13 de junho de 2009

Encantada, Família Caymmi reverencia Dorival

Resenha de Show
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *

"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Danilo, Dori e Nana desde sempre interpretaram o cancioneiro do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.

Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!

Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!

Nana, Dori e Danilo celebram Caymmi no palco



Show emblemático reuniu Nana, Dori e Danilo Caymmi - em fotos de Mauro Ferreira - no palco do Teatro Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009. Os irmãos cantaram juntos pela primeira vez desde a morte do patriarca, em 16 de agosto de 2008. Inédito, o show foi feito sem banda - diferentemente do espetáculo de 2004 que celebrou os 90 anos de Dorival e que gerou DVD e CD ao vivo - e, além dos três irmãos, contou somente com a presença do pianista Cristóvão Bastos em alguns números. O roteiro surpreendeu ao incluir a desconhecida Cantiga de Cego, parceria de Caymmi com Jorge Amado (1912 - 2001), lançada nos anos 50 como trilha sonora da montagem de uma adaptação de Terras do Sem Fim (livro de Amado) pelo Grande Teatro Tupi. Pretexto para Dori divertir a platéia ao ressaltar a diferença entre os tons da voz do ator Ítalo Rossi em cena e nos intervalos do programa apresentado pela extinta TV Tupi. Eis o roteiro do show - dedicado por Nana, Danilo e Dori a Dinair Caymmi, irmã de Dorival, presente na primeira fila:
1. Só Louco - Nana Caymmi
2. Não Tem Solução - Nana Caymmi
3. Adeus - Nana Caymmi
4. Desde Ontem - Nana Caymmi
5. Sábado em Copacabana - Nana Caymmi
6. E Eu sem Maria - Nana Caymmi
7. Nem Eu - Nana Caymmi
8. Dora - Nana, Dori e Danilo Caymmi
9. Promessas de Pescador - Dori e Danilo Caymmi
10. É Doce Morrer no Mar - Dori e Danilo Caymmi
11. João Valentão - Dori Caymmi
12. Cantiga de Cego - Dori Caymmi
13. Marina - Danilo Caymmi
14. Vatapá - Danilo Caymmi
15. Requebre que Eu Dou um Doce - Dori e Danilo Caymmi
16. Vestido de Bolero - Danilo Caymmi
17. A Vizinha do Lado - Danilo Caymmi
18. Samba da Minha Terra - Dori e Danilo Caymmi
19. Acontece que Eu Sou Baiano - Dori e Danilo Caymmi
20. O Que É que a Baiana Tem? - Nana, Dori e Danilo Caymmi
21. Saudade da Bahia - Nana, Dori e Danilo Caymmi
22. Canção da Partida - Nana, Dori e Danilo Caymmi
Bis:
23. Maracangalha - Nana, Dori e Danilo Caymmi

Exposição põe acervo de Caymmi na era digital

A pintura acima - datada de julho de 1974 - é um retrato de Dorival Caymmi (1914 - 2008) que pode ser visto na exposição Caymmi Acervo Digital, aberta oficialmente na noite de ontem, 12 de junho de 2009, no Jardim Botânico (RJ), no anexo situado ao lado do Teatro Tom Jobim. Um show da Família Caymmi reuniu Danilo, Dori e Nana no palco para celebrar a digitalização do acervo do patriarca, organizado pelo Instituto Antonio Carlos Jobim com patrocínio obtido através do projeto Natural Musical. Pinturas, desenhos, discos e documentos de Caymmi podem ser vistos na exposição que, coerente com seu nome, também apresenta telão na qual é possível navegar pelo endereço virtual que abriga valioso acervo digital do compositor e inclui discografia completa, 83 partituras e 57 letras de músicas.

Auto.Retrato expõe auto(in)suficiência de Porto

Resenha de CD
Título: Auto.Retrato
Artista: Fernanda Porto
Gravadora: EMI Music
Cotação: * *

O quarto álbum de Fernanda Porto, Auto.Retrato, exibe vários pontos em comum com o primeiro, Fernanda Porto - editado em 2002 no embalo do estouro mundial de seu hit Sambassim, na versão remixada de DJ Patife. Tanto num como noutro trabalho, a polivalente artista assina a produção, as programações eletrônicas e o repertório, além de tocar todos os instrumentos. A diferença é que não há no atual disco o fôlego autoral exibido pela compositora na sua boa estreia no mercado fonográfico. Sim, nenhuma das 14 músicas é especialmente ruim, mas, em contrapartida, não há uma música sequer que realmente se destaque e salte aos ouvidos pela beleza melódica ou por uma batida de fato irresistível. Auto.Retrato, a propósito, marca volta radical da cantora ao universo eletrônico, após um segundo disco de tonalidades acústicas e um precoce projeto ao vivo que tentou inserir a artista no circuito da MPB. Tirada a suave moldura eletrônica das faixas, no entanto, revela-se um cancioneiro de palatável sabor pop. Opção explicitada já na faixa-título e em Agora É Minha Vez, as duas músicas que abrem um disco que oscila entre house (Vem Morar Comigo, outro tema de natureza pop), samba (Roda de Samba, arranjada com textura eletrônica mais firme) e, claro, drum'n'bass, o estilo que fez de Porto a musa da cena eletrônica paulista no início dos anos 2000, representado no atual disco por faixas como Tem Uma Vaga Aí? e Perdi o Tom. No todo, Auto.Retrato expõe a auto(in)suficiência de Fernanda Porto. Seria saudável buscar parceiros e produtores que ajudem sua música a (re)encontrar o tom sedutor do primeiro álbum. Até porque a cena musical eletrônica já parece banalizada.

P.S.: Em seu site oficial, Fernanda Porto vai disponibilizar mais cinco músicas inéditas e remixes das 14 faixas de Auto.Retrato, encomendados por ela a DJs como Patife, Mad Zoo, Drumagick, Ramilson Maia, Dinho MK3, Red Skyn e XRS (entre outros nomes).

