19 de dezembro de 2009

Retrô 2009: 'Blueprint 3' revigora obra de Jay-Z

Um dos rappers mais talentosos e importantes da cena hip hop dos Estados Unidos, Jay-Z voltou com força às paradas em 2009. Empire State of Mind - terceiro single de The Blueprint 3, o álbum editado em setembro - chegou ao topo da parada da revista norte-americana Billboard. De sedutora levada pop, a faixa conta com o reforço vocal de Alicia Keys. Jay-Z andou lançando álbuns irregulares, mas tem sabido renovar seu rap através de espertas associações com nomes como Chris Martin (o vocalista do grupo Coldplay), John Legend e a própria Alicia Keys. The Blueprint 3 é o 11º álbum do rapper. Embora ignorado nas indicações às categorias principais do 52º Grammy, o disco vendeu bem (foram 476 mil cópias nos EUA somente na primeira semana) e revigorou a obra do astro - também conhecido por ser o marido de Beyoncé.

Gil dá (bela) aula de violão no DVD 'BandaDois'

Resenha de DVD
Título: BandaDois
Artista: Gilberto Gil
Gravadora: Geléia
Geral / Warner Music
Cotação: * * * *

Gilberto Gil dá bela aula de violão no sofisticado DVD BandaDois, posto nas lojas neste mês de dezembro de 2009 com o registro ao vivo do show intimista captado em 28 e em 29 de setembro no Teatro Bradesco, em São Paulo (SP). A aula não é dada somente nos extras do DVD, onde Gil disseca (com linguagem técnica, apropriada para músicos) a estrutura rítmica de Refazenda, Expresso 2222, Refavela, Banda Um e Esotérico. A aula é data também no palco - e, no caso, extensiva aos ouvintes do CD editado simultaneamente com o DVD pelo selo Geléia Geral - quando o compositor azeita a seminal máquina de ritmo para rebobinar obra de beleza e grandeza atemporais. Ao violão, Gil reinventa cancioneiro próprio e alheio escorado na sua estupenda musicalidade. Já em si inspirado (clique aqui para ler a resenha da gravação), o show - que junta o patriarca Gil aos filhos Bem (revezando-se no pandeiro, no violão e no tamborim em 16 dos 23 números do roteiro oficial) e José (participação como baixista em Refavela e em Babá Alapalá) - tem preservada sua atmosfera de sedução pelo diretor Andrucha Waddington, que captou com apuro as imagens, incluindo tomadas feitas do fundo do palco que focam o artista sob a perspectiva oposta de quem está acomodado na platéia do teatro para assistir ao show. Das três inéditas, Pronto pra Preto é o destaque por sua efervescência rítmica black. Das Duas, Uma prima pelo acabamento poético. Já Quatro Coisas se revela mais trivial face a uma obra monumental. Que agora passa a incorporar à discografia oficial de Gil o samba Amor até o Fim, lançado em 1966 por Elis Regina (1945 - 1982), de quem o cantor fala com paixão e saudade no discurso que antecede e explica a entrada em cena da filha de Elis, Maria Rita, para reviver com Gil o samba que o autor somente havia gravado recentemente num CD/DVD da série Samba Social Clube. Enfim, BandaDois é uma aula sobre as infinitas possibilidades rítmicas do violão, dada por um mestre no instrumento. A máquina de ritmo está azeitada.

Nick, dos Jonas Brothers, lança CD em fevereiro

Sem sair do grupo criado com seus irmãos, Jonas Brothers, Nick Jonas montou uma banda paralela, The Administration, e gravou seu primeiro disco solo pós-Brothers em 2009, em curto período de férias. O álbum - intitulado Who I Am - tem lançamento agendado via gravadora Universal Music para fevereiro de 2010 no formato de CD simples e em edição dupla que traz DVD com 30 minutos de registros ao vivo captados em show feito nos estúdios da Capitol Records. A banda The Administration é formada por Tommy Barbarella (guitarra solo), Sonny Thompson (guitarra base), Michael Bland (bateria) e John Fields (baixo) - músicos que já tocaram com nomes como Prince, John Mayer e P!nk. A faixa-título do disco solo de Nick, Who I Am, foi eleita o primeiro single.

Deluxe Edition de 'Catch a Fire' chega ao Brasil

A gravadora Universal Music distribui nas lojas do Brasil, a partir deste mês de dezembro de 2009, edições especiais de álbuns que fizeram história. A série - que vai continuar ao longo de 2010 - abre com a Deluxe Edition de Catch a Fire, o explosivo álbum de 1973 que propagou em escala mundial o reggae de Bob Marley (1945 - 1981) e do grupo The Wailers. Tal edição, dupla, saiu no exterior em 2002. O grande atrativo é que o CD 1 traz a versão original do álbum, gravada e produzida na Jamaica em 1972 pelos próprios artistas. A versão que explodiu no mundo todo - por conta de petardos como Concrete Jungle e Stir It Up - foi lançada em 13 de abril de 1973 com produção adicional de Chris Blackwell, que acentuou a forte pegada de Catch a Fire. A sequência das faixas é diferente, sendo que a versão original traz duas músicas a mais, High Tide or Low Tide e All Day All Night.

18 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Titãs plastificam som com Bonadio

Em ano marcado por bons discos, a maior decepção de 2009 - a rigor, previsível - foi Sacos Plásticos, o primeiro álbum de inéditas dos Titãs desde 2003. A associação da banda - vista em foto de Silmara Ciuffa - com o produtor Rick Bonadio rendeu um trabalho sem pegada. Programações e teclados pilotados por Bonadio banalizaram o som do grupo. Mas, justiça seja feita, a irregular safra de inéditas do quinteto também contribuiu para a anemia do CD. Deixa Eu Entrar, parceria dos Titãs com Andreas Kisser, foi o único grande destaque do repertório autoral. Pouco...

Biscoito Fino reedita 'Balacobaco', CD de Rita

Último álbum de inéditas de Rita Lee, lançado em 2003 pela Som Livre, Balacobaco ganha reedição pela gravadora Biscoito Fino neste mês de dezembro de 2009. O CD volta ao mercado com as mesmas 12 faixas, mas a embalagem agora é em digipack. Produzido por Roberto de Carvalho, o disco emplacou grande hit, Amor e Sexo, sucesso em rádio e na trilha sonora da novela Celebridade.

