1 de maio de 2010

Cauby retorna, ao vivo, ao repertório de Sinatra

Em 1995, aos 64 anos, Cauby Peixoto abordou o repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998) em CD produzido por José Maurício Machline e distribuído pela Som Livre. Só que o repertório do CD Cauby Canta Sinatra trazia versões em português de hits de Sinatra, gravadas por Cauby (à esquerda numa foto de Marco Máximo) em duetos com astros da MPB. Quinze anos depois, o cantor brasileiro volta a encarar o cancioneiro da Voz em show que vai ser gravado ao vivo para edição em CD e DVD intitulados Cauby Sings Sinatra. A atual gravação vai ser feita em duas apresentações agendadas no Teatro Fecap, em São Paulo (SP), para este sábado, 1º de maio de 2010, e para domingo. O registro ao vivo está sendo produzido por Thiago Marques Luiz para a gravadora Lua Music, parceira da TV Cultura no projeto. Desta vez, Cauby vai cantar Sinatra em inglês - com o detalhe de que o repertório de Cauby Sings Sinatra quase não tangencia a seleção de Cauby Canta Sinatra (as exceções são All the Way, Triste e Night and Day). Eis as músicas do CD e DVD, programados para serem lançados, em setembro, pela Lua Music:
* Strangers in the Night (Bert Kaempfert, Singleton e Snyder) - Música que em 1966 recolocou Sinatra no topo das paradas dos Estados Unidos.
* The World We Knew (Over and Over) - Tema do maestro alemão Bert Kaempefert que foi gravado por Frank Sinatra em meados dos anos 60.
* Let me try again (Caravelli e Jourdan) - Música gravada em 1973 no disco Ol’ Blue Eyes is Back que se tornou um clássico imediato da Voz.
* All the Way (Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen) - Tema do filme The Joker is Wild que recebeu o Oscar de Melhor Canção de 1957. Clássico!
* Fly me to the Moon (Bart Howard) - Gravada em 1964, com arranjo de Quincy Jones e a Orquestra de Count Basie. Outro standard da Voz!!!
* S’Wonderful (George e Ira Gershwin) - Gravada pela primeira vez nos anos 40 para a Columbia Records, na qual Sinatra iniciou carreira solo.
* I've Got You Under my Skin (Cole Porter) - O registro clássico, de 1956, foi arranjado por Nelson Riddle para o LP Songs for Swinging Lovers.
* Moon River (Henry Mancini e Johnny Mercer) - A canção-tema do filme Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, Blake Edwards, 1961) foi gravada por Sinatra em 1964, com arranjo de Nelson Riddle.
* Ol’ Man River (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II) - Foi lançada no musical Show Boat (1927). A gravação mais conhecida de Sinatra foi feita para o disco The Concert Sinatra (com arranjo de Nelson Riddle).
* Night and Day (Cole Porter) - Canção do musical The Gay Divorce (1932), gravada por Sinatra, pela primeira vez, em 1942. É standard!!
* Something (George Harrison) - Tema lançado pelos Beatles em 1969 e regravado por Sinatra - sem expressiva repercussão - na década de 70.
* Laura (Johnny Mercer e David Raksin) - Tema do filme homônimo de Otto Preminger que ganhou a voz de Sinatra nos anos 40, na Columbia.
* Triste (Tom Jobim) - Gravada com um arranjo de Eumir Deodato, em 1969, para Sinatra & Company, o segundo disco feito com Tom Jobim.
* My Way (Paul Anka, François, Revaux e Thibault) - A canção de origem francesa ganhou letra em inglês de Paul Anka e foi a faixa que deu título ao álbum lançado por Sinatra em 1969. Um hit instantâneo!
* Theme From New York, New York (Fred Ebb e John Kander) - Tema composto para um musical de Martin Scorsese, de 1977, e gravado por Sinatra em 1979, com arranjo de Don Costa, para o LP (triplo) Trilogy

Roberta Campos apresenta pop folk suave e feliz

Resenha de CD
Título: Varrendo a Lua
Artista: Roberta Campos
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * *

Segundo álbum de Roberta Campos, jovem cantora e compositora mineira que se radicou em São Paulo (SP), Varrendo a Lua transita suave pela linha do pop folk convencional. A suavidade vem sobretudo do canto macio da artista, que apresenta safra autoral composta sob ótica feliz. Como já sinaliza na abertura do CD a faixa-título, Varrendo a Lua, o cancioneiro de Roberta busca mais o sol do que as sombras. Mesmo ao remoer dores de amores, como em Acabou, a compositora deixa sempre uma porta aberta para o entendimento, para a harmonia. Não por acaso, uma das músicas do repertório quase todo autoral se chama Felicidade (no caso, é parceria de Roberta com Carolina Zocoli). Embora mais associado ao rock, o produtor Rafael Ramos soube embalar tal cancioneiro em arranjos elegantes que não traem a leveza das músicas - ainda que haja certa salutar tensão nas cordas regidas por Otávio de Moraes para a música Varrendo a Lua. A propósito, Otávio também arranjou as cordas da faixa De Janeiro a Janeiro, que traz Nando Reis em dueto harmonioso com Roberta. O único problema do disco é que a safra de inéditas não chega a seduzir por completo. Há bons achados melódicos na música-título, em Mundo Inteiro (faixa acertadamente escolhida para promover o disco nas rádios, TVs e na web) e em Para Aquelas Perguntas Tortas (regravação do tema que batizou o primeiro álbum de Roberta, editado em 2008). No todo, entretanto, a produção autoral da artista não chega realmente a fazer diferença no gênero. Tanto que a única música que não é da lavra de Roberta Campos - Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor - logo se impõe como a faixa mais interessante, inclusive porque a cantora regravou a canção dos irmãos Lô Borges e Márcio Borges com frescor (o mesmo frescor que - justiça seja feita - há na recente regravação de Bruna Caram). Ainda assim, o fino acabamento instrumental do álbum - feito com músicos como Christiaan Oyens e Dadi (que pilota órgão Hammond e teclados Fender Rhodes na já citada Para Aquelas Perguntas Tortas e em Sinal de Fumaça, parceria de Roberta com Nô Stopa) - faz com que Varrendo a Lua deixe boa impressão ao fim de suas dez faixas. Talvez pela felicidade que exala em músicas com Estou em Paz (Com Você) e que acaba contagiando o ouvinte.

