7 de novembro de 2009
Revelação invade praia do axé no segundo DVD
Filme lento sobre Vanzolini é editado em DVD
Grooveria vai de Noel a Prince no primeiro DVD
Agenda do Músico de 2010 compila 111 frases
6 de novembro de 2009
'As Máscaras' anuncia estreia de Leitte na Sony
Grammy já oficializa empate de Titãs e NX Zero
Almanaque conta histórias de canções de Chico
Título: Chico Buarque
- Histórias de Canções
Autor: Wagner Homem
Editora: Leya
Cotação: * * *
É provável que admiradores extremados da obra de Chico Buarque saibam que a (rala) contribuição do cantor à letra de Gente Humilde é de apenas quatro versos, tendo Chico entrado para a parceria que o uniu postumamente a Garoto (1915 - 1955) em 1969 somente porque o autor da letra, Vinicius de Moraes (1913 - 1980), estava com ciúme das colaborações de Chico com Tom Jobim (1927 - 1994) e praticamente intimou o autor de A Banda a mexer em versos que já estavam prontos. Tais fãs devem saber também que, em contrapartida, o Poetinha virou parceiro de Chico no samba Desalento (1970) por conta de três míseros versos, suficientes para que o autor de Fado Tropical retribuísse a gentileza feita por Vinicius no ano anterior durante a criação da letra de Gente Humilde. Essas duas curiosidades estão entre as muitas contadas por Wagner Homem no livro Chico Buarque - Histórias de Canções. Fã do compositor desde que ouviu Pedro Pedreiro em 1965, Homem compilou tais histórias com a autoridade de quem - com o aval do próprio Chico - sempre alimentou o site oficial do artista com informações curiosas sobre a obra do compositor. A rigor, tais histórias de canções nem são inéditas - sobretudo as que envolvem as tentativas de driblar a censura que mutilou impiedosamente o cancioneiro de Chico na primeira metade dos anos 70. Contudo, a compilação torna o livro interessante para quem admira a obra do compositor sem ser exatamente um aficcionado por ela. Todas as 133 músicas mencionadas têm as letras reproduzidas antes da história que envolve a sua criação. No todo, Chico Buarque - Histórias de Canções é como um almanaque que compila curiosidades com leveza e as dispõe para que sejam apreciadas de maneira aleatória.
'Causos' de Erasmo não justificam fama de mau
Título: Minha Fama
de Mau
Autor: Erasmo Carlos
Editora: Objetiva
Cotação: * * * 1/2
A rigor, Minha Fama de Mau não é uma biografia de Erasmo Carlos, embora conte fatos importantes da vida e da carreira ímpares do Tremendão. O livro é, antes, um compêndio de causos que o artista relata sem justificar o título. De mau, Erasmo tem somente a fama. Mas isso não impede que seu relato seja lido com prazer. Sexo, aliás, é um dos motes da narrativa ao lado da paixão pelo rock'n'roll. As aventuras juvenis da lendária Turma da Tijuca - integrada nos anos 50 por nomes como Erasmo, Roberto Carlos e um certo Sebastião Rodrigues Maia (1942 - 1998), vulgo Tim - rendem deliciosas histórias. Assim como as aventuras sexuais do elenco da Jovem Guarda. Sem revelar os nomes das companheiras de orgias, as suas e as dos colegas, Erasmo explicita no livro que os bastidores da Jovem Guarda eram bem menos inocentes do que faziam supor os versos românticos das canções que embalavam o público naquelas jovens tardes de domingo. Já as aventuras da fase adulta - menos interessantes - envolvem sobretudo a mulher-musa de Erasmo, Narinha, cujo suicídio, no fim de 1995, é mencionado de forma breve nas memórias. É que, na contramão de biografias que buscam tom sensacionalista, Minha Fama de Mau é livro escrito com ternura por um Erasmo nostálgico de seus momentos felizes. Por mais que siga uma ordem quase cronológica (os capítulos dedicados a Roberto Carlos e a Tim embaralham um pouco essa cronologia), a narrativa é formada por uma série de causos que não necessariamente se encadeiam e que podem, inclusive, ser lidos de forma aleatória. A leitura é leve, mas Minha Fama de Mau fica devendo. É preciso que seja editado no futuro um outro livro, de caráter mais explicitamente biográfico, que reconstitua todos os passos musicais de Erasmo Carlos, artista ainda não incensado na medida de sua importância tremenda para a construção da identidade do pop rock brasileiro.
