8 de maio de 2010

Majestosa, Ivone reina entre Mart'nália e Mata

Do alto de seus 89 anos, Dona Ivone Lara reinou majestosa entre Mart'nália e a feliz anfitriã Vanessa da Mata na última das seis apresentações do projeto Mulheres Brasileiras, realizado pelo empresário Luiz Oscar Niemeyer, via Planmusic, com patrocínio da Sky. O encontro do trio aconteceu na noite de 7 de maio de 2010, na casa Vivo Rio (RJ), ao fim do show Perfumes de Sim, apresentado por Mata em versão ligeiramente reduzida para abrir espaço no roteiro para as participações de Mart'nália - em sua primeira aparição no projeto - e Ivone, que já havia dividido o palco com a anfitriã em Salvador (BA) e São Paulo (SP). Após a marota participação de Mart'nália, Vanessa chamou Ivone ao palco. Sob o olhar reverente de Vanessa e da plateia que lotou a casa, a compositora puxou os sambas Alguém me Avisou (1980), Acreditar (1976) e Sonho Meu (1978). Neste último, Mart'nália voltou ao palco e caiu no samba poético da rainha do Império Serrano e do próprio samba. Mulheres brasileiras em fina sintonia!

Mart'nália 'pega no pé' do samba de Vanessa

Mart'nália aderiu ao elenco do projeto Mulheres Brasileiras - que passou por seis capitais, juntando a anfitriã Vanessa da Mata a nomes como Ivone Lara, Mallu Magalhães, Maria Gadú e Mariana Aydar - no último dos seis shows do evento realizado pela empresa Planmusic com patrocínio da Sky. A apresentação final do projeto aconteceu na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 7 de maio de 2010. Em seu primeiro encontro com Vanessa, Mart'nália pegou no pé do samba da compositora de Não me Deixe Só, um dos dois números feitos em dueto pelas cantoras (vistas neste post em fotos de Mauro Ferreira). O primeiro foi justamente Pé do meu Samba, o tema fornecido por Caetano Veloso para o disco de 2002 que deu projeção a Mart'nália. "Ela deu um gostinho carioquíssimo na minha música", conceituou a anfitriã ao chamar a filha de Martinho da Vila para entrar em cena. Carioquíssima, com as habituais ginga e desenvoltura, Mart'nália fez a corte e um jogo de sedução com Vanessa que atingiu seu ponto máximo de interação no hit Não me Deixe Só (2002), do primeiro CD de Mata. Duas mulheres brasileiras em fina sintonia!!!

Etna tenta sorte no mercado 'teen' via Universal

Banda de São Paulo (SP) que já adquiriu alguma popularidade pela internet, Etna debuta no mercado fonográfico com o CD Sorte Grande, produzido por Marcelo Ferraz e André Jung. O quarteto tenta a sorte na cena teen com um pop rock de linha emo que já parece fabricado em escala industrial. O disco acaba de chegar às lojas, puxado pelo clipe de Só Eu Sei, já em alta rotação no YouTube. A Hora É Agora, Balada pra Você, Respostas, Cada Segundo, Nada Mais de Sete e É Fácil são algumas das 12 músicas do repertório inteiramente autoral do CD.

Rubin produz décimo CD de estúdio do Red Hot

Rick Rubin foi recrutado para produzir o décimo álbum de estúdio do grupo Red Hot Chili Peppers - o primeiro após a nova saída do guitarrista John Frusciante, substituído no ano passado por Josh Klinghoffer. Embora já esteja em gestação desde o fim de 2009, o disco vai ser efetivamente gravado a partir de julho de 2010. De acordo com o baterista Chad Smith, a banda já conta com cerca de 20 músicas para montar o repertório do sucessor de Stadium Arcadium (2006) - nas lojas este ano.

7 de maio de 2010

Skank agenda gravação ao vivo para 19 de junho

A gravação ao vivo do terceiro DVD do Skank vai ser feita em 19 de junho de 2010, no Estádio do Mineirão, na Pampulha, em Belo Horizonte (MG). O registro também vai dar origem a um CD ao vivo e ao primeiro blu-ray do quarteto (visto acima em foto de Weber Pádua). Intitulado Skank no Mineirão - Multishow ao Vivo, o projeto vai ser posto nas lojas no segundo semestre pela gravadora Sony Music, em parceria com o canal de TV Multishow.

Elizeth resiste divina 20 anos após a sua morte

Faz 20 anos nesta sexta-feira, 7 de maio de 2010, que Elizeth Cardoso (1920 - 1990) saiu definitivamente de cena. Sintoma dos descaminhos da cultura musical brasileira, nenhum lançamento foi programado pela indústria fonográfica para lembrar a data, mas o fato é que o padrão de interpretação da Divina resiste ao tempo como valiosa herança de um outro tempo, de uma outra era. Elizeth ajudou a elevar o padrão da música popular brasileira gravada no século 20. Cantora sofisticada que conseguiu alcançar o gosto popular, Elizeth tinha técnica exemplar que realçou o brilho de uma voz já naturalmente bela. A respiração, a afinação e a emissão eram perfeitas. Um nível tão alto de interpretação pedia um repertório à altura - algo que Elizeth passou a ter somente a partir dos anos 60, sobretudo quando Hermínio Bello de Carvalho passou a direcionar sua discografia. Antes, na primeira metade da década de 50, imersa no universo folhetinesco do samba-canção, a cantora nem sempre acertou no repertório. Contudo, sua obra - no todo - é tão digna quanto a artista, cuidadosa faxineira das canções que encarava cada música como diamante a ser lapidado.

