1 de março de 2008

Ao vivo, Olivia teatraliza as palavras de Guerra

Resenha de CD / DVD
Título: Palavras de
Guerra - Ao Vivo
Artista: Olivia Hime
Gravadora: Biscoito
Fino
Cotação: * * *

Boa cantora de reduzida expressão cênica, Olivia Hime, a rigor, quase nada acrescenta neste registro ao vivo de show ao denso CD que lançou em janeiro de 2007, com enfoque na obra musical do cineasta Ruy Guerra. Houve todo um esforço para teatralizar as palavras de Guerra - a começar pelo recrutamento de um diretor associado ao teatro, Flávio Marinho, que, juntamente com Olivia e Francis Hime, construiu roteiro bem costurado, formado pelas letras feitas por Guerra para as músicas de parceiros como Chico Buarque, Edu Lobo e o próprio Francis Hime. A iluminação, a cargo de Paulo César Medeiros, profissional também egresso do teatro, procurou realçar a ambiência e a fina sonoridade acústica de um show que resulta elegante - com direito à imagem e à voz (em off) do letrista homenageado em Fortaleza.

A ausência dos convidados especiais do disco de estúdio é sentida. Falta a percussão de Dona Edith do Prato no Jogo de Roda, o tema de Edu Lobo e Guerra que abre e fecha o show. Presença destacada na banda, a harpista Cristina Braga até se esforça como cantora, só que fica bem difícil para ela atingir nos duetos feitos com Olivia em Bárbara e em Corpo Marinheiro o refinamento vocal já obtido por Olivia Byington e Nilze Carvalho - respectivamente - nos registros de estúdio. Escorada nos arranjos e na direção musical de Francis, Olivia Hime passeia segura pelo universo poético de Ruy Guerra. Contudo, como ficara claro no CD de estúdio, ela não é intérprete talhada para encarar músicas como Tatuagem, que já mereceram registros bem mais expressivos. Ainda assim, é justo reconhecer o esforço da artista para dar um tom teatral - que nunca foi o seu - a músicas como Fado Tropical, uma das que não entraram no disco de estúdio. Assim como Ana de Amsterdam, outra bela parceria de Guerra com Chico - revivida no trecho que introduz Fortaleza.

Além do registro do show, captado no Sesc Santana (SP) em julho de 2007, o DVD apresenta nos extras tradicional making of - com depoimentos protocolares de Olivia e do diretor Flávio Marinho - e o documentário À Respeito de Ruy, em que compositores como Carlos Lyra e Marcos Valle procuram contextualizar e explicar a importância e a originalidade das palavras de Guerra no cenário da MPB dos anos 60 e 70, inspiração para o canto de Olivia Hime.

Detonautas retornam na Sony com quarto disco

Quase dois anos depois de seu guitarrista Rodrigo Netto ter sido assassinado em um assalto, na volta de um almoço dominical em família, o grupo Detonautas (em foto de Marcos Hermes) prepara a sua volta ao mercado fonográfico. O quarto álbum da banda, O Retorno de Saturno, vai marcar sua estréia na gravadora Sony BMG. Formatado no estúdio Toca do Bandido, no Rio de Janeiro (RJ), o CD já foi finalizado e chega às lojas em abril. Entre as onze músicas, há Eu Vou Vomitar em Você, Não Dormiremos em Paz, Ensaio sobre a Cegueira, As Verdades do Mundo, Lógica, Oração do Horizonte e Não Estou para Ninguém. A produção do disco O Retorno de Saturno é assinada por Fernando Magalhães, que vem a ser o (ótimo) guitarrista do grupo carioca Barão Vermelho.

Fernanda volta para 'porto seguro' da eletrônica

Como já naufragou a incursão mais intensa de Fernanda Porto pela MPB, feita no CD e DVD Ao Vivo, editados pela EMI Music, a cantora decidiu voltar para o porto seguro da música eletrônica. O quarto disco da artista vai estar centrado em vários ritmos eletrônicos como drum'n'bass, house e tecno. O álbum já está em processo de finalização e chega às lojas em 2009. DJs como Mad Zoo, Patife e XRS estão envolvidos na produção de remixes de parte do repertório do disco. O remix de Patife para Sambassim, aliás, foi o responsável pelo sucesso de Porto na cena eletrônica paulista, em 2000. Dois anos depois, ela lançou seu CD.