Batida de Zé Pedro dilui diferenças das 'moças'

Resenha de CD
Título: Essa Moça Tá
Diferente Remixes de
DJ Zé Pedro
Artista: DJ Zé Pedro
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * *

Em 2002, o DJ Zé Pedro disse a que tinha vindo no mercado fonográfico quando lançou seu primeiro CD de remixes, Música para Dançar, pondo na pista alguns de seus ídolos na MPB. Em sua maioria, cantoras como Alcione, Clara Nunes (1942 - 1983) e Maria Bethânia. Em 2005, o DJ gaúcho - ora radicado em São Paulo (SP) - tentou se lançar como compositor entre os remixes de seu segundo CD, Quero Dizer a que Vim. Neste ano de 2009, o DJ - um apaixonado por MPB que dá valiosas dicas de repertório para cantoras como Zélia Duncan - se aproxima do universo sonoro de seu trabalho de estreia em Essa Moça Tá Diferente, terceiro CD de remixes de Pedro, editado pela gravadora Lua Music. Com trânsito livre pelos camarins e pela intimidade de muitas cantoras, o DJ conseguiu autorizações para remixar 14 gravações de intérpretes da MPB. O time inclui nomes bissextos em projetos do gênero. É o caso, em especial, de Marisa Monte, presente no CD com remix de Infinito Particular. E, se o remix desta música de 2006 abre o disco, é mais pela presença sempre ilustre de Marisa, pois o DJ se mostra bem mais inspirado ao trazer para a pista Alcione (Sufoco, em batida de house que dá à música a vibração do samba, inexistente na gravação original de 1978), Maysa (Canto de Ossanha, em pulsação afro que revigorou o registro de 1966) e Fafá de Belém (Raça, em bom remix house de sotaque tribal). O CD Essa Moça Tá Diferente reitera a grande qualidade do DJ: o respeito e a reverência pelas gravações que remixa. Em bom português, Pedro não deturpa a melodia original para mostrar serviço. Entretanto, é fato que suas batidas - que transitam principalmente pelo universo da house - exibem poucas nuances e, por vezes, acabam por diluir as diferenças das moças. Ainda assim, embora seja menos vibrante do que Música para Dançar, Essa Moça Tá Diferente vai soar curioso para fãs de cantoras. Que poderão ouvir Zélia Duncan (no caso, uma inédita regravação de Todo Amor que Houver Nessa Vida) em clima de electro, Maria Alcina (Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua) em tom de funk carnavalesco e Elis Regina (Trem Azul) na batida contemporânea das pistas. Sem fronteiras estéticas e sem grandes ousadias estilísticas, Pedro traz para a pista tanto a bossa de Nara Leão (Mal-me-Quer, um dos remixes menos empolgantes) quanto o samba de Mart'nália (Cabide, que ganha a batida de house no Nêga Mix), passando pelo canto mais intimista de Célia (Muito Romântico, em um clima meio lounge). Pela riqueza do material original, o resultado poderia ter sido mais feliz e vibrante, mas, entre altos e baixos, o reverente DJ se safa pelo respeito (às vezes excessivo) que tem por essas moças de gerações e sons diferentes.

Trama agenda CDs de Hood e Mzuri para 2010

A gravadora Trama anunciou nesta sexta-feira, 18 de dezembro de 2009, que vai lançar ao longo de 2010 álbuns da dupla Caju & Castanha, dos rappers Parteum e Rappin' Hood (foto) e dos grupos Guizado, Pata de Elefante e Mzuri Sana. A empresa planeja também o lançamento de seis coletâneas com registros de seu segmentado catálogo. A Trama vai completar 12 anos de vida em 2010 e abriga no cast nomes como Ed Motta.

País de Tianastácia engloba 'Faroeste Caboclo'

Música composta em 1979 por Renato Russo (1960 - 1996) para o repertório do grupo Aborto Elétrico, mas lançada em disco somente em 1987 em gravação da Legião Urbana, Faroeste Caboclo ganha registro da banda mineira Tianastácia em seu oitavo álbum, Tianastácia no País das Maravilhas. O sucessor de Orange 7 (2007) apresenta inéditas como TPM, Nobody, Guardanapo de Buteco, Mistério e A Boa, entre outras.

EP japonês, ao vivo, do Green Day sai nos EUA

Lançado no Japão em novembro e já vazado na internet, o EP Last Night on Earth Live in Tokyo - gravado ao vivo pelo trio norte-americano Green Day em 28 de maio de 2009 em show da turnê do álbum 21st Century Breakdown quando o disco mal acabara de chegar às lojas - vai ganhar edição oficial nos Estados Unidos, terra natal do grupo. O lançamento do EP nos EUA está agendado para 29 de dezembro de 2009. Eis as sete faixas do EP:
1. 21st Century Breakdown
2. Know Your Enemy
3. Last of the American Girls
4. 21 Guns
5. American Eulogy
6. Basket Case
7. Geek Stink Breath

17 de dezembro de 2009

Retrô 2009: CD 'Sasha Fierce' consagra Beyoncé

Terceiro álbum solo de Beyoncé, o duplo I Am... Sasha Fierce foi editado em novembro de 2008. Mas foi em 2009 que o disco estourou e consagrou a cantora projetada no fim dos anos 90 no trio Destiny's Child. Nada menos do que quatro hits mundiais - Single Ladies (Put a Ring on It), If I Were a Boy, Halo e Sweet Dreams - impulsionaram as vendas do álbum. Inclusive no Brasil, onde I Am... Sasha Fierce já teria vendido mais de 250 mil cópias por conta da insistente execução radiofônica de If I Were a Boy e de Halo. As 10 indicações de Beyoncé ao 52º Grammy coroaram o melhor ano da artista. Que estreou turnê mundial em 2009 e acabou de lançar o DVD e o CD ao vivo I Am...Yours: An Intimate Performance at Wynn Las Vegas, gravados em agosto. É registro de show acústico, distinto do que chega ao Brasil em 2010. Entre 4 e 10 de fevereiro, Beyoncé vai cantar em Florianópolis (SC), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Consta que na capital baiana haverá duo com Ivete Sangalo.

