'Balangandãs' de Carmen reluzem na voz de Ná
Resenha de CD
Título: Balangandãs
Artista: Ná Ozzetti
Gravadora: MCD
Cotação: * * * * 1/2
A abordagem do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955) por Ná Ozzetti no delicioso CD Balangandãs resulta ainda mais feliz do que no show que gerou o disco de estúdio. Com seu fraseado límpido, a notável cantora revive 15 músicas gravadas por Carmen entre 1934 e 1942. Não há a intenção de reproduzir a vivacidade natural da Brazilian Bombshell. É com leveza e frescor próprios que Ná interpreta temas como Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937). É fato que o brilho do disco deve ser creditado tanto ao canto da artista quanto aos arranjos dos violonistas Dante Ozzetti e Mário Manga, integrantes da banda que conta também com o baterista Sérgio Reze e com o baixista Zé Alexandre Carvalho. Arranjos invariavelmente criativos, como pode ser percebido - somente para citar um exemplo - na marcação rítmica de Tic Tac do meu Coração (Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, 1935). Não é à toa que todos assinam a produção ao lado de Alberto Ranellucci e da própria Ná. Os músicos, aliás, atuam também no coro das faixas Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938), Diz que Tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940) e A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939). Contudo, no que diz respeito aos vocais, é Ná quem reina soberana. Seja saboreando cada verso de Disseram que Eu Voltei Americanizada (Luiz Peixoto e Vicente Paiva, 1940) com divisão que imprime certa ironia ao samba com que Carmen se defendeu de seus acusadores na volta do Brasil. Seja mostrando vivacidade ao interpretar pérolas como O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937) - no caso, também com breve auxílio vocal dos músicos da banda. Não fosse pela única música menor da seleção, Chattanooga Choo-Choo (Harry Warren, M. Gordon e Aloysio de Oliveira, 1942), Balangandãs seria irretocável (o tema que exemplifica a fase norte-americana de Carmen soa mais sedutor no show). Enfim, muitas tem sido as abordagens do vasto repertório de Carmen Miranda neste ano em que se celebra o centenário de nascimento da artista, mas poucas, talvez mesmo nenhuma, resultaram tão dignas de Carmen quanto o álbum da também notável Ná Ozzetti - destaque do ano fonográfico desde já.
Título: Balangandãs
Artista: Ná Ozzetti
Gravadora: MCD
Cotação: * * * * 1/2
A abordagem do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955) por Ná Ozzetti no delicioso CD Balangandãs resulta ainda mais feliz do que no show que gerou o disco de estúdio. Com seu fraseado límpido, a notável cantora revive 15 músicas gravadas por Carmen entre 1934 e 1942. Não há a intenção de reproduzir a vivacidade natural da Brazilian Bombshell. É com leveza e frescor próprios que Ná interpreta temas como Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937). É fato que o brilho do disco deve ser creditado tanto ao canto da artista quanto aos arranjos dos violonistas Dante Ozzetti e Mário Manga, integrantes da banda que conta também com o baterista Sérgio Reze e com o baixista Zé Alexandre Carvalho. Arranjos invariavelmente criativos, como pode ser percebido - somente para citar um exemplo - na marcação rítmica de Tic Tac do meu Coração (Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, 1935). Não é à toa que todos assinam a produção ao lado de Alberto Ranellucci e da própria Ná. Os músicos, aliás, atuam também no coro das faixas Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938), Diz que Tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940) e A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939). Contudo, no que diz respeito aos vocais, é Ná quem reina soberana. Seja saboreando cada verso de Disseram que Eu Voltei Americanizada (Luiz Peixoto e Vicente Paiva, 1940) com divisão que imprime certa ironia ao samba com que Carmen se defendeu de seus acusadores na volta do Brasil. Seja mostrando vivacidade ao interpretar pérolas como O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937) - no caso, também com breve auxílio vocal dos músicos da banda. Não fosse pela única música menor da seleção, Chattanooga Choo-Choo (Harry Warren, M. Gordon e Aloysio de Oliveira, 1942), Balangandãs seria irretocável (o tema que exemplifica a fase norte-americana de Carmen soa mais sedutor no show). Enfim, muitas tem sido as abordagens do vasto repertório de Carmen Miranda neste ano em que se celebra o centenário de nascimento da artista, mas poucas, talvez mesmo nenhuma, resultaram tão dignas de Carmen quanto o álbum da também notável Ná Ozzetti - destaque do ano fonográfico desde já.
