6 de março de 2010

'Gaiola das Loucas' prende atenção pelo humor

Resenha de Musical
Título: A Gaiola das Loucas
Texto: Harvey Fierstein (com base na peça original de
Jean Poiret)
Músicas e Letras: Jerry Herman

Versão Brasileira e Direção: Miguel Falabella
Elenco: Diogo Vilela, Miguel Falabella, Jorge Maya,
Sylvia Massari, Davi Guilherme, Gustavo Klein,
Carla Martelli, Mirna Rubim e outros
Foto: Jairo Goldflus
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Oi Casa Grande - no Rio de Janeiro

A música não é o elemento principal da encenação de A Gaiola das Loucas que estreou esta semana no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ). Por mais que a montagem dirigida por Miguel Falabella seja baseada no musical de Harvey Fierstein que estreou na Broadway em 1983, e não no texto original da peça de Jean Poiret que debutou no palco em 1973 na França, o humor é o ingrediente que sustenta o musical e a atenção do público. Humor popular, enraizado nas tradições da chanchada brasileira. Prato cheio para que a dupla de atores protagonistas - Diogo Vilela e o próprio Miguel Falabella - deite e role nas tiradas da versão brasileira do texto. Craques e cúmplices em cena, os dois são secundados na arte de fazer graça por Jorge Maya, impagável na pele do mordomo Jacó - ou Clodine, como gosta de ser chamado.

Tanto Diogo quanto Miguel não são cantores. E, por mais que suas vozes estejam bem colocadas, os solos musicais da dupla não chegam a empolgar. Diogo quase chega lá em Eu Sou o que Sou - o tema mais conhecido do musical, propagado internacionalmente na voz de Gloria Gaynor sob o título original I Am What I Am - mas, vale ressaltar, até mesmo os bons números coletivos não conseguem contagiar o público com a mesma rapidez das tiradas. Diogo Vilela está hilário na pele de Albin, que, travestido, vira Zazá, a estrela do cabaré St. Tropez. Basta uma fala com a devida entonação para que o riso seja farto na plateia. Na pele de seu companheiro, Georges, Miguel Falabella também aproveita todas as possibilidades de seu texto, com o timing já experimentado em programas de humor como Sai de Baixo e Toma Lá, Dá Cá. Do vasto elenco, Sylvia Massari é quem tem a voz mais talhada para o canto. Contudo, Massari quase não tem chance de mostrar seus dotes vocais na pele de Jacqueline - ainda que sua episódica participação cresça no segundo ato. No fim das contas, a música pesa pouco na balança do musical A Gaiola das Loucas. A superprodução - capitaneada por Sandro Chaim - é luxuosa e envolve 25 atores e bailarinos, que se revezam nos 16 números musicais coreografados por Chet Walker. Alguns números são uma festa de luzes e cores. Mas a Gaiola prende mesmo a atenção pelo humor carregado de brasilidade que os dois atores protagonistas - em fina sintonia com Jorge Maya, sempre comunicativo na pele do mordomo - põem em suas personagens gays, sem ter medo de retratá-las com os tons caricaturais da velha chanchada nacional.

Mayra religa Brasil e África em Stória, Stória...

Resenha de CD
Título: Stória, Stória...
Artista: Mayra Andrade
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Lançado em maio de 2009 na Europa, o segundo belo álbum da cantora Mayra Andrade, Stória, Stória..., ganhou sua edição brasileira em fevereiro de 2010. O disco reitera o talento desta cantora de 24 anos, projetada em 2006 com o CD Navega. Atualmente radicada em Paris (França), a artista nasceu em Cuba, mas foi criada na África, passando boa parte do tempo em Cabo Verde, o que lhe rendeu imediatas comparações com Cesaria Evora. De fato, há muito das mornas de Cabo Verde na música cosmopolita de Mayra, mas sua origem cubana e a vivência na França também contribuem para que o som de Stória, Stória... navegue em trilhas plurais. O álbum, aliás, agrega Brasil e África. Não é por acaso que a batida do samba-reggae e a cadência do samba carioca podem ser detectadas em Juána, uma das 13 faixas do CD. É que Stória, Stória... foi formatado - sob a batuta do brasileiro Alê Siqueira - entre Cuba (Havana), França (Paris) e Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador). O amálgama de referências é urdido com classe por time de músicos de diversas etnias, com destaque para o guitarrista cabo-verdiano Kim Alves (autor da faixa Badiu Si...), o pianista cubano Roberto Fonseca e o baixista camaronês Etienne M'Bappé. De Cuba, por exemplo, há os vocais rapeados de Kelvis Ochoa, tempero adicional da densa Turbulénsa, faixa cheia de latinidade.Do Brasil, há o violoncelo de Jaques Morelenbaum em Seu, tema da lavra da própria Mayra Andrade. Morelenbaum, a propósito, orquestra o arranjo de cordas que adorna Odjus Fitchádu (Olhos Fechados, no dialeto crioulo). Tudo soa harmonioso. Mas nada parece mais bonito do que a canção Morena, Menina Linda - entoada por Mayra em português. É o momento mais íntimo e delicado de um disco que cruza oceanos, religando a África ao Brasil numa travessia que passa por Cuba e que abarca sons contemporâneos do Ocidente. Poderia soar exótico por misturar tantos sons e referências, mas o álbum tem uma unidade e um sentimento que credenciam Mayra Andrade a figurar no time das melhores cantoras da atualidade.