12 de junho de 2009

Bethânia canta na gravação de 'Tecnomacumba'

O santo de Rita Ribeiro é forte, pois a cantora vai contar com a adesão de ninguém menos do que Maria Bethânia (à esquerda em foto de Leonardo Aversa) na gravação ao vivo do DVD que registra o show Tecnomacumba. A gravação já está agendada para 3 de julho de 2009 em apresentação no Vivo Rio (RJ). Vale lembrar que a edição em CD e DVD do show Três Meninas do Brasil - feito por Rita com Jussara Silveira e Teresa Cristina - foi viabilizada pelo selo de Maria Bethânia, Quitanda, vinculado à Biscoito Fino, a gravadora que distribuiu o CD Tecnomacumba.

A-ha volta insosso no CD 'Foot of the Mountain'

Resenha de CD
Título: Foot of the
Mountain
Artista: A-ha
Gravadora: Universal
Music / Lab 344
Cotação: * *

Difícil identificar no insosso nono álbum do A-ha - Foot of the Mountain, ainda sem previsão de lançamento no Brasil, mas editado no exterior em 19 de junho de 2009 e já vazado na internet - o trio norueguês que conquistou o mundo em 1984 com Take on me, um dos singles mais irresistíveis do tecnopop que dominou as paradas e as rádios nos anos 80. O fato é que Morten Harket (voz), Paul Waaktaar-Savoy (guitarra) e Magne Furuholmen (teclados) foram muito subestimados na época de seu apogeu por conta do frenesi teen que cercava os rapazes. Belas baladas como Hunting High and Low e Stay on These Roads teriam sido mais cultuadas pela mídia se tivessem sido gravadas por grupos como o R.E.M. ou mesmo o U2. Mas o fato é que, decorridos 25 anos do lançamento de Take on me, o A-ha soa como um clone de si mesmo em Foot of the Mountain. Sucessor de Analogue (2005), o álbum apresenta dez inéditas. Já nas três primeiras faixas - The Bandstand, Riding the Crest e What There Is - fica claro que o trio segue a mesma trilha do tecnopop sem a pegada dos velhos tempos. Para piorar, há baladas - Shadowside e Real Meaning, entre elas - que sequer roçam a inspiração já obtida pelo grupo no gênero. A faixa-título - Foot of the Mountain, já lançada como single em abril - acaba sendo o melhor momento de disco chato que sinaliza que o pop sintetizado do A-ha já está fora do prazo de validade. Mas foi bom.

Zoli revive hits próprios e alheios em Diamantes

Em 2009, a rigor, o lutador Claudio Zoli contabiliza exatos 26 anos de carreira, pois seu primeiro e maior hit - Noite do Prazer, gravado com o grupo Brylho - é de 1983. Mas Zoli arredonda a data em Diamantes ao Vivo - 25 Anos, um projeto retrospectivo que a Universal Music distribui nas lojas, nos formatos de CD e DVD, neste mês de junho de 2009. No registro ao vivo do show, Zoli rebobina sucessos próprios (Felicidade Urgente, Livre pra Viver, Criminoso Sutil e Cada Um, Cada Um) e alheios (Que Maravilha - de Jorge Ben Jor e Toquinho - e Linha do Equador, bisssexta parceria de Djavan com Caetano Veloso). A balada que empresta seu título ao CD e DVD, Diamantes, é inédita.

Beyoncé, McFly e Peyroux na trilha das Índias

Terceiro single do terceiro álbum de Beyoncé, I Am... Sasha Fierce (2008), a balada Halo figura na trilha sonora internacional da novela Caminho das Índias. Já com expressiva rotação nas rádios de São Paulo (SP), Halo abre o CD que a gravadora Som Livre põe nas lojas ainda neste mês de junho de 2009. A trilha agrega fonogramas de Katy Perry (Thinking of You), Madeleine Peyroux (To Love You All Over Again), Kings of Leon (com Use Somebody), McFly (Lies) e Orishas (Publico), entre outros nomes.

Hits do Roupa Nova em versões instrumentais

Saxofonista, flautista e gaitista que toca com o Roupa Nova, Daniel Musy lança disco com versões instrumentais de hits do grupo, com aval do próprio sexteto. O CD Roupa Nova Convida Daniel Musy traz no toque do instrumentista 12 sucessos radiofônicos. Entram na seleção Sensual, A Viagem, Clarear, Tímida, Chama, Anjo, Volta pra mim, Seguindo no Trem Azul e Canção de Verão, entre outras músicas originalmente lançadas pelo grupo entre 1981 e 1996. O álbum está sendo distribuído pelo selo Roupa Nova Music.

11 de junho de 2009

Primeira coletânea de Lenine sai na série Perfil

Doze anos depois de se lançar em carreira solo com o álbum O Dia em que Faremos Contato (1997), Lenine ganha a primeira coletânea de sua obra feita para o mercado fonográfico brasileiro (houve uma editada em 2007 pela Six Degree Records nos Estados Unidos). Fabricada em formato digipack, como parte dos festejos pelos 40 anos da gravadora Som Livre, a compilação nacional sai dentro da série Perfil e chega às lojas ainda neste mês de junho de 2009. Eis as 14 faixas - a maioria vinda dos CDs iniciais de Lenine:
1) Jack Soul Brasileiro
2) Paciência
3) Do It
4) Hoje Eu Quero Sair Só
5) O Marco Marciano
6) O Homem dos Olhos de Raio X
7) Relampiano
8) A Medida da Paixão
9) Lavadeira do Rio
10) Tubi Tupy

11) Rosebud (O Verbo e a Verba)
12) É o que me Interessa
13) A Rede
14) O Dia em que Faremos Contato

Vigoroso, Harper combina rock com blues e soul

Resenha de CD
Título: White Lies
for Dark Times
Artista: Ben Harper
and Relentless7
Gravadora: Virgin
/ EMI Music
Cotação: * * * *

A discografia de Ben Harper é das mais versáteis. O cantor e compositor norte-americano consegue transitar com habilidade do pop - a canção Boa Sorte / Good Luck, parceria de Harper com Vanessa da Mata, é exemplo de sua desenvoltura no gênero - ao gospel. Nessa vertente, o álbum gravado com o grupo The Blind Boys of Alabama é capaz de converter até o mais descrente dos poderes divinos. White Lies for Dark Times - álbum gravado por Harper com sua atual banda, Relentless 7 - flagra o artista em momento roqueiro. O grupo foi formado a partir de uma sessão de gravação do álbum anterior de Harper, Both Sides of the Gun (2006). Convidado para adicionar sua guitarra em algumas faixas, Jason Mozersky trouxe ao estúdio o baterista Jordan Richardson e o baixista Jesse Ingalls, semeando a formação do Relentless7. Lançado no Brasil neste mês de junho de 2009, o CD White Lies for Dark Times tem pegada e energia bem fortes. Trata-se, em essência, de um disco de rock, mas este é combinado com blues (como nas faixas Number with No Name e Why Must You Always Dress in Black?) e com soul (como na irresistível Lay There & Hate me). As guitarras reinam em temas como Shimmer & Shine. Mas, entre petardos, há também uma ou outra balada sedutora como Skin Thin. Enfim, um grande disco - sem firulas e, por isso mesmo, eficiente - que reafirma o talento (versátil!) da obra de Ben Harper.