25 Comments:
A abordagem do repertório de Carmen Miranda (1909 - 1955) por Ná Ozzetti no delicioso CD Balangandãs resulta ainda feliz do que no show que originou este disco de estúdio. Com seu fraseado límpido, a notável cantora revive 15 músicas gravadas por Carmen entre 1934 e 1942. Não há a intenção de reproduzir a vivacidade natural da Brazilian Bombshell. É com leveza e frescor próprios que Ná interpreta temas como Imperador do Samba (Waldemar Silva, 1937). É fato que o brilho do disco deve ser creditado tanto ao canto da artista quanto aos arranjos dos violonistas Dante Ozetti e Mário Manga, integrantes da banda que conta também com o baterista Sérgio Reze e com o baixista Zé Alexandre Carvalho. Arranjos invariavelmente criativos, como pode ser percebido - somente para citar um exemplo - na marcação rítmica de Tic Tac do meu Coração ((Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, 1935). Não é à toa que todos assinam a produção ao lado de Alberto Ranellucci e da própria Ná. Os músicos, aliás, atuam também no coro das faixas Touradas em Madrid (João de Barro e Alberto Ribeiro, 1938), Diz que Tem (Vicente Paiva e Aníbal Cruz, 1940) e A Preta do Acarajé (Dorival Caymmi, 1939). Contudo, no que diz respeito aos vocais, é Ná quem reina soberana. Seja saboreando cada verso de Disseram que Eu Voltei Americanizada (Luiz Peixoto e Vicente Paiva, 1940) com divisão que imprime certa ironia ao samba com que Carmen se defendeu de seus acusadores na volta do Brasil. Seja mostrando vivacidade ao interpretar pérolas como O Samba e o Tango (Amado Régis, 1937) - no caso, também com breve auxílio vocal dos músicos da banda. Não fosse pela única música menor da seleção, Chattanooga Choo-Choo (Harry Warren, M. Gordon e Aloysio de Oliveira, 1942), Balangandãs seria irretocável (o tema que exemplifica a fase norte-americana de Carmen soa mais sedutor no show). Enfim, muitas tem sido as abordagens do vasto repertório de Carmen Miranda neste ano em que se celebra o centenário de nascimento da artista, mas poucas, talvez mesmo nenhuma, resultaram tão dignas de Carmen quanto o álbum da também notável Ná Ozzetti - destaque do ano fonográfico desde já.
E tinha como dar errado, Mauro ?
Mauro, realmente o disco já é destaque, primoroso. Recriação do repertório de Carmem sem os "excessos" que a maioria dos intérpretes cometem quando resolvem se aventurar nesse repertório. Além do canto de Ná, os arranjos estão excelentes, nota mil.
Assino em baixo, Mauro. Um dos melhores do ano!
Ná é maravilhosa, e esse cd é ótimo, mas eu sinto falta de um cd autoral, ela é uma excelente compositora e também gostaria de vê-la cantando gente nova, repertório inédito, o próximo tem q ser de inéditas!
Emanuel Andrade disse
Antes de ouvir pensei que fosse chato, mas não, Ná ozztei confirma seu talento. São leituras interessantes. Longe da chatisse que era Carmem Miranda em algumas canções.
Não escutei o CD,mas a capa é muito feia.
Sublime!
Sublime!
Sublime!
Humberto
A Ná é espetacular, é de um talento estrondoso...
Para mim, é a terceira melhor cantora do nosso país, atrás apenas de Elizeth Cardoso e Elis Regina...
Preciso consultar um otorrino urgente.... Pra mim Ná não passa de uma cantora mediana.
Sim, anônimo de cima. Além de otorrino, aulas de música e muita, muita leitura sobre o assunto.
Ná Ozzetti é perfeita sempre, até quando erra.
Mauro, acho q vc quis dizer q a abordagem de Ná resulta no cd "ainda" mais feliz que o show... Enm todo caso, a resenha está ótima e o trabalho da Ná, idem!!! E viva a boa música brasileira - ela existe, sim!!!!!!
Flavio
Nada de novo no reino de Ná.Regravação de coisas antigas e a crítica a elogiar.Ná esta atada a essa fórmula cômoda.Uma pena,pode criar a partir de algo inédito e original com igual competência.E Carmem Miranda continua insuperável...
Flávio, obrigado pela observação atenta. De fato, estava faltando um 'mais' para a frase fazer sentido. Grato.
Basicamente é questão de gosto. Não consigo gostar da voz e nem do timbre da Ná. Acho que a Zizi e a Verônica Sabino possuem os timbres mais lindos da MPB.
Mauro, ainda tem os dois parênteses no trecho "na marcação rítmica de Tic Tac do meu Coração ((Walfrido Silva e Alcyr Pires Vermelho, 1935)." e o sobrenome do Dante, que, assim como a Ná, é Ozzetti. :)
****
Ná Ozzetti é realmente uma cantora primorosa. Adorei o disco, pena que não tive oportunidade de ver o show.
Flávia, minha revisora favorita, grato por mais esta observação atenta. Já consertei.
abs, MauroF
Esse é o disco que a Som Livre deveria ter feito com ela quando esta venceu um festival global e teve como premio um disco. O disco em questão era bom, mas não abria as potencialidades que este disco abre. Ná está além da Ná habitual, mais jovial, mais brejeira, sem invencionices, por vezes repetitivas, da vanguarda paulista. É disco para se ouvir na sala, com o irmão mais novo e avó.
É frescor puro. Esse era o disco que Ná se devia, pois mostra sua potencialidade além dos que já são fãs apreciavam.
Carioca da Piedade, contra o Viradão Carioca, da forma que foi feito, nas coxas.
Este merece 5 estrelas. CD perfeito.
Eu adoro a Ná, esse cd é ótimo,não canso de ouvir, mas eu não posso deixar de comentar: Essa capa é monstruosa, horrível! Não podia ser mais óbvia.
Prefiro a original:Carmen Miranda!
Comprei o disco ontem,porque não estava achando nas lojas.Não tem nada de especial.É apenas um bom disco.Concordo com o anônimo "prefiro a original".A Carmen é claro.
Esse disco é realmente fantástico!!
Tenho ouvido todos os dias. Ná é a melhor cantora do Brasil!!!!!
O repertório lembra bastante o de "Batuque", trabalho de Ney Matogrosso de uns anos atrás.
Ainda assim, o CD de Ná é um bom produto. O toque fúnebre em "E O Mundo Não Se Acabou" e a guitarra elétrica em "Tico-Tico No Fubá" são pontos altos do trabalho.
Faço um esforço enorme,mas não consigo gostar da voz da Ná.Nada a fazer.E o barco segue...
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