28 de fevereiro de 2009

Com maestria, Tiso orquestra o samba e o jazz

Resenha de CD
Título: Samba e Jazz
- Um Século de Música
Artista: Wagner Tiso
Gravadora: Trem Mineiro
Cotação: * * * *

Além de ambos descenderem da mesma negra e forte matriz africana, o samba e o jazz têm (sutis) parentescos harmônicos de raiz européia, evidenciados sobretudo pela Bossa Nova. No disco Samba e Jazz - Um Século de Música, editado pelo selo Trem Mineiro, Wagner Tiso enfatiza afinidades entre os dois gêneros, encerrando a trilogia de fusões iniciada em 1997 com Debussy e Fauré Encontram Milton e Tiso (1997) e continuada com Tom e Villa (2000). Com antecedência de oito anos, o subtítulo Um Século de Música se refere ao fato de tanto o samba como o jazz terem chegado ao disco no mesmo ano de 1917 no Rio de Janeiro (Pelo Telefone, tema de Donga e Mauro Almeida) e nos Estados Unidos (Tiger Rag, da Dixieland Jazz Band, uma big-band branca radicada em Chicago), respectivamente. Como é regra em álbuns de Tiso, Samba e Jazz seduz pela maestria com que o maestro e pianista orquestra o repertório, que alterna temas dos dois gêneros nas 12 faixas, originadas de um período amplo que vai dos anos 20 aos 90. A exuberância dos arranjos salta aos ouvidos em temas como o Samba do Grande Amor (Chico Buarque, 1983) - erroneamente grafado no encarte e na contracapa como Samba 'de um' Grande Amor. Aliás, a orquestração mais engenhosa é a do samba que abre o disco, Volta à Palhoça, de Sinhô (1888 - 1930). Raro em disco, o samba amaxixado de Sinhô é embalado com arranjo que evoca o suingue das big-bands, orquestras pioneiras que estavam em evidência no jazz na mesma década de 20 em que o também pioneiro compositor abriu caminho para o samba no Brasil - até sair precocemente de cena. Do lado de cá, Tiso dá tonalidades jazzísticas a sambas como Folhas Secas (Nelson Cavaquinho, 1973) e Quando o Samba Chama (Paulinho da Viola, 1996). Do lado de lá, o pianista - que aprendeu a cultuar o jazz nas antenadas esquinas mineiras - saúda mestres como o trompetista Miles Davis (1926 - 1991) e os também pianistas Bill Evans (1929 - 1980) e Count Basie (1904 - 1984). De Davis, Tiso revive Tune Up e Solar. De Evans, evoca as sutilezas harmônicas no medley que junta Smoke Gets in your Eyes, What Is There to Say? e Young and Foolish. De Basie, líder de orquestra suingante, a reverência é feita através de Shiny Stockings e April in Paris. Enfim, um grande CD - um dos melhores e mais arrojados da discografia de Wagner Tiso - que embaralha os ritmos e alarga fronteiras de dois gêneros que, em maior ou menor grau, norteiam este notável século de música.

CD coleta as gravações iniciais dos Golden Boys

Ao arrebentar nas paradas em janeiro de 1965 com o (raro) compacto no qual lançou Erva Venenosa (a versão de Poison Ivy que seria regravada pelo grupo Herva Doce nos anos 80 e por Rita Lee no CD 3001, de 2000), o grupo Golden Boys já era dono de discografia bem regular. Sim, o quarteto vocal já lançava discos desde 1958, ano em que foi contratado pela extinta gravadora Copacabana. Nem todas disponibilizadas em formato digital pelas coletâneas editadas pela EMI Music, companhia que adquiriu o acervo da Copacabana, as gravações iniciais do grupo foram coletadas no CD duplo Os Golden Boys (capa à esquerda) - nas lojas em março de 2009 com distribuição da Coqueiro Verde Records. Seus fãs poderão ouvir com som remasterizado registros como Estúpido Cupido (1959) e Sereia da Praia (1960). A seleção vai de 1958 a 1965 e reconta toda a (pré-)história do grupo dos garotos de ouro através de 40 fonogramas compilados pelo pesquisador Marcelo Fróes para seu selo Discobertas. A coletânea recupera inclusive as sete gravações feitas pelos Golden Boys em sua breve passagem pela Polydor, entre 1963 e 1964, além de reapresentar todos os fonogramas do primeiro LP do grupo, Os Golden Boys (1959). O encarte reproduz capas desse LP e de alguns compactos da época.

Fado Mulato viaja por Brasil, África e Argentina

Resenha de CD
Título: Fado Mulato
Artista: Maria João
Quadros
Gravadora: Grão
Cotação: * * * * 1/2