Sandy escreve diário de princesa em Manuscrito

Resenha de CD
Título: Manuscrito
Artista: Sandy
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

"Nem sei qual a cor da dor de ser mais um rosto que mente", admite Sandy em verso da balada Mais um Rosto, uma das 13 faixas autorais de seu primeiro disco solo, Manuscrito, nas lojas a partir desta sexta-feira, 7 de maio de 2010. Sem romper com seu passado musical, a artista mostra alguma evolução neste primeiro trabalho fora da linha infanto-juvenil. O CD exibe boa arquitetura instrumental, urdida pelos produtores Lucas Lima e Junior Lima - o marido e o irmão da cantora, respectivamente - com diversificado naipe de cordas (ukelele, banjo, bandolim, violinos, cellos) e teclados vintage. O que impede Sandy de alçar voo maior é uma (provável) falta de disposição para buscar no mundo outras parcerias e vivências que expandissem os limites de seu mundo musical. Em Esconderijo, a boa faixa de um minuto e três segundos que esboça clima mais denso e instrospectivo ao fim do álbum, a compositora retrata um menino-homem trancafiado em seu quarto escuro - metáfora para alma - com medo do mundo. Talvez a própria Sandy - vista como uma princesa do pop - esteja precisando sair desse quarto para experimentar as dores do mundo. Aliás, de certa forma, é como se ela tivesse escrito em Manuscrito um diário de princesa, com lampejos de questionamentos mais adultos, mas (ainda) sem a densidade que seria esperada de um disco de tom confessional. Sandy parece não ter saído do lugar mesmo quando contatou em Londres a cantora e compositora britânica Nerina Pallot, parceira e convidada de Dias Iguais, balada forrada com piano. Mesmo sem dar o esperado salto estilístico que poderia posicionar Sandy definitivamente num mundo musical adulto, Manuscrito soa coerente com a trajetória da artista ao expor coleção de baladas que, por vezes, tendem para o folk, caso da boa Dedilhada. Pés Cansados - a faixa eleita para promover o disco nas rádios, TVs e internet - traduz com fidelidade o tom calmo do disco. A única faixa mais diferente é Quem Eu Sou, tema pop que tangencia o universo do rock. É fato que a voz de Sandy se afasta um pouco do tom infantilizado, mas sem estar em total sintonia com a entrada da artista no mundo adulto. Quanto à safra de 13 inéditas, quase todas foram compostas em parceria com Lucas Limas (com três eventuais adesões de Junior). Sandy assina sozinha apenas duas faixas, O Que Faltou Ser e a já citada Esconderijo. O que justifica a falta de fôlego percebida na segunda metade do álbum. Tempo e Ela / Ele soam bem mais inspiradas do que Perdida e Salva e Tão Comum, por exemplo. Trabalho extremamente íntimo e pessoal, Manuscrito deixa a (boa) impressão de que Sandy não procurou impressionar a crítica para tentar alcançar um status que ainda lhe é negado por conta do imenso sucesso popular alcançado com a dupla formada com Junior. Nesse sentido, o disco soa bastante digno, honesto e verdadeiro. E cabe ao tempo responder se Sandy vai conseguir firmar ou não seu estilo e seu som no mundo adulto.

João Bosco & Vinicius vão de Leonardo a RPM

Ídolo popular do universo sertanejo da década de 90, Leonardo regrava hit de sua carreira solo - Deixaria Tudo, versão de Dejaria Todo que foi gravada também pelo ator e apresentador de TV Rodrigo Faro - em trio com João Bosco & Vinicius, dupla expoente do sertanejo universitário, estilo propagado nos anos 2000. O registro pode ser ouvido no CD e DVD Coração Apaixonou - Ao Vivo, recém-editados pela Sony Music. A gravação ao vivo foi feita em 10 de dezembro de 2009, em show feito por João Bosco & Vinicius no Parque Permanente de Exposições, em Ribeirão Preto (SP). No roteiro que rebobina A Cruz e a Espada, balada lançada pelo grupo RPM em 1985, a dupla inseriu nada menos do que oito músicas inéditas. Entre elas, Tema Diferente, 2 Anos e Ao Buteco.

6 de maio de 2010

Fiuk compõe tema para trilha do filme 'Eclipse'

Em ascensão no mundo da música por conta de seu sucesso como ator no seriado Malhação ID, Fiuk foi recrutado pela gravadora Warner Music para compor uma música para a versão brasileira da trilha sonora de Eclipse, terceiro título da saga iniciada com Crespúsculo e prosseguida com Lua Nova. Já pronta, a música se chama Eterno pra Você e vai ser gravada por Fiuk, vocalista da banda Hori - cuja cotação já vem subindo no mercado fonográfico.

Lua refaz disco de Vânia por erro na contracapa

Previsto para ser lançado na primeira semana deste mês de maio de 2010, o disco com que Vânia Bastos celebra seus 30 anos de carreira - Na Boca do Lobo, dedicado ao cancioneiro de Edu Lobo - vai sofrer pequeno atraso na chegada ao mercado. É que a gravadora Lua Music teve que fabricar novamente a primeira tiragem do CD por conta de um erro na contracapa, que informa que a participação de Edu Lobo acontece na faixa No Cordão da Saideira quando, na verdade, o compositor divide com Vânia os versos de Gingado Dobrado. Eis as 12 músicas do CD produzido por Thiago Marques Luiz, sob a direção musical de Ronaldo Rayol:
1. Casa Forte (Edu Lobo) - 1969
2. No Cordão da Saideira (Edu Lobo) - 1967
3. Gingado Dobrado (Edu Lobo e Cacaso) - 1976
4. Glória (Edu Lobo) - 1973
5. Viola Fora de Moda (Edu Lobo e Capinam) - 1973
6. Canção do Amanhecer (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - 1965
7. Vento Bravo (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro) - 1973
8. O Circo Místico (Edu Lobo e Chico Buarque) - 1983
9. Negro, Negro (Edu Lobo e Capinam) - 1976
10. Tempo Presente (Edu Lobo e Joyce) - 1980
11. Upa Neguinho (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri) - 1965
12. Meia-Noite (Edu Lobo e Chico Buarque) - 1985

Roditi deixa 'Impressions' em temas de Coltrane

Virtuoso trompetista carioca que integrou o conjunto de Ed Lincoln nos anos 60, hoje já radicado nos Estados Unidos, Claudio Roditi lança no Brasil, pela gravadora Biscoito Fino, o CD Impressions. Gravado com o Rio Quinteto, o álbum Impressions é resultado do interesse do produtor suíço Jacques Muyal, que decidiu transformar em disco os ensaios feitos por Roditi em 2006, numa de suas vindas ao Rio de Janeiro, com Idriss Boudrioua (saxes alto e soprano), Dario Galante (piano), Sérgio Barroso (baixo) e Pascoal Meirelles (bateria). A faixa-título, Impressions, é de autoria do saxofonista e compositor norte-americano John Coltrane (1926 - 1967). Da lavra de Coltrane, o quinteto - liderado por Roditi - toca também Moment's Notice, Naima e Giant Steps. O repertório inclui também A Rã (João Donato), Speak Low (Kurt Weil e Ogden Nash) e Come Rain ou Come Shine (Harold Arlen e Johnny Mercer). O CD já está à venda.