Turnê italiana do Pearl Jam gera filme refinado

Resenha de DVD
Título: Immagine in
Cornice
Artista: Pearl Jam
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * * 1/2

Não é apenas pelo fato de ter sido filmado em película pelo esperto diretor Danny Clinch que o novo DVD do Pearl Jam, Immagine in Cornice - já editado no Brasil pela Warner Music, merece ter status de filme. A passagem da turnê do grupo pela Itália, em 2006, rendeu imagens de cunho cinematográfico e gerou um filme que extrapola o mero registro de um show. Danny Clinch entremeia os números musicais (entre eles, Alive, Blood, Porch e Comatose) com belos flagrantes da banda pela Itália. O resultado paira acima da média dos registros de show editados em DVD. Inclusive pela embalagem em digipack que inclui libreto. Em tempo: o título Immagine in Cornice significa Imagem em Moldura em italiano. Tudo a ver...

29 de fevereiro de 2008

Sintetizadores diluem pop emo do Simple Plan

Resenha de CD
Título: Simple Plan
Artista: Simple Plan
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Para legítimos punks, sempre foi heresia associar o pop rock do grupo Simple Plan ao som que brotou do inconformismo da década de 70. A audição do terceiro álbum do grupo canadense, Simple Plan, dá razão aos mais radicais. Se algum dia houve qualquer aura punk no emo do quinteto, ela se dissipou por completo com este disco que inclui sintetizados sons eletrônicos. Basta dizer que, no variado time de produtores, há até Nate Danja Hills. E o fato é que, por mais emo que seja, o pop rock do Simple Plan tem a pegada que cai bem nas paradas. Tanto que a Warner Music já anda alardeando com dados concretos o sucesso do álbum no mundo ocidental. No embalo do estouro do single arrasa-quarteirão When I'm Gone, a companhia vai trabalhar em março a faixa Your Love is a Lie, cujo clipe - a ser dirigido por Wayne Isham - já entrou em fase de pré-produção. E, justiça seja feita, munição para as paradas - como a ótima balada I Can Wait Forever - Simple Plan, o disco, tem de montão. Só que nada neste álbum faz jus ao histórico do punk que brotou nos 70.

P.S.: A gravadora Warner Music também está lançando no Brasil a edição limitada do álbum Simple Plan, que inclui duas faixas adicionais (Running out of Time e a versão acústica de When I'm Gone) e DVD com o clipe do single When I'm Gone e com imagens de bastidores da gravação do disco e da feitura do vídeo - além de trechos de show realizado pelo grupo Simple Plan em Nova York.

CD de João Estrella não chega a ser uma droga

Resenha de CD
Título: Meu Nome É João Estrella
Artista: João Estrella
Gravadora: EMI Music
Cotação: * 1/2

Seria muito injusto lançar mão do trocadilho e sentenciar que o primeiro CD de João Estrella - o ex-traficante carioca, cuja saga inspirou o filme Meu Nome Não É Johnny, o retumbante sucesso do cinema brasileiro neste início de 2008 - é uma droga. Não chega a tal, embora esteja longe de fazer bem aos ouvidos. O fato é que, com os recursos de estúdio, a voz do cantor não chega a agredir os ouvidos mais sensíveis. Quanto ao repertório, Estrella patina entre clichês do rock e baladas como O Alvo e Tempo Time - ambas compostas no manicômio judicial em que o ex-traficante cumpriu pena (o disco é dedicado à juíza que o libertou da prisão comum). Todo o instrumental do álbum é correto e nunca depõe contra o artista. O que pesa na sentença desfavorável do crítico é a qualidade trivial do repertório autoral. Estrella merece absolvição quando flerta (ligeiramente) com o samba na música No Parque e, sobretudo, quando incursiona bem pelo repertório atemporal dos Secos & Molhados. Ainda que nunca atinja o patamar artístico da gravação original do trio, o cover de O Patrão Nosso de Cada Dia é o melhor momento deste disco editado pela major EMI Music na carona do estouro do filme sobre a vida pregressa do artista, de 46 anos. Mas o nome do cantor não é Johnny. É João Estrella - como prega o título do CD - e vai ser difícil para Estrella fazer seu nome na música quando passar o sucesso fenomenal do filme brasileiro.

