13 de junho de 2009

Encantada, Família Caymmi reverencia Dorival

Resenha de Show
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *

"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Danilo, Dori e Nana desde sempre interpretaram o cancioneiro do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.

Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!

Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!

6 Comments:

Blogger Mauro Ferreira said...

Resenha de Show
Título: Concertos de Outono - Família Caymmi
Artista: Danilo, Dori e Nana Caymmi
Local: Teatro Tom Jobim (RJ)
Data: 12 de junho de 2009
Cotação: * * * * *

"É muito difícil viver sem meu pai. É muito difícil viver sem minha mãe", confidenciou Nana Caymmi ao público que lotou o Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico (RJ), na noite de sexta-feira, 12 de junho de 2009, para assistir a uma celebração da obra imortal de Dorival Caymmi (1914 - 2008) nas vozes dos três filhos do compositor. Sim, Danilo, Dori e Nana sempre cantaram a obra majestosa do patriarca da família. Mas houve aura especial de encantamento no show afetivo que reuniu os irmãos no palco pela primeira vez desde a morte de Dorival, em 16 agosto de 2008. E essa aura envolveu artistas e público em noite mágica. Que já teria caráter emblemático somente pelo fato de trazer Nana de volta aos palcos. E foi no auge da forma vocal, tão emocionada como emocionante, que a cantora abriu o roteiro - sozinha com o piano de Cristóvão Bastos - e lapidou sete sambas-canções de Dorival. Ouvir Nana cantar Só Louco, Sábado em Copacabana (passeando com calma e gosto por cada verso) e Não Tem Solução permitiu comprovar que sua voz intensa ainda não sofreu os efeitos do tempo - proeza já perceptível no álbum de inéditas, Sem Poupar Coração, que a trouxe de volta ao mercado fonográfico em abril de 2009. A emoção destilada por Nana ao interpretar Adeus foi pura. Em Nem Eu, ela se deu ao luxo de sublinhar com certa ironia a frase "quem inventou o amor não fui eu" ao acrescentar outro "não" ao fim do verso para enfatizar (mais!) a negação da sentença.

Sem largar o violão, Dori pouco canta. Mas, quando canta, é o irmão que mais remete ao timbre de Dorival, doce e profundo como o mar retratado nas canções praieiras. Em cena, Dori expôs sua preferência por João Valentão, mas, contraditoriamente, ele pareceu mais confortável na mansidão melódica de É Doce Morrer no Mar. Ou mesmo nos meandros da pouco conhecida Cantiga de Cego, boa surpresa do roteiro. Já Danilo, o mais comunicativo, procura evocar o balanço todo próprio dos chamados sambas sacudidos de Dorival. Em Vatapá, por exemplo, Danilo saboreia cada verso - ou ingrediente - da letra-receita. Antes, contudo, mostrou também intimidade com o universo dos sambas-canções do pai ao reviver Marina com Dori ao violão. Um grande número!

Juntos, unidos pela música e pelo afeto, os três irmãos caíram especialmente bem nos sambas de Dorival. Nana ensaiou até uns requebros em O Que É que a Baiana Tem? enquanto Danilo tocava flauta e Dori sintetizava no violão o suingue do tema. Enfim, um show irresistível como a música de Dorival Caymmi. E grandioso também em todos seus significados extra-musicais. Inesquecível!!

13 de junho de 2009 às 13:07  
Anonymous Anônimo said...

Prezada Nana, se eu, um simples ouvinte, acho difícil viver sem a música, a genialidade, a simpatia do "papai" imagino sua dor e saudade. Mas bola pr'a frente que não é qualquer um não que recebe um "legado" deste.

13 de junho de 2009 às 13:07  
Anonymous Anônimo said...

Dorival é só magia. Não me surpreende. HERDEIROS DE SORTE.

13 de junho de 2009 às 13:11  
Anonymous Anônimo said...

rosemberg

nana, dori e danilo, são os verdadeiros presentes que dorival deixou pra nós.

13 de junho de 2009 às 16:13  
Anonymous Anônimo said...

Maravilhosos!Obrigado Caymmi!

15 de junho de 2009 às 11:49  
Anonymous ROBERTO MURILO FERREIRA DIAS said...

Numa sexta feira de agosto do ano passado estava em Brasília e assisti a um show de Danilo Caymmi. Fiquei muito emocionado quando ele começou a cantar, junto com o público, a Suite dos Pescadores. Pensei que aquela emoção fosse também por estar longe de casa. No dia seguinte, soube da morte de Dorival pela televisão.

16 de junho de 2009 às 21:14  

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