouco vão ser editados simultaneamente, de forma avulsa, como dois álbuns independentes - embora sejam complementares. O último CD de inéditas de Moska saiu em 2003.

Chegam ao Brasil mais reedições de luxo do U2

Dando continuidade à série de reedições de fato especiais da discografia do U2, a Universal Music põe nas lojas do Brasil mais duas Deluxe Editions de títulos do quarteto. Tanto The Unforgettable Fire (1984 - veja capa à esquerda) quanto The Joshua Tree (1987) - o quarto e o quinto álbum de estúdio do quarteto irlandês, respectivamente - retornam ao catálogo em edições duplas que trazem CD-bônus com músicas inéditas, raríssimos lados B e takes ao vivo. Entre os bônus de Unforgettable Fire, por exemplo, há as inéditas Disappearing Act e Yoshino Blossom entre fonogramas até então disponíveis somente em EPs editados no exterior. Já o CD-bônus de Joshua Tree apresenta fonogramas inéditos extraídos das sessões de gravação do álbum - casos de Wave of Sorrow (Birdland), Desert of our Love, Rise up e Drunk Chicken / America. As reedições são embaladas em capa dura que se assemelha a formato de um box e trazem libreto com fotos e informações sobre os discos. É luxo só!!

9 de fevereiro de 2010

Defeitos e virtudes na África brazuca de Sandra

Resenha de CD
Título: AfricaNatividade - Cheiro de Brasil
Artista: Sandra de Sá
Gravadora: Nega Produções / Universal Music
Cotação: * * 1/2

Em seu primeiro disco de inéditas em dez anos, Sandra de Sá faz pulsar a veia autoral que bombeou o repertório de seus trabalhos iniciais. Mas é justamente essa opção radical por sua produção autoral que faz de AfricaNatividade - Cheiro de Brasil mais um título irregular na discografia titubeante da artista. Por sua potente voz calorosa, Sandra de Sá é - sem favor nenhum - uma das grandes cantoras do Brasil. Mas poucas vezes gravou discos à altura de seu talento vocal. Sandra! (1990) - trabalho guiado por Nelson Motta - é um deles. A Lua Sabe Quem Eu Sou - disco pop de 1996 que marcou a estreia da artista na Warner Music - é outro. Já AfricaNatividade - Cheiro de Brasil fica no meio do caminho. O conceito do álbum não se sustenta ao longo de suas 15 faixas. Apesar de Sandra citar a África já nos primeiros versos da funkeada faixa que abre e subintitula o disco, Cheiro de Brasil (Sandra de Sá e Macau), os arranjos quase não buscam um elo da soul music e do funk com a música africana. A rigor, há pouca África e muito Brasil no CD - sem que tal desequilíbrio deponha necessariamente contra o disco, já que Sandra transita muito bem pelas versões brazucas desses ritmos de origem norte-americana.

Idealizado e gravado sem a pressão da indústria fonográfica, que tantas vezes induziu a artista a seguir por trilhas errantes, o CD AfricaNatividade equilibra erros e acertos. Crioulo (pouco inspirada parceria de Sandra com Adriana Milagres, co-produtora do disco) soa conceitualmente quase como um simulacro de Olhos Coloridos (a composição de Macau, lançada por Sandra em 1981, que virou hino do orgulho negro), apesar de as guitarras pesadas guiarem o tema pelo estilo rotulado apropriamente pela artista de rock'n'soul. Já Baile no Asfalto (Sandra de Sá e Mombaça) é retrato bem feito do sambalanço que rola em festas da periferia. A participação de Seu Jorge contribui para o êxito da faixa. Em outra zona carioca, Copacabana (Sandra de Sá e Zé Ricardo) também convence ao pintar retrato sem retoques do bairro mítico que dá nome ao samba-canção. No campo das baladas, a melhor é Imaginação (Sandra de Sá) - embebida em calorosa sensualidade.