Lauper transita pelo 'Memphis Blues' com King

Sete anos depois de abordar 13 standards da canção norte-americana no classudo álbum At Last (2003), Cyndi Lauper transita pelo blues na luxuosa companhia de nomes sempre associados ao gênero - como B. B. King, o pianista Allen Toussaint e o guitarrista (e gaitista) Charlie Musselwhite. Décimo primeiro álbum de estúdio de Lauper, Memphis Blues tem lançamento agendado - nos Estados Unidos - para 22 de junho de 2010. Eis as 12 músicas:
1. I'm Just your Fool - com Charlie Musselwhite
2. Shattered Dreams - com Allen Toussaint
3. Early in the Morning - com Allen Toussaint & B.B. King
4. Romance in the Dark
5. How Blue Can You Get - com Jonny Lang
6. Down Don't' Bother Me - com Charlie Musselwhite
7. Don't Cry No More
8. Rollin' and Tumblin' - com Kenny Brown e Ann Peebles
9. Down So Low
10. Mother Earth - com Allen Toussaint
11. Cross Roads - com Jonny Lang

12. Wild Women Don't Get the Blues

5 de maio de 2010

Solo, Brown explana sua atuação plural na MPB

Resenha de gravação de programa de rádio
Título: MPB Solo
Artista: Carlinhos Brown (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Poeira (RJ)
Data: 4 de maio de 2010
Cotação: * * * *
Presença raríssima em palcos cariocas, Carlinhos Brown ficou no centro da arena do Teatro Poeira, na noite de 4 de maio de 2010, para gravar a abertura da temporada de 2010 do programa MPB Solo, veiculado pela rádio MPB FM apenas no portal da emissora. Em conversa intermediada pelo apresentador Toni Platão, Brown expôs sua atuação plural na música brasileira, ainda não avaliada e dimensionada com justiça pela parte da crítica musical que vê em Brown somente o fornecedor de hits para cantoras associadas à axé music. Munido de violões, guitarra e berimbau, o tribalista cantou em clima acústico os principais sucessos de sua versátil produção autoral ,que ganhou visibilidade nacional a partir de 1989, ano em que Caetano Veloso - que já integrara Brown à sua banda como percussionista - gravou Meia-Lua Inteira, hit do álbum Estrangeiro. Brown tocou Meia-Lua Inteira no berimbau - da forma como compôs a música - mas a música com que abriu o roteiro, numa segura versão a capella, foi Leva eu Sodade, toada de Tito Guimarães e Alberto Cavalcanti, gravada em 1962 por Nilo Amaro e seus Cantores de Ébano. Falante, até verborrágico (o que levou Platão a intervir para direcionar a conversa musicada), Brown reviveu músicas como Argila (de seu primeiro álbum solo, Alfagamebetizado, editado em 1996), Aganju (composição de Carlito Marrón, o álbum espanhol de 2004 em que o artista enfatizou a influência ibérica na cultura musical baiana) e Pedindo pra Voltar (a canção que a Timbalada lançou em disco em 2006 e que ganhou visibilidade ao ser cantada por Marisa Monte ao longo da temporada do show Universo Particular). Brown, aliás, ressaltou a importância de ter virado parceiro de Marisa. "Na minha efervescência de fazer música quente, Marisa me ajudou muito na canção", explicou Brown, que cantou Magamalabares (tema de sua lavra que a cantora gravou em 1996 no disco duplo Barulhinho Bom) e Segue o Seco (música de sua autoria que Marisa incluiu no álbum Verde Anil Amarelo Cor-de-Rosa e Carvão, de 1994). Na sequência, o compositor entoou o primeiro grande sucesso popular de sua parceria com Marisa, Amor, I Love You (2000), pretexto para alfinetar o patrulhamento ideológico de quem identificou suposto ranço de breguice na música. "Como se a arara não tivesse várias cores! Até a arara azul tem um pouco de amarelo...", argumentou, metafórico e seguro de sua libertária ideologia musical. Foi aplaudido pela platéia que incluía nomes como a cantora Fernanda Abreu (lembrada por valorizar o funk) e o empresário Luiz Oscar Niemeyer. Em seguida, na guitarra, Brown tocou Velha Infância - um dos megahits do único álbum originado do projeto Tribalistas (2002) - e Quanto ao Tempo, a balada embebida em soul que os Paralamas do Sucesso lançou no ritmo do reggae no CD Brasil Afora (2009). Entre um número e outro, Brown lembrou Uma Brasileira, o sucesso composto com Herbert Vianna e fornecido para o repertório dos Paralamas. No fim, cantou em Yorubá, mostrou a porção de canção que há em sucessos da folia baiana, como Rapunzel, e se despediu ao som de Busy Man. Comunicativo, Carlinhos Brown defendeu suas ideias com a mesma desenvoltura com que expôs sua rica musicalidade. Que retorne logo aos palcos cariocas para um show efervescente!!!

Capital lança single inicial do CD 'Das Kapital'

A gravadora Sony Music enviou às rádios nesta quarta-feira, 5 de maio de 2010, Depois da Meia-Noite, o primeiro single do 12º álbum de inéditas do grupo Capital Inicial, Das Kapital. A faixa é um rock de pegada pop. Com 11 músicas, o disco tem lançamento previsto para junho. O repertório alterna rocks (como Melhor, de batida quase punk) com baladas (caso de Quero Ser Como Você). Entre as 11 faixas, há Ressurreição, Vamos Comemorar e Vivendo e Aprendendo. O CD Das Kapital tem produção de David Corcos.