Com chances de ganhar edição brasileira pela Biscoito Fino ao longo de 2009, o disco Fado Mulato - gravado entre 2005 e 2008, ano em que foi lançado em Portugal no mês de novembro - está totalmente impregnado da alma passional da mais tradicional música lusitana. Contudo, o fado majestosamente cantado por Maria João Quadros no álbum - originado de um show de grande sucesso - é miscigenado. A cor mulata vem dos vínculos com o Brasil e a África. O Brasil é escala importante nessa original viagem intercontinental porque todo o repertório do disco é essencialmente formado por parcerias de compositores nacionais com o poeta lusitano Tiago Torres da Silva, que vive cruzando os mares que ligam Portugal ao Brasil. Como se fosse um fadista, Ivan Lins se mostra especialmente inspirado na feitura da melodia de Quando a Noite Adormece. Já Francis Hime impõe seu estilo classicista em Eu Hei de Amar uma Onda, música na qual pôs sua voz e tocou seu piano. A África é evocada nos versos de Fado Escravo que remetem aos navios negreiros em melodia de Olivia Byington, na faixa-título - Fado Mulato, parceria de Zeca Baleiro com Tiago, presta tributo a Moçambique - e nos versos em dialeto crioulo entoados por Maria João em dueto com o cantor Tito Paris em Vais Dizer Adeus, colaboração expressiva de Chico César com o poeta português que idealizou e produziu o CD. Gravado com grandes músicos como Pedro Jóia, que toca guitarra e alaúde em Fado Mudo (Iara Rennó assina a melodia do tema), o álbum faz bem-sucedida escala na Argentina em Gente Vulgar, parceria de Tiago com Alzira Espíndola que cruza os sentimentos gêmeos do tango e do fado com o auxílio luxuoso do Quinteto Lusotango. A faixa é exemplo da habilidade ímpar de Maria João Quadros ao cantar o fado. A intérprete não segue fielmente a cartilha do fado, mas há algo de Amália Rodrigues (1920 - 1999) em seu canto. Inclusive quando entoa as duas músicas brasileiras inseridas no repertório. Amor Alheio - parceria de Ivor Lancellotti com Paulo César Pinheiro, lançada por Joanna em álbum de 1985 - se integra bem ao cancioneiro inédito. Em que pese sua letra de tom passional típico do fado, Gota d'Água soa mais destoante desde fado amulatado que refaz elos - nunca dissolvidos, a rigor - entre Brasil e Portugal.

Show de Elza com Farofa Carioca pode virar CD

Há intenção de gravar ao vivo, para edição em CD e DVD, o show em que Elza Soares divide o palco com o grupo Farofa Carioca. Já testado na Europa e em duas apresentações informais em São Paulo (SP), a estréia oficial do show - de título bem apelativo, Compulsivos e a Perigosa - está agendada para quinta-feira, 5 de março de 2009, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ). No entanto, além das três apresentações cariocas, nada está certo, por ora. Nem mesmo a provável continuidade do show em turnê nacional. No roteiro, estão previstas músicas do segundo CD do Farofa Carioca - Tubo de Ensaio, editado em 2008 com Mário Broder no posto de vocalista que foi de Seu Jorge no primeiro álbum do grupo, Moro no Brasil (1998) - e incursões pelos repertórios de Bezerra da Silva (Malandragem Dá um Tempo) e Jorge Ben Jor (Mas que Nada e W/Brasil), além de um tributo a Carmen Miranda (1909-1955) pelo centenário de seu nascimento. A homenagem vai ser feita com releitura do samba-enredo Alô! Alô! Taí Carmen Miranda, com o qual o Império Serrano desfilou no Carnaval de 1972. Resta saber se a farofa está bem temperada...

Mariene também quer gravar músicas de Roque

Além do registro ao vivo de seu primeiro DVD (gravado em apresentação do show Santo de Casa no Teatro Castro Alves, em Salvador - BA, em 15 de fevereiro de 2009), Mariene de Castro planeja lançar em 2009 seu segundo CD somente com músicas de Roque Ferreira, reeditando a ótima idéia original de Roberta Sá. Em agosto de 2007, mês em que concedeu entrevistas para promover o disco Que Belo Estranho Dia para Ter Alegria, no qual incluiu um samba do autor (Laranjeira), Roberta já anunciou sua intenção de dedicar seu terceiro álbum somente ao repertório do compositor baiano. O disco seria feito com o Trio Madeira Brasil - com o qual, aliás, a cantora gravou outro tema de Roque, Afefé, para a coletânea Samba Novo, editada pela gravadora Som Livre. Já Mariene priorizou o compositor no repertório de seu primeiro álbum, Abre Caminho (2005). Das 16 faixas, oito levaram a assinatura do (inspirado) Roque Ferreira.

27 de fevereiro de 2009

Com horizonte curto, U2 sai da linha de frente...

Resenha de CD
Título: No Line
on the Horizon
Artista: U2
Gravadora: Universal
Music
Cotação: * * 1/2

Não era falsa a pista dada pelo rock Get on your Boots, eleito o primeiro single do álbum que o U2 lança na Irlanda nesta sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009. Nas lojas em escala mundial a partir de 2 de março, No Line on the Horizon é disco que tira o grupo da linha de frente do rock mundial. Não é ruim, mas não justifica a expectativa depositada no sucessor do superestimado How to Dismantle an Atomic Bomb (2004). Até porque a banda de Bono Voz recrutou três produtores - Brian Eno, Daniel Lanois e Steve Lillywhite - que tinham cacife e intimidade com o U2 para formatar um som mais sedutor do que o ouvido nas 11 faixas do álbum. A novidade é o ligeiro sotaque oriental das faixas Fez - Being Born e Cedars of Lebanon, provável efeito das sessões de gravação realizadas em Fez, no Marrocos (o álbum também foi formatado em Dublin, Londres e Nova York). Contudo, esse trilho oriental não desvia o som do U2 da rota original, retomada com o álbum sintomaticamente intitulado All That You Can't Leave Behind (2001) - aliás, o último grande título da discografia do quarteto. Fãs da banda vão identificar já aos primeiros acordes o toque pessoal da guitarra de The Edge em rocks como Breathe e Magnificent. No campo das baladas, Moment of Surrender se impõe mais do que White as Snow e Unknown Caller pelo tom épico. Já o bom rock Stand Up Comedy reedita o alto teor de messianismo do som de um grupo que, por conta das atividades de Bono Vox, sempre tem caráter político. Perceptível em várias faixas, a nova guinada do U2 rumo à eletrônica é mais calculada e não chega a descaracterizar o som da banda, que soa mais pop do que de costume em I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight. Ao fim de repetidas audições de No Line on the Horizon, fica a certeza de que o U2 apático de 2009 não honra o histórico fonográfico de uma banda que sempre teve energia de sobra mesmo quando flertava com a música mais volátil em álbuns bem controvertidos como Pop! (1997). Que venha logo um próximo álbum para apagar a má impressão e - quem sabe? - recolocar o U2 na linha de frente do rock mundial! Por ora, seu horizonte é curto.