Em rota menos inspirada, Evoluir (Sandra de Sá e Renata Arruda) é tema positivista que direciona o disco para Angola por incluir o rap de MC K, egresso da cena de hip hop desse país africano. (Sandra de Sá) também segue por caminho mais espiritualizado ao incorporar na letra a oração dita pela cantora Ana Firmino, de Cabo Verde. Apesar das boas intenções, as faixas não se impõem no repertório porque as músicas são fracas. Assim como também é rala a inspiração da suingante Tem Alguma Coisa Errada Aí (Sandra de Sá e Macau) e de temas românticos como E... Vamos Namorar, Viver pra Viver e Saudade da Gente, três parcerias de Sandra com Zé Ricardo que bem poderiam ter cedido lugar no repertório para músicas mais sedutoras como Sina, o sucesso de Djavan que a cantora regrava com suavidade. Também de lavra antiga são o samba-soul Pé de Meia (música de Sandra que abriu o primeiro álbum da artista, editado em 1980) e África (Gil Gerson e César Rossini), que esboça elo com a juju music sem reeditar a pressão do arranjo do registro original de 1988. Enfim, "Defeitos e virtudes dormem no mesmo berço", como reconhece a cantora em verso de Movimento (Bagulho Doido), a parceria de Sandra com Luiz Caldas e César Rasec que fecha este disco honesto. Entre erros e acertos, Sandra de Sá chega aos 30 anos de carreira com um trabalho que exala fé e verdade. Tomara que obtenha sucesso!!

Sandy finaliza em Londres primeiro disco solo

De visual novo, como atesta a foto acima postada em seu twitter, Sandy se prepara para lançar seu primeiro disco solo em abril ou maio de 2010, pela Universal Music. O primeiro single do álbum já vai ser apresentado em março. Em fase de mixagem, a cargo do produtor Steve Power, o disco traz na ficha técnica o marido da cantora, Lucas Lima, autor de alguns arranjos do CD. A cantora e compositora britânica Nerina Pallot também participou do álbum.

Quizomba põe bloco na rua para gravar ao vivo

Bloco que já anima o Carnaval carioca desde 2001, Quizomba também é - desde 2007 - um grupo, adaptado para o palco com formação menor (no caso, 16 batuqueiros). É o grupo que, após pôr o bloco na rua durante a folia, continua em atividade após o Carnaval e grava ao vivo CD e DVD em show no Circo Voador (RJ), agendado para 20 de fevereiro de 2010. O show vai contar com intervenções da cantora Anna Ratto (ex-integrante do bloco), do percussionista Ney de Oxossi e do DJ Marcelinho da Lua. No roteiro, o Quizomba vai de Seu Jorge (São Gonça) a Nirvana (Smells Like Teen Spirit), passando por temas de Titãs (Sonífera Ilha), Raul Seixas (Aluga-se) e Jorge Ben Jor (Bebete Vambora), entre outros nomes, não necessariamente associados ao Carnaval.

EMI lança no Brasil álbum da mexicana Belinda

Cantora pop e atriz mexicana que trabalha em novelas como Camaleones, sucesso na TV de seu país, Belinda vai ter seu próximo álbum, Carpe Diem, editado no Brasil. A rota do lançamento mundial do disco - agendado pela gravadora EMI Music para 23 de março de 2010 - inclui Estados Unidos, México e América do Sul. Em rotação a partir de 2 de março, o primeiro single, Egoista, conta com participação do rapper cubano Pitbull.

