17 de janeiro de 2009

Obra autoral do 'Rei' pontua show de Zé Renato

Resenha de Show
Título: É Tempo de Amar
Artista: Zé Renato
Local: Teatro Rival (RJ)
Data: 16 de janeiro de 2009
Cotação: * * * *
Em cartaz até sábado, 17 de janeiro de 2009

Em É Tempo de Amar, um dos melhores discos de 2008, Zé Renato foi obrigado a abordar o repertório da Jovem Guarda sem cantar músicas de autoria do maior compositor (e maior líder) do movimento, Roberto Carlos - em tese, porque tais músicas não tiveram suas regravações autorizadas pelo Rei a tempo de serem incluídas no CD. No show que estreou no Teatro Rival (RJ) na sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, o cantor vai à forra, abrindo e fechando o roteiro com músicas da lavra inicial de Roberto. Se a abertura com a versão de voz-e-violão de Namoradinha de um Amigo Meu é belo cartão de visitas do show, o fecho - com As Curvas da Estrada de Santos, obra-prima da fase soul da obra do Rei - não faz jus à abordagem harmoniosa dada por Renato ao cancioneiro da Jovem Guarda. Até porque este hit instântaneo de 1969 precisa de metais no arranjo para ter reproduzida toda sua contagiante pulsação original. Renato acabou derrapando no fim.

As Curvas da Estrada de Santos encerra o bis iniciado com terna interpretação de Como É Grande o meu Amor por Você, outra música de Roberto Carlos - de quem Zé Renato entoa também Eu Estou Apaixonado por Você (emendada com Por Você, a incursão paródica de Vinicius de Moraes pelo universo pueril do iê-iê-iê), Eu te Darei o Céu e a menos inspirada Eu Não Presto, mas Eu te Amo, número no qual o cantor pede e obtém o coro da platéia no refrão. Eu te Darei o Céu ganha registro pesado condizente com o tom roqueiro do bloco final, aberto com Não Há Dinheiro que Pague (Renato Barros). Nesse set, iluminado com um vermelho quente, Renato inclui ainda História de um Homem Mau, parceria de Roberto com Erasmo Carlos. Ou seja, a obra autoral do Rei está mais do que representada no roteiro. Contudo, verdade seja dita, Zé Renato nem precisava dela. Como o disco, o show resulta mais original quando ele pesca as pérolas escondidas no baú da Jovem Guarda. Jóias de alto quilate melódico como Quero Ter Você Perto de mim (balada de Nenéo) e a música-título, É Tempo de Amar, parceria de Pedro Camargo com José Ari. Ambas, aliás, foram gravadas por Roberto Carlos, mas jaziam esquecidas no fundo do baú à espera de gravações que legitimassem o grande valor desses temas de moldura simples que resiste bem ao tempo.

O show é curto, dura pouco mais de uma hora e, na estréia, contou com a meteórica intervenção de Nina Becker, que repetiu no palco o dueto feito com Renato no disco em Eu Não Sabia que Você Existia, hit da dupla Leno & Lilian. Fixa é a participação da boa banda - que inclui o baixista Dé Palmeira, hábil produtor do disco - em números como Lobo Mau e Pensando Nela (a versão de Rossini Pinto para Bus Stop que fez sucesso nas vozes dos Golden Boys). Contudo, lá pelo meio show, Renato dispensa a banda e, sozinho com seu violão, enfileira O Caderninho (Olmir Stocker), O Tempo Vai Apagar (até mais envolvente sem as suntuosas cordas incluídas na gravação feita para a trilha sonora nacional da novela A Favorita) e uma balada menos conhecida da dupla Lennon & McCartney (You Won't See me). Enfim, o show É Tempo de Amar vai além do CD homônimo e - mesmo sem ser irretocável como o disco - confirma a habilidade de Zé Renato para abordar as músicas da Jovem Guarda com modernidade, requinte e respeito.

Minissérie esboça belo retrato pessoal de Maysa

Resenha de Minissérie de TV
Título: Maysa - Quando Fala o Coração
Autoria: Manoel Carlos
Direção: Jayme Monjardim
Elenco: Larissa Maciel (foto) como Maysa e outros
Cotação: * * * *

Embora curta, a vida de Maysa (1936 - 1977) foi tão intensa que não cabe inteira em nove capítulos de uma minissérie de TV. Maysa - Quando Fala o Coração saiu do ar na sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, com a missão cumprida. O Brasil redescobriu Maysa. Puxado para o melodrama típico das novelas, o texto de Manoel Carlos frustrou quem esperava uma narrativa de tom existencial ou de caráter mais documental sobre a trajetória musical da artista. De forma geral, a minissérie retratou com fidelidade a caminhada da cantora, mas com ênfase em seus relacionamentos amorosos. Sua carreira fonográfica não chegou a ser detalhada. Houve algumas liberdades ficcionais - e o autor desde sempre afirmou que iria usufruir delas - e uns pequenos deslizes (como o uso da palavra brega nos anos 60 quando o termo passou a ser usado na linguagem cotidiana do brasileiro a partir da década de 80) que jamais comprometeram o resultado final. Filho de Maysa, o diretor Jayme Monjardim embalou os nove capítulos com irretocável beleza plástica. E, justiça seja feita, a narrativa nunca foi chapa branca. Maysa foi retratada com delicadeza que não escondeu seus excessos e defeitos. E, se autor e diretor foram extremamente felizes na condução da minissérie (que vai ser lançada em DVD pela Som Livre ainda em 2009), há que se ressaltar que muito dessa felicidade veio da escolha extremamente acertada da até então desconhecida atriz gaúcha Larisa Maciel para interpretar Maysa. Com seus belos olhos que remetiam naturalmente aos olhos de Maysa - os dois oceanos não-pacíficos como bem definiu o poeta Manuel Bandeira (1886 - 1968) - e com impressionantes caracterizações de todas as fases e faces da cantora, Larissa encarnou Maysa de tal forma e com tamanha entrega que o espectador acreditava estar mesmo diante da artista. Num elenco muito afinado, vale destacar também a interpretação de Mateus Solano, perfeito na pele de Ronaldo Bôscoli (1928 - 1994), o jornalista e compositor que teve um caso com Maysa e que, por conta desse turbulento affair, acabou indispondo a cantora com suas colegas Nara Leão (1942 - 1989) e Elis Regina (1945 - 1982), cujos nomes foram omitidos no texto por exigência de seus respectivos herdeiros. Em essência, Maysa - Quando Fala o Coração pareceu muito fiel à vida da artista enfocada. No geral, todos os fatos marcantes dessa existência atribulada foram retratados na minissérie - como pode ser comprovado com a leitura da biografia Só Numa Multidão de Amores (2007), escrita por Lira Neto. Se Maysa pareceu um porre aos olhos de alguns, talvez seja porque a verdade dos fatos altere a visão idealizada e romântica que alimentava o mito em torno da cantora. Na real, uma pessoa angustiada e confusa emocionalmente nunca é agradável e sempre provoca sofrimento. Maysa foi grande demais na sua angústia e na sua solidão porque soube transgredir as regras da hipócrita sociedade dos anos 50 e porque, uma vez emancipada e libertada dessas regras, tomou as rédeas de sua vida, nem sempre domando seus demônios, como evidenciou a minissérie, mas vivendo de acordo com seu coração.