Dori, Adnet e Romero dão bossa ao soul de Ono

Resenha de CD
Título: Soul & Bossa
Artista: Lisa Ono
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

Nada soa mais velho do que a moda de rebobinar qualquer música em um clima de bossa nova. Mas Lisa Ono, brasileira radicada no Japão, conta com o atenuante de sempre ter vivido de reciclagens da velha bossa. Neste Soul & Bossa, ela traz clássicos de compositores do soul para o universo do cantinho e do violão. Poderia soar trivial se não fossem os arranjos de Mario Adnet, Romero Lubambo e Dori Caymmi. O trio consegue dar bossa (e elegância) ao soul de Ono. Ainda que nem tudo funcione a contento. For Once in my Life se ajustou bem melhor à levada bossa-novista do que (Sittin' on) the Dock of the Bay, o clássico do repertório de Otis Redding (1941 - 1967). Em faixas como Overjoyed (pérola de Stevie Wonder) e I Can't Stop Loving You, hit de Ray Charles (1930 - 2004), Ono faz dueto com Bill Cantos, dono de voz miúda a la Chet Baker. Recriar Unchain my Heart no ritmo do samba mais suave e dar um acento nordestino a I Got You (I Feel Good), o standard de James Brown (1933 - 2006), foram as maiores ousadias estilísticas de Ono neste disco tirado pelos arranjadores da vala comum dos CDs de covers feitos no ritmo da velha bossa nova. No caso, sem a força do soul.

Chitão & Xororó realçam evidências de Augusto

Chitãozinho & Xororó reviveram Evidências - a parceria de José Augusto com Paulo Sérgio Valle que a dupla sertaneja lançou em 1990 - na gravação ao vivo do CD e (primeiro) DVD de Augusto, realizada na noite de quarta-feira, 27 de fevereiro, no Universal Up - o espaço de shows da gravadora Universal Music. E a dupla (com Augusto na imagem de Washington Possato) foi ovacionada pela platéia majoritariamente feminina recrutada por emissora de rádio de perfil popular. O cantor mostrou a inédita Amor Eterno.

Anunciada oficialmente pela Universal como uma das convidadas da gravação, Fafá de Belém não compareceu por "problemas de agenda", de acordo com a companhia. Em compensação, Alcione gravou duas músicas com o cantor. Uma, a balada O Que Eu Faço Amanhã?..., de autoria de Augusto, foi lançada pela Marrom no bom disco Fruto e Raiz (1986). A outra, Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar), é de autoria de Tim Maia (1942 - 1998). Foi, aliás, o número mais inusitado e sem nexo de um roteiro que priorizou as canções românticas que fizeram sucesso na voz de Augusto. Eu e Você contou com a participação do grupo Roupa Nova. Já o grupo The Originals - integrado por Miguel Plopschi, diretor artístico do DVD - tocou em Amar Você e em Ciúme de Você, música de Luiz Ayrão que Roberto Carlos lançou em 1968 no LP O Inimitável. Eis o roteiro da gravação, que gera CD e DVD em abril ou em maio:

1. Tudo Deu em Nada (Menta y Limon)
2. De que Vale Ter Tudo na Vida? / Eu Quero Apenas Carinho
3. Fantasias / Sábado
4. Amar Você - com The Originals
5. Ciúme de Você - com The Originals
6. Fui Eu
7. Sonho por Sonho
8. O que Eu Faço Amanhã?... - com Alcione
9. Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar) - com Alcione
10. Coisas do Coração
11. A Minha História (La Mia Storia Tra le Dita)
12. Evidências - com Chitãozinho & Xororó
13. Amor Eterno - música inédita de autoria de José Augusto
14. Amantes
15. Indiferença
16. Agüenta Coração
17. Eu e Você - com Roupa Nova
18. Chuvas de Verão
19. Me Esqueci de Viver (Me Olvide de vivir)

28 de fevereiro de 2008

Bethânia mostra inédita em show com Omara

Doce - inédita de Roque Ferreira - é uma das sutis novidades que Maria Bethânia incluiu no roteiro do show que vai fazer com Omara Portuondo a partir de 7 de março, no Canecão (RJ). A turnê internacional - que vai passar por dez cidades brasileiras e terminará, por ora, em junho, com apresentações na Argentina e Chile - será gravada para posterior edição em DVD. Em sua parte solo, Maria Bethânia vai cantar Negue- o bolero que regravou em 1978 no disco Álibi - e A Bahia te Espera (Herivelto Martins e Chianca de Garcia), entre outras músicas. Já Omara (à direita na foto de Leonardo Aversa) vai reviver na sua parte solo boleros como Viente Años (Maria Tereza Vera), Lo que me Queda por Vivir (Enrique Bunbury) e Dos Gardenias (Isolino Carrillo). Juntas, as cantoras vão interpretar - além do repertório do disco - versão em espanhol de Gente Humilde (de Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque) e Havana-me, música em que Joyce e Paulo César Pinheiro celebram afinidades entre Brasil e Cuba. Parceria de Chico Buarque com Milton Nascimento, a bela O Cio da Terra também integra o repertório do show que vai evocar elementos do Brasil e de Cuba no cenário de Gringo Gardia. Bethânia e Omara começam o show juntas. Depois, há o solo de Bethânia - ao qual vai se seguir novo encontro das cantoras. Em seguida, Omara fará seu set individual e, na seqüência, Bethânia voltará para encerrar o show ao lado da colega cubana - com quem dividirá o palco até pelo menos junho, badalando o disco que acaba de chegar às lojas.