'Violões' flagra Cássia em ajuste com o mercado

Resenha de DVD
Título: Violões
Artista: Cássia Eller
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * *

Cássia Eller (1962 - 2001) enfrentou um jogo de gato e rato com a indústria fonográfica. A gravadora Universal Music tentou e conseguiu domesticar o canto selvagem e sedutor da intérprete em alguns discos, só que, no palco, Cássia era uma leoa que devorava a atenção do seu público. Mesmo em formato acústico - como atesta a oportuna edição do show Violões em DVD. Espécie de embrião do Acústico MTV (2001) que ampliaria o público da artista em seu último ano de vida, Violões é um show estreado pela cantora em 1995, na sequência da edição de seu primeiro álbum de pegada pop, Cássia Eller (1994). Tanto que o roteiro foi montado em boa parte com o repertório deste disco pop que emplacou hits como E.C.T. e Malandragem. Mas Violões tinha pegada. A de Cássia, que crescia no palco. O DVD ora lançado pela Universal Music, neste mês de maio de 2010, perpetua o registro audiovisual captado em 1996 no Teatro Franco Zampari, em São Paulo (SP), para originar especial exibido pela TV Cultura naquele mesmo ano. A qualidade da imagem e do áudio (apenas em 2.0) é satisfatória. Os violões que deram o título do show eram o de Cássia - ausente somente em Música Urbana 2 (Renato Russo) - e os de Walter Villaça e Luce Nascimento, sendo que Villaça trocou o violão pelo baixo em Socorro (Arnaldo Antunes e Alice Ruiz) e Metrô Linha 743 (Raul Seixas). Nunca editado em vídeo, Violões já tinha originado o CD Cássia Eller ao Vivo, em 1996. Só que a gravação ao vivo do DVD não é a mesma ouvida no CD. Captado ainda em 1995, o disco lançou a então inédita Nenhum Roberto (Nando Reis), número ausente do DVD. Em contrapartida, o DVD rebobina números - Blues da Piedade (Cazuza e Frejat), Lanterna dos Afogados (Herbert Vianna) e Rubens (Mário Manga) - nunca editados em CD. De todo modo, o que importa é a chance de ver e ouvir Cássia Eller num vigoroso instante pop após dois álbuns iniciais - Cássia Eller (1990) e O Marginal (1992) - de caráter underground. Em Violões, Cássia pela primeira vez ajustou o tom de seu canto ao gosto do mercado fonográfico, mas sem macular sua integridade artística. E íntegra ela continuou até sair de cena...

Luiz Tatit pega rumo certo no CD 'Sem Destino'

Resenha de CD
Título: Sem Destino
Artista: Luiz Tatit
Gravadora: Dabliú Discos
Cotação: * * * 1/2

Mestre teórico da canção, Luiz Tatit mostra na prática que domina como poucos a arte de fazer música em seu quinto CD solo, Sem Destino. Revelado nos anos 70 no Grupo Rumo, ícone da vanguarda paulista, Tatit trilha caminho mais próximo do que se convencionou chamar de pop na melhor parte da safra de inéditas do disco (das 12 músicas, apenas Almas Gêmeas já tinha sido gravada - no caso, por Ana Costa em seu CD Novos Alvos). Por mais que haja um ou outro tema que experimente testar os limites da canção convencional, caso de Nando e Nanda (Dante Ozetti e Luiz Tatit), boa parte do repertório de Sem Destino é palatável, até mesmo assoviável, sem trair o universo do compositor. O fino estilista da canção se mostra mais acessível em músicas como De Favor, Por que Nós? - parceria com Marcelo Jeneci, compositor em justa ascensão na cena pop que colabora como músico em várias faixas de Sem Destino - e Dia Sim, Dia Não. A faixa-título também se impõe em safra que questiona de forma lúdica o suposto fim da canção. Em tom nordestino, Quando a Canção Acabar recorre à fábula d'A Cigarra e a Formiga para expor as visões paradoxais de Jacimara (a cigarra que consome com avidez sua fornada de canções) e de Jacqueline (a formiga que estoca sua canções para se precaver do fim). É fato que Sem Destino fica bem menos assoviável em sua segunda metade por conta de temas menos sedutores como Quem Gostou de mim, composto para o espetáculo de dança Querida Senhorita O (2007) e defendido no disco pela cantora Juçara Marçal. Mas é nesta segunda metade que Tatit se exercita mais como estudioso da canção. Em A Volta do Sabiá, ele dialoga em clima forrozeiro com a Canção do Exílio, do poeta Gonçalves Dias (1823 - 1864). Em Relembrando Nazareth, ele entra no universo do choro ao letrar melodia de Capiba (1904 - 1997). Divididos com Ná Ozzetti, intérprete que mais se ajusta à obra de Tatit com seu canto límpido, os versos citam títulos de obras do compositor Ernesto Nazareth (1863 - 1934). Na contramão da criação de Relembrando Nazareth, Tatit recebeu quatro versos de Itamar Assumpção (1949 - 2003) que geraram Quem Sabe, parceria com o Nego Dito que fecha disco estiloso, urdido sob a direção musical de Jonas Tatit. Mesmo sem destino, Luiz continua no rumo certo...

Caixa de Dolores expõe versátil 'crooner' dos 50

Resenha de Caixa de CDs
Título: Os Anos Dourados de Dolores Duran
Artista: Dolores Duran
Gravadora: EMI Music
Cotação: * * * *