Obra de Pena Branca traduz o seu canto caipira

A discografia de Pena Branca (1939 - 2010) - tanto a gravada em dupla com seu irmão Xavantinho (1942 - 1999) como a registrada em carreira solo - é o retrato e a tradução fiéis do canto caipira do artista, morto aos 70 anos no início da noite de ontem, 8 de fevereiro de 2010. Já pelos títulos de alguns álbuns - Uma Dupla Brasileira (1982), Cio da Terra (1987), Canto Violeiro (1988), Coração Matuto (1998) e Cantar Caipira (2008) - é possível ter clara ideia do som que saía da voz anasalada de Pena Branca. Criado com seu irmão numa roça da mineira cidade de Uberlândia, Pena Branca migrou para São Paulo (SP), em fins dos anos 60, em busca de melhores oportunidade profissionais. Mas nunca deixou de cantar - a sós ou com Xavantinho - os nobres sentimentos (não raro, melancólicos e nostálgicos) do povo interiorano em temas caipiras. Mas a grande contribuição da dupla ao gênero sertanejo foi ter erguido uma ponte com a MPB urbana ao iniciar sua carreira fonográfica em 1980, no embalo da projeção nacional obtida no festival MPB-80, produzido e exibido pela Rede Globo naquele ano. Sem tirar o foco da legítima música caipira, embora as gravadoras já lhe acenassem com propostas para cantar a música romântica que se traveste de sertaneja, a dupla transitou pelos repertórios de compositores como Milton Nascimento (Morro Velho, Travessia), Caetano Veloso (Canto do Povo de um Lugar, No Dia em que Eu Vim me Embora) e Djavan (Lambada de Serpente), entre outros autores mais identificados com a música brasileira produzida em solo urbano. Símbolo do som sertanejo que não se diluiu nas grandes cidades, Pena Branca sai de cena, mas deixa para a posteridade um cantar caipira que vai sempre ecoar nos corações matutos do Homem egresso do campo. Eis toda a discografia de Pena Branca:
Em dupla com Xavantinho:
Velha Morada (1980)
Uma Dupla Brasileira (1982)
Cio da Terra (1987)
Canto Violeiro (1988)
Cantadô de Mundo Afora (1990)
Ao Vivo em Tatuí (1992) - com Renato Teixeira
Violas e Canções (1993)
Pena Branca e Xavantinho (1994)
Ribeirão Encheu (1995)
Coração Matuto (1998)
Em carreira solo:
Semente Caipira (2000)
Pena Branca Canta Xavantinho (2002)
Cantar Caipira (2008)

8 de fevereiro de 2010

Enfarte para o coração matuto de Pena Branca

Aos 70 anos, José Ramiro Sobrinho (1939 - 2010), o Pena Branca, saiu de cena na noite desta segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010, vítima de enfarte fulminante. Legítima voz sertaneja, Pena Branca formou dupla com o irmão Ranulfo Ramiro da Silva (1942 - 1999), o Xavantinho, com quem obteve projeção nacional na década de 80, quando a dupla - dissolvida forçosamente com a morte de Xavantinho, em outubro de 1999 - gravou álbuns como Velha Morada (1980) e Uma Dupla Brasileira (1982). Naturais de Uberlândia (MG), onde iniciaram carreira em 1961, Pena Branca & Xavantinho ganharam fãs ilustres como Milton Nascimento - de quem recriaram O Cio da Terra (parceria de Milton com Chico Buarque) com muita propriedade - pela devoção aos sons dos sertão. Formavam inusitada dupla caipira que - sem concessões ao repertório sertanejo mais populista - transitava eventualmente até pela MPB entre modas de viola e temas folclóricos. Com a morte de Xavatinho, Pena Branca prosseguiu em carreira solo que rendeu álbuns como Semente Caipira (2000), Pena Branca Canta Xavantinho (2002) e Cantar Caipira (2008), último suspiro fonográfico dessa voz sertaneja fiel ao canto interiorano.

Flausino põe voz no disco em espanhol do Jota

Vocalista do grupo mineiro Jota Quest, Rogério Flausino andou frequentando o estúdio El Pie, de Buenos Aires, nos primeiros dias deste mês de fevereiro de 2010. É que, lá, o cantor pôs as vozes nas músicas selecionadas para o primeiro álbum em espanhol da banda, gravado na capital da Argentina sob a batuta do produtor Mario Breuer e do maestro Carlos Villavicencio, responsável pelos arranjos de cordas do disco. Para acertar na pronúncia e no sotaque dos versos em castelhano, Flausino contou com o auxílio da couch Magali. O CD em espanhol do Jota Quest vai ser lançado em vários países da América Latina ainda neste semestre de 2010.

