18 de maio de 2008

Coleção foca os 'penetras' da festa de arromba

Resenha de coleção de CDs
Título: Ídolos da Jovem Guarda
Artista: Os Brasas, Demetrius, Giane, Joelma, Marcos Roberto, Martinha, Reginado Rossi, Renato e seus Blue Caps, Rosemary, Sérgio Murillo, Vanusa, Os Vips e Wilson Miranda
Gravadora: Warner
Cotação: * *

Com exceção da obra inicial de Erasmo Carlos, gravada na RGE, a principal discografia dos ídolos da Jovem Guarda pertence ao acervo da gravadora Sony BMG - inclusive os álbuns de Roberto Carlos e Wanderléa. A EMI Music também herdou da extinta Odeon alguns títulos de Golden Boys, Sérgio Reis e Wanderley Cardoso. A coleção Ídolos da Jovem Guarda - produzida pelo pesquisador musical Marcelo Fróes e ora editada pela Warner Music - repõe em catálogo 25 álbuns originais gravados na Continental / Chantecler por artistas associados à Jovem Guarda, mas que, em sua maioria, foram penetras da festa de arromba que gravitaram em torno dos anfitriões Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. A rigor, a música da maioria destes 25 títulos é irrelevante, embora a série tenha valor documental por reeditar discos inéditos em CD com as capas originais e incluir breves textos de Fróes que contextualizam a gravação de cada LP. A coleção tira do baú raridades como O Quente, terceiro álbum de Reginado Rossi, gravado em 1968 com o conjunto The Jet Black's.
Nem todos os discos foram editados durante o auge da Jovem Guarda. Exceções são os três únicos álbuns da dupla Os Vips, gravados entre 1965 e 1967. Os irmãos Márcio e Ronald Antonucci obtiveram algum sucesso meteórico a reboque de canções de Roberto Carlos (a melhor delas, A Volta, seria regravada pelo Rei em 2005 para a trilha sonora da novela América). Aliás, alguns ídolos surgiram na fase pré-Jovem Guarda - casos de Demetrius (de quem a coleção reedita quatro álbuns gravados em 1962, 1963, 1967 e 1968) e de Sérgio Murillo (representado por dois discos, de 1967 e 1968, de fase crepuscular). Já Wilson Miranda, a rigor, nem fazia apenas música jovem. Seus discos Veneno (1959) e Sambas & Rocks (1960) mostram que o cantor também tangenciava o samba-canção, a música velha dos anos 40 e 50. Mas Miranda foi precursor do pop.
Dentre as cantoras, Giane e Joelma são revividas na série com três títulos, cada uma. Giane logo sumiria na poeira da estrada, mas seu sotaque paulista ficaria eternizado nos discos Esta É Giane - A Voz Doçura (1964), Giane (1965) e Suavemente (1966). Como muitos ídolos da Jovem Guarda, Joelma assumiria identidade brega após a festa - caminho já perceptível em seus discos Joelma (1966), Muito Mais (1967) e Casatschok (1968). Em rota similar, Martinha - o Queijinho de Minas, intérprete do sucesso Eu Daria a Minha Vida - pegaria a trilha sertaneja, seguida por muitos ídolos da Jovem Guarda. A propósito, o disco da cantora reeditado na coleção (Martinha, 1974) já nada tem a ver com a Jovem Guarda. Assim como Vanusa, o álbum de 1974 que rendeu à então mulher de Antonio Marcos (1945-1992) o sucesso Sonhos de um Palhaço. O disco de Vanusa se impõe na série por conta do alto padrão estético dos arranjos. Êxito artístico que já não se observa em Rosemary (1974) e Rose, Rose, Rosemary (registro ao vivo de 1976), os dois deslocados títulos de Rosemary reeditados na irregular série.
Enfim, a série Ídolos da Jovem Guarda é indicada somente para colecionadores de discos e para fãs nostálgicos das festas joviais armadas, entre 1965 e 1968, nas velhas tardes de domingo.