Baleiro solta 'Bomba' em DVD 'ao vivo mesmo'
Caetano ganha 10º Grammy Latino por Zii e Zie
5 de novembro de 2009
Jornada invernal de Sting exige disposição do fã
Título: If on a Winter's
Night...
Artista: Sting
Gravadora: Deutsche
Grammophon
/ Universal Music
Cotação: * * 1/2
Álbum em que Sting se deixou inspirar pelo clima e pelos sentimentos quentes do inverno, If on a Winter's Night... propõe jornada emocional pelas tradições da canção britânica, englobando até a era medieval, representada por músicas como Gabriel's Message. Em tom instrospectivo, o artista entoa baladas, cânticos e canções de ninar. Há indícios de extroversão em uma ou outra faixa - caso de Soul Cake, canção inglesa incrementada com os vocais das Webb Sisters - mas, no todo, o tom é mesmo interiorizado. A viagem deixa entrever alguns instantes de beleza em You Only Cross my Mind in the Winter - um tema do compositor erudito alemão Johann Sebastian Bach (1685 - 1750) que foi letrado por Sting - e em Lo' How a Rose E'er Blooming, mas deixa sinais de cansaço ao longo do caminho. Ainda que a sonoridade - urdida com instrumentos como rabeca, harpa e violino - seja um convite à jornada. If on a Winter's Night... não é disco de Natal, mas, como na Europa o aniversário de Jesus Cristo é celebrado no inverno, o repertório resvala para o cancioneiro natalino tradiconal em Christmas at Sea, poema de Robert Louis Stevenson (1850 - 1894) musicado por Sting. Entre acalantos como Lullaby for an Anxious Child, parceria do artista com o guitarrista Dominic Miller, o álbum tangencia o universo musical erudito em The Hurdy-Gurdy Man, versão em inglês de Der Leiermann, tema do compositor austríaco Franz Schubert (1797 - 1828). Enfim, a jornada emocional de Sting rumo aos sons tradicionais do inverno é árdua e longa (inclusive porque o canto do vocalista do trio Police adquire apropriado tom interiorizado no álbum). Mas a viagem pode vir a recompensar fãs extremados que se deixem levar pelo linear espírito invernal do CD e cheguem até o fim. If on a Winter's Night... exige disposição desses fãs...
Lenine é o destaque da bela noite 'Rita Leestica'
'Big-band' orquestra (grande) tributo a Rita Lee
Suingue da Voz valoriza registro inédito de 1986
Título: Live at the
Meadowlands
Artista: Frank Sinatra
Gravadora: Reprise
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2
A Universal Music dá a partida na reedição do vasto catálogo de Frank Sinatra (1915 - 1998) na gravadora Reprise - até então vinculado a Warner Music - com a reeedição comemorativa dos 40 anos do álbum My Way (1969) e com o lançamento de um disco inédito do artista, Live at the Meadowlands, captado ao vivo em 14 de março de 1986 no show que trouxe o cantor de volta à sua cidade natal, New Jersey (EUA). A rigor o primeiro dos 38 títulos da Reprise a ganharem o selo da Universal Music, Live at the Meadowlands chega às lojas com texto escrito por Hank Cattaneo, manager e confidente de Sinatra. A Voz já não estava no auge, mas compensa a (relativa) perda de brilho com o fenomenal suingue com que aborda o repertório majoritariamente formado por standards como Where or When, I've Got You under my Skin e Someone to Watch over me. Salta aos ouvidos a intimidade de Sinatra com o repertório e com os músicos de sua banda liderada pelo pianista Bill Miller. Envolvida em eventual ambiência jazzy, a Voz dá show entre baladas como My Heart Stood Still e temas suingantes como Mack the Knife. Mesmo quando não estava na melhor das formas, Sinatra muitas vezes conseguia ser o melhor...