Red Hot gesta disco sem guitarra de Frusciante

O grupo norte-americano Red Hot Chili Peppers entrou em estúdio para preparar o seu primeiro álbum desde Stadium Arcadium (2006). Mas sem a guitarra de John Frusciante, já substituído por Josh Klinghoffer. Dez anos depois de voltar ao grupo a tempo de gravar o CD Californication (1999), interrompendo a deserção anunciada em 1992, Frusciante revelou em seu site que deixou novamente o Red Hot, para onde entrara em 1988. De acordo com o comunicado virtual, não houve atritos com o vocalista Anthony Kiedis, o baixista Michael Balzary (Flea) e o baterista Chad Smith.

Vencedor de 'Ídolos', Roston faz CD via Warner

Vencedor da segunda edição do programa Ídolos, exibido pela Rede Record, o cantor paulista Saulo Roston já se prepara para gravar seu primeiro CD pela Warner Music. O disco faz parte do contrato firmado entre a gravadora e a emissora que transmite a versão nacional do programa American Idol. O CD sai em 2010. Roston (visto em foto de Edu Moraes, da TV Record) tem 20 anos.

Leny e Alaíde realçam as luzes e sombras de Alf

Resenha de Show
Título: Homenagem a Johnny Alf
Artista: Alaíde Costa e Leny Andrade
Local: Teatro Sesc Ginástico (RJ)
Data: 16 de dezembro de 2009
Foto: Mauro Ferreira
Cotação: * * * *

"Antes da Bossa Nova, havia Johnny Alf". A frase dita por Leny Andrade em show no Birdland Jazz Club, em Nova York (EUA), está reproduzida no cartaz promocional de Homenagem a Johnny Alf, o show que reúne Leny e Alaíde Costa em torno da obra do autor de Olhos Negros. A frase reitera o real pioneirismo do compositor - atualmente em luta contra um câncer em São Paulo (SP) - na construção de uma moderna estética musical, na primeira metade dos anos 50, que culminaria com a formatação por João Gilberto da batida da bossa nova propriamente dita. Estreado esta semana no Rio de Janeiro, no Sesc Ginástico, o show é sedutor. Não somente pela reunião das vozes de Alaíde e Leny - duas cantoras criadas em berço bossa-novista que se juntam no final para cantar lindamente Eu e a Brisa e, no bis, Rapaz de Bem (em gracioso diálogo musical repleto de cacos e ginga) - mas também, e sobretudo, pela exposição do fino cancioneiro de Alf.

O roteiro é estruturado com o refinamento que sempre pauta as composições de Alf - ora sombrias, ora mais iluminadas, mas todas urdidas com requinte harmônico. Alaíde realça as sombras do cancioneiro de Alf, ficando responsável por abrir o show e apresentar no seu set individual por baladas soturnas como O Tempo e o Vento e Quem Sou Eu? - entoadas com rigor estilístico em clima noturno, como a evocar a atmosfera de uma boate do lendário Beco das Garrafas. É o "lado desconhecido" de Alf, como Alaíde explica em cena, entre números como Se Eu te Disser, Meu Sonho (um poema do compositor musicado pela própria Alaíde a pedido de Alf) e Dois Corações. São músicas difíceis que Alaíde, aos 74 anos, encara com valentia, em total interação com o trio formado por Fernando Merlino (piano, único acompanhante da cantora na supra-citada O Tempo e o Vento), Zeca Assumpção (baixo) e Kleberson Caetano (bateria). Trio em sintonia com Alf.

Com a entrada de Leny em cena, faz-se a luz no mesmo alto nível do bloco comandado por Alaíde. Após trocas de confetes com a colega e um discurso sobre a complexidade da obra de Alf, Leny - que vai completar 67 anos em 26 de janeiro de 2010 - põe sua voz poderosa a serviço de temas mais ensolarados e conhecidos do compositor. Casos da balada O Que É Amar - obra-prima que Leny valoriza com sua técnica irretocável e com sua intimidade com a obra de Alf - e de Céu e Mar, samba que, conforme conta a cantora em cena, foi apresentado por Alf originalmente como baião num festival cuja vitória garantiu ao compositor alento em tempos de dificuldades financeiras. Entre uma e outra, há Nossa Festa - uma pouco ouvida parceria de Alf com Alberto Chimelli - e Ilusão à Toa, outra joia, lapidada por Leny com direito à introdução de intervalos difíceis. No fim, Nós e o choro-canção Seu Chopin, Desculpe arrematam o bloco de Leny antes da volta de Alaíde ao palco para dois duetos de caráter histórico pela união de vozes de ideologias tão iluminadas em torno da obra precursora do genialf.

Lafayette reedita pop dos 60 em tremendo disco

Resenha de CD
Título: As 15 Super Quentes de Lafayette & Os Tremendões
Artista: Lafayette & Os Tremendões
Gravadora: Arterial Music / Rob Digital
Cotação: * * * *

