24 de maio de 2008

Groban solta a voz com Kidjo em 'Awake Live'

Depois de editar um pomposo disco dedicado ao cancioneiro natalino, Noël, o cantor Josh Groban retorna ao mercado fonográfico neste mês de maio de 2008 com Awake Live. O kit de CD + DVD - fabricado pela Warner Music no formato de CD - é mais um título ao vivo numa discografia que já inclui registros de shows como In Concert (2002) e Live at the Greek (2004). Awake Live foi captado em apresentação feita pelo tenor em 2007 numa arena de Salt Lake City (Utah, EUA), com intervenções das cantoras Angelique Kidjo (em Pearls, reeditando o dueto feito para o último álbum de Kidjo, Djin Djin) e Lucia Micarelli (em Aurora e em Kashmir). O DVD reúne as 20 músicas do roteiro integral. Já o CD apresenta somente uma amostra do show, com nove números. Entre eles, Mai, Machine, February Song e Awake, canção que batiza a turnê e um álbum de estúdio do cantor, de tom operístico.

CD ao vivo para quem faz o jogo de Barry White

Resenha de CD
Título: An Evening
with Barry White
Artista: Barry White
Gravadora: ST2
Cotação: * * *

Lançado nos Estados Unidos em outubro de 2007, o CD An Evening with Barry White chega ao Brasil neste mês de maio de 2008 com registro de show feito pelo cantor na Califórnia (EUA) em 9 de setembro de 1999. Breve texto no encarte sustenta que se trata de espetáculo da derradeira turnê do cantor, que sairia definitivamente de cena em 2003, vítima de falência renal. "Prepare-se para uma noite de romance com o maestro do amor", ordena o mesmo texto. Em cena, Barry White (1944 - 2003) desenvolvia relação de sedução com sua platéia. O ideal seria que a gravação ao vivo fosse editada em DVD para que a imagem corroborasse o som, mas o CD consegue captar a atmosfera sensual que regia os shows do maestro e cantor. Mesmo fora do auge, o vozeirão grave ainda estava em forma naquele ano de 1999. Emoldurado pelos grooves de sua Love Unlimited Orchestra, cuja pulsação lembra em números como It' Esctasy When You Lay me Down Next to me o suingue da banda Vitória Régia que acompanhava Tim Maia (1942 - 1998). Há afinidades entre Barry e o Síndico, a propósito. Ambos eram gordos, tinham gogó poderoso e transitavam pelo soul sem abrir mão do romantismo das baladas. Às vezes, ambos se excediam no teor de glicose. Neste disco ao vivo, Barry abusa do direito de recitar versos para sua platéia antes de efetivamente começar a cantar Just the Way You Are, o hit de Billy Joel que ele soube tornar seu. Era como se ele estivesse cantando a platéia em vez de somente cantar para ela. Fazia parte de seu show. Que não se limita aos hits neste disco. Entre jóias como You're the First, the Last, my Everything, que inseriu pioneiramente Barry White no universo da disco music, o astro apresenta músicas de Staying Power, um de seus poucos álbuns que conseguiu alguma repercussão nos Estados Unidos depois da fase dourada dos anos 70. Justiça seja feita: como Barry alongava suas músicas em cena, alguns números resultam entediantes no CD - especialmente Playing your Game Baby. Contudo, An Evening with Barry White propicia real prazer para os que aceitam as regras do jogo do memorável astro.

DVD perpetua a segunda edição do 'Crossroads'

Em 28 de julho de 2007, astros do blues, do rock e do country gravitaram em torno de Eric Clapton, a estrela anfitriã de mega-show realizado em Chicago (EUA). Tratava-se da segunda edição do Crossroads Guitar Festival, projeto beneficente de Clapton que busca angariar fundos para um centro de reabilitação que ajuda dependentes químicos (a primeira edição aconteceu em 2004). O evento foi captado para edição em DVD lançado no exterior em novembro de 2007. Editado pela Warner Music no mercado brasileiro neste mês de maio de 2008, o DVD Crossroads Guitar Festival 2007 é duplo e reúne 39 números em roteiro que começa com introdução feita pelo ator Bill Murray e desemboca no número coletivo, Sweet Home Chicago, em que o bluesman Buddy Guy recebe Clapton, Robert Cray, John Mayer, Hubert Sumlin, Jimmie Vaughan e Johnny Winter. Além destes nomes, a segunda edição do festival aglutinou Sheryl Crow, Willie Nelson, Vince Gill, Albert Lee, Los Lobos e Jeff Beck, entre outros. Todos pela ótima causa...

'Control' foca inferno pessoal de Ian com classe

Resenha de filme
Título: Control
Diretor: Anton Corbijn
Elenco: Sam Riley,
Samantha Morton e
outros
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz desde 23 de maio

Exibido no Brasil em 2007 em concorridas sessões de festivais, Control entrou enfim em circuito nacional regular na quinta-feira, 22 de maio de 2008. O filme expõe a visão classuda do diretor e fotógrafo holandês Anton Corbijn sobre o atormentado Ian Curtis (1956 - 1980), o vocalista do Joy Division que se suicidou aos 23 anos. Não é um filme sobre a banda inglesa que originou o New Order, embora reconstitua seus passos em tom superficial. O foco está nos tormentos pessoais de Curtis, encarnado por um extraordinário Sam Riley. A classe reside na opção pela fotografia em preto e branco - um filme sobre a mente conturbada do mítico artista não poderia comportar cores - e na atmosfera sombria que se cria a partir da trilha sonora, que costura gravações do Joy Division com registros de David Bowie e Iggy Pop, entre outros. Contudo, a música é personagem secundária em narrativa que prioriza os dramas pessoais de Curtis e que foi baseada no livro Touching from a Distance, de Deborah Curtis, mulher do cantor, vivida no filme por Samantha Morton. As letras de Ian Curtis já sugeriam perturbações, mas, na visão sustentada por Control, o lendário artista perderia o controle por questões pessoais como os freqüentes ataques epilépticos e as crises do casamento precoce que o levariam ao adultério. Se fosse um documentário, o filme de Corbijn pecaria pelo enfoque unilateral. Como a narrativa é ficcional, embora baseada em fatos reais, Control envolve o espectador e se revela um filme digno dos prêmios que vem faturando em festivais ao redor do mundo por sua beleza sombria.