'Dentro' é a música que puxa sétimo CD de Ana

Dentro é a música eleita para começar a promoção do CD de inéditas que Ana Carolina vai lançar em julho de 2009 via Sony Music. Sétimo título da forte discografia da artista (incluindo Ana & Jorge, dividido com Seu Jorge), o álbum foi produzido por Alê Siqueira, Mario Caldato Jr. e Kassin. Por ora, a música Dentro pode ser ouvida com exclusividade por clientes da empresa de telefonia móvel Tim, através de um download gratuito e legalizado, feito através de celular até o fim deste mês de junho. O repertório do CD apresenta inéditas como Entreolhares, feita por Ana com o (fiel) parceiro Antonio Villeroy.

Moyseis foca o romantismo autoral na atual fase

Resenha de CD
Título: Fases do
Coração
Artista: Moyseis Marques
Gravadora: Deckdisc
Cotação: * * * 1/2

Moyseis Marques é uma das vozes que se fizeram ouvir no circuito de shows da Lapa, o boêmio bairro do Centro do Rio de Janeiro (RJ) que teve papel fundamental na renovação do público do samba. Em seu segundo disco, Fases do Coração, o cantor tenta se impor como compositor, engatando parceria com Edu Krieger, colaborador de temas como Da Maneira que Ficou (faixa pontuada pelo sax soprano de Samuel de Oliveira), Entre Girassóis (de natureza poética e melódica) e o samba que dá título ao CD, produzido por Paulão Sete Cordas. Como já deixa entrever seu título, Fases do Coração foca o romantismo, mas sem nunca escorregar em terreno brega. Entre a luz melancólica que ilumina Sonho e Saudade (rara joia do alto quilate de Ivone Lara e Délcio Carvalho) e Oitava Cor (obra-prima da lavra de Luiz Carlos da Vila com Sombra e Sombrinha), há a descontração de Pretinha, Joia Rara - o desencanado samba que toca na trilha sonora da novela Caminho das Índias e que atesta a promissora habilidade de Marques como compositor. Fato reafirmado também no serelepe Panos e Planos, criado pelo artista com Luiz Carlos Máximo. Aliás, um dos pontos positivos do disco é a variação de tons. Se Tem Hora (parceria de Moyseis com Zé Paulo Becker) tem ligeiro clima de gafieira, Subúrbio (o mediano samba lançado pelo autor, Chico Buarque, em seu álbum Carioca, de 2006) adquiriu um caráter seresteiro, quase à moda antiga. Enfim, o segundo CD de Moyseis Marques reflete a boa fase vivida tanto pelo samba quanto pelo artista, em batalha para se fazer ouvir além das fronteiras da Lapa.

Batidas artificiais envolvem CD pop de Wanessa

Resenha de CD
Título: Meu Momento
Artista: Wanessa
Gravadora: Sony Music
Cotação: * *

Embora Meu Momento já seja o sétimo CD de Wanessa (agora sem o Camargo no nome artístico), a persistente neta de Francisco sempre esteve em evidência na mídia mais por sua vida particular do que por sua música. O atual álbum é tentativa de Wanessa de se fazer notar fora do circuito de celebridades. A produção - a cargo do DJ Deeplick e de Denilson Miller - procura inserir a artista na cena pop contemporânea, à moda norte-americana. Aliás, a audição de Fly - primeiro single do CD, gravado em dueto com o rapper Ja Rule - pode fazer um desavisado supor que a gravação é de uma das muitas cantoras dos EUA que se debatem uniformes ao seguir a receita padronizada do mix de r & b, pop e rap que vem regendo a indústria musical daquele país. Impressão reforçada em faixas como Não me Leve a Mal (Let me Live), descontado o fato de, nesta e nas outras faixas, Wanessa cantar em português. Temas envolvidos em moldura eletrônica - em especial, Dono da Noite e Desejos - acenam para as pistas. O problema é que o CD soa artificial como as batidas que envolvem a voz de Wanessa, dando a impressão de que a guinada foi planejada em seus mínimos detalhes na sala de marketing da gravadora Sony Music. Prejudica o fato de Deeplick querer se impor como compositor através de Wanessa. Ele assina, com diversos parceiros, a maior parte do irregular repertório. No meio de tanta música estéril, há genuína delícia pop, Máquina Digital. Em contrapartida, a balada Sentido à Minha Vida faz Wanessa repisar o sentimentalismo brega que norteou boa parte de sua incoerente discografia. E, por fim, há a presença inusitada (mas harmoniosa) de Rita Lee na regravação moderninha de Coisas da Vida, balada lançada pela roqueira em 1976 em seu terceiro álbum gravado com o grupo Tutti & Frutti, Entradas e Bandeiras. Enfim, Meu Momento flagra Wanessa em busca de uma identidade no mercado fonográfico. Retrata o atual momento da artista com a sensação de que o próximo pode ser bem diferente caso sua guinada pop não lhe dê o status tão almejado na cena pop nacional. Em suma, o disco resulta artificial.

10 de junho de 2009

Roupa edita último de Sá, Rodrix & Guarabyra

Concluído em 2008, o álbum que apresenta repertório inédito do trio Sá, Rodrix & Guarabyra - Amanhã - vai ser editado pelo selo Roupa Nova Music, do grupo Roupa Nova, no segundo semestre de 2009. Trata-se do último trabalho fonográfico finalizado por Zé Rodrix (1947 - 2009), morto no último dia 22 de maio. O CD tem produção e arranjos vocais de Tavito. Dia do Rio, Sonho Triste em Copacabana, Novo Rio, Cidades Meninas e Amanhece um Outro Dia (tema da novela Revelação) são cinco das 12 músicas do CD.