Ode à liberdade, 'Sessão das 10' volta ao cartaz

Resenha de CD (Reedição)
Título: Sociedade da
Grã-Ordem Kavernista
Apresenta Sessão das 10
Artista: Edy Star, Miriam
Batucada, Raul Seixas e
Sérgio Sampaio
Ano: 1971
Gravadora: CBS (Sony Music)
Cotação: * * * * 1/2

Em 1973, ao lançar Ouro de Tolo, uma das obras-primas de seu repertório inicial, Raul Seixas (1945 - 1989) alfinetou o sonho consumista da classe média iludida pelo falso Milagre Econônico propagado pelo governo do general Emílio Garrastazu Médici (1905 - 1985). Ouro de Tolo foi como um soco no estômago da sociedade da época. Contudo, tal ideologia corrosiva e crítica já aparecia na deliciosa Êta Vida, festiva parceria de Raul com Sérgio Sampaio (1947 - 1994) que abriu o título mais anárquico e lúdico da discografia do Maluco Beleza, Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971), ora reeditado em CD na coleção Caçadores de Música, posta nas lojas pela Sony Music entre o fim de fevereiro e o início deste mês de março de 2010. Ode à liberdade em tempos ditatoriais, o disco foi feito à revelia da gravadora CBS, onde Raul - ainda em busca de fama e de uma chance como cantor - trabalhava como produtor de artistas populares como Jerry Adriani e Diana. Aproveitando brecha na agenda do estúdio da companhia, Raul recrutou Edy Star, Miriam Batucada (1947 - 1994) e o já citado Sérgio Sampaio para gravar um disco que tirava sarro com o status quo da sociedade e com o próprio meio artístico. Na faixa-título, Sessão das 10, composta por Raul e cantada por Edy Star (o único do quarteto que ainda está vivo), a piada era com os cantores seresteiros que seguiam fiéis a uma estética musical pré-Bossa Nova. Em Eu Acho Graça, Sérgio Sampaio - autor e intéprete da faixa - ironizava os hippies que ainda vagavam pelo Brasil. Seja em ritmo de samba (Aos Trancos e Barrancos) ou no compasso veloz e vivaz do Chorinho Inconsequente (cantado por Miriam Batucada), Sessão das 10 questionava com humor e acidez os ideais de uma sociedade que se anestesiava com os bens de consumo, alheia ao que acontecia nos porões da ditadura. Contudo, a crítica era feita em tom jocoso, herdeiro da anarquia instaurada pelos Mutantes três anos antes. No xaxado Soul Tabaroa, Batucada, por exemplo, alfinetava a soul music que se popularizava no Brasil pelo vozeirão de Tim Maia (1942 - 1998), então no auge criativo. Contudo, era tudo brincadeira. E a maior prova de que o quarteto não se levava a sério foi o som de descarga ouvido em Finale, a vinheta que fecha o disco, já editado em CD de forma artesanal nos anos 90, mas há muito fora de catálogo. Sessão das 10 precisava mesmo voltar ao cartaz em tempos tão politicamente corretos. Viva a liberdade!

Uma compilação para descobrir Rogério Skylab

Compositor, músico e poeta que milita na cena carioca, Rogério Skylab construiu uma discografia à margem indie do mercado fonográfico, criando álbuns pontuados por humor negro - às vezes, escatológico - e atitude trash. Para quem não se intimida com a ideologia do artista, The Best of Rogério Skylab - inédita compilação produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas - é boa oportunidade de descobrir o som do autor e intérprete de Urubu, Matadouro das Almas e Bunda Suja. Três músicas que figuram entre os 20 fonogramas coletados por Froés entre os dez discos de carreira editados pelo artista. A seleção vai de 1999 - ano em que o músico editou o álbum Skylab I - até 2008 (caso da faixa Eu Tô Sempre Dopado, extraída do álbum Skylab VIII). O encarte reproduz as letras e fotos inéditas do ensaio feito para a coletânea. Faltou somente um texto que perfilasse com dados biográficos o artista underground, de trajetória tão singular como a sua música.

Tamy evoca a velha bossa em seu segundo disco

O público mais fiel da novela Viver a Vida certamente já ouviu Vem Ver - um tema de ambiência bossa-novista que ilustra as cenas de mar - sem identificar a voz da cantora. A dona da voz é Tamy, cantora capixaba, radicada no Rio de Janeiro (RJ). De autoria da própria cantora, que também é compositora, Vem Ver figura obviamente no repertório do CD que a artista está lançando de forma independente. Tamy é o segundo disco da artista. A faixa foi formatada por Rodrigo Sha, nome mais frequente na produção das onze faixas autorais (Escuta, Tudo Pode, Me Explica e Menino, entre outras). Sha é parceiro de Tamy em Também. Donatinho e Marcelinho da Lua integram o (esperto) time de produtores do CD.

5 de março de 2010

Bela porta para reentrar na música de Amelinha

Resenha de CD (Reedição)
Título: Porta Secreta
Artista: Amelinha
Ano: 1980
Gravadora: CBS (Sony
Music)
Cotação: * * * *


Cantora cearense projetada nos anos 70, Amelinha gravou bons discos com regularidade até a primeira metade da década de 80, mas não conseguiu dar continuidade à sua discografia inicial, salvo um ou outro projeto de forró de caráter mais populista. Terceiro álbum da intérprete, lançado originalmente em 1980 e até então inédito em CD, Porta Secreta chega, enfim, ao formato digital na coleção Caçadores de Música, que está sendo posta nas lojas pela gravadora Sony Music com reedições de 51 títulos que estavam fora de catálogo (o terceiro álbum de Elba Ramalho - Elba, de 1981 - também ganhou sua primeira edição em CD nessa série). A arte gráfica da reedição é primorosa, preservando e reproduzindo as fotos e informações do LP original. Quanto ao som, é satisfatório - embora não haja indicação de remasterização na ficha técnica. Lançado no embalo do estouro nacional de Foi Deus que Fez Você, iluminada canção de Luiz Ramalho defendida por Amelinha no festival MPB-80 (TV Globo, 1980), Porta Secreta emplacou nas paradas o galope Gemedeira (Robertinho de Recife e Capinam). Mas seu repertório, ouvido 30 anos depois, resiste bem ao tempo, cabendo destacar Esquinas Nacionais, pungente tema em que Leno, aproveitando os ventos da abertura política que sopravam desde 1979, revolve com lirismo sombras da guerrilha desigual de ideais travada ao longo da ditadura instaurada no Brasil em 1964. A gaita virtuosa de Maurício Einhorn sobressai no arranjo de Paulo Machado. O mesmo tom politizado permeia Beijo Morto Beijo (Pedro Osmar e Jaiel de Assis). Já o choro-canção De Mim que Fui, De Mim que Sou (Gereba e Patinhas) tem um clima seresteiro que aparecia também na delicada abordagem de Valsinha (Chico Buarque e Vinicius de Moraes) feita por Amelinha ao lado de Toquinho. Já Renegado (Clodô, Climério, Clésio) é daquelas típicas canções que apareciam no repertório de Fagner nos anos 70 (os autores são irmãos nascidos no Piauí). Autor da abolerada faixa-título, Porta Secreta, Zé Ramalho dividiu a produção do álbum com Mauro Motta e conduziu a direção musical. Direção acertada, valorizada por produção rica, com direito a metais e cordas em várias faixas. Enfim, uma bela porta para entrar - ou reentrar - na discografia de Amelinha, cantora de timbre e personalidade bem delineados. Que deveria ter tido carreira fonográfica condizente com o seu talento.