23 de maio de 2008

'Cara B' de Drexler rebobina Caetano na 'Cara C'

Música de Caetano Veloso que foi lançada por Maria Creuza em 1976, Dom de Iludir ganha regravação do cantor Jorge Drexler no disco duplo ao vivo Cara B - Jorge Drexler en Concierto. A bonita canção do compositor brasileiro foi incluída entre os 13 (!) covers reunidos no CD 2, intitulado Cara C. Há também na seleção de releituras um tema de Leonard Cohen, Dance me to the End of Love. O registro ao vivo de Drexler inclui três músicas inéditas e descarta seus principais hits. A gravação foi feita em série de sete shows feita em turnê que levou o artista a sete cidades da Cataluña entre 22 de novembro e 1º de dezembro de 2007. Ao todo, o álbum duplo apresenta 32 números. Sai via Warner Music.

Zizi recorda a 'Melodia Sentimental' com Bosco

Obra-prima de Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) letrada por Dora Vasconcellos, Melodia Sentimental foi uma das músicas cantadas por Zizi Possi com a participação de João Bosco, convidado do penúltimo dos 12 shows da série Cantos e Contos, apresentada pela cantora às terças-feiras na casa paulista Tom Jazz. Atração extra do espetáculo feito em 20 de maio de 2008, o acordeonista Toninho Ferragutti (com Zizi e Bosco na foto de Ronaldo Aguiar) se juntou à banda em alguns números. Toda a temporada está sendo captada por Zizi para posterior edição em DVD e CD ao vivo. Eis o roteiro - centrado em Bosco - do 11º show:
1. O Cavaleiro e os Moinhos
2. Transversal do Tempo
3. Fado Tropical
4. A Força
5. O Bêbado e a Equilibrista
6. Na Baixa do Sapateiro
7. Tico-Tico no Fubá
8. Nega do Cabelo Duro
9. Baião de 4 Toques
10. Amor da Minha Vida
11. Valsa Brasileira
12. Corsário
13. Vida Noturna - com João Bosco
14. Melodia Sentimental - com João Bosco
15. A Paz - com João Bosco
16. Bala com Bala - com João Bosco
17. Incompatibilidade de Gênios - com João Bosco
18. Miss Suéter - com João Bosco
19. Milagre - com João Bosco
Bis:
20. Porta-Estandarte - com João Bosco

Chega ao Brasil o álbum centenário de Compay

Se não tivesse saído de cena em 13 de julho de 2003, o intérprete cubano Compay Segundo teria completado 100 anos em 18 de novembro de 2007. Na data, a gravadora Rhino - atualmente vinculada à major Warner Music - editou coletânea dupla para festejar o aniversário. O disco Compay Segundo Cien Años chega ao Brasil com seis meses de atraso. A compilação reúne 28 gravações extraídas dos álbuns Antologia (1996), Lo Mejor de la Vida (1998), Calle Salud (1999), Las Flores de la Vida (2000) e Duets (2002). A seleção não é abrangente, mas dá boa amostra da arte do cantor. Na seleção, Chan Chan e Hey Caramba.

Coletânea faz bater o coração violeiro de Boldrin

Fiel na propagação da genuína música caipira, tanto como cantor e compositor quanto como ótimo apresentador de programas de TV dedicados ao universo ruralista, Rolando Boldrin ganha uma bem-vinda coletânea na série Sempre, da gravadora Som Livre. Já nas lojas, a compilação reúne 13 fonogramas, sendo que sete foram licenciados por companhias como Kuarup, Warner Music, Intercd e Universal Music. Pena que não haja informações sobre a data das gravações. Eis o repertório, que inclui bissexta parceria de Boldrin com o tropicalista Tom Zé (a Moda do Fim do Mundo):

1. Vide, Vida Marvada (Rolando Boldrin)
2. Meu Caboclo (J. Lourival e S. de Almeida)
3. Eu, a Viola e Deus (Rolando Boldrin)
4. Moda do Fim do Mundo (Tom Zé, Rolando Boldrin e Valnez Zanick)
5. Amanheceu, Peguei a Viola (Renato Teixeira)
6. Cabelos Brancos (Herivelto Martins e Marino Pinto)
7. Cabocla Tereza (João Pacífico e Raul Torres) - com Jair Rodrigues
8. Zé Ponte (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins)
9. Novo Amanhecer (Manezinho Araújo)
10. Adeus, Nhô Pai (Rolando Boldrin)
11. Rancho da Serra (Blecaute e Herilvelto Martins)
12. Coração de Violeiro (Alvarenga e Ranchinho II)
13. Acorda, Maria Bonita (Antonio dos Santos) - com Renato Teixeira

22 de maio de 2008

'Melhor', álbum de Simoninha, faz jus ao título

Resenha de CD
Título: Melhor
Artista: Wilson Simoninha
Gravadora: S de Samba
Cotação: * * * *