Pilar da arquitetura sonora da Jovem Guarda, o órgão Hammond pilotado pelo tecladista Lafayette Coelho Vargas Limp ainda soa sedutor. No primeiro CD de Lafayette & os Tremendões, banda em atividade desde 2005 (ano em que gravou obscuro compacto), o órgão reproduz com exatidão a atmosfera e o som daquelas jovens tardes de domingo. Já na primeira faixa, Esqueça, As 15 Super Quentes de Lafayette & Os Tremendões faz supor se tratar de disco gravado na era dos brotos e carrões - impressão ampliada pela arte gráfica e pelo título do CD ora editado pelo selo Arterial Music, braço pop da gravadora carioca Rob Digital. A diferença é que os vocais da faixa estão a cargo do guitarrista Nervoso. Sim, a grande sacada do grupo é juntar o seminal Lafayette a músicos da atual cena indie carioca, casos de Nervoso, do também guitarrista Gabriel Thomaz (da boa banda Autoramas), do baterista Marcelo Calado (integrante da BandaCê, de Caetano Veloso), do baixista Melvin e da cantora Érika Martins, ajustada perfeitamente ao tom de rocks cheios de determinação como Você Não Serve pra mim, Vou Botar pra Quebrar (esquecido hit da saudosa Sylvinha) e Pare o Casamento. Érika, Gabriel, Renato Martins (guitarrista da banda Canastra) e Nervoso se revezam nos vocais das 15 faixas, a grande maioria pescada no baú de pérolas da Jovem Guarda. E o melhor é que há verdadeiras joias pouco lapidadas entre hits como Nossa Canção (com Nervoso), Só Vou Gostar de Quem Gosta de mim (a cargo de Renato Martins) e É Papo Firme (com Nervoso). Uma delas (solada por Renato Martins) é Do Outro Lado da Cidade, da lavra da compositora Helena dos Santos, fornecedora habitual do repertório inicial de Roberto Carlos, morta em 2005. Pena que, das três músicas recolhidas fora do universo da Jovem Guarda, duas soam deslocadas. Eu e Você (tema recente do grupo Brazilian Bitles) se ajusta bem à estética do pop dos 60. Já Je t'Aime... Moi Non Plus - o hit erótico do compositor francês Serge Gainsbourg (1928 - 1991) - soa fora de propósito, embora seja de 1968. Contudo, nada soa mais estranho no disco do que Força Estranha, a música de Caetano Veloso, totalmente deslocada por nada ter a ver com a simplicidade pop da Jovem Guarda. Liberdade poética à parte, o CD do septeto Lafayette & Os Tremendões é super quente.

Ney regrava hit dos Secos & Molhados com Dan

Autor de Um Pouco de Calor, música incluída por Ney Matogrosso no show Inclassificáveis (e no disco de estúdio gravado com músicas do espetáculo), o compositor Dan Nakagawa conta com a participação do cantor no DVD que grava ao vivo nesta quinta-feira, 17 de dezembro de 2009, em apresentação no Studio SP, reduto pop da cena indie paulistana. Juntos, Dan e Ney vão cantar pelo menos duas músicas. Uma é Na Neblina do Samba. A outra é um hit do grupo Secos & Molhados. O roteiro mistura temas do primeiro CD de Dan - O Primeiro Círculo (2005) - com músicas do segundo, O Oposto de Dizer Adeus, cujo lançamento está previsto para março de 2010, juntamente com o DVD gravado hoje no segundo encontro de Dan e Ney no palco (o primeiro aconteceu em 28 de abril de 2009, num show no Teatro Oficina).

Santos une mar e montanha em disco sinfônico

Resenha de CD
Título: Litoral e Interior
Artista: Sérgio Santos
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Sérgio Santos é compositor enraizado nas tradições da melhor música brasileira e, em especial, nos sons das Geraes, sua terra natal. Talvez por estar identificado com a MPB formatada nos anos 60 e desenvolvida nos 70, Santos tem construído sua obra à margem do mercado fonográfico, sempre sem a devida popularidade. Litoral e Interior é o sexto inusitado título de sua discografia, que já rendeu trabalhos inspirados como Aboio (1995), Mulato (1998), Áfrico - Quando o Brasil Resolveu Cantar (2002), Sérgio Santos (2004) e Iô Sô (2007). Conta Santos em texto escrito para o encarte do álbum que a ideia de Litoral e Interior foi realçar diferenças e contradições. No caso, explorando dicotomias entre mar e montanha, cidade e sertão. O grande diferencial do disco está no caráter sinfônico de algumas faixas. Três temas orquestrais - O Mar Adormece, A Montanha Sonha e O Sertão Acorda (os três arranjados pelo pianista André Mehmari) - norteiam o repertório em viagem que faz escalas pelo nordeste no frevo Sombrinha Branca e no baião Zabumba. Entre temas instrumentais, como Ciranda (de eventuais tonalidades jazzísticas) e Batuíra, o compositor sintetiza o conceito do álbum na bela faixa-título, Litoral e Interior - dedicada a Dori Caymmi. Mar, Montanha e Sertão arremata o disco (e sua ideologia) com o auxílio sempre luxuoso do canto (irretocável) de Mônica Salmaso.

CD cantado de Caldi expõe vigor do compositor

Resenha de CD
Título: Cantado
Artista: Marcelo Caldi
Gravadora: MP,B
/ Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Ótimo pianista e acordeonista, Marcelo Caldi é instrumentista de raro talento que tem atuado com regularidade em alguns dos melhores discos produzidos no Rio de Janeiro. Cantado é seu segundo álbum solo. Como insinua o título, trata-se de CD em que Caldi solta a voz - com competência, porém sem se impor como intérprete. É o compositor que, de fato, brilha em Cantado. Com ênfase nos ritmos nordestinos, mas sem se prender a eles, Caldi toca em modernas questões urbanas nas letras de temas como Xote (no qual defende a viabilidade de relação a três), Console (composto com Vinicius Castro) e Ser Cidade (parceria com João Cavalcanti, autor da letra). Entre baião (O Sanfoneiro, parceria com Sérgio Ricardo, gravada com Rodrigo Maranhão), valsa (Turbulências no Chão) e choro instrumental (Espirro, em que o artista expõe sua habilidade ao piano), Caldi transita até por tango, Espinheiras, uma de suas duas primeiras parcerias com Hermínio Bello de Carvalho. Espinheiras é destaque de repertório autoral que conta com adesão de Elza Soares (no embate suingado de Guerra É Guerra) e culmina num Drama'n Bass. Mais sedutor em sua primeira metade, na qual figuram músicas como o xote Por Trás do Umbigo (parceria com Edu Krieger), Cantado reitera o talento de um dos artistas mais interessantes da nova geração. Mesmo sem ser cantor arrebatador (fato comum, aliás, no time masculino que vem produzindo boa música brasileira), Marcelo Caldi merece especial atenção pelo conjunto de sua obra autoral.