Dolores Duran (1930 - 1959) foi compositora muito à frente de seu tempo. A fina arquitetura melódica e poética de suas 35 músicas ergueu obra de modernidade atemporal, quase sempre distante da construção melodramática do samba-canção que imperou na década de 50. Como cantora, Dolores teve se ajustar às regras da indústria fonográfica da época, se valendo de sua versatilidade como crooner diplomada na noite carioca para urdir discografia curiosa, mas aquém de sua obra autoral. É a crooner - e não a compositora - que é enfatizada na produção fonográfica reunida na oportuna caixa Os Anos Dourados de Dolores Duran. Produzida por Rodrigo Faour, a caixa reúne - em seis CDs - as 75 gravações oficiais feitas pela artista no selo Star e na extinta Copacabana entre 1951 e 1959. De quebra, o box embala CD duplo, O Negócio É Amar, com gravações (irregulares) das 28 músicas de Dolores que a autora não teve tempo de registrar em sua própria voz. Com visão tacanha na época, a indústria fonográfica dos anos 50 não apostava na produção autoral de mulheres que se aventuravam na arte da composição, da qual Dolores foi pioneira ao seguir a trilha aberta por Chiquinha Gonzaga (1847 - 1935). O que justifica o fato de ter gravado apenas sete de suas 35 músicas.
A bela caixa reedita os quatro álbuns oficiais de Dolores e duas coletâneas póstumas editadas em 1960. Até então inédito em CD, Dolores Viaja (1955) traçou rota mundial para a crooner poliglota, que gravou até em alemão (Kaiser Waizer, que vem a ser a Valsa do Imperador, do compositor Richard Strauss) e em esperanto (Nigraj Manteloj, versão do fado Coimbra). Mas o curioso é que foi em solo brasileiro que Dolores alçou maior voo nas paradas ao gravar a Canção da Volta (Antonio Maria e Ismael Neto), seu primeiro sucesso como cantora. Como faixas-bônus, Dolores Viaja apresenta as duas primeiras gravações de Dolores, Que Bom Será e Já Não Interessa, feitas em 1951 para um disco de 78 rotações por minuto editado pelo selo Star. Do acervo raro do Star, vem também Outono - samba-canção de Billy Blanco.
A crooner versátil também foi requisitada nos dois álbuns seguintes da artista - como já anunciavam os títulos Dolores Duran Canta para Você Dançar... (1957) e Dolores Duran Canta para Você Dançar nº 2 (1958). Foram nestes discos - que já haviam sido reeditados no formato de CD no estilo Dois em Um - que a compositora teve a oportunidade de registrar, pela primeira vez, suas criações, gravando Por Causa de Você, Não me Culpe e Solidão. A novidade é que o segundo volume incorpora na atual reedição sobra até então inédita, Mes Mains, tema francês de autoria de Gilberto Bécaud. Na sequência, Dolores se embrenhou em terras nordestinas no que viria a ser seu último álbum, Esse Norte É Minha Sorte (1959), todo dedicado aos xotes e baiões.
Para que a caixa inclua todas as 75 gravações oficiais de Dolores, as boas coletâneas A Noite de Dolores Duran e Estrada da Saudade agregam fonogramas dispersos na discografia da artista por terem sido lançados em discos de 78 rotações por minutos ou em compactos. A Noite de Dolores Duran rebobina as duas últimas gravações da compositora, A Noite do meu Bem e Fim de Caso, feitas em compacto editado em 1959, pouco antes da morte da artista. Estrada de Saudade reapresenta, entre fonogramas raros, duas gravações que marcaram a carreira de Dolores como intérprete: o samba A Banca do Distinto (Billy Blanco) e o baião A Fia de Chico Brito (Chico Anysio). Aliás, pelo tom coloquial de seu canto, Dolores Duran poderia ter ido mais longe como intérprete. Contudo, a precoce saída de cena da artista - em 24 de outubro de 1959, aos 29 anos - impediu que a cantora tivesse tempo de transitar por outras bossas. Ainda assim, o legado de sua obra autoral é valioso e garante seu lugar na lista dos grandes nomes da música brasileira produzida naqueles dourados anos do século 20.

Neil Young grava disco com produção de Lanois

Aos 64 anos, Neil Young continua em cena com profícua atividade fonográfica. Um ano depois de apresentar o vigoroso Fork in the Road (2009), o cantor e compositor canadense grava álbum sob a batuta do produtor Daniel Lanois, que já pilotou discos de Bob Dylan e do grupo U2. O álbum deverá ser editado ainda em 2010.

Som Livre (re)conta a história de Fábio em 'box'

Em 2005, para festejar os 35 anos de carreira de Fábio Jr., a gravadora Sony BMG editou Mais de 20 Poucos Anos, caixa com cinco CDs e um DVD. Compilada pelo produtor Marcelo Fróes, a boa caixa dispunha 41 sucessos em ordem cronológica, além de um CD com gravações em espanhol e de outro com fonogramas já bem raros - uns do tempo em que o cantor integrou os efêmeros grupos Arco-Íris e Os Namorados, outros da época em que Fábio cantava em inglês com pseudônimos como Mark Davis e Uncle Jack. Cinco anos depois, a gravadora Som Livre edita outro box - fabricado no formato de DVD - com o título Minha História. Embora inclua um ou outro fonograma mais recente, como o cover de Epitáfio (sucesso dos Titãs), o projeto da Som Livre é bem menos criterioso e, a rigor, incompleto. Sem ordem cronológica, Minha História agrega, em três CDs, 42 gravações editadas entre 1979 e 2006. Para piorar, o DVD que completa o box rebobina os mesmos 21 números do show - captado no Olympia, em São Paulo (SP), em 2003 - exibido no DVD inserido na caixa Mais de 20 Poucos Anos. É dispensável!!

4 de maio de 2010

Sony já lança no Brasil 'Otra Cosa', de Venegas

Em fevereiro de 2007, a Sony Music disponibilizou no Brasil Limón y Sal (2006) - o álbum que deu projeção mundial à cantora Julieta Venegas - somente em edição digital. Três anos depois, no rastro do sucesso do Unplugged MTV (2008) da estrela criada no México, a mesma Sony Music põe nas lojas do Brasil Otra Cosa, sexto álbum da artista, lançado em março de 2010 no exterior e já à venda no mercado nacional. Produzido pela própria Venegas, em parceria com o argentino Cachorro Lopez, Otra Cosa enfileira 12 músicas compostas pela artista em colaborações com nomes como Ale Sergi (Bien o Mal - faixa eleita o primeiro single) e Dárgelos Adrián (Debajo de mi Lengua). Munida de seu acordeom, integrado à atmosfera eletroacústica do álbum, Venegas apresenta temas inéditos como Original, Amores Platónicos, Un Lugar, Ya Conocerán, Revolución e Si Tú no Estás.

Scorpions dá adeus digno com 'Sting in the Tail'

Resenha de CD
Título: Sting in the Tail
Artista: Scorpions
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Com seu 18º álbum, Sting in the Tail, lançado no Brasil neste mês de abril de 2010 via Sony Music, o grupo alemão Scorpions encerra com raras coerência e dignidade sua discografia de estúdio. Talvez pelo fato de a banda ter decidido sair definitivamente de cena após a turnê mundial do disco, que certamente vai render um registro ao vivo em DVD, parece que foram postas doses adicionais de energia e vitalidade em Sting in the Tail. Especialmente em faixas como Turn You on. Da mesma forma, a balada Lorelei figura entre as melhores criações do grupo no gênero (Sly é menos inspirada). Contudo, mesmo que haja uma ou outra música menos acelerada, caso de The Good Die Young (faixa que traz a cantora filandesa Tarja Turunen), os rocks pesados - com peso na medida típica do Scorpions - dominam o disco com riffs e refrões competentes. Let's Rock parece moldado para as arenas - como um sucesso do Queen. Mas Raised on Rock, Slave me e No Limit são os maiores destaques da safra de 11 inéditas turbinadas pelos vocais de Klaus Meine - em boa forma - e pelos solos do guitarrista Matthias Jabs. Enfim, uma despedida bacana para um grupo que fez sua história...