Doses bem altas de pretensão marcaram os dois primeiros álbuns de estúdio de Wilson Simoninha, Volume 2 (de 2000) e Sambaland Club (de 2002). São discos bons, mas que foram recebidos com excesso de entusiasmo pela crítica que identificava uma nova música brasileira no som feito pela turma que formou o elenco inicial da gravadora Trama. A turma incluía Max de Castro e Jair de Oliveira, ambos envolvidos na feitura deste terceiro álbum de inéditas de Simoninha, Melhor, que honra seu título. Max assina a produção propriamente dita. Jair, além de assinar três das 12 faixas, viabilizou a edição do CD por seu selo S de Samba, que abrigou também sua irmã, Luciana Mello.
Melhor é, de fato, o melhor trabalho do filho de Wilson Simonal (1938 - 2000). Sem cair na tentação de reinventar a roda da black music, Simoninha aprimora seu mix de samba, soul e funk com grooves azeitados e repertório coeso. O disco é enxuto e tem um astral alto, perceptível logo na irresistível faixa de abertura, A Saideira (Samba Negro), parceria de Simoninha com Jair Oliveira, que, aliás, vem crescendo muito como compositor. A contagiante Rei da Luta, assinada somente por Jair, é delicioso manifesto de orgulho negro que nunca esbarra em tom panfletário ou magoado. Outro momento extremamente feliz - em todos os sentidos - é Ela É Brasileira, samba de Simoninha, Max de Castro e Seu Jorge, convidado da ótima faixa em que figura a guitarra de Luís Vagner.
Em repertório moldado para um baile black da pesada, a boa surpresa é Homem de Gelo, da lavra de Leleo, músico da banda Bel. O suingue evoca os tempos áureos de Jorge Ben Jor, uma das grandes influências de Simoninha, que, a propósito, apresenta parceria inédita com o mestre. Sossega não é dos balanços mais inspirados de Ben Jor, mas prima por expor a guitarra e o vocal soul de Claudio Zoli, que reaparece como convidado em Eu Sei que Você Vai me Entender, música na qual somente toca guitarra.
Algumas baladas estrategicamente posicionadas entre faixas mais suingadas ajudam a alternar os climas do baile. Mareio (Pierre Aderne e Wilson Simoninha) e É Bom Andar a Pé (Melhor) ratificam o acerto do artista neste primeiro trabalho de inéditas em seis anos. Após dispensável DVD dedicado às regravações da obra de Ben Jor, editado em 2005 na série MTV Apresenta, Wilson Simoninha (re)aparece bem na praça. Seu volume 3 é dez...

Química de Mouse e Cee-Lo continua explosiva

Resenha de CD
Título: The Odd Couple
Artista: Gnarls Barkley
Gravadora: Warner
Music
Cotação: * * * *

Em 2006, foi difícil ficar imune à batida contagiante de Crazy, hit que impulsionou as vendas do grande álbum St. Elsewhere e a carreira da dupla Gnarls Barkley, formada pelo produtor Danger Mouse - já uma grife no mercado fonográfico norte-americano, requisitada por artistas como Beck - e pelo cantor Cee-Lo Green. A mistura inusitada da dupla ferveu em caldeirão de múltiplas referências da música black e criou natural expectativa em torno de um segundo CD do duo. Pois The Odd Couple reedita o acerto do primeiro trabalho do Gnarls Barkley. Talvez não haja entre suas 13 faixas um hit tão arrasa-quarteirão quanto Crazy. Mas audição dessas 13 faixas não deixa dúvidas de que a química entre Mouse e Cee-Lo continua explosiva. Run (I'm a Natural Disaster), Going on e Charity Case são os destaques de um disco que evoca a psicodelia dos anos 60, em menor grau que St. Elsewhere, e até os vocais do grupo Mamas & the Papas em Surprise, outro trunfo do repertório. Mesmo quando os beats são desacelerados, como em Who's Gonna Save my Soul?, The Odd Couple deleita ouvintes que não ouvem o álbum na esperança de encontrar uma nova Crazy ou som tão inventivo quanto o de St. Elsewhere. A dupla passa com louvor na prova do segundo CD...

DVD capta Brian apegado à obra-prima de 1966

Líder e mentor do grupo The Beach Boys, Brian Wilson vive de seu glorioso passado. Além de ter aprontado disco inacabado, Smile, o cantor gravita em torno da obra-prima de sua banda, Pet Sounds. É o repertório deste álbum de 1996 que Wilson apresentou numa série de seis shows feitos em 2003 no Royal Festival Hall, em Londres, Inglaterra. As apresentações foram captadas para edição em DVD. A rigor, Brian Wilson Presents Pet Sounds Live in London já é título velho na videografia do artista, mas está sendo rebobinado no mercado brasileiro pela gravadora Universal Music. É somente para os fãs...

CD do Skank reabre 'Discoteca Básica' da MTV

Álbum que beirou os dois milhões de cópias vendidas e projetou o grupo Skank além da cena pop, por conta do megahit Garota Nacional, Samba Poconé (1996) foi o título escolhido pela MTV para reabrir sua Discoteca Básica. A nova temporada do programa, que disseca a criação de álbuns clássicos do rock brasileiro, compreende oito episódios inéditos e estréia nesta quinta-feira, 22 de maio de 2008, às 0h15m - com reprises às segundas-feiras, às 12h, e às terças-feiras, às 19h. No episódio inicial, Samuel Rosa (em foto de divulgação da MTV) revela que a exposição excessiva da música Garota Nacional motivo o quarteto a repensar sua carreira. Já o produtor Dudu Marote reproduz o riff incendiário da faixa É uma Partida de Futebol. Jornalistas e críticos musicais, como Ricardo Alexandre e Pablo Miyazawa, dão suas impressões sobre Samba Poconé, item de discoteca básica.