16 de dezembro de 2009

Retrô 2009: o Brasil redescobre a voz de Maysa

O início de 2009 foi marcado pela redescoberta da voz emotiva de Maysa (1936 - 1977), por conta da minissérie que contou a vida folhetinesca da cantora. Exibida em janeiro pela Rede Globo, com sucesso de público e crítica, Maysa - Quando Fala o Coração motivou reedições de biografia e de vários álbuns da cantora. Herdeira do acervo da RGE, a gravadora que lançou Maysa, a Som Livre pôs nas lojas quatro títulos - Maysa É Maysa... É Maysa, É Maysa (1959), Voltei (1960), Maysa Canta Sucessos (1960) e Maysa Amor... e Maysa (1961) - até então inéditos em CD. Além da compilação dupla que foi editada como a trilha da minissérie escrita por Manoel Carlos e (bem) dirigida por Jayme Monjardim, filho da cantora. Já a Sony Music repôs em catálogo Barquinho (1961) e Maysa (1966). Maysa foi assunto nacional!!

Mais intensa, Selma celebra seu poeta em show

Resenha de Show
Título: Paulo César Pinheiro - O Poeta da Voz
Artista: Selma Reis
Local: Allegro Bistrô - Modern Sound (RJ)
Data: 15 de dezembro de 2009
Cotação: * * * *

Em determinado momento do show em que canta apenas músicas de Paulo César Pinheiro, Selma Reis avisa ao público que não presta homenagem somente a ele, o compositor, mas a "elas, cantoras que fizeram gravações deslumbrantes dessas músicas". Selma se refere a Clara Nunes (1942 - 1983), Elis Regina (1945 - 1982) e a Simone, vozes indissociáveis do repertório escolhido por ela para celebrar a obra do Poeta da Voz. Mas o fato é que o show - que estreou no Allegro Bistrô da loja carioca Modern Sound, na noite de 15 de dezembro de 2009 - reitera o que o recém-lançado disco já mostrara: Selma encara essas músicas do seu jeito, com personalidade. No palco, ela soa naturalmente mais intensa - e a interpretação de Bolero de Satã é exemplo dessa intensidade - sem significativo prejuízo do apuro estético do CD (clique aqui para conferir a resenha de Notas Musicais). Em contrapartida, músicas como Cicatrizes parecem ganhar mais vida no palco. Entre a solenidade quase excessiva de Minha Missão e a sensual malandragem de Tô Voltando, a cantora projeta música quase desconhecida de Pinheiro - Bodas de Vidro, tema em que ela valoriza a "letra para cortar os pulsos" - e sublinha o lirismo poético de Viagem, acentuado pela flauta de Zé Carlos Bigorna (o número é dos mais aplaudidos do show pela beleza da música lançada em 1973 pela saudosa Marisa Gata Mansa). Embora esteja deslocada na parte final do roteiro, sendo mais talhada para abrir o show e os caminhos, Banho de Manjericão logo se impõe pela pulsação inebriante da percussão comandada por Robertinho Silva com seu discípulo Régis Gonçalves. Na sequência, Portela na Avenida encerra o show num registro entusiástico de Selma Reis, feliz ao celebrar o poeta com sua voz exuberante, intensa em cena.

Blige lança nono disco, Stronger withEach Tear

Nono álbum de estúdio de Mary J Blige, Stronger with Each Tear chega às lojas dos Estados Unidos na próxima segunda-feira, 21 de dezembro de 2009, precedido por dois singles (The One e I Am). T.I., Rodney Darkchild Jerkins, Drake, Swizz Beatz, Sean Garrett, Polow Da Don, Tricky Stewart, The-Dream, Stargate e Ne-Yo formam o time de produtores e compositores do sucessor de Growing Pains, lançado em dezembro de 2007 sem reeditar a repercussão do arrasa-quarteirão The Breakthrough (2005).

Sade revela repertório do álbum 'Soldier of Love'

Sade revelou, enfim, o repertório de seu sexto álbum de estúdio, Soldier of Love, que tem lançamento programado para 8 de fevereiro de 2010 pelo selo Epic, vinculado à gravadora Sony Music. Bring me Home, Be That Easy, Long Hard Road, Morning Bird e The Moon and the Sky são algumas músicas do primeiro CD de inéditas da artista desde Lovers Rock (2000). Produzido por Sade com Mike Pella, o disco apresenta repertório composto pela cantora com músicos do grupo integrado por Stuart Matthewman (guitarra), Paul Spencer Denman (baixo) e Andrew Hale (teclado).

15 de dezembro de 2009

U2 e Paul disputam o Globo de Ouro de canção

Anunciada nesta terça-feira, 15 de dezembro de 2009, a lista de indicados à 67ª edição do Globo de Ouro - o prêmio mais importante do cinema norte-americano depois do Oscar - opõe Paul McCartney e o U2 (foto) na disputa pelo troféu de Melhor Canção Original. O ex-Beatle concorre por (I Want to) Come Home, composta para Everybody's Fine (Estão Todos Bem, no título brasileiro). Já o grupo de Bono Vox está no páreo por conta de Winter, canção da trilha sonora de Brothers (Entre Irmãos). Na mesma categoria, há I See You, canção composta por James Horner, Simon Franglen e Kuk Harrell para a trilha sonora de Avatar. Um dos temas principais do filme que estreia na sexta-feira, 18 de dezembro, I See You foi gravado por Leona Lewis. Os vencedores serão conhecidos em 17 de janeiro de 2010, em cerimônia em Hollywood (Califórnia, EUA). Eis a relação de indicados ao 67º Globo de Ouro nas duas categorias musicais:

Trilha Sonora Original:
* Michael Giacchino – Up
* Marvin Hamlisch - The Informant
* James Horner - Avatar
* Abel Korzeniowski - A Single Man
* Karen O e Carter Burwell - Where The Wild Things Are

Canção Original:
* Cinema Italiano - Nine (Maury Yeston)
* (I Want to) Come Home - Everybody's Fine (Paul McCartney)
* I See You - Avatar (James Horner, Simon Franglen, Kuk Harrell)
* The Weary Kind (Theme from Crazy Heart) - Crazy Heart (Ryan Bingham e T Bone Burnett)
* Winter - Brothers (U2)

Retrô 2009: Momento pop de Wanessa gera hit

Num ano de escassos hits nacionais, Wanessa - agora já sem o Camargo no sobrenome artístico - sai de 2009 com um sucesso radiofônico, Fly, música gravada com o rapper Ja Rule ao estilo das cantoras norte-americanas. Em alta rotação durante boa parte do ano, Fly avalancou a guinada pop esboçada por Wanessa em seu sétimo álbum, Meu Momento, lançado em maio pela Sony Music. A virada pop foi arquitetada pelo marido da artista - o empresário Marcus Buaiz - e deu certo, apesar das expectativas...