Disco confirma que 'Bolacha' foi, de fato, grande

Resenha de CD
Título: O Samba Informal de Mauro Duarte
Artista: Samba de Fato e Cristina Buarque
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * 1/2

Ao sair de cena em 1989, aos 59 anos, Mauro Duarte - conhecido nas rodas de samba como Bolacha - deixou obra monumental que, em boa parte, se perpetuava pela tradição oral na informalidade das mesas de bar e dos pagodes armados pelo Rio. O álbum duplo ora lançado pela carioca Deckdisc - com produção de Alfredo Del-Penho - joga luz sobre essa rica obra, apresentando 30 sambas do Bolacha. Nada menos do que 18 permaneciam inéditos em disco. Muitos deles - como Sublime Primavera, Acerto de Contas, Falou Demais e Samba de Botequim, Começo Errado e Lamento Negro, entre outros - foram finalizados por Paulo César Pinheiro em 2006 a partir de trechos achados em fitas do acervo pessoal de Duarte.

O valor documental do álbum O Samba Informal de Mauro Duarte é muito alto. Contudo, é preciso reconhecer que o valor artístico também é muito bom. Em português claro, não se trata de sobras dispensáveis da produção autoral do compositor. É fato que o CD não revela nenhuma jóia do alto quilate de Lama, Canto das Três Raças e Portela na Avenida, para citar somente três das músicas mais conhecidas de Duarte - as três, aliás, lançadas na voz luminosa de Clara Nunes (1942 - 1983). Mas o nível dos 30 sambas do disco duplo jamais é rasteiro. Vale destacar Carnaval (samba tão melodioso quanto melancólico) e o afro Mineiro Pau, música que (muito provavelmente) foi a última feita por Duarte, em 1989. A propósito, há no CD 1 o primeiro samba do Bolacha, composto presumivelmente em 1947 e mostrado no disco na voz do autor, extraída de show feito em 1988. No CD 2, há curiosidades como Sonho e Realidade - única parceria do compositor com o baiano Edil Pacheco - e Caprichosos de Pilares, único tema da série que exalta as escolas de samba do Rio que nunca tinha sido gravado.

O grupo Samba de Fato entende do assunto e dignifica a produção apresentada no disco - com a adequada informalidade (o que não elimina o rigor artístico das 30 gravações) e o auxílio luxuoso da voz atenta de Cristina Buarque em sambas como Reza, Meu Bem e À Procura da Felicidade. Enfim, um disco necessário que mostra o quão grande - em todos os sentidos - foi a obra de Mauro Duarte.

'Riot!' põe Paramore entre o emo e a ira de Avril

Resenha de CD
Título: Riot!
Artista: Paramore
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * 1/2

Lançado em junho de 2007, o segundo álbum do quarteto Paramore, Riot!, foi editado no mercado brasileiro neste mês de fevereiro por conta da indicação da banda ao Grammy na categoria Best New Artist. Mas a audição de Riot! desfaz qualquer eventual aura hype criada em torno deste grupo formado em 2004 no Tennessee (EUA). Na faixa Misery Business, a vocalista Hayley Williams destila sua raivinha com o peso leve de uma subAvril Lavigne. O álbum tem uniforme pegada roqueira, ainda que uma ou outra faixa, em especial When It Rains, evidencie o lado mais baladeiro de um quarteto que, em sua essência, pouco/nada acrescenta à cena pop norte-americana com rocks triviais como Born for This e Fences. Não é à toa que o Paramore perdeu o Grammy de Revelação para Amy Winehouse...

Ramalho grava ao vivo CD com versões de Dylan

Já perfilado como o Bob Dylan do sertão por conta de suas canções verborrágicas, Zé Ramalho vai estrear na gravadora EMI Music com disco em que canta versões de músicas do compositor de Like a Rolling a Stone - atividade, aliás, à qual ele volta e meia já se dedicou em seus 30 e poucos anos de carreira fonográfica. Frevoador, a música-título do álbum que lançou em 1992, era versão de Hurricane. E um dos maiores sucessos do cantor é Batendo na Porta do Céu, versão fiel de Knockin' on Heaven's Door. O CD sairá no segundo semestre e vai ser gravado ao vivo em junho, em show no Rio de Janeiro (RJ). Além das novas versões, o repertório vai incluir músicas inéditas de Ramalho e um registro, no original em inglês, de If Not for You. A idéia do artista é trazer Bob Dylan para o universo nordestino. A gravação será editada também em DVD.