Ferriani lança em julho disco feito com Saraiva

Quatro meses depois de editar bom primeiro disco, produzido por BiD, Verônica Ferriani já se prepara para lançar outro CD em julho de 2009. Desta vez, álbum dividido com o violonista Chico Saraiva. O repertório é formado por treze inéditas parcerias de Saraiva com o letrista Mauro Aguiar. Resultante da vitória da dupla em concurso realizado pelo Projeto Pixinguinha, a gravação do álbum contou com adesões de Chico César (voz), Marcelo Pretto (voz), Carlos Malta (flauta) e Toninho Ferragutti (sanfona). O CD do duo foi selecionado entre mais de 500 projetos.

Bonadio dilui pulso dos Titãs em disco anêmico

Resenha de CD
Título: Sacos Plásticos
Artista: Titãs
Gravadora: Arsenal Music
/ Universal Music
Cotação: * *

Sacos Plásticos não chega a ser título de todo incoerente em discografia que inclui um caça-níqueis como As Dez Mais (1999). Mas assusta ver uma banda com o histórico dos Titãs se render ao som padronizado de Rick Bonadio, produtor associado a grupos como Charlie Brown Jr. e NX Zero. É fato que, desde a saída de Arnaldo Antunes no início dos anos 90, os Titãs vem perdendo força. Mas é fato também que, mesmo reduzido a um quinteto com a morte de Marcelo Fromer (em 2001) e com a posterior saída de Nando Reis, o grupo chegou a fazer discos dignos, caso de Como Estão Vocês? (2003), álbum que tinha pegada e que acabou eclipsado no todo pela exposição da balada Enquanto Houver Sol. Sacos Plásticos não tem a pegada dos Titãs. Talvez pela onipresença das programações e dos teclados pilotados por Rick Bonadio na maior parte das 14 inéditas. Entre reggaes (Quanto Tempo e Nem Mais Uma Palavra, este pontuado pela escaleta tocada por Sérgio Britto), baladas (Deixa Eu Sangrar, Antes de Você e Quem Vai Salvar Você do Mundo?) e eventuais rocks, Sacos Plásticos se revela anêmico, asséptico e quase banal. Há, sim, um grande momento: Deixa Eu Entrar, parceria dos músicos com Andreas Kisser. A faixa tem peso (inclusive o da guitarra de Kisser) e, sobretudo, a atitude condizente com o histórico dos Titãs. Justiça seja feita: a balada Porque Eu Sei que É Amor - uma das três faixas que ganharam cordas gravadas em Nashville (EUA) - é uma das melhores do grupo no gênero e tem cacife para se converter em provável hit radiofônico, talvez até mais do que a canção escolhida para single, Antes de Você, de polido tom romântico. Justiça seja feita de novo: Bonadio não pode ser responsabilizado pela irregularidade da atual safra de inéditas dos Titãs. Temas fracos como Amor por Dinheiro e Sacos Plásticos soam como arremedos de músicas anteriores do grupo. Contudo, por pior que seja o repertório, o tratamento dado a ele não foi dos mais felizes. Múmias abusa dos recursos eletrônicos e os desperdiça numa batida trivial. E basta ouvir A Estrada e Não Espere Perfeição - faixas em que os Titãs tocam sozinhos, sem a presença de Bonadio - para concluir que o produtor engessou o som do grupo. Os Titãs parecem plastificados na moldura pop de seu atual produtor. E sua história foi para o saco. Juntamente com a já escassa credibilidade da banda. Será que o pulso ainda pulsa??

Vanusa volta aos estúdios para regravar Beatles

Há mais de dez anos fora do mercado fonográfico, Vanusa voltou aos estúdios a convite do produtor Marcelo Fróes para pôr sua voz - popularizada nos anos 70 em músicas como Manhãs de Setembro e Sonhos de um Palhaço - em trecho da faixa feita pela banda paulistana Pochete Set para o álbum que vai reunir inéditas regravações da obra composta pelos Beatles em 1969. A música em que Vanusa canta é Sun King, tema de John Lennon (1940 - 1980) cuja letra inclui estrofe em várias línguas que já tinha sido gravada pela cantora em 1975 como citação da faixa-título de seu álbum mais direcionado para a MPB, Amigos Novos e Antigos.

Proveta viaja pelo Brasil com sax e com Carrilho

Brasileiro Saxofone - CD que a Acari Records lança ainda neste mês de junho de 2009 - junta o violonista Maurício Carrilho com o saxofonista Nailor Proveta (à direita na foto que flagra momento da gravação do disco). A ideia é fazer em 12 faixas viagem pelos ritmos brasileiros, guiada pelo sax de Proveta. O repertório inclui Inclemência (Guerra Peixe), Ternura - um hit nas rodas de choro e uma das músicas mais conhecidas do saxofonista e clarinetista potiguar Sebastião Barros, o K-Ximbinho - e Saxofone, Por que Choras?, tema de Ratinho. Choro e divertimento é faixa dedicada à flautista Maria Ozzetti. O pianista Cristovão Bastos participa do CD.

9 de junho de 2009

'Humbug' é o título do terceiro CD dos Monkeys

Humbug é o título do terceiro álbum do quarteto britânico Arctic Monkeys. O anúncio foi feito pelo grupo nesta terça-feira, 9 de junho de 2009. Com produção dividida entre James Ford e Josh Homme (do grupo Queens of the Stone Age), Humbug traz dez músicas inéditas da lavra autoral da banda. O lançamento está confirmado pela gravadora EMI Music para 24 de agosto de 2009.