4 de novembro de 2009
Cantor do Bloc Party, Okereke grava disco solo
Beyoncé lança DVD (e música com Lady Gaga)
Belchior reaparece no CD e DVD de Montenegro
Bublé arrisca pouco na fórmula de 'Crazy Love'
Título: Crazy Love
Artista: Michael Bublé
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2
Michael Bublé não é louco. Ótimo cantor, o crooner sabe que fez fama e fortuna ao se apegar aos standards em série de álbuns que projetaram sua voz e sua imagem de galã. Sucessor do bem-sucedido Call me Irresponsible (2007), Crazy Love não põe em risco a carreira de Bublé, embora o inusitado arranjo orquestral que dá outra pulsação ao clássico Cry me a River faça supor o contrário na abertura do disco. Contudo, já na segunda comportada faixa, All of me, Crazy Love oferece o que público espera de um crooner como Bublé: tratamento respeitoso aos standards. Escorado na grandiosidade orquestral das produções de David Foster, o cantor está plenamente à vontade ao revisitar temas como All I Do Is Dream of You. E, justiça seja feita, sua interpretação irretocável de Georgia on my Mind prova que ele é um dos melhores do gênero que abraçou. Já as duas inéditas autorais inseridas entre os standards - Haven't Met You Yet (com pegada pop) e Hold on (uma baladona convencional) - são boas sem chegar, de fato, a impressionar. E o fato é que, embora com competência, Bublé vai oferecendo apenas mais do mesmo ao longo de Crazy Love. Entre faixas de pompa orquestral (Heartache Tonight) e de tom mais íntimo (You're Noboby Till Somebody), o intérprete volta a surpreender somente ao fim do CD com o registro desnudado de Stardust, dividido com o grupo vocal Naturally 7. No todo, Crazy Love é bom disco. Mas seria salutar que Bublé começasse a correr mais riscos em vez de se apegar a uma fórmula que começa a tornar repetitiva sua discografia. Até suas fãs poderão se cansar...
Venturini grava tema ecológico para CD global
Novo ao vivo de McCartney é 'best of' do artista
1. Intro
2. Drive my Car
3. Jet
4. Only Mama Knows
5. Flaming Pie
6. Got to Get You into my Life
7. Let me Roll It
8. Highway
9. The Long and Winding Road
10. My Love
11. Blackbird
12. Here Today
13. Dance Tonight
14. Calico Skies
15. Mrs Vandebilt
16. Eleanor Rigby
17. Sing the Changes
18. Band on the Run
19. Back in the USSR
20. I'm Down
21. Something
22. I've Got a Feeling
23. Paperback Writer
24. A Day in the Life / Give Peace a Chance
25. Let It Be
26. Live and Let Die
27. Hey Jude
28. Day Tripper
29. Lady Madonna
30. I Saw Her Standing There
31. Yesterday
32. Helter Skelter
33. Get Back
34. Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band / The End
3 de novembro de 2009
Daniela celebra o samba da terra em 'Canibália'
Título: Canibália
Artista: Daniela Mercury
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2
Canibália, o 13º álbum de Daniela Mercury, é coerente com seu título de inspiração antropofágica. Cosmopolita, a baiana põe no tabuleiro doses concentradas de eletrônica, um tantinho de r & b - em This Life Is Beautiful, parceria com o rapper norte-americano Wyclef Jean, convidado do tema que celebra a vida e a Bahia - e um bocadinho de rap, evocado nos compassos iniciais de Trio em Transe. Contudo, por mais que carregue outros balangandãs neste álbum que remete ao iluminado disco Sol da Liberdade (2000) pela maior ousadia estética e pelas bases eletrônicas de algumas faixas (mas também ao desconexo Sou de Qualquer Lugar, de 2001, quando procura se distanciar do universo do axé), a baiana oferece como quitute principal o samba de sua terra. Celebrado tanto na faixa intitulada Benção do Samba - festivo medley que agrega Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso), Samba da Minha Terra (Dorival Caymmi) e Samba da Benção (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - como na batucada que encerra a turbinada releitura eletrônica de Tico-Tico no Fubá, o choro de 1931 que deu projeção internacional ao compositor Zequinha de Abreu (1880 - 1935) na voz de Carmen Miranda (1909 - 1955). Tempero natural da azeitada salada tropicalista de Canibália, a Brazilian Bombshell é citada em verso de Trio em Transe - tema que relaciona na letra personagens e filmes do cinema brasileiro - e tem sua voz sampleada por Daniela no charmoso dueto virtual de O Que É Que a Baiana Tem?, o samba-emblema do recorrente Dorival Caymmi (1914 - 2008). A baiana tem visão internacional...