Presença bela de Beyoncé inebria arena carioca

Resenha de Show
Título: I Am... Yours Tour
Artista: Beyoncé (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: HSBC Arena (RJ)
Data: 7 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Em cartaz no Rio de Janeiro (RJ) - 8 de fevereiro
e em Salvador (BA) - 10 de fevereiro de 2010
Quando, após mais uma troca de roupa, Beyoncé surge com pose e figurino de diva, na beira do palco da HSBC Arena, para cantar At Last, o clássico do repertório da cantora Etta James que ela já interpretou no filme Cadillac Records (2008), ninguém duvida da artilharia vocal da artista mais badalada dos Estados Unidos no momento. Mas não é a voz - potente, afinada, calorosa - que faz o show de Beyoncé eletrizar plateias mundo afora, como aconteceu na noite de domingo, 7 de fevereiro de 2010, na primeira das duas apresentações da I Am... Yours Tour agendadas no Rio de Janeiro (RJ). Mais do que cantora de amplos recursos vocais, usados quando ela entoa baladas como Listen e If I Were a Boy, Beyoncé é a chamada artista completa. Canta, dança, representa - e quem há de garantir que ela não representava a estrela acessível quandor aceitou dar o autógrafo pedido pelo fã do gargarejo no meio de um número? - e comanda com bela presença cênica show hi-tech que inebria. Difícil resistir ao charme ensaiado da neodiva.
Estruturado com maestria em seis blocos, com ajuda de elementos cênicos e de nítidas imagens projetadas em telão de alta definição, o roteiro alterna momentos dançantes com outros mais calmos. Logo no começo, Beyoncé encarna a diva do r & b pop para cantar Crazy in Love, o hit irresistível de seu primeiro álbum solo, Dangerously in Love (2003). Na sequência, vestida de branco à frente de um fundo azul, ela enfileira baladas num set que tem seu momento kitsch quando, já embalada num figurino de noiva, Beyoncé interpreta Ave Maria. Alheio aos (pre)conceitos e aos julgamentos midiáticos que determinam o que é brega ou chique, o público aplaude forte. Como também se deixa levar em seguida pelo bloco pop, simbolizado pela presença de um rádio no centro do palco. É quando Beyoncé lança mão de músicas como Radio e Ego. Na sequência, a temperatura esquenta ainda mais quando a diva desce do palco e caminha pela platéia - cantando - em direção a um palco menor posicionado bem no centro da arena. Neste set mais íntimo (se é que o conceito de intimidade se aplica a um show como o de Beyoncé), a artista se dirige a alguns fãs entre números como Irreplaceable, Check on It e Video Phone. O público delira nas pistas e nas arquibancadas - lotadas - pelo privilégio de ver e ouvir a estrela tecnicamente tão perto. Na sequência, há o revival do Destiny's Child - o grupo no qual Beyoncé se lançou na carreira artística na segunda metade da década de 90 - com medley de sucessos do trio. Pena que Beyoncé se dê ao luxo de queimar um cartucho infalível ao não aproveitar todo o potencial eletrizante de Survivor, o maior hit do grupo. Mesmo isolado do medley, Survivor não aparece com toda a força que poderia ter - apesar das imagens impactantes exibidas no telão. Já Single Ladies (Put a Ring on It) é aproveitada em sua plenitude, com direito ao hilário vídeo em que anônimos mostram suas coreografias para o petardo disparado por Beyoncé em seu terceiro álbum solo, I Am... Sasha Fierce (2008), irregular disco duplo que inspirou a I Am... Tour e no qual há Halo, a poderosa balada que encerra o mix inebriante de pop, r & b, dance e baladas cantado por Beyoncé num show em que a presença - sempre bela e cativante - é tão ou mais importante do que a voz, também (sempre!) bela e cativante.