Eis os álbuns da segunda temporada da Discoteca MTV:
* Samba Poconé (1996) - Skank - 22 de maio
* Raimundos (1994) - Raimundos - 29 de maio
* Isopor (2000) - Pato Fu - 5 de junho
* Maior Abandonado (1984) - Barão Vermelho - 12 de junho
* A Revolta dos Dândis (1987) - Engenheiros do Hawaii - 26 de junho
* O Concreto Já Rachou (1986) - Plebe Rude
* Capital Inicial (1986) - Capital Inicial - 10 de julho

21 de maio de 2008

Obra de Noel vai ser recriada e remixada em CD

Desde 1º de janeiro de 2008 fora do alcance dos direitos autorais, por conta da lei que põe em domínio público músicas de compositores falecidos há mais de 70 anos, a obra de Noel Rosa (1910 - 1937) vai ser objeto de releituras na rede. Diretor do Creative Commons, o professor Ronaldo Lemos criou o projeto Noel Rosa, Domínio Público: Recriando, Remixando, Disseminando. Artistas mais contemporâneos vão regravar músicas do Poeta da Vila para CD que, além de ser disponibilizado na internet, será editado com DVD-R que vai permitir ao ouvinte fazer nova mixagem das faixas.

Fergie e Hudson cantam inéditas no CD de 'Sex'

O disco com a trilha sonora do filme Sex and City - baseado no homônimo seriado da TV norte-americana - vai chegar ao mercado nacional a partir de 3 de junho, data em que o longa-metragem vai entrar em circuito brasileiro. Fergie e Jennifer Hudson interpretam músicas inéditas, compostas para o filme. A loura do grupo Black Eyed Peas entoa Labels of Love. Já Hudson - que trabalha como atriz no filme, no papel da assistente pessoal de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) - pôs seu vozeirão a serviço de All Dressed in Love, tema composto por MC Jack Splash em parceria com Cee-lo Green (do duo Gnarls Barkley). O CD com a trilha reúne fonogramas novos e antigos de nomes como Duffy (Mercy) e Nina Simone (remix de The Look of Love), entre outros.

Mart'nália rebobina samba de Brown para filme

Esfuziante samba de autoria de Carlinhos Brown, composto em tributo ao Rio de Janeiro e lançado por Daniela Mercury num dos melhores discos da cantora baiana, Feijão com Arroz (1996), Vide Gal acaba de ganhar uma regravação de Mart'nália - doze anos depois de seu lançamento. A filha de Martinho da Vila rebobina o samba na trilha sonora do filme Era uma Vez, de Breno Silveira. Berna Ceppas é o produtor da trilha. O longa-metragem do diretor de Dois Filhos de Francisco foca os constrastes sociais do Rio de Janeiro ao contar a história de amor entre garota rica de Ipanema e rapaz da favela do Cantagalo. Era uma Vez já estréia em julho.

Show crepuscular refaz descaminho de Claudya

Resenha de show
Título: 40 Anos - Do Fino da Bossa à Ópera Evita
Artista: Claudya
Local: Canecão (RJ)
Data: 20 de maio de 2008
Cotação: * *

Presença bissexta no circuito de shows do Rio de Janeiro, Claudya voltou aos palcos cariocas na noite de terça-feira, 20 de maio de 2008, em espetáculo crepuscular que expõe os (des)caminhos trilhados pela artista há quatro décadas, mais precisamente desde 1967, ano em que lançou seu primeiro LP. De tom retrospectivo, o espetáculo dá a pista da razão de Claudya não ter desenvolvido a marcante carreira que poderia ter tido por conta da voz que - reza a lenda da MPB - teria intimidado até a insegura Elis Regina (1945 - 1982) ao despontar nos efervescentes anos 60. Se a grande voz ainda existe e redime sua dona em muitos números, como Casa Forte (Edu Lobo), o show em si resultou equivocado. E, em alguns momentos, até constrangedor - como quando a artista, perdida no roteiro, pediu ajuda em cena. "Eu preciso chamar alguém, mas não sei quem é", admitiu Claudya no palco, sem saber a ordem dos convidados, pouco especiais, que tornaram o show longo e cansativo para quem tinha ido ao Canecão - extremamente vazio - somente para ver a cantora. Faltou direção e, parece, até ensaio...
O roteiro alternou altos e baixos, mostrando que o repertório de Claudya envelheceu mal. Aliás, já nasceu velho. Músicas como Chora, Céu - parceria de Luiz Roberto com Adylson Godoy, pianista e arranjador da banda que acompanha Claudya - podiam ter algum sentido nos anos 60. Hoje soam apenas chatas. A rigor, a cantora nunca conseguiu lançar repertório à altura de sua voz. Os grandes momentos de sua discografia foram obtidos com regravações de músicas como Jesus Cristo e Como 2 e 2, ambas obviamente incluídas no roteiro do show porque - embora lançadas por Roberto Carlos - foram bem regravadas por Claudya.
Mesmo sem uma direção firme que tirasse a aura cafona do show, perceptível no tom dos textos retrospectivos ditos em off e nas dispensáveis trocas de figurinos que fizeram a cantora sair de cena várias vezes, Claudya mostrou que o suingue e sua fina musicalidade continuam firmes como sua voz. Pena que, para relembrar o Beco das Garrafas e o Fino da Bossa, saudando em cena a suposta rival Elis, ela tenha lançado mão de pot-pourri picotado em excesso. Boas músicas como Travessia e Vou Deitar e Rolar foram retalhadas. Melhor sorte teve o samba Desacato (Antonio Carlos e Jocafi), revivido em sua forma integral. Foi dez!
No set dedicado às colegas que lhe serviram de referência para a formatação de seu canto, Claudya rendeu homenagens a Ângela Maria (A Chuva Caiu), Sarah Vaughan (Cry me a River) e a Barbra Streisand, saudada como uma cantora perfeita, a "maior do mundo", pela emissão e respiração exemplares. Um inacreditável dueto virtual com Barbra em People - a imagem da cantora era mostrada no telão - mostrou que a aluna aprendeu bem a lição ensinada pela mestra involuntária. Ela perseguiu o tom de Barbra em desnecessária demonstração de exibicionismo vocal. Claudya peca pelo excesso e erra ao realçar sua capacidade como cantora.
O também inacreditável desfile de convidados - entre outros, Elymar Santos, Pery Ribeiro e a filha da cantora, Graziela, que apresentou deslocado rap de versos politizados - contribuiu para minar a apresentação. Mas é justo reconhecer que Claudya reafirmou sua técnica ao levar no gogó o choro Brasileirinho a partir do fraseado vivaz das flautas de Flora e Ingrid, convidadas do número. Já com Elymar Santos, que se empolgou por estar novamente no palco do Canecão e estendeu sua parte solo, o inicialmente desencontrado dueto em Apelo precisou até ser interrompido e reiniciado para que os cantores se achassem na letra e no tom do belo tema de Baden Powell e Vinicius de Moraes.
A presença de Elymar se justificou pelo fato de ele ter encarnado o guerrilheiro Che Guevara na montagem brasileira do musical Evita, estrelado por Claudya no papel-título. Mas não era preciso exibir no telão um número inteiro do cantor no espetáculo. "Gente, sou eu! Não entendi como ninguém bateu palmas...", disparou Elymar ao se ver em cena, em outro momento constrangedor. Era o pretexto para o gran finale, quando a cantora, vestida e maquiada como Evita Péron, entoa Não Chores por mim, Argentina - a versão brasileira do maior hit do musical.
Enfim, Claudya merecia festejar seus 40 anos de carreira com mais requinte. Mas o show feito no Canecão é revelador por sinalizar os equívocos que, em outras eras, devem ter embaçado o brilho da voz da artista. Uma grande cantora não constrói uma carreira somente com uma grande voz. É preciso todo um cuidado extra-musical para que seu canto chegue ao público da melhor forma possível. A julgar pelo show crepuscular que a trouxe de volta aos palcos cariocas, Claudya parece ter errado a mão desde sempre nessa parte. Isso explicaria os seus descaminhos nestes 40 anos...

