CD de João Estrella não chega a ser uma droga
Resenha de CDTítulo: Meu Nome É João Estrella
Artista: João Estrella
Gravadora: EMI Music
Cotação: * 1/2
Seria muito injusto lançar mão do trocadilho e sentenciar que o primeiro CD de João Estrella - o ex-traficante carioca, cuja saga inspirou o filme Meu Nome Não É Johnny, o retumbante sucesso do cinema brasileiro neste início de 2008 - é uma droga. Não chega a tal, embora esteja longe de fazer bem aos ouvidos. O fato é que, com os recursos de estúdio, a voz do cantor não chega a agredir os ouvidos mais sensíveis. Quanto ao repertório, Estrella patina entre clichês do rock e baladas como O Alvo e Tempo Time - ambas compostas no manicômio judicial em que o ex-traficante cumpriu pena (o disco é dedicado à juíza que o libertou da prisão comum). Todo o instrumental do álbum é correto e nunca depõe contra o artista. O que pesa na sentença desfavorável do crítico é a qualidade trivial do repertório autoral. Estrella merece absolvição quando flerta (ligeiramente) com o samba na música No Parque e, sobretudo, quando incursiona bem pelo repertório atemporal dos Secos & Molhados. Ainda que nunca atinja o patamar artístico da gravação original do trio, o cover de O Patrão Nosso de Cada Dia é o melhor momento deste disco editado pela major EMI Music na carona do estouro do filme sobre a vida pregressa do artista, de 46 anos. Mas o nome do cantor não é Johnny. É João Estrella - como prega o título do CD - e vai ser difícil para Estrella fazer seu nome na música quando passar o sucesso fenomenal do filme brasileiro.
posted by Mauro Ferreira at 15:26
6 Comments:
Mauro, fala a verdade: ficou com peninha do cara e deu voltas e voltas para não dizer com todas as letras que o disco é ruim
achei o tema "CD de João Estrella não chega a ser uma droga" um trocadilho de péssimo mau gosto"
Eu gostei do trocadilho, ser politicamente correto é que é de péssimo gosto.
Jose Henrique
Olá Mauro, meu nome é Marcos Cunha e fui o produtor musical do disco do João Estrella. Qualquer jornalista que se preze deve checar suas informações antes de publicá-las, sob pena de perder a credibilidade - pré-requisito para um profissional sério. Independente do quesito "gostômetro" , é falsa a informação de que João Estrella teve sua voz "maquiada em estúdio". Apesar da inexperiência, Estrella tem boa voz e praticamente não precisou ser corrigido no computador (duas ou três em todo disco!!!) , expediente comum em grande parte das gravações de cantores e cantoras consagrados e elogiados pela crítica. Nada além do convencional foi feito para que a voz dele ficasse como ficou. O exercício do gostômetro é livre para todos, mas a publicação de informações falsas não. Mais cuidado com o uso da pena, caro Mauro.
Oi, Marcos, quando escrevi o 'maquiada', eu me referia tão somente aos recursos de estúdio que TODOS os cantores usam. Sejam suas vozes grandes ou pequenas. Não pretendia ressaltar especificamente o caso do João. De qualquer forma, percebi pelo seu comentário que a expressão pode dar origem a mal-entendidos. Então, optei por reescrever este trecho do texto. Seja sempre bem-vindo a este blog.
abs, MauroF
p.s. E, como você já sabe, minha opinião sobre o disco pouco ou nada diverge das opiniões publicadas na Folha de S. Paulo, no Globo etc. Faz parte. Mas deixo claro que desejo muito sucesso ao João Estrella. Inclusive por conta de sua vitoriosa batalha para dar a volta por cima.
Histórias pessoais a parte, isso é puro oportunismo... Tanto artista querendo mostrar seu talento e a gravadora investe nisso. É só mesmo por causa do filme. E como as gravadoras hoje só investem em retorno rápido ainda que temporário, taí o que o mercado recebe para consumir. É o mesmo que fast food.
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