Biscoito Fino desvenda 'Segredo' de Olivia Hime

A Biscoito Fino está reeditando o já raro segundo (bom) álbum de Olivia Hime, Segredo do meu Coração, lançado originalmente em 1982, pelo selo Opus / Columbia. Sob a batuta dos produtores Dori Caymmi e Francis Hime, a cantora gravou músicas de compositores como Gilberto Gil (Zabelê, parceria com o poeta Torquato Neto), Dorival Caymmi (1914 - 2008) - Canção da Noiva, peça da Suíte dos Pescadores - e Nelson Ângelo (Próxima Partida). Dori também constou na ficha técnica como compositor de A Flor das Estradas, música letrada por Paulo César Pinheiro. Em parceria com Francis Hime, já seu marido na época, Olivia exerceu o ofício de letrista em Cartão Postal e Mariposa. Então estourado com a dupla formada com seu irmão Kledir, Kleiton Ramil forneceu Saiçu - música cujo subtítulo, Segredo do meu Coração, rendeu o nome do álbum. Outra faixa é Pra Você que Chora (Gongoba), tema composto por Edu Lobo com Gianfrancesco Guarnieri (1934 - 2006) para o politizado musical Arena Conta Zumbi, de 1966.

Registro de Chet Baker, 'Candy' chega ao DVD

Dedicado sobretudo ao jazz, o selo Biscoito Fino Internacional - da gravadora Biscoito Fino - põe nas lojas do Brasil um registro ao vivo de Chet Baker (1929 - 1988), Candy, que até então nunca havia sido editado no formato de DVD. Feita em 1985 em Lidingö, na Suécia, a gravação apresenta o mitológico trompetista dos EUA - com seu trio que incluía o pianista francês Michel Graillier e o baixista belga Jean-Louis Rassinfosse - em um set informal, na biblioteca da gravadora Sonet. Por conta do envolvimento com drogas pesadas, Baker já era na época da gravação um espectro da figura bela e sedutora que encantou o mundo, a partir de 1952, com seu canto macio e o fraseado cool de seu trompete. Candy enfileira no fino repertório temas como Nardis (original de Miles Davis), My Romance (Richard Rogers e Lorenz Hart) - revivido por Baker com o baixista Red Mitchell (ao piano) - e Love for Sale.

DVD rebobina o show do Guns no Ritz em 1988

Em fevereiro de 1988, quando já rumava a passos largos para o sucesso, o grupo Guns 'N Roses fez um show no clube Ritz, em Nova York (EUA), para a MTV norte-americana. Já veiculada pela emissora de TV diversas vezes, a apresentação é rebobinada no DVD Guns 'N Roses in New York - Live at the Ritz 1988, recém-editado no Brasil pela gravadora Coqueiro Verde Records. O show em si é matador, mas a qualidade do vídeo e do áudio está muito aquém da performance da banda - então com sua formação clássica que, além do remanescente vocalista Axl Rose, incluía o guitarrista Slash, o também guitarrista Izzy Stradlin, o baixista Duff McKagan e o baterista Steven Adler - e do que se espera de um DVD. O roteiro exibido no DVD inclui 10 músicas - as mesmas ouvidas no CD correspondente que também está sendo posto nas lojas pela Coqueiro Verde. Nos extras, há os clipes de Patience, Don't Cry e November Rain. Detalhe: a foto de Axl Rose exposta na capa do DVD não foi tirada no explosivo show do Ritz...

30 de abril de 2010

Nando lança, em show, música feita para Cañas

Nando Reis lança música inédita, Luz Antiga, na temporada do show Drês que estreia nesta sexta-feira, 30 de abril de 2010, na casa Citibank Hall, em São Paulo (SP). A música foi composta por Nando para Ana Cañas - com quem o ex-titã gravou a canção Pra Você Guardei o Amor no CD Drês (2009). Nas apresentações de sexta-feira e sábado, Cañas vai ser convocada ao palco por Nando para interpretar Pra Você Guardei o Amor e a inédita Luz Antiga.

Dori reitera em cena profundezas de seu mundo

Resenha de Show
Título: Mundo de Dentro
Artista: Dori Caymmi
Participações: Danilo Caymmi, Nana Caymmi e Renato
Braz (com Dori na foto de Mauro Ferreira)
Local: Espaço Tom Jobim (RJ)