27 de fevereiro de 2008

'Thriller 25' realça supremacia do disco original

Resenha de CD + DVD
Título: Thriller 25
Artista: Michael Jackson
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * * * (álbum original) e * * (faixas-bônus)

Enquanto prepara álbum de inéditas para (tentar) recuperar sua coroa, o outrora rei do pop Michael Jackson revive tempos mais majestosos com a edição comemorativa dos 25 anos do (maior) clássico de sua discografia, lançado em dezembro de 1982. Ainda azeitada, a mistura de rock, funk e pop de Thriller resiste bem ao tempo e conserva o status de obra-prima. Já o material adicional preparado para a edição é que fica aquém das faixas originais. Os remixes - a cargo de Kanye West, Akon, will.i.am e Cia. - tentam transportar o som do disco para o universo do hip hop que ainda engatinhava quando Jackson concebeu o álbum mais vendido de todos os tempos - vendas em torno de 104 milhões de cópias até hoje, de acordo com dados atualizados da gravadora Sony BMG. Akon acentuou o sotaque afro de Wanna Be Starting Something. West entortou a batida de Billie Jean. Mas o fato é que as levadas da turma sequer roçam o suingue das gravações originais. Neste sentido, will.i.am até merece elogio por ter sido mais respeitoso ao moldar a versão 2008 de The Girl Is Mine. Quando will tentou inventar, como em Beat It, o resultado é pifio. Entre as novidades, há também uma dispensável balada, For All Time, que sobrou das gravações. Quanto ao DVD, os três históricos clipes inspirados no disco já tinham sido editados em coletâneas de vídeos de Jackson. O único registro audiovisual menos batido é o da participação do artista na festa de 25 anos da gravadora Motown - ocasião em que, ao dublar o hit Billie Jean, Jackson mostrou ao mundo o passo de dança que ficaria conhecido como moonwalk. Moral da história: prefira o Thriller original. Ele ainda é imbatível e autosuficiente.

Warner divulga título oficial do CD de Madonna

Hard Candy - e não Licorice, como chegou a ser afirmado/negado extra-oficialmente na internet - é o título do álbum que Madonna vai lançar em 28 de abril com intervenções de Justin Timberlake e faixas produzidas por Pharrell Williams, Timbaland e Nate Danja Hills. As informações já foram confirmadas em comunicado oficial divulgado pela multinacional Warner Music na manhã desta quarta-feira, 27 de fevereiro. A gravadora confirmou também a existência de uma música intitulada Candy Store e anunciou que o primeiro single - Four Minutes, e não 4 Minutes to Save the World, como já vinha sendo propagado - será lançado no fim de março. O álbum Hard Candy é o último trabalho de inéditas de Madonna a ser editado pela Warner. O vínculo será encerrado de fato com uma coletânea.

Alcione, Roupa e Originals gravam com Augusto

Alcione (à esquerda em foto de Marcos Hermes), Fafá de Belém e o grupo The Originals também aderiram ao time de convidados do CD e DVD que o cantor José Augusto gravará ao vivo na noite desta quarta-feira, 27 de fevereiro, no Universal Up - o espaço de shows da gravadora Universal Music. O sexteto carioca Roupa Nova, já anteriormente anunciado, tem a presença confirmada no registro do show que vai tentar reabilitar Augusto no mercado fonográfico. O lançamento do disco está previsto para fim de abril.

Stroeter, Tutty, Mehmari e Proveta na 'Nonada'

Em maio de 1998, a gravação de um CD - Forças D'Alma - reuniu o produtor e baixista Rodolfo Stroeter, o baterista Tutty Moreno, o jovem pianista André Mehmari e o saxofonista Nailor Proveta. Dez anos depois, o grupo - com a adição do saxofonista Teco Cardoso - se reúne no álbum Nonada, editado pela Biscoito Fino. O quinteto procura dar novas nuances a temas de Dorival Caymmi (Não Tem Solução e O Vento), Ary Barroso (Inquietação) e Moacir Santos (Da Bahia ao Ceará e Coisa nº 2), entre outros compositores. Joyce faz uma participação em Feijão com Arroz, o baião de sua própria autoria.