Sony lança no Brasil bom DVD do Kings of Leon

lançado no exterior no fim de 2009, nos formatos de DVD e de blu-ray, o primeiro registro ao vivo do grupo Kings of Leon acaba de ser editado no mercado brasileiro. Com direção de Nick Wickmam, Live at the 02 London, England foi captado em show feito em 30 de junho de 2009 pela banda na 02 Arena, em Londres, a capital da Inglaterra. Não há legendas em português, como a gravadora Sony Music já trata de avisar na contracapa, mas a qualidade do áudio e da imagem é acima da média. Não há extras. Contudo, os 22 números do caloroso show tornam o DVD indicado para fãs de rock arena - e do Kings of Leon.

Baleiro volta com Concerto a SP para gravar CD

Embora tenha gravado todas as nove apresentações do show Concerto que fez no Teatro Fecap, em setembro e outubro de 2009, Zeca Baleiro retorna nesta sexta-feira, 5 de março de 2010, ao teatro de São Paulo (SP) para fazer novo registro ao vivo deste recital de violões que junta o cantor a Swami Jr. e a Tuco Marcondes. A atual temporada vai até domingo, 7 de março. No embalo da gravação do CD, Baleiro inclui duas inéditas de sua lavra - A Depender de Mim e Mais um Dia Cinza em São Paulo - entre releituras de temas dos repertórios de Camisa de Vênus, Cartola (1908 - 1980), Elton John, Walter Franco, Assis Valente (1911 - 1958), Foo Fighters e Chico César, entre outros nomes. Eis as 20 músicas (e os respectivos autores) do roteiro de Concerto:
1. Barco (Chico César)
2. Mais Luz! (Zeca Baleiro e Fausto Nilo)
3. Chuva (Gilson e Joran)
4. A Depender de mim (Zeca Baleiro)
5. Canção pra Ninar um Neguim (Zeca Baleiro)
6. Daniel (Elton John e Bernie Taupin)
7. Bicho de 7 Cabeças (GeraldoAzevedo,ZéRamalho,RenatoRocha)
8. Autonomia (Cartola)
9. Ponto de Fuga (Chico Maranhão)
10. Desengano (Lula Cortes e Tito Lívio)
11. Filosofia (Vasco Martins)
12. Mais Um Dia Cinza em São Paulo (Zeca Baleiro)
13. Milonga del Mejor (Zeca Baleiro e Vanessa Bumagny)
14. Eu Não Matei Joana D'Arc (Gustavo Mullen e Marcelo Nova)
15. Tem Francesa no Morro (Assis Valente)
16. Armário (Zeca Baleiro)
17. E Depois Volte pra mim (Odair José e Zeca Baleiro)
18. Respire Fundo (Walter Franco)
19. Best of You (Foo Fighters)
20. Bangalô (Zeca Baleiro e Vander Lee)

Ivete faz eleição para montar repertório de DVD

Agendada para 4 de setembro de 2010, a gravação ao vivo do show de Ivete Sangalo no Madison Square Garden, em Nova York (EUA), vai ter repertório (parcialmente) decidido pelos fãs da cantora. Via Twitter, a artista anunciou esta semana votação em seu site oficial para escolher seis músicas - dentre uma relação de onze nunca gravadas ao vivo por Ivete - para compor o roteiro. Adeus Bye Bye, Brasileiro, Bug Bug Bye Bye, Cadê Você?, Eternamente, Flores, Pra Sempre Ter Você, Ritmo do Coração, Romance Muito Louco, Tá Tudo Bem e Tum Tum Goiaba são as candidatas. O CD e o DVD originados do registro ao vivo do show serão editados no último trimestre de 2010, pela Universal Music.

4 de março de 2010

Pai da bossa, Johnny Alf sai de cena aos 80 anos

Muitos reivindicam a paternidade da Bossa Nova. Johnny Alf - morto aos 80 anos nesta quinta-feira, 4 de março de 2010, em decorrência de um câncer de próstata - nunca o fez. Mas teria todo o direito de fazê-lo. Pois quem é do ramo sabe que Alfredo José da Silva - nascido no Rio de Janeiro (RJ) em 19 de maio de 1929 - muito contribuiu para gerar toda a modernidade harmônica que desembocou na histórica gravação de Chega de Saudade, feita por João Gilberto em 1958. Seis anos antes, em 1952, Alf debutou em disco, na sua própria voz (e no seu piano) e em outras vozes. E aí todo um mundo musical se abriu quando Alf, já em 1953, surgiu com temas como o samba Rapaz de Bem - de velado tom gay - e o samba-canção O Que É Amar. São dessa época seminal pérolas como o samba Céu e Mar, formatado de início como baião para que o autor tomasse parte em concurso do gênero. A inovação vinha não apenas da teia harmônica, mas dos versos coloquiais e do canto leve que recusava a empostação ainda reinante na época.
Alf nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e na sua cidade começou a tocar nas boates, na noite efervescente dos anos 50. Mas saiu de cena em São Paulo (SP), a cidade que - de fato - mais bem acolheu sua música. Contudo, Alf nunca conseguiu desenvolver a carreira regular a que fazia jus. Talvez pela natureza sempre discreta de seu temperamento. Talvez pela sofisticação de sua músicas. Mas quem há de negar que Ilusão à Toa e Eu e a Brisa, com todo primoroso acabamento, sempre foram clássicos instântaneos e populares, vocacionados para as paradas? Dentre sua discografia espaçada, álbuns como Rapaz de Bem (1961), Diagonal (1964), Nós (1974) e Olhos Negros (1990) merecem citação especial. Basta ouvir qualquer um deles, ou mesmo qualquer música do fino cancioneiro de Alf, para entender a razão de Leny Andrade viver dizendo que, "Antes da Bossa Nova, havia Johnny Alf". Tem razão!!