Franz Ferdinand direciona seu rock para a pista

Resenha de CD
Título: Tonight:
Franz Ferdinand
Artista: Franz Ferdinand
Gravadora: Domino
/ Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Com seu lançamento mundial agendado para 26 de janeiro de 2009, o terceiro álbum do Franz Ferdinand vazou na internet - como até já virou rotina na indústria fonográfica - e surpreendeu os admiradores do grupo escocês pelo radical tom dance de músicas como Live Alone (com ecos de disco music) e Can't Stop Feeling (exemplo de faixa em que os sintetizadores põem as guitarras em segundo plano). O quarteto sempre flertou com as pistas, mas nunca de forma tão intensa. Contudo, a banda não abandonou o rock. O DNA roqueiro do Franz Ferdinand é facilmente identificável em faixas como Turn It on, No You Girls, What She Came for? e Bite Har - todas com a habitual energia do grupo. E, no caso de Turn It on, com direito a um refrão eletrizante. Produzido por Dan Carey, que já trabalhou com os grupos hypes Cansei de Ser Sexy e Hot Chip, o CD Tonight: Franz Ferdinand se revela bem empolgante na seqüência inicial, aberta com Ulysses, primeiro single do álbum. A única música menos vibrante dessa bela metade inicial é Twilight Omens. Na parte final, há uma clara desaceleração dos beats na psicodélica Lucid Dream (faixa de quase oito chatos minutos), em Dream Again e em Katherine Kiss me, densa faixa de clima folk que encerra um (bom) disco moldado para as pistas e para a noite.

Fall Out Boy refaz folia para adolescentes emos

Resenha de CD
Título: Folie a Deux
Artista: Fall Out Boy
Gravadora: Island
/ Universal Music
Cotação: * * 1/2

Com seu quarto fraco álbum, Infinity on High (2007), a banda Fall Out Boy ampliou o sucesso conquistado dois anos antes com seu CD anterior, From Under the Cork Tree (2005), o primeiro editado por uma gravadora multinacional. Folie a Deux chegou às lojas dos EUA em 16 de dezembro de 2008 com a missão de manter a popularidade da banda. O título em francês é pura macacaquice desse grupo emo. Já na primeira das 14 faixas deste quinto álbum do Fall Out Boy, Disloyal Order of Water Buffaloes, fica evidente a intenção da banda de dar um certo peso ao seu som. Ao longo do disco, contudo, o que se fortifica é a impressão de que nada mudou na sonoridade da banda. O que se ouve basicamente são melódicos pop rocks moldados para arenas formatados com refrões grudentos e riffs eventualmente pesados. Nem as pálidas contribuições vocais de convidados inusitados como Elvis Costello (na faixa Watch a Catch, Donnie) e a blondie Debbie Harry (em West Coast Smoker) desviam Folie a Deux de sua rota previsível. Ambos - especialmente Costello - são mal aproveitados. O rapper Lil Wayne também comparece em Tiffany Blews. E, no fim, como faixa-bônus, há o comportado cover de Beat It - um dos hits empilhados por Michael Jackson no álbum Thriller (1982) - que somente reforça a impressão de que tudo o que Fall Out Boy almeja em Folie a Deux é continuar fazendo a festa de adolescentes emos em arenas. Tal objetivo já foi atingido.

A página de Ney no 'Diário' de Rodrigo Santos

A foto acima registra o encontro de Ney Matogrosso com Rodrigo Santos durante a ida de Ney ao estúdio para pôr voz em Você Não Entende o que É o Amor, faixa do segundo álbum solo do baixista do grupo Barão Vermelho, Diário do Homem Invisível, nas lojas em meados de 2009. A música inédita, da lavra autoral do próprio Santos, teve a letra escrita em parceria com Marilia Bessy.

16 de janeiro de 2009

Kanye se expõe com o coração partido em '808s'

Resenha de CD
Título: 808s &
Heartbreak
Artista: Kanye West
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * *

Não espere reencontrar neste quarto álbum de Kanye West o rapper inventivo que deu uma mexida na fórmula já batida do hip hop com a brilhante trilogia The College Dropout (2004), Late Registration (2005) e Graduation (2007, o menos inspirado dos três CDs). Precedido pelo single Love Lockdown, 808s & Heartbreak rompe com os cânones dessa trilogia sem manter o alto nível da discografia do rapper. De coração partido pela morte da mãe (a quem dedica a faixa Coldest Winter) e pelo término de seu noivado, West se mostra desiludido neste álbum que versa essencialmente sobre perdas. Pelos títulos de algumas músicas (Bad News e Heartless, em especial) já dá para perceber o tom depressivo do disco. Isso não seria impedimento para que o CD contagiasse se as batidas fossem vibrantes como nos álbuns anteriores do artista. Mas não são. Ao contrário, as pulsações das músicas também jogam 808s & Heartbreak para baixo. Em sintonia com esse tom sempre desiludido, West adota um canto mais melódico e mais distante dos geralmente entusiásticos discursos falados do rap. Com título que remete ao uso do teclado Roland TR-808, referência no som dos anos 80, 808s & Heartbreak é álbum até diferente, mas não cativa tanto quanto os três trabalhos anteriores da estrela do rap.

