5 de janeiro de 2008

Em forma, Houston dá seu toque a hits alheios

Resenha de CD
Título: A Woman's Touch
Artista: Thelma Houston
Gravadora: Shout!
Factory / Coqueiro Verde
Cotação: * * *

O vozeirão de Thelma Houston habita hoje a memória afetiva somente de quem viveu a era de ouro da disco music. Foi ela a grande intérprete de Don't Leave me This Way, um dos maiores sucessos daqueles dancin' days. Há 17 anos ausente dos estúdios, a cantora volta ao mundo do disco com A Woman's Touch. No álbum, com a voz ainda em forma, Houston dá seu toque feminino a temas de um time masculino que inclui Luther Vandross (Never Too Much) e Al Green (Love and Happiness). O toque da cantora é dado na forma de soul, blues, r & b e gospel, ou seja, algumas das matrizes da boa música negra norte-americana. E, contra todos os prognósticos, Houston retorna à cena bem na foto. Basta ouvir o blues que se torna Ain't that Peculiar, que traz Smokey Robinson entre os autores. A versão de Brand New Day (Sting), em ritmo de rhythm and blues, com algo de gospel lá pelo fim da faixa, é outro atestado de que a intérprete não soa perdida no seu tempo áureo. Embora o dispensável cover de You Make me Feel (Mighty Real), hit de Sylvester na era das discotecas, até denuncie o contrário...

Som Livre edita no Brasil DVDs de selo alemão

A gravadora Som Livre diversifica seu catálogo e lança no Brasil três DVDs do arquivo do selo alemão Inakustik. São registros de apresentações de virtuosos guitarristas no festival New Morning - The Paris Concert. O vídeo de Mike Stern (capa à direita) foi capturado em 2004. Há também os vídeos de Robben Ford - com um show filmado em 2001 - e de Larry Carlton com Steve Lukather (o guitarrista do grupo Toto). O da dupla também foi gravado em 2001. Os três DVDs exibem áudio DTS 5.1.

Adriana Maciel grava tema de Ramil e Luciano

Adriana Maciel lançará em 2008 seu quarto CD. Uma das músicas do disco é Formica Blue. O tema originalmente era instrumental e se chamava Valsa Tola. Só que a música - do cantor e compositor gaúcho Luciano Mello - recebeu letra e novo título de Vitor Ramil, conterrâneo de seu mais recente parceiro. A propósito, Luciano Mello está lançando seu primeiro CD, Universo Barato, de textura eletrônica e repertório autoral.

Vanja volta à cena em disco e em documentário

Musa do cinema nacional nos anos 50 e 60, estrela de filmes históricos como O Cangaceiro, Vanja Orico (à direita em foto de Wilton Montenegro) foi também cantora, tendo entoado o sucesso Meu Limão, meu Limoeiro - mais associado a Wilson Simonal (1939 - 2000) - num filme de Fellini (Lucci del Varietá, de 1950). Música de raiz nordestina, Meu Limão, meu Limoeiro foi regravada por Vanja no CD que a traz de volta à cena, Mexe com o Corpo. Outro grande sucesso da intérprete, Mulher Rendeira, também reaparece no disco. Produzido por Lucina, co-autora das faixas Maria Pode Crer e Mandou Maravilha, o CD foi editado num kit que inclui DVD com o documentário Vanja Vai Vanja Vem, dirigido e roteirizado por Luis Carlos Prestes Filho.

4 de janeiro de 2008

Brown vai atrás do trio com faixa para 'best of'

Produtos típicos do verão, as compilações de axé music já estão chegando às lojas. Trio Elétrico 2008 sai pela Som Livre com faixa produzida por Carlinhos Brown para o disco. Trata-se de O Melhor de Nós Dois, parceria de Brown com Michael Sullivan. O fonograma foi gravado em Salvador (BA), entre setembro e outubro de 2007. Outros destaques da (boa) coletânea são Flores da Favela (música composta e gravada por Jauperí) e o medley que une, nas vozes de Daniela Mercury e Seu Jorge, Eu Sou Preto (J. Velloso e Mariene de Castro) e o samba Sorriso Negro (de Adilson Barbado, Jair Carvalho e Jorge Portela), popularizado na voz de Ivone Lara. O grupo Vixe Mainha se impõe com a gravação ao vivo de África.