Manic Street finaliza disco que vai sair em maio

O trio galês Manic Street Preachers finalizou um álbum de inéditas, gravado no Rockfield Studios (Inglaterra), que tem lançamento previsto para maio de 2009. O título provisório é Journal for Plague Lovers. A idéia do grupo é masterizar o disco em Nova York (EUA). Seu último álbum é Send Away the Tigers (2007).

Zélia dueta com Takai no CD pilotado por Ulhoa

Fernanda Takai faz dueto com Zélia Duncan numa das faixas do disco de inéditas que Zélia prepara com produção dividida entre John Ulhoa e Beto Villares. A informação foi dada pela própria Takai em seu blog, no qual a vocalista do Pato Fu postou a foto acima, feita por Takai no estúdio do grupo mineiro, 128 Japs, em Belo Horizonte (MG), onde Zélia concluiu a primeira parte do álbum que vai ser finalizado a partir de março em São Paulo (SP) - com produção de Villares - para ser lançado em meados de 2009.

Fagner compõe com Pensador para renovar som

Martelo é o título provisório da primeira parceria de Fagner com o rapper Gabriel O Pensador. Em busca de sonoridades mais contemporâneas, o cantor cearense abre o leque de parceiros no disco que grava sob a batuta do produtor carioca Clemente Magalhães (com Fagner na foto). O artista chegou a Clemente por indicação de Marcelo Froés, a quem Fagner pediu uma sugestão de produtor com quem pudesse fazer CD de som mais atual. Já em fase de gravação, entre o estúdio de Clemente no Rio (o Corredor 5) e o de Fagner em Fortaleza, o disco traz no repertório inéditas parcerias de Fagner com Chico César (Casa de Farinha) e Zeca Baleiro (Filme Antigo). O cantor espera finalizar a gravação para então negociar com alguma gravadora a distribuição deste álbum.

Sem Licks, Juliette adianta próximo CD na rede

A atriz e cantora Juliette Lewis já está mostrando em sua página no portal MySpace quatro músicas do CD que vai marcar a estréia de seu novo projeto, Juliette Lewis & The New Romantiques. São elas: All Is for Good, Fantasy Bar, o blues Hard Lovin' Woman e Romeo. Ainda sem data de lançamento definida, mas já concluído entre o México e os Estados Unidos, o disco vai se chamar Terra Incognita e é o primeiro da artista após a dispensa de seu grupo The Licks (foto), dissolvido em 2008 por conta do tal bilhete azul.

DVD rebobina 'Greatest Videos' do Simply Red

No embalo do retorno do Simply Red ao Brasil, para trazer sua The Greatest Hits Tour a São Paulo (3 e 4 de março no Credicard Hall) e ao Rio de Janeiro (6 de março no Citibank Hall), a Som Livre - sob licença do selo LAB 344 - está pondo nas lojas o CD duplo Simply Red 25 - The Greatest Hits e o bom DVD The Greatest Video Hits. O CD tem repertório similar ao de coletâneas anteriores do grupo (e várias já foram lançadas no mercado). Já o DVD (capa à esquerda) é especial por exibir, em ordem cronológica, 34 clipes que refazem a trajetória de 25 anos da banda. Formada em 1984, na cidade inglesa de Manchester, o Simply Red celebra na turnê essas duas décadas e meia de existência irregular. Como é perceptível na exposição dos vídeos, o auge artístico do grupo do vocalista Mick Hucknall se concentra no período 1985-1991, época em que a banda lançou hits como Holding Back the Years (1985), If You Don't Know me by Now (1989 - cover do tema do grupo de soul Harold Melvin & The Blue Notes) e For your Babies (1991). Tanto o CD como o DVD trazem no repertório gravação inédita produzida especialmente para a coletânea. Trata-se de Go Now, um cover da música da banda inglesa The Moody Blues. Eis os 34 greatest videos do DVD:

1) Money's Too Tight (To Mention)
2) Come to my Aid
3) Holding Back the Years
4) Open up the Red Box
5) The Right Thing
6) Infidelity
7) Maybe Someday
8) Ev'ry Time We Say Goodbye
9) It's Only Love
10) A New Flame
11) If You Don't Know me by Now
12) You've Got It
13) Stars
14) Something Got me Started
15) Thrill me
16) Your Mirror
17) For Your Babies
18) Fairground
19) Never Never Love
20) Remembering the First Time
21) We're in This Together
22) Angel
23) Night Nurse (com Sly And Robbie)
24) Say You Love me
25) The Air That I Breathe
26) Ain't That a Lot of Love
27) Your Eyes
28) Fake
29) Home
30) You Make me Feel Brand New
31) Sunrise
32) Perfect Love
33) So Not Over You
34) Go Now

Novo show de Calcanhotto segue maré de DVDs

Como era previsível, Adriana Calcanhotto (em foto de Joaquim Fonseca) vai registrar ao vivo seu show Maré - que estreou em maio de 2008 - para edição em DVD. A gravação vai ser feita neste ano de 2009 ao longo da turnê do espetáculo e se justifica porque, descontado o projeto infantil Adriana Partimpim, Calcanhotto tem somente um DVD em sua videografia, Público, originado de boa gravação feita para gerar CD ao vivo e VHS editados em 2000.