Akon experimenta a liberdade de ser mais pop

Resenha de CD
Título: Freedom
Artista: Akon
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * * 1/2

Akon é atualmente um dos nomes mais valorizados na cena hip hop dos Estados Unidos. Seus álbuns Trouble (2004) e Konvicted (2006) venderam muito bem e emplacaram sucessivos singles nas paradas. Freedom (2008) parece trilhar o mesmo caminho. Como seu primeiro single - Rigth Now (Na Na Na) - já tinha sinalizado, Akon experimenta no terceiro álbum a liberdade de soar essencialmente pop. Mais do que isso, faixas como Beautiful, Keep You Much Longer, Troublemaker e We Don't Care acenam descaradamente para as pistas de dança. Nem as intervenções de rappers como Lil Wayne (em I'm So Paid) e Wyclef Jean (em Sunny Day) amenizam o forte tom dance de Freedom. A primeira metade do bom álbum é especialmente empolgante. Contudo, tal empolgação não disfarça a sensação de que o disco às vezes soa repetitivo - ainda que tenha munição pop suficiente para manter Akon em posição de destaque nas paradas, inclusive fora do mundo do hip hop. Seu rap nunca soou tão pop...

Solo de Doherty sai em 16 de março com Coxon

Grace / Wastelands é o título do CD solo de Pete Doherty - o músico britânico projetado nos anos 2000 na extinta dupla The Libertines. Com lançamento agendado para 16 de março de 2009, o primeiro disco individual do cantor - atualmente na liderança da banda Babyshambles -conta com a participação de Graham Coxon, do grupo Blur. O primeiro single, Last of the English Roses, vai ser lançado uma semana antes do álbum, em 9 de março. Eis as doze músicas de Grace/Wastelands, que chega às lojas no mês em que Pete Doherty vai completar 30 anos de vida (bem) agitada:
* Arcady
* Last of the English Roses
* 1939 Returning
* A Little Death around the Eyes
* Salome
* I Am the Rain
* Sweet By and By
* Palace of Bone
* Sheepskin Tearaway
* Broken Love Song
* New Love Grows on Trees
* Lady, Don't Fall Backwards

U2 revela as faixas de 'No Line on the Horizon'


O U2 revelou os nomes das onze faixas que compõem o repertório de seu próximo álbum, No Line on the Horizon, nas lojas a partir de 2 de março de 2009. O primeiro single é Get on your Boots, alardeado como um rock típico do grupo irlandês. Uma rádio irlandesa vai tocar Get on your Boots na próxima segunda-feira, 19 de janeiro, mas os lançamentos digital e físico do single estão agendados para 15 e 16 de fevereiro, respectivamente. Com capa (acima) feita pelo fotógrafo e artista plástico japonês Hiroshi Sugimoto, No Line on the Horizon reúne faixas produzidas por Daniel Lanois, Brian Eno e Steve Lillywhite. Eis as faixas do álbum:
* No Line on the Horizon
* Magnificent
* Moment of Surrender
* Unknown Caller
* I'll Go Crazy if I Don't Go Crazy Tonight
* Get on your Boots
* Stand up Comedy
* Fez - Being Born
* White as Snow
* Breathe
* Cedars of Lebanon

Disco reúne 14 temas incidentais de 'A Favorita'

Com a exibição de seu derradeiro capítulo agendada para esta sexta-feira, 16 de janeiro de 2009, a novela A Favorita chega ao fim com um saldo positivo que, em parte, deve ser creditado à bela trilha sonora incidental composta por Alberto Rosenblit para sublinhar o suspense e a tensão que deram o tom da trama de João Emanuel Carneiro. Com atraso, a gravadora Som Livre está pondo nas lojas - com simbólica tiragem de mil cópias - um disco com 14 temas dessa trilha. Entre eles, Solitude, Tema para Zé Bob, Ruas de São Paulo, Lembranças, Mistérios de Flora, Pelo Caminho e Coração de Metal - todos certamente reconhecíveis nos primeiros acordes pelos telespectadores que acompanharam a forte história. Quarto título dedicado à novela pela gravadora global, o CD A Favorita - Música Original de Alberto Ronseblit chega às lojas quando a novela sai do ar, só que antes tarde do que nunca...

15 de janeiro de 2009

Gorillaz vai gravar o seu terceiro álbum na Síria

Damon Albarn e Jamie Hewlett anunciaram que o terceiro álbum do Gorillaz - o grupo virtual criado por Albarn, integrante do Blur - vai começar a ser gravado em março de 2009, na Síria. Albarn justificou a escolha da Síria para formatar o sucessor de Demon Days (2005) por conta de seu fascínio pela instrumentação da música árabe. A dupla aproveitou a entrevista a uma rádio da BBC inglesa para mostrar as demos das faixas Electric Shock e Broken.

Young se prepara para lançar 'Fork in the Road'

Em intensa atividade nesta década, Neil Young vai lançar álbum de inéditas, Fork in the Road, no primeiro semestre de 2009. A faixa-título do disco já pode ser ouvida no site oficial do cantor e compositor canadense. Atualmente em turnê pela Austrália e pela Nova Zelândia, Young já vem mostrando em shows músicas do CD - como Get Around, Cough up the Bucks, Hit the Road e Fuel Line.

Depeche vai lançar Sounds of Universe em abril

Sucessor de Playing the Angel (2005), disco que reanimou o espírito dark do Depeche Mode, o próximo álbum do grupo inglês, Sounds of Universe, tem lançamento agendado para 21 de abril de 2009. Gravado entre Santa Barbara e Nova York (EUA), com produção de Ben Hillier, o CD tem músicas como Wrong (primeiro single do álbum), Hole to Feed, Jezebel e In Chains. O repertório inédito é assinado por Martin Gore e Dave Gahan. Eis as 13 faixas:
* In Chains
* Hole to Feed
* Wrong
* Fragile Tension
* Little Soul
* In Sympathy
* Peace
* Come Back
* Spacewalker
* Perfect
* Miles Away / The Truth Is
* Jezebel
* Corrupt

Shakira faz disco com Calle 13, Khaled e Wyclef

Ainda sem título e sem a data de lançamento definida, o próximo álbum de Shakira conta com as colaborações de Khaled (o cantor da Argélia que estourou no Brasil em 2000 com El Arbi, música lançada em álbum de 1992), Calle 13 (o duo porto-riquenho de reggaeton) e dos rappers norte-americanos Wyclef Jean e Pharrell Williams. O sucessor de Fijacion Oral / Oral Fixation - um projeto duplo desmembrado em dois volumes, editados ao longo de 2005, sendo que o primeiro foi gravado em espanhol e o segundo, em inglês - encerra o vínculo da estrela colombiana com a gravadora Sony BMG. Assim como Madonna, Shakira assinou com a empresa Live Nation contrato que engloba a gravação - e distribuição - de seus próximos álbuns.