Tom Zé revê obra ao vivo no 'Pirulito da Ciência'

Com curioso título extraído dos versos de Fliperama, música lançada por Tom Zé em 1992 no álbum The Hips of Tradition, O Pirulito da Ciência é o primeiro registro ao vivo de caráter retrospectivo da discografia do compositor de Parque Industrial e . Posta nas lojas neste mês de março de 2010 pela gravadora Biscoito Fino, nos formatos de CD e DVD (capa à direita), a gravação ao vivo perpetua o show feito em 5 e 6 de agosto de 2009 no Teatro FECAP, em São Paulo (SP). O ex-titã Charles Gavin assina a produção e a direção do show. A edição de O Pirulito da Ciência - Tom Zé & Banda ao Vivo foi viabilizada por parceria da Biscoito Fino com o Canal Brasil. Eis o repertório do show, cujo roteiro retrospectivo agrega 27 músicas autorais em 24 números:
1. Nave Maria
2. Fliperama
3. Ui! (Você Inventa)
4. Companheiro Bush
5. Classe operária
6. Ogodô, Ano 2000
7. Hein?
8. Menina Jesus
9. Menina, Amanhã de Manhã
10. Neto, Craque da Copa
11. Meninas da USP e da GV
12. Minha Carta
13. Cademar
14. Brigitte Bardot
15. Augusta, Angélica e Consolação
16. São São Paulo, Meu Amor
17. Tô
18. Jingle do Disco
19. Jimmy, Renda-se/ Moeda Falsa
20. João nos Tribunais/ O Céu Desabou/ Síncope Joãobim
21. Defeito 3: Politicar
22. Faça suas Orações
23. Todos os Olhos
24. Parque Industrial

Eva Wilma alça 'O Vôo da Águia' no CD de Lobo

Grande atriz, famosa por suas atuações no teatro e na televisão, Eva Wilma pôs seu talento dramático a serviço do CD O Amante do Girassol, produzido por Mayrton Bahia a partir de ideia do ator Daniel Lobo. O disco une poesia - do próprio Lobo - e música. Sob base orquestral, Eva Wilma - vista acima no estúdio em foto de Hamilton Corrêa - declama o poema O Vôo da Águia. Parte da renda obtida com a venda do disco vai ser destinada ao Retiro dos Artistas. O que explica a presença de elenco estelar entre as 14 faixas. Além de Eva, O Amante do Girassol reúne Reynaldo Gianecchini (na faixa-título), Mariana Ximenes (que divide com Paulo Goulart os versos de Anatomia das Sensações), José Mayer (em Gato Escaldado), Diogo Vilela (em Iceberg) e Chico Anysio (em Parque de Diversões), entre outros nomes. O disco inspirou uma peça de teatro que está em cartaz até 18 de abril de 2010 no Teatro do Centro Cultural Justiça Federal - no Rio de Janeiro (RJ).

Fênix finaliza CD de estúdio e lança CD ao vivo

Enquanto termina de pôr voz no disco de estúdio que grava com produção dividida entre Jr. Tostoi e Jaime Alem, Fênix negocia o lançamento do CD ao vivo Ciranda do Mundo (capa acima), gravado em 18 de novembro de 2008 em show na Sala Baden Powell, no Rio de Janeiro (RJ). Entre as 14 faixas, o disco ao vivo mistura temas de autoria do artista - Zapping, World, Marfim, Migalhas no Altar - com releituras de sucessos de Gal Costa (Vaca Profana), Byafra (Sonho de Ícaro), Zé Ramalho (Avohai) e Beto Guedes (Feira Moderna). Carnavália - música do trio Tribalistas - é unida a Essa Alegria, de Lula Queiroga, compositor do Forró dos Infernos S/A. A faixa-título, Ciranda do Mundo, é de Edu Krieger.

Keane revela a arte da capa do EP 'Night Train'

Com capa (foto à esquerda) revelada em 3 de março de 2010 pelo Keane, o EP Night Train está em pré-venda no site oficial do trio britânico. O EP vai ser lançado somente no mercado externo, em 10 de maio. Todas as oito faixas do novo disco foram compostas e gravadas ao longo da turnê do terceiro álbum do grupo, Perfect Symmetry (2008). Clique aqui para saber detalhes do EP Night Train, através de post já publicado em Notas Musicais.

3 de março de 2010

'O Ano 1' é bom começo de Ailton como cantor

Resenha de CD
Título: O Ano 1
Artista: Jorge Ailton
Gravadora: La Toller LMC
/ Microservice
Cotação: * * * 1/2

Quando Lulu Santos lançou seu 22º álbum, Singular (EMI Music, 2009), uma das faixas que chamou atenção foi Atropelada, tema de Jorge Ailton e Apoena Frota que Lulu cantou com atitude firme, entre espertos grooves eletrônicos. Atropelada reaparece, em tom mais doído, no primeiro CD solo de Ailton, O Ano 1, editado pelo selo de Paula Toller com distribuição da Microservice. Projetado na cena indie carioca como vocalista da banda Funk U, Ailton - que ganha a vida como baixista de nomes como Sandra de Sá, Martn'ália e a própria Toller - debuta solo com disco de tons menos funkeados. Doses de pop (Soliquida), psicodelia (em Muito Melhor Assim) temperam repertório autoral de bom nível. O suingue carioca da faixa-título, O Ano 1, denuncia a origem do artista. Entre balada pop (Substantivo Feminino) e suave canção de desenho melódico que lembra a arquitetura do soul de Cassiano (Coração Retrô, parceria de Ailton com Paula Toller), faixas como O Óbvio indicam que Ailton também tem talento com letrista. Ao fim da décima e última faixa, Casta dos Abençoados, do visceral verso "Nada mais é difícil que a solidão", O Ano 1 deixa boa impressão. Produzido por Alexandre Vaz, com competência e sem clichês, o álbum é bom começo de Jorge Ailton em sua carreira como cantor solista.