26 de fevereiro de 2008

Nelson põe 'Sinfonia Imortal' em CD de inéditas

Aos 83 anos, Nelson Sargento planeja lançar em 2008 seu primeiro disco de inéditas em sete anos (o último, Flores em Vida, saiu em 2001). Uma das músicas será a Sinfonia Imortal, novíssima parceria do compositor com Agenor de Oliveira. A idéia de Sargento é extrapolar o universo do samba, gravando ritmos como bolero, valsa e blues. Versátil é o provável título do CD em que o autor de Agoniza, mas Não Morre extravasa rótulos.

Menestrel revisa obra em tom íntimo e pessoal

Resenha de CD / DVD
Título: Intimidade
Artista: Oswaldo
Montenegro
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * *

Oswaldo Montenegro não envelheceu. Ao menos no que diz respeito à sua voz. Ver e ouvir o menestrel neste DVD e CD ao vivo da série Intimidade, da Som Livre, é constatar que o tempo parece ter passado lento para o artista. O que nunca passa é a mania da indústria fonográfica de viver do passado. Em 2006, Montenegro lançou disco de inéditas, A Partir de Agora, que obteve pouca repercussão. A saída, então, foi mais uma vez regravar os hits que lhe deram fama e (nenhuma) fortuna a partir do final dos anos 70.

O diferencial da série é que, em sintonia com seu título, os shows captados nela são de caráter realmente íntimo - geralmente feitos na casa do artista para (pequenas) pláteias de amigos e familiares. Guilherme Arantes foi o primeiro da série, mas a voz do autor de Amanhã já perdeu brilho e potência. Montenegro, na contramão, permanece em forma vocal. E isso faz de Intimidade, tanto o CD como o DVD, bom cartão-de-visitas para sua obra. E, para quem já é íntimo dessa obra, há algumas novidades como a regravação de Sou uma Criança, Não Entendo Nada (hit de Erasmo Carlos, mais puxado para o country na leitura do menestrel) e a adesão de Zeca Baleiro em Léo e Bia, sucesso do primeiro álbum de Montenegro, Poeta Maldito... Moleque Vadio (1979). Baleiro está em casa.

O DVD apresenta 16 músicas, duas (Mel do Sol e Por Brilho) a mais do que o CD, e também tem a bossa adicional de ter seus números entremeados com depoimentos sobre o trovador, colhidos para o documentário de 25 minutos, filmado (parcialmente) em Brasília (DF) e exibido nos extras. No todo, o registro do show é elegante. Montenegro experimenta tons mais suaves para rebobinar coeso repertório formado quase que inteiramente por canções. E são as canções típicas de Oswaldo, compositor hábil na evocação de um tom medieval. Canções pontuadas por seu violão e pela flauta de Madalena Salles - como é o caso da bela Lua e Flor (1988), último grande sucesso do trovador. Um dos números que destoam desta atmosfera mais lírica e suave é Vamos Celebrar, tema de 2006, de pegada country. Enfim, um bom show, com direito ao bandolim de Pedro Amorim em Bandolins, outro clássico da obra deste artista injustamente carimbado com a alcunha de chato - ainda que, em alguns poucos momentos, ele realmente tenha feito jus ao rótulo.

Cavalera conspira para chegar em 24 de março

Com 11 músicas, o esperado primeiro álbum do Cavalera Conspiracy - o quarteto que reúne os irmãos Iggor e Max Cavalera, reconciliados após 11 anos de um racha familiar e musical - tem lançamento mundial já confirmado para 24 de março pela gravadora Warner Music (nos Estados Unidos, sai um dia depois). Intitulado Inflikted, o CD será precedido pelo single de Sanctuary, nas lojas do exterior em 3 de março. A música rendeu também um clipe - já filmado e também programado para março. Curiosamente, a Warner liberou neste 26 de fevereiro a audição da faixa-título (escute a música aqui). Além dos irmãos Cavalera, o quarteto é formado por Marc Rizzo (grupo Soulfly) e Joe Duplantier (Gojira). Eis as 11 faixas do CD Inflikted:

1. Inflikted
2. Sanctuary
3. Terrorize
4. Dark Ark
5. Ultra-Violent
6. Hex
7. Doom of All Fires
8. Bloodbrawl
9. Nevertrust
10. Hearts of Darkness
11. Must Kill

Fênix vai gravar ao vivo temas de Zé e Caetano

Cantor cuja voz incomum também transita por timbres femininos, com uma versatilidade que já lhe rendeu comparações com Edson Cordeiro, Fênix vai gravar ao vivo CD e DVD, em maio, no Teatro Santa Isabel, em Recife (PE) - com um patrocínio da prefeitura da capital de Pernambuco, Estado natal do artista. A gravação vai ser editada pela Criola Records. No repertório, já estão certas músicas de Caetano Veloso (Meu Rio), Totonho (Nhem Nhem Nhem) e Zé Ramalho (Avohai). Fênix, aliás, vai adiantar parte do repertório da gravação na apresentação única do show Mar Profundo que vai fazer no Teatro Rival (RJ) em 5 de março com participação de Ney Matogrosso (com Fênix na foto) na música Migalhas no Altar.