Aos 100, Lago vira parceiro de Frejat e Lenine

Mário Lago (1911 - 2002) vai virar parceiro póstumo de nomes da cena pop contemporânea como Frejat, Lenine e Pedro Luís. Estes três compositores já aceitaram musicar poemas de Lago para o disco que vai comemorar o centenário de nascimento do artista, a ser lançado em 2011. Embora mais associado nos últimos anos ao seu trabalho como ator de TV, o parceiro de Ataulfo Alves (1909 - 1969) no antológico samba Ai, que Saudade da Amélia! (1941) foi compositor importante da fase pré-Bossa Nova.

Filha de Liminha, Tita evidencia 'Possibilidades'

Filha de Liminha, a cantora e compositora Tita Lima divulga no Brasil seu segundo álbum, Possibilidades, editado pelo selo Label A. Longe do pop rock que deu fama ao seu pai como produtor, na década de 80, Tita transita suave por grooves contemporâneos que evocam os sons de cantoras como Céu e Cibelle. O sucessor do álbum 11:11 (2007) mistura dub (Ciranda e Jardim), afrobeat (Mundo Pequeno) e alguma brasilidade (Maria, Tô pra Voltar) - também evidenciada na releitura de Um Girassol da Cor dos seus Cabelos, canção da lavra mineira dos manos Lô Borges e Márcio Borges. Produzido pela própria Tita, com intervenções de colaboradores, Possibilidades foi gravado entre Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP) em 2008 e em 2009. Seis dos 11 temas são de autoria de Tita.

Salles canta com Fagner e compõe com Krieger

Cantor e compositor paraibano de forró que se radicou no Rio de Janeiro (RJ) nos anos 70, Chico Salles amplia parcerias no quinto CD, O Bicho Pega, nas lojas neste mês de maio de 2010 com produção de José Milton e distribuição da gravadora Som Livre. Salles assina com Edu Krieger o baião Masculina. Outro baião, Bala Perdida, foi musicado pelo sanfoneiro cearense Adelson Viana a partir de texto de cordel escrito por Salles. Também do Ceará, Fagner ilumina o Forró do Apagão, da lavra profícua do pernambucano Maciel Melo. O Bicho Pega apresenta na faixa-título côco do cordelista e cantador baiano Bule Bule. Fora do eixo nordestino, Salles cai no samba - munido de sanfona e zabumba - em Não Vá Fazer e Pedala, Seleção, temas de sua própria autoria.

3 de maio de 2010

Zeca prepara CD de inéditas pilotado por Rildo

Zeca Pagodinho vai lançar disco de inéditas no segundo semestre de 2010. O produtor Rildo Hora, que vai pilotar a gravação, ajuda o sambista a selecionar o repertório. Rildo pediu músicas a Ivone Lara, que já enviou parcerias com Bruno Castro e Délcio Carvalho.

Zé Ramalho canta Jackson com faixas inéditas

Depois de compilar gravações em que abordava o repertório de Luiz Gonzaga (1912 - 1989) para CD editado em 2009 pelo selo Discobertas, Zé Ramalho se volta para o cancioneiro de Jackson do Pandeiro (1919 - 1982), outro pilar da música nordestina. De olho no mercado das festas juninas, o produtor Marcelo Fróes edita neste mês de maio de 2010, pelo mesmo selo Discobertas, a coletânea Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro. A boa novidade é que seis dos 12 fonogramas da compilação são inéditos. Além de tirar do baú gravações nunca lançadas de Forró de Surubim (1959) e Forró na Gafieira (1959), Ramalho foi ao estúdio carioca Corredor 5 gravar para o disco as músicas Cabeça Feita (1981), Lá Vai a Boiada (1967), Lamento Cego (1959) e Quadro Negro (1959). Zé Ramalho Canta Jackson do Pandeiro é o quarto título de série de songbooks que, além de Zé Ramalho Canta Luiz Gonzaga (2009), inclui Zé Ramalho Canta Raul Seixas (2001) e Zé Ramalho Canta Bob Dylan (2008). De Marcelo Fróes, a foto acima flagra Ramalho no estúdio.

Brasil tem em junho segundo do Dead Weather

Com lançamento agendado nos Estados Unidos para 11 de maio, via Warner, o segundo álbum do grupo The Dead Weather, Sea of Cowards, vai chegar às lojas do Brasil somente a partir de 24 de junho. Mas o detalhe é que às 19h desta segunda-feira, 3 de maio de 2010, a banda de Jack White vai tocar todas as 11 músicas do disco em apresentação única no estúdio Third Man Records, em Nashville (EUA), que vai poder ser conferida ao vivo na página da banda no portal My Space. Eis as 11 músicas de Sea of Cowards:
1. Blue Blood Blues
2. Hustle and Cuss
3. The Difference Between us
4. I'm Mad
5. Die by the Trop
6. I Can't Hear You
7. Gasoline
8. No Horse
9. Looking at the Invisible Man
10. Jawbreaker
11. Old Mary

Fresno prepara 'Revanche' para depois da Copa

Revanche é o título do quinto CD solo do grupo gaúcho Fresno. Gravado no estúdio Midas, em São Paulo (SP), o disco vai sair pela gravadora Arsenal. O lançamento está agendado para o segundo semestre de 2010. De acordo com declarações dos integrantes da banda, o sucessor de Redenção (2008) tem um tom mais pesado.

Obra de Ivan Lins gera musical escrito por Bakr

A obra de Ivan Lins vai chegar ao teatro. O cancioneiro do compositor brasileiro inspirou um musical escrito pelo ator e dramaturgo Eduardo Bakr. Além de avalizar o projeto, o parceiro de Vítor Martins em sucessos como Somos Todos Iguais Nesta Noite (1977) aceitou compor tema para o espetáculo. Com estreia prevista para 2010, ou 2011, o musical vai ser estrelado pelo ator Tadeu Aguiar.