Sambas e Zizi legitimam sarau artificial de Ana

Resenha de CD / DVD
Título: Ana Car9lina
+ Um Multishow
Registro
Artista: Ana Carolina
e convidados
Gravadora: Sony
Music
Cotação: * * *

A disposição gráfica do título Ana Car9lina + Um - tal como exposta nas capas do CD e DVD ora lançados por Ana Carolina neste mês de dezembro de 2009 - até pode sugerir também a leitura 9 + um numa alusão aos dez anos de carreira fonográfica da artista mineira. Contudo, o repertório deste projeto de duetos gira em torno dos cancioneiros lançados nos álbuns Dois Quartos (2006) e N9ve (2009). Sem o devido recorte retrospectivo, o lançamento se sustenta unicamente nos inéditos encontros da artista com colegas como Maria Gadú (na balada pseudo-blues Mais que a mim, sobra do CD N9ve) e Ângela Ro Ro (em Homens e Mulheres, dueto que se revela espirituoso por conta da letra que prega a ambiguidade sexual). Mas a ideia do DVD em si resulta insatisfatória porque o clima de sarau - criado no sítio carioca onde os duetos foram captados sob direção de Monique Gardenberg e produção musical de Alê Siqueira - soa bem artificial pelo tom de espontaneidade ensaiada. O que acaba legitimando Ana Car9lina + Um são algumas participações realmente especiais. A de Zizi Possi valoriza a balada Ruas de Outono. A voz cristalina de Zizi percorre a melodia com leveza em registro que supera a gravação original da autora e a imediata regravação de Gal Costa. Todos os quatro sambas também soam sedutores no CD/DVD. Cabide ganha a ginga e a voz aveludada de Luiz Melodia. Já Milhares de Samba parece bem mais inspirado no dueto de Ana com Roberta Sá, com uma aura de Velha Guarda. Tá Rindo, É? é puro suingue nas vozes afins de Ana e Seu Jorge, que repetem o encontro que rendeu o CD/DVD Ana & Jorge (2005). Da mesma forma, Gilberto Gil e Ana se entrosam bem em Torpedo, samba letrado por Gil. Oscilante nos últimos anos, a voz de Gil não estava na melhor das formas na gravação - feita em agosto - mas o balanço do cantor é envolvente, com direito a scats no fim. Pena que o dueto com Maria Bethânia na guarânia Eu que Não Sei Nada do Mar tenha ocorrido em fogo brando. Pena também que haja regravações extremamente redundantes como as de 8 Estórias e 10 Minutos (esta somente no DVD, num vídeo-solo de Ana cheio de poses dramáticas que mais parece clipe antigo do programa Fantástico nos anos 70). Afinal, estas músicas já figuram no CD N9ve, lançado em agosto, e não justificam um segundo registro individual tão próximo do primeiro. No todo, Ana Carolina acerta ao acentuar a leveza de seu canto, sem os arroubos que, por vezes, empanam o brilho de suas interpretações. 9 + 1 não é igual a dez, mas tem seu valor. Que poderia ser maior se o repertório tivesse temas antigos, englobando todos os dez anos de carreira de Ana.

'Festa Imodesta' junta Caetano e Teresa Cristina

Não foi por acaso que Caetano Veloso dedicou o samba Festa Imodesta a Teresa Cristina na volta do show Zii e Zie ao Rio de Janeiro (RJ) em 27 de novembro de 2009. O compositor regravou em dueto com Teresa o samba que deu para Chico Buarque em 1974 - ano em que Chico gravou um disco de intérprete para driblar a censura que cerceava sua produção autoral. O registro foi feito em estúdio para o CD e DVD Melhor Assim, gravados ao vivo por Teresa em show no Espaço Tom Jobim (RJ) em 27 de outubro. A foto acima, de Washington Possato, flagra Caetano com Teresa no estúdio carioca Floresta. O CD e DVD Melhor Assim têm lançamento agendado - pela EMI Music - para março de 2010.

Olodum grava DVD em janeiro com o seu povo

O Olodum vai gravar DVD em 24 de janeiro de 2010. O registro da turnê O Povo das Estrelas - com o qual o grupo festejou seus 30 anos ao longo de 2009 - vai ser feito no Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador (BA), durante a 30ª edição do Femadum (Festival de Música e Arte do Olodum). Show passou pela Europa.

Aposta para 2010, Jeneci grava primeiro disco

Parceiro de Arnaldo Antunes (na balada Longe) e de Zélia Duncan (em Todos os Verbos), entre outros nomes, Marcelo Jeneci vai lançar seu primeiro disco em 2010. Para quem ainda não liga o nome de Jeneci - visto acima em foto de Samuel Esteves - à sua música, ele é co-autor de Amado, a balada composta com Vanessa da Mata para o CD Sim (2007) que virou hit em 2008. Intitulado Feito para Acabar, nome de uma das inéditas que figuram no repertório, o álbum de Jeneci está em fase inicial de produção. Jardim do Éden e Tempestade em Copo d'Água são prováveis músicas do disco de estreia do ascendente compositor paulista.

14 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Aydar cresce com o segundo disco

Em abril, Mariana Aydar apresentou seu segundo disco - Peixes, Pássaros, Pessoas - e ampliou a boa impressão que deixara com o primeiro, Kavita 1, de 2006. A cantora paulista acertou ao apostar em repertório majoritariamente inédito que destacou a produção autoral de Duani como compositor. São da lavra do mentor do grupo Forróçacana as melhores músicas do álbum (o partido alto O Samba me Persegue, o samba-enredo Poderoso Rei e os sambas Florindo e Manhã Azul - este composto com Nuno Ramos). Ao agregar na ficha técnica nomes promissores da cena indie (Luisa Maita, Nenung, Rodrigo Campos e Romulo Fróes, entre outros), Aydar começou a esboçar um universo particular para sua obra. Por mais que o show não tenha reeditado toda a beleza do disco, a artista sai de 2009 como um grande destaque do ano na música por conta do CD Peixes, Pássaros, Pessoas.