Wanessa recorre a Shakira e Gaga para entreter

Resenha de Show de Abertura
Título: Meu Momento
Artista: Wanessa (em fotos de Mauro Ferreira)
Participação especial: DJ Negralha
Local: HSBC Arena (RJ)
Data: 7 de fevereiro de 2010
Cotação: * * 1/2
Abrir os concorridos shows de Beyoncé em Florianópolis (SC) e no Rio de Janeiro (RJ) foi o grande momento da carreira de Wanessa, ex-Camargo. Ainda à procura de sua identidade no mundo da música, a filha de Zezé Di Camargo conseguiu sucesso em 2009 ao firmar parceria com o rapper norte-americano Ja Rule na gravação de Fly, hit de seu último álbum, Meu Momento. Por conta dessa guinada pop, que tornou seu som mais atual, Wanessa conquistou - supostamente com o aval de Beyoncé - o direito de abrir três das cinco apresentações da I Am... Tour no Brasil. Tarefa que ela desempenhou com dignidade, a julgar pelo pocket-show que abriu a primeira das duas apresentações cariocas da cantora norte-americana. Eram 19h em ponto, na noite calorenta de 7 de fevereiro de 2010, quando as luzes da platéia da HSBC Arena se apagaram para que o foco recaísse somente sobre o DJ Negralha, que iniciou seu set tocando hits estrangeiros como 4 Minutes (Madonna), American Boy (Estelle) e I Gotta a Feeling (Black Eyed Peas). Na sequência, acompanhada pelas pick-ups de Negralha, Wanessa entrou em cena, lançando logo mão do hit Fly. Vivaz, a neta de Francisco mostrou que dança bem - coadjuvada por quatro bailarinas - e soube recorrer a repertório alheio (ciente da anemia do seu próprio cancioneiro) para entreter o público que esperava por Beyoncé. Entre hits de Lady Gaga (Just Dance) e Shakira (Hips Don't Lie), Wanessa cumpriu seu papel com energia e a correção possível sem - de fato - seduzir o público. Falta alma!!

Roberta avaliza primeiro CD de Antonia Adnet

Arranjadora e boa violonista, Antonia Adnet está lançando seu primeiro disco, Discreta, editado neste mês de fevereiro de 2010, numa associação da gravadora Biscoito Fino com o selo Adnet Mvsica. E quem apresenta o álbum é Roberta Sá, convidada da faixa-título, parceria de Antonia com João Cavalcanti. Roberta Sá fala com propriedade sobre os múltiplos talentos musicais de Antonia porque contou com a violonista em sua banda nas turnês de seus dois primeiros álbuns, Braseiro (2005) e Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria (2007). O repertório de Discreta é essencialmente autoral, mas inclui um choro raro do maestro Moacir Santos (1926 - 2006), Vitrine, dos anos 40. Eis Antonia Adnet - nas palavras de Roberta:

Discreta Ousadia por Roberta Sá
"Conheci Antonia em 2003 quando fazia pesquisa de repertório para o meu primeiro disco. O produtor, Rodrigo Campello, sugeriu que eu procurasse seu cunhado, o arranjador e compositor Mario Adnet, para me ajudar nessa busca. Marcamos um café, que virou um suco de morango com abacaxi e mais tarde uma macarronada, já que ficamos das 14h às 20h trocando ideias, ouvindo canções e reconhecendo afinidades. Sentei à mesa para jantar com a família e logo vi que dali nasceria uma amizade e parcerias eternas. Primeiro porque a comida da Pimpim (Mariza Adnet) é sensacional. Segundo, porque percebi que essa família respira, exala, compartilha, toca, faz e só pensa em música. Brasileira!

Meses depois, já com Braseiro lançado, Rodrigo me disse que precisaria de um substituto para seguir comigo na estrada, caso ele não pudesse comparecer a algum show. Com apenas um ensaio, sua sobrinha e afilhada, Antonia Campello Adnet, se integrou à banda com uma calma de quem sempre esteve ali. E sempre esteve mesmo. Ela começou nos palcos tão cedo que não lembra da sua vida antes do violão. A partir daí, nossa história profissional segue lado a lado e até se confunde um pouco. Viajamos o Brasil e o mundo e aprendemos juntas os prazeres e dificuldades da estrada, a beleza e os percalços da profissão que abraçamos.

Sim, ela tem a segurança de quem nasceu nesse berço de ouro da música brasileira. Mas agora, chegou a hora de fazer um voo solo e rasante. No seu primeiro e corajoso disco, Discreta, Antonia Adnet se lança no ar, e no mercado, de uma vez só, como produtora, arranjadora, compositora, cantora e violonista. Não conheço nenhuma outra artista tão jovem que domine tantos talentos. A discrição está no nome do álbum e nos gestos de Antonia. Mas o resultado é um disco extremamente ousado, pois, enquanto outros aumentam cada vez mais o volume em prol de entretenimento, Antonia sugere a delicadeza. Sua proposta é recuperar os sentidos, reaprender a ouvir. Sua música é brasileira e atual, contemporânea, sem aditivos ou agrotóxicos. É música pura e rara, assim como a moça linda que estampa a capa".