20 de maio de 2008

Comedida, Cida tira grandes coelhos da cartola

Resenha de CD
Título: Angenor
Artista: Cida Moreira
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * * 1/2

Intérprete de grande carga dramática que já incursionou pelos cancioneiros teatrais de Bertolt Brecht (1898 - 1956) e Chico Buarque, Cida Moreira baixa o tom em Angenor, seu singelo tributo a Cartola (1908 - 1980) no ano em que se festeja o centenário de nascimento do compositor. Sem querer impressionar ou recriar obra já perfeita em sua criação, a cantora apresenta um dos mais belos trabalhos já dedicados à obra do autor de Cordas de Aço e Acontece, duas das 16 rosas que desabrocham na voz da cantora, radicada em SP.
Comedida, apesar do leve lampejo operístico ouvido na introdução da música que abre o CD, A Canção que Chegou, flagrante de um Cartola feliz, Cida consegue tirar grandes coelhos da cartola. É que, dos quatro discos solos gravados por Cartola em estúdio, as atenções dos intérpretes costumam se voltar para os dois primeiros, editados em 1974 e 1976. Cida não os ignorou, mas soube pescar as pérolas guardadas nos dois últimos, Verde que te Quero Rosa (1977) e Cartola 70 Anos (editado em 1979, com um ano de atraso em relação ao aniversário mencionado no título). São destes dois discos músicas como O Silêncio do Cipreste (parceria de Cartola com Carlos Cachaça regravada pela cantora com dispensáveis intervenções vocais de Marcelo Fonseca) e Feriado na Roça, raro momento de um Cartola de sotaque ruralista. A viola caipira tocada por Omar Campos - produtor musical de Angenor ao lado da própria Cida - emoldura com propriedade a música que relata em seus versos um crime passional à moda caipira. Também pouco conhecidas, Nós Dois e Fim de Estrada retratam um Cartola sem a habitual genialidade, mas ambos temas exibem o invariavelmente refinado recorte melódico que insere o fino cancioneiro do compositor na galeria mais nobre da música brasileira. Sua obra tem estilo, grife.
Intérprete que conjuga técnica e emoção em seu canto, Cida acertadamente dispensa os arroubos vocais nos registros de sambas como Alvorada e Sala de Recepção, adornados com arranjos eficientes que evocam a sonoridades dos antigos conjuntos regionais em voga quando a música de Cartola começou a florescer. Em tom mais formal, Peito Vazio ganha moldura camerística que enquadra a voz da cantora ao lado do piano de Keco Brandão. E, na maior prova de que uma grande intérprete pode dispensar firulas e tom suntuoso, há O Mundo É um Moinho. A música é das mais batidas de Cartola, mas consegue ganhar novas nuances no registro sentido e interiorizado de Cida Moreira. Por essa gravação pungente e pela comovente simplicidade com que a cantora aborda Cartola, Angenor é, até o momento, o melhor tributo prestado ao compositor neste 2008 em que alguns reverenciam o mestre por conta de seu centenário de nascimento.