Lulu explica o mergulho sonoro do CD 'Singular'

Nas lojas esta semana, via EMI Music, o 22º álbum de Lulu Santos, Singular, enfileira oito inéditas entre suas doze faixas. Faz parte do repertório a releitura de Zazueira (Jorge Ben Jor), gravada neste ano de 2009 - em estúdio - para o CD e DVD O Baile do Simonal. Produzido por Lulu com o tecladista Hiroshi Mizutani, o disco inclui dois temas instrumentais, Restinga e Spydermonkey, entre faixas como Atropelada, Perguntas, Procedimento e Black and Gold. Eis o texto escrito por Lulu para apresentar Singular, álbum que marca a estreia do cantor e compositor na EMI Music:

"Dois patinhos na lagoa, vinte e dois, então, este é meu vigésimo segundo disco desde 82. Música Pop serve pra alegrar o coração e a alma das pessoas. Se puder fazer isso com um mínimo de esperteza, melhor. Baby de Babylon é o tipo de canção difícil de fazer por encomenda, porque a hora que o santo pega e a mensagem vem com clareza ainda não dando pra combinar, e chega sem avisar. Duplo Mortal é o chacundum por excelência e admissão, o iê iê iê romântico que o mano falou que ia fazer. Tá aí. Fulcio é pra meu cachorro homônimo, é um bolero como eu não faço há... ondas, sacolé? Se música pudesse ser descrita em palavras, e não pode, seria desnecessária, nunca será. Mais do que uma tentativa de empilhar 'músicas-de-trabalho', o que proponho com Singular é um mergulho sonoro, uma viagem, se você quiser. Música para se ouvir. Melhores vibrações." Lulu Santos

Apático, Jorge canta mal repertório de Michael

Resenha de Especial de TV
Título: Seu Jorge Canta Michael Jackson
Artista: Seu Jorge (em foto de Bob Paulino)
Exibição: Canal Multishow
Cotação: *
Reprises agendadas pelo Multishow para 15 de dezembro
(às 14h30m), 16 de dezembro (às 16h), 17 de dezembro (às
6h e às 8h) e 20 de dezembro (no Multishow HD, às 21h)

Em diversos momentos do especial Seu Jorge Canta Michael Jackson, exibido em 13 de dezembro de 2009 pelo canal de TV Multishow, o autor e intérprete de Burguesinha dá a entender que está ciente da "loucura" - o termo foi dito por ele em cena - que é abordar o repertório de Michael Jackson (1958 - 2009). Mas Jorge cometeu tal loucura em nome de boa causa: reverter fundos para o beneficente Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, mantido pelo apresentador Luciano Huck em São Paulo (SP) para formar técnicos em audiovisual. A iniciativa do cantor é louvável, mas, artisticamente, beira o constrangimento o resultado do show captado em apresentação fechada no Hotel Unique (SP) na última terça-feira, 8 de dezembro - como pode ser atestado por qualquer espectador que tenha visto o especial ou que assista a uma das cinco reprises agendadas pelo canal Multishow para esta semana.

Apático, Jorge canta muito mal o repertório de Michael. Formada por 16 músicos e quatro vocalistas, a big-band que divide o palco com ele faz o que pode para reproduzir o suingue da música do Rei do Pop. E o naipe de metais até põe alguma pegada em temas como Can You Feel It? (1980), primeira música do especial. Mas logo salta aos ouvidos a apatia do canto de Seu Jorge. Números posteriores como Baby me Mine e P.Y.T (Pretty Young Thing) - músicas menos badaladas do álbum Thriller (1982) - confirmam a total inadequação do cantor, até porque as letras são, em última análise, cantadas passadas por Michael na garota de seus sonhos. E o canto de Jorge passa longe da sedução. Billie Jean (1982) tem sua batida clonada com eficiência pela banda. Já Human Nature (1982) - "baladinha gostosa", na definição de Jorge - soa mais aceitável na voz do cantor justamente por ser uma baladinha gostosa de tons suaves. No fim, Rock with You (1979) reitera o caráter desastroso da abordagem. A causa é nobre, mas não é à toa que Jorge termina o especial com recordação de Sossego, hit de Tim Maia (1942 - 1998) nos anos 70. Embora destoante do conceito do especial, o número é o mais bem-resolvido do show e sinaliza que teria sido mais conveniente deixar a obra de Michael Jackson em paz e abordar o suingue de Tim, muito mais próximo do balanço de Seu Jorge. Cantar Michael foi mesmo uma loucura...

Alceu entra na onda de Armandinho em 'Vol. 5'

Já distante do sucesso de 2006, ano em que Desenho de Deus foi sucesso nacional, Armandinho tenta voltar à tona com Vol. 5, primeiro título do selo Alba Music, aberto pelo artista para editar seus discos. Nas lojas ainda neste mês de dezembro de 2009, com distribuição da Microservice, o quinto álbum de Armandinho - sucessor do fraco Semente, editado em janeiro de 2008 pela gravadora Universal Music - apresenta doze inéditas na onda sal, céu, sol, Sul. Músicas como Desejos do Mar, Alma Regueira e Paz e Amor na Quebrada já revelam nos títulos o tom do disco. A surpresa do repertório autoral é Como Dois Animais, hit de Alceu Valença em 1982, inserido na onda pop do reggae de Armandinho.

Marina lança inéditas em CD que vem com livro

Marina Lima não concretizou em 2009 o plano de editar o DVD com o registro ao vivo do show Primórdios, captado em 29 de novembro de 2006 em apresentação no Auditório Ibirapuera (SP). Em compensação, a edição do livro Marina Entre as Coisas está confirmada para 2010. A novidade é que o livro - que mistura crônicas com letras de músicas - vai trazer um CD encartado no qual a cantora apresenta duas inéditas, A Parte que me Cabe e Doce de Nós. São as músicas que entrariam nos extras do esperado DVD do show Primórdios.