Zeca lidera indicações ao 20º Prêmio de Música

Anunciada nesta terça-feira, 9 de junho de 2009, a longa lista de indicados à 20ª edição do Prêmio da Música Brasileira é liderada por Zeca Pagodinho, que angariou cinco nomeações por conta do álbum Uma Prova de Amor. Referente à produção fonográfica de 2008, a lista contabiliza 103 indicados em 16 categorias, eleitos pelo júri a partir da avaliação dos 809 CDs e 137 DVDs inscritos. A cada ano, tem soado mais coerente a lista do prêmio mais abrangente da música brasileira - desta vez, bancado por seu idealizador, José Maurício Machline, devido à retirada do habitual patrocínio de uma empresa de telefonia móvel que emprestava seu nome ao evento. As únicas distorções acontecem na sempre genérica categoria Canção Popular (um eufemismo para brega), que agrega este ano indicações para as cantoras Maria Alcina e Wanderléa, cujos últimos discos são mais identificados com a MPB do que com a tal Canção Popular. Sem falar em Zé Geraldo, cujo trabalho é mais apropriado para a também polêmica categoria Regional. A cerimônia de premiação - agendada para 1º de julho no Canecão (RJ) - acontecerá em festa-show que vai prestar tributo à obra da cantora Clara Nunes (1942 - 1983). Eis a lista de indicados à 20ª edição do guerreiro Prêmio da Música Brasileira:

CATEGORIA ARRANJADOR
- Jaques Morelenbaum - 'E a Música de Tom Jobim'

- Rildo Hora - 'Uma Prova de Amor'
- Wagner Tiso - 'Samba & Jazz - Um Século de Música'


CATEGORIA CANÇÃO
- 'Acabou meu Sossego', de Nelson Sargento e Agenor de Oliveira

- 'Então Leva', de Bira da Vila e Luiz Carlos da Vila

- 'Uma Prova de Amor', de Nelson Rufino e Toninho Geraes


CATEGORIA PROJETO VISUAL
- Disco 'Francisco, Forró y frevo' - Adams Carvalho
- Disco 'Inclassificáveis' - Cássia D'elia
- Disco 'Omara Portuondo
e Maria Bethânia' - Gringo Cardia

CATEGORIA REVELAÇÃO
- A Trombonada (Independente)
- Warley Henrique (Independente)
- Zabé da Loca (Crioula Records)

CATEGORIA CANÇÃO POPULAR
MELHOR DISCO:
- 'Confete e Serpentina' - Maria Alcina
- 'Nova Estação' - Wanderléa
- 'É Tempo de Amar' - Zé Renato
MELHOR DUPLA:
- Rick e Renner ('Passe o Tempo que Passar')
- Rio Negro e Solimões ('Arrastão')
- Zezé di Camargo & Luciano ('Zezé di Camargo & Luciano')
MELHOR GRUPO:
- Banda Calypso ('Acústico')
- Doces Cariocas ('Doces Cariocas')
- The Originals ('A Festa Continua')
MELHOR CANTOR:
- Eduardo Canto ('Lupicínio Rodrigues')
- Zé Geraldo ('Catadô de Bromélias')
- Zé Renato ('É Tempo de Amar')
MELHOR CANTORA:
- Maria Alcina ('Confete e Serpentina')
- Renata Arruda ('Deixa')
- Wanderléa ('Nova Estação')

CATEGORIA INSTRUMENTAL
MELHOR DISCO:
- 'Brasilianos 2' - Hamilton de Holanda

- 'Forró e Choro Vol. 1' - Marcelo Caldi e Fábio Luna
- 'Passo de Anjo ao Vivo' - Spok Frevo Orquestra
MELHOR SOLISTA:
- Alessandro Penezzi ('Sentindo')
- Hamilton de Holanda ('Brasilianos 2')
- Toninho Horta ('Cape Horn')

MELHOR GRUPO:
- Curupira ('Pés no Brasil, Cabeça no Mundo')
- Quarteto Maogani ('Impressão de Choro' )
- Spok Frevo Orquestra ('Passo de Anjo ao Vivo')


CATEGORIA MPB
MELHOR DISCO:
- 'Banda Larga Cordel' - Gilberto Gil
- 'Novas Bossas' - Milton Nascimento e Jobim Trio

- 'Telecoteco' - Paula Morelenbaum
MELHOR GRUPO:
- Bossacucanova ('Ao Vivo')
- Pedro Luis e a Parede ('Ponto Enredo')
- Quinteto Violado ('Quinto Elemento')
MELHOR CANTOR:
- Gilberto Gil ('Banda Larga Cordel')
- Milton Nascimento ('Novas Bossas')
- Ney Matogrosso ('Inclassificáveis')
MELHOR CANTORA:
- Áurea Martins ('Até Sangrar')
- Marisa Monte ('Infinito ao meu Redor')
- Rosa Passos ('Romance')

CATEGORIA POP/ROCK
MELHOR DISCO:
- 'Barraco Dourado' - Bangalafumenga
- 'Labiata' - Lenine
- 'A Arte do Barulho' - Marcelo D2
MELHOR GRUPO:
- Bangalafumenga ('Barraco Dourado')
- O Rappa ('7 vezes' )
- Skank ('Estandarte')
MELHOR CANTOR:
- Lenine ('Labiata')
- Toni Platão ('Pros que Estão em Casa')
- Zé Ramalho ('Canta Bob Dylan - Tá Tudo Mudando')
MELHOR CANTORA:
- Ana Carolina ('Dois quartos - Ao Vivo')
- Cibelle ('Cibelle')
- Paula Toller ('Nosso')


CATEGORIA REGIONAL
MELHOR DISCO:
- 'Francisco, Forró y Frevo' - Chico César
- 'Cantar Caipira' - Pena Branca
- 'Cidade e Rio' - Roberto Mendes
MELHOR DUPLA:
- Chitãozinho e Xororó ('Grandes Clássicos Sertanejos I e II')
MELHOR GRUPO:
- Fim de feira ('A revolução dos Pebas' )
- Mazuca de Agrestina ('Mazuca de Agrestina')
- Orquestra Contemporânea de Olinda
MELHOR CANTOR:
- Chico César ('Francisco, Forró y Frevo')
- Pena Branca ('Cantar Caipira')
- Zé Paulo Medeiros ('Cine Mazzaropi')
MELHOR CANTORA:
- Lia de Itamaracá ('Ciranda de Ritmos')
- Lúcia Menezes ('Pintando e Bordando' )
- Renata Rosa ('Manto dos sonhos')