Daniela promove música gravada para Carnaval

Enquanto não finaliza seu próximo álbum, sucessor do CD e DVD Balé Mulato ao Vivo (2006), Daniela Mercury badala a música que gravou para o Carnaval de 2009. Intitulada Oyá por Nós, a música foi gravada com a participação do cantor baiano Márcio Victor, do grupo Psirico. Primeira parceria de Daniela Mercury com Margareth Menezes, Oyá por Nós reverencia Iansã, um dos orixás do Candomblé. Por ora ainda não lançada em disco, a (boa) gravação combina riffs de guitarra com o baticum afro-brasileiro.

Mantiqueira vai de Caymmi a Gonzaga em DVD

Formada em 1991, em São Paulo (SP), a ótima Banda Mantiqueira chega, enfim, ao DVD. Já nas lojas, o 15º título da série de DVDs Toca Brasil - editada pelo Instituto Itaú Cultural - registra show feito pela big-band em 7 de julho de 2006. Os maestros Nailor Azevedo Proveta (sax e clarinete) e Edson Alves (baixo) reembalam fino repertório extraído dos álbuns Aldeia (1996), Bixiga (2000) e Terra Amantiquira (2005). O roteiro de oito números enfileira músicas de Joyce (Feminina), João Bosco (Linha de Passe e Prêt-a-Porter de Tafetá), Dorival Caymmi (Samba da minha Terra e Saudade da Bahia, reunidas em medley) e Luiz Gonzaga (Pau-de-Arara, Último Pau-de-Arara e Qui Nem Jiló - também agrupadas num único longo número). Nas entrevistas exibidas no vídeo, os músicos contam a história da Mantiqueira, banda prestigiada tanto no universo popular quanto no circuito erudito. O DVD da banda está sendo posto nas lojas por meio de uma parceria do Itaú Cultural com a gravadora Maritaca.

14 de janeiro de 2009

Sony (re)põe em catálogo dois álbuns de Maysa

Na carona do sucesso da ótima minissérie Maysa - Quando Fala o Coração, a Sony BMG está repondo em catálogo dois álbuns de Maysa já relançados no formato de CD. Voltam às lojas Barquinho - o disco de 1961 em que, acompanhada pelo bom conjunto de Roberto Menescal, a cantora gravou um repertório bossa-novista - e Maysa, título de 1966, único feito por Maysa na gravadora que se denominava RCA Victor. Primeiro disco feito pela cantora na Columbia, Barquinho foi remasterizado em 2000, ano em que ganhou sua melhor reedição em CD. Já Maysa (capa acima à esquerda) chegou ao formato digital em 2002 na coleção RCA Original. De quebra, a Sony BMG traz de volta ao catálogo a coletânea dedicada à artista na trivial série Maxximum. A rigor, os três títulos ainda podiam ser comprados em algumas lojas - sobretudo nas virtuais. Por conta da minissérie, os discos ganham reforço na distribuição e poderão ser encontrados com facilidade.

Yo-Yo Ma propaga paz e amor com os amigos

Idealizado pelo violoncelista Yo-Yo Ma para o período de festas e já lançado no exterior em outubro de 2008, o álbum duplo Yo-Yo Ma & Friends - Songs of Joy & Peace chega com muito atraso ao mercado brasileiro neste mês de janeiro de 2009, via Sony BMG. Neste disco, Yo-Yo Ma propaga seus ideais de paz e amor em repertório gravado ao lado de nomes como Diana Krall (You Couldn't Be Cuter), James Taylor (Here Comes the Sun, a música de George Harrison) e Dave Brubeck (Joy to the World e Concordia). O virtuoso Duo Assad - formado pelos violonistas brasileiros Sérgio e Odair Assad - comparecem num improviso do tema intitulado Dona Nobis Pacem (Give us Peace), também abordado, em outra faixa, pelo cubano Paquito D'Rivera.

Lennox põe dois registros inéditos em coletânea

Duas gravações inéditas incrementam o CD The Annie Lennox Collection, compilação que reúne 12 sucessos da carreira solo da cantora projetada na dupla The Eurythmics. As novidades são Shinning Light - um cover do repertório da banda irlandesa Ash, associada ao BritPop - e Pattern of my Life, música de Tom Chaplin, do grupo Keane. Com lançamento agendado para 10 de fevereiro de 2009, a coletânea encerra o vínculo de Lennox com a gravadora Sony BMG. O CD The Annie Lennox Collection vem com DVD que exibe vídeos das 14 faixas. Para Lennox, é como se o best of fechasse um ciclo...

Oasis lança documentário inédito no MySpace

O quinteto britânico Oasis está lançando na sua página no portal MySpace um documentário de 18 minutos, Dig Out your Soul in the Streets, filmado em alta definição com direção assinada por The Malloys. Primeira produção em alta definição a ser lançada no MySpace, o curta-metragem pode ser visto a partir desta quarta-feira, 14 de janeiro de 2009. O filme mostra os integrantes do grupo ensinando músicos de rua a tocarem as composições de seu último álbum, Dig Out your Soul (2008), para que o álbum fosse vazado antes do lançamento oficial, com a autorização do Oasis. As cenas do documentário foram filmadas em preto e branco em vários cartões postais de Nova York (EUA).

Ribas foge do 'revival' em DVD com dez inéditas

Resenha de DVD
Título: Toca Brasil
- Itaú Cultural
Artista: Marku Ribas
Gravadora: Mais
Brasil / Instituto
Itaú Cultural
Cotação: * * * *

Enquadrado no universo indie do samba-rock, nos anos 70, o suingue de Marku Ribas extrapola ritmos neste DVD que foge do habitual caráter retrospectivo do gênero. "Ninguém vai ver um revival. Eu indo para frente", anuncia o autor de Alerta Geral, música censurada nos anos 60 que veio a dar título ao álbum lançado por Alcione em 1978. Dito e feito. São inéditas dez das 14 músicas do roteiro do show captado em São Paulo (SP) em 19 de maio de 2007, data em que Ribas completava 60 anos. Em algumas, como Altas Horas e Arreia, dá para identificar o suingue soul que fez com que cultuadores do estilo, como Ed Motta, se tornassem devotos de Ribas (Ed editou em 2007 uma coletânea do artista, Zamba Ben). Já em outras, caso de Neguin Robertin, ouvintes mais atentos vão perceber algum parentesco com a ginga de João Bosco. Como Bosco, Ribas também nasceu em Minas Gerais - ele é de Pirapora, cidade interiorana situada às margens do Rio São Francisco - e se tornou hábil nos vocais percussivos (aliás, Ribas dá banho de suingue no número instrumental que introduz o show ao tirar sons percussivos da boca). Contudo, o som de Ribas paira acima de referências ou comparações. Tem algo da música indígena e está profundamente calcado na raiz africana - como evidencia o samba Laguna de Dagmar - e na postura politizada do artista. Aliás, a inédita Ato Tridimensional nº 5 é tributo ao pianista Tenório Jr. (1941 - 1977?), desaparecido na Argentina por obra do regime militar que amordaçava o Brasil nos anos 70. Entre tema inédito cantado em francês (Pas Pour Ça) e música batizada com palavra inventada (Aristóporindé), no estilo do escritor Guimarães Rosa (1908 - 1967), Marku Ribas se impõe no DVD - o mais bem filmado da série Toca Brasil, editada via Instituto Itaú Cultural - como um artista único pelo suingue que extrai da mistura personalíssima de ritmos e sotaques plurais.