Data: 29 de abril de 2010
Cotação: * * * * *

"Eu vou tocar uma música para homenagear minha mãe porque, afinal, o show é meu", brincou Dori Caymmi, já ao fim da primeira das duas apresentações agendadas por ele no Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), para promover seu novo CD, Mundo de Dentro, recém-lançado de forma independente. Sim, o show era de Dori, mas, na noite de 29 de abril de 2010, o anfitrião cedeu generosos espaços para que brilhassem as vozes de Renato Braz e de seus irmãos Danilo e Nana Caymmi (que festejava 69 anos na data). A própria música entoada em tributo à mãe Stella Maris (1922 - 2008), Rio Amazonas, foi cantada com o reforço vocal de Braz, mais hábil no alcance das notas mais altas da melodia letrada por Paulo César Pinheiro, parceiro da quase totalidade da rica safra de Mundo de Dentro. Mas Dori é também, ele próprio, um intérprete dos mais interessantes por conta de sua voz quase tão doce e profunda quanto a de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008). Isso fez com que o show - afinal, quase tanto de Nana quanto de Dori - trancorresse em clima de encantamento desde o primeiro número, Obsession (da lavra de Dori com Gilson Peranzzetta e Tracy Mann), até o último, História Antiga, feito em dueto com Braz. Pela sonoridade e pela letra, História Antiga - parceria do compositor com Paulo César Pinheiro - é exemplo das profundezas do admirável mundo velho de Dori. Profundezas expostas em cena através de temas que tangenciam o universo do samba-canção para reafirmar a devoção ao amor - casos de É o Amor Outra Vez e Sem Poupar Coração. Dentro desse universo refinado (burilado pelo trio formado pelo baterista Jurim Moreira, o baixista Jorge Helder e o pianista Itamar Assiere), Dori celebrou Johnny Alf (1929 - 2010) ao cantar Eu e a Brisa - num momento de grande beleza - e ao ressaltar a influência que Alf exerceu em seu mundo musical. Na sequência, a influência paterna saltou aos ouvidos na obra-prima Quebra-Mar - primeiro número feito com as intervenções vocais de Renato Braz, grande cantor de quem Dori sempre foi admirador. O tema mergulha no universo praieiro de mestre Dorival. Já o medley com Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) e O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar) - cantado com a adesão do mano Danilo Caymmi - beirou o sublime. E Delicadeza, tema de Mundo de Dentro, reiterou a densidade da obra autoral de Dori, urdida sobretudo com sua voz e seu violão. Obra que se ajusta ao canto intenso da irmã Nana, que, após cantar Saudade de Amar e Fora de Hora com Dori, assumiu a cena para realçar os laços musicais que agregam uma família que esbanja nobreza na dinastia da MPB.

Aos 69, Nana dá show à parte no espaço de Dori

O aniversário era de Nana Caymmi, que completou 69 anos em 29 de abril de 2010 e festejou a data no palco, mas quem ganhou o presente foi o público que compareceu na noite de quinta-feira ao Espaço Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), para ver a primeira das duas apresentações agendadas por Dori Caymmi para badalar seu recém-lançado CD Mundo de Dentro. Dori brindou seu público com doses generosas do canto da irmã. Produzida, com os cabelos soltos, Nana - vista acima em fotos de Mauro Ferreira - deu literalmente um show à parte no espaço de Dori, fazendo nada menos do que seis números com o trio arregimentado por Dori para a minitemporada que termina nesta sexta-feira, 30 de abril. Generoso, o anfitrião deixou a cena inteiramente para Nana após acompanhá-la em Saudade de Amar (o tema de Dori Paulo César Pinheiro que a cantora gravou em 2001 no álbum Desejo) e em Fora de Hora (primeira parceria de Dori com Chico Buarque, incluída por Nana no álbum Sem Poupar Coração, editado em 2009). Sem a companhia de Dori, Nana reviveu Se Queres Saber (Peter Pan - um sucesso de Emilinha Borba que ela regravou em 1977), expressou a saudade de Tom Jobim (1927 - 1994) ao cantar Sem Você (de Tom e Vinicius de Moraes) e transitou pela obra de Dolores Duran (1930 - 1959) ao entoar Castigo. "Para não perder o meu rumo, vou cantar meus bolerinhos", avisou, marota, antes de interpretar Escríbeme (o tema de Guillermo Castillo que gravou em 1993 no álbum Bolero) e e Amor de Mis Amores (o bolero de Agustín Lara que inspirou o título do álbum Sangre de mi Alma, gravado e editado em 2000). Fechando o generoso set que foi de fato um show à parte, Nana saudou a obra do patriarca da família, Dorival Caymmi (1914 - 2008), ao cantar Dora nos seus habituais tons altos. Saiu de cena ovacionada, para voltar no fim do show para soprar a vela do bolo de seu aniversário. Em forma, repleta de sentimento, a voz de Nana Caymmi resiste esplêndida ao passar dos anos, em bela resposta ao tempo. Parabéns para ela!

Vozes de Braz e Danilo brilham no show de Dori

Além da presença da aniversariante Nana Caymmi, o show feito por Dori Caymmi no Espaço Tom Jobim (RJ), na noite de 29 de abril de 2010, contou com as participações de Renato Braz e Danilo Caymmi. Grande cantor paulista, ainda desconhecido no Brasil, Braz - visto à esquerda na foto de Mauro Ferreira - entrou em cena para repetir com Dori o dueto em Quebra-Mar, feito no recém-lançado CD do anfitrião, Mundo de Dentro, mote do show. Presença bissexta em palcos cariocas, Braz confirmou já em Quebra-Mar - parceria de Dori com Paulo César Pinheiro, presente na plateia - a força de sua voz de tons profundos. Destaque do CD de Dori, a música evoca o universo praieiro da obra marítima de Dorival Caymmi (1914 - 2008). Em seguida, já com Danilo em cena, Braz contribuiu com alguns vocais ao fim de Ponta de Areia (Milton Nascimento e Fernando Brant) - número que evidenciou o perfeito entrosamento harmônico das vozes de Danilo e Dori. Ponta de Areia foi emendada com O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar), tema entoado pelo trio na mesma atmosfera de encantamento. Na sequência, as vozes de Braz e Danilo brilharam ao reviver A Vida Vai Mudar, parceria de Danilo com Dudu Falcão, composta para a trilha sonora da minissérie Tereza Batista (TV Globo, 1992). Mais tarde, de volta à cena no bis, Braz mostrou a força de seu canto ao sustentar as notas mais altas de Rio Amazonas, nem sempre alcançadas por Dori (o tema foi apresentado com a letra escrita posteriormente por Paulo César Pinheiro). No fim, História Antiga - outra parceria de Dori com Pinheiro, já gravada por Braz - encerrou em clima imperial o show e a participação especialíssima de um excelente cantor cuja voz privilegiada precisa (urgentemente) ser mais ouvida no Brasil.