Trilha de Meu Nome Não É Johnny não é droga

Resenha de CD
Título: Meu Nome Não É Johnny - Trilha Sonora do Filme
Artista: Fabio Mondego, Fael Mondego, Marco Tmmaso e Mauro Lima
Gravadora: Som Livre
Cotação: * * 1/2

Baseado na história verídica de João Guilherme Estrella, o lendário traficante que abasteceu as elites cariocas com cocaína, até ser capturado pela polícia, o filme Meu Nome Não É Johnny estréia hoje, 4 de janeiro, com a sua trilha sonora já nas lojas, editada em CD pela Som Livre. Funcional no filme de Mauro Lima, tal trilha nem sempre resiste bem fora da tela. Mas não é uma droga... Por mais que percam na comparação com gravações de Titãs (AA UU) e Sá, Rodrix & Guarabyra (Mestre Jonas), os temas originais do trio Fabio Mondego, Fael Mondego e Marco Tommaso criam uma atmosfera própria que ajuda a contar a saga do rapaz de classe média que virou traficante. Alguns, como a singela Ballad for a Cage Glimpse, se safam no CD-player. Outros deveriam ter ficado restritos às exibições do longa-metragem de Mauro Lima nos cinemas. Contudo, enfim, é uma trilha de filme e, nesse contexto, vale até ouvir o ator Selton Mello, protagonista da história, interpretar mal Outra Vez, o sucesso romântico de Isolda lançado por Roberto Carlos em 1977, em take ao vivo extraído do áudio do filme. Da mesma forma que o verdadeiro João Guilherme Estrella defende afetivamente sua música Pra Onde se Vai. Falta a eles a voz que sobra em Olivia Broadfiel, que rebobina It's a Long Way, tema de Caetano Veloso, com climas à moda de Björk. Fábio Mondego, por sua vez, defende Rádio Blá, o hit de Lobão nos anos 80. No todo, prefira ouvir a trilha de Meu Nome Não É Johnny no escurinho do cinema. Até porque o filme é muito, muito bom.

Nana é tema de documentário de diretor suíço

Nana Caymmi (foto) é tema do próximo documentário de Georges Gachot, em fase de produção. Depois de enfocar Maria Bethânia no filme Música É Perfume, já exibido nos cinemas e já editado em DVD, o cineasta suíço direciona suas lentes para a filha de Dorival Caymmi. Seu documentário tem lançamento previsto para 2010.

'Sassaricando' volta à cena em gravação ao vivo

Sassaricando - belo musical que se tornou o maior sucesso do teatro carioca em 2007 - já tinha originado ótimo CD duplo gravado em estúdio e editado com o selo da Biscoito Fino, que está pondo nas lojas neste início de ano o DVD do musical criado por Rosa Maria Araújo e Sérgio Cabral. Gravado ao vivo em julho de 2007, no Teatro João Caetano, o DVD reúne cerca de 90 marchinhas que formam belo painel do Rio de Janeiro da primeira metade do século XX. Os cantores Eduardo Dussek e Soraya Ravenle puxam este bloco da nostalgia ao lado de Alfredo Del-Penho, Ivana Domenico (que substituiu Sabrina Korgut logo no começo da temporada), Juliana Diniz e Pedro Paulo Malta. Dez!

3 de janeiro de 2008

Djavan vai registrar seu show 'Matizes' em DVD

Djavan (à direita em foto de Marcelo Faustini) decidiu registrar em DVD o show da turnê Matizes, que estreou em outubro de 2007 em Bauru (SP) e chega ao Rio de Janeiro em 10 de janeiro para quatro apresentações na casa Citibank Hall. O DVD vai ser o primeiro do artista editado por sua gravadora, Luanda Records, aberta em 2004 com o lançamento do CD Vaidade. No roteiro, há músicas do CD Matizes e hits como Eu te Devoro, Oceano e Meu Bem Querer.