26 de fevereiro de 2009

Akon participa de duas faixas do CD de Richie

Primeiro álbum de estúdio de Lionel Richie desde Coming Home (2006), Just Go traz a participação do rapper Akon na faixa-título e em Nothing Left to Give. Neste CD, Richie tenta se inserir na forte cena contemporânea de rap e r & b dos EUA a reboque de escrete de produtores / compositores que, além de Akon, é formado por Stargate, Christopher Tricky Stewart e Ne-Yo, entre outros. Forever, I'm Not Okay, Think of You, Into You Deep, Eternity e Somewhere in London são algumas das 14 músicas do álbum. Previsto inicialmente para sair em 17 de fevereiro de 2009, Just Go vai chegar às lojas dos Estados Unidos a partir de 10 de março. Mas o primeiro single (Good Morning, faixa produzida por The Movement) já chegou ao mercado - sem causar efeito nas paradas.

Coletânea tira do baú gravações iniciais de João

Raridades desconhecidas (até) pelos fãs de João Gilberto, as duas gravações da fase inicial da carreira do cantor - Quando Ela Sai e Meia Luz, feitas em agosto de 1952 sob batuta da orquestra do maestro Orlando Silveira - estão fazendo muito sucesso na Europa por conta da coletânea dupla Roots of Bossa Nova 1948 - 1957 (capa à esquerda). A compilação reúne 36 fonogramas que, em maior ou em menor grau, já ostentavam alguma modernidade harmônica e prenunciavam a revolução feita por João em 1958. Detalhe: Quando Ela Sai e Meia Luz - postas no mercado em 1952 em raro disco de 78 rotações por minuto editado pela extinta gravadora Copacabana - são as primeiras gravações individuais de João, mas sua obscura obra fonográfica inicial começa, a rigor, em 1951, quando ele grava - como integrante do conjunto Garotos da Lua - quatro músicas para dois discos de 78 RPM editados pela também extinta gravadora Todamérica. Eis o fino repertório da cobiçada coletânea européia Roots of Bossa Nova 1948 - 1957:

CD 1
1.Tereza da praia - Dick Farney e Lúcio Alves (1954)
2. Duas Contas - Sylvia Teles (1957)
3. Chove Lá Fora - Tito Madi (1957)

4. Foi a Noite - Sylvia Teles (1956)
5. Nick Bar - Dick Farney e Radamés Gnattali (1951)
6. Se Todos Fossem Iguais a Você - Sylvia Teles (1957)
7. Mocinho Bonito - Doris Monteiro (1957)
8. Só Saudade - Cláudia Morena (1956)
9. Prelúdio - Silvio Caldas (1957)
10. Cansei de Ilusões - Elizeth Cardoso (1957)
11. Alma Brasileira - Garoto (1953)
12. Nova Ilusão - Os Cariocas (1948)
13. Adeus América - Os Cariocas (1948)
14. Dizem por Aí - Johnny Alf (1954)
15. Procurando meu Bem - Lúcio Alves (1953)
16. Outra Vez - Dick Farney (1954)
17. A Felicidade - Trio Surdina (1952)
18. Quando Ela Sai - João Gilberto (1952)


CD 2
1. Se Todos Fossem Iguais a Você - Roberto Paiva (1956)
2. Rapaz de Bem - Johnny Alf (1955)
3. Por Causa de Você - Sylvia Telles (1957)
4. Não Diga Não - Nora Ney (1954)
5. Maria dos meus Pecados - Agostinho dos Santos (1957)
6. Mulher Sempre Mulher - Roberto Paiva (1956)
7. Lamento no Morro - Roberto Paiva (1956)
8. Segredo - Maysa (1957)
9. Ouça - Maysa (1956)
10. Se É por Causa de Adeus - Doris Monteiro (1955)
11. Sábado em Copacabana - Lucio Alves (1951)
12. Podem Falar - Os Cariocas (1953)
13. Canção da Volta - Sylvia Teles (1957)
14. Terminemos Agora - Lucio Alves (1950)
15. Beija-me Mais - Johnny Alf (1954)
16. Ninguem me Ama - Trio Surdina (1954)
17. Meia Luz - João Gilberto (1952)
18. Duas Contas - Garoto (1953)

Tributo pelos 50 anos de Cazuza chega às lojas

Em 1º de maio de 2008, um show na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), juntou artistas como Ângela RoRo, Caetano Veloso, Leoni e Ney Matogrosso para celebrar com quase um mês de atraso os 50 anos que Cazuza (1958 - 1990) teria completado em 4 de abril de 2008 se não tivesse saído precocemente de cena em 7 de julho de 1990. O registro ao vivo do show está sendo editado pela gravadora Som Livre em CD e DVD intitulado Tributo a Cazuza - Ao Vivo na Praia de Copacabana. O CD (capa à direita) reúne 14 números do espetáculo, inclusive seus melhores momentos: a ótima performance roqueira de Caetano em Maior Abandonado, a empolgante abordagem de Malandragem por Ângela RoRo e a participação de Ney Matogrosso em Por que a Gente É Assim? e Pro Dia Nascer Feliz, música que foi bisada no encerramento do tributo com a reunião de todos os artistas. A propósito, este número final entrou somente no DVD, que exibe 21 números do show (clique aqui para ler a resenha de Notas Musicais). Detalhe: a canção Minha Flor, meu Bebê - entoada por (sensível) Caetano Veloso - não entrou no CD e tampouco no DVD.