13 de janeiro de 2009

Rita Lee eterniza seu 'Pic Nic' em DVD no Rio

Show estreado por Rita Lee no Rio de Janeiro (RJ), em 18 de janeiro de 2008, Pic Nic volta um ano depois à cidade que deu o ponto de partida na turnê internacional para ser registrado em CD e DVD. A gravação ao vivo está agendada para 30 e 31 de janeiro de 2009 em duas apresentações do espetáculo na casa Vivo Rio. Rodrigo Carelli assina a direção do DVD, que sairá no meio do ano.

Hermanos retornam para abrir para Radiohead

Os rumores que circulavam em blogs e nos bastidores musicais desde dezembro de 2008 eram mesmo verdadeiros: o grupo Los Hermanos interrompe seu "recesso por tempo indeterminado" - anunciado em 24 de abril de 2007 - para fazer show no Just a Fest, o festival que acontece no Rio de Janeiro (RJ) e em São Paulo (SP) em 20 e 22 de março de 2009, respectivamente, com apresentações dos grupos Radiohead e Kraftwerk. A informação de que o quarteto vai se reunir no evento foi confirmada pelo Portal MTV nesta terça-feira, 13 de janeiro de 2009. Contudo, por ora, ainda não há uma confirmação oficial da produção do evento.

Sonic Youth entra na Matador com The Eternal

Sem lançar álbum de inéditas desde 2006, ano em que apresentou um dos títulos mais vigorosos de discografia iniciada em 1982 (Rather Ripped), o Sonic Youth finaliza um novo álbum, The Eternal, cujo lançamento está previsto para junho de 2009. The Eternal vai marcar a estréia deste quinteto norte-americano na Matador Records - gravadora identificada com o rock alternativo - com temas como Massage the History, No Way e What We Know.

EMI relança 12 'singles' do Radiohead em vinil

Raríssimo primeiro EP do Radiohead, lançado em março de 1992, Drill vai ser reeditado pela EMI Music no formato de vinil. A reeedição de Drill integra a coleção de 12 singles do quarteto que vai estar nas lojas a partir de 21 de abril de 2009. Cada single vai trazer seus respectivos lados B originais e vai estampar adesivo com a imagem da capa do álbum ao qual é associado. As reedições estão sendo preparadas à revelia do grupo, que deixou a EMI em 2007, antes de lançar seu álbum In Rainbows. Eis a relação de singles (re)postos em catálogo no (re)valorizado formato de vinil:

* Drill
* Creep
* My Iron Lung
* Just
* Fake Plastic Trees
* High and Dry
* Street Spirit (Fade Out)
* Paranoid Android
* Karma Police
* No Surprises
* Pyramid Song
* There There
* 2+2=5

Gloriosa, Marília Pêra acerta no erro de Jenkins

Resenha de Teatro
Título: Gloriosa
Texto: Peter Quilter
Direção: Charles Möeller
Direção Musical: Claudio Botelho
Elenco: Marília Pêra (em foto de Robert Schwenck), Eduardo
Galvão e Guida Vianna
Cotação: * * * *
Em cartaz no Teatro Fashion Mall (RJ)

Versátil atriz vocacionada para o canto, Marília Pêra já encarnou intérpretes de universos musicais díspares como Carmen Miranda (1909 - 1955), Dalva de Oliveira (1917 - 1972) e Maria Callas (1923 - 1977). Contudo, para entrar na pele de Florence Foster Jenkins (1868 - 1944), a cantora lírica retratada no musical Gloriosa, a atriz teve que desaprender a arte do canto para ter credibilidade no papel da lendária Jenkins, pianista que, por impossibilidade de tocar seu instrumento devido a um acidente, resolve se lançar na carreira de cantora lírica sem ter o menor talento para o ofício. É nesse persistente erro de Jenkins que Marília Pêra acerta mais uma vez e brilha ao protagonizar essa comédia musical que estreou na Inglaterra em agosto de 2005 e chegou ao Rio de Janeiro na sexta-feira, 9 de janeiro de 2009, após breves temporadas de ajustes em cidades como Niterói (RJ) e Santos (SP).

Espetáculo de Charles Möeller e Cláudio Botelho, Gloriosa não é propriamente um musical como tantos assinados pela dupla. É, a rigor, uma comédia em que a música assume papel central por conta da devoção cega de Jenkins ao canto lírico. Por errar praticamente todas as notas das árias a que se propunha a cantar, a milionária nascida na Pensilvânia se tornou alvo de piada e de deboche. No entanto, talvez por uma questão de humanidade, fãs ilustres como Cole Porter (1891 - 1964) também iam aos recitais armados pela pretensa cantora nos saguões de hotéis luxuosos. Em suas apresentações, Jenkins contava com o acompanhamento do pianista Cosme McMoon, interpretado com competência por Eduardo Galvão. De início interessado nas vantagens financeiras propostas pela cantora, McMoon aos poucos se deixa seduzir pela personalidade carismática de Jenkins, que chegou a lotar o Carnegie Hall (NY, EUA) em 1944 num recital de críticas tão negativas que, além de destruir a ilusão de Jenkins, a levaram a um enfarte que provocaria a sua morte, algumas semanas depois.

Com sua notável habilidade, Marília deixa aos poucos o espectador entrever as fragilidades e carências de Jenkins. E dá show de profissionalismo nos números musicais - como Mein Herr Marquis (Ária da Risada de Adele) e A Rainha da Noite (da ópera A Flauta Mágica, de Mozart) - em que precisa desafinar e errar o que ela, Marília, sabe fazer certo pelo dom natural e pela disciplina com que vem aprimorando esse dom ao longo de uma carreira... gloriosa. Talento ratificado no pungente número final, Ave Maria (Bach e Gounod), quando, numa licença dramatúrgica, o texto faz com que o espectador ouça Jenkins com a afinação e o brilho que (supostamente) a desastrada cantora lírica sempre pensou ter (ou fingiu pensar ter...). Impossível não se emocionar.