CATEGORIA SAMBA
MELHOR DISCO:
- 'Estação Melodia ao Vivo' - Luiz Melodia
- 'Versátil' - Nelson Sargento
- 'Uma Prova de Amor' - Zeca Pagodinho
MELHOR GRUPO:
- Grupo Fundo de quintal ('Samba de Todos os Tempos')
- Partideiros do Cacique ('Filhos da Fé')
- Quinteto em branco e preto ('Patrimônio da Humanidade')
MELHOR CANTOR:
- Luiz Melodia ('Estação Melodia ao Vivo')
- Nelson Sargento ('Versátil')
- Zeca Pagodinho ('Uma Prova de Amor')
MELHOR CANTORA:
- Dona Inah ('Olha Quem Chega')
- Leci Brandão ('Eu e o samba')
- Mart'nália ('Madrugada')


CATEGORIA ESPECIAL
DVD:
- Antonio Nóbrega, 'Nove de Frevereiro', diretor Walter Carvalho
- Luiz Melodia, 'Estação Melodia ao vivo', diretor Danilo Bechara
- Toni Platão, 'Pros que Estão em Casa', diretor Gringo Cardia

DISCO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
- 'My Baby Just Cares for me' - Delicatessen
- 'Something for You' - Eliane Elias
- 'Encanto' - Sérgio Mendes

DISCO ERUDITO:
- 'Missa de N. Sra. da Conceição & Credo em Si Bemol'
Orquestra Sinfônica Brasileira da Cidade do Rio de Janeiro
- 'Heitor Villa-Lobos Choros n° 2,3,10,12' -
Osesp
- 'Tchaikovsky Sinfonia n° 4 Capricho Italiano' - Osesp


DISCO INFANTIL:
- 'Mundiverso' - Escola Trilhas e Instituto Stagium'
- 'Contando e Cantando Histórias' - Grupo Pererê
- 'Carnaval Palavra Cantada' - Sandra Peres e Paulo Tatit

DISCO PROJETO ESPECIAL
- 'Omara Portuondo e Maria Bethânia'
- 'O samba Informal de Mauro Duarte' -
Samba de Fato e Cristina Buarque
- 'Entre Cordas' - Zezé Gonzaga

DISCO ELETRÔNICO:
- 'Lounge Vol. 1' - DJ Cleston
- '1 Real' - DJ Dolores
- 'Punx' - Guizado

'Tecnomacumba' ganha tardio registro em DVD

Rita Ribeiro vai refazer seu show de maior sucesso, Tecnomacumba, para, enfim, gravar o DVD do espetáculo que estreou em 2003. A (tardia) gravação ao vivo foi agendada para 3 de julho de 2009, em apresentação na casa carioca Vivo Rio. A cantora chegou a anunciar a gravação do DVD para 12 de dezembro de 2007, em apresentação no Canecão (RJ), mas a falta de patrocínio inviabilizou o registro na ocasião e Rita partiu para outros (belos) trabalhos, tendo desde então estreado outro espetáculo, (Sub)Urbano Coração, e dividido o palco com Jussara Silveira e Teresa Cristina em projeto paralelo (Três Meninas do Brasil, já editado em CD e DVD). Desta vez, porém, já está certo: o cultuado Tecnomacumba vai virar DVD, a ser lançado até o fim de 2009.

Bublé lança registro de show no Square Garden

Com cotação alta no mercado fonográfico (o americano) por conta do êxito de seu último CD, Call me Irresponsible (2007), Michael Bublé vai lançar nos Estados Unidos na próxima terça-feira, 16 de junho de 2009, CD e DVD - reunidos no mesmo produto - com a gravação ao vivo do show feito pelo crooner-galã no Madison Square Garden (Nova York, EUA) em 5 de dezembro de 2008. Michael Bublé Meets Madison Square Garden perpetua no CD dez números do show (Crazy Little Thing Called Love, Me and Mrs. Jones, Home, Feeling Good, I'm your Man e Song for You, entre eles). Já o DVD exibe 60 minutos do show e inclui duas músicas-bônus (You're Nobody 'Til Somebody Loves You e Stardust). O registro ao vivo de Bublé é editado via Reprise.

Moinho faz DVD sob batuta de Berna & Kassin

Após cinco anos de shows, o trio Moinho - formado por Emanuelle Araújo (voz), LanLan (percussão) e Toni Costa (guitarra) - vai gravar seu primeiro DVD. O registro audiovisual - a ser editado também em CD pela EMI Music - foi agendado para 18 de junho de 2009, no Circo Voador, na Lapa, o bairro do Rio de Janeiro (RJ) que abrigou os primeiros shows do grupo. Berna Ceppas e Kassin assinam a produção musical do DVD do Moinho, cujo som reergue a ponte Rio-Bahia. O repertório terá inéditas e, claro, o hit Esnoba.

Trilha de filme sobre Noel chega atrasada ao CD

Lançado no cinema em 2007, o filme Noel - Poeta da Vila - dirigido por Ricardo Van Steen - teve sua trilha sonora produzida por Arto Lindsay com a direção musical do violonista Luís Filipe de Lima. Com atraso, a trilha chega ao CD (capa à direita), editado neste mês de junho de 2009 pela gravadora Lua Music com 29 músicas em gravações inéditas de nomes como Carol Bezerra (Rapaz Folgado e Feitiço da Vila), Otto (Tenho Raiva de Quem Sabe) e Wilson das Neves (Último Desejo), entre outros. Ator que encarnou Noel Rosa (1910 - 1937) no filme, Rafael Raposo interpreta temas como Só Pode Ser Você, Pela Décima Vez, Gago Apaixonado e Silêncio de um Minuto. A maioria das músicas é obviamente de Noel Rosa, mas a trilha inclui também obras de compositores contemporâneos do genial Poeta da Vila, casos do esquecido Almirante (1908 - 1980) e Wilson Batista (1913 - 1968).