2 de maio de 2010

Emílio preserva ao vivo leveza e balanço de baile

Resenha de Show
Título: Só Danço Samba
Artista: Emílio Santiago (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Canecão (RJ)
Data: 1º de maio de 2010
Cotação: * * * *
Show em cartaz até este domingo, 2 de maio de 2010
Emílio Santiago nem conseguiu disfarçar certo descontentamento quando, no meio da estreia do show Só Danço Samba, alguém começou a pedir com insistência para ele cantar Saigon, a música lançada por Beth Carvalho em 1988 que fez mais sucesso ao ser regravada por Emílio no ano seguinte no segundo volume da série Aquarela Brasileira. Saigon até apareceu no bis, num número bilíngue que incorporou a versão em espanhol do tema, mas não foi cantada naquela hora. No show que estreou na noite de 1º de maio de 2010, no Canecão (RJ), o cantor foi extremamente fiel ao repertório, à sonoridade e ao clima do primoroso CD Só Danço Samba, em que evoca o espírito dos bailes animados por Ed Lincoln na década de 60. Todas as 16 músicas do disco marcam presença no show, com destaque para o medley carnavalesco que junta Zum Zum Zum (Orlandivo e Durval Ferreira), Vou Rir de Você (Heitor Menezes) e Na Onda do Berimbau (Oswaldo Nunes). O medley cresceu muito no palco e encerrou o show em grande estilo. Mesmo sem uma mísera pista para poder dançar, o público sacolejou nas cadeiras, atestando o êxito do baile-show de Emílio.
A ausência de uma pista na plateia do Canecão foi lamentada em cena várias vezes pelo próprio cantor. "Esse show é para dançar", conceituou o artista no palco. Mesmo sem pista, Emílio Santiago dá um baile no show com sua voz privilegiada, preservando ao vivo a leveza e o suingue que pontuam o disco. O cantor vive grande fase. Desde 2007, quando lançou o álbum De um Jeito Diferente, o intérprete vem pondo sua discografia à altura de sua voz. Ainda à espera de edição comercial, Só Danço Samba é um grande disco, gravado com grandes músicos. Eles não estão em cena, mas, sob a direção musical de Julinho Teixeira, Emílio evoca no show a sonoridade do disco. Em temas como Falaram Tanto de Você, os teclados de Adriano Souza e Clebson Santos conseguem reproduzir o som do órgão elétrico típico dos bailes de Ed Lincoln.

Muito à vontade, dançando pelo palco do Canecão, Emílio reitera - a cada número do show - a categoria ímpar de seu canto. Que ao vivo soa tão perfeito quanto no disco. A emissão exemplar e a afinação absoluta valorizam números como A Cada Dia que Passa, samba de Antonio Adolfo, gravado por Emílio em 1980 num raro disco do autor. Qualidades evidenciadas ainda mais no set de romantismo mais introspectivo - a hora do sarro, como definiu Emílio com humor. É quando salta aos ouvidos o tom aveludado da voz do cantor que, perfeito no papel de crooner de seu próprio baile, encadeia standard da canção norte-americana, My Foolish Heart (Victor Young e Ned Washington), com bolero de boa cepa, Solamente una Vez (Agustín Lara). Antes de reverenciar o amigo Johnny Alf (1929 - 2010) com interpretação leve de Eu e a Brisa.
No início da segunda parte do show, quando Emílio volta à cena com outro figurino após número instrumental da banda, a bossa e o balanço do samba da década de 60 dão o tom. Samba de Verão (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), Influência do Jazz (Carlos Lyra) e Última Forma (Baden Powell e Vinicius de Moraes) reiteram o suingue do cantor. Na sequência, vêm dois sambas de Jorge Aragão, Tendência (parceria com Ivone Lara) e Logo Agora (com Jotabê). Um dos hits de Emílio, o segundo foi acompanhado de imediato pelo público que provavelmente esperava encontrar em cena o intérprete populista da série Aquarela Brasileira. Contudo, justiça seja feita, Emílio Santiago não faz concessões a esse público - ainda que Verdade Chinesa e Saigon apareçam no bis. Só Danço Samba é show urdido nos tons pastéis do disco que o inspirou. E nem por isso deixa de ser popular: Chega, o samba de Mart'nália e Mombaça, se ajusta bem ao clima dos bailes de Ed Lincoln. Assim como Um Dia Desses, a bissexta parceria de João Donato com Carlinhos Brown que merecia ter ganhado mais projeção ao ser gravada por Emílio em De um Jeito Diferente (2007). E por falar em João Donato, Sambou, Sambou é exemplo de como o cantor dá show também na divisão. Enfim, o baile de Emílio Santiago é sedutor e merece ser visto por quem não crê que o artista possa pintar sua aquarela com tons mais refinados. Show!