Com figurinos deslumbrantes de Kalma Murtinho (e as roupas excêntricas de Jenkins eram um show à parte em seus recitais) e intervenções comunicativas de Guida Vianna (em especial na pele da empregada mexicana que não se entende com sua patroa), Gloriosa tem o fino acabamento da dupla Möeller & Botelho e, acima de tudo, é o veículo para Marília Pêra atestar mais uma vez o talento ímpar que a coloca entre as melhores atrizes do mundo.

12 de janeiro de 2009

Beck grava 'cover' de Dylan para CD beneficente

Música lançada por Bob Dylan em 1966 no álbum Blonde on Blonde, Leopard-Skin Pill-Box Hat ganha regravação de Beck (foto) em Heroes, CD beneficente que tem lançamento agendado para 16 de fevereiro na Inglaterra. O disco foi idealizado pela ONG War Child para arrecadar fundos para crianças que vivem em países em guerra. Em Heroes, artistas ingleses da nova geração fazem covers de nomes da velha guarda do pop rock mundial. Eis a relação de artistas e músicas (e de intérpretes originais) do álbum:

* Beck - Leopard-Skin Pill-Box Hat (Bob Dylan)
* Scissor Sisters - Do the Strand (Roxy Music)
* Lily Allen e Mick Jones - Straight to Hell (The Clash)
* Duffy - Live and Let Die (The Wings)
* Elbow - Running to Stand Still (U2)
* TV on the Radio - Heroes (David Bowie)
* Hot Chip - Transmission (Joy Division)
* The Kooks - Victoria (The Kinks)
* Estelle - Superstition (Stevie Wonder)
* Rufus Wainwright - Wonderful/Song for Children (Brian Wilson)
* Peaches - Search and Destroy (Iggy and The Stooges)
* The Hold Steady - Atlantic City (Bruce Springsteen)
* The Like - You Belong to me (Elvis Costello)
* Yeah Yeah Yeahs - Sheena Is a Punk Rocker (The Ramones)
* Franz Ferdinand - Call Me (Blondie)

Pet Boys anunciam 'Yes', CD com Johnny Marr

Sem lançar um álbum de inéditas desde Fundamental, de 2006, o duo inglês Pet Shop Boys vai voltar ao mercado fonográfico em março com Yes. Com lançamento agendado no Reino Unido para 23 de março de 2009, o álbum conta com intervenções do guitarrista Johnny Marr, projetado nos anos 80 no extinto grupo The Smiths. Três das 11 músicas do CD - More than a Dream, The Way It Used to Be e Love Etc. - têm a assinatura e a produção do grupo Xenomania. O primeiro single de Yes - Love Etc. - vai ser enviado às rádios em 16 de março, uma semana antes da chegada do disco às lojas da Inglaterra. Eis as onze músicas de Yes, álbum que tem também a participação do arranjador Owen Pallett:

1. Love etc.
2. All Over the World
3.Beautiful People
4. Did You See me Coming?
5. Vulnerable
6. More than a Dream
7. Building a Wall
8. King of Rome
9. Pandemonium
10. The Way It Used to Be
11. Legacy

DVD preserva toda graça das meninas no palco

Resenha de CD / DVD
Título: Três Meninas
do Brasil ao Vivo
Artista: Jussara
Silveira, Rita Ribeiro
e Teresa Cristina
Gravadora: Quitanda
/ Biscoito Fino
Cotação: * * * (CD) /
* * * * 1/2 (DVD)

Um dos melhores shows de 2007, Três Meninas do Brasil, ganha registro ao vivo em DVD e CD, à venda a partir de terça-feira, 13 de janeiro de 2009, via selo Quitanda, dirigido por Maria Bethânia em parceria com a gravadora Biscoito Fino. O encontro nos palcos de Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina nasceu da idéia de Teresa de fazer uma (ainda não concretizada) parceria com Rita - como esta conta em Divino, antes de tocar tambor e fazer a segunda voz no dueto com Teresa. Parceira de Rita com Zeca Baleiro, Divino é uma das 22 músicas do DVD Três Meninas do Brasil ao Vivo, captado no show realizado em 24 de agosto de 2008 no Teatro Municipal de Niterói (RJ) com o intuito de viabilizar a gravação. Divino é número que exemplifica a real interação das cantoras em cena. Por isso, o DVD deve ser preferido em relação ao CD, que não mostra em suas 15 faixas toda a graça da mistura. Mesmo porque há todo um gestual lúdico em números como Lá Vem a Baiana (dueto de Teresa com Jussara) e no medley que une Na Cabecinha da Dora e Nega do Cabelo Duro que obviamente pode ser apreciado apenas no DVD - no caso do medley, já que a música de Dorival Caymmi (1914 - 2008) - saudado por Teresa antes de começar a cantar Lá Vem a Baiana - entrou somente no DVD. Que, infelizmente, não oferece extras e tampouco teve o seu menu sonorizado (a filmagem, contudo, é correta - assim como o áudio).

Dirigido por Jean Wyllys, convocado por Rita para formatar o projeto da reunião das três cantoras (idealizado na Manaxica Produções em fevereiro de 2007), o show é mais gracioso nos números feitos em trio. Meninas do Brasil - a bela música lançada por Moraes Moreira em 1980 que inspirou o título do espetáculo - é um achado e ganha novo colorido nas vozes das intérpretes. Assim como Minha Tribo Sou Eu (Zeca Baleiro), Menina Amanhã de Manhã (Tom Zé), Maria, Mariazinha (samba de Aloísio Ventura), Seo Zé (Carlinhos Brown, Marisa Monte e Nando Reis) e Mulher Nova Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer sem Sentir Dor (Zé Ramalho). Neste sucesso de Amelinha, gravado originalmente em 1982, os violões do diretor musical do show - Jaime Alem, maestro de Maria Bethânia - adquirem sotaque nordestino. Amplificado no fim do show em números forrozeiros como Isso Aqui Tá Bom Demais (Dominguinhos e Nando Cordel) e Homem de Saia, hit malicioso do repertório do Trio Nordestino. São momentos em que salta aos olhos e aos ouvidos o prazer com que as cantoras estão dividindo a cena, sem aparentes estrelismos e egotrips. Tanto que os solos de Jussara (Ludo Real e Dama do Cassino), Rita (Maiúsculo e Impossível Acreditar que Perdi Você) e Teresa (Cantar e Nu com a Minha Música) nem exibem toda a verve dos números em duos e trios. É da mistura que vem a graça.