25 de fevereiro de 2009

Pet Shop Boys lançam seu álbum 'Yes' com 'Etc.'

Décimo trabalho de estúdio do duo inglês Pet Shop Boys, Yes chega às lojas em 23 de março de 2009 no formato de CD simples e numa edição dupla limitada. Intitulada Yes, Etc., a edição dupla inclui - além das 11 músicas do CD original - uma outra inédita, This Used to Be the Future, e seis versões dubs de faixas como Love Etc., More than a Dream, All Over the World e Vulnerable. A capa de Yes, Etc (acima à esquerda) é a mesma de Yes, só que o fundo é preto, enquanto a estilosa capa do CD simples tem o fundo branco.

Pearl Jam reedita primeiro CD com vinis e DVD

Primeiro álbum do Pearl Jam, lançado em 1991, Ten retorna ao mercado - a partir de 24 de março de 2009 - em quatro reedições similares que vão apresentar o álbum na versão original (obviamente com som remasterizado) e numa versão remixada pelo (hoje cultuado) produtor Brendan O'Brien. A mais cara e luxuosa das quatro reedições (foto à direita) inclui um DVD, quatro vinis e até um cassete. O DVD exibe a gravação - nunca lançada em vídeo - feita pelo grupo em 1992 para a série MTV Unplugged, revelando números, como Oceans, excluídos da seleção final exibida pela MTV na época. Já os quatro vinis tocam o repertório original do CD, os remixes produzidos por O'Brien e um registro ao vivo do show apresentado pelo Pearl Jam no Magnuson Park, em Seattle (EUA), em 20 de setembro de 1992. Já o cassete é réplica da fita-demo intitulada Momma-Son. Enfim, a edição de colecionador de Ten é mimo que vai sair caro para os fãs da banda e que não tem previsão de lançamento no mercado fonográfico brasileiro. É dez!

Willie Nelson enxuga e remixa registros iniciais

Nas lojas (dos Estados Unidos) em 17 de março de 2009, o CD Naked Willie reembala 17 gravações da fase inicial de Willie Nelson, realizadas entre 1966 e 1970, período em que o cantor - então contratado pela gravadora RCA e ainda não entronizado como um dos reis da música country norte-americana - era obrigado a se submeter ao gosto duvidoso dos produtores que a companhia lhe confiava. A coletânea não reapresenta os 17 fonogramas em sua forma original, mas com arranjos mais enxutos, criados sob a supervisão de Nelson. O material foi remixado de acordo com os critérios iniciais do artista, que limou as cordas e os vocais de músicas como Bring me Sunshine, The Ghost, I Just Dropped by e The Local Memory. A idéia foi reaproximar o repertório do som ambicionado por Nelson na época em que ele não tinha autonomia para fazer valer, na gravadora RCA, sua opinião sobre os arranjos.

Depeche sai da sombra e varia tons em 'Sounds'

A julgar pelo que já vem sendo dito pelos três integrantes do Depeche Mode nas primeiras entrevistas para divulgar o CD Sounds of the Universe, as cores presentes na capa (foto à direita) do disco não seriam uma mera opção estética. Com lançamento mundial agendado para 21 de abril de 2009, o 12º álbum do trio britânico vai trazer músicas - entre elas, Peace e Little Soul - que desviam da trilha sombria pela qual o trio transita desde sua criação, em 1981. É fato que o Depeche Mode já tinha saído das sombras em disco recente (Exciter, 2001), em que se permitiu até incursões pelo universo da dance music. Contudo, o antecessor de Sounds of the Universe - Playing the Angel, editado em 2005 - tinha reanimado o espírito dark do trio. Contudo, o primeiro carro-chefe do novo álbum - Wrong, o single que vai chegar às lojas em 6 de abril - teria um som mais típico do Depeche Mode. A conferir.

24 de fevereiro de 2009

Faith no More se reagrupa sem falar em álbum

Dissolvido em 1998, o grupo Faith no More - formado em 1982 em São Francisco (EUA) - vai ser reativado neste ano de 2009. Há planos de uma turnê pela Europa, mas, por ora, nada foi informado sobre a gravação de um álbum de inéditas. O mais provável é que haja primeiro um registro ao vivo do show que vai marcar a volta à cena de uma das bandas de rock mais populares e influentes dos anos 80 e 90. Com a fusão de rock com funk e rap, o Faith no More (acima em imagem recente da PA Photos) abriu caminho para bandas que sedimentariam o estilo intitulado nu metal - casos do Korn e do Limp Bizkit - em especial por conta de seu álbum The Real Thing (1989), o primeiro gravado com o vocalista Mike Patton. Detalhe: o Faith no More volta à cena como quarteto. O guitarrista Jim Martin, que deixou o grupo em 1993, não estará envolvido na reunião, anunciada pelo agente de Patton.