Emílio 'dá baile' no óbvio ao evocar Ed Lincoln

Resenha de CD
Título: Só Danço Samba
Artista: Emílio Santiago
Gravadora: Santiago
Music
Cotação: * * * * 1/2

Emílio Santiago gravou outro disco de um jeito diferente do que costuma fazer. Título que vai inaugurar o selo do cantor, Santiago Music, Só Danço Samba é um tributo ao suingue de Ed Lincoln, o músico cearense que migrou para o Sul e, pilotando seu órgão elétrico, se tornou um dos reis dos bailes em épocas mais românticas. Pois Emílio dá baile na mesmice ao fazer este CD que evoca o balanço de Lincoln. O som do órgão - tocado por Julinho Teixeira - sobressai bem nas 14 faixas do álbum, produzido com requinte harmônico por José Milton, que já havia pilotado outro grande título da discografia de Emílio (Bossa Nova, Sony Music, 2000). À altura do ótimo CD anterior do cantor, De um Jeito Diferente (Indie Records, 2007), Só Danço Samba ratifica a opção do artista por álbuns feitos sem pressões mercadológicas. Com sua voz aveludada de afinação e emissão impecáveis, Emílio deita e rola no ritmo de standards como Samba de Verão (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle - com direito a alguns versos em inglês do sucesso internacional dos irmãos cariocas), Influência do Jazz (Carlos Lyra - com uma percussão de sotaque cubano), Só Danço Samba (Tom Jobim e Vinicius de Moraes). O jeito diferente vem do órgão de Julinho Teixeira - fiel à sonoridade de Lincoln - e do repertório que não se limita aos clássicos. Emílio traz à tona três temas de autoria do próprio Ed Lincoln, que, em seus bailes, não se restringia a tocar músicas alheias. Deix'Isso pra Lá - parceria de Lincoln com Luiz Paulo - é o destaque dos três por seu balanço moldado para os salões. Já Olhou pra mim e Nunca Mais, músicas feitas por Lincoln com Silvio César, são exemplos da melancolia romântica que também dava o tom dos bailes. E, por falar em temas, o samba A Cada Dia que Passa - composto por Antonio Adolfo e gravado originalmente por Emílio no segundo disco do pianista, Continuidade (1980) - se distingue do repertório pela abordagem social da letra, pioneira ao retratar a inércia do povo face às injustiças sociais e misérias humanas do mundo moderno. Por ter sido lançado em disco independente de repercussão bem restrita, A Cada Dia que Passa vai soar como um samba inédito, a exemplo de um outro belo exemplar do gênero, Confissão, rara parceria de Djalma Ferreira e Luiz Bandeira. Dentre os temas mais conhecidos, Emílio foi feliz ao selecionar Sambou, Sambou - joia de João Donato e João Melo lapidada no clima dos bailes - e Tendência, o samba de Ivone Lara e Jorge Aragão, recriado pelo cantor em tons suaves, subinhados pelo trombone de Roberto Marques. E, mesmo pontuado por certa melancolia amorosa, o baile de Emilio Santiago nunca fica desanimado. Quase no fim, o cantor marca outro golaço ao trazer parceria de Mart'nália e Mombaça, Chega, para o universo dos salões de outrora. E o baile termina em alto astral, com a alegria do medley carnavalesco que junta Zum Zum Zum (Orlandivo e Durval Ferreira), Vou Rir de Você (Heitor Menezes) e Na Onda do Berimbau (Oswaldo Nunes). Um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, Emílio Santiago cresce quando faz discos de um jeito refinado e diferente.

P.S.: O CD Só Danço Samba não está nas lojas. Emílio Santiago ainda negocia a distribuição do disco (que vai sair ainda este ano).

'Pearl Jam in Santiago' chega às lojas do Brasil

A gravadora Coqueiro Verde Records edita no Brasil neste mês de março de 2010, nos formatos de CD e DVD (capa à direita), um registro ao vivo do grupo norte-americano Pearl Jam. A gravação ouvida em Pearl Jam in Santiago foi feita em novembro de 2005 no estádio San Carlos de Apoquindo, localizado na capital do Chile. Eis o roteiro - incluído na íntegra (no DVD) - de 22 números:

1. Given to Fly
2. Whipping
3. Animal
4. Save You
5. Do the Evolution
6. Even Flow
7. Insignificance
8. In my Tree
9. Immortality
10. State of Love and Trust
11. Jeremy
12. Faithful
13. Daughter
14. Better Man
15. Impro
16. Porch
17. Rearviewmirror
18. Black
19. Crazy Mary
20. Alive
21. I Believe in Miracles
22. Rockin' in the Free World

Gogol lança 'Trans-Continental Hustle' em abril

Grupo que faz punk de clima cigano, a partir da junção de músicos de diversas etnias, Gogol Bordello vai lançar seu quinto álbum de estúdio em 27 de abril de 2010. Trans-Continental Hustle foi produzido por Rick Rubin. Eis, na ordem, as treze faixas do álbum:
1. Pala Tute
2. My Companjera
3. Sun Is on my Side
4. Rebellious Love
5. We Comin' Rougher (Immigraniada)
6. When Universes Collide
7. Uma Menina Uma Cigana
8. Raise The Knowledge
9. Last One Goes the Hope
10. To Rise Above
11. In The Meantime in Pernambuco
12. Break the Spell
13. Trans-Continental Hustle

