'Grooves' e humor marcam volta de Ed ao Circo
Título: Piquenique
Artista: Ed Motta (em fotos de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (RJ)
Data: 12 de dezembro de 2009
Cotação: * * * *
Sem se apresentar no Circo Voador desde 1992, Ed Motta voltou a se abrigar sob a lona mais pop do Rio de Janeiro (RJ) nos últimos minutos da noite de sábado, 12 de dezembro de 2009, para mostrar ao público carioca seu novo show, Piquenique, que vem percorrendo as principais capitais brasileiras para promover o homônimo décimo álbum de estúdio do cantor. "O Circo tá comportado, sem aquele aroma. Cadê aquele Posto 9?", gracejou Ed, após cantar a quarta música do roteiro, Mensalidade, numa alusão marota ao cheiro de maconha que costuma impregnar a lona em dias de shows. "Agora pintou! Tô sentindo...", observou, bem-humorado, já no bis, em que repetiu duas músicas do CD Piquenique, A Turma da Pilantragem e Minha Vida Toda com Você, com breve citação de Listen to the Music (Doobie Brothers).
Nas lojas efetivamente a partir da próxima semana, via Trama, o CD Piquenique representa tentativa de Ed de reconquistar sua popularidade com funks e souls de tom mais desencanado - como os que cantava no seu início de carreira, em 1988, a reboque da Conexão Japeri. O CD tem pegada pop que não aparecia com força na discografia de Ed desde os álbuns Manual Prático para Festas, Bailes e Afins (1997) e As Segundas Intenções do Manual Prático (2000). O show segue pelo mesmo caminho e parece quase um baile, cujo peso vem tanto dos hits que pontuam o roteiro - entre eles, Baixo Rio, Vamos Dançar, Fora da Lei, Tem Espaço na Van e Manuel - quanto dos grooves azeitados tirados pelo cantor e pelo quarteto virtuoso que divide o palco com ele no bom show Piquenique. "Que sorte na vida ter sempre músicos maravilhosos na minha banda!...", exultou Ed, em cena, após a suingante passagem instrumental de Falso Milagre do Amor que ressaltou a total interação entre Paulinho Guitarra, Marcos Kinder (bateria), Rannieri Oliveira (teclados e programação) e Robinho Tavares (baixo). Com tais músicos, Ed mostrou no show que, por mais que tente evocar seu começo de carreira, ele já não é o mesmo Ed da Conexão Japeri. Vinte e um anos depois daquela explosão inicial, o baile é outro porque a música de Ed - hoje influenciada tanto pelo jazz quanto pela MPB - também já é outra...
O roteiro do show Piquenique concilia músicas de várias fases do artista, reeditando o clima feliz do disco. Do repertório deste, A Turma da Pilantragem - tema que presta tributo ao som que popularizou Wilson Simonal (1938 - 2000) nos anos 60 - já se insinua como um possível hit. A música é um achado. Pé na Jaca, com seu refrão popular, também pode vir a pegar. Já a faixa-título - Piquenique, "a única música do disco em que eu tô precisando de cola", brincou Ed, justificando a leitura da letra - não soou tão sedutora no palco. Mas não a ponto de jogar o show para baixo como fez Dez Mais Um Amor, balada do álbum As Segundas Intenções do Manual Prático. Em compensação, o funk Birinaite se ajustou com perfeição ao clima do show, em cujo roteiro Ed revive músicas como Entre e Ouça (faixa-título de seu terceiro disco, o primeiro de tom mais experimental), Jóia de Mágoa (quase uma vinheta, feita por Ed aos teclados), Um Jantar pra Dois e Luna e Cera. No fim, Colombina encerra o show com seu tom carnavalesco, em número apoteótico que culmina com solo fulminante de Paulinho Guitarra. Com boa música e humor mordaz (foi hilário o discurso feito no bis para alfinetar a turma moderninha que cultua o som vintage dos teclados Fender Rhodes), Ed Motta fez show leve e divertido como um piquenique.