8 de junho de 2009

'Balangandãs' de Carmen reluzem na voz de Ná

Resenha de CD
Título: Balangandãs
Artista: Ná Ozzetti
Gravadora: MCD
Cotação: * * * * 1/2

A abordagem do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955) por Ná Ozzetti no delicioso CD Balangandãs resulta ainda mais feliz do que no show que gerou o disco de estúdio. Com seu fraseado límpido, a notável cantora revive 15 músicas gravadas por Carmen entre 1934 e 1942. Não há a intenção de reproduzir a vivacidade natural da Brazilian Bombshell. É com leveza e frescor próprios que Ná interpreta temas como Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937). É fato que o brilho do disco deve ser creditado tanto ao canto da artista quanto aos arranjos dos violonistas Dante Ozzetti e Mário Manga, integrantes da banda que conta também com o baterista Sérgio Reze e com o baixista Zé Alexandre Carvalho. Arranjos invariavelmente criativos, como pode ser percebido - somente para citar um exemplo - na marcação rítmica de Tic Tac do meu Coração (Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, 1935). Não é à toa que todos assinam a produção ao lado de Alberto Ranellucci e da própria Ná. Os músicos, aliás, atuam também no coro das faixas Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938), Diz que Tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940) e A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939). Contudo, no que diz respeito aos vocais, é Ná quem reina soberana. Seja saboreando cada verso de Disseram que Eu Voltei Americanizada (Luiz Peixoto e Vicente Paiva, 1940) com divisão que imprime certa ironia ao samba com que Carmen se defendeu de seus acusadores na volta do Brasil. Seja mostrando vivacidade ao interpretar pérolas como O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937) - no caso, também com breve auxílio vocal dos músicos da banda. Não fosse pela única música menor da seleção, Chattanooga Choo-Choo (Harry Warren, M. Gordon e Aloysio de Oliveira, 1942), Balangandãs seria irretocável (o tema que exemplifica a fase norte-americana de Carmen soa mais sedutor no show). Enfim, muitas tem sido as abordagens do vasto repertório de Carmen Miranda neste ano em que se celebra o centenário de nascimento da artista, mas poucas, talvez mesmo nenhuma, resultaram tão dignas de Carmen quanto o álbum da também notável Ná Ozzetti - destaque do ano fonográfico desde já.

Segundo CD de Diogo traz samba e voz de Chico

A foto acima - da Cia. da Foto - flagra o encontro de Chico Buarque com Diogo Nogueira no estúdio, no registro do inédito samba Sou Eu, letrado por Chico a partir de uma melodia de Ivan Lins. Chico engrossa o coro da gravação feita para o segundo disco de Diogo, Tô Fazendo a Minha Parte, nas lojas ainda em junho via EMI Music. A faixa conta com o bandolim de Hamilton de Holanda, recrutado a pedido de Chico. Detalhe: consta que o tal samba tinha sido dado a Simone para o próximo disco de inéditas da cantora...

No palco, 'Coração' de Baleiro pulsa com saúde

Resenha de Show
Título: O Coração do Homem-Bomba
Artista: Zeca Baleiro
Local: Canecão (RJ)
Data: 7 de junho de 2009
Cotação: * * * 1/2

Desde que expressou no título firme de seu segundo álbum (Vô Imbolá, 1999) a opção por fazer música calcada na diversidade rítmica nacional, Zeca Baleiro tem construído obra coerente que ecoa referências de rock, cordel, sons do Norte, canções líricas e do brega que reina nos interiores do Brasil. Tal mix de influências pulsa no show O Coração do Homem-Bomba, baseado nos dois volumes do álbum homômino, editados por Baleiro em 2008. Trata-se de show vigoroso, cujo roteiro concilia tanto a leveza do fox Uma Loira (Hervé Cordovil) - entoado quase a capella, com ritmo marcado pelo estalar dos dedos do cantor e dos músicos da banda Os Bombásticos - quanto o peso do Heavy-Metal do Senhor, último número do generoso bis que agrega canção (Bandeira), repente (Eu Detesto Coca-Light, parceria com Chico César) e tema de inspiração afro (Mamãe Oxum). Salada mista temperada com a verve exposta pelo artista maranhense desde seu primeiro álbum.
É fato que, no começo, O Coração do Homem-Bomba bate uniforme. Há certa linearidade na pegada do bloco inicial do roteiro, quando Baleiro enfileira músicas como Você Não Liga pra mim, Alma Não Tem Cor, Elas por Elas, Salão de Beleza e Ela Falou Malandro - números em que se evidencia a presença fundamental do naipe de metais que encorpa os arranjos e a banda. A primeira variação de tom e clima vem com a canção Você É Má. Em seguida, Baleiro marca golaço com Bola Dividida, reconstruindo o samba de Luiz Ayrão e mostrando que sabe se apropriar com inteligência de repertório alheio. De sua própria lavra, a canção Quase Nada (parceria com Alice Ruiz) surge bela no show, pontuada pela guitarra slide de Tuco Marcondes. Na sequência, outro grande momento: Boi do Dono, número de voz-e-violão. No retorno da banda à cena, a canção Débora marca presença com suas rimas ácidas em clima leve que vai ganhando peso e metais em números seguintes como o samba-funk Vai de Madureira (pérola repleta de verve que passou despercebida no álbum que marcou a volta das Frenéticas em 2001) e Toca Raul. Enfim, no palco e nos discos, o coração de Zeca Baleiro continua pulsando saudável no ritmo da diversidade. Ele imbola com êxito.

Ed volta a cantar em português em 'Piquenique'

Menos de um ano após lançar seu primeiro álbum todo em inglês (Chapter 9, 2008) com eventuais climas roqueiros e lisérgicos, Ed Motta - em foto extraída do MySpace - retorna ao seu idioma nativo no álbum que apronta pela gravadora Trama. Piquenique é o título do CD, que tem tom dançante e inclui faixas como Pé na Jaca. O cantor presta um tributo ao suingue sessentista de Wilson Simonal (1938 - 2000) e Cia. na música A Turma da Pilantragem.

Chega às rádios inédita que puxa DVD de Jorge

Pessoal, Particular é a música (inédita) que puxa América Brasil - O DVD, registro audiovisual filmado por Seu Jorge em janeiro de 2009 em show na casa Citibank Hall, em São Paulo (SP). Parceria de Jorge com Peu Meurray e com Leonardo Reis, Pessoal, Particular chega às rádios nesta segunda-feira, 8 de junho de 2009, em single de cunho promocional enviado pela gravadora EMI Music. Nas lojas em breve, o DVD traz um documentário e a participação do cantor e compositor irlandês Damien Rice, cuja canção The Blower's Daughter foi popularizada por Seu Jorge no Brasil em 2005 numa versão em português intitulada É Isso Aí e gravada com Ana Carolina para o CD e DVD Ana & Jorge. Rice canta a música em inglês com Jorge.