Rufus se despe no íntimo álbum 'Songs for Lulu'

Resenha de CD
Título: All Days Are
Nights: Songs for Lulu
Artista: Rufus
Wainwright
Gravadora: Decca
Records / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Rufus Wainwright sempre gostou de excessos - assim como seus ídolos Judy Garland (1922 - 1969) - cujo repertório já revisitou no tributo ao vivo Rufus Does Judy at Carnegie Hall (2007) - e Elton John. Não por acaso, os discos deste cantor e compositor canadense - radicado nos Estados Unidos - sempre foram pautados por pomposos arranjos orquestrais. O que realça o clima inusitado de seu sexto álbum de estúdio, All Days Are Nights: Songs for Lulu, lançado no Brasil neste mês de abril de 2010 pela Universal Music. Trata-se do álbum mais íntimo e pessoal do artista. No lugar das orquestras, há apenas o piano de Rufus a acompanhar sua voz. No lugar da exuberância, há mais introspecção. É que Songs for Lulu reflete o estado de espírito do artista ao longo de 2009, ano em que se agravou o câncer que acabaria matando sua mãe - a cantora canadense Kate McGarrigle (1946 – 2010) - em janeiro deste ano de 2010. Entre três sonetos de Shakespeare (1564 - 1616) musicados por Rufus e uma ária (Les Feux d’Artifice t’Appellent) da primeira ópera composta pelo artista (Prima Donna, 2009), Songs for Lulu destila solidão e tristeza em tons meio sombrios. Despida dos habituais aparatos orquestrais, a música de Rufus nem sempre soa tão sedutora e envolvente às primeiras audições. Entretanto, há certa beleza e certa grandeza em temas como True Loves, Who Are You New York? e Sad with What I Have. A Lulu do título é a atriz norte-americana Louise Brooks (1906 – 1985), estrela de filmes como A Caixa de Pandora (1929). Contudo, Songs for Lulu é menos inspirado nela do que na mãe de Rufus. Por isso, por ora, o artista - gay assumido na vida e na Arte - não quer ficar posando de diva.

29 de abril de 2010

Godá apresenta canções para embalar marujos

Em 2009, o cantautor paulista Renato Godá debutou bem no mercado fonográfico com EP em que entoava canções de amor como se estivesse em um cabaré vagabundo, sob a direção musical de Apollo 9. Um ano depois, Godá retorna à cena e apresenta Canções para Embalar Marujos, o seu primeiro álbum, editado de forma independente. Produzido por Plínio Profeta, que formata repertório inédito e autoral (com exceção de Nasci para Chorar, a versão de Erasmo Carlos para tema de Dion DiMucci já gravada pelo Tremendão), o CD evoca a atmosfera de um bar ou cabaré decadente à beira do cais povoado por prostitutas e marinheiros sedentos de sexo, amor e dinheiro. Se o EP de 2009 associou o cancioneiro de Godá à obra do compositor norte-americano Tom Waits, algumas músicas de Canções para Embalar Marujos - como Primeiro Round e Canção de um Velho Marujo - remetem à teatral obra musical do dramaturgo Bertolt Brecht (1898 – 1956).

Música de Shakira é eleita tema oficial da Copa

Música de Shakira, composta para a Copa do Mundo de 2010, Waka Waka (This Time for Africa) foi escolhida pela FIFA para ser o tema oficial do torneio sediado na África do Sul. Gravada pela autora em inglês e também numa versão em castelhano, já que a artista colombiana tem peso no mercado fonográfico de língua hispânica, a música vai integrar a compilação oficial da Copa 2010. A coletânea vai chegar às lojas, em escala mundial, a partir de 31 de maio. A renda obtida com a venda do CD será revertida para instituições de caridade atuantes na África.

EMI adia 'Further', disco dos Chemical Brothers

Programado para chegar às lojas em 7 de junho de 2010, o sétimo álbum de estúdio do duo The Chemical Brothers, Further, teve seu lançamento remarcado para 14 de junho pela EMI. O álbum vai para as lojas no formato de CD simples e em edição dupla que traz DVD com oito filmes feitos a partir das oito músicas do disco. Aliás, o clipe da faixa Escape Velocity já está em rotação no YouTube. Snow, Another World, Horse Power, Wonders on the Deep, Dissolve, Swoon e K + D + B são as outras músicas do álbum.

A outra capa do disco de remixes de Lady Gaga

Embora já tenha sido divulgada em 14 de abril a capa européia do primeiro CD de remixes de Lady Gaga (nas lojas a partir de 10 de maio), a sensual capa vista acima é a que vai embalar o disco nos Estados Unidos e nos demais países das Américas do Norte e do Sul. Inclusive no Brasil, onde o CD The Remix vai ser editado pela Universal Music. O disco traz 17 remixes de sucessos de Gaga.

28 de abril de 2010

Boyle lidera mercado de disco, que encolheu 7%

Com 8,3 milhões de cópias vendidas em âmbito global, o primeiro álbum de Susan Boyle, I Dreamed a Dream, liderou o mercado fonográfico mundial em 2009. Contudo, apesar do êxito de Boyle e de artistas como Lady Gaga e Taylor Swift, a indústria da música encolheu 7% no ano passado em relação a 2008. O balanço foi divulgado nesta quarta-feira, 28 de abril de 2010, pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), instituição que agrega as principais gravadoras e empresas do setor. A queda de 7% foi influenciada pelo declínio dos mercados dos Estados Unidos e do Japão - duas praças que têm grande peso na balança mundial. A venda de CDs e DVDs caiu 12,7% em nível global. Em contrapartida, o comércio de música digital cresceu 9,2% ao todo.