O Terço revive a noite progressiva em CD e DVD

No início dos anos 70, existia uma cena alternativa de rock progressivo na noite do Rio de Janeiro. O grupo O Terço, que revelou o mineiro Flávio Venturini, era um dos nomes que alimentaram a aura progressiva daquela década. O CD e DVD (capa à esquerda) O Terço ao Vivo - editados via Som Livre - chegam às lojas para matar a saudade das criaturas que sentem nostalgia da noite progressiva dos 70. O registro do show foi feito em 2005, no Canecão (RJ), em mais um revival do Terço promovido pelo guitarrista Sérgio Hinds, que arregimentou Flávio Venturini (teclados e voz), Sérgio Magrão (baixo) e Sérgio Melo (bateria). O quarteto revive músicas como Pássaro, Tributo ao Sorriso, Casa Encantada, 1974, Criaturas da Noite e - de quebra - apresenta a inédita Antes do Sol Chegar, cujo clipe pode ser visto nos extras do DVD. Há também entrevistas com os músicos remanescentes.

Ringo apresenta 12 inéditas no CD 'Liverpool 8'

Liverpool 8 (capa à direita) é o título do álbum de estúdio que Ringo Starr vai lançar já em 15 de janeiro pela Capitol Records. O CD foi produzido pelo próprio Ringo Starr em parceria com Dave Stewart. Entre as 12 gravações inéditas do álbum, há Now That She's Gone Away, If It Is Love that You Want, Give It a Try, Think about You, For Love, Pasodobles, Harry's Song e a música-título.

O desfile de sambas segue na marcha habitual

Resenha de CD
Título: Sambas de Enredo
2008
Artista: Vários
Gravadora: Gravasamba
/ Universal Music
Cotação: * *

No que depender dos 12 sambas de enredo do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro (já lançados em CD gravado de forma padronizada), o desfile carioca seguirá na marcha habitual. Não há um grande samba com cacife para atravessar o período da folia e entrar na galeria dos sambas atemporais - como tantos dos anos 70 e 80. Há, sim, alguns bons sambas - como o da Imperatriz Leopoldinense e, sobretudo, o da Mocidade Independente de Padre Miguel, duas escolas, aliás, que escolheram como enredo os 200 anos da chegada da Família Real ao Brasil. Contudo, há que se fazer justiça: o samba da Mangueira também é bonito - especialmente na primeira parte. É fato que a Verde-e-Rosa está pagando mico ao homenagear o centenário do frevo com um ano de atraso - justo em 2008, quando Cartola, um ilustre esquecido mangueirense, faria 100 anos. Mas o samba tem seus méritos. Já o da Beija-Flor, mesmo num nível abaixo de anos anteriores, exibe refrão com dois versos poderosos: "O meu valor me faz brilhar / Iluminar o meu estado de amor". No todo, é certo que o Carnaval de 2008 deverá ser igual àqueles que tem passado nos últimos anos com sambas cada vez mais acelerados, enredos comerciais (com letras repletas de clichês) e a certeza de que já se foi - e para não mais voltar - a era de ouro dos sambas de enredo...

2 de janeiro de 2008

Ney grava show em DVD, mas CD é de estúdio

Ney Matogrosso vai aproveitar a temporada carioca de seu show Inclassificáveis - em cartaz no Canecão (RJ) por duas semanas já a partir desta quinta-feira, 3 de janeiro - para gravar o DVD do espetáculo. Mas o CD foi feito em estúdio com 16 músicas tiradas do roteiro do show. O lançamento está programado para março.

Faixas inéditas na edição de 25 anos de Thriller

Lançado por Michael Jackson em dezembro de 1982, Thriller - o álbum (supostamente) mais vendido de todos os tempos - ganhará edição comemorativa de seus 25 anos. Thriller 25 chega às lojas em fevereiro via Sony BMG com sete faixas-bônus, sendo que seis são inéditas em disco. Uma delas, For All Time, foi recuperada das sessões de gravação do álbum. A edição vem com DVD que reúne todos os clipes de músicas do disco e apresentações de Jackson na televisão. Eis as faixas de Thriller 25, que também sai no Brasil:

1. Wanna Be Startin' Somethin'
2. Baby Be Mine
3. The Girl Is Mine - com Paul McCartney
4. Thriller
5. Beat It
6. Billie Jean
7. Human Nature
8. P.Y.T. (Pretty Young Thing)
9. The Lady in my Life
10. Vincent Price Excerpt (faixa-bônus)
11. The Girl Is Mine 2008 - com will.i.am (faixa-bônus)
12. P.Y.T. (Pretty Young Thing) 2008 - com will.i.am (faixa-bônus)
13. Wanna Be Startin' Somethin' 2008 - com Akon (faixa-bônus)
14. Beat It 2008 - com Fergie (faixa-bônus)
15. Billie Jean 2008 - Kanye West Mix (faixa-bônus)
16. For All Time (faixa-bônus)

DVD reacende luz da capoeira de Mestre Bimba

A Biscoito Fino vai lançar neste mês de janeiro de 2008 o oportuno DVD Mestre Bimba - A Capoeira Iluminada. Trata-se de um filme, roteirizado por Luiz Carlos Maciel, sobre a vida e obra de Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba (1899-1974), ás da capoeira, que obteve projeção internacional por dominar seu ofício. Alunos e familiares revivem o legado de Bimba no documentário de Luiz Fernando Goulart, já exibido no cinema.

Pires canta com Ivete, Daniel e Alcione em DVD

Era para ter sido no Morro da Urca (RJ), em novembro, mas a gravação do DVD de Alexandre Pires - feita com o aval de Ivete Sangalo - vai ser realizada na terra natal do cantor, Uberlândia (MG), em um show programado para 8 de janeiro no Castelli Master. A gravação contará com adesões de Alcione, Daniel, Grupo Revelação, Perlla e, sim, Ivete Sangalo, que decidiu tentar recuperar o terreno perdido por Pires no mercado nacional.

1 de janeiro de 2008

Arnaldo e Samuel no DVD de Titãs e Paralamas

O guitarrista Andreas Kisser, Arnaldo Antunes e Samuel Rosa são os convidados do show carioca da turnê 25 Anos Rock que será gravado para edição em CD e em DVD já no primeiro semestre de 2008. A gravação do show que reúne os grupos Titãs e Paralamas do Sucesso (em foto de Caroline Bittencourt) vai acontecer em 26 de janeiro, na Marina da Glória (RJ). O registro da turnê renderá também especial de TV a ser exibido pelos canais da rede Sky TV.

Tributo vai festejar 40 anos do 'Álbum Branco'

Lançado em 22 de novembro de 1968, o álbum duplo The Beatles, bem mais conhecido como o Álbum Branco, vai ter os seus 40 anos festejados em 2008 com tributo coordenado pelo produtor beatlemaníaco Marcelo Fróes numa parceria com o baixista Guto Ribeiro. A idéia dos produtores é lançar na internet as regravações das 30 músicas do álbum por nomes como Alvin L., Autoramas, Celso Fonseca, Lobão e Pato Fu, entre outros grupos e artistas do Brasil.

Lua tenta brilhar em 2008 com Lenine e Negão

Mais uma cantora vai tentar projeção nacional na cena musical em 2008. Trata-se de Lua, cantora nascida em Brasília (DF) em 1981. Seu primeiro disco vai ser lançado pelo selo indie Ôlôko Records neste começo de ano. Alê Siqueira produziu o álbum, que conta com intervenções de Lenine e do rapper B Negão. A mixagem e a masterização do CD foram feitas em Nova York (EUA) por Bob Power e por Chris Athens (do estúdio Sterling Sound), respectivamente.

Diana Krall grava disco ao vivo no Rio em abril

A cantora de pop jazz Diana Krall vai retornar ao Brasil em 2008 para gravar DVD e CD ao vivo. A intenção é fazer a gravação em abril, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro (RJ). No repertório, certamente haverá standards de Tom Jobim.