7 de junho de 2009

Delicadeza pauta o disco mais autoral de Luiza

Resenha de CD
Título: Bons Ventos Sempre Chegam
Artista: Luiza Possi
Gravadora: LGK Music / Som Livre
Cotação: * * *

Nas lojas esta semana, Bons Ventos Sempre Chegam é o quinto CD de Luiza Possi, o quarto de estúdio e o primeiro de repertório mais autoral, contabilizando seis temas da novata compositora (cinco feitos em parceria com Dudu Falcão) em 13 faixas. Por mais que flerte com o pop sem identidade que impera nas rádios em faixas como De Graça, o álbum não se rende a ele. Trata-se de um disco pautado pela delicadeza, mérito do produtor Max Viana, hábil no tratamento da (ainda) irregular obra autoral da artista. Basta confrontar o registro de estúdio de Eu Espero - uma das parcerias de Luiza com Dudu - com as versões ao vivo dos shows para atestar o progresso da obra autoral da filha de Zizi.
Em essência, Bons Ventos Sempre Chegam sopra músicas melodiosas como Paisagem (faixa na qual a cantora se aventura como pianista) e Minha Mãe, destaque do repertório. O álbum foi urdidos com registros suaves e vocais harmoniosos, qualidades bem perceptíveis em Pipoca Contemporânea e na bela faixa de abertura, Vou Adiante, versão de Chico César para Plus Vivant, tema de Lokua Kanza, cantor e compositor africano que une sua voz à de Luiza na faixa. Entre inéditas de Lula Queiroga e de Moska (Agora É Tarde, com o típico dna melódico do autor), Luiza Possi reafirma a beleza de seu fraseado em Cantar, música de Godofredo Guedes (pai de Beto) que se ajusta com perfeição ao tom delicado do disco. Pena que tanto a música de Queiroga (Pode Dar) quanto a parceria de Samuel Rosa com Chico Amaral (Ao meu Redor) não estejam à altura de seus autores. No entanto, pela produção bem azeitada, o CD confirma a evolução contínua da cantora que agora também se revela compositora. Ventos já sopram a favor de Luiza.

Jay-Z lança 'Blueprint 3' com produção de West

Rapper projetado na (movimentada) cena norte-americana de hip hop dos anos 90, Jay-Z volta ao mercado fonográfico em 11 de setembro de 2009 com a edição de um álbum produzido por Kanye West. Editado pela Roc Nation, a gravadora do próprio Jay-Z, The Blueprint 3 fecha uma trilogia que já rendeu os discos The Blueprint (2001) e The Blueprint²: The Gift & the Curse (2002). O último CD de Jay-Z, American Gangster, é de 2007.

Extras do Pato Fu rendem curioso DVD caseiro

Resenha de DVD
Título: Extra! Extra!
Artista: Pato Fu
Gravadora: Rotomusic
Cotação: * * *

Ciente de que os extras às vezes são a parte bem mais saborosa de um DVD, o grupo Pato Fu captou em 2007 e 2008 cenas típicas de bônus ao longo da turnê promocional de seu último CD, Daqui pro Futuro (2007). Esse material foi organizado para originar o DVD Extra! Extra! - cujo conteúdo foi inteiramente disponibilizado para download gratuito no site oficial da banda, onde também é possível comprar o DVD em seu formato físico. De acabamento visual intencionalmente caseiro, mas com o áudio de boa qualidade, os extras do Pato Fu resultam curiosos, ainda que de interesse restrito para os fãs de John Ulhoa, Fernanda Takai e Cia. Entre dois documentários (Pra Onde a Gente Vai Agora? e Japão 2007), cinco clipes (incluindo raro vídeo da música Rotomusic de Liquidificapum, captado de forma tosca em 1992) e 11 fake demos (a rigor, takes das músicas de Daqui pro Futuro feitos durante a gravação do CD), Extra! Extra! diverte especialmente na seção Lições da Estrada - Coisas que Aprendi em Turnê com o Pato Fu. A fotógrafa Gabriela Lima reuniu cenas inusitadas do cotidiano da banda entre um show e outro. Há desde divagações sobre a banda Duran Duran até clipe que realça a eletricidade do baterista do grupo. Enfim, é DVD para fã. Mas não são fãs que costumam comprar DVDs de seus ídolos?...

CD de violões põe voz de Sacramento na cabeça

Resenha de CD
Título: Na Cabeça
Artista: Marcos
Sacramento
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * *

Ótimo cantor que ainda não obteve a devida projeção no (diluído) mercado fonográfico do Brasil, Marcos Sacramento vem reafirmando a modernidade da tradição ao revirar com inteligência o baú do samba em seus discos. Na Cabeça é seu CD de repertório mais contemporâneo, apesar de trazer recriações de um ou outro clássico como Último Desejo (em abordagem trivial do tema de Noel Rosa), A Rosa (o samba de Chico Buarque - de 1980 - desabrocha luminoso na divisão inusitada do intérprete), Minha Palhoça (J. Cascata - com uma apropriada citação de Tropicália, de Caetano Veloso) e Sim (Cartola e Oswaldo Martins). A opção de investir em cancioneiro mais contemporâneo já tinha sido sinalizada no álbum anterior do artista, Sacramentos (2006), em que ele gravou músicas de autores como Luis Flávio Alcofra, violonista egresso do grupo de choro Água de Moringa. Alcofra, a propósito, é um dos três violonistas que acompanham Sacramento no CD Na Cabeça, formando trio virtuoso com Zé Paulo Becker e Rogério Caetano (no violão de sete cordas). Os violonistas se dividiram também na concepção dos arranjos dos temas. Claro que, longe da segurança dos clássicos, o risco é maior. Nem todo o repertório está à altura do cantor, mas vale destacar Na Cabeça (parceria de Alcofra com Sacramento), Pavio (colaboração de Alcofra com o poeta Sérgio Natureza) e Morena (Maurício Carrilho e Paulo César Pinheiro). Contudo, basta ouvir a interpretação que o cantor dá ao Canto de Quero Mais (Zé Paulo Becker e Moyseis Marques) para ter certeza de que a voz de Marcos Sacramento precisa ser ouvida pelo Brasil.