Cartola chora no toque virtuoso de seis músicos

Resenha de CD
Título: Chora Cartola
Artista: Carlos Malta
Henrique Cazes, Joel
Nascimento, Marcelllo
Gonçalves, Paulo Sérgio
Santos e Rildo Hora
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * 1/2

Para quem já adornou até o cancioneiro dos Beatles com arranjos de choro, em bem-sucedida série de quatro CDs, deve ter sido fácil transpor o repertório de Cartola (1908 - 1980) para o universo do choro. É a isso que se propõe o cavaquinista Henrique Cazes, produtor deste álbum editado pela Deckdisc para pegar carona na festa do centenário do compositor carioca. A despeito de ser um projeto econômico de caráter meio oportunista, Chora Cartola resulta interessante. Até porque os músicos recrutados para a gravação pertencem ao primeiro time de instrumentistas nacionais. A grande faixa - não por acaso estrategicamente posicionada na abertura do CD - é Alvorada, solada pelo bandolim de Joel Nascimento em registro que beira o sublime. Mas os demais músicos - Rildo Hora (gaita em Amor Proibido e Autonomia), Marcello Gonçalves (violão de sete cordas em O Sol Nascerá - com citação da valsa Das Rosas, de Dorival Caymmi - e em Cordas de Aço), Paulo Sérgio Santos (clarinete em Divina Dama, Que Sejam Bem-Vindos e em Tempos Idos), Carlos Malta (sax e flauta em Sala de Recepção) e o próprio Cazes (cavaquinho em Sim e Acontece) - também fazendo bonito, explorando em maior ou menor grau os temas de Cartola sem prejuízo das melodias originais. Fechando o disco, há A Canção que Chegou, única faixa cantada (pela voz de Moyseis Marques) deste correto trabalho instrumental. Cartola chora com elegância.

Fall Out Boy recorre a Michael em disco ao vivo

Em evidência na cena emo, por conta do sucesso de seus dois últimos álbuns, From Under the Cork Tree (2005) e Infinity on High (2007), o grupo norte-americano Fall Out Boy recorre a um hit de Michael Jackson em seu registro ao vivo Live in Phoenix, recém-lançado no mercado brasileiro pela Universal Music nos formatos de CD e DVD (capa à esquerda). Um cover de estúdio de Beat It promove o disco. Já o DVD rebobina o roteiro integral do show captado em junho de 2007, no Cricket Pavillion, em Phoenix (EUA). Além dos 22 números do show, há clipes de músicas dos dois últimos álbuns da banda e takes de bastidores. Live in Phoenix saiu em 1º de abril nos Estados Unidos, terra natal do quarteto, queridinho dos emos.

Gil canta no CD que dissocia Margareth do axé

Margareth Menezes vai estrear na gravadora MZA Music em agosto com álbum que vai tentar dissociar a calorosa cantora baiana da axé music. A idéia do produtor do disco e diretor da MZA, Marco Mazzola, é inserir Maga no universo da MPB mais convencional. Gilberto Gil gravou recentemente participação no CD na faixa Mulher de Coronel, da lavra do próprio Gil (com a intérprete na foto). O disco se chama Bom Dia. Vale lembrar que, em 2005, a EMI Music tentou aproximar Margareth da cena pop em disco confuso, Pra Você, de reduzida repercussão comercial.

19 de maio de 2008

Sombra de Amy não esconde o talento de Duffy

Resenha de CD
Título: Rockferry
Artista: Duffy
Gravadora: A & M Records
/ Universal Music
Cotação: * * * *

Difícil dissociar este segundo belo álbum de Duffy - jovem cantora inglesa de 23 anos que já vem sendo aclamada nas paradas do Reino Unido - do som feito por Amy Winehouse em seu festejado segundo disco, Back to Black. Como já sinalizara Mercy, o primeiro single do álbum Rockferry, a artista decidiu beber na fonte do soul neste trabalho que sucede um inusitado primeiro CD gravado em galês. Como o timbre de Aimee Duffy - agora sem o Aimee no nome artístico para tentar amenizar a óbvia associação com sua colega britânica - se parece com o de Amy, fica a sensação de que Rockferry foi concebido para clonar o som de Back to Black. Contudo, é fato que, se Amy é mais visceral, Duffy transita em tom mais cool por temas como Warwick Avenue e Rockferry. E, justiça seja feita, embora paire sobre Duffy a sombra da intérprete de Rehab, o disco é bem legal e não perde o pique e o refinamento ao longo de suas dez faixas. Músicas como Hanging on Too Long evocam o soul dos anos 60 com classe. Ao fim da última música, a envolvente Distant Dreamer, paira também a certeza de que o talento da cantora e boa compositora parece genuíno. Amy Winehouse que se cuide!...

Supergalo canta músicas de seu primeiro álbum

Grupo criado por músicos que tiveram passagens pelas bandas Raimundos, Maskavo e Rumbora, todos nascidos em Brasília (DF), o quarteto Supergalo tem mostrado em shows feitos no Brasil, Europa e na Argentina as 11 músicas de seu primeiro álbum, ainda inédito e sem formato definido de edição. O grupo transita pelo rock. Bombando em Bagdá - tema que já rendeu um clipe filmado por Sérgio Glasberg, da Companhia de Cinema - é o cartão de visitas da banda formada por Alf (voz e guitarra - ex-Rumbora), Daniel Barbosa (baixo - ex-Raimundos), Fred Castro (bateria - também um ex-Raimundo) e por Marcelo Vourakis (guitarra e voz - ex-Maskavo).

Pearl Jam se excede em 'box' com sete ao vivos

Resenha de CD
Título: Live at Gorge 05 / 06
Artista: Pearl Jam
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * *

Lançada no exterior em junho de 2006, a caixa Live at the Gorge 05 / 06, do Pearl Jam, chega ao mercado brasileiro com quase um ano de atraso. O box registra em sete CDs o conteúdo integral de três shows feitos pela banda de Eddie Vedder no anfiteatro Gorge, na Geórgia (EUA). A qualidade da gravação é ótima - assim como os shows em si. Mas, no caso de um grupo que já lançou sucessivos discos ao vivo ao longo dos últimos anos, numa espécie bootlegs oficiais, a edição da caixa parece excessiva. Somente fãs mais ardorosos do Pearl Jam vão se interessar pelos registros, ainda que os roteiros dos shows incorporem covers de músicas dos repertórios de Jimi Hendrix (Little Wing), Ramones (I Believe in Miracles) e The Who (Baba O' Riley). No geral, as músicas apresentadas nas 75 faixas são recorrentes na discografia ao vivo do grupo. Para os fãnáticos.