25 de fevereiro de 2008

Tetê solta (todos) os pássaros de sua garganta

Resenha de CD
Título: E Va por Ar
Artista: Tetê Espíndola
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2

Desde o álbum Pássaros na Garganta, editado em 1982, Tetê Espíndola insere sons da natureza - em especial, os dos pássaros - em sua música. Tal vertente que rendeu discos originais como Ouvir / Birds (1991) e Voz Voix Voice (2002). E Va por Ar não segue trilha tão experimental. Contudo, é pautado por esta rara interação da artista com a natureza. Trata-se do 15º álbum da boa cantora, projetada nacionalmente em 1985 no Festival dos Festivais, da Rede Globo, ao defender Escrito nas Estrelas. Em E Va por Ar, álbum gravado ao vivo em 2004 em show em Campo Grande (MS) e finalizado em 2007, Tetê explora seus agudos como na música do festival. E o que se escuta é uma reunião de canções de inspiração ruralista, compostas por Tetê com parceiros como Arnaldo Black (Ópera da Natureza e Voz), Jerry Espíndola (Toada da Saudade), Arrigo Barnabé (SERtão) e Alzira E (Morena Amiga e Prata no Mar). Há beleza (e estranhamento) nestas canções que brotam da raiz mais caipira da música brasileira. O destaque do CD é Semente de Som, bela parceria de Tetê com Chico César. E, como curiosidade, há Pássaros - o número improvisado em que Tetê faz a platéia soltar os pássaros da garganta. No todo, são 40 minutos de uma música agradável que já não se ouve na selva das cidades.

Primo de Sandy & Junior integra dupla infantil

Sandy & Junior cresceram e desapareceram como dupla, mas um de seus primos, Maury, sobrinho de Xororó, está se aventurando no mercado fonográfico em dupla infantil contratada pela mesma gravadora que apresentou Sandy & Junior em 1989 (na época, a companhia atualmente denominada Universal Music se chamava PolyGram). O duo Rafaela & Maury acaba de assinar contrato com a major - na foto, as duas crianças posam com José Antonio Éboli, o presidente da empresa no Brasil - e lança seu primeiro CD ainda este ano com som caracterizado como pop dançante. A conferir...

Bethânia aprova o DVD Dentro do Mar Tem Rio

Os fãs de Maria Bethânia (em foto de Beti Niemeyer) não vão ficar sem o registro audiovisual do show Dentro do Mar Tem Rio. A cantora aprovou a segunda gravação - realizada em São Paulo, em dezembro de 2007, no encerramento da turnê nacional - e o DVD vai ser editado pela gravadora Biscoito Fino, só que em data ainda não definida. O lançamento será feito provavelmente no segundo semestre para impedir que o DVD dispute mercado e mídia com o álbum Omara Portuondo e Maria Bethânia, que vai chegar às lojas a partir de quinta-feira, 28 de fevereiro, nos formatos de CD e de kit com CD + DVD. Mas o fato é que sai. Bethânia rejeitara a primeira gravação, realizada em agosto de 2007 no Canecão, com direção de Andrucha Waddington, mas autorizou a edição do DVD com o segundo registro do show, captado no Citibank Hall (de SP).

Cantora Luísa Maita está no alvo da EMI Music

A cantora e compositora paulista Luísa Maita pode ganhar projeção nacional em 2008. A artista - que iniciou (discreta) carreira solo no ano passado depois de ter formado a Urbanda em 2001 - está na mira da gravadora EMI Music. Maita, que já teve duas composições de sua autoria gravadas por Virgínia Rosa em 2006, diz fazer música brasileira de tom contemporâneo. Aí Vem Ele é o seu carro-chefe.