Terceiro álbum de t.A.T.u. tem edição nacional

Dupla russa formada em 1999 pelas cantoras Lena Katina e Yulia Volkova, t.A.T.u. tem editado no Brasil seu terceiro álbum de estúdio, Waste Management. É a versão em inglês do CD lançado na Rússia - em 2008 - com o nome de Vesyoliye Ulybki (o título em russo significa, em inglês, Happy Smiles). A boa edição nacional - posta nas lojas pela gravadora Coqueiro Verde Records - apresenta como faixas-bônus remixes das músicas White Robe, Running Blind e Don't Regret. Como de praxe, a t.A.T.u. - cujo nome em russo quer dizer 'essa que ama aquela' - canta em Waste Management repertório de alto teor erótico que sustenta a bandeira lésbica levantada (explicitamente!) por suas integrantes.

7 de fevereiro de 2010

Feliz, Martinho evoca presenças de Noel e Vila

Resenha de Show
Título: A Presença dos Poetas
Artista: Martinho da Vila (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 6 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz até domingo, 7 de fevereiro de 2010
no embalo da expectativa de ver sua escola Vila Isabel disputar mais um Carnaval com samba de sua autoria, Martinho da Vila idealizou show pré-carnavalesco, A Presença dos Poetas, cujo título alude ao nome do samba-enredo composto por ele para a Vila. Em cartaz no Canecão (RJ) somente até este domingo, 7 de fevereiro de 2010, o show flagra o artista em momento de leveza e felicidade. Prestes a completar 72 anos, no próximo dia 12 de fevereiro, Martinho desfila seguro em cena, cantando sem titubear letras de sambas-enredos, marchinhas e até frevos de antigos Carnavais. Sem esquecer alguns sucessos, como Ex-Amor (1981) e Madalena do Jucú (1989), já infalíveis nos roteiros de seus shows.
A presença de Noel Rosa (1910 - 1937) é evocada em cena não somente através da imagem que põe o Poeta da Vila de frente para o retrato de Martinho no cenário criado por Alex Souza, atual Carnavalesco da Vila Isabel. Após recordar o belo samba No Embalo da Vila (1979), Martinho senta numa poltrona para cantar duas joias do baú de Noel, Filosofia (parceria com André Filho, de 1933) e Último Desejo (1937), em tom mais íntimo. É quando o show - aberto com pot-pourri instrumental que costura os maiores sucessos do compositor - começa a crescer. Após tal abertura, Martinho entra em cena para reviver - sem a devida empolgação, por se tratar do início do show - o samba-enredo Kizomba, Festa da Raça, com o qual a Vila Isabel conquistou seu primeiro campeonato em 1988. Este samba-enredo é tão sedutor e primoroso que chega a ofuscar o atual, Noel: A Presença do Poeta da Vila, cantado em seguida. Na sequência, outros poetas são evocados quando Martinho arma sua Roda de Samba no Céu (2005). E outro poeta da Vila - a Vila da Penha, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, não a Vila Isabel - é saudado quando o compositor revive Graça Divina (1981), um inspirado samba feito com Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) - a quem o tema é dedicado.
Após o set intimista com músicas de Noel, Martinho celebrou a esposa Cleo em Mulheres - já que ela aniversariava na data, 6 de fevereiro, em que o show estreou no Canecão - e abriu espaço para que o percussionista Marcelinho Moreira fosse para o Centro do palco cantar Filosofia de Vida (2008) - o bom samba feito por ele em parceria com Martinho e Fred Camacho - e Festa do Círio de Nazaré, o samba-enredo de 1975, da escola Estácio de Sá, que tem o pai do músico como um dos autores. De volta à cena, no último verso do samba da Estácio, Martinho aproveita a deixa e engata três antológicos sambas-enredos de sua autoria, Onde o Brasil Aprendeu a Liberdade (1972), Sonho de um Sonho (1980) e Pra Tudo se Acabar na Quarta-feira (1984). Na sequência, longo medley com frevos e marchinhas anima ainda mais o baile pré-Carnavalesco de Martinho, que culmina, já no bis, com integrantes da bateria da Unidos de Vila Isabel no palco para pôr a devida pressão percussiva em Raízes (1987), outro samba-enredo feito por Martinho para a sua Vila de tantos shows, discos e Carnavais...