5 Comments:
Sem se apresentar no Circo Voador desde 1992, Ed Motta voltou a se abrigar sob a lona mais pop do Rio de Janeiro (RJ) nos últimos minutos da noite de sábado, 12 de dezembro de 2009, para mostrar ao público carioca seu novo show, Piquenique, que vem percorrendo as principais capitais brasileiras para promover o homônimo décimo álbum de estúdio do cantor. "O Circo tá comportado, sem aquele aroma. Cadê aquele Posto 9?", gracejou Ed, após cantar a quarta música do roteiro, Mensalidade, numa alusão marota ao cheiro de maconha que costuma impregnar a lona em dias de shows. "Agora pintou! Tô sentindo...", observou, bem-humorado, já no bis, em que repetiu duas músicas do CD Piquenique, A Turma da Pilantragem e Minha Vida Toda com Você, com breve citação de Listen to the Music (Doobie Brothers).
Nas lojas efetivamente a partir da próxima semana, via Trama, o CD Piquenique representa tentativa de Ed de reconquistar sua popularidade com funks e souls de tom mais desencanado - como os que cantava no seu início de carreira, em 1988, a reboque da Conexão Japeri. O CD tem pegada pop que não aparecia com força na discografia de Ed desde os álbuns Manual Prático para Festas, Bailes e Afins (1997) e As Segundas Intenções do Manual Prático (2000). O show segue pelo mesmo caminho e parece quase um baile, cujo peso vem tanto dos hits que pontuam o roteiro - entre eles, Baixo Rio, Vamos Dançar, Fora da Lei, Tem Espaço na Van e Manuel - quanto dos grooves azeitados tirados pelo cantor e pelo quarteto virtuoso que divide o palco com ele no bom show Piquenique. "Que sorte na vida ter sempre músicos maravilhosos na minha banda!...", exultou Ed, em cena, após a suingante passagem instrumental de Falso Milagre do Amor que ressaltou a total interação entre Paulinho Guitarra, Marcos Kinder (bateria), Rannieri Oliveira (teclados e programação) e Robinho Tavares (baixo). Com tais músicos, Ed mostrou no show que, por mais que tente evocar seu começo de carreira, ele já não é o mesmo Ed da Conexão Japeri. Vinte e um anos depois daquela explosão inicial, o baile é outro porque a música de Ed - hoje influenciada tanto pelo jazz quanto pela MPB - também já é outra...
O roteiro do show Piquenique concilia músicas de várias fases do artista, reeditando o clima feliz do disco. Do repertório deste, A Turma da Pilantragem - tema que presta tributo ao som que popularizou Wilson Simonal (1938 - 2000) nos anos 60 - já se insinua como um possível hit. A música é um achado. Pé na Jaca, com seu refrão popular, também pode vir a pegar. Já a faixa-título - Piquenique, "a única música do disco em que eu tô precisando de cola", brincou Ed, justificando a leitura da letra - não soou tão sedutora no palco. Mas não a ponto de jogar o show para baixo como fez Dez Mais Um Amor, balada do álbum As Segundas Intenções do Manual Prático. Em compensação, o funk Birinaite se ajustou com perfeição ao clima do show, em cujo roteiro Ed revive músicas como Entre e Ouça (faixa-título de seu terceiro disco, o primeiro de tom mais experimental), Jóia de Mágoa (quase uma vinheta, feita por Ed aos teclados), Um Jantar pra Dois e Luna e Cera. No fim, Colombina encerra o show com seu tom carnavalesco, em número apoteótico que culmina com solo fulminante de Paulinho Guitarra. Com boa música e humor mordaz (foi hilário o discurso feito no bis para alfinetar a turma moderninha que cultua o som vintage dos teclados Fender Rhodes), Ed Motta fez show leve e divertido como um piquenique.
Mauro,por acaso vc teria alguma informação sobre o novo CD do Ed Motta,Piquenique? Não encontro em nenhuma loja virtual para comprar!Obrigado!
Abs.
Daniel, houve um atraso, mas, como está escrito na resenha, o disco agora efetivamente começa a chegar às lojas. Já está sendo vendido por Ed nos shows. Abs, mauroF
Parabéns, Mauro, pela resenha! Realmente, deve ter sido 'o show'.
Quanto ao CD, a Livraria Cultura já vende pela net e, em breve, estará em todas as lojas!
Marcelo Donati
http://www.ed-motta.blogspot.com/
Muito obrigado,Mauro.Li que o CD só deverá estar nas lojas nos próximos dias,mas,como costumo usar pra compras os sites de venda que,geralmente colocam os produtos em pré-venda,achei que poderia ter havido algum tipo de atraso maior e que só fosse ser disponibilizado ano que vem.Muito agradecido pelos esclarecimentos.Como sempre o Notas Musicas continua fundamental!
Abs!
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