31 de dezembro de 2007

Retrô 2007 - Roberta Sá bisa frescor da estréia

Com o mesmo frescor com que despontou no mercado fonográfico em 2005, com o irretocável CD Braseiro, Roberta Sá (em foto de Paulo Vainer) ratificou a graça e o talento em um segundo álbum igualmente irretocável. Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria pôs definitivamente a cantora potiguar - radicada no Rio de Janeiro - entre as grandes vozes dos anos 2000. Com um toque mais contemporâneo, o disco confirmou a inteligência de Roberta Sá para garimpar repertório novo e antigo. Mesmo sem expressiva exposição em programas de rádio e televisão, o álbum já mereceu quatro prensagens que totalizaram 24 mil cópias já fabricadas. O show de lançamento não foi tão primoroso quanto o CD, mas nem por isso tirou o brilho de Roberta Sá. Num ano de poucos grandes discos, Que Belo Estranho Dia para se Ter Alegria se firmou como o melhor álbum de 2007 e prenunciou belo futuro para Sá...

Os destaques do mercado fonográfico nacional em 2007:

* Qual o Assunto que Mais lhe Interessa? - Elba Ramalho A cantora recuperou o vigor em disco produzido com excelência e toques contemporâneos pelo trio Lula, Tostão e Yuri Queiroga.

* Onde Brilhem os Olhos seus - Fernanda Takai
Em estado de graça, a cantora do Pato Fu deu enfoque inventivo para o fino repertório de Nara Leão (1942 - 1989). Um grande CD!

* Sassaricando - E o Rio Inventou a Marchinha
A trilha do musical evocou tempo em que o carioca era mais feliz. Eduardo Dussek e Soraya Ravenle puxaram o bloco da nostalgia.


* Noites de Gala, Samba na Rua - Mônica Salmaso
Uma abordagem majestosa do cancioneiro de Chico Buarque com o auxílio luxuoso do grupo Pau Brasil escapou do tom previsível.

* De um Jeito Diferente - Emílio Santiago
Com bossa e produção de Ricardo Silveira, o cantor lançou disco à altura de sua voz aveludada. A 'aquarela' ganhou outras cores.

* Erasmo Carlos Convida Volume II - Erasmo Carlos
A seqüência do álbum de 1980 conseguiu seduzir tanto quanto o primeiro volume. Reuniu Los Hermanos, Skank e Marisa Monte.

* Estação Melodia - Luiz Melodia
Com metais em brasa, o Negro Gato sintonizou sambas dos anos 40 e 50 que estavam na memória afetiva e pôs seu suingue neles.


* Dentro do Mar Tem Rio - Maria Bethânia ao Vivo
Um dos melhores registros de shows da 'Abelha Rainha'. O CD, de som primoroso, é mergulho fundo nas emoções da intérprete.

* SóNós - Paula Toller
No segundo disco solo, a cantora do Kid Abelha fez conexões internacionais em sofisticado mosaico de baladas confessionais.


* Satolep Sambatown - Marcos Suzano e Vítor Ramil
O percussionista carioca e o compositor gaúcho conciliaram as estéticas e latitudes díspares em CD gerado a partir de um show.

Retrô 2007 - Mika faz a festa com o CD do ano

Pelo conjunto da obra (um segundo álbum irresistível, o registro de heróico show em DVD e - claro - as entradas e saídas de clínicas de reabilitação), Amy Winehouse foi a maior artista de 2007. Mas o melhor disco estrangeiro veio de um imigrante libanês radicado na mesma Inglaterra que abriga Winehouse. Mika despontou no mercado fonográfico logo no início do ano com Life in Cartoon Motion - álbum que encabeçaria todas as listas de destaques de 2007 não fosse sua vibe gay. O rapaz ainda não saiu do armário - ao menos, publicamente - mas a audição de seu delicioso primeiro álbum não deixou dúvidas. É como se Freddie Mercury e George Michael tivessem se encontrado numa festa retrô em que se toca disco music. Sem descartar refrões grudentos, Mika mostrou que sabe fazer música pop sem medo de ser feliz. E ele fez o CD do ano!!