13 de dezembro de 2009

Retrô 2009: Bethânia põe amor e fé em discos

Tal como fez em 2006, Maria Bethânia lançou dois álbuns em 2009, ambos com repertório quase inteiramente inédito. Editados no fim de setembro, Encanteria e Tua apresentaram conceitos bem distintos. Encanteria é o disco em que a cantora - vista acima em foto de Murilo Meirelles - celebra a festa da sua fé. De tonalidades mais íntimas, Tua é CD de caráter romântico. Os dois álbuns se fundiram no show Amor, Festa, Devoção, cuja turnê nacional - estreada em outubro no Rio de Janeiro (RJ) - vai se estender ao longo de 2010 com direito a registro em DVD. Aos 63 anos, completados em junho, a intérprete continua com produção contínua. Um terceiro disco - dirigido às escolas e bibliotecas - foi gravado em 2009 com um mix de música e poesia. Sem falar no DVD que perpetua o show Dentro do Mar Tem Rio (2006), editado (tardiamente) em junho. Trabalhos feitos com amor e fé!!!!

'Grooves' e humor marcam volta de Ed ao Circo

Resenha de Show
Título: Piquenique
Artista: Ed Motta (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 12 de dezembro de 2009
Cotação: * * * *
Sem se apresentar no Circo Voador desde 1992, Ed Motta voltou a se abrigar sob a lona mais pop do Rio de Janeiro (RJ) nos últimos minutos da noite de sábado, 12 de dezembro de 2009, para mostrar ao público carioca seu novo show, Piquenique, que vem percorrendo as principais capitais brasileiras para promover o homônimo décimo álbum de estúdio do cantor. "O Circo tá comportado, sem aquele aroma. Cadê aquele Posto 9?", gracejou Ed, após cantar a quarta música do roteiro, Mensalidade, numa alusão marota ao cheiro de maconha que costuma impregnar a lona em dias de shows. "Agora pintou! Tô sentindo...", observou, bem-humorado, já no bis, em que repetiu duas músicas do CD Piquenique, A Turma da Pilantragem e Minha Vida Toda com Você, com breve citação de Listen to the Music (Doobie Brothers).
Nas lojas efetivamente a partir da próxima semana, via Trama, o CD Piquenique representa tentativa de Ed de reconquistar sua popularidade com funks e souls de tom mais desencanado - como os que cantava no seu início de carreira, em 1988, a reboque da Conexão Japeri. O CD tem pegada pop que não aparecia com força na discografia de Ed desde os álbuns Manual Prático para Festas, Bailes e Afins (1997) e As Segundas Intenções do Manual Prático (2000). O show segue pelo mesmo caminho e parece quase um baile, cujo peso vem tanto dos hits que pontuam o roteiro - entre eles, Baixo Rio, Vamos Dançar, Fora da Lei, Tem Espaço na Van e Manuel - quanto dos grooves azeitados tirados pelo cantor e pelo quarteto virtuoso que divide o palco com ele no bom show Piquenique. "Que sorte na vida ter sempre músicos maravilhosos na minha banda!...", exultou Ed, em cena, após a suingante passagem instrumental de Falso Milagre do Amor que ressaltou a total interação entre Paulinho Guitarra, Marcos Kinder (bateria), Rannieri Oliveira (teclados e programação) e Robinho Tavares (baixo). Com tais músicos, Ed mostrou no show que, por mais que tente evocar seu começo de carreira, ele já não é o mesmo Ed da Conexão Japeri. Vinte e um anos depois daquela explosão inicial, o baile é outro porque a música de Ed - hoje influenciada tanto pelo jazz quanto pela MPB - também já é outra...
O roteiro do show Piquenique concilia músicas de várias fases do artista, reeditando o clima feliz do disco. Do repertório deste, A Turma da Pilantragem - tema que presta tributo ao som que popularizou Wilson Simonal (1938 - 2000) nos anos 60 - já se insinua como um possível hit. A música é um achado. Pé na Jaca, com seu refrão popular, também pode vir a pegar. Já a faixa-título - Piquenique, "a única música do disco em que eu tô precisando de cola", brincou Ed, justificando a leitura da letra - não soou tão sedutora no palco. Mas não a ponto de jogar o show para baixo como fez Dez Mais Um Amor, balada do álbum As Segundas Intenções do Manual Prático. Em compensação, o funk Birinaite se ajustou com perfeição ao clima do show, em cujo roteiro Ed revive músicas como Entre e Ouça (faixa-título de seu terceiro disco, o primeiro de tom mais experimental), Jóia de Mágoa (quase uma vinheta, feita por Ed aos teclados), Um Jantar pra Dois e Luna e Cera. No fim, Colombina encerra o show com seu tom carnavalesco, em número apoteótico que culmina com solo fulminante de Paulinho Guitarra. Com boa música e humor mordaz (foi hilário o discurso feito no bis para alfinetar a turma moderninha que cultua o som vintage dos teclados Fender Rhodes), Ed Motta fez show leve e divertido como um piquenique.

Moska planeja lançar 'Muito' e 'Pouco' em 2010

Gravado desde janeiro de 2009, com a participação dupla do grupo argentino Bajofondo nas faixas Muito Pouco e Ainda, o primeiro álbum de inéditas de Moska desde Tudo Novo de Novo (2003) vai ser lançado em 2010. O longo prazo entre a gravação e a edição acabou gerando dois discos. Muito concentra repertório inédito. Pouco prioriza músicas gravadas por outros cantores.

Em CD, a trilha da primeira temporada de Glee

Sucesso na TV por assinatura, sendo exibida pelo canal Fox desde setembro de 2009, a série Glee tem a música como protagonista. A trama gira em torno da luta de um professor para reativar e manter o coral Glee Club, símbolo dos tempos abastados da escola McKinley. Recrutados na (vasta) turma dos loosers, os alunos do coral cantam músicas de diversas épocas e estilos. Dezessete temas apresentados na primeira temporada da série foram reunidos em CD recém-editado no Brasil pela gravadora Sony Music. A seleção inclui músicas dos repertórios de Avril Lavigne (Keep Holding on), Neil Diamond (Sweet Caroline), Rihanna (Take a Bow), Kanye West (Gold Digger), Journey (Don't Stop Believin'), Queen (Somebody to Love), Heart (Alone) e The Supremes (You Keep me Hangin' on), entre outros nomes. Há fotos dos alunos no encarte.