Tocante, 'Contratempo' foca mundo dissonante

Resenha de Filme
Título: Contratempo
Gênero: Documentário
Direção: Malu Mader
e Mini Kerti
Cotação: * * * *
Em cartaz nos cinemas

Em exibição regular desde 13 de fevereiro de 2009 nos cinemas do Brasil, após ter estreado em alguns festivais em 2008, Contratempo é documentário tocante cuja importância extrapola o fato - já devidamente explorado além da conta pela mídia - de marcar a afinada estréia da atriz Malu Mader na direção cinematográfica. Em parceria com Mini Kerti, da Conspiração Filmes, Mader concebeu um documentário de estrutura bastante convencional que narra as vitórias, as superações e, sim, os contratempos de jovens oriundos do mundo às vezes dissonante das comunidades carentes em busca de uma chance no universo da música erudita. Daí o engenhoso título de duplo sentido que não significa somente os tempos fracos de um compasso. Contratempo, no caso das personagens enfocadas no filme, pode ser a luta inglória contra as drogas (como no caso de Thiago, a quem o filme é dedicado pelo fim trágico e precoce de sua vida, interrompida em 2007 quando o percussionista aprendiz foi assassinado no Morro do Juramento, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro) ou o sacríficio para equilibrar o emprego com a dedicação ao instrumento (casos dos gêmeos Wagner e Walter, ambos estudando atualmente no exterior). O foco repousa nos jovens carentes recrutados para o Projeto Villa-Lobinhos, que congrega jovens de outros projetos que estimulam a educação da música clássica através do aprendizado de um instrumento. As diretoras acompanharam um grupo desses jovens ao longo de 2006. Não há depoimentos de professores. O filme somente dá voz aos jovens e, em alguns casos, aos seus familiares. Como a mãe do aluno Ramón. Ela narra o sacríficio de adquirir o violão pedido pelo filho depois que ele desistiu de tocar flauta. Há cenas tocantes como o depoimento da jovem (Marcela) que se agarrou ao violoncelo para superar a perda do irmão e, aos poucos, se reintegrar ao mundo. Mas há cenas em que o bom-humor dá o tom - como nos flagrantes dos gêmeos Wagner e Walter pelas ruas de Nova York (EUA), para onde foram participar de um concerto. Musicalmente, a propósito, o roteiro entrelaça temas eruditos e populares. Até porque nem todos os jovens trilham o caminho da música clássica. Alguns nem mesmo seguem na vida musical. Na cena final, por exemplo, Contratempo informa que Serizak trocou o cavaquinho pela profissão de office-boy. No todo, o filme mantém o interesse do espectador porque costura boas histórias sem fazer juízo moral dos (des)caminhos dos jovens enfocados. As diretoras nunca carregam a mão no drama. Contudo, tampouco enfatizam finais felizes, mostrando a vida como ela é, com todas as (des)afinações - e as possíveis modulações da injusta escala social.

Diogo vai enfatizar obra autoral no segundo CD

Integrante da ala de compositores da sua Portela, escola que desfilou no Carnaval de 2009 com samba-enredo de sua (co-)autoria já pelo terceiro ano consecutivo, Diogo Nogueira se prepara para entrar em estúdio logo após a folia para gravar o segundo disco. Desta vez, o cantor vai ter oportunidade de enfatizar repertório autoral, diluído no primeiro trabalho - um precoce registro ao vivo de show, editado em CD e DVD pela EMI Music - entre incursões pela obra de seu pai, João Nogueira (1941-2000).

23 de fevereiro de 2009

Alcina recusa nostalgia ao refazer seu Carnaval

Resenha de CD
Título: Maria Alcina
Confete e Serpentina
Artista: Maria Alcina
Gravadora: Outros Discos
Cotação: * * * * 

"Não quero só a nostalgia / Quero a alegria de outros Carnavais", avisa Maria Alcina em versos da esfuziante Das Tripas, Coração (Adalberto Rabelo Filho e Piero Damiani), um das onze músicas do CD Maria Alcina Confete e Serpentina, que chega ao modelo físico convencional em plena folia de 2009 depois de ter sido lançado somente em formato digital em maio de 2008. Sim, Alcina - elétrica cantora projetada em 1972 que teve sua carreira asfixiada dois anos depois pela acusação de subversão em processo movido pelo regime militar da época - refaz seu Carnaval sem nostalgia, mesmo quando revisita sucessos de velhos carnavais como a marcha Eu Quero É Botar meu Bloco na Rua (Sérgio Sampaio, 1972), rebobinada com o grupo Bojo. A propósito, foi com o Bojo que Alcina botou novamente seu bloco na rua fonográfica em 2003 num CD, Agora, que já anunciava no título a sonoridade contemporânea. Agora é hora de voltar à cena.

Integrante do Bojo, Maurício Bussab produz o sexto título solo da artista e reconduz Alcina à folia com dose exata de modernidade. Herdeira de Carmen Miranda (1909 - 1955), de cujo repertório regrava Cachorro Vira-Lata (Alberto Ribeiro), sucesso do Carnaval de 1937, a cantora fez, enfim, um disco à altura de seu talento, desperdiçado nos anos 80 em trabalhos voltados para as músicas nordestinas de duplo sentido. Sem censura estética ou ideológica, mas sem escorregar na vulgaridade, Alcina aproveita bem as liberdades tropicalistas e revisita tema de Paulinho da Viola (Roendo as Unhas, 1973) - em arranjo urdido com samples de brinquedos - com a mesma naturalidade com que investe no repertório do talentoso compositor alagoano Wado (Não Pára), com que interpreta música da dupla Alzira E & Arruda (Colapso) e com que canta deliciosas marchinhas contemporâneas como Espaço Sideral (Moisés Santana) e a que dá nome ao disco, Maria Alcina, Confete e Serpentina, afinado presente do compositor e admirador Adalberto Rabelo Filho. Em tempo: Espaço Sideral foi gravada com a Banda do Fumaça, recrutada literalmente na rua. E, no meio dessa rua impregnada da alegria da intérprete, passam também a primeira parceria de Tom Zé com Lô Borges, Açúcar Sugar - um carnavalesco mix da irreverência tropicalista com os estatutos do Clube da Esquina - e um samba torto, O Drama, da lavra de um roqueiro baiano, Ronei Jorge. Enfim, cercada de músicos e músicas da cena indie, Alcina levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima em disco de alegria consciente. Sem nostalgia.