Destaques do mercado fonográfico estrangeiro em 2007:

* Back to Black, Amy Winehouse
Voz visceral bate explosivo coquetel de soul e r & b estilo Motown

* Undiscovered, James Morrison
Soul à moda de Stevie Wonder na bela estréia do cantor britânico

* Magic, Bruce Springsteen
O 'Chefão' voltou a dar as cartas no rock com sua E-Street Band

* Artic Monkeys, Favourite Worst Nightmare
Um segundo mais sofisticado, mas com a urgência do primeiro

* Chrome Dreams II, Neil Young
O rock / folk / country do canadense recupera sua forma áurea

Retrô 2007 - A apatia das paradas radiofônicas

2007 foi um ano sem grandes hits. Mesmo na área popular, houve apatia generalizada - reflexo do desânimo que tomou conta das gravadoras. Ainda assim, houve os artistas que conseguiram emplacar suas músicas. A partir de junho, Vanessa da Mata (foto) foi uma das líderes das paradas radiofônicas com seu dueto com Ben Harper na canção bilingüe (e trivial) Boa Sorte / Good Luck. No primeiro trimestre, os grandes sucessos foram Eu Sei (do grupo gaúcho Papas da Língua) e Se Quiser (com a cantora Tânia Mara), ambos tocados exaustivamente nas rádios no embalo de sua propagação na novela Páginas da Vida. Ivete Sangalo também marcou forte presença nos dials com o registro ao vivo de Deixo. É faixa de seu CD e DVD Ivete no Maracanã - Multishow ao Vivo, que, aliás, obtiveram ótimas vendas neste ano insosso. Na seara internacional, os campeões de execuções foram Fergie (Big Girls Don't Cry), Sean Kingston (Beautiful Girls), Beyoncé (Irrepaceable) e Rihanna (Umbrella, com Jay-Z). Enfim, um quadro nada animador que traduz o caráter apático de 2007.

Retrô 2007 - Os bonitos solos de Takai e Toller

Duas vocalistas do pop nacional deram (proveitosa) pausa nas atividades com suas respectivas bandas para arriscar discos solos. E as duas lançaram belos trabalhos individuais. Fernanda Takai (foto) abordou o cancioneiro de Nara Leão (1942 - 1989) com a leveza e a criatividade que pautam a discografia de seu grupo, Pato Fu. Idealizado por Nelson Motta, o disco Onde Brilhem os Olhos seus chegou às lojas no fim de novembro já com aura clássica. É um dos grandes CDs de 2007.

Por sua vez, Paula Toller fez bonito em junho com o lançamento de seu segundo disco solo, SóNós, de inédito repertório autoral pontuado por canções refinadas e conexões internacionais com compositores como Kevin Johansen e Jesse Harris. No embalo, a cantora estreou o primeiro show solo e confirmou sua boa forma.

30 de dezembro de 2007

Retrô 2007 - As notas mais dissonantes do ano

Em abril, o quarteto Los Hermanos (visto à direita no traço de Rodrigo Amarante) surpreendeu todo o meio musical ao anunciar um recesso por tempo indeterminado. Os três shows de despedida - realizados na Fundição Progresso (RJ), de 7 a 9 de junho - foram gravados. Para muitos, a pausa pode significar o fim do grupo carioca, que ia começar a gravar seu quinto álbum. Seja como for, Marcelo Camelo já prepara seu primeiro disco solo para 2008. Enquanto Rodrigo Barba passa a integrar o grupo Canastra. Eis algumas outras notas dissonantes ouvidas na música de 2007:

A ira de Nasi - Em abril, com fôlego renovado no mercado, o Ira! lançou o 13º álbum de inéditas, Invisível DJ, produzido por Rick Bonadio. Cinco meses depois, em setembro, o grupo anunciou em comunicado oficial que cumpriria sua agenda e as atividades sem o vocalista Nasi. Problemas entre o cantor e os músicos da banda impossibilitaram a convivência. Farpas foram trocadas pela mídia na nota mais desarmoniosa de 2007. Será que o Ira! vai resistir??

O fim do New Order? - Em maio, confirmando o que já dissera a um jornal da Argentina, já no fim de 2006, o baixista Peter Hook afirmou que o New Order havia chegado ao fim. Tempos depois, o vocalista Bernard Sumner e o baterista Stephen Morris decidiram divulgar nota em que garantiram a sobrevivência do grupo sem entrar em detalhes. Só que paira a incerteza sobre o fim da banda.