19 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Mauro,
É pegar pesado dizer que a música de 25 (VINTE E CINCO) discos é irrelevante, não?
Acredito que nem você, um crítico realmente amante da música, tenha tido tempo para ouvir atentamente todos os discos, música por música.
É uma pena esse julgamento, que me parece apressado, para a obra de artistas sobre os quais a dita crítica séria, historicamente, sempre ignorou, com algumas honrosas exceções.

18 de maio de 2008 às 12:02  
Anonymous Anônimo said...

Já que você não divulga caro jornalista. Entrei em contato com a assessoria da Rosemary e o projeto Mulheres da Mangueira será lançado em junho. Abração,

Marcelo Barbosa - Brasília (DF)

18 de maio de 2008 às 12:21  
Anonymous Anônimo said...

Ah tá!
Agora você acrescentou "a maioria"

18 de maio de 2008 às 12:52  
Anonymous Anônimo said...

Esse tipo de coisa nunca entrou na minha casa, nem vai entrar.

18 de maio de 2008 às 15:45  
Anonymous Anônimo said...

Pena que nao aproveitaram para lancar os outros discos que Vanusa fez para a Continental!

18 de maio de 2008 às 18:30  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Concordo com o anônimo Maio 18, 2008 12:02 PM.

Mauro, adoro o seu blog, acho que vc faz um trabalho de pesquisa e divulgação muito bom, mas quando critica, fica evidente o seu gosto pessoal. O que não poderia acontecer.

Glauber 97

18 de maio de 2008 às 22:34  
Anonymous Anônimo said...

Mauro,

Parabéns! Você demonstra que tem bom gosto ao criticar certos artistas como os que tem criticado. Não tem rabo preso com ninguém! Quem não estiver satisfeito que procure outro blog!

19 de maio de 2008 às 08:37  
Anonymous Anônimo said...

Glauber, como assim numa crítica não deve aparecer o gosto pessoal do crítico? Deve aparecer o gosto de quem? Existe comentário neutro, ou desinteressado?

Acho que a crítica é isso mesmo. O bom crítico é aquele que escreve bem, que é coerente com seu gosto pessoal, que conhece o tema sobre o qual escreve, e que garante (pessoalmene) o que diz. Julgar um crítico, para mim, equivale a julgar esses quesitos.

19 de maio de 2008 às 09:21  
Anonymous Anônimo said...

Caramba, com tanta coisa boa na MPB pra ser reeditada em CD, e esses "pesquisadores" desencavam o segundo time da Jovem Guarda.... fosse pra relançar, que relançasse os ótimos discos de Wanderléa da década de 70, e não essas porcarias daí.

19 de maio de 2008 às 16:38  
Anonymous Anônimo said...

AnÔnimo Maio 19, 2008 9:21 AM.

Acredito que você entendeu perfeitamente o que eu disse. Se ele é um crítico de música, então vai criticar sobre todos os segmentos, sobretudo os brasileiros, conforme ele mesmo descreve no blog, independente de gostar ou não.

Se esse crítico não gostar de samba, deverá falar mal dos discos de samba?

Se ele não gostar de forró, vai falar mal de um trabalho, só porque é de forró?

E se ele gostar de bossa nova, vai elogiar todos os de bossa nova? Mesmo os que forem mal produzidos?

Então é melhor ser crítico da Bossa Nova..concorda?

Estou apenas dando um exemplo.

Mauro não faz isso ou não faz isso sempre.

Nesse caso da reedição de discos da Jovem Guarda, percebi que ele não gosta, por isso achou irrelevante.

Mas há quem goste e ainda ache pouco (Não é o meu caso).

Mas Mauro é um bom crítico, exceto quando peca nisso.

Anônimo, se um dia for crítico, é melhor que vc especifique com pormenores o que vai criticar: daí a gente já vai saber.

Glauber 97

19 de maio de 2008 às 21:05  
Anonymous Anônimo said...

Glauber,

Continuo achando que crítico tem que dar sua opinião: se não gosta de samba, tem que falar mal de samba. Como vai poder falar bem? Quem pode escrever exaltando aquilo que não gosta? É preciso ser hipócrita para ser crítico?