'Coração Leviano' remói obra áurea de Paulinho

A capa é especialmente bela - muito por conta da ilustração de Axel Sande - e, a rigor, é a única real novidade da nova compilação da majestosa obra fonográfica de Paulinho da Viola editada pela EMI Music. Coração Leviano reúne em dois CDs 28 gravações feitas pelo compositor entre 1968 e 1979 - o período mais profícuo da produção autoral do artista. Entre hits óbvios (Argumento, Coração Leviano, Foi um Rio que Passou em Minha Vida, Guardei Minha Viola, No Pagode do Vavá e Sinal Fechado,entre outros), a coletânea dupla salpica um ou outro fonograma mais desconhecido. São os casos de Nas Ondas da Noite (1971) e da leitura do compositor para Acontece, o samba-canção de Cartola (1908 - 1980), gravado por Paulinho em 1972 no álbum A Dança da Solidão. Indicada somente para iniciar ouvintes na obra irretocável do artista - hoje mais bissexta.

Plant e Krauss anunciam segundo CD em dupla

Motivados pela consagração de seu disco Raising Sand (2007) no 51º Grammy Awards, o que fez com o que o álbum saltasse das modestas 77 mil cópias para a marca de 1,26 milhão, Robert Plant e Alison Krauss (à esquerda em foto de Pamela Springsteen) já anunciaram nos EUA a gravação de um segundo álbum em dupla. Tal como Raising Sand, o próximo trabalho do ex-Led Zeppelin com a cantora norte-americana vai ser produzido por T. Bone Burnett. Mas a idéia é fazer um CD diferente do anterior, que foi calcado na tradição do country e do bluegrass.

Oscar avaliza até música indiana de 'Milionário'

Grande justo vencedor da noite de premiação do 81º Oscar, tendo ganhado a estatueta em oito das dez categorias a que concorria na noite de 22 de fevereiro de 2009, o filme Slumdog Millionaire - Quem Quer Ser um Milionário?, na tradução brasileira - dominou também as categorias musicais. O sedutor filme dirigido por Danny Boile levou também o Oscar de Melhor Trilha Sonora - assinada por A. R. Rhaman (acima no discurso de agradecimento, em foto extraída do site oficial do Oscar) - e o de Melhor Canção Original, Jai Ho, composta por A. R. Rhaman, com letra de Gulzar.

22 de fevereiro de 2009

Sabino tira o passado a limpo sem novo sentido

Resenha de CD/DVD
Título: Que Nega
É Essa
Artista: Verônica
Sabino
Gravadora: MP,B
Discos / Universal
Music
Cotação: * * *

Em carreira solo desde 1985, ano em que lançou o LP Metamorfose, a boa cantora Verônica Sabino apresentou alguns álbuns antenados que não lhe deram o devido status no mercado fonográfico. Novo Sentido (1997), flerte com o pop londrino produzido por Celso Fonseca, foi o melhor deles. Que Nega É Essa, nono título de sua discografia, é um registro do show feito no estúdio 24p, no Rio de Janeiro (RJ), em 30 de março de 2008. Quase um ano depois de sua captação, a gravação ao vivo chega às lojas nos formatos de CD e DVD (o primeiro da artista). Sob produção do violonista Sérgio Chiavazzoli, cercada de virtuoses como o percussionista Marcos Suzano e o pianista Marcelo Caldi, a cantora tira seu passado a limpo - exatamente como fez na coletânea editada em 1999 - em roteiro assinado pelo jornalista Tárik de Souza. Há inéditas autorais - como Túnel do Tempo e Blues em Braille, parceria inaugural de Sabino com Zeca Baleiro - e novidades na voz afinada da intérprete (entre elas, o samba-canção Saia do Caminho, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy). Contudo, o material novo não dilui o caráter retrospectivo da gravação e tampouco consegue apontar um novo sentido ou conceito na obra fonográfica da artista - como fizeram títulos anteriores como Vênus (1995), álbum de alma feminina do qual Sabino rebobina uma jóia desconhecida de Adriana Calcanhotto, Tardes. Ao contrário, parece haver uma ausência de sentido na condução do show, aberto com a música-título, Que Nega É Essa? (com a interrogação intencionalmente suprimida no título de tom afirmativo do CD/DVD), faixa em que Sabino e banda perseguem o suingue personalíssimo de Jorge Ben Jor. Entre temas divididos com os convidados Rodrigo Maranhão (voz e cavaquinho no baião Rosa que me Encanta, da lavra de Maranhão com Pedro Luís) e Vítor Ramil (voz em Longe de Você), a cantora intercala músicas autorais como Agora, faixa-título do último álbum de Verônica, editado em 2002. Em Agora, a compositora ainda titubeante mostra que a veia pop está dilatada em sua obra autoral, numa pulsação que evoca o estilo de Paula Toller. E certamente não é por acaso que uma balada do repertório do Kid Abelha, Lágrimas e Chuva (de Leoni, Bruno Fortunato e George Israel - e não Jorge Israel, como creditado desatentamente no encarte do DVD), tem sua melancolia realçada pela interpretação de Sabino, mais sutil do que o registro roqueiro do Kid. Com similar teor melancólico, e imagens em preto e branco, Rindo de mim (Maysa) é apresentada como uma vinheta que introduz Lua Branca (Chiquinha Gonzaga), iluminada em clima seresteiro, com destaque para o bandolim tocado por Chiavazzoli. Da mesma forma que o piano de Marcelo Caldi pontua Peito Vazio (Cartola e Elton Medeiros) e dueta com a voz de Sabino em Todo Sentimento (Chico Buarque e Cristóvão Bastos), propagada na voz da cantora em 1988 na trilha sonora nacional da novela Vale Tudo. Em latitude diversa, Invento reafirma o talento do compositor Vitor Ramil, só que, para quem viu a interpretação de Ney Matogrosso no show Beijo Bandido, o bom registro de Sabino não alcança o pico de sedução atingido pelo cantor. Nos extras, há faixa-bônus, A Moeda de um Lado Só, de Moska. Exemplo de que as antenas de Verônica Sabino captam há anos as melhores novidades da música brasileira. Urge um CD de inéditas que confira novo sentido à trajetória da artista, cujo caráter mutante foi alardeado já no título do primeiro disco solo...