O fim de Sandy & Junior? - Em abril, os irmãos Sandy & Junior convocaram entrevista coletiva para anunciar o fim da dupla após 18 anos. O plano (cumprido) era gravar e lançar CD e DVD na série Acústico MTV e partir para turnê nacional até dezembro. Porém eis que, no que seria o último show dos irmãos, em São Paulo (SP), em 18 de dezembro, Sandy já admitiu a possibilidade de voltar no futuro. O tal último show foi gravado e pode ser editado em DVD...

O mar revolto de Maria Bethânia - Em agosto, sob a direção de Andrucha Waddington, Maria Bethânia gravou no Canecão (RJ) seu show Dentro do Mar Tem Rio para registro em DVD. Só que a Abelha Rainha rejeitou as imagens captadas por Andrucha. Sem alarde, a Biscoito Fino bancou a nova gravação em dezembro, no encerramento da turnê, em São Paulo (SP). Por ora, os fãs tiveram que se contentar com o CD duplo ao vivo. O DVD ficou para 2008.

O show polêmico de Ana - Em junho, Ana Carolina estreou o show Dois Quartos, em Belo Horizonte (MG), sob a direção de Monique Gardenberg e alguma polêmica. Fãs teriam reprovado o teor erótico da abertura do show. Mudanças teriam sido feitas já na segunda apresentação para diminuir a suposta carga erótica, porém a cantora nega que tenha feito qualquer alteração no show.

A má distribuição do disco de Cozza - Fabiana Cozza ganhou boa projeção na mídia com o lançamento de seu segundo álbum, Quando o Céu Clarear. No entanto, a distribuição precária da gravadora Eldorado tem dificultado o acesso do público ao álbum.

Retrô 2007 - Indústria e artistas buscam saídas

2007 sai de cena como o ano em que os artistas e a própria indústria do disco buscaram e criaram soluções e caminhos alternativos para (sobre)viver diante do quadro desanimador motivado por queda contínua (e progressiva) das vendas de CDs - cerca de 20% no maior mercado mundial, o dos EUA, segundo a pesquisa divulgada em março. Essa nova realidade do mercado fonográfico exigiu das gravadoras redução de custos e de elencos para que se ajustassem ao permanente quadro de crise. Uma acertada política de redução de preço do CD até garantiu algum alento sazonal para a indústria - no segundo semestre - mas 2007 vai embora sem levar a crise...

O ano fonográfico começou sob a polêmica do envolvimento das gravadoras ditas grandes no esquema empresarial dos artistas que já abrigam sob seus (cada vez mais frágeis) tetos. Em julho, vazou no Brasil a notícia - confirmada logo depois - de que a major Sony BMG passaria a atuar sob o comando de empresa, a Day 1, criada para produzir os shows de artistas contratados pela companhia. Nomes como Paulinho da Viola e a novata Ana Cañas aderiram à tal dobradinha, sendo agenciados pelo mesmo conglomerado que edita seus discos. É opção - de certa forma - semelhante à adotada por Madonna, que anunciou oficialmente em outubro que trocou o vínculo longínqüo com a Warner Music por contrato milionário com a empresa Live Nation, que passa a gerenciar em 2009 todas os negócios que envolvem o nome de Madonna. Inclusive discos.

O momento é de transição. Em 10 de outubro, o grupo Radiohead provocou discussões mundiais ao disponibilizar seu sétimo álbum de estúdio, In Rainbows (capa acima), para download em site criado especialmente para a venda do disco. Ao determinar que o preço do download seria decidido pelo consumidor, que poderia optar até por baixar o CD de graça, o grupo questionou o valor da arte, da música e do disco em tempos de piratarias física e virtual. Três meses antes, em julho, Prince já tomara a decisão de oferecer seu novo álbum, Planet Earth, encartado em tablóide britânico.

Contudo, 2007 mostrou também que ainda é cedo para descartar as grandes gravadoras e a venda convencional de discos nas lojas. Tanto que o mesmo ousado Radiohead da rede fechou acordo com selo britânico para pôr In Rainbown nas prateleiras no início de 2008. E o nativo Lobão escondeu as garras outrora afiadas contra as multinacionais do disco e, tal qual um cordeirinho, lançou CD e DVD Acústico MTV em abril com um discurso nada convincente sobre sua adesão ao esquema que tanto criticara nos últimos anos.