2 de março de 2010

Show acende luz vitoriosa de Luiz Carlos da Vila

Resenha de Show
Título: Tributo ao Poeta Luiz Carlos da Vila
Artista: Arlindo Cruz, Claudio Jorge, Dorina, Galocantô, Luiza Dionizio, Sombrinha, Mauro Diniz, Moyseis Marques e Wilson das Neves (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 1º de março de 2010
Cotação: * * * *
"Não é preciso falar nada de Luiz Carlos da Vila. A obra dele já está aí, demonstrando tudo", sintetizou Mauro Diniz após cantar A Luz do Vencedor, o terceiro número do show coletivo Tributo ao Poeta Luiz Carlos da Vila, que agregou uma turma de bambas cariocas no palco do Teatro Rival, na noite de 1º de março de 2010. Diniz tem toda razão. A luz vitoriosa que emana da obra de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) iluminou um tributo que chegou a emocionar em alguns momentos pela beleza da obra exposta ao público. Dirigido e roteirizado com a habitual habilidade por Túlio Feliciano, o show reiterou o que todo o meio do samba já sabe: Luiz Carlos da Vila - cuja voz abriu e fechou o show com a sua gravação de Benza, Deus - foi dos mais inspirados compositores brasileiros. Suas letras - geralmente escritas sob ótica positivista - exalam poesia, algumas vezes posta a serviço dos ideais da raça negra, festejada por Vila com orgulho em obras-primas como o samba-enredo Kizomba, a Festa da Raça (Vila Isabel, 1988), o número final que aglutinou o reverente elenco integrado por Arlindo Cruz, Claudio Jorge, Dorina, Galocantô, Luiza Dionizio, Sombrinha, Mauro Diniz, Moyseis Marques e Wilson das Neves.
O início do show não foi bom. O samba-enredo Nas Veias do Brasil pulsou fraco no solo vocal de Rodrigo Carvalho, integrante do Galocantô, o grupo que acompanhou todos os cantores, sob a batuta firme do maestro Ivan Paulo. Na sequência, Mauro Diniz reviveu Doce Refúgio, mas teve que ler a letra da segunda parte do samba. Chamada ao palco por Diniz, Dorina se mostrou mais segura ao cantar Suburbanistas (samba feito por ela com Diniz e Luiz Carlos da Vila, espécie de manifesto do trio que integrou com os dois parceiros), O Sonho Não Acabou - este o primeiro grande momento da noite - e Por Um Dia de Graça, o sublime samba-enredo que Vila compôs para a escola Quilombo em 1980, mas que, rejeitado pela agremiação, foi parar na voz de Simone (e nas paradas) quatro anos depois. Após Dorina, que perdeu grande oportunidade de propagar Sonhava (belo samba de Luiz Carlos e Riko Dorilêo que gravou em seu CD ao vivo Samba de Fé), o Galocantô apresentou Romance dos Astros (Bandeira Brasil e Luiz Carlos da Vila), tema unido por afinidade poética com Arco-Íris, primeiro dos três (bons) números de Luiza Dionizio. Cantora nascida na Vila da Penha, o bairro do subúrbio carioca que inspirou o sobrenome artístico de Luiz Carlos, Luiza confirmou no palco a segurança e a personalidade evidenciadas em seu recém-lançado primeiro CD, Devoção. Tanto que foi aplaudida no meio da interpretação de Pra Conquistar teu Coração (Luiz Carlos da Vila e Wanderley Monteiro). Na sequência, Então Leva (Luiz Carlos da Vila e Bira da Vila) fechou o set da cantora com mais animação. Que foi mantida por Moyseis Marques ao cantar Cabô meu Pai (Luiz Carlos da Vila, Moacyr Luz e Aldir Blanc). Marques reviveu também Horizonte Melhor (Luiz Carlos da Vila e Adilson Victor), mas seu melhor número foi Oitava Cor, obra-prima da parceria de Luiz Carlos com Sombra e Sombrinha que rivaliza somente com Além da Razão, samba defendido mais tarde pelo próprio Sombrinha (intérprete também de Amor, Agora Não - samba de desânimo bissexto na poesia do compositor da Vila da Penha). Já Claudio Jorge e Wilson das Neves defenderam suas respectivas parcerias com o homenageado da noite. Princípio do Infinito foi um dos dois números de Jorge. Com elegância, Neves cantou Ao Nosso Amor Maior e Os Papéis. No bloco final, a alegria de Arlindo Cruz dominou a cena. Primeiramente, Cruz cantou sozinho o dolente samba Fogueira de uma Paixão e o partido alto Sem Endereço, ambos compostos por ele com Vila. Mais tarde, chamado por Sombrinha de volta ao palco, a dupla se reuniu para dizer que O Show Tem que Continuar. E continuou, com todos já reunidos no palco, para reviver Kizomba, o samba-enredo que traz entre seus autores Luiz Carlos da Vila, luz de eterno fulgor e orgulho da raça, em merecido dia de graça. A chama não se apaga.

Dominguinhos e Sater entram no sertão do 'Rei'

O elenco do show Emoções Sertanejas ganhou os reforços de Almir Sater, Dominguinhos (visto acima em foto de Greg Salibian) e Paula Fernandes. O espetáculo está programado para 17 de março de 2010, no Ginásio do Ibirapuera (SP), dentro do ciclo de eventos ItaúBrasil, idealizado para festejar em 2009 os 50 anos de carreira de Roberto Carlos. O show vai originar DVD e CD ao vivo.

Zé regrava música de Harrison para 'Beatles 70'

Zé Ramalho (foto) foi o último artista a gravar sua participação no projeto Beatles 70. Produzido por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, o CD vai sair em abril com regravações inéditas de músicas lançadas pelos integrantes dos Beatles em 1970. Ramalho pôs sua voz cavernosa em sombrio tema de George Harrison (1943 - 2001), Beware of Darkness, lançado pelo autor em seu primeiro disco solo, o triplo All Things Must Pass (1970). A gravação foi feita no estúdio de Robertinho de Recife, no Rio de Janeiro (RJ). O músico Dodô de Moraes reproduziu na sanfona a linha melódica seguida pela guitarra de Eric Clapton no registro original do tema.

Horta transpõe a 'Festa' de Bethânia para DVD

Caberá a André Horta comandar a captação de imagens de Amor, Festa, Devoção no registro em DVD do show de Maria Bethânia. A gravação vai ser feita em 12 e 13 de março de 2010, ou seja, nos dois primeiros dias da temporada que se estende até 14 de março na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ). Horta já cuidou da captação das imagens do DVD Maricotinha ao Vivo (2002) e depois assinou a direção do DVD Brasileirinho ao Vivo (2004).

Claudia Leitte masteriza 'Sette' em Los Angeles

Claudia Leitte já está nos Estados Unidos. A cantora vai acompanhar em Los Angeles a masterização do disco de inéditas que vai marcar sua estreia na gravadora Sony Music. O CD, por ora, é intitulado Sette e tem lançamento previsto para abril de 2010. Leitte também finaliza DVD com clipes que vai ser editado no segundo semestre do ano. Paralelamente, a Som Livre põe nas lojas, neste mês de março, coletânea do Babado Novo na série Essencial. A compilação reúne 16 gravações feitas entre 2001 e 2008 pela banda que projetou a cantora. Os fonogramas pertencem ao acervo da Universal Music, a gravadora do Babado.