Não, Zaza Fournier não é a Piaf da geração iPod

Resenha de Show
Título: Les Mots Toc Tour
Artista: Zaza Fournier (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Sesc Copacabana (RJ)
Data: 27 de abril de 2010
Cotação: * * *
Agenda da turnê brasileira de Zaza Fournier:
* Brasília (DF) - 28 de abril de 2010
* Campinas (SP) - 2 de maio de 2010
* João Pessoa (PB) - 6 de maio de 2010
* Porto Alegre (RS) - 8 de maio de 2010
* São Paulo (SP) - 15 de maio de 2010

Zaza Fournier não chega a ser uma Edith Piaf (1915 - 1963) da geração iPod - como foi vendida para a mídia na primeira turnê da cantora francesa no Brasil. Contudo, aos 25 anos, Zaza mostra nessa inusitada turnê nacional que até canta bem - com segurança, personalidade e afinação - e que maneja seu acordeom com real desenvoltura, mixando acordes do instrumento (o mais associado à canção francesa) com sons eletrônicos programados para que seu show tenha apelo pop. Em sua apresentação na arena do Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 27 de abril de 2010, a jovial cantora procurou reprocessar influências da canção francesa com toques contemporâneos. Para tal, Zaza se valeu tanto de um sucesso de Elvis Presley (1935 - 1977) - Heartbreak Hotel, único número em que se arriscou a cantar em inglês - como de seu discurso comunicativo que, em alguns momentos, adquiriu tom quase histérico. Em outros momentos, tal simpatia pareceu ensaiada e treinada para seduzir o público que, em sua maioria, não compreendia as piadas feitas pela artista num francês sapeca. O show em si começou linear, quase frio, mas foi crescendo à medida em que Zaza foi criando empatia enquanto mostrava as músicas de seu primeiro CD, Les Mots Toc, editado em 2008 na França depois que a cantora foi descoberta ao soltar a voz nas ruas de Paris. Deste repertório próprio, La Vieux a Deux foi um dos destaques ao lado da dançante Rêve Américain e da faixa-título Les Mots Toc. Zaza evoca a tradicional canção francesa com clima de cabaré pop. Pena que uma certa preocupação de soar exótica tenha desviado, por vezes, o foco da música. Zaza tirou fotos do público, bebeu água diretamente da jarra posta na mesa posicionada ao lado do microfone e fez a plateia pôr seus nomes em um abaixo-assinado cujo propósito não foi entendido pela grande maioria dos espectadores. No bis, um cover de Tristeza (Goodbye Sadness) - música do repertório de Astrud Gilberto - foi cantado em português até desenvolto. Enfim, Zaza Fournier deixa boa impressão ao fim do show sem fazer jus às altas expectativas criadas pelo marketing que envolve essa sua passagem pelo Brasil.

Vercillo canta com Milton e compõe com Max

Milton Nascimento participa do oitavo álbum de estúdio de Jorge Vercillo, D.N.A., nas lojas na primeira quinzena de maio pela gravadora Sony Music. Efeito da amizade crescente entre os dois artistas, o dueto acontece na faixa que abre o CD, Há de Ser. Além de cantar com Milton (visto com o colega em estúdio na foto de Washington Possato), Vercillo vira parceiro de Max Viana, com quem compôs Caso Perdido. D.N.A. reúne 13 faixas, mas um registro não é inédito: a balada Deve Ser (Jorge Vercillo e Dudu Falcão) - lançada originalmente no álbum Todos Nós Somos Um (2007) - entrou como faixa-bônus do disco por estar sendo propagada atualmente na trilha sonora da novela Viver a Vida.

Cyrus mostra álbum 'Can't Be Tamed' em junho

Terceiro álbum de estúdio da estrelinha adolescente Miley Cyrus, popularizada na cena teen ao protagonizar a série de TV Hannah Montana, Can't Be Tamed tem lançamento programado nos Estados Unidos para 22 de junho de 2010. Segundo declarações de Cyrus, o sucessor de Meet Miley Cyrus (2007) e Breakout (2008) vai ter um tom mais pop dance, influenciado pelo som de Lady Gaga. Eleita o primeiro single de Can't Be Tamed, a faixa-título vai ser lançada no MySpace na próxima sexta-feira, 30 de abril. A música é parceria de Cyrus com Tim James e Antonina Armato, produtores da faixa. O CD - que também vai ser lançado numa edição dupla que traz DVD com imagens da turnê feita pela cantora em 2009 - tem a colaboração do produtor John Shanks.

Eminem lança 'Not Afraid', 'single' de 'Recovery'

Not Afraid é o título do primeiro single de Recovery, o álbum que Eminem vai lançar em 22 de junho de 2010. O rapper norte-americano vai apresentar a música inédita amanhã, quinta-feira, 29 de abril, dentro de um programa da sua própria emissora de rádio. Sucessor de Relapse (2009), Recovery tem colaborações de produtores como DJ Khalil, Just Blaze, Jim Jonsin e Boi-1da, entre outros nomes da galera de hip hop dos Estados Unidos.