O fato do show ser conduzido pelo diretor musical Jaime Alem certamente abriu as portas do selo de Bethânia para o projeto. Assim como o fato de alguns números já terem desde a estréia um forte acento baiano - casos da irresistível Chula Cortada (Roque Ferreira) e do tributo prestado ao grupo Os Tincoãs com a afro-brasileira Deixa a Gira Girá, tema de domínio público adaptado pelos três integrantes baianos do grupo (Mateus, Dadinho e Heraldo). O que merece aplausos, pois Três Meninas do Brasil ao Vivo é um dos produtos mais saborosos da seletiva Quitanda.

Springsteen ganha Globo de Ouro por 'Wrestler'

Bruce Springsteen ganhou, pela segunda vez, um Globo de Ouro por uma canção original. Na noite de domingo, 11 de janeiro de 2009, o compositor faturou na 66ª edição do Globo de Ouro o troféu de melhor canção original pela criação do tema-título do filme The Wrestler. Springsteen repetiu o feito de 1994, ano em que também foi laureado com o mesmo prêmio pela canção Streets of Philadelphia, do filme Philadelphia (1993). Já lançada como single em formato digital, em dezembro de 2008, The Wrestler é uma das músicas do novo álbum do artista, Working on a Dream, cujo lançamento está agendado pela Sony para 27 de janeiro de 2009, em edições simples e dupla.

A Bangalafumenga brilha no 'Barraco Dourado'

Resenha de CD
Título: Barraco Dourado
Artista: Bangalafumenga
Gravadora: MP, B /
Universal Music
Cotação: * * * *

"Eu tô no samba-funk, tô no sambalanço / Tô na batucada, minha rede eu mesmo tranço", canta Rodrigo Maranhão sob a pulsação de metais, quase no tom do samba-rap, em Baseado em Fatos Reais. A intenção é traçar a evolução do samba na letra desta música do terceiro disco do Bangalafumenga, mas os versos funcionam também como uma carta de intenções deste grupo carioca - formado em 1998 pelo poeta Chacal e pelos músicos Rodrigo Maranhão e Celso Alvim (da Parede) - que mistura e manda em Barraco Dourado um coquetel de ritmos brasileiros com atitude e baticum pop. Parte do samba (cuja batida dá o tom em faixas como Chapéu Mangueira) para ritmos como maracatu (caso da funkeada faixa-título, Barraco Dourado) e ciranda (Sexta-Feira / Bonfim). No todo, o CD mantém o alto nível do primeiro álbum da banda (Bangalafumenga, 2001) - no qual, aliás, apareceram músicas como a Ciranda do Mundo (Edu Krieger) - e do EP Vira-Lata, de 2004. Barraco Dourado é, sobretudo, a confirmação do talento de Rodrigo Maranhão como compositor (como cantor, ele não chega a brilhar). É de Maranhão a autoria da maioria das músicas do álbum, a começar pelo ponto afro Mãe d'Água, que abre Barraco Dourado. Há faixas como Quebra-Quilos - composta por Pedro Luís em homenagem a Celso Alvum - marcadas pelo baticum percussivo da Parede, mas, no geral, os arranjos combinam levadas percussivas com a pulsação dos metais. É o que acontece no tema instrumental Especial de Agogô. Mesmo que uma ou outra música soe menos inspirada - caso de Brother, soul criado por Maranhão em tributo a Serjão Loroza - o Barraco Dourado ostenta o viço da moderna música popular produzida no Rio de Janeiro sem fronteiras rítmicas. E, de quebra, oferece dois covers. O rebolado latino da Lourinha Bombril - modelado pelos Paralamas do Sucesso no álbum 9 Luas (1996) - cai bem no repertório do Bangalafumenga. Já a tentativa de seguir os Trilhos Urbanos (Caetano Veloso, 1979) na batida seminal do jongo soa mais curiosa do que propriamente empolgante. Nada, contudo, que tire o brilho de disco vibrante. 2009 começou bem.

11 de janeiro de 2009

Musical tem a leveza da obra de Tom & Vinicius

Resenha de Musical
Título: Tom & Vinicius - O Musical
Autoria: Daniela Pereira de Carvalho e Eucanaã Ferraz
Direção: Daniel Herz
Interpretação: Marcelo Serrado (Tom Jobim), Thelmo
Fernandes
(Vinicius de Moraes) e grande elenco
Foto: Divulgação / Vânia Toledo
Cotação: * * *
Em cartaz no Teatro João Caetano (Rio de Janeiro - RJ)

Mesmo sem ação dramática, mínima que seja, Tom & Vinicius - O Musical prende a atenção do espectador por conta da beleza atemporal das músicas da dupla formada por Tom Jobim (1927 - 1994) e Vinicius de Moraes (1913 - 1980) em 1956. É do encontro de Tom & Vinicius naquele ano, para compor as músicas da peça Orfeu da Conceição, que parte a rala ação do musical que chegou ao Rio de Janeiro, cidade natal da Bossa Nova e dos dois geniais compositores homenageados, na noite de sábado, 10 de janeiro de 2009, depois de quatro meses de controvertida temporada em São Paulo (SP). Em cena, Marcelo Serrado - idealizador do projeto - é Tom, com alguns maneirismos vocais que remetem ao jeito com que Jobim ficou imortalizado no imaginário popular. Com mais humor, Thelmo Fernandes dá vida a um gaiato Vinicius. Nenhum dos protagonistas tem especial dom para o canto, mas, como Tom e Vinicius também não eram cantores, os dois atores até dão conta do recado quando soltam suas vozes tímidas em músicas como Eu Não Existo sem Você. Na parte estritamente vocal, o brilho maior vem de Lilian Valeska, integrante do elenco de apoio que ficou com a tarefa de entoar as músicas de clima emocional mais intenso - como Modinha e Derradeira Primavera.