24 de fevereiro de 2008

Aguilera já retorna ao erotismo básico em DVD

Back to Basics, o belo álbum duplo de 2006 que deu dignidade à discografia de Christina Aguilera, rendeu turnê que foi gravada ao vivo em 2007 e está sendo editada via Sony BMG no DVD Back to Basics - Live and Down Under. Nos 21 números do show, Christina Aguilera se permite até evocar o anterior caráter erótico de sua música no vídeo de I Got Trouble, apresentado no intervalo do espetáculo. Estas são as faixas do DVD:

1. Intro (Back to Basics)
2. Ain't no Other Man
3. Back in the Day
4. Understand
5. Come on Over (jazz version)
6. Slow Down Baby
7. Still Dirty /Can't Hold us Down
8. Interlude / I Got Trouble (vídeo)
9. Make me Wanna Pray
10. What a Girl Wants (reggae version)
11. Oh Mother
12. Enter the Circus
13. Wellcome
14. Dirrty
15. Candy Man
16. Nasty Naughty Boy
17. Hurt
18. Lady Marmalade
19. Interlude / Thank You (vídeo)
20. Beautiful

21. Fighter

DVD revive show do Iron Maiden no Rock in Rio

Em março, o Iron Maiden volta ao Brasil com turnê que passa por São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). Aos fãs cariocas do grupo inglês, resta apenas matar as saudades do histórico show feito pela Donzela de Ferro no Rock in Rio I em janeiro de 1985, pois a apresentação da banda no festival carioca pode ser revivida em Live After Death, o farto DVD duplo posto nas lojas pela EMI neste mês de fevereiro de 2008. Cinquenta minutos daquele show do Rock in Rio I podem ser vistos entre o material adicional apresentado no disco 2, que conclui The History of Iron Maiden - iniciada em 2004 no DVD The Early Days - e recupera o documentário Behind the Iron Curtain, que foi rodado em 1984 e lançado originalmente em VHS em abril de 1985, mas já era raro. O disco 2 apresenta inédito curto filme, Ello Texas, feito em 1983.

Extras à parte, o DVD Live After Death rebobina - no disco 1 - o vídeo filmado em quatro shows feitos pelo Iron Maiden na Long Beach Arena, na Califórnia (EUA), ao final da turnê mundial The World Slavery Tour, que foi de agosto de 1984 a julho de 1985, totalizando 193 shows em 21 países. Na época, o grupo promovia seu quinto álbum de estúdio, Powerslave. Até então disponível somente em VHS (formato em que foi lançado em 1985), tal vídeo teve o som remixado em áudio 5.1. Mimo para fãs do Iron Maiden.

'Outro Rio', de Ricardo Silveira, traz Maria Rita

Em fevereiro de 2006, quando ainda promovia o polêmico CD Segundo, Maria Rita foi ao estúdio Toca do Bandido (RJ), aonde costuma gravar os seus discos, e pôs voz na canção A Medida do meu Coração, rara parceria de Pedro Luís com o guitarrista Ricardo Silveira. A gravação está sendo lançada - dois anos depois - no bom CD Outro Rio, em que Silveira evoca com seu violão suave clima de bossa nova. João Donato toca seu piano personalíssimo na faixa O Sol na Janela. O álbum está sendo lançado pelo selo MP,B - com a distribuição da Universal Music. É CD basicamente instrumental.

Kravitz prega amor e rock sem fazer revoluções

Resenha de CD
Título: It Is Time for a Love Revolution
Artista: Lenny Kravitz
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Faça amor, não faça guerra - ao som do rock. Este parece ser o lema que rege o oitavo álbum de estúdio de Lenny Kravitz. Mesmo sem abandonar de todo o ecletismo que pauta sua obra autoral, Kravitz prioriza o rock clássico neste álbum em que se ouve ecos de Rolling Stones e Led Zeppelin. As duas primeiras faixas, Love Revolution e Bring It on, já anunciam o tom roqueiro do disco. E pelas letras de outras, caso de Love Love Love, pueril libelo contra o materialismo, ficam claros os valores humanistas defendidos pelo artista neste bom CD marcado por riffs e solos de guitarra. O de Will You Marry me? evoca Jimi Hendrix, ídolo de Kravitz. Há referências aos anos 60 também em Back in Vietnam, música que lembra a guerra daquela década e que, não por acaso, precede I Want to Go Home, cujos (rasos) versos foram escritos por Kravitz sob a ótica de um soldado condenado a defender os princípios norte-americanos na Guerra do Iraque, o Vietnam da presente década. O tom melancólico dos versos está em sintonia com as letras da balada I Love the Rain - candidata potencial a hit nas FMs - e de A Long and Sad Goodbye, o tema em que Kravitz expia a dor de ver o pai doente. Não espere revoluções poéticas e tampouco musicais, só que, a seu modo, It Is Time for a Love Revolution até repõe a discografia de Lenny Kravitz nos eixos.