27 de abril de 2010

Marisa joga pelo Brasil no 'game' da Copa 2010

Marisa Monte e Sérgio Mendes entram em campo pelo Brasil no game oficial da Copa do Mundo de 2010. Nas lojas dos Estados Unidos a partir desta terça-feira, 27 de abril, a trilha sonora do game 2010 Fifa World Cup South Africa inclui as gravações de Não É Proibido (música lançada por Marisa em 2009 no kit de CD e DVD Infinito ao meu Redor) e Emoriô (a versão em inglês lançada por Mendes neste ano de 2010 em seu álbum Bom Tempo, nas lojas dos EUA a partir de 4 de maio). Ao todo, a trilha sonora agrega, em 28 gravações, 36 nomes de 20 países. Eis a seleção musical do game oficial da Copa:
1. Baaba Maal - International – Senegal
2. Babatunde Olatunji - Kiyakiya – Nigéria
3. Basement Jaxx com Santigold - Saga – Inglaterra
4. Buraka Som Sistema - Restless – Portugal
5. Buscemi com Lady Cath - Dipso Calypso – Bélgica
6. Fedde Le Grand com The Stereo MCs - Wild & Raw - Holanda
7. Florence + The Machine - Drumming Song - Inglaterra
8. Fool's Gold - The world is all there is – EUA
9. Future Sound Of London - Papua New Guinea – Inglaterra
10. Gang Of Instrumentals - Oh Yeah – África do Sul
11. John Forté - Your Side – EUA
12. Jonathan Boulet - Ones Who Fly Twos Who Die – Austrália
13. Kid British - Winner – Inglaterra
14. K'NAAN - Wavin' Flag (Coca-Cola Celebration Mix) – Somália
15. Last Rhythm - Last Rhythm – Itália
16. Latin Bitman - The Instrumento – Chile
17. Marisa Monte - Não É Proibido – Brasil
18. Michael Franti & Spearhead com Cherine Anderson - Say Hey
(I Love You) – EUA
19. MIDIval PunditZ - Atomizer (Pathaan's Dhol Mix) – Índia
20. Miike Snow - In Search of – Suécia
21. Nas & Damian Marley - Strong Will Continue – EUA / Jamaica
22. Rocky Dawuni - Africa Soccer Fever – Gana
23. Rox - Rocksteady – Inglaterra
24. Sergio Mendes - Emoriô – Brasil
25. Sia - Bring Night – Austrália
26. The Kenneth Bager Experience com The Hellerup Cool School
Choir - Fragment Eight ‘The Sound Of Swing’ – Dinamarca
27. The Very Best com Ezra Koenig - Warm Heart of Africa

(So Shifty Remix) – Malaui / França / Suécia
28. White Rabbits - Percussion Gun – EUA

M.I.A. revela nomes de faixas de seu terceiro CD

Cantora descendente de refugiados do Sri Lanka, radicada em Londres, M.I.A. revelou os nomes das 10 faixas de seu terceiro álbum, cujo lançamento está agendado para 27 de junho de 2010. Uma das músicas, Born Free, teve seu clipe lançado ontem, 26 de abril, mas o vídeo já foi retirado do YouTube por conta do alto teor de violência. Produzido com a colaboração do trio de DJs Blaqstarr, Diplo e Switch, o sucessor de Arular (2005) e Kala (2007) ainda não tem título. Eis - na ordem - as 10 faixas do disco:
1. The Message
2. Born Free
3. Meds and Feds
4. Lovealot
5. Tequilla
6. It Is What It Is
7. XXXO
8. Tell me Why
9. Story Told
10. Space

Universal rebobina duos de Ivete em CD e DVD

Talvez até para compensar a moderada repercussão do último projeto fonográfico de Ivete Sangalo, Pode Entrar (2009), que não fez o mesmo sucesso comercial das gravações ao vivo da cantora, a Universal Music rebobina alguns encontros deste projeto em coletânea de duetos produzida nos formatos de CD e DVD (veja a capa à esquerda). Ivete Sangalo Duetos reexibe, em DVD, 19 encontros da cantora baiana com nomes Maria Bethânia (no sedutor ijexá Muito Obrigado, Axé - da lavra profícua de Carlinhos Brown), Roberto Carlos (Se Eu Não te Amasse Tanto Assim - número extraído de um especial do cantor na TV Globo) e Rosa Passos (Dunas). Nos extras, há os clipes de E Agora Nós? - feito em animação com o aúdio da gravação que uniu a cantora e o grupo de pagode Sorriso Maroto - e de Back at One, gravado com o cantor norte-americano Brian McKnight. Eis os 19 duetos do DVD:
1. Corazón Partío - com Alejandro Sanz
2. Estrela Cadente - com Alexandre Pires
3. Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim - com Roberto Carlos
4. Teus Olhos - com Marcelo Camelo
5. Além Mar - com Asa de Águia
6. Não Vou Ficar - com Samuel Rosa
7. Céu da Boca - com Gilberto Gil
8. Não Me Conte Seus Problemas - com Banda Eva
9. Chão da Praça - com Margareth Menezes
10. Por Causa de Você, Menina - com Jorge Ben jor
11. Ajayô - com Luiz Caldas
12. Muito Obrigado, Axé - com Maria Bethânia
13. Dunas - com Rosa Passos
14. Não Precisa Mudar - com Saulo Fernandes
15. Sintonia e Desejo - com Aviões do Forró
16. Amor que Fica - com Zezé di Camargo & Luciano
17. Tempos Modernos - com Netinho
18. Quanto ao Tempo - com Carlinhos Brown
19. Nosso Sonho/Conquista/Poder - com MC Buchecha

Amy grava três músicas para tributo a Quincy

Sem entrar em estúdio desde 2006, ano em que gravou seu aclamado segundo álbum Back to Black (2007), Amy Winehouse teria gravado em Londres três músicas para tributo ao produtor Quincy Jones. As gravações teriam sido feitas pela cantora na companhia do produtor Mark Ronson, piloto de Back to Black, recentemente, em algum dia deste mês de abril de 2010. Não há informações sobre os nomes das faixas que contariam com a voz de Amy, cujo esperado terceiro disco ainda parece incerto. Apesar dos rumores de que já estaria em gestação, não há data prevista para o início da gravação do álbum.

