19 de maio de 2008

'Miss Saigon' brasileira segue padrão Broadway

Resenha de musical
Título: Miss Saigon
Autor: Claude - Michel
Schönberg e Alain Boublil
Versão brasileira: Cláudio
Botelho
Em cartaz: Teatro Abril (SP)
Cotação: * * * * 1/2

Em cartaz em São Paulo (SP) desde julho de 2007, a versão brasileira de Miss Saigon segue com rigor o padrão imposto pela Broadway para musicais. Nem por isso, ou talvez por isso mesmo, a trágica história de amor entre o soldado americano Chris e a vietnamita Kim - criada pelos autores com inspiração na ópera Madame Butterfly - deixa de ter apelo para o público paulista, que já há quase um ano vem conferindo o musical que transpõe o enredo de Puccini para o contexto da Guerra do Vietnã. E o fato é que a montagem brasileira seduz e certamente está no nível das melhores produções deste musical que, desde 1989, ano da estréia em Londres, Inglaterra, já aportou em 25 países, traduzido para 12 idiomas, e contabiliza público estimado em 33 milhões de espectadores. Elenco, música, cenários e figurinos são grandiosos.
O investimento na versão brasileira de Miss Saigon - cerca de 12 milhões de dólares - impressiona e aprimora os padrões de produção da empresa Cie Brasil, que vem investindo nos últimos anos em montagens de musicais em palcos paulistas. Mas o que conta mesmo é que, no palco, todo esse investimento parece bem empregado. A começar pela habilidade de Cláudio Botelho na criação das versões em português das letras - todas fluentes e fiéis aos versos originais, mas sem aquela excessiva reverência que acaba prejudicando a tradução. O elenco de 42 atores brasileiros também se mostra à altura da empreitada. A ex-Rouge Lissah Martins surpreende como cantora e atriz no papel da protagonista Kim. Halei Hembrandt - ator substituto que fez o soldado Chris na sessão das 20h de 18 de maio de 2001 - não brilha tanto ao soltar a voz, mas dá conta do recado. No numeroso cast, Sabrina Korgut confirma o talento revelado em janeiro de 2007 no musical Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha. No papel de Ellen, a esposa americana do soldado amado pela vietnamita, Korgut se impõe logo em seu primeiro número, Quarto 317, feito em dueto com Kim. Na seqüência, ao solar Eu Vi seu Rosto, Korgut já ganhou a platéia. Assim como Tiago Abravanel, ator que se alterna com Marcos Tumura no papel do engenheiro). Abravanel mostra humor e desenvoltura, tendo seu grande momento no número The American Dream - dos mais aplaudidos pelo público.
Projeções individuais à parte, Miss Saigon seduz pela conjunto da obra. O aparato hi-tech à moda da Broadway atinge o ápice na clássica cena do helicóptero, turbinada com mágicos efeitos de computadores. Contudo, tantos recursos tecnológicos não garantiriam o sucesso mundial de Miss Saigon se as músicas não fossem bonitas - Um Filme Só pra mim e Sol e Lua são temas que honram o gênero - e se o apelo emocional não fosse imenso. A abertura do segundo ato - em que John (Victor Hugo Barreto) e coro cantam Bui Doi sob imagens de crianças atingidas pela Guerra do Vietnam - é pungente e exemplica a empatia desta história que toca numa das feridas mais doloridas dos Estados Unidos. A montagem brasileira de Miss Saigon é exuberante e honra o histórico de sucessos do belo musical ao redor do mundo.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mauro esqueceu de dizer que o Abravanel é neto do Silvio Santos

19 de maio de 2008 às 10:22  
Anonymous Anônimo said...

Miss Saigon eu vi há uns 10 anos. Achei um saco. O musical anglo-americano, como gênero, não me diz nada. Gosto da 'Ópera do Malandro', 'Dolores', etc. O Fantópera da Asma é de uma cafonice...

Só me lembro de uma cena bonita em Miss Saigon. Aquela das bandeiras.

19 de maio de 2008 às 12:24  

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