O texto se resume a encadear alguns breves flashes de momentos marcantes da trajetória de Tom e Vinicius num período que vai de 1956 a 1967, ano em que Tom grava com Frank Sinatra (1915 - 1998). Na pele de Sinatra, a propósito, o ator Luiz Nicolau arranca merecidos risos e aplausos da platéia ao engatar com Serrado uma versão bilíngüe de Garota de Ipanema - mais tarde interpretada de forma caricata por outros atores em espanhol, em francês e até em japonês para dar idéia do alcance mundial da obra da dupla. Sem esboçar uma teatralidade, os autores Daniela Pereira de Carvalho (em seu texto mais fraco) e Eucanaã Ferraz revivem episódios emblemáticos da parceria de Tom & Vinicius. Como o encontro com Elizeth Cardoso (1920 - 1990) para gravar o histórico LP Canção do Amor Demais (1958), o embate com os produtores estrangeiros na criação do filme Orfeu Negro (1959) e a ida ao polêmico show no Carnegie Hall (NY, EUA) que exportou a bossa carioca para o mundo em 1962. Pena que os autores não usaram os dados da sólida pesquisa de Maria Lúcia Rangel para construir uma dramaticidade que fizesse o texto ir além da exposição simpática e (bem) idealizada dos compositores.

Se Tom & Vinicius - o Musical provoca sensação prazerosa no espectador ao fim das duas horas de encenação, é por conta da música de fato soberana dos compositores. O diretor Daniel Herz conseguiu dar ao espetáculo uma leveza condizente com a obra de Tom & Vinicius. E, como é grande a saudade da época e da dupla, o arremate do musical com Carta ao Tom reforça todo o clima de nostalgia que enleva o espectador. A música é tão sedutora e forte que disfarça a fraqueza da dramaturgia. Falta uma bossa no texto.

Mallu lança DVD com 'covers' de Dylan e Cash

Já à venda nas lojas desde o fim de dezembro, com o registro ao vivo do show feito no Na Mata Café (SP) em 7 de outubro de 2008, o primeiro DVD de Mallu Magalhães (confira a capa à esquerda) mistura no roteiro de 24 números - dos quais três (My Honey, You Always Say e Sweet Mom) são exibidos nos extras - inéditas, músicas do primeiro CD da cantora adolescente e covers de Folsom Prison Blues - um clássico do repertório do cantor Johnny Cash (1932 - 2003), um dos ídolos de Mallu - e de It Ain't me, Babe, música de Bob Dylan, outro astro idolatrado pela cantora, devota do rock e do folk dos anos 60. A maioria das músicas do DVD - intitulado Mallu Magalhães assim como o CD - é cantada em inglês, mas o roteiro é salpicado com algumas composições em português. Entre elas, Girassóis, Vanguart, Faz e Meia Colorida. Com imagens de diversos shows, o DVD teve seu lançamento viabilizado de forma independente, por conta de um patrocínio obtido (por Mallu) com operadora de telefonia celular.

Dorina faz apoteose ao samba no primeiro DVD

Pérola da parceria de Silas de Oliveira (1916 - 1972) com Mano Décio da Viola (1909 - 1984), propagada pela voz de Jamelão (1913 - 2008), Apoteose ao Samba é um dos dez números exclusivos do primeiro DVD de Dorina, Samba de Fé, que vai ser editado na seqüência do CD homônimo, lançado no fim de 2008. Traz, na íntegra, a gravação ao vivo captada em 2007 em show da cantora na casa Trapiche Gamboa (RJ), um dos redutos cariocas do samba. Outros bons números reservados para o DVD são O X do Problema (samba de Noel Rosa, revivido em arranjo econômico de prato, faca e pandeiro), Mãos (em dueto com Almir Guineto, autor do samba), Pagode da Dona Ivone (com Mauro Diniz), Estrela de Madureira, Vivência no Morro, D. Maria do Babado e O Meu Amor. Canção composta por Chico Buarque para a Ópera do Malandro, O Meu Amor é entoada por Dorina em dueto com Ana Costa. Outra participação especial exclusiva do DVD é a de Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008). Numa de suas últimas aparições, Vila revive com Dorina o samba O Sonho Não Acabou, criado para celebrar Candeia (1935 - 1978).

Disco celebra a poética obra musical de Cacaso

Já está em fase conclusiva de gravação um disco que celebra a obra musical de Antônio Carlos Ferreira de Brito, o poeta Cacaso (1944 - 1987), apelido que virou nome artístico usado pelo mineiro para assinar seus livros e letras de música. Idealizado e bancado com recursos próprios pelo produtor Heron Coelho, o CD já despertou o interesse de duas gravadoras indies, Biscoito Fino e Lua Music. Intitulado Cacaso - Letra e Música, o disco apresenta regravações inéditas da obra musical do letrista de sucessos como Amor Amor, Dentro de mim Mora um Anjo e Face a Face. Na lista de intérpretes, constam parceiros de Cacaso - revelado em disco em 1964 com João Amor e Maria, parceria com Maurício Tapajós - como Danilo Caymmi, Francis Hime, João Donato, Sueli Costa e Zé Renato. Eis, fora da ordem, as faixas do CD Cacaso - Letra e Música, que sairá neste semestre.

O Terceiro Amor (Francis Hime - Cacaso) - Francis Hime
Dentro de mim Mora um Anjo (Sueli Costa - Cacaso) - Olívia Hime
Triste Baía da Guanabara (Novelli - Cacaso) - Fabiana Cozza
Meio Termo (Lourenço Baeta - Cacaso) - Cida Moreira
Lero Lero (Edu Lobo - Cacaso) - Olívia Byngton
Ribeirinho (Francis Hime - Cacaso) - Olívia Hime
Chega de Tarde (Danilo Caymmi - Cacaso) - Danilo e Dori Caymmi
Eu te Amo (Sueli Costa - Cacaso) - Renato Braz
Andorinha(Novelli-Cacaso)-Ana de Holanda,Novelli e Pií Buarque
Das Dores (Cacaso - Zé Renato) - Zé Renato
Profunda Solidão (Novelli - Cacaso) - Cristina Buarque
Canção do Desamor Demais (João Donato - Cacaso) - Miúcha e
João Donato
Louvar (Zé Miguel Wisnik-Cacaso) - Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik
Clarão (Olivia Byington - Cacaso) - Ana Luíza e Luiz Felipe Gama
Refém (Carlinhos Vergueiro- Cacaso) - Carlinhos Vergueiro
Amor Amor (Sueli Costa - Cacaso) - Célia e Nelson Ayres
Dono do Lugar (Edu Lobo - Cacaso) - Cida Moreira
A Fonte (Nelson Ângelo - Cacaso) -Nelson Ângelo e Joyce
Tristorosa (Villa-Lobos - Cacaso - Amélia Rabelo
Face a Face (Sueli Costa - Cacaso) - Sueli Costa