Com Lobão sob suas rédeas curtas, a Sony BMG anunciou em maio a criação do CD Zero - espécie de single (ou compacto) com cinco músicas de álbum recém-lançado - e testou o novo produto com o terceiro CD de Vanessa da Mata, Sim. Enciumada com a projeção da concorrente na mídia, a Universal Music contra-atacou com o MusicPac, versão econômica de álbum cheio. Mas restringiu esta alternativa a discos já lançados há algum tempo. No todo, nenhum dos dois produtos alterou o quadro de crise generalizada. Buscar soluções e novos modelos para o comércio de música é tarefa que ainda estará na pauta da indústria fonográfica mundial em 2008...

Retrô 2007 - Alguns shows que marcaram o ano

Maria Rita (em foto de Marcos Hermes) caiu no samba e no choro quando percebeu que tinha nas mãos o público jovem que lotou a Fundição Progresso (RJ) para conferir a estréia nacional do show Samba Meu, que contagiou e superou o (bom) disco homônimo editado em setembro. A consagradora apresentação de Rita foi um dos destaques de 2007 no campo dos shows. Entre os brasileiros, Elba Ramalho conciliou modernidade e tradições nordestinas em Qual o Assunto que Mais lhe Interessa?. Já Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina uniram forças e vozes no gracioso Três Meninas do Brasil enquanto Paulinho da Viola revisou a obra com a habitual elegância em show da série Acústico MTV.

Na seara internacional, os shows de Arctic Monkeys, Björk e The Killers garantiram bons momentos para o público do Tim Festival. Enquanto Ennio Morricone reafirmou a maestria de suas trilhas de cinema em show que deleitou a seleta platéia que lotou o Theatro Municipal do Rio de Janeiro (RJ). Fechando um ano de numerosas atrações internacionais em palcos brasileiros, o grupo The Police levou 70 mil pessoas ao Maracanã para recordar os sucessos que deram a fama ao grupo de Sting na virada dos anos 70 para os 80.

Retrô 2007 - Biografias revivem grandes vozes

Morta precocemente, em 2 de abril de 1983, Clara Nunes (em foto de Wilton Montenegro) foi revivida em biografia que revelou fatos até então desconhecidos por seus fãs - como o assassinato de um namorado da cantora por um dos irmãos de Clara. Guerreira da Utopia, livro de Vagner Fernandes, foi um dos destaques do ano no campo da literatura musical. Os trinta anos da morte de Maysa (1936 -1977) motivaram edições de duas biografias simultâneas. Se Meu Mundo Caiu, de Eduardo Logullo, se revelou quase um ensaio poético sobre a artista, Só numa Multidão de Amores, de Lira Neto, se mostrou uma biografia mais formal. Amigo de Tim Maia (1942 - 1998), Nelson Motta reuniu casos e causos deliciosos do Síndico em Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia. 10!

Testemunha da própria obra, Moraes Moreira usou a estrutura do cordel para recontar A História dos Novos Baianos e Outros Versos com o clima dos anos 70 que viu nascer a obra musical de Paulo Coelho, reconstituída por Hérica Marmo em A Canção do Mago. Já o RPM teve suas idas e voltas retratadas pelo jornalista Marcelo Leite de Moraes na biografia Revelações por Minuto. Ainda na seara do rock brasileiro, Ezequiel Neves, Rodrigo Pinto e Guto Goffi narraram a bela saga do Barão Vermelho em Por que a Gente É Assim? - a biografia oficial da banda que revelou Cazuza nos anos 80. Ícone da década de 90, Marcelo D2 teve a radiografia tirada por Bruno Levinson em Vamos Fazer Barulho! - seleta coletânea de entrevistas e depoimentos sobre o rapper-sambista.

Na seara internacional, Eric Clapton reviveu amores e dores em A Autobiografia. Ashley Khan dissecou em dois livros - indicados mais para jazzistas e jazzófilos - a criação de álbuns antológicos de Miles Davis (A Kind of Blue, 1959) e de John Coltrane (A Love Supreme, 1964). Enfim, o mercado editorial se afinou em 2007.