1 de março de 2010

Carnaval do Monobloco é desanimado em DVD

Resenha de CD / DVD
Título: 10
Artista: Monobloco
Gravadora: MP,B
Discos / Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Foliões cariocas já sabem que o Monobloco é - há onze Carnavais - garantia de animação com batida percussiva heterodoxa, que pode cair tanto para o samba quanto para o funk. Mas a animação do Monobloco fica restrita às ruas e às casas de shows em que a turma se apresenta desde 1999. 10 - registro ao vivo de show feito em 2009 na Fundição Progresso (RJ) para celebrar a década de existência do grupo - reitera o que DVD Monobloco ao Vivo (2006) já sinalizara: a animação do bloco se esvai na tela da televisão ou no CD-player. A folia anima somente quem está dentro dela. O repertório embola marchas carnavalescas (Máscara Negra, Mulata Yê Yê Yê), frevos (Festa do Interior, Frevo Mulher), funks (Festa no Morrão, Rap do Silva) e sambas de várias épocas e estilos (Vai Vadiar, Exaltação à Mangueira), entre hits de Paralamas do Sucesso (Alagados, em registro que persegue em vão a pegada e o molho do imbatível registro original do trio), O Rappa (Pescador de Ilusões) e Tim Maia (Você e Gostava de Você). Vale tudo, até juntar pop rock do Barão Vermelho (Pro Dia Nascer Feliz) com samba de Gilberto Gil (Aquele Abraço). É tudo bem filmado (o que valoriza o DVD), mas a gravação em si não capta toda a força do baticum (sobretudo no CD). E é por trás desse baticum que os vocalistas do Monobloco escondem suas fragilidades vocais, evidentes em especial em Você, a balada soul lançada por Tim Maia em 1971. Até Elba Ramalho parece forçar o tom e a voz ao aderir ao Monobloco para cantar o xote Eu Só Quero um Forró (a performance vocal de Elba soa mais apropriada para o pique acelerado de Festa do Interior, o frevo do qual também participa). Enfim, in loco é animado, só que em disco o Monobloco empaca...

Resgate inaugura selo evangélico da Sony Music

Grupo formado em 1990, Resgate é a primeira contratação do selo de música evangélica recém-aberto pela Sony Music. A gravadora fez o anúncio oficial da contratação no começo da noite desta segunda-feira, 1º de março de 2010. Com 20 anos de estrada, a banda já contabiliza nove CDs e dois DVDs. O disco de inéditas que marca a estreia do Resgate no selo gospel da Sony tem lançamento agendado para maio. É o primeiro CD do quinteto por uma major.

Nana grava, enfim, DVD solo em tom orquestral

Projeto acalentado já há alguns anos pelo produtor José Milton, o primeiro DVD solo de Nana Caymmi deverá ser gravado até o fim de 2010. A ideia é fazer o registro ao vivo em show inédito, de caráter retrospectivo, com direito a uma orquestra no palco em alguns números. A gravação vai ser editada em CD e DVD. Nana - vista acima em foto de Lívio Campos - já gravou DVD com os irmãos Danilo e Dori Caymmi, em show que celebrava a obra e os 90 anos de Dorival Caymmi (1914 - 2008), mas nunca lançou um DVD individual, com regravações das músicas mais marcantes de sua vasta discografia. O último álbum da cantora, Sem Poupar Coração (Som Livre, 2009), já vendeu mais de 20 mil cópias. Tal número é bem expressivo no atual mercado fonográfico do Brasil.

Efeitos dissipam tristeza de Coldplay apoteótico

Resenha de Show
Título: Viva la Vida Tour
Artista: Coldplay (em fotos de Mauro Ferreira)
Realização: Time for Fun
Local: Praça da Apoteose (RJ)
Data: 28 de fevereiro de 2010
Cotação: * * * 1/2
Show em cartaz no Morumbi (SP) em 2 de março de 2010
Em essência, o bom repertório do Coldplay é formado por baladas tristes, embora uma ou outra música, como o irresistível hit pop Viva la Vida, tenha pegada mais festiva. Na Viva la Vida Tour, que chegou ao Brasil na noite 28 de fevereiro de 2010, trazida pela empresa Time for Fun, tal melancolia é dissipada com efeitos e artifícios típicos de shows grandiosos moldados para arenas e ginásios. Ou para espaços amplos como a Praça da Apoteose, cenário da apresentação carioca. Nem a chuva - geralmente fina, mas insistente - esfriou o ânimo do público que foi ao show já ciente de que o Coldplay ingressa com esta turnê no patamar dos espetáculos cheios de efeitos. Compreendida essa mudança de clima, não há como negar a sedução de um show que cativa. Por mais que temas como Clocks - entoado ao piano pelo elétrico vocalista Chris Martin - pedissem ambiente mais íntimo, a moldura lúdica da Viva la Vida Tour ajuda a prender a atenção do público tanto quanto a música. Os balões amarelos que passam de mão em mão pela plateia ao longo de Yellow fazem com que número adquira aura especial na memória afetiva dos fãs. São truques manjados - assim como a chuva de coloridas borboletas de papel que cai sobre a plateia durante Lovers in Japan - mas que funcionam. Porque que tanto público quanto artista querem celebrar sua comunhão naquele momento. E foi por isso que Chris Martin, em outro truque de efeito, direcionou seu microfone para o público para incentivar o coro da plateia em Fix You. Em roteiro de muitos hits e poucas surpresas (as exceções foram a inédita Spanish Rain e a pouco tocada - na turnê - Shiver), a balada The Scientist - alocada no bis - se confirmou como uma das canções mais bonitas da banda britânica. Mas, antes do bis, o Coldplay se aproximou ainda mais do público - literalmente - quando ocupou um palco menor no meio do público. Pretexto para set acústico de tom folk que enfileirou músicas como God Put a Smile Upon your Face, Talk, The Hardest Part, Death Will Never Conquer (entoada sem muito brilho pelo baterista Will Champion) e até uma inédita, a já citada Spanish Rain. É fato que um ou outro número não surtiu o efeito desejado e fez a apresentação perder pique, e aí já não bastaram os efeitos, o cenário (globos suspensos no palco e na Apoteose) e o telão de alta definição que remetia ao conceito gráfico do álbum Viva la Vida or Death and All his Friends (2008) que inspirou a turnê. No todo, contudo, o show cumpriu sua expectativa. Desde a introdução com a valsa Danúbio Azul, do austríaco compositor erudito John Strauss II (1825 - 1899), até a explosão de fogos que anunciou o fim do show (após Life in Technicolor II), o público viu um Coldplay apoteótico, menos melancólico, bem mais pop. Menos dilacerante, mais enérgico. Contudo, quase sempre sedutor para quem entrar no novo clima...