Por mais que atravesse fronteiras ao perseguir um tom e um som cosmopolita, numa busca refletida nos versos poliglotas de One Love (faixa que soterra a percussão baiana sob beats eletrônicos), Canibália cresce justamente quando gira em torno do samba da terra. Oyá por Nós - parceria de Daniela com Margareth Menezes - é aquecida pelo calor da voz de Maga e do baticum afro-baiano. O medley Preta - que junta Eu Sou Preto (J. Velloso e Mariene de Castro) com Sorriso Negro (Adilson Barbado, Jair Carvalho e Jorge Portela) - celebra a negritude num tom mestiço que remete ao último álbum de estúdio da cantora, Balé Mulato (2006). Convidado da faixa, Seu Jorge defende com propriedade o samba popularizado por Ivone Lara em 1981, com direito a discurso por mais cidadania e trabalho ao fim do tema. É bom momento de Canibália, assim como Sol do Sul, reggae que - a despeito de ter sido feito por Daniela com seu filho Gabriel Póvoas na invernal Londres - ilumina a ideia política da integração da América do Sul.
Feito sob a luz clara da alegria, traço recorrente na ensolarada discografia de Daniela e mote da faixa A Vida É um Carnaval, Canibália celebra também os direitos indígenas em Dona Desse Lugar, exalta o amor (e a liberdade de amar) na balada Castelo Imaginário e agrega familiares da artista nos vocais afetuosos de Cinco Meninos, a música mais pungente do CD. Nesse mosaico antropofágico, há ainda espaço para a releitura moderninha de O Que Será? (À Flor da Terra), tema lançado por Chico Buarque em 1976. No todo, Canibália não chega a figurar entre os melhores discos de Daniela, porque nem sempre as músicas inéditas estão à altura das ideias defendidas nas letras, mas a baiana reafirma a habitual inquietude ao se enfeitar com novos balangandãs e ao recusar a mesmice imperante no ritmo rotulado como axé music.
Caetano apresenta segundo CD solo de Miranda
"Uma Coleção de Obras-Primas"
Caetano Veloso
"Há muito tempo não ouço um disco inteiro com tanto entusiasmo no coração quanto esse Pimenteira. Acho que ouvi Pedro Miranda pela primeira vez numa faixa do CD de Teresa Cristina – e fiquei maravilhado com a musicalidade, a cultura entranhada, a naturalidade, o frescor. Comuniquei meu entusiasmo a Moreno e ele me disse que conhecia Pedro: logo eu estava com o primeiro CD de Pedro nas mãos. O CD confirmava a muito boa impressão causada pela faixa no disco de Teresa. De modo que, agora, quando ele me entregou uma cópia do seu novo disco, eu já me pus em alta expectativa. Mas não imaginava que estivesse diante de um trabalho de tamanho fôlego. Considero este um disco de grande artista. É um disco fácil de ouvir, maneiro, agradável, porém tem força histórica intensa e convida a reflexões complexas e tão profundas que nem a deliciosa paródia de texto acadêmico que vem no encarte (a respeito da alegoria deliberadamente ingênua de Edu Krieger, Coluna Social) poderia satirizar. Para começar, o estilo despojado do cantor, sem afetação, sem tiques nenhuns, dá conta de toda a possível cultura crítica atual relativa ao canto popular brasileiro. Voz maleável, incrivelmente confortável nas regiões agudas, ele mostra destreza e agilidade sem que se perceba esforço de sua parte. E o fraseado revela reverência e familiaridade com a história do samba. Mas é a escolha do repertório que ilumina as virtudes do seu estilo. Esse repertório (para cuja feitura ele agradece a colaboração de Cristina Buarque e Paulão 7 Cordas) diz tudo sobre o que deve ser dito a respeito do que vem acontecendo