Os melhores críticos sempre são aqueles que dão suas opiniões. Os melhores comentaristas de futebol são aqueles que dizem qual é o time para o qual torcem, e escrevem explicitando essa condição (Nelson Rodrigues, por exemplo).

E não interessa nada se eu concordo ou não com a opinião do crítico. O que interessa é que a crítica seja explicitamente parcial, e que não busque uma objetividade inatingível e pobre.

20 de maio de 2008 às 08:01  
Anonymous Anônimo said...

Outra coisa, em referência a seu exemplo da Bossa Nova. Primeiro, crítico não tem só que falar bem. Se só gosta de Bossa Nova, não vejo problema em fazer críticas a trabalhos que não são de Bossa Nova, desde que o faça da perspectiva de alguém cuja estética seja a da Bossa Nova. Em outras palavras, a crítica pode ser negativa, desde que fiel a uma posição que deve sempre ser explicitado.

Em relação à Bossa Nova, acho que um dos comentaristas mais interessantes é alguém que a detesta: o Tinhorão, um cara que deixa claro que gosta de um tipo de coisa (samba) e, aprtir daí, crítica outras coisas.

Não concordo com quase nada que ele diz. Mas acho muito melhor de ler do que algo que visa a imparcialidade.

20 de maio de 2008 às 08:07  
Anonymous Anônimo said...

Adoraria ter em CD o Amigos Novos e Antigos, da Vanusa, lá atrás. E o Wanderléa Maravilhosa, outro primor.

Glauber, aos 97 vc ainda não aprendeu que imparcialidade não existe? nossa espécie não comporta este adjetivo.

Abraços

20 de maio de 2008 às 08:54  
Anonymous Anônimo said...

Glauber,

Como você é brilhante. Conseguiu perceber que Mauro não gosta desses discos.

E acaba de inventar uma nova profissão.

Crítico do crítico.

20 de maio de 2008 às 10:00  
Anonymous Anônimo said...

Glauber,
Suas colocações são brilhantes.
Dá até desespero ler comentários de gente defendendo o papel da crítica apenas como espaço de opiniÃO. Crítico tem que fazer reflexão e não opinião.
Opinião fica para nós, os comentadores.
É no mímino ridículo quem escreve que um crítico que não gosta de samba tem que falar mal de samba. Que pensamento torto.
E é ótimo mesmo que existam críticos de críticos, pois crítico adora falar do trabalho dos outros, mas quase nunca gosta de ser criticado.
Estou contigo e não abro.

20 de maio de 2008 às 13:56  
Anonymous Anônimo said...

Vanusa fez uns discos bem legais depois da JG. Este aí é dos mais fracos mas existe 1971, Amigos Novos e Antigos, Manhãs de Setembro, Meu Depoimento...que poderia sair em CD. Vanusa já teve seus grandes momentos. Era moderna e antenada.

20 de maio de 2008 às 23:14  
Blogger Cartões-Postais de Mauricio Cardim said...

Mauro, parabéns pelo Blog bonito e informativo.
Sou fã da Jovem Guarda e fiz mostras fotográficas com o tema (fotos de minha autoria).
Abtraços e até LOGO.
wwww.fotografo-expositor.brasilflog.com.br
www.musirama.brasilflog.com.br
Por favor veja meu prezado.
Um bom domingo.
Abração!
Mauricio Cardim

7 de junho de 2009 às 12:08  
Blogger Cartões-Postais de Mauricio Cardim said...

https://luciazanetti.wordpress.com/2015/01/11/jovem-guarda-50-anos/?unapproved=7647&moderation-hash=94efa0189999d25cfbbee5a4561c6288#comment-7647

10 de outubro de 2020 às 10:45  
Blogger Cartões-Postais de Mauricio Cardim said...

JOVEM GUARDA 55 Anos em 22 de Agosto (2020) e quase despercebido pela mídia. Um movimento musical tão marcante e com poucas ou quase nada de informações a respeito. É assim a nossa cultura musical. (Mauricio Cardim). https://www.youtube.com/channel/UC_fePBS5-SOyEggUPFaCGFw

10 de outubro de 2020 às 10:47  

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