28 de fevereiro de 2010

Coldplay faz show no Rio em noite de apoteose

Em rota mundial desde 2008, a Viva la Vida Tour, do Coldplay, aterrissou no Brasil na noite deste domingo, 28 de fevereiro de 2010. Nem a chuva esfriou o ânimo dos cerca de 30 mil fãs do Coldplay que disputaram um lugar nas arquibancadas e nas pistas da Praça da Apoteose, no Centro do Rio de Janeiro (RJ), para ver a primeira das duas apresentações brasileiras do show inspirado no álbum Viva la Vida or Death and All His Friends (2008). Às 20h30m, a banda de Chris Martin - visto acima em foto de Mauro Ferreira - subiu ao palco para cantar Life in Technicolor, música ao qual se seguiram o hit Violet Hill e Clocks. Uma hora e meia depois, Martin voltou ao palco para dar o bis, iniciado com The Scientist - uma das baladas mais bonitas do repertório da banda - e fechado com Life in Technicolor II. Bem antes do bis, quando o Coldplay cantou Yellow no meio do show, vários balões amarelos passaram de mão em mão pela plateia, para a qual Chris Martin direcionou seu microfone ao entoar Fix You, outra balada dentre as muitas incluídas no roteiro. Outro momento apoteótico foi Viva la Vida, o hit que batiza o quarto álbum do grupo inglês, previsivelmente acompanhado em coro pelo público. Coro que - aliás - já se fazia ouvir forte desde antes do início da apresentação.

'Pulse', sexto álbum de Braxton, chega em maio

(Mal) precedido por Yesterday, single (capa acima) editado em setembro de 2009 que contou com vocais do cantor de rap e r & b Trey Songz, o primeiro álbum de Toni Braxton na Atlantic Records - Pulse - tem lançamento agendado para 4 de maio de 2010. Formatado por vasto time de produtores e colaboradores (Frank E, Steve Mac, Lucas Secon, Troy Taylor e David Foster, entre outros nomes), Pulse é o primeiro álbum de estúdio da artista em cinco anos e inclui músicas como Hands Tied e Make my Heart. Toni Braxton obteve projeção na década de 90 com músicas como Unbreak my Heart, mas, ao longo dos anos 2000, sumiu das paradas, nas quais Yesterday teve desempenho bastante discreto.

Zezé & Luciano reabrem ao vivo portão do 'Rei'

Já começam a ser reveladas as músicas do repertório de Roberto Carlos que serão interpretadas por duplas e cantores no show Emoções Sertanejas, agendado para 17 de março de 2010, no Ginásio Ibirapuera (SP), dentro do ciclo de eventos idealizado pelo ItaúBrasil para festejar os 50 anos de carreira do Rei. A dupla Zezé Di Camargo & Luciano (foto), por exemplo, vai cantar O Portão, canção lançada por Roberto em seu álbum de 1974. O show vai ser gravado ao vivo para posterior edição em CD e DVD.

Pop 80 não resiste à 'malhação' da turma atual

Resenha de CD
Título: Malhação ID
Artista: Vários
Gravadora: Som Livre
Cotação: *

A trilha sonora da temporada de 2010 do seriado juvenil Malhação - em cujo nome foi adicionado um ID porque em tese as atuais personagens da trama estão à procura de identidade - é conceitual. Sim, há um conceito: bandas projetadas nos anos 2000 foram recrutadas para regravar hits do pop rock da década de 80. O resultado é ruim, como pode ser conferido no CD Malhação ID, recém-lançado pela Som Livre com a trilha sonora da atual temporada do seriado exibido pela Rede Globo. O único nome que realmente acrescenta algo de novo e bom à música que regrava é Bonde da Stronda, que traz Tic Tic Nervoso para o universo do funk. Lançado em 1984 com êxito nacional, o sucesso da banda Magazine se ajustou perfeitamente à batida tensa dos bailes da pesada. Já o NX Zero põe seu uniforme peso emo em Um Certo Alguém (Lulu Santos, 1983) enquanto o Fresno dilui os sentimentos e a beleza da balada Lanterna dos Afogados (Paralamas do Sucesso, 1989). Por sua vez, Hevo 84 sintoniza mal o apelo tecnopop de Rádio Pirata (RPM, 1985). Chimarruts erra ao pôr em Meu Erro (Paralamas do Sucesso, 1984) a mesma aguada batida de reggae com que Jammil desgasta A Fórmula do Amor (Leo Jaime, 1985) e Marauê se perde na Sonífera Ilha (Titãs, 1984). Perdidos na Selva (Gang 90, 1981) também estão os músicos do Seu Cuca, afogados na tentativa de emergir na new wave de Júlio Barroso. Sem senso de humor, Catch Side expõe Ciúme (Ultraje a Rigor, 1985) com a mesma burocracia com que Jullie avisa que Tudo Pode Mudar (Metrô, 1985). Vai ser difícil também atender a súplica de Babi em Me Chama (Lobão, 1984) se a referência for a gravação do autor ou a de Marina Lima. Enfim, o CD Malhação ID somente reforça o fato - óbvio - de que a geração 2000 do pop nacional não herdou o talento da heróica turma dos 80 e tampouco a pegada das bandas dos 90, que seguiram outras trilhas, mas com a personalidade e a alma que inexistem nestes grupos atuais que parecem fabricados em linha de montagem. Ainda bem que, por problemas jurídicos de autorização, a Legião Urbana ficou fora dessa trilha malhada...