26 de abril de 2010

'Game' do Linkin Park inclui inédita 'Blackbirds'

Caiu na internet nesta segunda-feira, 26 de abril de 2010, a música inédita gravada pelo grupo Linkin Park exclusivamente para o game Linkin Park 8-Bit Rebellion, disponível a partir de hoje para iPhone, iPod Touch e iPad. Balada turbinada com alguns vocais de rap, Blackbirds é o prêmio para quem completar o jogo. O game inclui remixes de diversas gravações do grupo norte-americano.

CD traz registros em que Argerich toca Chopin

Bela pianista argentina, Martha Argerich fez - na fase inicial de sua vasta carreira fonográfica - registros em rádios alemãs em que tocou temas de Frédéric Chopin (1810 - 1849). Tais gravações, raras, estão sendo apresentadas ao público no CD Argerich Plays Chopin, que foi produzido pela gravadora alemã Deutsche Grammophon neste ano de 2010 em que se comemora no mundo erudito o bicentenário de nascimento do compositor polonês, ícone da era romântica. Das 16 gravações reunidas no relevante disco, editado pela Universal Music no Brasil neste mês de abril de 2010, uma - a de Ballade No.1 In G Minor, Op.23 - foi feita em 26 de janeiro de 1959. As demais são de 1967, sendo que a maioria foi feita no WDR Studios em 31 de outubro. Quatro datam de 15 de março de 1967.

Reedição de bio lembra os 20 anos sem Elizeth

Escrita pelo jornalista Sérgio Cabral e lançada em 1994 pela Lumiar Editora, a confiável biografia Elisete Cardoso - Uma Vida ganha justa reedição - com outra capa e em outra editora, a Lazuli - para lembrar os 20 anos da morte de Elizeth Cardoso (1920 - 1990). Vítima de um câncer, a Divina saiu de cena em 7 de maio de 1990, perto de completar 70 anos, e deixou discografia quase sempre pautada pelo rigor estilístico.

Tristeza de Teresa Cristina balança com leveza

Resenha de CD e DVD
Título: Melhor Assim - Ao Vivo
Artista: Teresa Cristina
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * * 1/2

Em cena, a tristeza do samba de Teresa Cristina já balança com mais leveza. O segundo registro ao vivo da cantora - Melhor Assim, editado pela EMI Music neste mês de abril de 2010 nos formatos de CD e DVD - é sintomaticamente o primeiro assinado por Teresa sem o Grupo Semente. Com desenvoltura inédita em sua trajetória nos palcos, a cantora extrapola as fronteiras da Lapa (RJ) sem sair do seu quintal majestoso, expandindo parcerias e latitudes na gravação feita em show no Espaço Tom Jobim em 27 de outubro de 2009 (clique aqui para ler a resenha da gravação). Sim, já distante da intérprete excessivamente introspectiva dos primeiros tempos, a cantora está mais solta e mais alegre em cena - uma postura que faz belo contraste com a melancolia embutida na boa safra de inéditas autorais. Guardo em mim (parceria de Teresa e Edu Krieger), Lembrança e Convite à Tristeza reiteram o tom melancólico de obra que vem crescendo em quantidade e qualidade. Até mesmo a chegada do amor é celebrada com essa tal melancolia - como em Poesia, destaque da parcela de novidades do roteiro. Que inclui um alto partido, Couve É Nome de Maria, e pisa com autoridade no terreno afro em Morada Divina (parceria com Arlindo Cruz) e em Capitão do Mato. Fora da seara autoral, Beijo Sem - o sedutor samba inédito de Adriana Calcanhotto, cantado em duo com Marisa Monte - já é um clássico imediato do gênero por inserir a mulher sem culpas no mundo masculino da orgia, citando nominalmente a Lapa, bairro carioca que projetou Teresa Cristina neste universo ainda eventualmente machista. 10!

Melhor Assim é raro caso em que o registro fonográfico supera o show em si que o gerou. E não somente pelas luxuosas e afetivas participações especiais captadas fora do palco. A anfitriã recebeu no estúdio nomes de peso como Caetano Veloso (Festa Imodesta, samba de 1974), Lenine (Trégua Suspensa, samba de Teresa com Lula Queiroga que, embora seja bom, está aquém do currículo dos autores), Arlindo Cruz (Coisas Banais, esquecido grande samba de Candeia com Paulinho da Viola) e sua mãe, Dona Hilda, com quem recorda Orgulho, a peça do folhetim da Ângela Maria dos anos 50.

No palco, Teresa entra na roda do samba da Bahia, pesca no baú pérola do pagode dos anos 80 - Pura Semente, samba de Arlindo Cruz e Acyr Marques que fez sucesso na voz do também esquecido Marquinhos Satã e que a cantora revive em dueto com Seu Jorge, amigo dos velhos tempos de universitária - e esboça ares de diva para recontar, bluesy, A História de Lily Braun (Chico Buarque e Edu Lobo). Entre palco e estúdio, entre músicas do presente e do passado, os 26 números do DVD (superior ao de 2005, inclusive pelo apuro técnico da filmagem) ratificam a salutar expansão de parceiros e repertório que rege, nesta gravação ao vivo, a voz de Teresa Cristina - uma pessoa vitoriosa, fiel à tristeza que balança.

Ivete reabilita 'Chevette 82' de Genival Lacerda

Ivete Sangalo participa do CD que Genival Lacerda - o cantor paraibano projetado em 1975 com a música Severina Xique Xique - vai lançar em meados deste ano de 2010. O encontro acontece na faixa O Chevette da Menina, música de Durval Vieira, lançada por Genival em 1982 em um álbum editado pela extinta gravadora Copacabana. Anunciado por Ivete pelo twitter, o dueto em O Chevette da Menina foi ideia do cantor, que completou 79 anos no último dia 5 de abril. Há quase um ano, Genival vinha dizendo publicamente que tinha vontade de reviver a música em dueto com a artista baiana por conta do refrão de duplo sentido (Coitadinha da Ivete / Facilitou, estragaram seu Chevette / Mas coitadinha da Ivete / Em menos de uma semana, estragaram seu Chevette). Hit para forrós!!