com o samba, desde que este se tornou emblema da musicalidade brasileira (“O mito é o nada que é tudo”), passando pelo furacão camuflado que foi a bossa nova e pela sua recolocação no ambiente que o forjou: a boemia que transita entre certos morros e certas áreas do asfalto carioca. Essa recolocação teve como marco inicial a virada que significou, no meio dos anos 1960, coincidirem as insatisfações de Nara Leão com o surgimento do Zicartola, o início das atividades de compositor de Chico Buarque em São Paulo e o estrelato conjunto de Paulinho da Viola e Clementina de Jesus no Rosa de Ouro. Todos os desdobramentos – de Beth Carvalho ao Art Popular, de Zeca Pagodinho ao Psirico, de Arlindo Cruz a Roberta Sá – estão homenageados nesse álbum coeso, sincero e de grande visão. O arco de compositores vai de Nelson Cavaquinho a Rubinho Jacobina – e, no entanto, a unidade de visão faz de Pimenteira uma obra autoral de Pedro Miranda. As melodias, em geral com sabor de choro a caminho da gafieira (mas sem deixar de fora nem a chula baiana nem o coco nordestino), sustentam um virtuosismo poético que, por força da perspectiva da escolha do material (e da ordem em que ele vem), sugere um gosto pessoal, a um tempo apurado, exigente e espontâneo, que atravessa todo o disco. Dos versos elegantes de Paulo César Pinheiro para a música rica de Mauricio Carrilho (com ecos de Bororó) ao fascinante jogo embaralhado de imagens atuais no samba de Moyseis Marques, passando pela Imagem, de Trambique e Wilson das Neves, e pelo show de bola de Elton Medeiros e Afonso Machado, tudo em Pimenteira transpira grande talento guiado por grande inteligência. O disco fala de tudo o que fala como Nei Lopes fala (na única nota de encarte que não foi escrita por Pedro e Luís Filipe) da série de mulatos que compõem a figura de Compadre Bento: com admiração e intimidade. Terminei citando muitos dos sambas do disco, mas não é por os achar menos interessantes que não citei alguns: todos são de alta extração, todos fazem o CD soar como uma coleção de obras-primas. O que faz com que esse disco ao mesmo tempo pareça o lançamento de um novo autor e uma antologia de clássicos. Na verdade, é o disco que já nasce antológico. A colaboração de Luís Filipe de Lima é decisiva na definição dos arranjos e da sonoridade. Sobre ele (e os demais colaboradores musicais e técnicos), Pedro fala melhor do que eu poderia, nas palavras de agradecimento que escreveu. Quanto a mim, sou mais levado a considerar que a oportunidade foi uma dádiva que Pedro lhes fez. Eu sempre sou citado como elogiador fácil de moças jovens bonitas que cantam samba. Nunca as elogiei sem que achasse justo fazê-lo. Dizer aqui que o CD de um marmanjo, que nem tipo gatinho é, é algo muito mais importante do que o que essas ninfas têm, em conjunto, alcançado deve dar ideia do quanto considero Pimenteira um evento especial em nossa música. E, de quebra, pode dar mais credibilidade aos elogios que faço às moças". Caetano Veloso
Sony põe 150 mil CDs de Victor & Leo nas lojas
Arantes propaga tema do bem criado para ONG
2 de novembro de 2009
Sony vai confirmar em breve vínculo com Leitte
DVD na reedição de 30 anos de 'London Calling'
Trilha de This Is It é mera coletânea de Michael
Título: This Is It
Artista: Michael Jackson
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *
Pedro Sá azeita rock-samba de Ronei e Ladrões
Título: Frascos
Comprimidos Compressas
Artista: Ronei Jorge e os
Ladrões de Bicicleta
Gravadora: Gira
Independente
Cotação: * * *
Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta é um grupo da Bahia que cruza samba com rock sem fazer exatamente samba-rock. O fato de Pedro Sá - o guitarrista que é a alma da BandaCê recrutada por Caetano Veloso para os discos Cê (2006) e Zii e Zie (2009) - ser o produtor do segundo álbum da banda já informa muito a respeito de Frascos Comprimidos Compressas. Pedro Sá não toca no disco, porém azeita o rock-samba de Ronei Jorge. A guitarra roqueira que conduz o ritmo do samba Você Sabe Dessas Coisas (Nega) evoca a guitarra tocada por Pedro em Zii e Zie, cuja ambiência também está refletida de alguma maneira no instrumental da balada A Respeito do Sono. Contudo, a despeito de o CD ter certa similaridade com o tom dos últimos dois álbuns de Caetano, o repertório irregular de Ronei e dos Ladrões tem identidade própria, reforçada pela produção de Pedro Sá. A ponto de um dos 14 temas do disco, Está na Cara, ter aura meio progressiva e nem por isso destoar de Tão Sabida que Eu Nem Sei, samba embebido em alta dose de brasilidade. Enfim, o CD Frascos Comprimidos Compressas tem lá seus encantos próprios - apesar de o repertório nem sempre ser inspirado - e vai contentar os fãs da sonoridade indie de Ronei Jorge e dos Ladrões.
Peyroux volta ao hino de Piaf no primeiro DVD
1 de novembro de 2009
'Celebration' resume bem a era pop de Madonna
Título: Celebration
Artista: Madonna
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * * (CD) e * * * * * (DVD)
Rock do Manacá cresce quando é mais regional
Título: Manacá
Artista: Manacá
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * *
Wado cruza o oceano afro em 'Atlântico Negro'
Título: Atlântico Negro
Artista: Wado
Gravadora: Nenhuma
Cotação: * * * 1/2
Cantor e compositor da cena indie, radicado em Alagoas, o catarinense Wado cruza feliz o Oceano de sons que liga África e Brasil em Atlântico Negro, quinto álbum do artista, recém-lançado no formato de SMD e já disponibilizado para download gratuito no site oficial de Wado. Afoxé que abre o trabalho, Estrada incorpora versos recitados por Helder Monteiro, nativo de Guiné Bissau, e já dá a pista do cruzamento de sons e sotaques do disco, que teve seis de suas onze faixas mixadas por Kassin em seu estúdio Monoaural, no Rio de Janeiro (RJ). Entre baladas (Frágil e Pavão Macaco), samba de tom afro (Martelo de Ogum, faixa que traz Rômulo Fróes entre os vocalistas) e pop que remete ao afoxé originário da mesma matriz africana (Cordão de Isolamento), Atlântico Negro navega até pelas águas do funk carioca no Rap Guerra no Iraque - da lavra de MC Gil do Andaraí - e apresenta a parceria de Wado com o escritor moçambicano Mia Couto em Hercílio Luz e na citada Estrada. O título do disco revive termo usado pelo antropólogo inglês Paul Gilroy para se referir à cultura mestiça nascida da ligação seminal da mãe África com as Américas. Explorando esse tráfico contínuo de sons e influências, Wado fez um disco miscigenado que traduz a inquietude que molda sua indie obra fonográfica. É com liberdade estética que ele sustenta com base dance tema do cancioneiro tradicional alagoano - Boa Tarde, Povo (Baianas de Santa Luzia do Norte/Maria do Carmo) - e que mixa sua música Jejum com Cavaleiro de Aruanda, o tema de Tony Osanah que Ronnie Von lançou em 1971 e que Rita Ribeiro reviveu em 2003 no show Tecnomacumba, despertando a atenção de Ney Matogrosso. Com produção antenada de Pedro Ivo Euzébio, Atlântico Negro desliza coeso nas águas calmas da voz do sempre inventivo Wado.