Padre Fábio lidera o mercado do disco em 2009

Não, não foi à toa que a Som Livre pôs tanta fé em padre Fábio de Melo a ponto de tê-lo convencido a sair da LGK Music para entrar no elenco da gravadora global. Líder do mercado fonográfico brasileiro em 2008, por conta das 542 mil cópias vendidas de seu 11º CD, Vida, padre Fábio (visto à direita em foto de Marcos Hermes) se manteve na liderança em 2009, de acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) referentes ao pífio desempenho do mercado fonográfico nacional em 2009. Nada menos do que três dos dez CDs mais vendidos são do padre cantor, incluindo o campeão Iluminar, editado em novembro. Indício do crescimento dos religiosos num mercado dominado também pelos sertanejos. Beyoncé é a única presença estrangeira na lista, por conta das 239 mil cópias vendidas no Brasil de seu terceiro álbum, I Am...Sasha Fierce (2008). E - pelo fato de ter em seu elenco duplas sertanejas como Bruno & Marrone, Victor & Leo (esta também com três CDs na lista dos dez campeões de 2009) e Zezé Di Camargo & Luciano - a Sony Music assumiu a liderança do mercado fonográfico brasileiro em 2009, ficando à frente de sua histórica rival Universal Music, esta prejudicada pela moderada repercussão comercial do último projeto fonográfico de Ivete Sangalo, Pode Entrar, editado dentro da nova série Multishow Registro. Eis os CDs e os DVDs mais vendidos, no Brasil, em 2009:
CDs
1. Iluminar (Som Livre, 2009) - Padre Fábio de Melo - 264 mil
2. Zezé Di Camargo & Luciano (Sony Music 2008)
- Zezé Di Camargo & Luciano - 261 mil
3. I Am... Sasha Fierce (Sony Music, 2008) - Beyoncé - 239 mil
4. Elas Cantam Roberto Carlos (Sony Music, 2009)
- Vários artistas - 206 mil
5. Promessas (Som Livre, 2009) - Vários artistas - 205 mil
6. Eu e o Tempo ao Vivo (LGK Music / Som Livre, 2009)
- Padre Fábio de Melo - 196 mil
7. Borboletas (Sony Music, 2008) - Victor & Leo - 181 mil cópias
8. Vida (LGK Music / Som Livre, 2008)
- Padre Fábio de Melo - 180 mil (em 2009)
9. Ao Vivo em Uberlândia (Sony Music, 2007)
- Victor & Leo - 152 mil (em 2009)
10. Ao Vivo e em Cores (Sony Music, 2009) - Victor & Leo - 130 mil

DVDs
1. XSBP 8 (Som Livre, 2008) - Xuxa - 371 mil cópias
2. Eu e o Tempo ao Vivo (LGK Music / Som Livre, 2009)
- Padre Fábio de Melo - 294 mil
3. Elas Cantam Roberto Carlos (Sony Music, 2009)
- Vários artistas - 154 mil
4. Paz Sim, Violência Não - Volume 2 (Sony Music, 2008)
- Padre Marcelo Rossi - 145 mil (em 2009)
5. Creio em Deus do Impossível (Som Livre, 2009)
- Padre Reginaldo Manzotti - 129 mil
6. Ao Vivo e em Cores (Sony Music, 2009) - Victor & Leo - 82 mil
7. Pode Entrar - Multishow Registro (Universal Music, 2009)
- Ivete Sangalo - 81 mil
8. Ao Vivo em Uberlândia (Sony Music, 2007)
- Victor & Leo - 81 mil (em 2009)
9. Paz Sim, Violência Não - Volume 1 (Sony Music, 2008)
- Padre Marcelo Rossi - 81 mil (em 2009)
10. De Volta aos Bares (Sony Music, 2009)
- Bruno & Marrone - 74 mil