Recuperação lenta atrasa esperado CD de Beth

Ainda em repouso absoluto por conta do problema na coluna que sofreu em dezembro de 2009, Beth Carvalho volta e meia recebe em sua casa o produtor Rildo Hora para tratar de detalhes de seu disco de inéditas - o primeiro criado pela sambista com Rildo desde 1984. Contudo, diante da recuperação bem mais lenta do que o previsto inicialmente, Beth - vista à direita em foto de Thiago Cortes - se viu forçada a adiar a gravação para o segundo semestre de 2010.

25 de abril de 2010

Moby agita pista do Rio com um show orgânico

Resenha de Show
Título: Wait for me Tour
Artista: Moby (em fotos de Mauro Ferreira)
Realização: Time for Fun
Local: Citibank Hall (RJ)
Data: 24 de abril de 2010
Cotação: * * * *
É incorreto restringir Moby ao rótulo de ''DJ e produtor de música eletrônica'' se for levado em conta um show como o apresentado pelo artista de Nova York (EUA) na noite de sábado, 24 de abril de 2010, no Citibank Hall carioca, encerrando a miniturnê brasileira que o levou a quatro capitais nacionais. Em cena, Moby se porta como um cantor, versátil entertainer que tanto pode encarnar um roqueiro - e ele pareceu mesmo um ao empunhar sua guitarra com alguma fúria enquanto fazia no bis o cover de Whole Lotta Love, do Led Zeppelin - como um intérprete de country. Que convenceu ao recorrer no meio do show a um cover do repertório de Johnny Cash (1932 - 2003), Ring of Fire. Contudo, Moby não precisa se valer de repertório alheio para prender a atenção de seu público. Tanto que os melhores números do show orgânico feito no Rio de Janeiro (RJ) foram músicas dançantes de álbuns cultuados como Play (1999), revivido no roteiro com a incendiária Bodyrock. E também com o mais belo momento introspectivo do show, Why Does my Heart Feel so Bad?, número dedicado às vítimas das chuvas que paralisaram a capital do Rio de Janeiro neste mês de abril. Dentro do estilo dançante, Disco Lies (com ecos da disco music dos anos 70) e The Stars encerraram a apresentação - antes dos sucessivos bis - com a mesma vibração com que Extreme Ways a abriu, após o inebriante tema vocalisado A Seated Night (ouvido na introdução feita com o recurso do playback). É fato que, lá pelo meio, o show nem sempre manteve o pique. Mas tais (leves) oscilações não tiraram o brilho de apresentação no todo empolgante. Moby sabe comandar um show. Além de cantar, ele se movimenta muito bem pelo palco, se revezando na guitarra, na percussão e na bateria (aliás, houve inapropriado solo desta na abertura do segundo bis). E, por várias vezes, recorre aos gogós poderosos de suas vocalistas, com destaque para Joy Malcom, merecidamente ovacionada por seu solo poderoso em In This World, na abertura do primeiro bis. Enfim, Moby é - em tese - um DJ. Em cena, ele não se porta como tal, preferindo o papel do cantor à frente de uma banda de verdade que destaca a violinista. E o fato é que - com sons bem mais orgânicos do que eletrônicos - Moby acertou ao minimizar em cena o tom reflexivo do álbum Wait for me (2009) e conseguiu movimentar a sua pista carioca.

Livro seleciona os melhores poemas de Antunes

Nome que se ajusta com rara perfeição ao conceito de 'artista multimídia', Arnaldo Antunes já lançou seu primeiro livro de poesia, Ou E, em 1983, um ano antes de o grupo Titãs gravar seu primeiro álbum. Dono de obra que transita pelo terreno concretista, com influências visíveis de nomes como Augusto de Campos e Décio Pignatari, Antunes agora tem compilada sua vasta produção poética em antologia publicada pela Global Editora dentro da série Melhores Poemas. Abrangente, a seleção da escritora e crítica literária Noemi Jaffe vai do supra-citado Ou E (1983) ao recente Nada de DNA (2006), passando por Psia (1986), Tudos (1990), Nome (1993), 2 ou + Corpos no Mesmo Espaço (1997), Palavra Desordem (2002) e Et Eu Tu (2003). Curiosidade: somente As Coisas (1992) não integra a boa seleção.

Destaque da cena 'teen', Cine grava DVD em SP

Já com expressiva visibilidade na cena adolescente, reflexo de sua popularidade em redes sociais como o MySpace, a banda Cine faz neste domingo, 25 de abril de 2010, seu primeiro registro ao vivo para edição em CD e DVD que vão ser postos nas lojas ainda este ano pela Universal Music. A gravação ao vivo vai ser feita em show do quinteto paulistano na casa HSBC Brasil, em São Paulo (SP). O roteiro prevê participações especiais, a apresentação de cinco músicas inéditas - uma delas, Namora Comigo?, até já foi disponibilizada pelo grupo na web - e a regravação do repertório do primeiro álbum da banda Cine, Flashback, editado em 2009.

Daniel lança três inéditas entre hits de 'Raízes'

Daniel estreia na gravadora Som Livre neste mês de abril de 2010 com a edição do CD e DVD Raízes, gravados ao vivo em 13 de janeiro, em show no Theatro Municipal de Paulínia (SP). Já em rotação nas rádios desde março, a inédita Tenho que Sonhar (João Gustavo e Carlos Randall) puxa o registro de tom retrospectivo. Outras duas inéditas, Do Outro Lado do Rádio (Victor Chaves) e Por Amor Vai Sofrer (Flavinho e Henrique Marx), foram inseridas no roteiro entre hits gravados por Daniel quando formava dupla com João Paulo (1960-1997) e em carreira solo, iniciada em 1999.