'Miss Saigon' brasileira segue padrão Broadway

Resenha de musical
Título: Miss Saigon
Autor: Claude - Michel
Schönberg e Alain Boublil
Versão brasileira: Cláudio
Botelho
Em cartaz: Teatro Abril (SP)
Cotação: * * * * 1/2

Em cartaz em São Paulo (SP) desde julho de 2007, a versão brasileira de Miss Saigon segue com rigor o padrão imposto pela Broadway para musicais. Nem por isso, ou talvez por isso mesmo, a trágica história de amor entre o soldado americano Chris e a vietnamita Kim - criada pelos autores com inspiração na ópera Madame Butterfly - deixa de ter apelo para o público paulista, que já há quase um ano vem conferindo o musical que transpõe o enredo de Puccini para o contexto da Guerra do Vietnã. E o fato é que a montagem brasileira seduz e certamente está no nível das melhores produções deste musical que, desde 1989, ano da estréia em Londres, Inglaterra, já aportou em 25 países, traduzido para 12 idiomas, e contabiliza público estimado em 33 milhões de espectadores. Elenco, música, cenários e figurinos são grandiosos.
O investimento na versão brasileira de Miss Saigon - cerca de 12 milhões de dólares - impressiona e aprimora os padrões de produção da empresa Cie Brasil, que vem investindo nos últimos anos em montagens de musicais em palcos paulistas. Mas o que conta mesmo é que, no palco, todo esse investimento parece bem empregado. A começar pela habilidade de Cláudio Botelho na criação das versões em português das letras - todas fluentes e fiéis aos versos originais, mas sem aquela excessiva reverência que acaba prejudicando a tradução. O elenco de 42 atores brasileiros também se mostra à altura da empreitada. A ex-Rouge Lissah Martins surpreende como cantora e atriz no papel da protagonista Kim. Halei Hembrandt - ator substituto que fez o soldado Chris na sessão das 20h de 18 de maio de 2001 - não brilha tanto ao soltar a voz, mas dá conta do recado. No numeroso cast, Sabrina Korgut confirma o talento revelado em janeiro de 2007 no musical Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. No papel de Ellen, a esposa americana do soldado amado pela vietnamita, Korgut se impõe logo em seu primeiro número, Quarto 317, feito em dueto com Kim. Na seqüência, ao solar Eu Vi seu Rosto, Korgut já ganhou a platéia. Assim como Tiago Abravanel, ator que se alterna com Marcos Tumura no papel do engenheiro). Abravanel mostra humor e desenvoltura, tendo seu grande momento no número The American Dream - dos mais aplaudidos pelo público.
Projeções individuais à parte, Miss Saigon seduz pela conjunto da obra. O aparato hi-tech à moda da Broadway atinge o ápice na clássica cena do helicóptero, turbinada com mágicos efeitos de computadores. Contudo, tantos recursos tecnológicos não garantiriam o sucesso mundial de Miss Saigon se as músicas não fossem bonitas - Um Filme Só pra mim e Sol e Lua são temas que honram o gênero - e se o apelo emocional não fosse imenso. A abertura do segundo ato - em que John (Victor Hugo Barreto) e coro cantam Bui Doi sob imagens de crianças atingidas pela Guerra do Vietnam - é pungente e exemplica a empatia desta história que toca numa das feridas mais doloridas dos Estados Unidos. A montagem brasileira de Miss Saigon é exuberante e honra o histórico de sucessos do belo musical ao redor do mundo.

18 de maio de 2008

Coleção foca os 'penetras' da festa de arromba

Resenha de coleção de CDs
Título: Ídolos da Jovem Guarda
Artista: Os Brasas, Demetrius, Giane, Joelma, Marcos Roberto, Martinha, Reginado Rossi, Renato e seus Blue Caps, Rosemary, Sérgio Murillo, Vanusa, Os Vips e Wilson Miranda
Gravadora: Warner
Cotação: * *