Fuja da Raia, pois 'Pernas pro Ar' nunca decola

Resenha de Musical
Título: Pernas pro Ar
Argumento: Luis Fernando Veríssimo
Texto: Marcelo Saback
Direção: Cacá Carvalho
Elenco: Claudia Raia (em foto de Gui Paganini) e outros
Cotação: *

Agenda da turnê nacional de Pernas pro Ar em 2010:
Rio de Janeiro (RJ) - Quinta da Boa Vista (7 de fevereiro)
Florianópolis (SC) - Teatro Pedro Ivo (23 a 25 de fevereiro)
Paulínia (SP) - Teatro Municipal (3 e 4 de março)
Brasília (DF) - Teatro Villa-Lobos (12 a 14 de março)
Salvador (BA) - Teatro Castro Alves (18 a 20 de março)
Belo Horizonte (MG) - Palácio das Artes (26 a 28 de março)
Belém (PA) - Hangar de Vidro (14 a 18 de abril)
Manaus (AM) - Teatro Amazonas (29 e 30 de abril)
Curitiba (PR) - Teatro Positivo (12 a 14 de maio)
Goiânia (GO) - Teatro Rio Vermelho (26 e 27 de maio)
Maceió (AL) - Centro de Convenções (3 a 5 de junho)
Aracajú (SE) - Teatro Tobias Barreto (17 e 18 de junho)

Boa atriz vocacionada para musicais pelo fato de cantar, dançar e representar com desenvoltura, Claudia Raia já fez sucesso nos palcos brasileiros com espetáculos como Não Fuja da Raia (1993) e Nas Raias da Loucura (1996), escritos por Silvio de Abreu e dirigidos por Jorge Fernando, dois nomes consagrados no ramo das telenovelas. Nos anos 2000, a atriz confirmou tal (raro) dom ao integrar o elenco de montagens brasileiras de musicais estrangeiros como O Beijo da Mulher Aranha (2001) e Sweet Charity (2006), brilhando especialmente neste último. Já em Pernas pro Ar - musical que estreou em Ribeirão Preto (SP) em 2009 e continua atualmente em turnê nacional em rota que inclui passagens pelas principais capitais do país - Raia volta a encenar texto brasileiro. Só que, no caso, um dos piores textos nacionais escritos para musicais. O argumento de Luis Fernando Veríssimo é interessante. Mas Marcelo Saback não desenvolveu bem a história de uma dona-de-casa apática, Helô, que passa a ser direcionada pelas próprias pernas. Não há humor nos diálogos, o que torna o musical arrastado e, de certa forma, pesado como um boeing que não consegue alçar voo. Para piorar, a direção de Cacá Carvalho - recrutado para a função sem ter a mínima experiência no ramo - não contribui para dar alguma leveza à encenação. E o resultado é um espetáculo chato. Como sempre, Raia está à vontade em cena, mas sua ingrata missão em Pernas pro Ar acaba sendo tentar extrair humor de um texto sem graça que prejudica um musical que busca estética diferente sem, de fato, seduzir o espectador com seu sofisticado aparato técnico que inclui cenografia virtual projetada em três dimensões. O visual não enche os olhos. Dos números musicais propriamente ditos, cantados por Raia ao vivo na companhia de um septeto, vale destacar Speak Low - entoado no original em inglês de Kurt Weill (1900 - 1950) no que talvez seja o único grande momento do espetáculo - e You Could Drive a Person Crazy, tema do musical Company (1970) interpretado por Raia na versão em português de Sylvia Massari. Enfim, Claudia Raia é atriz versátil e competente - inclusive no campo dramático, como provou em 2008 ao encarnar a injustiçada Donatella da novela A Favorita - mas mesmo boas atrizes precisam de bons textos para brilhar. E não há um em cena. Por isso mesmo, aviso aos navegantes: fuja da Raia, pois Pernas pro Ar nunca decola...