Emílio põe Alf, bolero e 'Foolish Heart' no baile

Standard da canção norte-americana gravado por Emílio Santiago em 2007 no álbum De um Jeito Diferente (2007), My Foolish Heart - tema composto por Victor Young e Ned Washington para o filme homônimo de 1949 - foi uma das boas surpresas do roteiro do show que o cantor estreou na noite de ontem, 1º de maio de 2010, no Canecão, no Rio de Janeiro (RJ). Inspirado no CD em que Emílio presta tributo a Ed Lincoln, um dos reis dos bailes dos anos 60, o show Só Danço Samba tem direção de Túlio Feliciano. Além das 16 músicas do disco, ainda não lançado comercialmente, o roteiro agregou o samba Logo Agora (Jorge Aragão e Jotabê), o bolero Solamente Una Vez (Agustín Lara) e a canção Eu e a Brisa, clássico do repertório do repertório de Johnny Alf (1929 - 2010). Morto recentemente, Alf foi reverenciado por Emílio - visto em fotos de Mauro Ferreira - em seu refinado baile-show que fica em cartaz somente até domingo, 2 de maio. Eis o roteiro seguido pelo cantor na estreia nacional do excelente show Só Danço Samba:
1. Só Danço Samba (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)
2. Nunca Mais (Ed Lincoln e Sílvio César)
3. Olhou pra mim (Ed Lincoln e Sílvio César)
4. Deix'Isso pra Lá (Ed Lincoln e Luiz Paulo)
5. Pra que (Sílvio César)
6. Confissão (Djalma Ferreira e Luiz Bandeira)
7. Falaram Tanto de Você (Durval Ferreira e Orlandivo)
8. A Cada Dia que Passa (Antonio Adolfo)
9. My Foolish Heart (Victor Young e Ned Washington)
10. Solamente una Vez (Agustín Lara)
11. Eu e a Brisa (Johnny Alf)
12. Samba de Verão (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)
13. Influência do Jazz (Carlos Lyra)
14. Última Forma (Baden Powell e Vinicius de Moraes)
15. Tendência (Dona Ivone Lara e Jorge Aragão)
16. Logo Agora (Jorge Aragão e Jotabê)
17. Um Dia Desses (João Donato e Carlinhos Brown)
18. Chega (Mart'nália e Mombaça)
19. Sambou, Sambou (João Donato e João Melo)
20. Zum Zum Zum (Orlandivo e Durval Ferreira)
/ Vou Rir de Você (Helton Menezes)
/ Na Onda do Berimbau (Oswaldo Nunes)
Bis:
21. Verdade Chinesa (Carlos Colla e Gilson)
22. Saigon (Claudio Cartier, Paulo César Feital e Carlão)

'Gypsy' se agiganta (e arrebata) no segundo ato

Resenha de Musical
Título: Gypsy
Texto: Arthur Laurents
Direção: Charles Möeller
Música: Jule Styne - Letras: Stephen Sondheim
Versão brasileira: Claudio Botelho

Elenco: Totia Meirelles, Adriana Garambone, Eduardo
Galvão, Renata Ricci e outros
Foto: Divulgação / Robert Schwenk
Cotação: * * * 1/2
Em cartaz no Teatro Villa-Lobos (RJ)

Típico musical da Broadway, Gypsy é tido como um dos clássicos do gênero pelo entrosamento perfeito entre texto e música. Mas, a julgar pela montagem brasileira recém-estreada no Teatro Villa-Lobos, no Rio de Janeiro (RJ), Gypsy se agiganta e faz jus a tanto culto somente no arrebatador segundo ato. Até porque é somente a partir do fim do primeiro ato que engrena a história verídica da stripper Gypsy Rose Lee (1911 – 1969) e sua mãe, a dominadora Mama Rose. Fiel aos padrões norte-americanos, a encenação carioca tem a grife da dupla Charles Moeller & Claudio Botelho. Este reitera sua habilidade para fazer versões em português - no caso, das letras escritas por Stephen Sondheim para a música de Jule Styne - sem minimizar a fluência e o teor dos versos originais.

Em sua primeira boa montagem brasileira desde que estreou na Broadway em 1959, Gypsy agrega 38 atores e 17 músicos. As trocas ágeis de cenário e as dezenas de figurinos evidenciam o padrão profissional atingido pela dupla Möeller & Botelho ao longo de seus 20 anos de carreira nos palcos cariocas. Padrão que, no caso, é posto a serviço de matéria-prima de ótima cepa. De qualidade excepcional, a música de Gyspy sustenta a atenção mesmo quando o texto ainda não deslanchou. E, já neste começo, saltam aos ouvidos os talentos das duas atrizes que protagonizam o musical: Totia Meirelles - intérprete sempre segura da intensa Mama Rose e de números como Gente (Some People) - e Adriana Garambone, que encarna Rose Louise Hovick, a Gypsy do título. Garambone - que sola o número mais terno do primeiro ato, Carneirinho (Little Lamb) - faz muito bem a transição da garota tímida e insegura para a stripper que, aos poucos, vai se livrando das roupas e dos nós interiores para vencer no mundo nem sempre justo do teatro. Nesse segundo momento da personagem, Garambone brilha especialmente em Deixa que Eu te Encanto (Let me Entertain You). Mas o brilho maior talvez seja de Totia Meirelles, em sua primeira grande chance nos palcos - embora ela já tenha protagonizado outro musical de Möeller & Botelho, Cristal Bacharach (2004), inspirado na obra do compositor norte-americano Burt Bacharach. Como Mama Rose, Totia tem a oportunidade de mostrar todo seu talento como atriz que canta (bem). Clímax do perfeito segundo ato, o embate entre mãe e filha tem dramaticidade rara em musicais e prepara bem a cena para o momento apoteótico de Rose: A Hora de Rose (Rose's Turn), o imponente número final em que, com a ajuda da música sempre atenta à dramaturgia, a personagem põe para fora todos os seus sonhos, frustrações e ressentimentos. Eis a grande hora de Totia!!!

A dramaticidade do segundo ato é contrabalançada pelo humor e vivacidade que tomam conta de Gypsy quando entram em cena as strippers Electra (Ada Chaseliov), Tessie Tura (Liane Maya) e Mazeppa (Sheila Mattos). Com direito a um número próprio, Um Truque (You Gotta Get a Gimmick), o trio concentra atenções e acaba por se destacar bem mais do que atores que defendem personagens em tese mais importantes - caso de Eduardo Galvão, que tem atuação apenas como correta como Herbie, pretendente de Mama Rose e empresário de suas meninas. No todo, Gypsy reúne os ingredientes necessários para encantar fãs de musicais. Ainda que seu (de início) quase arrastado primeiro ato não faça de Gypsy uma obra-prima. Falta no início a magia que sobra no fim.

A capa de 'Scream', décimo álbum solo de Ozzy

Eis a capa de Scream, o décimo álbum solo gravado em estúdio por Ozzy Osbourne. Nas lojas a partir de 14 de junho de 2010, via Epic Records (gravadora vinculada à Sony Music), o disco foi produzido por Ozzy com Kevin Churko, parceiro na maioria das 11 músicas novas. O sucessor de Black Rain (2007) foi gravado no estúdio caseiro do cantor, The Bunker, em Los Angeles (EUA). O single é Let me Hear You Scream. Eis as 11 faixas do CD Scream:
1. Let It Die
2. Let me Hear You Scream
3. Soul Sucker
4. Life Won't Wait
5. Diggin' me Down
6. Crucify
7. Fearless
8. Time
9. I Want It More
10. Latimer's Mercy
11. I Love You All