Com exceção da obra inicial de Erasmo Carlos, gravada na RGE, a principal discografia dos ídolos da Jovem Guarda pertence ao acervo da gravadora Sony BMG - inclusive os álbuns de Roberto Carlos e Wanderléa. A EMI Music também herdou da extinta Odeon alguns títulos de Golden Boys, Sérgio Reis e Wanderley Cardoso. A coleção Ídolos da Jovem Guarda - produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes e ora editada pela Warner Music - repõe em catálogo 25 álbuns originais gravados na Continental / Chantecler por artistas associados à Jovem Guarda, mas que, em sua maioria, foram penetras da festa de arromba que gravitaram em torno dos anfitriões Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A rigor, a música da maioria destes 25 títulos é irrelevante, embora a série tenha valor documental por reeditar discos inéditos em CD com as capas originais e incluir breves textos de Fróes que contextualizam a gravação de cada LP. A coleção tira do baú raridades como O Quente, terceiro álbum de Reginado Rossi, gravado em 1968 com o conjunto The Jet Black's.
Nem todos os discos foram editados durante o auge da Jovem Guarda. Exceções são os três únicos álbuns da dupla Os Vips, gravados entre 1965 e 1967. Os irmãos Márcio e Ronald Antonucci obtiveram algum sucesso meteórico a reboque de canções de Roberto Carlos (a melhor delas, A Volta, seria regravada pelo Rei em 2005 para a trilha sonora da novela América). Aliás, alguns ídolos surgiram na fase pré-Jovem Guarda - casos de Demetrius (de quem a coleção reedita quatro álbuns gravados em 1962, 1963, 1967 e 1968) e de Sérgio Murillo (representado por dois discos, de 1967 e 1968, de fase crepuscular). Já Wilson Miranda, a rigor, nem fazia apenas música jovem. Seus discos Veneno (1959) e Sambas & Rocks (1960) mostram que o cantor também tangenciava o samba-canção, a música velha dos anos 40 e 50. Mas Miranda foi precursor do pop.
Dentre as cantoras, Giane e Joelma são revividas na série com três títulos, cada uma. Giane logo sumiria na poeira da estrada, mas seu sotaque paulista ficaria eternizado nos discos Esta É Giane - A Voz Doçura (1964), Giane (1965) e Suavemente (1966). Como muitos ídolos da Jovem Guarda, Joelma assumiria identidade brega após a festa - caminho já perceptível em seus discos Joelma (1966), Muito Mais (1967) e Casatschok (1968). Em rota similar, Martinha - o Queijinho de Minas, intérprete do sucesso Eu Daria a Minha Vida - pegaria a trilha sertaneja, seguida por muitos ídolos da Jovem Guarda. A propósito, o disco da cantora reeditado na coleção (Martinha, 1974) já nada tem a ver com a Jovem Guarda. Assim como Vanusa, o álbum de 1974 que rendeu à então mulher de Antonio Marcos (1945-1992) o sucesso Sonhos de um Palhaço. O disco de Vanusa se impõe na série por conta do alto padrão estético dos arranjos. Êxito artístico que já não se observa em Rosemary (1974) e Rose, Rose, Rosemary (registro ao vivo de 1976), os dois deslocados títulos de Rosemary reeditados na irregular série.
Enfim, a série Ídolos da Jovem Guarda é indicada somente para colecionadores de discos e para fãs nostálgicos das festas joviais armadas, entre 1965 e 1968, nas velhas tardes de domingo.

'Covers' de Stones e Cole no CD-bônus de Joss

No embalo da vinda de Joss Stone ao Brasil em junho para miniturnê nacional que inclui quatro capitais, a gravadora EMI Music põe nas lojas uma edição especial e dupla do terceiro álbum da cantora inglesa, Introducing Joss Stone, editado em março de 2007. Entre as nove faixas adicionais apresentadas no CD-bônus, há covers de músicas dos repertórios do grupo The Rolling Stones (Gimme Shelter, com participação da cantora africana Angélique Kidjo) e Nat King Cole (L-O-V-E, gravado para trilha sonora da campanha publicitária de recente perfume da marca Chanel). Entre os fonogramas adicionais, há também as duas faixas, Big Ol' Game e My God, até então lançadas somente na edição japonesa do álbum. Além de remixes e de registros ao vivo.
E por falar em Joss Stone, a cantora regravou um clássico romântico dos Bee Gees, How Can You Mend a Broken Heart, em dueto com o cantor de soul Al Green. A regravação foi feita para a trilha sonora do filme baseado no seriado cult Sex and the City.

Eis o roteiro da turnê brasileira de Joss Stone:
13 de junho - Rio de Janeiro (RJ) - Vivo Rio
16 de junho - São Paulo (SP) - Via Funchal
18 de junho - Curitiba (PR) - Teatro Positivo
19 de junho - Porto Alegre (RS) - Pepsi on Stage

Charlie Brown ganha coletânea na série 'Perfil'

Centrado na figura polêmica do vocalista Chorão, o grupo Charlie Brown Jr. - um dos mais populares da segunda metade dos anos 90 - ganha coletânea na série Perfil, da gravadora global Som Livre. Atualmente com formação bem diversa da original, a banda de Santos (SP) tem 16 hits reunidos em compilação que oferece boa amostra de seu mix de rock, reggae e rap. Eis as 16 faixas do CD Perfil Charlie Brown Jr., que reúne gravações de todas as fases do grupo, hoje sem tanto peso no mercado de disco:

1. O Coro Vai Comê
2. Tudo que Ela Gosta de Escutar
3. Proibida pra mim
4. Zóio de Lula
5. Te Levar Daqui
6. Rubão: o Dono do Mundo
7. Hoje Eu Acordei Feliz
8. Papo Reto (Prazer É Sexo, o Resto É Negócio)
9. Champanhe e Água Benta
10. Lutar pelo que É meu
11. Ela Vai Voltar (Todos os Defeitos de uma Mulher Perfeita)
12. Senhor do Tempo
13. Pontes Indestrutíveis
14. Não Viva em Vão
15. O que Ela Gosta É de Barriga
16. Uma Criança com seu Olhar

Som Livre apresenta o pop 'inglês' de Tiago Iorc

Nascido em Brasília (DF), mas criado na Inglaterra, Tiago Iorc afirma que pensa e sonha no idioma falado no Reino Unido. O que justifica seu hábito de compor em inglês. De mudança para o Rio de Janeiro (RJ), depois de ter vivido entre Rio Grande do Sul e Curitiba (PR), Iorc está lançando, pelo selo Som Livre Apresenta, seu primeiro CD, Let Yourself in. Com 11 faixas, o disco reúne oito músicas de autoria de Iorc - entre elas, Nothing But a Song, também incluída em versão acústica - e covers de Ticket to Ride (música dos Beatles regravada pelo duo The Carpenters) e My Girl (sucesso do grupo The Temptations em 1964). Embora ainda desconhecido do público, Iorc tem sido ouvido quase diariamente por milhões de brasileiros, pois a Som Livre incluiu a faixa Scared na trilha sonora internacional da novela Duas Caras. A música costuma ser tocada em cenas que envolvem o casal Marconi Ferraço (Dalton Vigh) e Sílvia (Alinne Moraes). Já Nothing But a Song é ouvida na trilha de Malhação.