DVD documenta, ao vivo, início e fim do Clash

Resenha de DVD
Título: The Clash Live
- Revolution Rock
Artista: The Clash
Gravadora: Sony BMG
Cotação: * * * 1/2

Editado no exterior em abril de 2008, o DVD The Clash Live - Revolution Rock ganha uma edição nacional, via Sony BMG, neste mês de fevereiro de 2009, sem as necessárias legendas em português. Trata-se de um bom documentário dirigido por Don Letts que expõe, através da exibição de 21 números captados ao vivo entre 1977 e 1983, a trajetória do grupo punk que foi perdendo (parte de) sua fúria à medida em que crescia na cena pop mundial. O texto narrado entre os vídeos reconstitui de forma superficial a transformação da banda britânica. Há, nos extras, duas entrevistas concedidas pelo Clash em 1981 aos programas Tomorrow Show with Tom Snyder e e NBC Live at Five. Mas o prato principal são mesmo os números ao vivo. E eles valorizam o DVD. Não somente por incluir no cardápio takes inéditos como os de What's my Name? (1977), Capitol Radio One (também de 1977), I'm so Bored with the U.S.A. (1978), The Magnificent Seven (extraído de edição de 1981 do programa The Tomorrow Show) e Know your Rights (captado num festival norte-americano, já em 1983). Mas porque a boa coletânea de vídeos ao vivo conta por si só a história do Clash, cuja apresentação no Shea Stadium em 1982 - recentemente lançada em CD e rebobinada no DVD em números como Should I Stay or Should I Go? - é o símbolo da massificação de um grupo que, aos poucos, foi se distanciando de sua histórica origem punk.

Tradições da viola à bela moda de Siba e Corrêa

Resenha de CD
Título: Violas de Bronze
Artista: Siba e Roberto
Corrêa
Gravadora: Viola Corrêa
Produções Artísticas
Cotação: * * * *

"Num museu abandonado / Minha memória se esconde / Guardando não sei aonde / Tudo o que eu fiz no passado", embaralha Siba, à moda dos velhos cantadores nordestinos, em Big Brother Mental, um dos 12 temas inéditos de Violas de Bronze, CD que o une a Roberto Corrêa. Um dos grandes violeiros do Brasil, cuja habilidade é atestada em temas instrumentais como Caninana do Papo Amarelo e Jararaca Chateadeira, Corrêa assina com Siba - rabequista projetado nos anos 90 no grupo Mestre Ambrósio e que atualmente desenvolve trabalho solo calcado nas tradições do maracatu rural da Zona da Mata pernambucana - repertório enraizado na música dos sertões mineiros (em Nos Gerais), no canto falado do repente nordestino (em Procissão da Chuvada, de Siba) e nos sons violeiros do vasto mundo rural (em Cara de Bronze, um destaque da safra autoral). Siba e Corrêa cantam, tocam e assinam as músicas deste disco que expõe sem nostalgia a modernidade atemporal dos antigos sons interioranos do Brasil caboclo. Violas de Bronze é CD brilhante.

Show 'Elas Cantam Paulinho da Viola' vira disco

Atração do Sesc Pinheiros (SP) em julho de 2008, o show Elas Cantam Paulinho da Viola vai virar disco editado neste ano de 2009 pela gravadora Lua Music. As cantoras Alaíde Costa, Célia, Cida Moreira, Fabiana Cozza e Milena revivem o repertório do compositor em roteiro que inclui Sinal Fechado (em dueto de Alaíde com Cida), Ansiedade (com Célia), Tudo se Transformou (com Fabiana Cozza), Coração Leviano (também com Cozza), Não Quero Você Assim (com Cida), Nada de Novo (com Alaíde) e Coisas do Mundo, Minha Nega (também com Alaíde), entre outras músicas de Paulinho da Viola. Thiago Marques Luiz dirigiu o show.