Encantada, Família Caymmi reverencia Dorival
Resenha de Show
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *
"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Danilo, Dori e Nana desde sempre interpretaram o cancioneiro do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.
Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!
Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *
"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Danilo, Dori e Nana desde sempre interpretaram o cancioneiro do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.
Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!
Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!
6 Comments:
Resenha de Show
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *
"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Sim, Danilo, Dori e Nana sempre cantaram a obra majestosa do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.
Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!
Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!
Prezada Nana, se eu, um simples ouvinte, acho difícil viver sem a música, a genialidade, a simpatia do "papai" imagino sua dor e saudade. Mas bola pr'a frente que não é qualquer um não que recebe um "legado" deste.
Dorival é só magia. Não me surpreende. HERDEIROS DE SORTE.
rosemberg
nana, dori e danilo, são os verdadeiros presentes que dorival deixou pra nós.
Maravilhosos!Obrigado Caymmi!
Numa sexta feira de agosto do ano passado estava em Brasília e assisti a um show de Danilo Caymmi. Fiquei muito emocionado quando ele começou a cantar, junto com o público, a Suite dos Pescadores. Pensei que aquela emoção fosse também por estar longe de casa. No dia seguinte, soube da morte de Dorival pela televisão.
Postar um comentário
<< Home